Está en la página 1de 12

A LAJE NIVEL ZERO, EM SUBSTITUIÇÃO DO CONTRAPISO EM EDIFICIOS

RESIDENCIAIS, COMO ALTERNATIVA VIÁVEL

Diego Otero Rangel1


Marcos Jorge2

RESUMO

Várias empresas vêm demonstrando um interesse crescente pela racionalização e contínuo


aperfeiçoamento de seus processos construtivos. A execução de lajes acabadas, sem contrapiso ou
mesmo de lajes niveladas no piso, vem aumentando nas construções de padrão médio. Este é um novo
conceito de economia que, ainda está sendo testado por muitas empresas e pressupõe-se no cômputo
final como vantajoso, à medida que há a eliminação do contrapiso, proporcionando tanto redução de
material, como de mão de obra. Para a obtenção do resultado advindo desta nova técnica executiva de
lajes de concreto são necessários diversos cuidados e emprego de ferramentas e equipamentos especiais.
Nos cuidados exigidos, destacam-se, como fundamentais os procedimentos nas fôrmas das lajes e na
superfície superior do concreto, para não haver comprometimento da qualidade dos resultados. Este
artigo pretende difundir e mostrar a viabilidade do uso da laje nível zero, eliminando o uso do
contrapiso em edifícios residenciais, reduzindo o consumo de materiais e otimizando o tempo no
assentamento de pisos.

Palavras-chave: laje nivelada; custos; racionalização.

INTRODUÇÃO

A construção civil caracteriza – se pelas mudanças, nos últimos anos as empresas que
atuam na área de construção de edifícios estão sempre em busca de caminhos para se tornarem
competitivas. A racionalização dos métodos, processos e sistemas construtivos, juntamente com
o objetivo principal de diminuição dos custos, garantia de atendimento dos prazos de execução e
incremento da qualidade dos edifícios BARROS (1996), vem promovendo descobertas e novas
tecnologias.
Um dos principais objetivos na execução de edifícios de múltiplos pavimentos em
concreto é a obtenção de qualidade com produtividade, que pode ser aumentada reduzindo-se o
número de operações necessárias e, também, simplificando estas operações.
Hoje considera-se que o subsistema piso tenha uma reduzida participação no custo
global da obra. Entretanto, acredita-se que o seu custo real seja sensivelmente superior ao
estimado nos orçamentos, pois se trata de uma atividade que não é programada e nem mesmo
controlada no conjunto dos serviços, possibilitando desperdícios das mais diversas naturezas.
Contudo, o objetivo de racionalizar e reduzir perdas, podem ser atingidos com a
coordenação dos projetos, entre si e com o sistema construtivo e, principalmente, adotando
soluções que permitam a racionalização de todas as etapas envolvidas no processo executivo.
O desperdício na construção civil não é somente medido pelos entulhos gerados. Há de
se computar as perdas geradas por consumos extras de materiais, advindos da má qualidade
executiva, isto sem considerar os aspectos não materiais como tempo e mão de obra. O
desperdício começa com o processo construtivo. A reciclagem é a maneira de aproveitar o que já
foi perdido PEDRINI (1996). Dentre as várias melhorias de processo que podem conduzir à

1Diego Otero Rangel graduando de Engenharia Civil da Universidade Católica de Salvador - UCSal; e-mail:
tcharella@click21.com.br
2
Professor Marcos Jorge Santana, Doutor em Engenharia Urbana pela USP - SP; e-mail: marjoras60@hotmail.com

1
redução do desperdício, o mesmo autor cita a laje zero. “A regularização nada mais é do que uma
correção de falhas no processo de execução da estrutura” PEDRINI (1996).
Mas para garantir o sucesso destas soluções, faz-se necessário, um total
acompanhamento e fiscalização na execução delas, para que não haja depreciação das novas
tecnologias no mercado da construção, onde por não deterem total eficiência na execução no
principio, pois o resultado ainda é um teste, o que normalmente acontece para posterior
aperfeiçoamento.
O artigo tem como objetivo mostrar que há a possibilidade da laje nível zero, como uma
nova tecnologia, eliminar o uso de contrapiso em pisos de edifícios residenciais. Foi realizada
uma revisão bibliográfica e uma comparação entre obras, visando-se obter uma descrição e
viabilidade do tema em estudo. Fez-se um levantamento documental e bibliográfico das
informações disponíveis através de artigos, dissertações, teses, uma busca nas bases de dados
eletrônicas, on-line, e dados coletados em 02 obras da cidade de Salvador - Ba, para realização
de um estudo de caso comparativo, buscando informações pertinentes ao estudo.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

