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Aula Demonstrativa
Direito Penal
Conceitos, Fontes e Princípios
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Sumário
Olá pessoal!
Sobre o professor
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2016/12/02/interna_cidadesdf,559668/homem-se-
esconde-embaixo-de-cama-para-nao-ser-preso-pela-pm.shtml
Você com certeza concorda que até quem nunca estudou direito sabe que,
em regra, não pode matar outra pessoa. Mesmo aquele indivíduo que nunca teve
oportunidade de estudar e que sequer sabe o que é o Código Penal, se matar
alguém provavelmente vai se enfiar embaixo da cama quando avistar uma
viatura da polícia. Igualzinho ao rapaz aí da matéria.
Mas por que isso acontece? Porque o indivíduo sabe que vive em sociedade
e que para isso deve respeitar algumas regras. De uma forma simplificada, é a
esse conjunto de regras que podemos chamar de Direito (no sentido objetivo).
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Direito é o conjunto de normas jurídicas que regem a vida em sociedade.
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“O Direito Penal é um conjunto de normas jurídicas mediante o qual o Estado
proíbe determinadas condutas (ações ou omissões), sob ameaça de sanção
penal (penas e medidas de segurança)”.
Direito Penal – Parte Geral (Alexandre Salim & Marcelo André de Azevedo)
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Calma que eu explico. Você, como cidadão, sabe que tem direitos. Você
tem o direito de receber por um serviço prestado. Direito ao seu salário. Direito
ao estudo. Direito à sua liberdade. Direito à sua vida. Felizmente, na sociedade
atual, possuímos uma infinidade de direitos.
Todos esses direitos (à vida, ao estudo, à liberdade, a receber por um
serviço prestado) tem um grau de importância. E se algum deles não for
respeitado, você, como cidadão, tem o direito de pedir que o Estado atue em seu
favor e garanta que a lei seja cumprida.
Volto a dizer: todos nós sabemos disso. Mesmo quem nunca estudou direito
tem pelo menos a noção de que pode recorrer à Justiça em um caso como esse.
Isso é básico. Agora imagine uma situação diferente:
É óbvio que o exemplo acima trata de uma conduta muito pior do que a de
cobrar valores indevidos. E imagine nossa indignação caso fosse decretada
apenas uma pena de MULTA a um indivíduo que nos amordaçou e restringiu nossa
liberdade?
Essa indignação é fruto de um simples fato: alguns bens jurídicos são
mais importantes do que outros. A sua vida é mais importante do que o valor
da sua conta de telefone. É muito pior ser vítima de um roubo com restrição de
liberdade do que de uma cobrança indevida (obviamente).
Tendo em vista essa diferença de importância entre alguns bens jurídicos,
surge um problema para o Estado. Pois a punição que pode ser aplicada pelos
outros ramos do Direito não é suficiente, é muito fraca. O Estado precisa de
uma ferramenta mais poderosa, que permita aplicar sanções mais
graves.
Para resolver esse problema, o legislador escolheu um ramo do direito para
proteger especificamente esses bens mais importantes. Exclusivo com essa
finalidade. Estamos falando, é claro, do Direito Penal.
E como ele faz isso? Através das punições mais pesadas que nossa
sociedade considera aceitáveis: as sanções PENAIS. Oras, se os bens são os
MAIS IMPORTANTES, as penas também deverão ser AS MAIS SEVERAS. O
objetivo é deixar claro ao indivíduo que, se ele violar aquele direito, a punição
será a mais pesada possível.
Ficou mais claro? Pois vai ficar ainda mais:
O artigo 121 é sem dúvidas, o mais famoso artigo do Código Penal. Com o
uso deste artigo, o que nosso legislador quis fazer? Proteger a VIDA das pessoas.
Ele não quer, obviamente, que as pessoas saiam por aí matando umas às
outras. Dessa forma, foi elaborada uma norma jurídica proibindo uma
determinada conduta (matar alguém) sob ameaça de uma sanção penal
(reclusão, de seis a vinte anos). O Estado deixa claro ao cidadão que se ele
praticar aquilo que é proibido, sofrerá uma sanção SEVERA por seu
comportamento.
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Cabe ao legislador, na sua propícia função, proteger os mais diferentes tipos de bens jurídicos,
cominando as respectivas sanções, de acordo com a importância para a sociedade. Assim, haverá o
ilícito administrativo, o civil, o penal etc. Este último é o que interessa ao direito penal, justamente po r
proteger os bens jurídicos mais importantes (vida, liberdade, patrimônio, liberdade sexual,
administração pública etc.). Nesse sentido, julgue o item:
O direito penal é um ramo do direito público e privado, pois protege bens que pertencem ao
Estado, assim como aqueles de propriedade individualizada.
CESPE/PC-RN/Delegado de Polícia (Adaptada)
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Essa é uma das primeiras dicas de prova que quero deixar para vocês:
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Não se assuste com questões que apresentam enunciados complicados. Às vezes há
um erro simples na alternativa, e tudo que você precisa fazer é encontrá-lo.
