.Júlio Pint:o
Julio Pinto
1; Z; J da Semiótica
Belo Horizonte
Editora UFMG
1995
1, 2, 3 da SeRl iót:ica
Este livro, ou parte dele, não pode ser reproduzido por qualquer
meio sem autorização escrita do Editor.
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Ficha Catalográfica
Pinto, Julio
P 659 1,2,3 da semiótica / Julio Pinto. - Belo Horizonte:
Editora UFMG, 1995.
70 p.
1. Semiótica. I. Titule.
c.D.U.003
ISBN: 85-7041-098-0
.Júlio Pint:o
Charles S. Peirce
1, 2, 3 da SeRliót:ica
s u R o
NOTA INTRODUTÓRIA : 09
VERBETES 13
Abdução, Indução, Dedução 13
Argumento 16
Categorias 17
Degenerescência 19
Dicissigno 21
Erro 22
Ícone 24
Imagem 26
Índice 28
Interpretante 29
Interpretante dinâmico 30
Interpretante final 31
Interpretante imediato 32
Legissigno 33
Lógica do vago 34
Objeto 37
Objeto dinâmico 39
Objeto imediato 40
Primeiridade 41
Qualissigno " 43
Rema 44
Réplica : 45
Representâmen ." 46
Secundidade : 47
Semiose 49
Signo 50
.Júlio Pint:o
Símbolo 54
Sinsigno 56
Terceiridade 57
Tricotomia 59
SUGESTÕES DE LEITURA 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 63
ÍNDICE REMISSNO DE ASSUNTOS 65
1, 2, 3 da SeRliõtica
NO I A I NT R O DU T ÓRIA
Julio Pinto
o
1, 2, 3 da SeRl iót:ica
12
1, 2, 3 da SeRliõt:ica
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Embora não amplamente reconhecido nos meios científicos, .'.
, RETRODCÇÃO
o conceito de alxtução - em contraste com a indução e a
HIPÓTESE
dedução - tem importante papel na lógica, tal corno Peirce a '.'.. '
"
Dedução
Todos os feijões daquela saca são brancos.
Esses feijões são daquela saca.
Logo, esses feijões são brancos.
1, 2, 3 da SeRliõt:ica
v R B I s
ABDUCÃO, INDUCÃO, DfDUCÃO
Dedução
Todos os feijões daquela saca são brancos.
Esses feijões são daquela saca.
Logo, esses feijões são brancos.
.Júlio Pint:o
Indução
Esses feijões são daquela saca.
Esses feijões são brancos.
Logo, todos os feijões daquela saca são brancos.
Abdução
Todos os feijões daquela saca são brancos.
Esses feijões são brancos.
Logo, esses feijões são daquela saca.
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ARGUMfNIO
PROPOSIÇÃO
Terceiro termo da terceira tricotomia (v.) dos signos,
a que apresenta o signo em sua relação con1 o interpretante
SUADISSIGNO (v), o argumento é definido por Peirce como um signo que
FCNÇÃO é representado em seu interpretante, não como signo do
PROPOSICIONAL interpretante, mas como se fosse um signo do interpretante.
REMA Dizendo isso de outra forma, o argumento seria uma
proposição complexa apresentada corno verdadeira, com
base ern urna outra proposição (ou um conjunto de
proposições apresentadas numa única proposição composta).
Se o rema (v.) é urna função proposicional, do tipo x
ama y, e o dicissigno (v.) un1a proposição como Maria ama
João, o argumento seria uma proposição como Maria ama
[oão porquefaz tudo por ele, por exemplo. Pode-se também
definir o argumento corno um signo complexo, composto
de dois ou mais dicissignos, um dos quais é interpretante
does) outrots) (cf, RANSDELL,1983a:59). Dado seu parentesco
com a noção de silogismo, sua evidente função argumen-
tativa e possibilidades retóricas, o argumento é também
chamado suadissigno (a partir de persuadir e dissuadir).
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1, 2, 3 da SelTliót:ica
CAlEGORIAS
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'.'.
DEGENERESCÊNCIA
...
•••
'.
.' .
:. .
IMAGEM
relação triádica con1 seu objeto, de modo a determinar um ..
