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O&E

Organização & Estratégia


Boletim Técnico Organização & Estratégia 4 (1) 91-106
Mestrado em Sistemas de Gestão, LATEC/TEP/TCE/CTC/UFF

IDENTIFICAÇÃO DE SOLUÇÕES QUE ATENDAM A


LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PARA O PROCESSO DE
DESCARTE DE SINALIZADORES PIROTÉCNICOS
VENCIDOS E/OU DANIFICADOS
Ramiro de Araújo Almeida Júnior, M. Sc., ramiroaajunior@ig.com.br
Sergio Pinto Amaral, D.Sc., sergioamaral@predialnet.com.br

Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestrado em Sistemas de Gestão


Niterói, RJ, Brasil

RESUMO
O objetivo deste trabalho é apresentar recomendações relativas ao processo de descarte de
sinalizadores pirotécnicos vencidos e/ou danificados. Primeiramente, apresenta-se o
contexto histórico e evolutivo da gestão ambiental no mundo. Enfatiza-se, ainda, os
aspectos referentes à legislação, meio ambiente, segurança, saúde. Tais assuntos são
relevantes por fazerem parte da questão ambiental e, sobretudo, da gestão de resíduos. Em
seguida, é destacada a gestão de resíduos químicos, como os sinalizadores pirotécnicos.
Para compreender esta questão, apresenta-se um breve histórico sobre a pirotecnia e suas
características; além de conceitos referentes à gestão, gerenciamento,classificação de
resíduo e a política nacional de resíduos sólidos com o intuito de esclarecer as medidas
necessárias para transportar o material pirotécnico com segurança em território nacional,
bem como dar destino final para este tipo de artefato. A seguir são abordadas as principais
características dos sinalizadores pirotécnicos e seu enquadramento como resíduos. Por fim,
conclui-se o estudo com os resultados obtidos na pesquisa de campo, e é feita uma
prospecção do futuro desdobramento deste trabalho.
Palavras-chave: Sinalizadores Pirotécnicos, Descarte, Legislação Ambiental.

1. INTRODUÇÃO
A consciência e mobilização das nações para as questões ambientais têm seu marco
histórico nas últimas décadas do século XX. Gradativamente, está sendo construída uma
cultura de preservação e, principalmente, de sustentabilidade a partir de encontros
internacionais específicos para a discussão de matérias relacionadas à valorização natural
do planeta.
O tema vem assumindo postura estratégica no mundo dos negócios. Essa visão estratégica
deve ser considerada, essencialmente, na Gestão de Resíduos. No Brasil, desde meados
do Século XX, verifica-se, em diversos setores da economia, a geração de resíduos, sejam
esses efluentes hídricos, químicos, emissões atmosféricas ou de sólidos.
Mesmo existindo leis próprias à gestão de resíduos, o assunto encaminha-se lentamente. A
inexistência de gestão para reduzir e/ou eliminar fontes geradoras de resíduos, como
também a falta de programas adequados para a destinação de resíduos, resultam, na
maioria das vezes, em desastres ambientais.

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Nessa linha, os sinalizadores pirotécnicos carecem de políticas e práticas voltadas ao seu


gerenciamento desde a fabricação até a destinação final, sendo que merecem destaque,
principalmente, os produtos vencidos e/ou danificados, que têm, obrigatoriamente, um
descarte especial.
Dessa forma, o presente estudo trata de soluções enquadradas na legislação ambiental
relativas ao processo de descarte de sinalizadores pirotécnicos vencidos e/ou danificados.
Já existem medidas, leis, normas e outras formas que tratam do que não se deve fazer com
os resíduos da classe I, perigosos, gerados por sinalizadores pirotécnicos danificados e/ou
vencidos, que orientam sobre a disposição final. Entretanto, cabe lembrar que esse
processo deve estar mais alinhado aos objetivos da legislação ambiental atual.
Embora existam normatizações acerca de resíduos gerados nas atividades industriais, os
resíduos oriundos de produtos já industrializados, mas com prazo de validade vencido ou
danificado, necessitam de atenção especial e tratamentos adequados, na medida em que
também ameaçam ao meio ambiente, sendo a situação agravada quando se trata de
resíduos classificados como perigosos.
Inicialmente, o tratamento de resíduos pode sugerir o emprego de altos custos, que se
tornam de importância relativa em face dos resultados encontrados em termos de
gerenciamento ambiental. Dessa forma, o desenvolvimento de tecnologias em relação ao
descarte de resíduos contribui para conferir maior sustentabilidade ambiental, maior
qualidade de vida e segurança.

