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Conceitos gerais
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NOVA GRAMITICA Do PoRTUGuÉs coNTEMPoRANEo
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CONCEITOS GERAIS
gua padrào, pof exemplo, embora seja uma enffe as muitas vadedades de
um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque aúta coíto modelo, como
norma, como ideal lingulstico de uma comunidade. Do valor normativo
decotre a sua fungào coercitiva sobre as outras variedades, com o que se
torna uma ponderóvel forga conrtîatt^ à variagà;o.
Numa llngua existe, pois, ao lado da fotga centdfuga da inovaEdo, a
fotga centdpeta da consenagio, que, conttl-tegtutrdo a primeira, gar^nte
supedor unidade de um idioma como o portuguès, falado por povos que se^
distribuem pelos cinco continentes.
6 l\fanuel Alvar. }Iasia los coaceptos de lengua, dialecto y hablas. Nrcta Boìsta de Fìhlogla
Hìspdniea, t1: 57, r96r.
t ld.,Ibid., p. 6o.
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CONCEITOS GERAIS
A nogào de cottecto.
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(a oorfira lingulstica que ambos aceitaram de fora, da comunidade, da socie-
dade, da mfio>>L2.
Todo o nosso comportam.ento social estó regulado por norrnas a que
devemos obedecer, se quisermos ser correctos. O mesmo sucede com a
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t llngua, aperus corn diferenga de que as suas normas, de urn modo
I ^ e mais coercitivas. Por isso, e para simplificar
genl, sào mais complexas
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as coisas, Jespetsen define o <linguisticamente correcto>> como aquilo que
é exigido pela comunidade lingulstic^ a. que se pertence, O que difere é o
<linguisticamente incorrecto>. Ou, com suas palavras: <<fular correcto significa
o falx que a comunidade espera, e errr em linguagem equivale a desvios
desta norma, sem relagào alguma com o valor interno das palavras ou for-
10 Citados por Otto Jespersen. Humanidad, nación, indítidao, fusde cl punto de aista lingùfstico,
trad. por Fernando Vela. Buenos Aites, Revista de Occidente, 1947, p. rry e tt4.
11 Obra cit., p. r2o.
12 Ibid.' p. r2o e ss.
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CONCEITOS GERAIS
13 Ibid., p. r7B.
t4 Eugenio Coseriu. La geografla lingiifstica. Montevideo, Universidad de la República, 1956,
p, U-4r. A propósito, consultem-se também os magistrais estudos do autor: Sistema, turmay babla
e Determinación 1 entorao, agora enfeixados no volume Teoría del hngaaje 1 lingtiktica general. Madtid,
Gtedos, t962, p. rr-rr3 e z9z1z3.
15 Closing statement: Linguistics and poelir.ln Styh in Language. Edited by Thomas A. Sebeok.
New Yotk-London, M.I.T. & John S7ilen 196o, p. 352.
NOVA GRAMÍTICA DO PORTUGT'ÉS CONTBMPOR.ANEO
16 Sintonla, diatonla e bistoria; cl lroblema ùl cambio liryìiîstho, z.e ed. Madrid, Gredos, 1973,
p. tt.
t7 Veia-se Celso Cunha , Língra, najíto, alínagao. Rio de Janeiro, Nova Fronteita, p. 73-74 e ss.
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2.
1 lVfanuel de Paiva Boléo e N[ada Helena Santos Silva. O <<IVfapa dos dialectos e falares de
Portngal Continental>. Boletim & Filologia, zoz 85. ry6r.Leia-se também-do_professor Paiva Boléo.
Uîtidaúr c uriedade da llngua portugnen. Separaa da Reoista da Faculdade de I*tras, e.a sétie:
zo (r).
- '2Lisboa, 1954.
ktroAjaó ao esttdo fu llnga portuguua no Brasil, z.e ed. Riode Janeiro,_ MEC/INL, 1963,
p. z7r. Veia-se- também do saudosó filólogo o seu dertadefuo tsabalho: A llngaa portagusa ru
-Brasil.
Separata da Rwista de Portugal: z1rLisboa, 196o, p. tz-JJ, onde enumera os factores gue,
ao seu parecet, levaram a essa supetiot unidade e ao catàúet atcaiz.ante do portuguès ameticano.
I
NovA cRaMlTrcA Do poRTUGUÈs coNr-uponANro
As variedades do portuguès.
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DoMÍNIo ACTUAL DA LÍNGUA PORTUGUESA
r. Nos dialectos galegos nào existe a sibilante sonora lzl: rosa atticula-se
com mesma sibilante h] oo [s] (surda) de passo; fazer, com a mesma sibi-
lante^[0] ou [s] (surda) de caga. Nào existe também a fricativa palatal sonora
l3l, grafada em portuguès J oa g (antes de a ou i). Em galego, Itoxe tem a
rnesrna fricativa [fl (surda) de enxada.