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Ótimo! Com isso finalizamos nossa parte introdutória. Sei que foi meio
básico para aqueles que já estão em um bom ritmo de estudos, mas era essencial
passar por isso para fornecer uma base para os que já não estudam Direito Penal
“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal.”
Constituição Federal, Art. 5º, XXXIX.
através de uma Medida Provisória. Apenas a lei em sentido estrito, aprovada pelo
Congresso Nacional, pode ser utilizada para tal finalidade.
Quando dizemos lei em sentido estrito, estamos falando unicamente de:
Lei Ordinária;
Lei Complementar.
Por restringir apenas a essas espécies de lei, o princípio da legalidade pode
também ser chamado de princípio da reserva legal ou da legalidade estrita.
Então caro aluno, não se esqueça de que não podem ser utilizados para
criar crimes:
Medidas provisórias;
Decretos;
Resoluções;
Leis Delegadas.
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Dado o princípio da legalidade, o Poder Executivo não pode majorar as penas
cominadas aos crimes cometidos contra a administração pública por meio de decreto.
CESPE / TJ-AC / Técnico Judiciário
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Nessa questão, o examinador tentou confundir o candidato falando apenas
em majorar as penas cominadas. Mas a regra não muda. Tratou de criar crimes
ou modificá-los, cominar penas ou modificá-las, tem que ser através de lei em
sentido estrito. Decreto não pode. Assertiva Correta.
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É legítima a criação de tipos penais por meio de decreto.
CESPE / TJ-SE / Técnico Judiciário
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Olha o CESPE atacando novamente. Não tem nada de legítimo nisso aí! Só
se pode criar tipos penais através de lei em sentido estrito. Não tem exceção.
Muito fácil né? Dá até tristeza... Assertiva Falsa.
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Você sabe o que é uma analogia no âmbito do Direito?
“Uma gestante está à beira da morte em uma pequena cidade que não
dispõe de médico. Por conta da urgência da situação, o aborto acaba sendo
realizado por uma parteira.”
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“O direito penal não admite analogias incriminadoras” Essa afirmativa é uma decorrência
do princípio da:
a) adequação social.
b) responsabilidade penal pessoal.
c) individualização das penas.
d) legalidade.
e) responsabilidade penal subjetiva.
FUNCAB / SEGEP-MA / Agente Penitenciário
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Exatamente o que acabamos de falar: a proibição de analogias
incriminadoras (in malam partem) é um dos efeitos do princípio da legalidade.
Resposta: D.
Princípio da Subsidiariedade:
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O princípio segundo o qual se afirma que o Direito Penal não é o único controle social formal
dotado de recursos coativos, embora seja o que disponha dos instrumentos mais enérgicos, é
reconhecido pela doutrina como princípio da
a) lesividade.
b) intervenção mínima.
c) fragmentariedade.
d) subsidiariedade.
e) proporcionalidade.
FCC / TRF – 5ª Região / Analista Judiciário
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Princípio da Pessoalidade:
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Cuidado! Uma pegadinha bastante recorrente em prova é sobre a questão da MULTA. O
examinador induzirá você a acreditar que a pena de MULTA pode ser deduzida da herança
deixada pelo autor. Isso é FALSO. A multa tem caráter punitivo e portanto não passa da pessoa
do condenado.
As únicas responsabilidades que podem ser repassadas aos herdeiros, e somente até o
valor da herança, são a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens.
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A multa aplicada cumulativamente com a pena de reclusão pode ser executada em face do
espólio, quando o réu vem a óbito no curso da execução da pena, respeitando-se o limite das
forças da herança.
CESPE / Polícia Federal / Delegado de Polícia
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Veja aí um exemplo do que acabamos de falar! Multa é pena, e a pena não
transcende a pessoa do condenado. Questão capciosa, mas basta estar atento!
Assertiva FALSA!
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A pena não passará da pessoa do condenado, mas a obrigação de reparar o dano e a decretação
do perdimento de bens poderá ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas ilimitadamente.
CESPE / Prefeitura de Ipojuca - PE / Procurador Municipal
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Essa questão é simples, mas eu tive que trazê-la para dar um alerta:
É o tipo de questão que se você ler muito rapidamente o erro passa batido e você
perde um ponto precioso na hora da prova. A decretação do perdimento de bens
e a obrigação de reparar o dano só podem ser estendidas aos sucessores até o
Princípio da Fragmentariedade:
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A ideia de que o Direito Penal deve tutelar os valores considerados imprescindíveis para a
sociedade, e não a todos os bens jurídicos, sintetiza o princípio da:
a) adequação social
b) culpabilidade
c) fragmentariedade
d) ofensividade.
e) proporcionalidade
PC-SP / PC-SP / Delegado de Polícia
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Exatamente o que acabamos de estudar. Não tem nem muito o que
elaborar. Resposta: Alternativa C.
Princípio da Ofensividade:
“Nullum crimen sine iniuria”. Não há crime sem ofensa ao bem jurídico. O
princípio da ofensividade rege que apenas condutas que são lesivas ao bem
jurídico tutelado (ou ao menos perigosas) podem ser consideradas ilícitas.
