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ESTUDO DE ROMANOS
VERSÍCULO POR VERSÍCULO
(UMA OBRA-PRIMA TEOLÓGICA)
Woodward, Dick
Estudo de Romanos
Versículo por Versículo
(Uma Obra-Prima Teológica)
CAPÍTULO 1
Visão Panorâmica da Carta de Paulo aos Romanos ........................................ 10
CAPÍTULO 2
Este é o Apóstolo Paulo (Romanos 1.1-16) .........................................................17
CAPÍTULO 3
O Evangelho de Acordo Com Paulo (Romanos 1.17-32) ................................25
CAPÍTULO 4
O Julgamento de Deus (Romanos 2.1-29) .......................................................31
CAPÍTULO 5
Justificado Pela Fé (Romanos 3.1-31) .............................................................37
CAPÍTULO 6
A Definição Ambulante de Fé (Romanos 4.1-25) .........................................43
CAPÍTULO 7
Introdução a Uma Vida Justa (Romanos 5.1-21) .........................................49
CAPÍTULO 8
Dois Tipos de Escravos (Romanos 6.1-23) ....................................................57
CAPÍTULO 9
As Quatro Leis Espirituais de Paulo (Romanos 7.1-8.13) .............................62
CAPÍTULO 10
Mais Que Vencedores (Romanos 8.14-39) .......................................................78
CAPÍTULO 11
Eleição e Graça (Romanos 9.1-33) ...................................................................95
CAPÍTULO 12
“Senhores, O Que Devo Fazer Para Ser Salvo?” (Romanos 10.1-13) ......108
CAPÍTULO 13
Colaboradores de Deus (Romanos 10.14-21) ..............................................115
CAPÍTULO 14
O Mistério de Israel (Romanos 11.1-12.2) ...................................................125
CAPÍTULO 15
E Agora? (Romanos 12.1-21) .......................................................................143
CAPÍTULO 16
Ministros de Deus (Romanos 13.1-14) ............................................................160
CAPÍTULO 17
Controvérsia Entre os Discípulos (Romanos 14.1-15.33) ...............................167
EPÍLOGO
Conheça a Igreja (Romanos 16.1-27) .............................................................184
Introdução (ao aluno iniciante)
Quando você se aprofunda na Palavra de Deus e deixa que a Palavra
transforme sua vida, coisas maravilhosas e tremendas acontecem.
Bem-vindo ao ENCONTRO COM A PALAVRA. Juntos faremos um
estudo de toda a Bíblia, dividido em 13 livros. Essa jornada nos levará
do Livro de Gênesis ao Apocalipse e nos dará uma visão panorâmica de
cada livro da Bíblia. Observaremos a estrutura do livro, o seu contexto
histórico e, o que é mais importante, buscaremos uma aplicação para
nossas vidas, a partir do ensino de cada livro.
Algumas pessoas acham a Bíblia um livro confuso. Realmente, não
é fácil relacionar os acontecimentos com a sua época e o seu significado.
Mas, cada versículo da Bíblia é um pedacinho desse quebra-cabeça, cujo
conteúdo é muito glorioso. Minha oração é que, no final dessa jornada,
você tenha adquirido uma compreensão maior de cada livro da Bíblia, do
modo como eles se completam, e possa situá-los dentro da história de
Deus com o homem. No final, você terá uma compreensão de como Deus
trabalhou nos tempos do Velho Testamento; terá também compreendido
o que mudou com a vinda de Jesus Cristo e a razão da mudança; aquilo
em que você antes cria no coração, será confirmado em sua mente, e
você poderá testemunhar sua fé com mais confiança e conhecimento.
Espero que você faça todo o curso e convide outras pessoas para que
nos acompanhem nesse estudo da Bíblia, o livro mais importante do mun-
do. Faça suas malas e prepare-se para embarcar. Estamos prestes a partir!
Capítulo 1
Visão Panorâmica da Carta de Paulo aos Romanos
Capítulo 2
Este é o Apóstolo Paulo (Romanos 1.1-16)
Capítulo 3
O Evangelho de Acordo Com Paulo (Romanos 1.17-32)
mais apurada argumentam que es- que neles existe; mas, no sétimo
tas duas questões têm a ver com as dia, descansou” (Êxodo 20.3-11).
duas tábuas dos Dez Mandamen- Ao mencionar a “injustiça” dos
tos. A primeira tábua continha os homens, Paulo estava se referin-
quatro mandamentos que gover- do à quebra dos seis mandamen-
nam o relacionamento do homem tos da segunda tábua, que são os
com Deus; a segunda, os seis man- mandamentos que governam o re-
damentos que governam o relacio- lacionamento dos homens entre si.
namento dos homens entre si. Quando o povo de Deus não conse-
Esses teólogos acreditam que, gue fazer o que é correto em seus
ao mencionar a impiedade dos ho- relacionamentos, torna-se culpado
mens, Paulo estava se referindo à de injustiça: “Honra teu pai e tua
violação dos quatro mandamentos mãe, a fim de que tenhas vida
da primeira tábua. Em outras pa- longa na terra que o SENHOR, o
lavras, quando o homem viola os teu Deus, te dá. Não matarás. Não
quatro primeiros mandamentos ele adulterarás. Não furtarás. Não da-
é culpado de impiedade: “Não te- rás falso testemunho contra o teu
rás outros deuses além de mim... próximo. Não cobiçarás a casa do
Não te prostrarás diante deles teu próximo. Não cobiçarás a mu-
nem lhes prestarás culto, porque lher do teu próximo, nem seus ser-
eu, o SENHOR, o teu Deus, sou vos ou servas, nem seu boi ou ju-
Deus zeloso, que castigo os filhos mento, nem coisa alguma que lhe
pelos pecados de seus pais até a pertença” (Êxodo 20.12-17).
terceira e quarta geração daque- A ira de Deus é a Sua resposta
les que me desprezam, mas trato à impiedade e à injustiça do ho-
com bondade até mil gerações os mem. A respeito desta resposta de
que me amam e obedecem aos Deus, sobre a qual Paulo escreve,
meus mandamentos. Não toma- deveríamos fazer a nós mesmos a
rás em vão o nome do SENHOR, seguinte pergunta: o que Paulo,
o teu Deus, pois o SENHOR não Moisés, os profetas e outros au-
deixará impune quem tomar o tores das Escrituras querem dizer
seu nome em vão... Lembra-te do quando se referem à ira de Deus?
dia de sábado, para santificá-lo... Muita gente acredita que o con-
pois em seis dias o SENHOR fez ceito de “ira de Deus” se encontra
os céus e a terra, o mar e tudo o apenas no Velho Testamento e que
a ideia de que Deus iluminou um estava dizendo que eles eram es-
povo que escolheu para Si, não piritualmente cegos. A resposta de
existe mais. Qual foi a última vez Jesus foi: “Se vocês fossem cegos,
que você ouviu um sermão sobre a não seriam culpados de pecado;
Ira de Deus? mas, agora que dizem que podem
ver, a culpa de vocês permanece”.
O caráter do homem Em outra ocasião, Jesus disse: “Se
No texto do primeiro capítulo eu não tivesse vindo e lhes fala-
de Romanos, Paulo usou três ve- do, não seriam culpados de peca-
zes a expressão: “Deus os entre- do. Agora, contudo, eles não têm
gou” (1.24,26,28). Isto não quer desculpa para o seu pecado” (João
dizer que Deus desistiu do homem, 9.40,41; 15.22).
mas que Deus os entregou ao que Portanto, a primeira acusação
eles queriam fazer. Cada vez que de Deus contra o homem, que é
aparece essa expressão, três coi- válida até hoje, é que o homem
sas acontecem: A recriminação de suprime a luz ou a verdade que
Deus à conduta do homem, a res- Deus tenta lhe revelar. O homem
posta de Deus para o homem e as vive tão absorvido no seu estilo
consequências morais permitidas próprio de vida que rejeita a ver-
por Deus ao homem. Poderíamos dade do que é moralmente certo,
chamar esta passagem de “Um quando Deus lhe revela a justiça.
Estudo da Queda Moral da Família De acordo com Paulo, a criação de
Humana”. Deus - que o homem pode obser-
A primeira acusação de Deus var a todo o momento - deveria ser
contra o homem é: “suprimem a o suficiente para fazê-lo conscien-
verdade pela injustiça”. Isto coin- te da existência de um Criador,
cide com a definição de pecado a Quem ele deveria adorar como
que Jesus deu no Evangelho de Deus Todo-Poderoso (1.18-23).
João, quando Ele diz: “onde não há Este fato é chamado pelos te-
luz, não há pecado” (João 9.41). ólogos de “revelação natural”. Exis-
Quando Jesus declarou ser a te muita discussão sobre o que o
Luz que dava visão aos que sabiam homem pode aprender a respei-
que eram espiritualmente cegos e to de Deus para ser salvo, apenas
revelava a cegueira espiritual da- estudando a natureza. Paulo não
queles que se gabavam que podiam declarou nesta passagem que o ho-
ver, os fariseus perguntaram se Ele mem pode ser salvo observando a
natureza, mas ensinou que os pri- Deus, ele os entregou a uma dis-
meiros passos no caminho da de- posição mental reprovável, para
pravação do caráter do homem é a praticarem o que não deviam. Tor-
rejeição ou supressão deliberada da naram-se cheios de toda sorte de
luz que Deus está tentando revelar. injustiça, maldade, ganância e de-
A razão da segunda acusação pravação. Estão cheios de inveja,
de Deus contra o homem foi - e homicídio, rivalidades, engano e
ainda é - que o homem não glorifi- malícia. São bisbilhoteiros, calu-
ca a Deus, nem Lhe dá o lugar que niadores, inimigos de Deus, inso-
Ele merece ter em sua vida. Esta lentes, arrogantes e presunçosos;
é outra passagem das Escrituras, inventam maneiras de praticar o
onde encontramos o conceito de mal; desobedecem a seus pais;
colocar Deus em primeiro lugar são insensatos, desleais, sem amor
nas nossas vidas. Se Deus signi- pela família, implacáveis. Embora
fica alguma coisa para nós, então conheçam o justo decreto de Deus,
Ele é tudo, porque enquanto Deus de que as pessoas que praticam
não for tudo para nós, na verdade, tais coisas merecem a morte, não
Ele não é nada. De acordo com somente continuam a praticá-las,
Paulo, a recusa do homem em co- mas também aprovam aqueles
locar Deus em primeiro lugar em que as praticam” (1.28-33).
sua vida é o segundo passo em di-
reção à depravação moral. O caráter de Deus
A terceira acusação de Deus Quando a Bíblia menciona a
contra o homem foi - e ainda é - ira de Deus, não fala do mesmo
a ingratidão. Paulo faz uma lista sentimento de raiva que nós, seres
de pecados e apresenta seu estu- humanos, experimentamos. A pala-
do sobre a decadência do caráter vra “ira”, em hebraico, significa “ul-
do homem, como este era e como trapassar”. A essência do caráter e
é hoje, em todo o mundo. Em II da natureza de Deus é amor, mas o
Timóteo 3.1-5, lemos que a ingra- amor não é o Seu único atributo. O
tidão é um dos sinais de que esta- caráter de Deus é um conjunto de
mos nos últimos dias. atributos e um deles é a santidade
Paulo continua relatando as ou o que podemos chamar de “jus-
consequências da rebeldia sobre o tiça perfeita”. O caráter de Deus é
homem: “Além do mais, visto que a própria definição do que é certo e
desprezaram o conhecimento de justo, por isso Ele não pode deixar
Capítulo 4
O Julgamento de Deus (Romanos 2.1-29)
julgamento de acordo com esta Lei e ele afirmou que muitos pratica-
(2.12-15). Isto coincide com o que vam o ritual da circuncisão sem
o profeta Amós ensinou, que ter viverem a realidade interior dela.
