0 calificaciones0% encontró este documento útil (0 votos)
138 vistas12 páginas
(1) O documento discute as técnicas de tradução literal e idiomática e os quatro tipos de tradução que delas resultam: tradução literal demais, tradução livre demais, tradução literal modificada e tradução idiomática. (2) Ele também descreve características gramaticais e léxicas que são frequentemente reproduzidas literalmente nas traduções e problemas que isso pode causar. (3) O objetivo final de uma boa tradução é ser rica em vocabulário, idiomática e clara para comunic
Descripción original:
Resumo do livro: A Arte de Interpretar e Comunicar a Palavra Escrita
Título original
Resumo - A Arte de Interpretar e Comunicar a Palavra Escrita
(1) O documento discute as técnicas de tradução literal e idiomática e os quatro tipos de tradução que delas resultam: tradução literal demais, tradução livre demais, tradução literal modificada e tradução idiomática. (2) Ele também descreve características gramaticais e léxicas que são frequentemente reproduzidas literalmente nas traduções e problemas que isso pode causar. (3) O objetivo final de uma boa tradução é ser rica em vocabulário, idiomática e clara para comunic
(1) O documento discute as técnicas de tradução literal e idiomática e os quatro tipos de tradução que delas resultam: tradução literal demais, tradução livre demais, tradução literal modificada e tradução idiomática. (2) Ele também descreve características gramaticais e léxicas que são frequentemente reproduzidas literalmente nas traduções e problemas que isso pode causar. (3) O objetivo final de uma boa tradução é ser rica em vocabulário, idiomática e clara para comunic
A arte de interpretar e comunicar a palavra escrita
1 – Tradução Literal e Idiomática
Duas técnicas de tradução Todas as mensagens entre pessoas são baseadas em um sistema de sinais ou símbolos, podendo ser comunicadas de forma oral, escrita, sinais ou códigos. A repetição da mensagem em outro sistema de transmissão não é considerada tradução; pode ser na verdade uma transcrição, leitura ou outro processo a depender da forma utilizada. Quando, porém muda-se a língua, chamamos de tradução; o meio utilizado para comunicar a mensagem original não precisa ser o mesmo: uma mensagem oral pode ser traduzida em um texto escrito, sendo que o meio utilizado para simbolizar a mensagem não é o componente essencial da tradução. O processo de tradução envolve dois elementos: (1) pelo menos duas línguas e (2) uma mensagem; conhecidos também como forma e significado, respectivamente. A forma é básica para duas técnicas diferentes de tradução, e para os tradutores é consenso que a tarefa é comunicar o significado original; mas alguns acreditam que o significado original é melhor comunicado quando traduzido de forma paralela entre as linguagens, mas outros pensam que a forma natural da língua receptora (LR) é que deve ser o parâmetro. Esta escolha definirá a tradução literal ou idiomática. Quatro tipos de tradução As duas técnicas de tradução existentes dão origem a quatro tipos básicos de tradução, dos quais dois são tidos por aceitáveis e outros dois por não aceitáveis conforme o quadro. INACEITÁVEIS ACEITÁVEIS LITERAL DEMAIS LITERAL MODIFICADA IDIOMÁTICA LIVRE DEMAIS
o 1 – Tradução literal demais
Reproduz características linguísticas da língua original com muita correspondência sendo incapaz de transmitir a mensagem ao leitor. Um dos tipos é a justalinear, seguindo palavra por palavra deixando de lado as regras gramaticais da LR. Algumas traduções literais adaptam-se às características da gramática da LR (como ordem de palavras e desinências verbais de tempo e número) escolhendo a forma mais próxima da língua original; quando isso não acontece a tradução fica muito literal e artificial. Esta tradução também transfere literalmente a tradução de palavras, repetindo a mesma palavra em todos os contextos em que ela aparece no original, gerando combinações estranhas de palavras. Outros problemas também podem gerar uma interpretação errada do texto; problemas como a ambiguidade, expressões idiomáticas e figuras de linguagem da língua original. o 2 – Tradução livre demais A tradução livre demais não se