.:. METÁFORA
segundo terceiro, e assim por diante.
:.
En1 outras palavras, um interpretante não deve se RÉPLICA
colocar numa relação binária com o objeto, mas sim ter TERCEIRIDADE
com o objeto a mesma relação que o signo tem. Isso significa
que um terceiro só poderia gerar um outro terceiro, na
medida em que a relação sígnica é uma terceiridade (v.).
Essa situação faz com que os signos genuínos sejam
apenas os legissignos (v.), simbolos (v.) e argumentos (v.)
que são os genuinamente terceiros nas tricotomias (v.). As
demais funções lógicas (os ícones, índices, qualissignos,
sinsignos, remas e dicissignos, lv.D constituem versões
degeneradas dos terceiros dentro de cada tricotomia, de
vez que se r i arn terceiridades que priv ile g iar ia m a
primeiridade (v.), no caso dos ícones, qualissignos e remas,
ou a secundidade (v.), no caso dos sinsignos, índices e
dicissignos. O privilégio da primeiridade e da secundidade
nesses casos é un1 resultado necessário da aplicação recursiva
do conceito de categoria (v.) à noção de signo, evidenciada
inclusive no fato de o signo ser qualificado de primeiro, o
objeto de segundo e o interpretante de terceiro.
Esse raciocínio leva à conclusão de que não há, por
exemplo, ícones puros (já que a primeíridade é apenas
virtual e potencial) ou índices puros (porque a secundidade
constitui uma singularidade e singulares não significam, a
menos que sejam réplicas lv.l de urna abstração reguladora
de caráter geral, ou seja, de um terceiro). Note-se, a
propósito, que o termo degenerado não carrega um
conteúdo negativo, mas refere-se apenas à noção de caso
especial.
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2O
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DICISSIGNO
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ERRO
TELEOLOGIA
Partindo da definição de signo (v.), conclui-se que a
semiose (v.), por ser urna cadeia infinita, que tem como
VERDADE mola propulsora o fato de ser um processo teleológico,
HIPÓTESE tende para um estádio em que o signo se tornaria seu
objeto (v.). Isso seria o que poderíamos chamar de verdade
INDETERMINAÇÃO
semiótica, isto é, aquele momento em que o signo, o
objeto e o interpretante (v.) se confundiriam, Logicamente,
dada a natureza infinita do processo de semiose, tal estádio
é apenas urna possibilidade teórica, de vez que entre um
signo qualquer, n, e unl signo anterior a esse, sempre se
pode postular a existência de um signo n-L. Para todos os
efeitos, portanto, essa verdade nunca é alcançada.
Chega-se a essa conclusão por via da noção de que
um signo representa seu objeto em algum aspecto ou
capacidade, o que quer dizer que o signo revela algum
aspecto do objeto em seu interpretante. Dizendo isso de
outra maneira, o interpretante se refere do mesmo modo
que o signo àquilo ao qual o signo se refere. Essa formulação
aparentemente exclui a possibilidade de erro, de vez que
o interpretante não pode mudar sua referência. Em outras
palavras, não pode haver interpretante errado (em inglês,
misinterpretani). Entretanto, pode haver erro de interpretação
por parte do intérprete (em inglês, misinterpretation).
A existência de erro de interpretação pode ser
examinada de três modos:
a) qualquer signo é necessariamente índetermínado e
vago até certo ponto (v. Lógica do vago);
b) essa indeterminação pode conduzir a erro relativo
ao interpretantefinal Cv), mas não ao interpretante
imediato (v.);
c) quando se fala enl tendência, não se está pensando
enl tendências rígidas (do tipo se A, então B).
Tender para algo significa, semio.icamente, tender
na direção geral desse algo (corno um zigue-zague, e não
urna linha reta, por assim dizer). Essa tendência real é o
que se entende por teleologia em semiótica, isto é, a semíose
seria um processo télico nesse sentido da completude da
representação.
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íCONE
I/MGtM
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íNDlCf
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INTERPRETANTE
INTERPRETANTE DINÂMICO
3O
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INTERPRETANTE fiNAL
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INTERPRETANTE IMEDIATO
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LEGISSIGNO
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lÓGICA DO VAGO
~
de uma teoria exata da inexatidão e, conl exceção de
todos os que tênl trabaffiadü-nessã-âreafuZênl::no-con1base
.nos dados das línguas naturais, isto é, pensando a jnexatidão
enl ternlOS puranlente lingüísticos (cf.FREGE, 1978).