privilégios espirituais implica em Foi aí que ele falou sobre a “cir-
ter mais responsabilidades diante cuncisão do coração”.
de Deus (Amós 5.21-27). Paulo A circuncisão era uma forma
acrescentou que o julgamento de de professar a santificação, ou
Deus será feito por Jesus Cristo, o seja, a separação para Deus e para
que coincide com a afirmação de uma vida santa. Paulo exortou
Jesus, em João 5.22, que o Pai aqueles judeus a circuncidarem
Lhe deu a responsabilidade de fa- seus corações, o que significava
zer todos os julgamentos. eles serem separados para Deus e
Apesar de muitos estudiosos santos em seus corações, onde re-
terem tentado desacreditar os en- sidem a vontade e as verdadeiras
sinamentos de Paulo, afirmando intenções que levam às decisões.
que estes não condiziam com os Ele encerra o seu ensino sobre
ensinamentos de Jesus, a verda- julgamento, falando aos judeus
de é que Paulo sempre enfatizou acerca da importância de haver
estes ensinamentos e esteve em um acordo entre o que discursa-
concordância com eles. Em alguns vam com a prática de uma vida
momentos, Paulo complemen- autêntica, a qual testemunhasse
tou o ensino do Senhor, como na diante de Deus e dos homens o
revelação que ele teve acerca do que realmente significa ser judeu.
arrebatamento da Igreja (I Tessalo- Neste contexto, Paulo mostrou
nicenses 4.13-18). Paulo sempre um princípio que deve ter apren-
esteve em alinhamento com tudo dido com Cristo sobre o “espírito
o que Jesus ensinou, e outro bom da lei” comparado à “letra da lei”
exemplo disso é o capítulo 7 de I (II Coríntios 3.6). Podemos dizer
Coríntios, no qual ele respondeu que, neste capítulo, Paulo descre-
as perguntas que os coríntios fize- ve o que significa ser um judeu
ram a respeito do casamento. autêntico.
A seguir, Paulo escreveu sobre Existe uma aplicação pessoal
o judeu interior e o judeu exterior. para os crentes de Roma que não
A circuncisão era a expressão exte- eram judeus, assim como para
rior da realidade interior do judeu, nós: o batismo, que é a expressão
Capítulo 5
Justificado Pela Fé (Romanos 3.1-31)
Nenhum de nós pode viver o pa- própria justiça, até mesmo inven-
drão perfeito de vida estabelecido tando desculpas para suas falhas
por Deus. Neste sentido, não so- morais e espirituais?
mos nós que quebramos a Lei de De tudo o que Paulo escre-
Deus e sim ela que nos quebra! veu até aqui nesta obra-prima te-
O capelão de um presídio obte- ológica, uma das passagens mais
ve permissão para falar a uns con- importantes de todos os seus es-
denados recém-chegados. Próximo critos é esta: “Mas, agora se ma-
ao portão de entrada havia duas nifestou uma justiça, que provém
paredes de pedra com a inscrição de Deus, independente da Lei, da
dos Dez Mandamentos e algumas qual testemunham a Lei e os Pro-
leis do Estado quebradas por aque- fetas, justiça de Deus mediante a
les prisioneiros. Antes de começar fé em Jesus Cristo para todos os
a falar, o capelão se dirigiu a um que crêem. Não há distinção, pois
dos prisioneiros que tinha acabado todos pecaram e estão destituídos
de ler os Dez Mandamentos e as da glória de Deus, sendo justifi-
outras leis e perguntou: “Qual des- cados gratuitamente por sua gra-
tas leis você quebrou, filho?”. O pri- ça, por meio da redenção que há
sioneiro respondeu: “Eu não que- em Cristo Jesus. Deus o ofereceu
brei nenhum destes mandamentos, como sacrifício, para propiciação,
não, senhor. Eles me quebraram!”. mediante a fé, pelo seu sangue,
No terceiro capítulo de Roma- demonstrando a sua justiça. Em
nos, Paulo escreveu que jamais sua tolerância, havia deixado im-
seremos justificados aos olhos de punes os pecados anteriormen-
Deus por não termos feito algo er- te cometidos; mas, no presente,
rado ou pela prática de boas obras demonstrou a sua justiça, a fim
contidas na Lei de Deus, pois não de ser justo e justificador daquele
foi com tal propósito que Deus nos que tem fé em Jesus” (3.21-26).
deu Sua Lei, mas para que ela re- Nesta passagem, temos a par-
velasse o pecado. De acordo com te central e mais importante desta
Paulo, o propósito da Lei de Deus declaração teológica, referente à
é que “toda boca se cale e todo o “justificação”. Paulo primeiro dá
mundo esteja sob o juízo de Deus” as boas notícias e, depois, as más.
(3.19). Será que a Palavra de Deus As boas novas anunciadas nesta
já calou a sua boca ou você ainda carta são que existe uma justiça
está falando e confiando em sua revelada por Deus, que vai além
do obedecer à Sua Lei. Essa jus- Paulo escreveu que somos todos pe-
tiça é adquirida pela fé em Jesus cadores, porque não conseguimos
Cristo, através da obra que Ele re- manter o padrão que Deus estabe-
alizou, na cruz, e não pelas obras leceu para nós em Sua Palavra. Este
de justiça do homem. padrão estabelece que todo e qual-
Para enfatizar esse princípio, quer pensamento, palavra ou atitu-
Paulo repete a mesma verdade re- de do povo de Deus deve se reverter
gistrada em 1.17, onde falou que em glória para Deus. Somos peca-
existe uma justiça revelada no Evan- dores, quando não cumprimos este
gelho, o qual ele se sente obrigado padrão. Esta é outra maneira de di-
e desejoso, mas não envergonha- zer que devemos cumprir o maior de
do, de pregar em Roma (1.16,17). todos os mandamentos, qual seja,
Lembre-se que, nestes versículos, amar a Deus com todo o coração,
ele disse que a justiça é adquirida mente e forças, o dia inteiro, todos
por fé e não por obras e que só Deus os dias, enquanto vivermos (Deute-
pode declarar alguém justo. ronômio 6.5; Mateus 22.35-38; I
Coríntios 10.31).
Todos estão sob o pecado Durante todos os anos de
Após dar as boas notícias, Pau- pastorado, encontrei dois tipos
lo prossegue com as más: “todos de pessoas que precisam ouvir
pecaram e estão destituídos da esta definição bíblica de pecado.
glória de Deus”. As línguas origi- Primeiro, são as pessoas que se
nais, nas quais a Bíblia foi escrita, sentem ofendidas, quando ouvem
possuem várias palavras que, em que são pecadoras, e consideram
português, são traduzidas para “pe- que pecadores são apenas os as-
cado”. Uma dessas palavras tem o saltantes de bancos, os adúlteros
significado de uma flecha que erra e os assassinos. Como elas não se
o alvo, um conceito que ultrapas- encaixam em nenhum destes gru-
sa algum limite ou uma regra que é pos, chocam-se, quando alguém
quebrada. Para escrever que “todos lhes diz que são pecadoras.
pecaram”, Paulo usou o termo refe- O problema dessas pessoas
rente à flecha que erra o alvo. Esta está no conceito que elas têm de
é a definição de pecado, nas Escri- pecado. Depois de compreende-
turas, de que eu mais gosto. rem a definição de Deus para o
Continuando na mesma linha pecado, de que todos somos pe-
que já tinha começado a desenvolver, cadores, porque não conseguimos
quem os justifica” (8.33). O sacri- Abraão creu em Deus e isto lhe foi
fício de Jesus Cristo, o Cordeiro de imputado por justiça, quer dizer
Deus, é o fundamento deste plano que esta justiça foi dada a Abraão
(3.24,25). A ressurreição de Jesus e não conquistada por mérito dele.
Cristo é a garantia de que aquEle Mais adiante, no capítulo
que morreu na cruz é o Cordeiro 9, Paulo usa o personagem Jacó
de Deus, que Se sacrificou pelos como um exemplo de graça. Gra-
pecados do mundo (4.25). A fé é ça é a obra de Deus em nós e por
o primeiro passo para a aplicação nós, sem que haja qualquer aju-
do milagre da justificação aos nos- da da nossa parte. A misericórdia
sos pecados pessoais (3.28,30). de Deus impede que recebamos
A fé é uma dimensão tão im- o que realmente merecemos, en-
portante da nossa justificação, quanto a graça de Deus derrama
que Paulo dedica quase todo o sobre nós a salvação e todo o tipo
capítulo 4 desta carta ao exemplo de bênçãos que não merecemos
de Abraão, o “Pai da Fé”. Quando ou jamais conseguiríamos por
Deus quer comunicar uma grande nossos próprios esforços. Paulo
ideia a alguém, Ele envolve uma explica que jamais encontraremos
pessoa com essa ideia. Deus con- a fonte da nossa salvação em nos-
sidera a fé um conceito muito im- sos próprios esforços, mas apenas
portante e, por isso, reservou vá- na graça de Deus.
rios capítulos do Livro de Gênesis, De acordo com Tiago, a fé que
para contar a história de Abraão, salva vem acompanhada de obras
porque este homem foi uma defi- (Tiago 2.14-26). Já disseram que
nição ambulante de fé. “a fé sozinha pode salvar, mas a fé
Quando os autores do Novo que salva nunca está sozinha”. So-
Testamento se referiram à fé, cita- mos salvos pela fé que é acompa-
ram o nome de Abraão. Talvez, por nhada e validada por boas obras.
isso, ele tenha sido o personagem Apesar do tema central desta carta
do Velho Testamento mais citado ser “a justificação pela fé e não pe-
no Novo Testamento. las obras”, Paulo enfatiza, em to-
A graça de Deus é a fonte para das as suas cartas, a importância
sermos declarados justos por Ele das obras na caminhada de fé de
(3.24). Esta verdade também está um crente (2.6-10).
ilustrada na vida de Abraão. Paulo Paulo ensina que pecadores
explicou que, quando lemos que jamais são salvos por boas obras
Capítulo 6
A Definição Ambulante de Fé (Romanos 4.1-25)
ninguém, antes funciona como o que Paulo quis dizer foi que o
um selo da nossa aliança de fé na mesmo Deus que deu fé a Abraão,
salvação, Paulo enfatiza que a cir- também dá fé àqueles que crêem
cuncisão não garantiu a justiça a no Evangelho (Efésios 2.8,9; Fi-
Abraão e a nenhum de seus des- lipenses 1.29). Ele também quis
cendentes. Ele explicou o significa- dizer que, assim como os judeus
do da frase: “isso lhe foi credita- foram escolhidos por Deus, tam-
do como justiça”. De acordo com bém nós, os que cremos, o fomos,
Paulo, ao contrário do que se pu- para sermos mordomos da Sua
desse comparar, a justiça não foi Palavra, Jesus Cristo (João 15.16;
conquistada ou merecida, como o Efésios 1.4).
pagamento de um dia de trabalho. Paulo conclui a introdução
Essa justiça foi um presente dado desta carta nos quatro primeiros
graciosamente a Abraão, porque capítulos, com o primeiro versí-
ele creu em Deus. culo do capítulo 5: “Tendo sido,
Paulo aplicou a aliança que pois, justificados pela fé, temos
Deus fez com Abraão, prometen- paz com Deus, por nosso Senhor
do-lhe uma descendência tão nu- Jesus Cristo”.