2. CONTEXTO HISTÓRICO E EVOLUTIVO DA GESTÃO AMBIENTAL


A degradação natural e espontânea do meio ambiente está relacionada às
mudanças ambientais do planeta, incluindo-se aí a extinção de espécies animais e o
desaparecimento de espécies vegetais. No entanto, a partir do registro da cultura humana
no planeta, as alterações nos ecossistemas são percebidas com maior profundidade e
rapidez. A proliferação de doenças, a poluição do solo, ar e águas e, até mesmo, a
diminuição dos recursos minerais são exemplos que confirmam essa afirmativa.
Às atividades essenciais para a sobrevivência do homem, no decorrer de sua história,
agregaram-se outras decorrentes da própria evolução da humanidade e seu
desenvolvimento, como, por exemplo, o emprego da metalúrgica com uso inicial do cobre
seguido pelo bronze e ferro. A produção de artefatos de metal data de longos anos e desde
essa época já se pode considerar o impacto ambiental; evidentemente, não na proporção
encontrada na atualidade.
Assim, merece comentário específico a Revolução Industrial que, a partir do Século XVIII,
desencadeou verdadeiros impactos no meio ambiente. Com o desenvolvimento econômico,
as modificações no ecossistema — através de tecnologias poluentes e impactantes —
passaram a contribuir para os riscos ambientais. O aumento de parques industriais sem
projetos de implantação que cuidassem das questões urbanísticas locais resultaram em
acumulo e concentração de resíduos e lixos em solos despreparados ou em canais
marítimos ou fluviais.
Esse cenário é intensificado com o aparecimento de locomotivas, navios a motor e demais
outras tecnologias com funcionamento à base de óleo diesel, que, embora otimizassem os
resultados dos ciclos produtivos em geral, afetavam substancialmente os recursos naturais
do meio ambiente.
Daí em diante, constata-se a permanente evolução da produção e avanços tecnológicos que
conduzem o homem a patamares elevados de confortos, praticidade e rapidez que,
entretanto, são pautados em desenvolvimentos inconscientes acerca do caráter finito dos
recursos naturais do planeta. O crescimento dessa situação contribuiu para provocar novas
abordagens para o assunto e os impactos ambientais passam a gerar preocupações em
todo o mundo.

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A vivência de nações desenvolvidas industrialmente revela danos à natureza e ao meio