caracteriza pelo estilo, mas é uma referência à informação comunicada. Ela não reproduz a estrutura linguística do original, inclui dados que o texto não implica ou comunica, modifica fatos históricos, acrescenta coisas que o autor não acrescentou; tentando assim fazer relevante a mensagem para a LR, mas o resultado é que ele deturpa a mensagem original. o 3 – Tradução literal modificada Quando o tradutor literal reconhece erros de interpretação em sua tradução, ele pode aceitar desvios da estrutura original para corrigir o significado fazendo um ajuste gramatical ou léxico, resultando em uma tradução literal modificada. Apesar de melhor que a literal demais, ela também possui palavras sem contexto, combinações de palavras estranhas à LR; gerando assim uma tradução difícil, porém aceitável, principalmente para pessoas que querem estudar a Bíblia, mas por outro lado as pessoas menos alfabetizadas terão dificuldades. o 4 – Tradução idiomática Nesta tradução, o tradutor busca comunicar a mensagem original de forma fiel utilizando estruturas léxicas e gramaticais da LR, pois a utilização destas estruturas da língua original não são adequadas para comunicar a mensagem. Nesta forma, entende-se que uma palavra no original pode ser traduzida de diversas maneiras na LR. É evidente que para ele fazer esta tradução, é necessário o entendimento do significado da mensagem original, para assim transmitir a mensagem com suas adaptações para a LR sem perder o significado, precisão e naturalidade. Sendo assim, qualquer pessoa poderá entender o essencial do texto. Formas linguísticas reproduzidas literalmente É possível que até mesmo os tradutores idiomáticos não percebam estruturas naturais e significativas da língua original, acabando assim por traduzir da mesma forma. Por isso é preciso reconhecer traços linguísticos frequentemente transferidos literalmente. o Características gramaticais Todas as línguas têm classe de palavras que expressam eventos, coisas, atributos, etc. Mas ao tentar traduzir algumas expressões, podemos enfrentar alguns problemas com as classes de palavras. Por exemplo, a palavra salvação (um verbo substantivado) é característica de línguas como o grego koiné; este substantivo é abstrato, o que pode não encontrar correspondente em algumas línguas receptoras. Temos o exemplo de substantivos abstratos, que em algumas línguas só são expressos por verbos (Deus é amor Deus ama). Não se pode também, criar novos substantivos abstratos na LR, pois pode ser algo inaceitável ou incompreensível. A tradução de orações e períodos com a mesma estrutura da língua original (LO) também gera problemas na compreensão. O cuidado com a tradução de verbos, seus modos passivo e ativo, tempo, plural, discurso e outros, deve ser redobrado, pois o descuido de reproduzir estas características na LR pode levar o tradutor a transmitir uma mensagem diferente da mensagem original, pois alguns idiomas o mesmo significado pode ser transmitido de maneira inversa verbalmente (por exemplo, em alguns idiomas precisa-se traduzir desta maneira: LO: discurso indireto - “confessar” LR: discurso direto-“eu errei”). A ordem das palavras também não pode ser mantida a depender da LR (por exemplo: 1 – João matou Pedro; 2 – Pedro matou João), pois em alguns casos a inversão será desastrosa. Outro detalhe, é que em alguns idiomas, a posição do vocativo também pode trazer problemas. A tradução literal, muitas vezes, repete o comprimento da frase no original. Mas muitos idiomas não utilizam frases longas; um exemplo pode ser visto em 2ª Tessalonicenses 1:3-10, que no grego possui uma única frase, mas que em um idioma na Guatemala foram necessárias vinte e duas frases para tradução do mesmo texto. o Características léxicas Nas traduções literal e literal modificada a transferência de características léxicas do original para a LR, traduzindo um único item léxico da LO para LR (palavra por palavra); mas em muitas línguas não há equivalentes para estes termos, que seriam equivalentes apenas a um conjunto de termos e não apenas um único item. A solução muitas vezes encontrada por estas traduções é a utilização de uma palavra que muitas vezes é desconhecida dos leitores da LR. Outro