merosa quanto as estrelas do céu Isto nos faz lembrar de um
e os grãos de areia, ao fato de to- dos princípios para o estudo da
dos os que crêem no Evangelho da Bíblia: não podemos deixar que a
justificação pela fé serem filhos de divisão em capítulos interrompa a
Abraão. Quanto a Abraão ter rece- linha de pensamento ou a lógica
bido a promessa antes de ser cir- que o autor bíblico está desenvol-
cuncidado significa que a justiça vendo. Alguém já sugeriu que toda
que lhe foi creditada não se deveu vez que lemos nos escritos de Pau-
à circuncisão. Segundo Paulo, a lo as palavras “portanto”, “pois” e
promessa feita a Abraão ilustra- “por isso” devemos parar e ver o
va que ele seria pai também dos que ele escreveu antes, já que es-
incircuncisos, isto é, os gentios, tas palavras introduzem uma con-
quando estes cressem em Deus e clusão ou um passo importante na
soubessem o que Deus tinha feito lógica do seu ensino.
por eles, através de Jesus Cristo. A argumentação propriamente
Paulo escreveu sobre este dita desta obra-prima de Paulo co-
mesmo assunto em sua Carta aos meça no versículo 16 do primeiro
Gálatas (3.6-9). Basicamente, capítulo, onde ele afirmou que não
mim este cálice; contudo, não seja convido a fazer esta oração, como
como eu quero, mas como tu que- eu fiz anos atrás: “Querido Pai,
res” (Mateus 26.39). Jesus estava eu sei que sou pecador e confio
pedindo ao Pai que, se houves- no Seu Filho, Jesus Cristo, como
se outro jeito de salvar o mundo, meu Salvador. Confio no poder
sem que Ele tivesse que morrer na manifestado na morte de Jesus,
cruz, que assim fosse feito; mas, a na cruz, e na Sua ressurreição,
resposta do Pai foi que não havia para me dar perdão de cada um
outra maneira de salvar o mundo, dos meus pecados, aos quais re-
por isso Jesus acabou indo para nuncio. Quero me reconciliar com
a cruz e morrendo nela. Mediante o Senhor. Aqui e agora declaro,
esta realidade, não há como acre- pela fé, que Jesus Cristo é o meu
ditar que podemos chegar a Deus Salvador. Eu entrego minha vida,
e dizer-Lhe que não precisaria ter de maneira incondicional, ao Seu
mandado Seu Filho para a cruz, controle e direção. Faça com que
pois nós mesmos poderíamos nos eu fique em total alinhamen-
salvar com as nossas boas obras. to com o Seu plano para minha
Qualquer pessoa que acredi- vida. Ajude-me, pois quero seguir
ta na salvação pelas obras deve e confiar, incondicionalmente, em
responder pelo menos a estas três Jesus Cristo, no Seu poder e auto-
perguntas: você já realizou obras ridade; quero viver para exaltá-Lo
suficientes para sua salvação? e glorificá-Lo. Eu agradeço pela
Você tem certeza da sua salvação? salvação eterna que o Senhor pro-
Se você pode se salvar praticando videnciou para mim. Em nome de
boas obras, por que, então, Jesus Jesus. Amém!”.
morreu na cruz? Se você fez esta oração, escre-
Assim como Abraão creu e va-nos contando. Filie-se a uma
sua fé lhe foi creditada por justi- igreja próxima que ensine com fi-
ça, você tem a garantia de Deus delidade a Palavra de Deus.
de que Ele também vai declará-lo Se você já crê em Deus e é um
justo, se você crer no que Ele fa- seguidor de Cristo, eu o desafio a
lou, através da palavra inspirada ser como Paulo e a compartilhar
de Paulo, nos quatro primeiros ca- as Boas Novas com outros, a fim
pítulos desta carta. de que eles também sejam decla-
Você está pronto para crer e rados justos e tenham paz eterna
ser justificado pela fé? Então, eu o com Deus.
Capítulo 7
Introdução a Uma Vida Justa (Romanos 5.1-21)
Capítulo 8
Dois Tipos de Escravos (Romanos 6.1-23)
Capítulo 9
As Quatro Leis Espirituais de Paulo (Romanos 7.1-8.13)
que morreu, ficando o outro com Lei espiritual número dois: a Lei do
a liberdade para se casar com ou- Pecado
tra pessoa - no nosso caso, com Paulo enfatizou a verdade que
Jesus Cristo? já tinha deixado bem clara: o pro-
Outra aplicação pessoal é pósito da Lei nunca foi a salvação,
que, assim como esta carta foi mas conscientizar o homem do
dirigida aos bons judeus daquela seu pecado e da necessidade de
época, hoje ela se destina a todos salvação. De acordo com Paulo, a
aqueles que se consideram boas Lei é como uma linha demarcató-
pessoas e acham que sua bonda- ria de Deus em nossos caminhos
de lhes garante a salvação. Existe tortuosos. Assim como Paulo, Tia-
muita gente no mundo acreditan- go falou sobre a Lei de Deus ou
do que a salvação se baseia em a Palavra de Deus, comparando-a
fazer o melhor possível e viver sem com um espelho, no qual vemos
prejudicar ninguém. Se você é refletidas as nossas imperfeições
uma dessas pessoas que acredita (Tiago 1.23,24). Ele também afir-
na bondade, na integridade e na mou que a Lei é como um profes-
justiça própria para ser salvo, essa sor severo, cuja função é nos con-
metáfora se aplica a você. duzir até Cristo (Gálatas 3.24).
Jesus falou com amor a um jo- Paulo estabeleceu o propósi-
vem que era bom e de boa moral, to e o valor da Lei de Deus nesta
que nós denominamos “jovem rico”, passagem: “Que diremos, então?
que a bondade e a integridade dele A Lei é pecado? De maneira ne-
não eram suficientes para lhe darem nhuma! De fato, eu não saberia
a vida eterna (Marcos 10.21). o que é pecado, a não ser por
Nos versículos 8 a 12 do ca- meio da Lei, pois, na realidade,
pítulo 7, Paulo fez uma mudança eu não saberia o que é cobiça, se
muito importante no assunto da a Lei não dissesse: ‘Não cobiça-
carta. Até então ele se tinha diri- rás’. Mas, o pecado, aproveitando
gido aos romanos como “meus ir- a oportunidade dada pelo man-
mãos”. Neste ponto, ele fez uma damento, produziu em mim todo
relação do que estava escrevendo tipo de desejo cobiçoso. Pois, sem
com a sua própria vida, sua expe- a Lei, o pecado está morto. Antes
riência com a Lei de Deus e a ba- eu vivia sem a Lei, mas, quando
talha contra o pecado. o mandamento veio, o pecado
reviveu e eu morri. Descobri que o do que era bom, de modo que por
próprio mandamento, destinado a meio do mandamento ele se mos-
produzir vida, na verdade produ- trasse extremamente pecamino-
ziu morte, pois o pecado, aprovei- so” (7.12,13).
tando a oportunidade dada pelo Paulo se junta ao ensino de
mandamento, enganou-me e, por Jesus ao dizer que a Lei de Deus é
meio do mandamento, me matou” boa, se a interpretarmos e a apli-
(7.7-11). Paulo conclui que não carmos de acordo com os propó-
existe nada de errado com a Lei de sitos de Deus para ela (Mateus
Deus e que o problema não está 5.17-20). Jesus cumpriu a Lei,
nela, mas em nós mesmos. passando-a pelo prisma do amor
O profeta Jeremias e Paulo de Deus, antes de aplicá-la na vida
pregaram que, se queremos saber das pessoas. Paulo fez o mesmo,
qual é o problema, devemos olhar destacando que o propósito para o
para nós mesmos. Jeremias pregou qual Deus deu a Lei foi para reve-
muito sobre o julgamento de Deus, lação da “Lei do Pecado”.
que estava para acontecer, atra-
vés do cativeiro babilônico. Uma Três confissões de um fariseu
das passagens referentes a este Paulo inicia a passagem mais
episódio está em Jeremias 23.33: transparente e honesta das Escritu-
“Quando este povo ou um profe- ras sobre a santificação ou a vitória
ta ou um sacerdote lhe perguntar: sobre o pecado. Todo crente luta
‘Qual é a mensagem pesada da com o “Rei Pecado”, cuja intenção
qual o Senhor o encarregou? ‘, di- é dominar nossas vidas até que se-
ga-lhes: Vocês são o peso!”. jamos destruídos pelo “Rei Morte”.
Paulo escreveu a versão que Esses versículos mostram como
ele deu para este sermão pregado Paulo aplicava o ensino bíblico so-
por Jeremias com as seguintes pa- bre santificação em sua vida.
lavras: “De fato, a Lei é santa e o Ele estava resumindo e che-
mandamento é santo, justo e bom. gando à essência do ensino que ha-
E então, o que é bom se tornou via iniciado ao escrever o versículo
em morte para mim? De maneira 2 do capítulo 5: “por meio de quem
nenhuma! Mas, para que o peca- (nosso Senhor Jesus Cristo) obtive-
do se mostrasse como pecado, ele mos acesso pela fé a esta graça, na
produziu morte em mim por meio qual agora estamos firmes; e nos
Lei de Deus, a sua força não tinha enquanto vivermos. Quando Cristo
nenhum poder sobre a sua própria vive em nossos corações, através
vontade. do milagre do Espírito Santo, des-
Paulo também concluiu que a cobrimos que aquEle que está em
“Lei do Pecado” estava em guer- nós é maior que o que comanda a
ra com o que ele chamou de “Lei força do pecado, o diabo, e que nós
da Mente”. Ele declarou que sua encontramos vitória em Cristo.
batalha contra o pecado não era
vencida com sua força de vontade A vitória! Mais duas Leis espirituais
nem com sua intelectualidade. De- Iniciando o capítulo 8, quero
pois da confissão desesperada de lembrá-lo de que Paulo não escre-
que era um homem miserável, ele veu esta carta com essa divisão
clamou por livramento e declarou de capítulos e versículos. Algumas
que a batalha contra o pecado não vezes, e isso acontece neste caso,
poderia ser vencida com o olhar a divisão em capítulos interrompe
voltado para dentro de si mesmo. a linha de pensamentos do autor.