ambiente, comprometendo a extinção de recursos hoje vitais à sobrevivência do planeta. De
certa forma, essa experiência acaba por afetar os países em desenvolvimento e
subdesenvolvidos, na medida em que a destruição da natureza afeta diretamente a
existência das futuras gerações.
A partir daí, começam a ser discutidas as questões ambientais, gerando conflitos entre
ambientalistas e desenvolvimentistas. Por volta dos anos 1960, os assuntos ligados à
ecologia passaram a ser tratada com mais evidência. Surgiram preocupações em torno de
temas interligados ao assunto como saúde e segurança. Diversos eventos de âmbito
mundial realizados desde então sinalizam o crescente interesse pela questão.
Começam a ser discutidos os termos de um desenvolvimento que preserve a sustentação
do planeta. A partir daí, inicia-se uma grande mobilização de autoridades mundiais em prol
de soluções ambientalmente melhores. Desde, então, várias são as conferências, encontros
e ações nesse sentido.
Pode ser considerada como início desse movimento uma Conferência sobre a Biosfera,
realizada 1968, na França, onde compareceram especialistas em ciências naturais de todo
o mundo. Em seguida, segundo Ignácio (1998, p. 23), o Clube de Roma publica, no início da
década de 70, informes com o documento "Limites do Crescimento", onde são relatados
impactos ao meio ambiente, provenientes de atividades industriais.
A idéia de que o desenvolvimento econômico deve estar compatibilizado com o meio
ambiente ganhou força na década de 70. Inúmeros eventos internacionais foram
organizados e contribuíram de forma efetiva para a consagração de um novo modelo de
desenvolvimento.
Seguindo a evolução dos acontecimentos, em 1972, um encontro onde se pretendia firmar
uma “Declaração sobre o Meio Ambiente Humano”, reuniu na Suécia (Estocolmo),
autoridades e representantes de governos de todo o mundo para discussão dos problemas
que assolavam o meio ambiente.
Este evento pode ser considerado como um marco para aceitação do mercado em geral,
liderado por desenvolvimentistas, sobre as questões de preservação do meio ambiente. Na
ocasião, inclusive, o assunto recebeu caráter também social em decorrência da
manifestação de Indira Gandhi, primeira ministra da Índia na ocasião, onde ela afirma que
"A pobreza é a maior das poluições". (Ignácio, 1998, p. 38). No entanto, a evolução dessa
idéia de sustentabilidade deveria propor modelos de gestão que considerassem a harmonia
entre desenvolvimento e a natureza, incorporando, no ambiente de decisões empresariais e
governamentais, os conceitos de Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Social,
Atuação Responsável, Qualidade de Vida e Sobrevivência Humana.
Da Conferência de Estocolmo resultou um documento que continha 26 princípios sobre a
preservação do meio ambiente. A partir daí surgiram diversas instituições e grupos com o
mote de defesa do meio ambiente.
A partir desse evento países como a França, Alemanha, Dinamarca, Noruega, Finlândia e
Holanda, estabeleceram novas regras e legislações ambientais. A Conferência também
provocou ações em níveis organizacionais. As empresas McDonald’s e Coca-Cola, por
exemplo, introduziram normas de gestão ambiental.
Já no começo dos anos 80, a ONU (Organização das Nações Unidas) convocou a
Comissão Mundial para assuntos do Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD)
motivando a elaboração de um relatório sobre a qualidade do meio ambiente de
abrangência mundial.
O documento — Relatório Nosso futuro Comum —, também conhecido como Relatório
Brundtland — sobrenome da ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland,
presidente da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987, ocasião
em que o documento foi redigido — definiu o conceito de desenvolvimento sustentável como
aquele que “atende às necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade

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de as futuras gerações terem suas próprias necessidades atendidas.” Portanto, cada vez
mais se tem consciência da necessidade de se buscar maneiras de preservar os recursos
ambientais, assim como formas alternativas de desenvolvimento com preservação
ambiental. (CMMAD, 1988, p. 78).
O documento destaca a adoção mundial de políticas concretas, específicas para questões
ambientais, como sendo imprescindível ao futuro do planeta. Chama a atenção para a
delimitação necessária entre tecnologia e meio ambiente. Defende, por conseqüência, a
idéia de que a economia e a ecologia podem ser pensadas juntas e, nesse sentido, instiga a
inclusão do meio ambiente, juntamente com a economia, nos processos de decisão.
A idéia de que a natureza é uma fonte de recursos finitos e não gratuitos, proporcionou um
novo enfoque à economia e à exploração econômica. Constata-se, nos dias atuais, a
necessidade de racionalizar e otimizar a utilização dos recursos naturais dentro de uma
visão de longo prazo, levando-se em conta os princípios da conservação, reciclagem,
poupança e precaução.
Em 1991, na Conferência Mundial da Indústria sobre a Gestão do Ambiente, foi divulgada a
Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável elaborada pela Câmara de
Comércio Internacional (CCI), que passou a nortear as empresas em relação aos princípios
relativos à gestão do ambiente, representando, portanto, um documento de importância vital
para o desenvolvimento sustentável. Foram estipulados 16 princípios para orientação das
ações voltadas ao desenvolvimento sustentável.
Em junho de 1992 a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (UNCED), realizada na cidade do Rio de Janeiro, marcou história no
âmbito das questões ambientais. Mais uma vez autoridades de vários países avaliaram
impactos e agressões ambientais, surgindo, então, propostas de acordos internacionais
para a recuperação e defesa do ecossistema, conforme comenta Vieira (1997, p. 114).
Esse evento resultou em dois importantes documentos:Carta da Terra (Declaração do
Rio)Estabelecimento de acordos internacionais para preservação dos interesses de todo o
mundo em prol da integridade do meio ambiente, reafirmando-se as diretrizes do
desenvolvimento sustentável e a Agenda 21 que surge como resultado da Conferência, e
define ações ligadas ao conceito de desenvolvimento sustentável. Segundo o Ministério do
Meio-Ambiente, esse documento visa conciliar métodos de proteção ambiental, justiça social
e eficiência econômica.
Dez anos após a reunião do Rio de Janeiro, a Cúpula Mundial das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável realizou nova Conferência em Johannerburgo. Nesse evento
o conceito de desenvolvimento sustentável assumiu novo paradigma, passando a integrar o
crescimento econômico, o desenvolvimento social e a proteção do meio ambiente.
Os principais assuntos abordados foram: recursos hídricos, energia, saúde, agricultura e
biodiversidade.
A partir dessas conferências amadureceu o conceito de desenvolvimento sustentável,
definindo-se que a solução para as questões de impacto no meio ambiente não estavam
baseadas simplesmente no fato de tornar o desenvolvimento mundial mais gradativo, mas
sim orientá-lo para a preservação do meio-ambiente e para os recursos que não são
renovados.
Dessa forma, o desenvolvimento sustentável necessário à gestão ambiental prevê que as
gerações atuais utilizem os recursos naturais, renováveis e não renováveis, de forma a não
comprometer o uso desses mesmos recursos por gerações futuras (ANDRADE et al, 2002,
p. 112).

