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trabalho. A idéia era estabelecer uma rotina de trabalhar e voltar para casa,
articulando os circuitos da produção, reprodução, cidadania e consumo.
A desqualificação operária e a intensificação do trabalho resulta da introdução
da linha de montagem. O aumento da produção foi viabilizado por meio de
inovações tecnológicas. Este conjunto de fatores permitiu o barateamento do
automóvel, transformando-o em um bem de consumo de massa.
A expressão Fordismo, além de designar um modo de organização do
trabalho, de acumulação de capital, é empregada também para designar um modo
de regulação social capitalista, que teve seu momento vitorioso do pós-guerra até
meados da década de 70. Criou-se a chamada sociedade de massas – de
produção e consumo de massas – articulando-se um conjunto de dispositivos a
que se chamou “Estado de Bem-Estar Social”. Pôde-se dar ao luxo de delimitar
um número inferior de horas de trabalho/dia, à medida que se avançara na
exploração via intensificação do trabalho. Da mesma forma, o aumento
exponencial dos lucros possibilitava, dentro de uma visão menos estreita e de
curtíssimo prazo, articular um pacto social, pagar salários superiores no mercado
em “troca” da subordinação estrita. Claro, este possível pagamento de salários
superiores no mercado encontrava-se no interior de uma estratégia de captura da
subjetividade. O salário, pago em 2 partes, tinha aquela referente a “gratificações”,
condicionada a exigências: que o operário e sua família estivesse conformados a
um estilo de vida de “dignidade e civismo”, privilegiando os casados que
cuidassem da família, os solteiros arrimo de família, os poupadores, etc. Esta
forma da “participação nos lucros” exigia, evidentemente, um serviço de
informações sofisticado em cada fábrica.
Salários menos baixos para homens mais adaptados, seduzidos pelo
consumo, poupadores. Desemprego sob controle via salário-desemprego. Outras
partes deste sistema fordista foram sendo conquistados pelos movimentos de
trabalhadores, como saúde e educação pública, etc. Durante cerca de três
décadas, após a segunda guerra mundial, este sistema funcionou.
Ford parece ter percebido ainda mais claro que Taylor o seguinte: os novos
métodos de organização do trabalho necessitavam de novos homens, com
capacidade de compra e desejosos de fazê-lo, para além do salário. A Psicologia
do Trabalho de tipo fordista, portanto, extrapolou os muros fabris, sendo pensada
no todo social. Isto na perspectiva de que a sociedade pudesse ser governada
como uma grande fábrica.