De acordo com Paulo, não encon- Observe a presença da palavra
tramos nada em nós mesmos que “portanto”, no início deste capítulo.
possa nos fortalecer para vencer a A função desta palavra é relacionar
batalha, que será vencida apenas o que ele vai dizer neste capítulo
quando Deus acrescentar à nos- com o que disse anteriormente,
sa natureza humana uma dimen- através das metáforas do capítulo
são espiritual. Isto quer dizer que, 7, e com o que declarou, de ma-
quando somos justificados pela fé, neira honesta e transparente, sobre
a “Lei do Pecado” não é removida sua própria luta contra o pecado.
da nossa carne. Atente também para a terceira
No capítulo seguinte, Paulo e quarta Leis espirituais que extra-
anuncia as boas notícias de que, ímos do texto: “Portanto, agora já
quando somos justificados pela fé, não há condenação para os que
algo espiritual, sobrenatural e mi- estão em Cristo Jesus, porque por
raculoso é acrescentado à nossa meio de Cristo Jesus a lei do Es-
carne. Entretanto, mesmo depois pírito de vida me libertou da lei
deste milagre, continuamos a lidar do pecado e da morte. Porque,
com a dura realidade da “Lei do Pe- aquilo que a Lei fora incapaz de
cado”, que persiste dentro de nós, fazer por estar enfraquecida pela
carne, Deus o fez, enviando seu a seus corpos mortais, por meio
próprio Filho, à semelhança do do seu Espírito, que habita em
homem pecador, como oferta pelo vocês. Portanto, irmãos, estamos
pecado. E assim condenou o pe- em dívida, não para com a carne,
cado na carne, a fim de que as para vivermos sujeitos a ela. Pois
justas exigências da Lei fossem se vocês viverem de acordo com
plenamente satisfeitas em nós, a carne, morrerão; mas, se pelo
que não vivemos segundo a car- Espírito fizerem morrer os atos do
ne, mas segundo o Espírito. Quem corpo, viverão” (8.1-13).
vive segundo a carne tem a mente
voltada para o que a carne dese- Lei espiritual número três: a Lei do
ja; mas quem vive de acordo com Espírito da Vida em Cristo Jesus
o Espírito, tem a mente voltada Existem três verdades muito
para o que o Espírito deseja. A importantes na introdução do capí-
mentalidade da carne é morte, tulo 8. Se voltarmos ao início desta
mas a mentalidade do Espírito é carta, no capítulo primeiro, verso
vida e paz; a mentalidade da car- 17, vemos que se trata de uma
ne é inimiga de Deus, porque não afirmação semelhante à conclusão
se submete à Lei de Deus, nem de Paulo, no início do capítulo 8,
pode fazê-lo. Quem é dominado de que não há condenação para os
pela carne não pode agradar a que estão em Cristo Jesus. Nesta
Deus. Entretanto, vocês não estão passagem, ele instruiu a não andar-
sob o domínio da carne, mas do mos de acordo com nossa natureza
Espírito, se de fato o Espírito de humana, ou seja, sem o tratamen-
Deus habita em vocês. E, se al- to de Deus, mas de acordo com o
guém não tem o Espírito de Cris- Espírito. Como Jesus, Paulo ensina
to, não pertence a Cristo. Mas, se que aqueles que não crêem estão
Cristo está em vocês, o corpo está condenados (João 3.18).
morto por causa do pecado, mas Paulo também mostra, neste
o espírito está vivo por causa da capítulo, que Cristo não nos conde-
justiça. E, se o Espírito daquele na quando erramos. Ele é o nosso
que ressuscitou Jesus dentre os Pai do Céu perfeito e, como qual-
mortos habita em vocês, aque- quer outro pai, Ele tem compaixão
le que ressuscitou a Cristo den- dos Seus filhos e sabe que somos
tre os mortos também dará vida apenas pó (Salmo 103.14).
Será que dá para imaginar assim como um ramo que está liga-
um pai terreno ensinando seu fi- do à videira e dela tira a vida que o
lho a andar e castigando-o quan- faz ser frutífero (João 15.1-16).
do tropeça? Jesus fez esta mesma Paulo introduz a terceira lei
comparação em Lucas 11.11-13: espiritual ao escrever: “a lei do Es-
“Qual pai, entre vocês, se o filho pírito de vida me libertou da lei
lhe pedir um peixe, em lugar disso do pecado e da morte” (8.2). Para
lhe dará uma cobra? Ou, se pedir falar da terceira lei e o que ela
um ovo, lhe dará um escorpião? pode fazer, Paulo volta à segunda
Se vocês, apesar de serem maus, lei, a “Lei do Pecado”, e acrescen-
sabem dar boas coisas aos seus ta-lhe “Lei do Pecado e da Morte”.
filhos, quanto mais o Pai que está Desta forma, as quatro leis espi-
nos céus dará o Espírito Santo a rituais de Paulo ficam relaciona-
quem o pedir?”. das com os quatro conquistadores
Paulo também concordou com apresentados no capítulo 5. Você
o que Tiago escreveu sobre obras está lembrado do “Rei Pecado” e
da fé e andar na fé (Tiago 2.14- do “Rei Morte”? As consequências
26). A fé por si só salva, mas a do pecado são sempre a morte.
fé que realmente salva nunca está Assim como os dois conquis-
sozinha. Aqueles que não são con- tadores eram as más notícias e o
denados, porque são justificados terceiro e o quarto conquistadores
pela fé, têm sua fé validada, mos- as boas, as duas primeiras leis es-
trando que não andam de acordo pirituais são as más notícias e a
com a carne, mas de acordo com terceira e a quarta leis espirituais
o Espírito. são as boas.
Outra verdade ensinada por Imagine um avião de grande
Paulo, no primeiro versículo, está porte, taxiando pela pista até con-
em duas palavras que ele usa cen- seguir velocidade, levando cerca
tenas de vezes, no Novo Testamen- de 380 passageiros, além de vá-
to. Uma das maneiras preferidas de rias toneladas de bagagens, quan-
Paulo se referir aos pecadores jus- do alcança uma altitude de dez
tificados, que descobrem a terceira mil metros. Assim é a boa notícia
lei espiritual, é dizer que eles estão da Lei do Espírito e da Vida, nos
“em Cristo”. Com isso, ele está se libertando do poder do pecado e
referindo àquele que está em Cristo, da morte.
Ter a mente voltada para o Es- estas palavras: “Até quando vocês
pírito é a conquista para uma vida vão oscilar para um lado e para
espiritual abundante, definida pelo o outro? Se o SENHOR é Deus,
próprio Senhor Jesus (João 10.10). sigam-no; mas, se Baal é Deus,
Também o apóstolo João resumiu sigam-no” (I Reis 18.21).
esta verdade: “E este é o testemu- O apóstolo João registrou em
nho: Deus nos deu a vida eterna, e Apocalipse uma carta de Jesus
essa vida está em seu Filho. Quem Cristo para a igreja em Laodiceia,
tem o Filho, tem a vida; quem não que contém a seguinte mensa-
tem o Filho de Deus, não tem a gem: “Conheço as suas obras, sei
vida” (I João 5.11,12). que você não é frio nem quente.
Jesus ensinou que, se nossa Melhor seria que você fosse frio
mente for saudável, todo o nosso ou quente! Assim, porque você
corpo será cheio de luz; mas, se é morno, não é frio nem quente,
nossa mente não for saudável, o estou a ponto de vomitá-lo da mi-
nosso corpo será cheio de trevas. nha boca” (Apocalipse 3.15,16).
De acordo com Jesus, depende da Tiago, como Pedro e Paulo foi
nossa disposição mental termos um dos líderes mais importantes da
uma vida cheia de luz ou uma vida primeira geração da Igreja do Novo
cheia de trevas (Mateus 6.22,23). Testamento. Ele instruiu os crentes
Com este ensino, Jesus nos a pedirem sabedoria a Deus. Como
adverte contra o que chamamos parte vital desta exortação, Tiago
de “esquizofrenia espiritual” ou “vi- lançou o desafio de sermos firmes
são espiritual distorcida”. Em Tiago na fé, quando pedirmos sabedoria
1.8, lemos sobre um homem com a Deus. Não devemos ser como a
mente dividida, instável, hesitante onda do mar, levados de um lado
a respeito de tudo o que faz e sen- para outro. Ele deu a seguinte des-
te, enquanto que, nos capítulos 6, crição do mesmo problema enfoca-
7 e 8 de Romanos, encontramos o do por Jesus, Paulo, Elias e João:
alerta de Paulo quanto às distor- “pois tem mente dividida e é instá-
ções espirituais no caráter cristão. vel em tudo o que faz” (Tiago 1.8).
Jesus, Paulo, os apóstolos
e profetas deram vários nomes Resumo
para a mente dividida. O profeta Jesus ensinou que a Palavra de
Elias desafiou o povo de Deus com Deus é a Verdade e que devemos
não houve outro homem que me- enfrentava contra a carne. Encon-
lhor demonstrasse o que é adora- tramos, no Velho Testamento, o
ção e como se deve adorar, como exemplo de Davi, que faz um para-
Davi, apesar de, em determinado lelo com a confissão de Paulo, no
momento de sua vida, ter come- Novo Testamento. As confissões
tido graves transgressões, quando destes dois homens de Deus ser-
adulterou, traiu e premeditou um vem de exemplos para nós.
assassinato, encobrindo por um De acordo com Jesus, pecado
ano esses delitos. é rejeitar ou não conseguir viver
Preste atenção nestas pala- de acordo com a luz já recebida.
vras de Davi, que revelam a terrí- Será que existe alguém que consi-
vel culpa que o afligiu física, emo- ga viver de acordo com o seu pro-
cional e espiritualmente: “Como é pósito de vida? Se existisse, não
feliz aquele que tem suas trans- haveria pecado nem culpa e as
gressões perdoadas e seus pe- pessoas não sofreriam com úlce-
cados apagados”. Que alívio é ras, enxaquecas, gastrites e outras
confessar os pecados e saber que enfermidades.
Deus se esqueceu completamente Leia o capítulo 6 de Roma-
deles! Davi continua: “Enquanto nos e pense em alguém com uma
eu mantinha escondidos os meus mente que não seja dividida, que
pecados, o meu corpo definhava só tem sinais negativos. Essa pes-
de tanto gemer. Pois dia e noite soa não tem padrões morais para
a tua mão pesava sobre mim; mi- se conduzir. Hoje se usa o termo
nhas forças foram-se esgotando “amoral”, que quer dizer: sem pa-
como em tempo de seca. Então, drões absolutos de moral, do que é
reconheci diante de ti o meu pe- certo ou errado. Portanto, aqueles
cado e não encobri as minhas cul- que crêem na Lei de Deus sabem
pas. Eu disse: Confessarei as mi- que existem padrões absolutos de
nhas transgressões ao SENHOR, e moral que nos mostram o que é
tu perdoaste a culpa do meu pe- certo ou errado.
cado” (Salmo 32.1,3-5). Quando você ler o capítulo 8
Estas palavras de Davi es- desta carta, imagine um círculo
tão em concordância com toda a com apenas sinais positivos, re-
transparência e honestidade de presentando uma mente que não
Paulo ao admitir a luta que ele está dividida, mas que está como
Capítulo 10
Mais Que Vencedores (Romanos 8.14-39)
trabalhadores observou aquele ho- deles possibilita que ela tire oxi-
mem parado, olhando para eles. gênio da água, como fazem tantas
Quando seus olhares se encontra- criaturas aquáticas.
ram, o pastor lhe perguntou: “O O segundo sistema respirató-
que vocês estão fazendo?”. Aquele rio é o que será usado na segunda
homem apontou para a torre da fase da sua vida. Depois de cum-
catedral, onde havia uma abertura prido o seu período sob a água, a
no formato de uma cruz e falou: libélula sobe à superfície, vai para
“Está vendo aquela abertura lá em a terra, estende suas asas e, de-
cima? Estamos esculpindo a pedra pois de secá-las ao sol, inicia a se-
que se encaixa ali”. gunda fase de sua existência.
Ao se afastar daquela cons- Temos uma semelhança com
trução, o pastor disse: “Obrigado, a libélula. De acordo com Paulo,
Senhor, era exatamente isto o que também fomos feitos por Deus
eu precisava ouvir!”. Ele perce- para vivermos duas dimensões.
beu que a maioria dos problemas Deus nos deu este corpo, para vi-
e pressões que o tinham levado vermos aqui na terra, mas vai nos
àquela depressão era uma forma dar um corpo celestial, para viver-
de Deus moldá-lo aqui, para ele se mos a segunda dimensão da nossa
encaixar lá em cima. existência, no céu, para sempre.