As estruturas de concreto

Elemento de maior pesquisa e evolução na história da construção, o concreto tem a


tecnologia bastante avançada comparado a qualquer outro material utilizado, porém entre o seu
grau de evolução e a forma com a qual vem sendo utilizado nas obras, ainda há uma enorme
defasagem, pois nem sempre é utilizado devidamente de acordo com os conceitos e técnicas
necessárias à obtenção dos resultados esperados. A execução, principalmente nas pequenas obras
ainda encontra questões diversas que conduzem a resultados satisfatórios e a problemas que
poderiam ser evitados se pequenos cuidados, conhecidos, que aparentam sem importância,
fossem tomados. Estes problemas podem ser desde ordem estética, até problemas mais graves
que colocam em risco a durabilidade e a segurança de toda a obra, isto sem considerar
desperdícios e custos extras. Vários fatores podem contribuir para essas deficiências, inclusive o
sistema de fôrmas, se não definido e executado corretamente. As estruturas de concreto precisam
de execução correta em obra, além de especificação, fiscalização, dosagem e dimensionamento
corretos QUALHARINI (1998).

Lajes

A laje é o elemento estrutural, de comportamento bidimensional, de uma edificação


responsável por transmitir as ações das cargas que nela atuam para as vigas ou diretamente para
os pilares no caso de lajes sem vigas. Outra característica relativa às lajes que diferem de outros
elementos estruturais planos, é que o carregamento que nela atua é perpendicular ao seu plano
médio. As lajes podem ser entendidas também como elementos de vedação do subsistema
vertical, de subdivisões da parte da vedação horizontal, para ELDER; VANDENBERG (1977), a
subdivisão do espaço interior gerado pelas vedações verticais, são as lajes. Estas são as
superfícies de segurança onde podem ser feitas as atividades, e as principais funções são
sustentar pessoas e coisas, onde é a melhor forma de aproveitar o terreno construindo assim
edificações verticais.
As lajes são estruturas comuns em edifícios residenciais, comerciais e industriais onde
no caso particular de edifícios de concreto, existem diversos métodos construtivos com ampla
aceitação no mercado da construção civil. Com as novas tecnologias existentes para redução de
custos, beneficia muito mais a utilização destes.

2
Atualmente há diversos tipos de lajes que formatam o diversificado mercado da
construção civil. Cada tipo de laje pode ser utilizada em um determinado ramo de construção ou
necessidade. Umas tem o caráter de reduzir a carga das estruturas sendo mais leves, como as
lajes pré-moldadas, outras têm a função de serem mais resistentes, como as maciças (totalmente
em ferro e concreto), algumas tem o formato propício a economizar a quantidade de concreto,
como as nervuradas, outras mais esbeltas ou espessas. Portanto há diversas formas e tipos de
lajes, prontas a atender as reais situações especiais em cada canteiro.

Classificação quanto ao padrão de acabamento

Segundo SOUZA (1996).

Laje convencional – Necessita de camada de regularização antes da colocação do


piso, pois não é executada com controle de nivelamento e rugosidade da
superfície.
Laje nivelada – O contrapiso é definido pelo projeto e não tem função de
regularização de nível, visam à redução de espessura dos contrapisos utilizados
como elementos niveladores nas estruturas convencionais, reduzindo o consumo
extra de concreto.
Laje acabada – Tem as adequadas características de planeza ou rugosidade
superficial e nivelamento ou declividade, necessárias à fixação ou assentamento
do piso final. Não necessita de contrapiso.