3. SEGURANÇA AMBIENTAL
Os documentos até então produzidos, a partir dos eventos pertinentes à gestão
ambiental englobam, por conseqüência, as questões relativas à segurança ambiental:

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Uma e outra visão da segurança deixam antever os desafios ambientais como uma
preocupação em potencial – embora a visão mais moderna atribua maior
importância às questões ambientais em razão do seu impacto direto sobre a saúde
humana e a estabilidade econômica e, certamente, sobre o desenvolvimento
sustentável (OEA, 2002. p.3).

A idéia de segurança ambiental está ligada à implementação de estratégias com bases


científicas que garantam o tratamento dos problemas ambientais com conhecimento
científico e perspicácia política. Portanto, o trabalho da segurança ambiental concentra-se,
principalmente, em aspectos técnicos, políticos e financeiros e com a criação de incentivos
econômicos para operações ambientais sustentáveis. As atividades apoiadas através dessa
linha de trabalho consideram os impactos do uso de recursos naturais, fontes energéticas e
tecnologias.
Sendo assim, a questão da segurança, segundo uma abordagem holística, transcende as
limitações da economia de mercado e de suas formas peculiares de exploração de recursos
materiais e humanos. Na verdade, a gestão integrada da segurança e do meio ambiente
não abrange simplesmente a implementação de políticas de preservação e conservação,
mas também a formulação de princípios que regulem os impactos dos ritmos de crescimento
econômico com a taxa de uso e destruição de recursos não renováveis. Cabe enfatizar que
o conjunto de ações e práticas gestoras precisa ser articulado como produtos de um
contexto geográfico, ecológico e social.
Considerando-se a abrangência internacional do assunto, Elliot (1998, p. 72) discute a
segurança ambiental, apontando que muitos autores refutam a sua concepção por
associarem o conceito ao pensamento estratégico militar. Entendem que a questão
ambiental em caráter internacional não pode ser vista dentro de uma dimensão estratégica.
Para esses autores, apenas os processos naturais bastariam para fornecer elementos à
compreensão dos fenômenos e suas conseqüências para as unidades políticas. No entanto,
a autora afirma que existe uma outra interpretação que, também, associa o militarismo à
questão ambiental e à segurança:

Trata-se, exatamente, da visão estratégica, que admite os recursos naturais como


vitais à sobrevivência da população de uma unidade política e que, portanto, reforça
o conceito de soberania das unidades na gestão de seus recursos (ELLIOT, 1998, p.
237).

Entretanto, considerando-se, por exemplo, a gestão dos recursos hídricos, as bacias muitas
vezes transpassam os limites territoriais dos países, podendo gerar uma situação de
dependência entre países, visando a obter água e abastecer suas populações. A autora
reforça a questão quando afirma:

Diante da insegurança ecológica, países e população não podem estar seguros se o


ecossistema não é seguro. Nem um nem outro vai ajudar a identificar o inimigo que
objetiva violar a integridade territorial e a soberania do estado. O 'inimigo' não é o
ambiente, mas as atividades cotidianas humanas e de corporações (ELLIOT, 1998,
p. 237).

4. SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL


Atualmente, sendo o meio ambiente item importante no planejamento estratégico de
qualquer organização, as empresas buscam o desenvolvimento de sistemas específicos e,
praticamente, personalizados à sua realidade produtiva.
Para Moura (2002, p. 87), no Brasil, a situação ambiental é crítica em alguns setores, com
efeitos negativos de âmbito global. Ao mesmo tempo em que algumas empresas têm
realizado trabalhos de seriedade indiscutível, com melhorias significativas de desempenho
ambiental, tanto em processos produtivos, quanto no próprio produto, outros itens merecem
tratamento mais cauteloso. O petróleo e o gás natural constituem preocupações efetivas

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nesse sentido. Na fase de exploração, observam-se riscos tanto para os trabalhadores


envolvidos, quanto para o meio-ambiente em relação a incêndios e/ou vazamentos. Na
etapa pertinente ao transporte, também, identificam-se riscos, infelizmente, mais freqüentes.
Outros itens ligados ao descarte de produtos ou subprodutos com grau de risco
considerável, tanto por validade vencida, ou por estarem danificados, ou, simplesmente, por
gerarem resíduos, carecem de cuidados efetivos e políticas específicas de monitoramento.
Essa realidade faz com que no Brasil um número cada vez maior de empresas demonstre
preocupação com seu desempenho ambiental, passando a existir investimentos específicos
no setor. A implementação de práticas ambientais corretas concorre à implantação de
sistemas formais de gestão ambiental. Moura (2002, p. 96) aponta três grandes conjuntos
de atividades, que devem ser consideradas na elaboração de um sistema de gestão
ambiental, análise da situação atual da empresa, estabelecimento de metas e
estabelecimento de métodos.
Na realidade, como reforça Moura (2002, p. 99), a implementação e a própria operação de
um sistema de gestão ambiental consiste na aplicação de conceitos e técnicas de
administração, particularizados para os assuntos de meio-ambiente.

5. A GESTÃO DE RESÍDUOS: PILAR DA GESTÃO AMBIENTAL


Como elemento importante de um sistema de gestão ambiental, a gestão de
resíduos apresenta pontos bastante específicos e peculiares a serem tratados. Deve ser
compreendida como um sistema composto por processos que levam em conta a qualidade,
proveniência, constituição, características, formas, meios de tratamento e de descarte dos
resíduos.
Em um modelo de gestão de resíduos somam-se aos procedimentos básicos a identificação
constante de pesquisas voltadas à atualização e modernização de processos de tratamento,
bem como estudos de viabilidade para os locais seguros de armazenamento, conforme os
respectivos padrões e normas de segurança existentes, além de serem consideradas as
ações pertinentes ao transportes e os custos na sua administração geral. Portanto, o
próximo capítulo apresenta especificamente as características e aspectos mais importantes
dessa gestão, enquadrando, inclusive, os sinalizadores pirotécnicos, objeto de estudo nesse
trabalho.

5.1 GESTÃO DE RESÍDUOS: SINALIZADORES PIROTÉCNICOS


O efeito pirotécnico parte da composição química de um agente oxidante e um
combustível que produzem reação exotérmica. Historicamente esse produto teve início,
provavelmente, em torno do ano 3000 a.C. no Oriente Médio, a partir da mistura acidental
de salitre e carvão.
“Dados na história narram ritualísticas religiosas com misturas incendiárias e de fumaças em
localidades diversas como Egito e Grécia em torno do ano 2000 a.C”. Inclusive, Carvalho
(2002, p. 37) aponta que Biringuccio atribuía a Alexandre, O Grande o uso de misturas
incendiárias em guerras por volta de 365 a.C.
No livro de Alan St. Brock, A history of Fireworks (George G. Harrap and Co. Ltd. London)
há referência a “ La Pyrotechnie” de Jean Appeier, livro de l630, bem como Elemens de
Pyritechnie de C. Ruggieri de l80l- l812.
A pirotecnia, ligada a guerras ou eventos festivos, chegou ao século XX, fazendo parte da
indústria de fogos de artifício, material bélico e foguetes espaciais. Atualmente, destaca-se,
também, a fabricação de artefatos e de sinalizadores pirotécnicos. De fato, desde a
descoberta da pólvora a pirotecnia vem sendo desenvolvida. Brailovsky (2001, p. 26)
informa que “as guerras foram com certeza a principal razão do desenvolvimento da
inteligência na indústria pirotécnica”. Diversos projetos para construção de artefatos,
resultados de testes e os diversos estudos acerca da tecnologia da área foram mantidos
com caráter de confidencialidade e sigilo. Daí talvez a conseqüência até os dias atuais