problema é utilizar uma expressão apenas da LR para traduzir um conjunto maior de expressões da LO. Outra tendência é repetir o mesmo termo em todos os trechos em que ocorre no original, o que na transmissão do significado nem sempre é possível. Como por exemplo, em um idioma de Gana o termo “comeu” pode significar várias coisas totalmente distintas como “julgar”, “ficar”, “tornar-se” dentre outros. Por isso, o tradutor precisa entender o sentido real de cada palavra em diferentes contextos. Expressões idiomáticas e figuras de linguagem também apresentam problemas na tradução e quase sempre não é possível traduzir literalmente; e nestes casos impossibilita o entendimento por parte do leitor da LR, que muitas vezes não conhece sequer as imagens utilizadas (ovelhas, vinho, armadura). Logo, podemos concluir que a transferência literal de unidades léxicas ou gramaticais não é um recurso viável, pela possibilidade de resultar em significados errados ou linguagem obscura. o Outras características Em todas as línguas, parte da informação é comunicada de forma implícita, como exemplo: “venderam-no para o Egito”, que em alguns idiomas seria “venderam José para algumas pessoas que o levaram para o Egito”. E em alguns casos é necessária até a alteração do trecho onde se encontra uma expressão complementar para junto da no núcleo principal da informação. Outro detalhe são as informações genéricas, que precisam ser bem revisadas, pois possuem particularidades em diferentes idiomas (Em Atos 16:3, o trecho “por causa dos judeus” em um idioma no México poderia significar “por causa do medo que teve dos judeus”, e a melhor tradução encontrada foi: “para que os corações dos judeus não ficassem perturbados”); e estas informações genéricas não se limitam a trechos, mas às vezes uma palavra apenas constitui uma informação genérica. É consenso entre os tradutores o fato de termos muitas ambiguidades no texto original. A tradução literal tenta traduzir de tal forma a manter as possibilidades de interpretação que há no original, mas correm o risco de introduzir novas ambiguidades oriundas da LR. Para uma tradução idiomática, precisa-se observar o contexto imediato e até o mais remoto, pois em alguns casos a ambiguidade não é autêntica; mas quando isto não soluciona, a ambiguidade é conservada na tradução. Em outros casos a estrutura da LR não permite ambiguidades, pode-se com cuidado escolher a mais provável; e em casos de problemas teológicos, uma nota de rodapé pode ser colocada. Conclusão O alvo dos tradutores deve ser uma tradução rica em vocabulário, idiomática em expressão, correta construção, com um significado nítido a fim de que mostre uma mensagem que não pareça mera tradução, mas que traga a clareza do texto original.
2 – O que é Fidelidade na Tradução?
O que é fidelidade na tradução? Quando falamos de fidelidade na tradução, o foco é o significado do original; que não consiste na preservação da estrutura linguística do original. A estrutura linguística do original apresentava-se de maneira inteligível; mostrando uma estrutura utilizada nos diálogos do dia- a-dia, característica essa que deve ser preservada na tradução fiel. Uma tradução fiel transfere o significado e a dinâmica do texto original, transmitindo uma mensagem sem alteração ou distorção. Utilizando a LR com naturalidade e os receptores entendendo a mensagem sem dificuldade. Logo, se a tradução comunica a mesma mensagem que o original de forma que seja comunicada de forma clara e idiomática como a do original, ela é considerada fiel. Fidelidade ao significado original Para preservar o significado original do texto, o tradutor precisa saber fazer uma boa exegese, pois entender corretamente é o primeiro passo para assim traduzir com clareza e precisão os trechos históricos e didáticos das Escrituras, e consequentemente evitar uma comunicação irrelevante, diferente ou incompleta da sua tradução. o Exegese do texto A exegese é a base para todo o trabalho de tradução fiel. Pois o objetivo maior dela é traçar com precisão, usando todos os meios possíveis, o que o escritor quis dizer quando inspirado pelo Espírito escreveu a obra. o Fidelidade às referências históricas As informações extraídas