Contrapiso

Contrapiso é uma mistura composta de cimento, areia e ema pequena quantidade de


água, a fim de só para criar uma condição de coesão dos elementos, tornando assim uma
“argamassa seca” e porosa utilizada em regularização e nivelamento de lajes e pisos de terra para
posterior aderência de pisos cerâmicos ou de pedra. Bastante utilizado na construção civil, o
contrapiso torna-se um elemento de custo muito elevado se analisarmos da seguinte forma:
necessita de muito espaço no canteiro para alojar matérias como cimento e areia; custo de
energia para preparação em betoneiras e de deslocamento em balanças tanto do material quanto
de mão de obra; utilização de um número muito grande de mão de obra; um grande desperdício
de tempo em assentar o contrapiso; além de elevar o peso na estrutura do empreendimento.

OBTENÇÃO DE LAJES NIVELADAS – LAJES NIVEL ZERO

No que se refere as inovações citadas para os revestimentos horizontais, trata-se sobre


tudo da obtenção da laje nivelada, para o recebimento de contrapiso com espessuras mínimas ou
da laje nivelada acabada, para a aplicação direta da camada de acabamento [BARROS (1996)].
Em 1992 foi realizado o primeiro trabalho, documentado, sobre a execução de lajes acabadas, em
contrapiso; com soluções de nível zero, pela empresa: Encol, uma construtora nacional, no
projeto de pesquisa denominado - EP/EN-5, em conjunto com a EPUSP, [SOUZA (1996)].
Diferentemente de lajes comuns, esse tipo de laje tem procedimentos diferentes e distintos,
Outros tipos de ferramentas e maquinários, mão de obra especializada além do principal, rígido
controle de qualidade e execução.
A execução dessas lajes vem ocorrendo das mais diferentes maneiras, tendo - se
posturas distintas das empresas quanto ao seu processo de produção BARROS, (1996). Para a
obtenção do nivelamento da superfície superior da laje, somente o controle do nível desta
superfície, não é suficiente. Devem ser considerados outros pontos da execução responsáveis

3
pela manutenção do nivelamento e pelas condições pretendidas da superfície do concreto.
Cuidados especiais devem ser tomados com as caixas de passagens e dutos de instalações bem
como com relação aos embutidos, tais como eletrodutos e pontos de luz no teto. Os principais
problemas podem advir do conflito desses elementos com as armaduras, fazendo com que alguns
destes não cumpram a altura estipulada em projeto de cobrimento do concreto, como mostrado
na Figura 1.

Figura 1 - Foto do emaranhado de elementos antes de concretar uma laje.

É de grande importância a utilização de ferramentas e equipamentos adequados à


obtenção do nivelamento. O ferramental necessário deve estar disponível de modo a impedir
improvisos nos procedimentos executivos, procedimentos estes que devem ter a sua metodologia
definida previamente.
Já quanto as formas não sendo um elemento que fica incorporado à obra, ela participa
de maneira decisiva na obtenção da qualidade e produtividade em seus diversos aspectos, sem
considerar que correspondem a um alto percentual na composição do custo do concreto, CRUZ,
(2000). Para a obtenção da qualidade das estruturas, a definição do sistema adequado de fôrmas e
sua qualidade executiva e de montagem são elementos de fundamental importância. As fôrmas
devem, segundo FAJERSZTAJN (1987): suportar os esforços de seu próprio peso, empuxo do
concreto e tráfego de pessoas e equipamentos; permitir a fidelidade das formas do projeto
estrutural; ter estabilidade para manter a segurança das operações de armação, concretagem e
cura, permanecendo estável até a desforma; ser estanques para evitar perda de água e finos
durante a concretagem, como mostra a figuras 2 e 3; possibilitar a colocação correta da
armadura; permitir fácil desforma sem danos ao concreto; propiciar o lançamento e adensamento
correto do concreto; ter rugosidade superficial compatível com a especificação da estrutura.