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sobre o gerenciamento de resíduos oriundos da fabricação e manuseio de produtos


pirotécnicos serem tratados da mesma forma sigilosa.
Na verdade, o caminho de evolução dos aspectos tecnológicos dos sinalizadores
pirotécnicos não empreendeu a mesma velocidade em relação ao descarte de resíduos
decorrentes de fabricação e da dispensa de materiais vencidos ou danificados. No Brasil o
processo de disposição final, no caso de material vencido ou danificado, fica sob a
responsabilidade das forças armadas.
A ausência de procedimentos e equipamentos apropriados ao descarte desse material
representa grave obstáculo à sua gestão, agora somada a uma preocupação ambiental
mais evoluída. Relatórios elaborados ao final da segunda Grande Guerra apontavam
resíduos dessa natureza que poderiam ter servido de material para o desenvolvimento de
estudos adequados ao descarte e disposição final. Contudo, a distância entre a o laboratório
e a fábrica ressentiu-se do sigilo que na industria pirotécnica já era grande e na indústria
bélica ou espacial tornou-se absoluto.
A fase seguinte à Segunda Guerra revelou um mundo ávido de consumo, exigindo maior
capacidade produtiva para atender a todas as necessidades. Nesse cenário, a produção
desenfreada em busca do desenvolvimento das Nações gerou conseqüências graves ao
meio ambiente, conforme apontado no Capítulo 1. E, portanto, em um contexto de
preocupações e efetivas ações voltadas às questões ambientais, a gestão de resíduos
assume papel preponderante.

5.2 PRINCIPAIS CONCEITOS DA GESTÃO DE RESÍDUOS


A Gestão de Resíduos pode ser compreendida como um sistema de administração
de resíduos, que leve em conta a qualidade, proveniência, constituição, características,
formas e meios de tratamento. Em um modelo de gestão de resíduos somam-se a esses
procedimentos básicos a constante pesquisa para atualização e modernização de
processos de tratamento, transporte e armazenagem.
Nesse sentido, no que se refere à gestão de resíduos, é importante atentar aos limites que
devem existir na relação entre tecnologia da organização social e o meio ambiente. Duran
de La Fuente (1997, p. 39) aponta a necessidade de implementação de políticas ambientais
totalmente baseadas nos princípios do desenvolvimento sustentável, alertando que, o
progresso gera alguma fragilidade sobre os recursos naturais, além de poluição, destruição
de ecossistemas e aquecimento global.
O autor enfatiza, ainda, que a ausência de políticas ambientais voltadas à destinação de
resíduos pode gerar a perda do patrimônio natural e ambiental.

6. LEGISLAÇÃO DE RESÍDUOS
Encontra-se tramitando nas respectivas instâncias de aprovação à implantação de
uma Política Nacional de Resíduos Sólidos. A existência de uma legislação adequada para
gestão de resíduos de âmbito nacional representa grande conquista para os princípios da
gestão ambiental e do desenvolvimento sustentável.
A minuta desse documento prevê a instituição de uma Política que defina diretrizes,
responsabilidades e parâmetros técnicos para o gerenciamento de resíduos no Brasil,
resguardando os regulamentos e as normas técnicas já homologadas.
Essa política permitirá o monitoramento e acompanhamento fiscal do ciclo integral de
resíduos sólidos, considerando níveis de toxicidade e nocividade. Deverá, ainda, estimular a
reciclagem de produtos, o consumo de produtos com menor impacto ambiental e programas
de educação ambiental que visem a maior conscientização da sociedade.
Nesse contexto de formalização de políticas de gerenciamento de resíduos, será importante,
ainda, a capacitação de agentes para a fiscalização, monitoramento e controle dos

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processos de geração de resíduos, assim como o incentivo ao surgimento de novas


tecnologias para destinação e tratamento final.
Na verdade, essa legislação deve dedicar especial atenção aos processos de tratamento
dos resíduos, priorizando medidas para redução e reutilização dos mesmos, visando a
extinguir os impactos negativos causados sobre o meio ambiente.
Atualmente, serve de base para os procedimentos relacionados a produtos perigosos o
Decreto Nº 3.665, de 20 de novembro de 2000, que define o Regulamento para a
Fiscalização de Produtos Controlados (R-105). No Anexo A consta a Relação de produtos
controlados pelo exército.