pela exegese podem ser classificadas como histórica ou didática. Sobre as informações históricas, estas precisam ser mantidas, pois a fé cristã é fundamentada na história; Cristo veio no tempo e na história, por exemplo, e não cabe ao tradutor alterar estas informações ou substituí-las. Da mesma forma se dá com informações referentes a objetos, animais, costumes e outros detalhes históricos que precisam ser preservados, pois o objetivo final não é dar vivacidade a um grupo específico de leitores, mas comunicar na LR a mesma informação comunicada no original. o Fidelidade às referências didáticas A tradução fiel indica que além da preservação da informação histórica, a informação didática também deve ser mantida na LR; pois os mandamentos, parábolas e outros ensinamentos tem o objetivo de serem aplicados à vida do homem de qualquer cultura ou costume. o Conflitos entre a fidelidade histórica e a didática É muito complicado conseguir manter o aspecto dinâmico do texto quando se tenta preservar o caráter histórico e didático ao mesmo tempo. Nestes casos, ilustrações extensas devem ser mantidas quando representam um caráter histórico relevante, a não ser quando provoque uma barreira muito grande na comunicação da mensagem. Já em casos de ambiguidades e obscuridade, a fidelidade ao significado perde a prioridade para a dinâmica. Se um item cultural, ao ser preservado provocar um erro na transmissão da mensagem, a didática passa a ter prioridade. As substituições devem ser evitadas, a não ser quando realmente forem necessárias, mas no geral, quase sempre dá para se referir à cultura original sem perder a didática. o Como evitar informação incompleta, irrelevante ou diferente Quando se estuda a transmissão da informação, a maior preocupação é na fidelidade da transmissão, para garantir que o transmissor e receptor tragam a mesma mensagem e não haja distorção. Kirk e Talbot analisaram diversos tipos de distorções, dentre as quais estão a nevoeiro (some com a informação) e a ilusória (acrescenta nova informação). Na tradução ocorre a mesma coisa; a perda na transferência para a LR (informação incompleta) e a nova informação acrescentada na transferência (informação irrelevante). Um terceiro tipo de problema ocorre na tradução quando simultaneamente se perdem dados e se acrescenta (informação diferente). A tradução fiel precisa evitar estes três tipos de problemas. Na informação incompleta, o texto que estava no original não aparece de nenhuma forma, e acontece às vezes por simples omissão do tradutor, por não ter correspondente na LR, ou ainda por ter o significado nulo. Na informação irrelevante é comunicado aos leitores algo que não pertencia ao texto original, geralmente ocorre quando se tenta traduzir regras gramaticais de forma literal para a LR, levando às vezes tempos verbais inexistentes no contexto da LO, dentre outros. Na informação diferente o problema pode aparecer em uma exegese errada e é gerada por um conhecimento inadequado da LR. Por fim, concluímos que se deve estar muito atento para que estes tipos de erros não ocorram durante a tradução, para que se possa ter um resultado fiel no que diz respeito ao significado original. Fidelidade à dinâmica do original A tradução precisa ser natural para facilitar o entendimento, e isto depende da importância que o autor dá ao conteúdo da mensagem; quanto mais valor ele dá à mensagem, com mais clareza ele tentará repassá-la. Os escritores do NT escreveram com este objetivo. E supor que os leitores não entenderam, é supor que eles não cumpriram a missão dada pelo Espírito Santo. Os textos originais eram naturais em sua estrutura e significativos em conteúdo. A fidelidade na dinâmica envolve dois lados que se relacionam, pois a mensagem deve ser natural e significativa. o A forma linguística deve ser natural Quando falamos em forma linguística natural nas escrituras, a ideia é que a linguagem utilizada por seus escritores era natural aos leitores da época. A tradução deve preservar esta naturalidade contida em todos os idiomas para os quais desejamos traduzir. o A mensagem deve ser significativa Há a necessidade ainda de termos uma mensagem significativa, de forma que os leitores entendiam