4
Figura 2 – Foto do escoramento de uma laje. Figura 3 – Foto do acabamento de uma forma.

Os elementos da armadura devem ser colocados de modo a manterem-se em seu perfeito


posicionamento, sem conflitos com os eletrodutos e caixas de instalações elétricas. Devem ser
colocados afastados da superfície das formas por espaçadores ou pastilhas de modo a não se
exporem após a concretagem. Para tal, é imprescindível que o projeto defina os parâmetros de
sua colocação. Portanto, uma laje convencional permite uma regularização que pode entre outras
coisas servir para encobrir falhas da colocação da armadura e na laje nível zero a colocação da
armadura precisa ser bem definida, projetada e executada.
Enquanto no processo construtivo tradicional a grande preocupação consiste na
resistência do concreto, no sistema de obtenção de laje nível zero é importante também observar
características do concreto relativas à sua trabalhabilidade: facilidade de redução de vazios e
adensamento; facilidade de moldagem relacionada com o preenchimento das fôrmas e espaços
entre as barras; resistência à segregação e manutenção da mistura durante o manuseio e vibração;
facilidade de acabamento das superfícies. Como pontos que podem influir na trabalhabilidade,
relacionados ao concreto fresco, estão: coesão e consistência, que podem ter as seguintes
considerações: Segundo PRUDÊNCIO (1979), “A coesão do concreto (goma) é de grande
importância para um perfeito acabamento e irá proporcionar ao material, condições de maior
resistência à agressividade de alguns meios de exposição por reduzir a incorporação de ar no seu
manuseio”. Conseqüentemente, uma superfície de concreto com teor ideal de consistência da
argamassa, após o nivelamento, é compacta, sem vazios e não se apresenta áspera, condição de
extrema importância no acabamento das superfícies das lajes de nível zero.
Na obtenção da laje nível zero, a concretagem deve ser executada considerando todos os
fatores acima descritos. O conjunto precisa estar previamente definido, pois o sucesso deste
sistema de lajes decorrente entre todas as etapas, inclusive o transporte do concreto até a obra de
modo que, as características definidas como ideais possam ser garantidas. O plano de
concretagem, mais do que nos sistemas de lajes convencionais, é preponderante nos casos de
lajes que terão a superfície acabada. Sabendo-se que, na obtenção do acabamento destes tipos de
laje, a máquina alisadora só pode ser usada a partir de um determinado ponto de pega do
concreto, o plano de concretagem, torna-se fundamental na definição de características do
concreto adequado, dimensionamento de mão de obra e equipamentos.
A cura do concreto é o conjunto de procedimentos visando a proteção do concreto
contra mudanças bruscas de temperatura, secagem rápida, exposição direta ao sol, chuvas fortes,
agentes químicos, vibrações e choques que possam produzir fissuras, ou comprometer a sua
aderência à armadura RIPPER (1986). A duração e o início da aplicação de um processo de cura
estão relacionados à exposição ao sol, aeração e a seu contato com meios agressivos
PRUDÊNCIO (1979). Há vários métodos de cura como: areia ou serragem de madeira
umedecidas, sacaria molhada, manta plástica e lâminas de água (como mostra a Figuras 4)
RIPPER (1986).

5
Figura 4 – Foto da Lâmina de Água

Outro método de cura, menos utilizado, é o de cura química. Processo onde agentes químicos
agilizam o tempo de secagem de uma laje, como por exemplo uma pequena camada de cimento
sobre a laje recém concretada.
A irrigação periódica das superfícies também é um dos métodos utilizados. “Para
grandes superfícies, placas, painéis e concretos executados com fôrmas deslizantes, recomenda-
se o emprego de cura química” PRUDÊNCIO (1979). A norma brasileira NBR-6118, recomenda
que o concreto seja protegido nos sete primeiros dias a contar do lançamento, considerando ideal
que se prolongue até o 14º dia. Assim, a cura tem influência no acabamento do concreto e, por
isto é importante que sejam seguidas recomendações de proteção nesta fase, para não
comprometer a qualidade do acabamento da laje zero, independente dos comprometimentos
outros gerados pela conseqüência de uma cura mal feita.
A desforma tem um papel de grande importância na obtenção das lajes nível zero. Uma
desforma precoce pode resultar em deformações excessivas que podem gerar fissuras e até
trincas e comprometer o método utilizado, conseqüentemente não permitindo a execução da laje
nivelada acabada. Um plano de desforma, prevendo um reescoramento adequado, é de
fundamental importância. As execuções de lajes niveladas e acabadas têm levado os construtores
a preverem maior número de tiras de reescoramento, como medida de maior garantia quanto a
uma possível deformação após a desforma, principalmente nos grandes panos de laje. A
desforma também deve ser feita de modo criterioso, visando preservar os componentes do
sistema de fôrmas para que estes não tenham suas características físicas e mecânicas
comprometidas, o que poderia comprometer a qualidade de uma próxima execução com os
mesmos componentes e inviabilizar uma laje nível zero.