Se fôssemos fazer um exa-
Vida em duas dimensões: me na vida de alguém nascido de
Você já viu uma libélula voan- novo, como o da libélula, desco-
do, com suas asas duplas, de uma briríamos que o nascido de novo
flor para outra? Ela pode ficar sus- também é equipado com dois
pensa no ar, como um helicóptero, sistemas de vida. Todo autêntico
o dia todo. Esta criatura representa seguidor de Cristo tem um corpo
uma maravilha da aerodinâmica. terrestre ou um sistema de vida
Uma libélula passa os primei- que o capacita a viver a primei-
ros quatro anos de sua vida dentro ra dimensão da sua existência e,
da água. Observando-a durante também, o que Paulo chamou de
este período, veremos que, duran- “nova criação”, “novo homem” ou
te os primeiros anos de sua vida “homem interior”.
submarina, ela é equipada com De acordo com Paulo, assim
dois sistemas respiratórios. Um como acontece com o sistema
fazer a mesma oração que Moisés perdas familiares, entre outras ad-
e Elias fizeram (Jó 3.11; 10.18; versidades, questionaram essas
Jeremias 8.18-9.1; 20.17,18). palavras de Paulo. Tragédias, mui-
O profeta Jonas fez oração seme- tas vezes, parece que só podem
lhante (Jonas 4.3), mas, como ser explicadas como um caos aci-
com ocorreu nos exemplos ante- dental ou uma triste constatação
riores, Deus não o atendeu. Ao de que se está no lugar errado, na
contrário do que aqueles homens hora errada.
pediram, Deus lhes deu o conteú- Preste atenção nesta tradu-
do dos livros que narram suas his- ção livre deste texto: “Além disso,
tórias, as quais servem de ensino sabemos que para aqueles que
e alento a todos nós. amam a Deus, que são chamados
Os versículos 26 e 27 são de acordo com o Seu plano, tudo
uma preparação para os seguin- o que lhes acontece se encaixa
tes, os quais têm servido de con- para o bem deles” (8.28).
solo e inspiração, desde que foram Quero fazer duas observações
escritos, a milhões de discípulos a respeito deste versículo. A pri-
cristãos. O versículo 28, entretan- meira é que a promessa que inicia
to, tem sido muito questionado, este versículo está sujeita a dois
quando temos dificuldade para pré-requisitos muito importantes:
entender alguma fatalidade: “Sa- 1) Amar a Deus.
bemos que Deus age em todas as 2) Atender ao chamado, se-
coisas para o bem daqueles que o gundo o propósito de Deus.
amam, dos que foram chamados O que significa exatamente
de acordo com o seu propósito”. amar a Deus? O apóstolo João en-
Este versículo começa com a sina que não é fácil amar a Deus
promessa maravilhosa de que to- e lança um desafio: “Se alguém
das as coisas colaboram para o afirmar: ‘Eu amo a Deus’, mas
bem. Paulo escreveu “todas as coi- odeia o seu irmão, é mentiroso,
sas” várias vezes, mas nunca usou pois quem não ama seu irmão, a
a expressão “de vez em quando” quem vê, não pode amar a Deus,
ou “casualmente”. Crentes e incré- a quem não vê” (I João 4.20).
dulos que passaram por tragédias De acordo com Paulo, mostra-
como, por exemplo, as consequên- mos que amamos a Deus, quando
cias de uma guerra, enfermidades, a prioridade em cada fibra do nosso
Capítulo 11
Eleição e Graça (Romanos 9.1-33)
Por que Deus escolheu os judeus? pelos nossos queridos chegue a
De toda a Bíblia, o capítulo ponto de desejarmos trocar nossa
9 de Romanos é um dos mais di- salvação pela salvação deles. Po-
fíceis de entender e aplicar. Paulo rém, será que teríamos o mesmo
o inicia expressando o seu amor sentimento por alguém que não
sincero e o peso do seu coração fosse gerado de nós ou por quem
por Israel. Ele, frequentemente, fomos gerados?
manifestava em seus escritos esta Analise este texto: “Digo a ver-
meta: “primeiro do judeu, depois dade em Cristo, não minto; minha
do grego” (1.16; Atos 20.21). Em consciência o confirma no Espíri-
suas viagens missionárias, ao en- to Santo: tenho grande tristeza e
trar nas cidades, Paulo seguia o constante angústia em meu co-
padrão de ir primeiro à sinagoga ração. Pois eu até desejaria ser
local explicar aos rabinos que “Je- amaldiçoado e separado de Cristo
sus é o Cristo” (Atos 18.4,5). Em por amor de meus irmãos, os de
uma das vezes que anunciou sua minha raça, o povo de Israel. Deles
missão e estratégia, escreveu que é a adoção de filhos; deles é a gló-
sua prioridade era se tornar pri- ria divina, as alianças, a conces-
meiro judeu para os judeus, refe- são da Lei, a adoração no templo
rindo-se a seu desejo maior de ver e as promessas. Deles são os pa-
os judeus crerem e serem salvos (I triarcas e, a partir deles, se traça a
Coríntios 9.20). linhagem humana de Cristo, que é
Paulo escreveu que trocaria Deus acima de todos, bendito para
sua salvação eterna pela salvação sempre. Amém!” (9.1-5).
do povo que ele tanto amava. Mui- Ao escrever estas palavras,
tos de nós, crentes, e, principal- Paulo expressa com lágrimas o
mente, quem têm filhos, conhe- peso que tinha no coração pelos
cem a dor que é ter um filho longe judeus, principalmente por aque-
da fé e num estilo de vida que les que eram como ele tinha sido
não agrada a Deus. Talvez o amor antes de se encontrar com Cristo,
dificuldade para entender este tex- não é conquistada por boas obras,
to de Paulo, onde ele afirma que mas é um dom da graça de Deus.
Deus amou Jacó, mas rejeitou Mesmo antes dos dois gême-
Esaú”. O teólogo respondeu: “Eu os fazerem qualquer coisa boa ou
também tenho dificuldade com má, Jacó foi escolhido para sal-
este versículo, mas o meu proble- vação, porque Deus o amou. Isto
ma é entender como Deus pode nos leva a questionar sobre o fato
dizer que amava Jacó!”. de Deus ter, deliberadamente, es-
Dá para entender a afirmação colhido Jacó. Será que Deus real-
desse teólogo, quando compre- mente escolhe aqueles que serão
endemos a história de Jacó, cujo salvos? Todo o Velho Testamento
nome era usurpador, suplantador, mostra que sim, porque Deus es-
e vemos, pela sua história, que ele colheu os judeus.
fez jus ao nome que recebeu. No Diante dessa proposição, de-
capítulo 5 desta carta, Paulo es- paramo-nos com dois problemas.
creveu maravilhado que o amor de Gostamos de pensar que temos o
Deus foi manifestado através de controle sobre a nossa salvação e
Cristo para nossa salvação, quan- que não é justo Deus escolher al-
do éramos inimigos de Deus. To- gumas pessoas em detrimento de
dos ficamos maravilhados ao ver- outras.
mos que, através de Jesus Cristo, O que Paulo ensina é que de-
Deus amou não apenas Jacó, mas vemos confiar nossa salvação à gra-
todos os pecadores. ça, às escolhas soberanas de Deus
Outra observação com relação e à obra de Jesus Cristo, na cruz,
a essa passagem tão importante é e não em nossas próprias escolhas
que perdemos a força do seu ensi- e boas obras. Entretanto, Paulo
no, quando enfocamos totalmente também apresenta este paradoxo:
o conceito passado pela palavra mesmo sendo escolhidos, devemos
“eleição”. Vou tratar deste assun- acolher essa escolha, confiando em
to, mas antes quero que você en- Cristo como nosso Salvador e ser-
tenda a verdade principal que Pau- mos justificados pela fé.
lo ensina nesses capítulos. O que Se você já está familiarizado
ele chama de “eleição” está sendo com a Lei de Moisés, entenderá
enfatizado porque ilustra o ensino porque era tão difícil para um fa-
principal desta carta: a salvação riseu entender e crer no que Paulo
Deus tivesse criado um faraó rebel- um anjo, Deus o fez saber que ele
de para demonstrar o Seu tremen- era grandemente abençoado, não
do poder através dele e, depois, por causa do que ele tinha con-
mandar as dez pragas que caíram quistado ou que fosse merecedor
sobre os egípcios. A resposta de pelo seu esforço próprio, mas por
Paulo a esta pergunta imaginária causa da graça de Deus.
foi: “Mas quem é você, ó homem, Embora tivesse tentado aben-
para questionar a Deus?” (9.20). çoar Jacó com Sua graça durante
A seguir, ele usou uma metá- vinte anos, Deus não havia con-
fora que foi uma das favoritas do seguido fazê-lo aquietar-se o su-
profeta Jeremias (Jeremias 18.1- ficiente para isso. Em uma das
6). Ele escreveu que nós, simples alegorias mais marcantes da graça
mortais, somos como o barro, encontradas na Bíblia, Deus pe-
enquanto Deus é o divino oleiro. gou este homem, Jacó, que esta-
Quando um oleiro está fazendo va sempre inquieto, correndo de
seus potes, a partir de um monte um lado para outro, manipulando
de argila, esta não argumenta com tudo e todos, levou-o para um lu-
o oleiro, nem diz ao artista como gar chamado “Jaboque” que, em
ela quer ser moldada. O oleiro é hebraico, significa “correr” e, ali,
soberano sobre o barro e ele de- Deus o deixou manco, para que
cide se da mesma argila faz um ele não pudesse mais correr (Gê-
lindo vaso e um pote, o qual era nesis 32.22-32).
um utensílio que as pessoas usa- Outra maneira de declarar a
vam para suas necessidades fisio- mesma verdade seria dizer que Deus
lógicas. A seguir, Paulo aplica esta tinha tentado ensinar Jacó a fazer
metáfora ao escultor que é Deus, algo que é um mandamento cons-
formando Moisés e Faraó a partir tante no Velho Testamento: “Espe-
do mesmo barro. rar no Senhor”. Deus exorta homens
Jacó é um dos maiores exem- como Jacó a apenas esperarem no
plos de graça na Bíblia. Ele co- Senhor e verem o que Ele faz. Ao
meçou sua jornada pensando que escrever o versículo 16, o qual afir-
todas as suas bênçãos eram uma ma que a eleição não é daquele que
consequência da sua maneira de corre, mas de Deus, creio que Paulo
manipular tudo que surgia no seu está se referindo a essa experiência
caminho. Quando ele lutou com que Jacó teve em “Jaboque”.
Capítulo 12
“Senhores, O Que Devo Fazer Para Ser Salvo?”