a mensagem com clareza no original, mesmo que tenhamos problemas de entendimento na questão de profundidade do assunto, mas não na clareza das ideias expostas. Assim, uma tradução fiel à dinâmica do original deve ser significativa mesmo que não responda as questões levantadas pelo leitor na LR. Não dependendo de informações conhecidas, mas mesmo quando for necessária a apresentação de novas informações, o leitor não tenha a sensação de estar lidando com mera tradução, mas com um conteúdo significativo. Portanto, não é necessária a substituição de fatos históricos para se conseguir o tento. o Alguns fatores que levam à perda da fidelidade dinâmica A fidelidade dinâmica é perdida quando ocorrem alguns problemas, quando, por exemplo, não há naturalidade na forma ou se a tradução não for significativa. Quando há ambiguidades ou quando o sentido da mensagem não é passado para a LR, também encontramos problemas; que geralmente são decorrentes do repasse das formas linguísticas do original, bem como da transferência de períodos longos como exemplificado no caso das traduções literais demais. A falta de naturalidade é percebida quando a tradução se mostra muito artificial, com ênfases em aspectos menos importantes ou pode apresentar omissões de partes que são mais importantes. A falta de naturalidade pode trazer deturpações no texto como por exemplo da língua Bariba, na África, em que o trecho “Jesus disse: eu sou a luz do mundo” foi entendido como “Jesus disse que eu, quem vos falo, sou a luz do mundo”, de modo que só foi entendido pelo povo quando a tradução foi feita da seguinte forma: “Jesus disse que ele era a luz do mundo”. Outro caso que prejudica a fidelidade dinâmica é a falta de redundância na forma da mensagem, que poderá acarretar numa tradução obscura ou até num erro de comunicação, porém, o seu excesso também pode provocar erros. Logo, a falta de naturalidade pode gerar a falta de fidelidade dinâmica, e consequentemente erros no significado. Conclusão Portanto, os dois princípios principais para a fidelidade na tradução são a fidelidade na dinâmica e a fidelidade ao significado. Se ambos não forem atingidos, teremos problemas na compreensão do que Deus falou no original, logo, o tradutor não terá alcançado o seu objetivo.
3 – Informação Implícita e Explícita
A existência de informação implícita no original O grego e o hebraico possuem maneiras padrões de expressar a informação implícita, por isso o tradutor precisa saber comunicar bem a informação implícita em sua tradução. Para que uma tradução se torne bem comunicável, ela precisa expressar informações que eram implícitas no original; em algumas traduções estas informações podem estar de maneira destacada no texto de alguma forma (na ARC está em itálico). Com o passar do tempo esta prática de destacar foi sendo deixada de lado, por conta do consenso de que a transcrição da informação implícita na LR é algo obrigatório. A elipse também é algo comum no grego e no hebraico como forma de tornar implícita a informação. Sabendo disso, lembramos que os padrões de alguns idiomas permitem a transmissão da informação de forma clara, porém implícita. Mas os padrões entre os idiomas mudam, e na tradução o tradutor precisa ter o cuidado para transmiti-la explicitamente sempre que necessário. O problema de permanecer com a informação implícita na LR da mesma forma que estava na LO, é de se deixar a passagem de forma obscura ou confusa, levando a uma má interpretação. Como, por exemplo, no caso de Marcos 2:4 (“E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o eirado...”), não são todos os idiomas que entenderão que eles subiram no eirado, mas alguém pode interpretar que aconteceu o mesmo que aconteceu com Felipe em Azoto. Logo, é necessário que o tradutor conheça os tipos de informação implícita e saiba o como e quando usá-los. Tipos de informação implícita no original Boa parte das informações implícitas está no próprio vocabulário e nas construções gramaticais, mas outras podem ser encontradas até na adaptação da linguagem do autor para o grupo receptor da mensagem. Como o grupo a quem Mateus e Lucas escrevem; judeus e gentios, respectivamente. Assim, podemos classificar a