ESTUDO DE CASO COMPARATIVO ENTRE DUAS OBRAS DE UMA


CONSTRUTORA EM SALVADOR, NA OBTENÇÃO DE LAJE NÍVEL ZERO

Foram estudados dois edifícios no bairro do Imbuí, sendo que os mesmos construídos
por uma construtora de cinco anos no mercado de imóveis e com total de três empreendimentos
finalizados e dois em início. Os edifícios foram denominados como edifício A nos padrões

6
tradicionais de execução de uma laje maciça, e o edifício B que executou o sistema de lajes nível
zero, a partir do pavimento “Garagem 2” em um edifício, tendo decidido utilizar o sistema de
laje nível zero, após experiências já realizadas com sucesso em outras construtoras na cidade
inclusive, principalmente no estado de São Paulo.

Aspectos gerais

Em questionamentos feitos aos engenheiros responsáveis pelas obras, mestres e técnicos


que acompanharam o processo, além da minha experiência em participação como estagiário na
construtora, foram obtidas as seguintes posições gerais sobre o emprego deste processo:
 A tentativa de obter maior rigor quanto ao nivelamento da superfície superior das lajes, nunca
havia sido feita nos outros edifícios, no entanto querendo evoluir no cenário da construção civil,
a empresa colheu informações de empresas terceirizadas as quais poderiam executar tal serviço,
pois ainda havia falta de conhecimento dos equipamentos e acessórios disponíveis para a fixação
das referências de nível, através das mestras no piso.
 A utilização deste processo de execução de lajes visou à economia e redução do desperdício
incorporado às lajes de sistema tradicional.

Diferenças entre execuções com o edifício A e o edifício B

As diferenciações impostas pelo sistema ou as verificadas foram:


 O projeto estrutural foi alterado para atender ao sistema, tendo sido definidas as áreas a
serem impermeabilizadas, com desníveis no edifício B;
 As lajes que seriam niveladas e acabadas tiveram a espessura aumentada em 3cm em projeto,
para que as mesmas não fossem prejudicadas na acústica .
 No edifício A, onde o sistema de laje foi o tradicional, a especificação do contrapiso era de 1
à 3cm, entretanto, na execução alcançou 5cm.
 Na concretagem do edifício A, houve muita oscilação com relação ao volume de concreto
consumido em cada concretagem. O edifício B teve um volume de concreto total mais
uniforme, o que pode estar diretamente relacionado à regularidade da espessura da superfície
da laje, conforme definição do projeto.
 O reescoramento das lajes do edifício B foi definido com mais faixas do que no sistema
convencional e ficaram reescorados três tetos, sabendo-se que todos com escoras metálicas.

Considerações da construtora:

 A laje nível zero foi feita com a contratação de empresa especializada, entretanto a
construtora não considerou o resultado, no cômputo geral, satisfatório pelo aspecto
econômico e de qualidade, pois fracassou na maioria dos pavimentos em alcançar a real
finalidade da nova tecnologia.
 Foi observada uma satisfação pessoal em alguns dos trabalhadores que executaram tarefas
específicas relacionadas à obtenção da laje nível zero, já outros entenderam como aumento
do trabalho comparado à laje tradicional.
 A fôrma é de importância fundamental (se não tiver rigidez, estanqueidade e totalmente
nivelada todo o conjunto fica comprometido, quanto à laje nível zero).
 É importante que o sistema de escoramento e de reescoramento seja metálico.
 A conferência da fôrma antes e durante a concretagem são fatores fundamentais. Nesse
serviço houve muitas falhas nos dois edifícios, onde as formas esbojavam e não estavam bem
fixadas.