(Romanos 10.1-13)
O título deste capítulo é a per- da morte são: céu ou inferno. Ses-
gunta que o carcereiro fez para senta por cento das vezes restan-
Paulo, na prisão da cidade de Fi- tes, Jesus usou a mesma palavra
lipos (Atos 16.30), cuja resposta para se referir ao livramento do
foi: “Creia no Senhor Jesus e serão presente castigo do pecado. Pesso-
salvos você e os de sua casa” (Atos as são libertas de prisões, como a
16.31). Neste capítulo de Roma- mulher que, durante 18 anos, an-
nos, que ora vamos estudar, vamos dou encurvada e Jesus disse que
encontrar a resposta mais explícita ela esteve presa por Satanás todos
do Novo Testamento para a per- aqueles anos (Lucas 13.11-16).
gunta que o carcereiro fez a Paulo. Pedro fez uma das orações
Às vezes, os seguidores de mais curtas e eloquentes da Bí-
Cristo podem usar a palavra “sal- blia, quando estava andando no
vo” de maneira confusa e até ofen- Mar da Galileia, durante uma
siva para um incrédulo. Usamos noite de tempestade. Ele desviou
tanto esta palavra com outros seus olhos do Senhor e, quando
crentes, que nem sempre percebe- começou a afundar, orou: “Se-
mos que os incrédulos não têm a nhor, salva-me!” (Mateus 14.30).
menor ideia do seu significado. Li- Jesus, imediatamente, livrou-o do
teralmente, “salvo” significa “liber- afogamento. Em nossa jornada de
to”. “Salvo, liberto do quê?”. É isso fé, frequentemente, enfrentamos
que um incrédulo pode perguntar. crises que proporcionam o cresci-
Aproximadamente quaren- mento da nossa fé.
ta por cento das vezes que Jesus Neste capítulo, quando Paulo
usou esta palavra foi para se re- fala sobre como ser salvo, ele tra-
ferir ao livramento do castigo do ta, principalmente, da eternidade,
pecado que está por vir. Jesus en- da dimensão futura da nossa sal-
fatizou, no Novo Testamento, que vação. Quer seja ofensivo ou não,
as duas possibilidades para depois os discípulos de Jesus, que estão
Capítulo 13
Colaboradores de Deus (Romanos 10.14-21)
seu pastor que aquele homem de- estavam ligados à videira, da qual
veria estar cometendo o pecado do tiravam o princípio doador da vida
orgulho. O pastor chamou o fazen- que os fazia frutificar. Jesus fez a
deiro para uma conversa e, no mo- seguinte alegação: “Eu sou a vi-
mento propício, disse-lhe: “Você e deira; vocês são os ramos” (João
o Senhor fizeram um trabalho ma- 15.5). Ele também os avisou que,
ravilhoso nesta fazenda, não foi?”. sem Ele, não havia nada que eles
O fazendeiro respondeu: “Acho pudessem fazer.
que sim, pastor. Jamais poderia Realmente, sem Ele não “po-
ter transformado esta fazenda sem demos” fazer absolutamente nada,
a ajuda do Senhor; porém, o se- enquanto que Ele não “quer” fa-
nhor deveria ter visto esta mesma zer nada sem nós, como podemos
fazenda, quando o Senhor tomava constatar, se atentarmos para o
conta dela sozinho!”. fato de que o fruto não dá na vi-
As maiores bênçãos do Senhor deira. Nesse contexto, Jesus é a
vêm sobre nós, quando Ele decide Videira à procura de ramos com
que não vai mais fazer a Sua obra os quais possa se unir para dar
sozinho. Jesus deixou um ensino frutos. O desafio que se apresenta
muito importante para Seus após- diante de nós é: sermos um com
tolos, quando todos estavam no Ele e frutíferos.
jardim. Ele apresentou seis razões Se eu fosse o Senhor jamais
porque devemos ser frutíferos e a teria usado o homem em Sua obra,
chave para Ele próprio dar frutos, mas Deus não pensa assim e nos
que era o fato de Ele e o Pai se- escolhe, capacita e envia para pro-
rem um. Jesus vivia em unidade clamar a salvação a este mundo
perfeita com o Pai todo o tempo perdido. Isto é motivo para louvar-
e este relacionamento era a chave mos e adorarmos a Deus! Ele deu
dos Seus frutos. Naquele jardim, significado às nossas vidas ao fazer
Ele os desafiou a serem um com de nós Seus parceiros e ao realizar
Ele, depois da Sua ressurreição. Sua obra através de nós. A alegria,
Jesus mostrou-lhes a videira e como a paz, tem condições e cau-
todos os seus ramos e disse que sas. Jesus disse aos apóstolos que
a chave para eles serem frutífe- eles deveriam ser frutíferos para
ros estava em serem um com Ele, que a Sua alegria estivesse neles e
assim como os ramos frutíferos ela fosse completa (João 15.11),
parte do ministério (Atos 13.2). Es- providência divina, que não pode-
crevendo à igreja de Filipos, Paulo mos enxergar, mas sentimos sua
explicou que é Deus quem trabalha manifestação toda vez que um pe-
na nossa vontade, para desejarmos cador ouve, crê, confessa e é salvo.
e agirmos de acordo com o que Lhe Jesus e Paulo afirmam que,
agrada (Filipenses 1.6; 2.13). quando as Boas Novas são anun-
Mais uma vez não posso dei- ciadas aos perdidos, alguns crêem,
xar de perguntar: Quem está esco- mas não a maioria. Por que sem-
lhendo, então? É Deus ou somos pre encontramos essas duas res-
nós que acolhemos o grande privi- postas à pregação do Evangelho?
légio de levar a mensagem de sal- Paulo responde a esta pergunta,
vação aos perdidos deste mundo? afirmando que a inteligência não é
A resposta é que não é, espe- a explicação para a maneira como
cificamente, um ou outro, isto é, as pessoas respondem ao Evan-
Deus ou nós, mas ambos somos gelho. Jesus e Paulo afirmam que
participantes dessa escolha. Ele aqueles que crêem têm essa res-
nos chama e nós escolhemos per- posta, porque lhes foi dado o dom
manecer nEle, como um ramo da da fé (Mateus 13.11; 19.11; I Co-
Videira, que é Jesus. ríntios 2.9-16; Filipenses 1.29).
De acordo com Isaías, as duas
O mistério de crer e de não crer respostas à pregação do Evange-
A iluminação de um local lho, crer e não crer, não são um
implica no uso de uma energia fato restrito ao período do Novo
elétrica que não podemos ver. Não Testamento, na história dos he-
conseguimos visualizar a eletri- breus. Isaías descreveu mais que
cidade, nem a imensa extensão qualquer outro profeta do Velho
de fios que a trazem para nossa Testamento a vinda do Messias,
casa, tanto quanto não temos co- e até o significado da sua morte,
nhecimento dos geradores, trans- na cruz, 700 anos antes desses
formadores e tudo o mais que é acontecimentos.
utilizado para o fornecimento da Os seis primeiros versículos do
energia que utilizamos, através de capítulo 53 de Isaías são os mais
um simples toque num interruptor. eloquentes da Bíblia, a respeito do
Da mesma forma, Paulo de- significado da morte de Jesus Cris-
fine a obra do Espírito Santo e a to, na cruz: “Quem creu em nossa
Paulo ensina essa mesma ver- pergunta que sempre surgia, quan-
dade pela segunda vez, com outra do eu falava do Evangelho nas fa-
metáfora muito bonita, ao exortar culdades: “O que acontece com
seus leitores a virem à Palavra aquelas pessoas que nunca ouvi-
como sendo ela a luz em um mun- ram o Evangelho?”.
do de escuridão. Segundo Pedro, Paulo respondeu: “Mas, eu
à medida que nos aproximamos pergunto: Eles não a ouviram? Cla-
da luz, experimentamos dois mi- ro que sim: ‘A sua voz ressoou por
lagres: o dia amanhece e a estrela toda a terra, e as suas palavras até
da manhã nasce nos nossos cora- os confins do mundo’. Novamente
ções (II Pedro 1.19). pergunto: Será que Israel não en-
As duas metáforas de Pedro, tendeu? Em primeiro lugar, Moisés
que formam um paralelo com a disse: ‘Farei que tenham ciúmes
declaração de Paulo, definiram a de quem não é meu povo; eu os
filosofia do meu ministério, desde provocarei à ira por meio de um
1949. Isaías disse em sua profe- povo sem entendimento´. Isaías
cia que ele pregou a Palavra de diz, ousadamente: ´Fui achado
Deus, porque ela uniu os pensa- por aqueles que não me procura-
mentos e os caminhos de Deus ao vam; revelei-me àqueles que não
homem (Isaías 55.8-11). Desco- perguntavam por mim´. A respeito
bri que, quando levamos pessoas de Israel, porém, ele diz: ´O tempo
à Palavra de Deus e a Palavra de todo estendi as mãos a um povo
Deus às pessoas, a fé vem e elas desobediente e rebelde´”. (10.18-
nascem de novo. Esse novo nasci- 21; Deuteronômio 32.21; Salmo
mento é descrito de uma maneira 19.1-4; Isaías 65.1).
muito bonita nas duas metáforas Para responder sua própria
de Pedro. pergunta, Paulo recorreu a Davi,
Moisés e Isaías. Com Davi e a pas-
Outras perguntas e respostas sagem do Salmo 19, que fala, no
Paulo encerra o capítulo 10, primeiro verso: “Os céus declaram
antecipando mais uma vez as per- a glória de Deus; o firmamento
guntas que seus leitores fariam. proclama a obra das suas mãos”,
Ao enfocar a importância crucial aprendemos o que os teólogos
de se ouvir a Palavra para que haja chamam de “revelação natural”.
fé, o apóstolo formula a mesma Nas minhas viagens a campos
Capítulo 14
O Mistério de Israel (Romanos 11.1-12.2)
trabalhos dos quais Deus é a fon- para que sejam capazes de expe-
te, porque a vida é muito curta e rimentar e comprovar a boa, agra-
preciosa para ser gasta em proje- dável e perfeita vontade de Deus”
tos e trabalhos, cujos propósitos (12.1,2).
não sejam a glória de Deus. Quando Paulo termina a seção
Já comentei várias vezes que doutrinária, ele inicia a seção prá-
devemos ignorar a divisão de ver- tica, no capítulo 12, e o seu “por-
sículos e capítulos desta carta, tanto” é seguido de um forte apelo
pois não foi com essa divisão que àqueles que compreenderam o seu
Paulo a escreveu. A divisão em ensino, para que se entreguem ple-
versículos e capítulos apareceu só na e incondicionalmente à boa, per-
no século XIII e, muitas vezes, ela feita e agradável vontade de Deus.
quebra a linha de pensamento e Essa rendição incondicional é
a lógica do autor, principalmente a única aplicação para tudo o que
nesta carta. Isto é mais acentua- ele escreveu, desde o primeiro ca-
do, quando lemos a conclusão de pítulo, e a única que pode ser acei-
Paulo no capítulo 11 e início do tável para Deus, pois se trata de
capítulo 12, onde ele inicia o pa- uma adoração dos que crêem em
rágrafo com a palavra “portanto”. seus corações e confessam com
De todo o Novo Testamento, este seus lábios que Jesus é Senhor.
talvez seja o ponto em que tenha Podemos resumir, parafrasean-
havido maior prejuízo para acom- do o que Paulo ensinou, com estas
panhamento da lógica do apósto- palavras: “Se Jesus Cristo significa
lo, por causa desta divisão. alguma coisa para você, então Ele
A bênção maravilhosa que significa tudo para você; se Jesus
Paulo utilizou do texto de Isaías Cristo é tudo para você, então Ele
deveria ter sido imediatamente se- não é apenas alguma coisa. Se
guida destes versículos: “Portanto, você crê em tudo o que escrevi nes-
irmãos, rogo-lhes pelas misericór- ta carta, então se entregue incondi-
dias de Deus que se ofereçam em cionalmente a Cristo e faça a Ele a
sacrifício vivo, santo e agradável mesma pergunta que fiz, no início
a Deus; este é o culto racional de da minha jornada de fé: ‘Que devo
vocês. Não se amoldem ao padrão fazer, Senhor?’” (Atos 22.10).
deste mundo, mas transformem- Existem milhões de pesso-
se pela renovação da sua mente, as que já creram e confessaram
para o rabino Nicodemos que de- como Senhor de sua vida? Você já
vemos nascer de novo (João 3.3- confessou Jesus Cristo como seu
5). O nascimento espiritual, assim Salvador? Você já se entregou, in-
como o nascimento físico, é uma condicionalmente, a Ele e Lhe per-
experiência passiva para quem guntou “Que devo fazer, Senhor?”.
nasce. Quando somos “nascidos Você pode fazer isso em sua casa
de Deus”, esta experiência é uma ou em qualquer lugar.
obra de Deus (João 1.12,13; II Se você já assumiu esse com-
Coríntios 3.18; 5.17,18). Não po- promisso de fé, responda estas per-
demos produzir em nós mesmos guntas: Você é um “sacrifício vivo”?
as mudanças que ocorrem na vida Você está disposto a compartilhar
daqueles que já nasceram de novo. o Evangelho com outras pessoas,
Concluindo, quero lhe fazer a fim de que elas também sejam
algumas perguntas: Você tem libertas, espiritualmente, das ca-
um dia que marca a sua entrega deias do pecado e experimentem a
a Jesus? Você já confessou Jesus graça maravilhosa de Deus?