informação implícita em informação interna ao documento (gramática e vocabulário) e a externa (relativa ao ambiente). As informações externas muitas vezes não estão de forma clara, mas na maioria das vezes encontra-se no próprio documento, no contexto ou no próprio parágrafo. Algumas vezes ele precisa recorrer a um documento externo. Lembrando ainda que cada LR possui uma característica peculiar que tornará necessária ou não a inclusão da informação implícita de maneira adequada. o Informação implícita derivada do contexto imediato Elipse – A informação é apresentada uma vez e depois ela é deixada de forma implícita. Como em Romanos 14:2, que diz “...o débil [na fé] come legumes”. Em outros casos o detalhe não foi mencionado, mas mesmo assim a informação implícita está presente (é mais comum no grego); em João 7:21 diz “Replicou-lhes Jesus: Um só feito realizei [no sábado]. A informação implícita é na maioria das vezes encontrada em diálogos, comparações, contrastes (sendo expostas entre perguntas e respostas, ou nas comparações e contrastes a informação fica nas partes comparadas e contrastadas) Uma oração de um período complexo – Num período complexo às vezes uma ou mais oração são omitidas. Podendo ser usadas de várias formas, como em Mateus 8:8,9 “...mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado [Sei que podes cura com uma palavra apenas], pois também eu sou homem sujeito à autoridade...e digo... Vai, e ele vai...”. Traços do discurso – Alguns traços do discurso se diferem a depender do idioma, como por exemplo, o grego não precisa de marcadores finais para citação (ele disse, assim falou), mas talvez na LR isso deva ser expresso explicitamente. Algumas construções gramaticais – Há ainda algumas características da gramática grega que não se encaixam facilmente à ser aplicado de forma explícita em outros idiomas; como construções da voz passiva, verbos transitivos com sujeito implícito, dentre outros. Em substantivos abstratos como salvação, fé, também encontramos dificuldades, por exemplo, a fé pode ser relativa tanto à quem crê quanto sobre quem se crê, o que será revelado no contexto implicitamente. Recursos literários - Alguns recursos do grego como perguntas retóricas e figuras de linguagem podem conter informação implícita. Escolha de eventos – O tradutor muitas vezes se depara com vários eventos, dentro dos quais estão alguns implícitos e ele precisa escolher quais são os mais relevantes para o significado da mensagem. Componentes do significado das palavras – Cada palavra pode conter uma gama de informações, logo, cabe ao tradutor adequar para que a informação desejada seja passada da forma adequada. Temos por exemplo a palavra “disciplinar”, que em alguns idiomas foi necessária a tradução de um termo maior: “punir para melhorar”. E um dos fatores que deve ser observado é a diferença cultural. As relações entre as palavras podem ser classificadas em grupos: palavras de significado complexo, funções dos objetos e das ações, classes de palavras e relações entre as palavras. Ambiguidades – Provém geralmente da estrutura gramatical ou léxica podendo gerar significados diversos, levando o tradutor a escolher uma das interpretações, mas para isso precisará utilizar informações implícitas do texto para basear a escolha. o Informação implícita derivada do contexto remoto Algumas vezes o tradutor, para não correr o risco de cometer erros, precisa recorrer ao contexto mais remoto; no AT ou no NT. Como em Atos 18:22, “Chegando a Ceraréia, desembarcou, subindo [a Jerusalém]”, ver Marcos 10:32. o Informação implícita derivada do contexto cultural Em algumas ocasiões, o tradutor também precisará recorrer ao contexto cultural em documentos extras bíblicos, principalmente para explicar o significado de palavras bíblicas, como, por exemplo, objetos, locais, cultura, etc. Pois algumas delas são citadas apenas de passagem no texto. Um exemplo de citação geográfica é a passagem de Lucas 12:54-55 em que Jesus fala de que lado vem os ventos e nuvens; esta informação se refere à Palestina, o que numa tradução caso não seja explícito, pode ocorrer uma má interpretação. Quando é que se pode tornar explícita a informação implícita? Numa