Também conhecido como princípio da lesividade, possui quatro
consequências muito relevantes, a saber:
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A respeito dos princípios aplicáveis ao direito penal, julgue o item:
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Mais uma da série de questões que você só erra se ler com pressa. O
princípio da ofensividade veda a criminalização de condutas que não causem
potencial lesão a bem jurídico relevante. Assertiva FALSA.
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Questão de um nível difícil, e que vai muito além do princípio que estamos
estudando. Mas acho importante analisar todas as alternativas, pois há muito
conhecimento importante para extrair dela.
Alternativa A: Nullum crimen sine lege stricta é uma máxima jurídica que
se relaciona à proibição do uso da analogia contra o réu, como explicamos
ao falar do princípio da legalidade. Entretanto, o erro da alternativa está
em falar que tal princípio repudia a interpretação extensiva in malam
partem, pois esta é perfeitamente possível. Vejamos:
Imagine que o autor de um homicídio utilize meio considerado cruel que não
está entre os exemplos citados expressamente na norma (veneno, fogo,
explosivo, asfixia e tortura). Poderá ser responsabilizado da mesma forma,
através da interpretação analógica expressamente autorizada pelo
legislador (ou outro meio insidioso ou cruel).
Alternativa B: A lei penal em branco não foi banida pelo Supremo Tribunal
Federal. A lei penal em branco é aquela que necessita de um complemento para
ser plenamente interpretada. Vamos dar um exemplo para ficar mais claro:
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Fontes do direito penal
A Lei;
A Jurisprudência;
A Doutrina;
Os Costumes.
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A Lei
A lei é o mais básico dos itens. Aqui temos três categorias importantes:
A lei pode, sob certo prisma, ser considerada a fonte mais poderosa do
direito penal, afinal de contas somente a lei em sentido estrito pode ser
utilizada para criar crimes, como já estudamos no capítulo anterior.
Os Costumes
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro.
Jurisprudência
Veja bem: milhares de ações chegam aos tribunais todos os dias. Muitas
delas são iguais ou muito parecidas! Dessa forma, quando um tribunal toma
muitas decisões sobre o mesmo assunto e no mesmo sentido, vão se formar as
jurisprudências – que serão o entendimento daquele tribunal em um determinado
sentido, servindo de base para decisões futuras que poderão ser tomadas mais
rapidamente.
“Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência.
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma.”
Durante muito tempo houve uma dúvida sobre o roubo praticado com
simulacro de arma de fogo (arma de brinquedo). Deveria o simulacro causar o
aumento de pena citado no § 2º?
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“A jurisprudência desta Corte entende que a utilização de arma de fogo
desmuniciada, como forma de intimidar a vítima do delito de roubo, caracteriza
o emprego de violência, porém não permite o reconhecimento da majorante
de pena, já que esta vincula-se ao potencial lesivo do instrumento, dada sua
ineficácia para realização de disparos.”
(STJ, 5ª Turma, HC 317337, 09/08/2016)
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Doutrina
Como toda ciência, o direito tem seus estudiosos. A obra destes estudiosos,
mestres, doutores, que muitas vezes ocupam cargos importantes na
administração pública (não raro são juízes, promotores, ministros), é uma fonte
muito utilizada de conhecimento. Não é uma fonte tão conhecida para os
estudantes de outras áreas, mas o estudante de Direito acaba naturalmente mais
familiarizado com essa fonte de conhecimento.
É através da doutrina que temos acesso a importantes conceitos, como o
conceito analítico de crime, exemplo utilizado por nós no início deste capítulo.
Outras informações fundamentais, como teorias de aplicação da norma penal e
análises aprofundadas sobre os princípios também só podem ser encontrados na
doutrina.
Ao meu ver, a doutrina é a fonte mais complicada do Direito Penal, quando
tratamos de concursos públicos. Isso porque temos muitos doutrinadores, e as
bancas não costumam ser claras quanto aos autores que costumam adotar.
Entretanto, em nosso curso, quando houver divergências doutrinárias tentaremos
sempre trabalhar com as posições majoritárias, que são as que trazem uma
segurança maior na hora da prova.
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Quem estuda uma vez não estuda nenhuma. Já quem estuda três...
Revise. Leia novamente. Faça mais exercícios. Se ficar cansado, faça uma
pausa e continue assim que puder. Não caia na velha armadilha do concurseiro
cansado: “vou ver só um episódio de Suits para desestressar”...
Fecha esse Netflix e vai estudar!!!
Quando você passar, você vai poder fazer uma maratona de House of
Cards. Prometo.
E ah, quase esqueço: Tire um tempo para dar uma corridinha e fazer umas
barras. Todo PRF já teve que passar por um teste físico, e com você não será
diferente. Treinar também faz parte da sua rotina de estudos.
Espero sinceramente que tenham gostado de nossa aula inaugural! Vejo
vocês na próxima!