Capítulo 15
E Agora? (Romanos 12.1-21)
que Deus planejou que sejamos. vida como “santo”, ou seja, “per-
Ele faz isso ao ensinar os passos tencente a Deus”, e nós, como
que nos levam a experimentar a propriedade exclusiva dEle, deve-
boa, agradável e perfeita vontade mos estar disponíveis para sermos
de Deus para nossas vidas. usados por Ele todo tempo, em
A pergunta que um pastor qualquer lugar, da maneira que
mais ouve é: “Pastor, como posso Ele quiser. Quando somos santos,
descobrir a vontade de Deus para quando nos rendemos incondicio-
minha vida?”. O maior obstáculo nalmente a Deus e vivemos como
para conhecermos a vontade de sacrifícios vivos para Cristo, esta-
Deus para nós é a nossa própria mos vivendo o único tipo de vida
vontade. É por isso que o primeiro aceitável a Deus.
passo dessa prescrição para des- Como vimos no capítulo 5, se
cobrir e fazer a vontade de Deus é para Deus custou a vida do Seu Fi-
o despojamento de nossa vontade, lho, para que fôssemos declarados
a fim de que sejamos um sacrifício justos, devemos encontrar, pela fé,
vivo para Deus, como seguidores o acesso à graça, que nos possi-
do Senhor Jesus Cristo. bilita vivermos de maneira reta e
No Velho Testamento, havia justa. Dentro dessa mesma lógica,
a prática do sacrifício de animais, Paulo nos chama para uma ado-
para que o povo de Deus fosse re- ração racional, de rendição incon-
dimido dos seus pecados. Todos dicional a Deus, oferecendo-nos a
aqueles sacrifícios representavam Ele como sacrifício vivo, todos os
o “Cordeiro de Deus” e foram to- dias, o dia inteiro.
dos cumpridos por Jesus. Ele foi o Para o judeu, os conceitos de
Cordeiro apresentado por João Ba- adoração e sacrifício eram insepa-
tista, no início do Seu ministério ráveis. Quando Abraão estava para
(João 1.29). O desafio de Paulo é subir o Monte Moriá e oferecer seu
para que estejamos prontos a se- filho Isaque em sacrifício a Deus,
guir as pisadas de Jesus e fazer a disse a seus servos: “Fiquem aqui
Sua vontade, incondicionalmente. com o jumento, enquanto eu e
Esta é a primeira prescrição para o rapaz vamos até lá. Depois de
encontrar e experimentar a vonta- adorarmos, voltaremos” (Gênesis
de de Deus para nossas vidas. 22.5). Este versículo revela duas
Paulo se refere a este estilo de características importantes da fé
sobre nós mesmos, o que nos leva- Palavra de Deus. A exortação é par-
rá à vontade de Deus para nossas te deste dom, porque aqueles que
vidas. Vejamos este texto: “Temos profetizam, geralmente exortam os
diferentes dons, de acordo com a crentes a obedecerem e a aplica-
graça que nos foi dada. Se alguém rem a Palavra de Deus que é anun-
tem o dom de profetizar, use-o na ciada. De uma perspectiva mais
proporção da sua fé. Se o seu dom ampla, podemos dizer que toda vez
é servir, sirva; se é ensinar, ensine; que Deus fala com alguém, através
se é dar ânimo, que assim faça; se de nós, estamos exercitando o dom
é contribuir, que contribua gene- da profecia.
rosamente; se é exercer liderança, Lemos em Atos 6.4 que os
que a exerça com zelo; se é mos- apóstolos se dedicaram à “oração
trar misericórdia, que o faça com e ao ministério da palavra”. O mi-
alegria” (12.6-8). nistério da Palavra engloba a pre-
Nestes versículos, Paulo dá al- gação, o ensino ou ministração da
guns exemplos de dons espirituais. Palavra para um indivíduo, o que
Profetizar é falar por Deus ou ser a hoje pode ser considerado como
pessoa, através de quem Deus fala. aconselhamento. Obviamente, es-
A palavra “profetizar” tem origem ses dons trabalham interligados,
em duas outras, cujo significado é: por isso não devemos questionar
“ficar diante de” e “fazer brilhar”. qual é o nosso dom, mas qual é o
Os profetas recebiam revelações nosso “conjunto de dons”.
especiais e previam acontecimen- Paulo também fala sobre os
tos futuros, mas isso não fazia dons espirituais nas cartas que es-
deles meros “homens do tempo”, creveu aos coríntios e à igreja em
que falavam de coisas que estavam Éfeso (I Coríntios 12.4-11; Efésios
para acontecer. Eles foram os gran- 4.11-13). Em sua primeira carta,
des pregadores dos tempos históri- Pedro também dá alguns exem-
cos do Velho Testamento. Jesus de- plos de dons espirituais (I Pedro
clarou que João Batista foi o maior 4.10,11). Não pretendemos afir-
profeta que já viveu sobre a terra e mar que a lista de dons espirituais
ele pregava os sermões do profeta apresentada no Novo Testamento
Isaías. Estou convencido de que o seja completa, mas ela apresenta
dom espiritual da profecia é, essen- exemplos de como os dons espi-
cialmente, o dom de proclamar a rituais podem ser identificados e
tem o dom do ensino. Se você tem que fazemos com eles é o nosso
o dom da organização e de delegar presente para o Senhor e, tam-
tarefas difíceis para muita gente, bém, para os irmãos que forem
você tem o dom da administração. beneficiados pelo uso que fazemos
Se crentes aceitam o desafio que deles, já que os dons espirituais
você lança para fazer a obra do são dados para bênção e edifica-
Senhor, você tem o dom da lide- ção dos membros do Corpo (I Co-
rança. Você pode descobrir se o ríntios 12.7).
seu dom é o da misericórdia e da Lembre-se que Paulo come-
ajuda, aplicando-se e assistindo çou a falar sobre os dons espiri-
os necessitados de sua igreja. tuais para mostrar como devemos
Como você vai saber se tem provar que o plano de Deus para
ou não esses dons espirituais, se nós é bom, satisfaz todas as exi-
não experimentar servir a Deus gências de Deus e nos leva à ma-
nessas áreas? Você vai entender turidade espiritual.
porque precisamos ter fé, a fim de O grande apóstolo sabia que
encontrar oportunidade para expe- uma vez que fomos justificados
rimentar os dons que supomos ter. pela fé e pela graça de Deus, a qual
Como você se sentiria se des- nos capacita a vivermos retamente,
se um presente a alguém e essa também somos equipados com os
pessoa sequer o desembrulhasse? dons espirituais, que nos capaci-
Como você acha que o Senhor se tam, à medida que aplicamos o en-
sente tendo nos dado dons espiritu- sino desta carta em nossas vidas.
ais e nós não nos esforçamos para De certa forma, somos como
descobrir o que Ele nos deu? Uma cubos, temos seis lados em nossas
aula bíblica que você deu e não se vidas. Um lado para se mostrar ao
saiu bem, não quer dizer que você mundo, outro aos amigos, um ter-
não tem o dom do ensino. É por ceiro à família, talvez o quarto para
isso que devemos nos dar tempo ser revelado ao nosso cônjuge, o
para identificar, exercitar e provar quinto é reservado a nós mesmos
os dons que supomos ter. e o último, que não é mostrado a
Finalmente, depois de identi- ninguém, a não ser a Deus.
ficar nossos dons, devemos con- Cada um desses lados, cada
sagrá-los e entregá-los ao Senhor. uma dessas nossas diferentes
Esses dons são dEle para nós e o dimensões tem um nome. Por
você vai querer ser lembrado?”. com nossos lábios que Jesus é Se-
Costumo responder a esse tipo de nhor, todos que também creram
pergunta, dizendo que gostaria de se tornam nossos irmãos em Cris-
ser lembrado por ser verdadeiro. to. Jesus prometeu que aqueles
Nesses conselhos, o conceito que que perderem irmãos, irmãs, pai
predomina é “ser um verdadeiro e mãe por se tornarem discípulos
seguidor de Jesus Cristo”, distante dEle receberão pais, mães, irmãos
da hipocrisia e da falsidade. e irmãs espirituais, quando O se-
Paulo exorta seus leitores a te- guirem (Marcos 10.29,30). Não
rem o verdadeiro amor de Cristo. basta apenas professarmos nossa
Em sua Carta aos Gálatas, Paulo fé, temos que viver como verda-
chamou esse amor de “Fruto do deiros irmãos.
Espírito” (Gálatas 5.22). Também, Paulo também insiste que se-
na Carta aos Coríntios, fez uma jamos humildes e deixemos que
bela descrição desse amor, no ca- os outros recebam o crédito pelo
pítulo 13. bem que acontece em nossa famí-
A seguir, ele desafia os roma- lia espiritual. “Prefiram dar honra
nos a terem um arrependimento aos outros mais que a si próprios”
verdadeiro. Quando pecadores (12.10b). Deus odeia o orgulho
são justificados pela fé e recebem (Provérbios 6.16,17). Jesus disse:
a graça para viverem de maneira “Pois quem se exalta será humi-
justa, há uma quebra com o mal lhado, e quem se humilha será
e uma dedicação verdadeira ao exaltado” (Lucas 18.14).
bem. Um dos sinais de uma con- Paulo repreende toda forma
versão verdadeira é esta quebra de letargia e negligência no traba-
genuína com o mal e a dedicação lho para Cristo: “Nunca lhes falte
a uma vida justa, fazendo o que é o zelo, sejam fervorosos no espí-
bom, o que glorifica a Deus, que rito, sirvam ao Senhor” (12.11).
justifica os pecadores. Ele entra na questão da movimen-
A seguir, Paulo aconselha tação, da unção espiritual, dos
seus leitores a terem amor uns padrões de excelência e da nossa
pelos outros. “Dediquem-se uns eficiência no serviço de Cristo.
aos outros com amor fraternal” Paulo nos exorta a aceitar o
(12.10a). Quando cremos em desafio apresentado no capítulo
nossos corações e confessamos 10 desta carta: sermos dos que
Capítulo 16
Ministros de Deus (Romanos 13.1-14)
Existe nas Escrituras uma pas- e não a Deus” (Atos 4.19; 5.29).
sagem muito importante para aque- Este incidente nos ensina que exis-
les que se opõem à guerra e que tem situações que envolvem auto-
se consideram pacifistas. Eu tenho ridades corruptas e a única saída
grande respeito por um pacifista possível para os crentes é a deso-
verdadeiro. Eu não sou pacifista e a bediência civil.
razão para isso está nos primeiros Quando as autoridades religio-
sete versículos deste capítulo. sas perguntaram a Jesus se era certo
Devemos fazer duas observa- pagar imposto a César, Ele deu um
ções a respeito destes versículos: ensino profundo sobre a cidadania
A primeira é que eles não são o de um cristão (Mateus 22.17-21).