tradução idiomática e fiel, o tradutor precisa a todo tempo fazer escolhas sobre princípios básicos para manter o significado da mensagem; e na escolha das informações implícitas que serão tornadas explícitas na LR, não há uma norma para o tal, mas recomendações a serem seguidas. Primeiro, as informações implícitas só devem ser explícitas quando exigidas pelas estruturas da LR a fim de manter o significado original. o Quando exigida pela gramática da LR Todos os idiomas têm construções que exigem do tradutor usar este tipo de recurso, logo não é uma opção; lembrando que o tradutor precisa estudar minuciosamente o caso para expor uma decisão correta exegeticamente. o Quando exigida pela fidelidade ao significado Ora, se a tradução sem a informação explícita comprometer o significado do original, a mesma deve ser feita. Porém, alguns erros de significado não distorcem a mensagem das escrituras (Como em Atos 16:27 quando “vergonha” foi traduzida quando seria melhor “o temor da punição”, porém o significado final da mensagem foi mantido). A melhor maneira de se livrar de erros neste aspecto, é fazendo perguntas ao texto, como leitores e ouvintes farão; isto constitui parte essencial na tradução, não esquecendo claro, de que a exegese bem feita deve sempre combinar com o sentido da versão na LR, resultando num significado fiel. o Quando exigida pela fidelidade dinâmica Deve-se observar que mesmo que a gramática e o significado não exijam a explicitação da informação, às vezes para manter a fidelidade dinâmica é preciso que a informação implícita seja incluída. As ambiguidades e obscuridades podem gerar erros de interpretações na LR, logo quando estes erros ocorrem, é preciso tornar explícita a informação para não perder a dinâmica. Podemos então mostrar estes três casos de explicitação da informação no quadro: Exigência/Contexto Imediato Remoto Cultural Gramatical Fidelidade significado Fidelidade Dinâmica
Tipos de informação explícita no original
Algumas informações explícitas do original podem ser passadas implicitamente na LR o Características gramaticais Todos os verbos gregos indicam o tempo, modo, pessoa e número por meio de afixos, assim como outras características gramaticais podem não ser obrigatórias em muitos idiomas, podendo assim ser passadas de forma implícita na tradução. o Características do discurso Algumas características como a de redundância no discurso do grego podem não ser as mesmas na LR; para isso, o tradutor deve verificar se as repetições utilizadas no original também serão naturais na LR. Também se deve notar quando são introduzidos novos personagens ou como se faz referência a eles, pois cada língua tem a sua forma de se fazer isto. Ou ainda, a própria ordem dos acontecimentos pode variar de acordo com a cultura podendo ser necessária a ocultação de um fato, tornando ele implícito. Por exemplo: “aliviaram o navio, lançando o trigo [ao mar]” Atos 27:38. o Componentes do significado das palavras Os componentes das palavras explícitas no grego podem ser transmitidos implicitamente na LR pelo contexto. Por exemplo, a palavra “perguntaram” foi traduzida por “disseram” em uma língua aguaruna e logo depois a pergunta em si dá o sentido a palavra disseram. Além de verbos, outras palavras podem conter apenas um genérico na LR, sendo preciso colocar a informação de forma implícita no contexto. Quando é que se pode tornar implícita a informação explícita? Como todos os idiomas possuem o seu padrão de informação implícita e explícita, algumas informações explícitas precisam se tornar implícitas na tradução; e nestes casos, se não for feita esta conversão, o significado pode sofrer distorções. Logo, quando a LR exigir e isso não infringir o princípio de fidelidade ao significado original, devemos sim tornar implícita a informação. Reafirmamos assim, que isto só deve ser feito se houver exigências gramaticais, se a permanência da informação explícita na tradução provocar erros de significado, ambiguidades, obscuridades, excesso de redundância ou ainda prejuízo na fidelidade dinâmica. Pois fazendo isto, não implica na perda de conteúdo, pois a sobrecarga de informações desnecessárias pode prejudicar a comunicação da mensagem.