Em um certo sentido, todos esses esforços posteriores
constituem urna regressão, e não um avanço, em termos do
trabalho de Peirce. Para ele, essa lógica do vago é urna
teoria geral da relação 'enúe" -õdetemlinãd~e"oindetern1i =--
~~~-ª2~t~C~~~i~~~1~_~.~.~ 9~9·.·n9.p~~satii~~~~-~~-~~·<?~~~PE9~~~~"
cornunicacionais e significativos, independentemente de sua
nlanifestãçãü Ti~giiístiêa.' -Pa·~ã Peirce;~) pensarésemiótíco.
Nãü--se pode pensar senl signos (cf. PEIRCE, 1977:241 et
seq.). -
Ora, o signo é, ele mesmo , indeterminado, e sua
indefinição e vagueza se derivam:
a) çl~_§J:.~-ª._I~lª~ com o objeto (v.), enl cujo caso
tem-se o que Peirce chama de breadth (amplitude,
significado, referência);
b) de sua relação com o interpretante (v.), quando se
tenl a indefinição e m termo s de deptb
(profundidade, sentido, significância).
Em outras palavras, o signo é sempre parcialmente
opaco (signo algum consegue dar conta exata de seu objeto
e, assim, produzir um interpretante que o explique
fielmente), e é opaco tanto enl termos do que ele cobre
quanto do que ele delimita. A noção da indeterminabilidade
do signo está implicada nas caracterizações da relação de
representação (um signo representa unl objeto em algum
~_~!~) e nos conceitos de sen1Í(;se(;)ê-·êrr()· ·(v~).---- -·--
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OBJfTO
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OBJfTO DINÂMICO
39
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OBJfTO IMEDIATO
4O
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PRIMtlRIDADf
42
1 2 3 da SelTliót:ica
QUAlISSIGNO
43
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REMA
44
1 2 3 da SeRliót:ica
..
RÉPLICA ...
...
...
Uma réplica é urna manifestação singular de urn ... LEGISSIGNO
legissigno (v.). O termo é usado alternativamente a sinsigno
(v.), podendo ser considerado seu sinónimo.
45
.Júlio Pint:o
RfPRfSfNTÂMEN
46
1 2 3 da SelTliót:ica
....
SECUNDlDADE
..
...
.....
....
Secundidade é o nome dado por Peirce à segunda PREDICADO DIÁDICO
categoria (v.) da experiência, a categoria da ocorrência,
ACIDENTE
daquilo que se manifesta, da existência, em contraposição •••
para existir, algo deve ser um objeto para um sujeito, o que ....... CORRELATO
47
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48
1 2 3 da SelTliót:ica
SfMIOSf
49
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SIGNO
53
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SíMBOLO
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SINSIGNO
56
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TfRCElRIDADf
58
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TRICOTOMIA
cc'
59
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SUGfSTÕfS Df LflTURA
DHlY, John. femióhca bÓJ/ca Trad. Julio Pinto. São Paulo: Mica, 1991.
Conhecido pesquisador da história da semiótica, John
Deely propõe, neste volume, uma visão geral da teoria tal
corno ela se apresenta na contemporaneidade, com-
plenlentando assim o trabalho iniciado no seu Introdt icing
Semiotic (ver Referências Bibliográficas). Pensando, tal corno
Peirce, a semiótica corno urna teoria abrangente da significação
que abarca o fenômeno comunícacíonal para além das fronteiras
lingüísticas, Deely dedica vária páginas à discussão da serníose
nos mundos vegetal e animal (fito- e zoosserniose).
SANTAHLA, Lúcia. {u/luro daI mídioJ. São Paulo: Razão Social, 19920.
Nesta coletânea de artigos, Lúcia Santaella, autora de
O que é semiótica (Brasiliense, 1983), faz uma análise dos
meios de comunicação e da cultura, privilegiando a poesia
e a arte e procurando demonstrar que as dicotomias
rigidamente codificadas (cultura de elite vs. cultura de massa,
etc.) não mais constituem operacionalizações factíveis, dada
a crescente interpenetração promovida pelos meios de
comunicação.