7
 Não foi planejada para esse tipo de laje, a tubulação de gás que passava para os
apartamentos, assim utilizou-se rebaixos nos corredores e nas cozinhas, do edifício B, com
perfis tipo L soldados e assentados na concretagem. Assim nesses vãos foram utilizados
contrapiso tradicional, por falha de compatibilização de projetos.
 A construtora não utilizou nenhum procedimento sistemático de verificação do nivelamento
da superfície superior da laje nos dois edifícios, entretanto, quando na fase de acabamento
dos pisos, pôde-se certificar que os desníveis, existentes, eram consideráveis em muito dos
pavimentos do edifício B se comparados com o edifício A, tendo até que utilizar contrapiso.
O projeto estrutural foi executado diferentemente no edifício B, considerando a
execução da laje nível zero acabada, exceto nas áreas com impermeabilização, área molhada e
onde passavam a tubulação de gás.
Quanto ao tipo de concreto utilizado nas duas obras foi o mesmo, e da mesma
fornecedora, observando que:
 O concreto utilizado foi o usinado, com 30MPa, proveniente de central de concreto instalada
no retiro, sendo a central mais próxima do canteiro de obras dos dois empreendimentos.
 Foram utilizados caminhões betoneiras com capacidade de 8m³, no transporte do concreto da
usina até o local. Já nos canteiros, era bombeado através de bombas estacionarias para as
lajes com 48m³ em execução.
 O slump teste do concreto utilizado foi 12 +/- 2cm.
 Foi utilizado retardador de pega no concreto para conseguir um intervalo maior antes do
início da pega do concreto e permitir a execução do acabamento superficial das lajes do
edifício B. Este procedimento prolonga a conclusão da concretagem, considerando o
acabamento das lajes.
 Os funcionários de uma empresa terceirizada de controle tecnológico, contratada pela
construtora responsável, permaneceram todo o tempo nas obras.
 A operação de cada caminhão, que consistia em: dosagem e pesagem dos matérias, saída da
concreteira, chegada a obra e descarga do concreto, girou em torno de 40 minutos.
 Na maioria das concretagens dos dois edifícios, pelo fato da cidade estar em um momento de
alta na construção civil, a central de concreto sempre atrasava a entrega do concreto, assim
quando eram feitos os acabamentos, já passava do fim do expediente, com iluminação
elétrica e reclamações dos moradores vizinhos, foram principalmente quanto ao barulho das
máquinas do edifício B.
O tipo das formas utilizadas nas duas obras foi o mesmo também, só que com algumas
diferenças nas execuções descritas abaixo:
 Foi empregado sistema industrializado de fôrmas, produzido por empresa paulista com
projeto detalhado de formas de pilares, vigas e lajes, executado por uma empresa
soteropolitana nos dois empreendimentos.
 O sistema era composto de painéis de pilares e vigas em chapas compensadas de 15mm,
travadas na horizontal, e assoalho de lajes em com mesma espessura.
 O sistema previa faixas de reescoramento para as lajes e jogo de fundos de vigas duplo para
permitir o reescoramento nos dois edifícios. Foram consideradas mais faixas de
reescoramento no Edifício B do que as utilizadas em sistema de lajes convencionais, como
no edifício A.
 Os escoramentos foram metálicos e havia equipamento de duas empresas fornecedoras,
ambos com soluções inovadoras referentes a torres leves, que podem ser desmontadas e
utilizadas como escoras comuns.
 As vigas de periferia foram escoradas com sistema de torres leves, e as internas, com escoras
normais, porém com maior fiscalização no edifício B. O escoramento das lajes foram
executado com longarinas principais e secundárias, independentes do escoramento de vigas,
apoiadas em torres leves e escoras normais.