6.1 CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS CONFORME NORMAS ABNT


As normas editadas pela ABNT têm o objetivo de padronizar nacionalmente a
classificação e procedimentos adequados aos resíduos.
A Norma NBR 10004, específica para classificação de resíduos, agrupa-os por riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública. Além disso, indica os resíduos que têm que
ter manuseio e destinação rigorosamente controlados.
A citada Norma define os resíduos sólidos como:

Resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos que resultam de atividades de origem


industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola e de serviços de varrição. Ficam
incluídos nesta categoria os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles os gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem
como líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ASSOCIAÇÀO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1987).

A classificação do resíduo determina, praticamente, o seu tratamento. Estes podem ser


classificados por sua composição química, natureza física, origem ou riscos iminentes.
Quanto à natureza química podem ser separados por matéria orgânica e matéria
inorgânica. Já em relação à natureza física devem ser agrupados por resíduos secos e
resíduos molhados. Em relação a sua origem, pode ser domiciliar, comercial, de serviços de
saúde e hospitalar e de terminais aeroviários, rodoviários, ferroviários e portuários,
industriais, agrícolas e entulhos. A classificação dos resíduos pelos riscos potenciais é
estabelecida pela NBR 10004, editada em 1998. Esta classifica os resíduos sólidos quanto a
sua periculosidade.

6.2 DECRETO Nº 3.665, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2000


Esse decreto define, nos incisos XXV, XXVI e XXIX, respectivamente, de seu artigo
3º:
Artefato de fogo: “dispositivo pirotécnico destinado a provocar, no momento desejado, a
explosão de uma carga”.
Artefato pirotécnico: “peças pirotécnicas preparadas para transmitir a inflamação e produzir
luz, ruído, incêndios ou explosões, com finalidade de sinalização, salvamento ou emprego
especial em operações de combate”.
Balão pirotécnico: “artefato de papel fino (ou de material assemelhado), colado de maneira
que imite formas variadas, em geral de fabricação caseira, o qual se lança ao ar,
normalmente, durante as festas juninas, e que sobe por força do ar quente produzido em
seu interior por buchas amarradas a uma ou mais bocas de arame” (BRASIL, 1995, p. 26).
Nesse Decreto, os produtos controlados de uso restrito, conforme a destinação, são
classificados quanto ao grau de restrição.

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Além disso, esses produtos controlados têm que, obrigatoriamente, segundo o Artigo 12 do
Decreto em questão, serem identificados com símbolos estabelecidos de acordo com os
grupos de utilização, conforme está apresentado no Quadro 3:
Assim sendo, são de uso restrito, de acordo com o Inciso XIII do Artigo 15 do mesmo
mecanismo legal, os dispositivos com efeitos pirotécnicos, ou dispositivos similares capazes
de provocar incêndios ou explosões. E, as Secretarias de Segurança Pública estão
determinadas a prestar colaboração ao Exército em relação à fiscalização do uso e do
comércio desses produtos, sendo que, de acordo com o Artigo 112 do decreto “É proibida a
fabricação de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos contendo altos explosivos em suas
composições ou substâncias tóxicas” (BRASIL, 2000, cap. VII, Isenções de Registro, § 1o).