62
1 2 3 da SeRliótica
REfERÊNCIAS BIBLIOGRÁfiCAS
64
1 2 3 da SeRliõtica
A
Abdução: ver Abdução, indução, dedução.
Abdução, índução, d.edução: 13. Ver também Erro;
Lógica do vago.
Acidente: ver Secundidade.
Argumento: 16. Ver também Dicissigno; Rema;
Tricotomia.
(
Categorias: 17. Ver também Primeiridade; Secundidade,
Terceiridade; Tricotomia.
Causa fínah ver Interpretante final; Semiose.
Coisa: ver Objeto.
Convenção: ver Ícone; Índice; Símbolo.
Correlato: ver Interpretante; Secundidade; Terceiridade.
o
Dedução: ver Abdução, indução, dedução.
Degenerescência: 19. Ver também Categorias;
Represeruâmen; Tricotomia.
Diagrama: ver Degenerescência.
Dicente: ver Dicissigno.
Dicissigno: 21. Ver também Argumento; Rema; Tricotomia.
.Júlio Pinto
f
FenôOleno:ver Caregorias.
Força brutas ver Índice; Secundidade.
Função proposicional: ver Argumento; Dicissigno,
Rema; Tricotomia.
Fundamento: ver Imagem; Signo.
G
Genuinidade: ver Degenerescência; Representâmen.
H
Hipoícone: ver Degenerescência.
Hípossemas ver Degenerescência.
Hipótese: ver Abdução, indução, dedução; Erro.
l
Legissigno: 33. Ver também Réplica, Qualissigno;
Sinsigno; Tricotomia.
Lei: ver Legissigno, Símbolo; Terceiridade; Tricotomia.
Lógica da descoberta: ver Abdução, indução, dedução.
Lógica do vago: 34. Ver também Categorias, Erro;
Interpretante imediato; Objeto, Signo.
o
Objeto: 37. Ver também Erro; Interpretante; Signo.
Objeto dinllmico: 39. Ver também Interpretante
imediato; Objeto Imediato; Semiose.
Objeto imediato: 40. Ver também Interpretante imediato;
Objeto dinâmico; Semiose.
Objetividade: ver Objeto.
Opacidade: ver Interpretante imediato; Lógica do vago.
Origem: ver Objeto dinâmico.
67
.Júlio Pint:o
p
Predicado diádico: ver Secundidade.
Predicado monádico: ver Primeiridade.
Previsão: ver Abdução, indução, dedução; Interpretante
final; Objeto; Símbolo; Terceiridade.
Primeiridade: 41. Ver também Abdução, indução,
dedução; Categorias; Degenerescência; Ícone;
Imagem.
Proposição: ver Argumento; Categorias; Dicissigno;
Argumento.
Q
Qualidade: ver Primeiridade; Qualissigno, Secundidade.
Qualissigno: 43. Ver também Imagem; Legissigno,
Sinsigno; Tricotomia.
R
Referente: ver Imagem; Obfeto, Objeto imediato.
Relação existencial: ver Degenerescência; Índice;
Tricotomias.
Relato: ver Interpretante; Terceiridade.
Rema: 44. Ver também Abdução, indução, dedução;
Argumento; Ícone; Dicissigno, Tricotomia.
Rememoração: ver Objeto dinâmico.
Réplica: 45. Ver também Degenerescência; Legissigno,
Qualissigno; Sinsigno.
Representãmeni 46. Ver também Ícone; Imagem.
Retrodução: ver Abdução, indução, dedução.
s
Secundidade: 47. Ver também Categorias, Degenerescên-
cia; Índice; Primeiridade; Terceiridade, Tricotomia.
68
1 2 3 da SeRliót:ica
T
Teleologia: ver Erro; Interpretante final; Semiose.
Terceiridade: 57. Ver também Abdução, indução,
dedução; Categorias, Degenerescência; Interpretante;
Signo; Tricotomia.
Tricotomia: 59. Ver também Categorias.
v
Verdade: ver Erro; Interpretante; Semiose.
69