8
 O travamento de pilares e vigas foi executado com duas peças de sarrafo de madeira de 1”x
4” um em cada lado, fixados com parafusos e porcas, fornecidos pela empresa terceirizada de
fôrmas.
O ritmo de elevação das lajes no edifício A, foi de uma laje a cada 07 dias em média, já
no edifício B foi mais demorado, cerca de 08 a 09 dias, devido a falta de prática com o rebaixo
das lajes onde havia a tubulação de gás e, ao atraso dos caminhões betoneira no canteiro, fazendo
com que se adiasse a concretagem por mais um dia para que não houvesse desentendimentos
com os vizinhos pelo horário.
Diferença entre as equipes existiram no processo, citadas abaixo:
 A mão de obra utilizada foi a da própria construtora no edifício A, exceto a das fôrmas,
execução da laje nível zero, gesso projetado, fachada e de gás, onde foram utilizadas
empreiteiras especializadas.
 O treinamento da equipe da construtora que ajudava a empresa contratada foi feito pela
própria, que fez um curso rápido na obra, com relação ao sistema de lajes nível zero.
 Foram empregados na execução das lajes nível zero, considerando-se todo o conjunto da
estrutura desde a montagem da fôrma, sem considerar a equipe de engenheiros: 09
carpinteiros, 06 armadores, 03 pedreiros, 08 serventes, 01 técnico, 01 encarregado, 01
mestre. Já nas lajes tradicionais, foram empregados (também considerando desde a
montagem): 09 carpinteiros, 06 armadores, 02 pedreiros, 05 serventes, 01 técnico, 01
encarregado e 01 mestre.
Os equipamentos, ferramentas e acessórios utilizados na concretagem do edifício B
foram: nível lazer com sensor provido de aviso sonoro; mestras de alumínio com 2,00m de
comprimento e 2cm de altura; 4 enxadas; 3 pás; 1 desempenadeira pequena de madeira; taliscas
em madeira; arame recozido n.º 18; pregos 15 x 15 para fixação das taliscas; 2 vibradores de
imersão; aspirador para limpeza das fôrmas; cantoneiras metálicas para desnível dos pisos
impermeabilizados; 4 réguas de alumínio de 2,5m de comprimento e 5cm de altura; 4 colheres de
pedreiro; espaçadores de concreto para garantir o recobrimento das armaduras; holofotes para os
trabalhos realizados à noite; 2 máquinas alisadoras de concreto tipo helicóptero, para acabamento
do concreto, como se mostra na Figura 5; tambor de água para limpeza dos equipamentos; caixas
de passagem pré fabricadas de madeira e cones metálicos; tocos de madeira para marcação dos
gastalhos.
Já para o edifício A, foram utilizados todos estes equipamentos, ferramentas e
acessórios, com exeção do nível laser com sensor provido de bip, e 2 máquinas alisadoras de
concreto tipo helicóptero.

Figura 5 – Foto da máquina alisadora em execução.

9
Análise das lajes nível zero

Visto que os resultados, onde se utilizou a laje nível zero, não foram tão satisfatórios
para construtora, em alguns andares de pavimentos tipo obtiveram diferenças de até 2cm de
desnível. A experiência buscava a não utilização do sistema contrapiso, porém, foram corrigidas
as diferenças justamente por este sistema. As garagens externas que não foram curadas
adequadamente apresentaram fissuras ou trincas significativas como mostra na Figura 6, tratadas
com produto emborrachado e flexível para evitar o crescimento.

Figura 6 – Foto da laje que mostra a fissura já recuperada.

A acústica dos apartamentos ficou bastante prejudicada, pelo fato da redução de camadas
utilizadas no piso por não utilização do contrapiso, assim a laje conservou-se mais fina, causando
reclamação dos novos moradores.
Houve implicações externas exemplificada pelas fornecedoras do concreto usinado,
onde além de encontrados pedregulhos no material, como mostra a Figura 6, a mesma atrasou
por diversas vezes o fornecimento do concreto, no qual a execução das lajes adentrou a noite, já
dificultada pelo ruído causado pelas máquinas niveladoras, a visão não era adequada causando
muita irregularidade na superfície da laje. Essas irregularidades foram niveladas após com outro
modelo de máquina alisadora que trabalha quando laje está seca.