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Lx Alguns tragos fonéticos diferenciadorcs d6 f,'Ltll. @
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6 Com referéncia ao ditongo [ei], a pronúncia padtào e a de Lisboa (neste caso uma ilhota
de conservagilo ao sul) coincidem com os dialectos setentrionais na sua manutengào. Note-se con-
tudo que, devido a um fenómeno de diferenciagào entre os dois elementos do ditongo, €ste se trans-
fotmou na referida pronúncia em [cj].
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NG2
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NOVA GRAM{TICA DO PORTUGIIÉS CONTEMPORANEO
Nào sào, potém, apenas tragos fonéticos que permitem opor os diversos
grupos de dialectos galego-porfugueses. Se, no que diz respeito a particu-
laridades morfológicas e sintócticas, a grande variedade e irregularidade na
distribuigdo patece impedir um delineamento de 6reas que as tome como
base7, j6 no que se refere à distribuigào do léxico podemos observar, ainda
que num rcsftito nttmeto de sectotes e casos, cettas rcgdatidad;es. Nào é
îato, por exemplo, que os dialectos centro-meridionais se oponham aos seten-
trionais e aos galegos por neles se designat um objecto ou nogào com um
terrno de origem ítabe enquanto nos rlltimos permanece o descendente da
palavn latrna ou visigótica. É o caso da oposiEào alnece I soro (do queijo),
ceifar I ngar.
Talvez anda mais frequente seia a oposigào lencal entte os dialectos
do sul e leste de Portugal, cataúeflzados por inovagóes vocabulares de
vórios tipos, e os dialectos do noroeste e centro-norte, que, como os galegos,
se distinguem pelo conservad,odsmo, pela manutengào de termos mais
antigos na llngua. É o caso da oposigào de ordenltar a. nnger, magir e anojar;
de a*zojo a úbere; de borego a cordeìro e a anbo,'de cbibo a cabrito; de magaroca
a esprga (de milho), etc.
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Advirta-se, por fim, que em relagào a muitas outras nogóes é grande a
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7, Quando- muito, poder-se-ó dize4 por exemplo, que cetros tragos, como os pefeitos
em -i, da r.s coniugaSo (larú' por laoei, canti pot canîei), sào exclusivamente centro-meridionais.
8 Veía-se, a este tespeito, principalmente, Luís F. Lindley Cintra, Areas lexicais no teî-
ritótio portnguès. Bohtim de Filologia, zo: 27i-i.o7, 196z; e Odando Ribeiro, A propósito
de óteas lexicais no território_pgrtuguès, Bohtim de Filologia,2r2 t77-2o5, r96z-r96i lmtigo.
reptoduzidos, ampoL em L. q. lndlgf _C!n!1a, E,cudos de di,electologia portuguin, Lisboa, r9S3,
P. l-S-g+ e r6yzoz). Cite-se, ainda, Luis F. Lindley Cintra. Une frontière lexicale et phonétique dans
le domaine linguistique portugais. Boletim de Filologia, zoz 3118, 196r (artigo tambéh reeditado nos
referidos E$udoq p. gt-rot).
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DOMfrSIO ACTUAL DA LÍNGUA PORTUGT'ESA
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DoMfNIo ACTUAL DA LÍNGUA PoRTUGUESA
Os dialectos bmsileiros.
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NOV.A. GRAMITICA DO PORIT'GUÉS CONTEMPORANEO
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NovA GRAM.C.Trc.t Do PoRTucuÉs coNreùrpon.A'Nso
,. Crioulos continentais:
a) da Guiné-Bissau;
b) de Casamance (no Senegal).
14 Sobte o estado actual dos crioulos portugueses, veia-se Celso Cunha. Llngua, nagdo, alic-
nagào.p1io de Janeiro, Nova Fronteira, ryAr, p. j7-ró6, onde se re-metg à bibliografia_especializ'ada;
aindalJosé é. Herculano de Caóathó, Deux langues créoles: le criól du Cap Vert et lefoto i
""1"-r",
de S. Tomé, em Biblos, 17, r-r5, r98t. ì
15 Sóbre alinguigem.íé deles, do maior significado, o3gs9lan9 Luandino Vieita, +
v. a tese recente de"À{Èhel Lab'drt,";n L'oeuorc littérairc de I-aandino Vieira, Paris 1979 (tese -do i
3f "iao apresentada em ry1g à Univetsidade de Paris-sotbonne); e a de Salvato Ttigo, Lsandino I
t
Vieira, o logoteîa, Porto, Brasília Editora, r98r. !
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