único ensino na Bíblia a respeito Aqueles religiosos estavam tentando
deste assunto. A segunda obser- desacreditar Jesus e pensavam que
vação diz respeito à afirmação de O deixariam sem resposta. Se Jesus
Paulo de que as autoridades são tivesse dito que era errado pagar im-
ministros de Deus. Entretanto, posto à Roma, os soldados romanos
esta afirmação não é aplicável, presentes no Templo O teriam pren-
quando se trata de “desobediên- dido imediatamente. Se ele dissesse
cia civil”, conforme alguns exem- que era certo, os judeus teriam se
plos encontrados na Bíblia. No sentido ofendidos, principalmente
início da Igreja, houve situações os zelotes, que resistiam à ocupa-
em que as autoridades religiosas ção romana.
oficiais ordenaram aos apóstolos Jesus pediu uma moeda e, se-
que não falassem de Cristo. Quan- gurando-a, perguntou: “De quem
do os apóstolos ouviram isso pela é esta imagem e esta inscrição?”.
primeira vez, foram políticos e res- E a resposta foi: “De César”. Je-
ponderam que aquelas autorida- sus fez esta declaração profunda:
des tão bem conceituadas sabiam “Então, dêem a César o que é de
a quem eles deveriam obedecer, se César e a Deus o que é de Deus”
a Deus ou aos homens. Na segun- (Mateus 22.19-21). Em todos os
da vez em que foram proibidos de ensinos de Jesus, as coisas mais
pregar acerca de Cristo, a resposta simples são as mais importantes.
foi imediata: “Julguem os senho- A moeda tinha a imagem de Cé-
res mesmos se é justo aos olhos sar, por isso o imposto deveria ser
de Deus obedecer aos senhores pago a César.
Capítulo 17
Controvérsia Entre os Discípulos (Romanos 14.1-15.33)
comendo o alimento é que determi- nosso Pai do Céu sabe do que pre-
na se o alimento é puro ou impuro. cisamos (Mateus 6.25-33).
Ele resume a essência do Ele garante uma recompen-
Reino de Deus de três maneiras: sa neste conselho ao acrescentar:
justiça, paz e alegria. Na verdade, “aquele que assim serve a Cristo
o assunto desta carta é a justiça, (nessas três coisas) é agradável a
que é um dom de Deus recebido Deus e aprovado pelos homens”
por fé. As atitudes do crente em (14.18).
relação ao seu irmão devem ser Como grande professor que
um exemplo que o inspire e o ins- era, Paulo sabia que sem repeti-
trua a andar com Jesus Cristo para ção não há aprendizado, pois a
essa justiça que é pela fé. repetição é a essência do ensino.
A paz que Paulo escreve aqui Sendo assim, em sua conclusão,
é fruto do Espírito, para nós, in- para enfatizar, ele repetiu: “Por
compreensível, que se manifesta isso, esforcemo-nos em promover
em meio à pior adversidade. O tudo quanto conduz à paz e à edi-
mesmo se refere à alegria como ficação mútua” (14.19).
fruto do Espírito, quando temos Na Primeira Carta aos Corín-
infinitas razões para estarmos tris- tios, Paulo fez uma pergunta mui-
tes. O amor descrito aqui também to importante, que ele mesmo res-
é uma evidência da presença do pondeu: “Portanto, que diremos,
Espírito Santo na vida dos crentes irmãos? Quando vocês se reúnem
(Gálatas 5.22). ... tudo seja feito para a edifica-
Paulo está ensinando que o ção da igreja” (I Coríntios 14.26).
Reino de Deus, com seus valores Neste capítulo, Paulo prescreve
eternos e suas bênçãos, não é o a ordem que deve haver entre os
que comemos ou bebemos. Mais crentes durante a manifestação
uma vez ele ensina, com base no dos dons do Espírito Santo, repe-
sermão de Jesus Cristo, que a vida tindo incessantemente que, quan-
é mais que a carne que comemos, do os crentes se reúnem, um deve
e o corpo é mais que a roupa que buscar a edificação do outro.
usamos. Devemos buscar em pri- Existe uma passagem na Carta
meiro lugar o Reino de Deus e a Sua aos Hebreus que nos ensina que,
justiça e, depois, todas as questões quando nos congregamos, devemos
secundárias serão ganhas, porque procurar satisfazer as necessidades
escreveu que se fez judeu para al- 13.13), ressaltando que o amor é
cançar aqueles que eram judeus, o maior desses valores.
a fim de que eles fossem salvos (I No “Capítulo da Fé” (Hebreus
Coríntios 9.19-23). 11), lemos que a fé fortalece nossa
Talvez Paulo estivesse suge- esperança. Se não temos evidên-
rindo que Jesus foi motivado a cia alguma, nem razão para crer
passar tanto tempo com os líde- em algo bom, dificilmente teremos
res religiosos judeus, porque Ele esperança de que algo acontece-
tinha a compreensão exata do que rá. Mas, quando cremos em Deus
os profetas tinham falado. É im- e que Ele é galardoador daqueles
portante que nos lembremos que que O buscam, temos uma base
Paulo estava ensinando como os sólida para acreditar que o bem
discípulos deveriam resolver seus que esperamos acontecerá.
problemas, zelando pelo relacio- O amor não é apenas um ca-
namento deles com Cristo e de minho até Deus. Paulo afirmou
uns para com os outros. que dos três valores eternos – fé,
O versículo 13 finaliza este esperança e amor – este último é
ensino com uma bênção: “Que o o maior deles, porque Deus é amor
Deus da esperança os encha de (I João 4.8). Quando experimen-
toda alegria e paz, por sua con- tamos o amor descrito por Paulo,
fiança nele, para que vocês trans- criamos um relacionamento per-
bordem de esperança, pelo poder manente com Deus e Ele conosco
do Espírito Santo”. (I João 4.16).
A esperança é a convicção de Paulo passa a compartilhar
que existe algo de bom neste mun- alguns objetivos com os discípu-
do e que um dia viveremos esta los de Roma, recrutando-os para
experiência boa. No Velho Testa- o ajudarem a cumprir o seu cha-
mento, encontramos referência mado: “Meus irmãos, eu mesmo
a esta esperança no que é bom, estou convencido de que vocês
no Salmo 34.12: “Quem de vocês estão cheios de bondade e plena-
quer amar a vida e deseja ver dias mente instruídos, sendo capazes
felizes?”. Na conclusão do “Ca- de aconselhar-se uns aos outros.
pítulo do Amor”, Paulo falou so- A respeito de alguns assuntos, eu
bre os valores eternos desta vida: lhes escrevi com toda a franque-
esperança, fé e amor (I Coríntios za, principalmente para fazê-los
lembrar-se novamente deles, por diante do rei Agripa que ele não
causa da graça que Deus me deu era desobediente à visão celestial
de ser um ministro de Cristo Jesus que tinha recebido de Jesus Cris-
para os gentios, com o dever sa- to, para proclamar o Evangelho
cerdotal de proclamar o evange- aos gentios (Atos 26.19,20). Ele
lho de Deus, para que os gentios continua escrevendo aos roma-
se tornem uma oferta aceitável a nos: “Portanto, eu me glorio em
Deus, santificados pelo Espírito Cristo Jesus, em meu serviço a
Santo” (15.14-16). Deus. Não me atrevo a falar de
Paulo estava refletindo sobre nada, exceto daquilo que Cristo
o que tinha escrito nesta carta, ao realizou por meu intermédio em
mesmo tempo em que reafirma a palavra e em ação, a fim de levar
sua confiança neles, em sua ca- os gentios a obedecerem a Deus,
pacidade de obedecerem a tudo pelo poder de sinais e maravilhas
e aplicarem o que lhes tinha sido e por meio do poder do Espírito de
ensinado, nos capítulos anteriores. Deus. Assim, desde Jerusalém e
Ele reconhece certa ousadia arredores, até o Ilírico, proclamei
na maneira como lhes escreveu e plenamente o evangelho de Cris-
lembra que, apesar de o seu cora- to. Sempre fiz questão de pregar
ção ter esse peso pelos judeus, ele o evangelho onde Cristo ainda não
tinha sido chamado e comissiona- era conhecido, de forma que não
do por Jesus para levar os gentios, estivesse edificando sobre alicer-
como os discípulos de Roma, para ce de outro. Mas, antes, como
quem ele estava escrevendo, a está escrito: ‘Hão de vê-lo aque-
Cristo. De uma maneira muito bo- les que não tinham ouvido falar
nita, Paulo descreve o seu ministé- dele, e o entenderão aqueles que
rio para com os gentios, afirmando não o haviam escutado’. É por isso
que apresentava aqueles que ele que muitas vezes fui impedido de
tinha levado a fé em Cristo, como chegar até vocês” (15.17-22).
uma oferta aceitável a Deus e san- Nesta passagem, Paulo está
tificada pelo Espírito Santo. dizendo que, se você traçar um cír-
Paulo continua sua reflexão, culo num mapa, de Jerusalém até
contando como ele estava cum- o centro da Itália, não encontrará
prindo o objetivo e o comissio- nenhum ponto onde ele não te-
namento de Cristo. Ele declarou nha pregado o Evangelho de Jesus
Epílogo
Conheça a Igreja (Romanos 16.1-27)
Uma explicação para esta ex- não foram citados. A mulher inte-
tensa viagem era a extraordinária grante do grupo que estava com
rede de estradas que foi construída Paulo, quando ele escreveu esta
pelos romanos. Através da arque- carta, chamava-se Febe e era de
ologia, temos conhecimento da in- Cencreia, região do Porto, a quin-
crível capacidade que os romanos ze quilômetros ao leste da cidade
tinham para a construção civil. O de Corinto. Era ela uma mulher de
Livro de Atos conta que o Império negócios e, conforme o texto, ia le-
Romano providenciou a viagem de var a carta de Corinto para Roma:
Paulo de Jerusalém para a capital “Recomendo-lhes nossa irmã
do Império. Deus usou este meio Febe, serva da igreja em Cen-
para viabilizar as viagens dos Seus creia. Peço que a recebam no Se-
servos, no início da Igreja, para o nhor, de maneira digna dos san-
cumprimento da Grande Comissão tos, e lhe prestem a ajuda de que
do Senhor. venha necessitar, pois tem sido
Podemos dividir este capítu- de grande auxílio para muita gen-
lo em três partes: nos dezesseis te, inclusive para mim” (16.1,2).
primeiros versículos, Paulo cum- Paulo se refere a Febe como
primenta as pessoas que eram de “serva da igreja em Cencreia”. Em
Roma, amigos que ele tinha co- grego, a palavra usada para “ser-
nhecido em outras viagens, foram va” é “diácono”. Quando a igreja
para Roma e se tornaram parte da dava uma responsabilidade para
igreja, naquela cidade. Na segun- um homem ou para uma mulher,
da parte, encontramos algumas esta pessoa era chamada de “servo
recomendações de Paulo para os e serva” ou “diácono” e “diaconi-
crentes que estavam causando sa”. Qualquer que tivesse recebido
discórdia e divisões na igreja (17- uma tarefa na igreja, como os que
20) e, na terceira parte (21-23), serviam às mesas, nos primeiros
Paulo cumprimentou oito pessoas dias depois do Pentecostes, eram
que estavam com ele em Corinto, chamados de servos ou diáconos
quando ele escreveu esta carta. (Atos 6.2-6).
Ele também citou duas casas, cer- Febe tinha recebido a incum-
tamente localizadas na cidade de bência de fazer o longo trajeto de Co-
Corinto, nas quais se reunia a igre- rinto à Roma para entregar esta car-
ja e alguns homens, cujos nomes ta. Algumas pessoas consideram que
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BAIRRO:_____________________________FONE:______________________
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ESCOLARIDADE:________________IGREJA:____________________________
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Aulas através de: ( )Rádio ( )Internet ( )CDs
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