Figura 7 – Foto dos pedregulhos encontrados no concreto


10
Contudo, percebeu-se a rapidez da execução dos pisos do edifício B comparada às do
edifício A, em torno de 01 a 02 dias de diferença, além de otimizar mais o tempo dos pedreiros
pela não utilização do sistema contrapiso na maioria dos pavimentos tipo. Houve também uma
redução no consumo equivalente de materiais como cimento e areia. Por estes fatos
demonstrados a construtora entende que houve falhas por não haver fiscalização e verificação
adequadas durante e após execução, aproveitando como aprendizado tais falhas para futuras
utilizações da mesma tecnologia, conceituando assim satisfatória a experiência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo procura mostrar como a racionalização construtiva e novas tecnologias para


produção podem ser aplicadas à execução das lajes de concreto de edifícios, objetivando obter
qualidade com redução de custos. Assim a tecnologia de execução abordada, laje nível zero,
realmente encaixa-se nesse seguimento, demonstrando a viabilidade e eficácia nesse sentido.
Acredita-se, ainda, que tenha sido exemplificada a importância de se conhecerem os
equipamentos disponíveis e a seqüência de execução dos serviços, prevendo-se as etapas de
controle necessárias para a execução das lajes nível zero.
Entende-se que haja ainda uma dificuldade na excelência da execução, pois há muitas
empresas aparecendo no mercado sem a capacidade de executar seus serviços pela falta de
estudo e apuração de falhas cometidas. Acredita-se que toda nova tecnologia, por mais ínfima
que seja a melhoria causada pela mesma, aperfeiçoando pode-se encontrar a perfeição.
Alguns aspectos podem ser analisados em trabalhos futuros. Como recomendações
propõem-se:
 Analise detalhada dos aspectos diretos e indiretos que a laje nível zero apresenta relevantes a
redução de custo;
 Analise detalhada e soluções dos problemas futuros que possam ocorrer como exemplo
descolamento dos pisos.

REFERENCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto -


Procedimentos. NBR 6118, Rio de Janeiro: 2000.

BARROS, MÉRCIA MARIA BOTTURA DE. Metodologia para Implantação de Tecnologias


Construtivas Racionalizadas na Produção de Edifícios. Tese de Doutorado - Escola
Politécnica - Universidade de São Paulo, São Paulo: 1996.

BARROS, MÉRCIA MARIA BOTTURA DE. Racionalização dos Métodos, Processos e


Sistemas Construtivos. Tese de Doutorado - Escola Politécnica - Universidade de São Paulo,
São Paulo: 1996.

ELDER, A. J.; VANDENBERG, M. Construccion: Manuales A J. Madrid, H. Blume, 1977. p.


280-341. In SOUZA, ANA L. ROCHA. O Projeto para Produção das Lajes Racionalizadas de
Concreto Armado de Edifícios. Dissertação Mestrado em Engenharia. Escola Politécnica -
Universidade de São Paulo, São Paulo: 1996.

FAJERSZTAJN, H. Fôrmas para Concreto Armado: Aplicação para o Caso do Edifício. Tese
de Doutorado - Escola Politécnica - Universidade de São Paulo, São Paulo: 1987.

11
PEDRINI, ALBERTO. O Know How da Precisão. Revista Construção Rio de Janeiro: Julho
1996.

PRUDÊNCIO, WALMOR JOSÉ . Tecnologia de Concreto Aparente. In Engenharia - Revista do


Instituto de Engenharia de SP. Abril: 1979.

PINTO, TARCÍSIO DE PAULA. De Volta à Questão do Desperdício. Revista Construção do


Rio de Janeiro: Dezembro de 1995.

QUALHARINI, EDUARDO L. Um Enfoque na Segurança de Fôrmas para Estruturas de


Concreto. In CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE O COMPORTAMENTO DE
ESTRUTURAS DE CONCRETO, 1., 1998, Rio de Janeiro. Anais...Niterói: UFF: 1998 SITES.

RIPPER, ERNESTO. Como Evitar Erros na Construção. Ed.PINI, 1986 São Paulo: 1986.

SOUZA, ANA L. ROCHA. O Projeto para Produção das Lajes Racionalizadas de Concreto
Armado de Edifícios. Dissertação de Mestrado em Engenharia. Escola Politécnica -
Universidade de São Paulo, São Paulo: 1996.

12

También podría gustarte