6.3 TRANSPORTE DE PRODUTO PIROTÉCNICO


Em relação ao transporte de produto pirotécnico, o Artigo 160 do Decreto 3.665/00
esclarece que devem ser observadas as prescrições do Ministério dos Transportes, sendo
que devem ser acrescentadas ao transporte marítimo, fluvial ou lacustre, as normas do
Comando da Marinha e ao transporte aéreo, as normas do Comando da Aeronáutica.
Os artefatos pirotécnicos devem ser transportados separadamente, salvo normatização
específica para transporte conjunto. A movimentação desse tipo de carga deve atentar para
as regras de segurança, considerando quantidade, armazenamento (embalagem) e
arrumação de material transportado, devendo ter o embarque e desembarque conferido por
um fiscal da transportadora. Além disso, o veículo de transporte deverá estar devidamente
sinalizado por placas e bandeirolas. No Anexo B constam exemplos dessa sinalização. No
transporte rodoviário, o motorista, além de sua habilitação adequada para condução do tipo
de caminhão ou carreta, terá que receber treinamento específico para condução dessa
carga.
Caso o transporte seja por meio ferroviários, deve estar de acordo com o estipulado no
Decreto nº 98.973/90 que regulamenta o Transporte Ferroviário de Produtos Perigosos,
além de atender ao determinado no Decreto n. 3.665/00 que determina que os artefatos
pirotécnicos sejam transportados em vagões especiais separados da locomotiva e de
vagões de passageiros por, no mínimo, três carros. Além disso, esses vagões têm que estar
devidamente sinalizados por faixa ou placa que indiquem: “CUIDADO! CARGA PERIGOSA”
No caso de transporte aquaviário não é permitida a movimentação dessa carga em navios
de passageiros e as embarcações destinadas a esse fim devem cumprir às regras de
segurança estabelecidas pelo Comando da marinha, destacando-se a sinalização por
bandeirolas durante todo o percurso.
Não é permitido o transporte dessa carga por meio aéreo, exceto munições de armas
portáteis.
Ressalta-se aqui que o transporte de sinalizadores pirotécnicos deve ser autorizado pelo
Comando do Exército e as transportadoras deverão comunicar aos órgãos de fiscalização
do Exército quando estes produtos não forem procurados pelos destinatários, sendo
proibida a permanência nos depósitos da empresa transportadora.

6.4 DESTRUIÇÃO DE SINALIZADORES PIROTÉCNICOS


Segundo o Decreto n. 3.665/00, a destruição de explosivos, munições, acessórios de
explosivos e agentes químicos de guerra impróprios para ou por mau estado de
conservação ou sem estabilidade química com o seu reaproveitamento tecnicamente
desaconselhável, poderá ser feita por combustão, detonação, conversão química e outro
processo que venha a ser autorizado pelo órgão competente. A destruição terá que ser
autorizada pelo Comandante do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados da
Região Militar (SFPC/RM), sendo o processo realizado por técnico habilitado e todas as
etapas registradas em documento próprio.

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Artefatos pirotécnicos podem ser destruídos por combustão, desde que não haja
possibilidade de detonarem durante o processo. A destruição de acessórios de explosivos
de segurança deve estar sem embalagem e ser realizada em o local apropriado sem
vegetação e que diste mais de 700 m de moradias, ferrovias, rodovias e depósitos e a
combustão tem que ser por processo seguro tecnicamente aprovado pela fiscalização
militar. Além disso, na destruição por combustão ao ar livre, de artefatos pirotécnicos,
excetuando-se os iluminativos com pára-quedas, têm que ser atendidos os seguintes
parâmetros do Art. 229:

Os artefatos pirotécnicos serão lançados em fosso de sessenta centímetros de


profundidade e trinta centímetros de largura, e de comprimento compatível com a
quantidade a ser destruída Uma grade de ferro ou tela de arame deverá cobrir o
fosso para evitar projeções do material em combustão;
Quando o produto tiver pára-quedas, os elementos serão fixados na vertical com
distância entre si de 1,50 m, sem grade sobre os mesmos. (BRASIL, 2000, Art.29,
parágrafo único)

A alternativa estabelecida pelo Decreto para destruição dos artefatos pirotécnicos diz
respeito à detonação, quando do risco da explosão por outro meio de destruição. Nesse
caso, os parâmetros são similares aos adotados no caso da destruição por combustão. Vale
ainda esclarecer que não se aplica aos artefatos pirotécnicos a destruição por conversão
química.

6.5 LEGISLAÇÕES REGIONAIS


Atualmente, as soluções e responsabilidades pela geração e para tratamento dos
resíduos seguem determinações diferentes em alguns estados brasileiros. No Rio de
Janeiro destacam-se 2 dispositivos legais, não tratando de forma específica resíduos de
sinalizadores pirotécnicos:
Lei 3.273/01 -Lei municipal que trata do Sistema de Limpeza Urbana no Município do Rio de
Janeiro. O documento define resíduo sólido como sendo qualquer substância sólida ou
semi-sólida, descartada, atribuindo a condição de propriedade e, conseqüente,
responsabilidade ao seu gerador ou detentor.
A lei classifica os resíduos sólidos em Urbanos e Especiais. Os primeiros praticamente
tratam de resíduos não perigosos e os enquadrados na segunda classificação apresentam
algum grau de toxicidade com risco de impactos tanto ambientais, quanto à saúde pública.
Lei 3.755/2002 - Incentiva a formação de cooperativas de coleta de materiais inorgânicos
passíveis de reciclagem, autorizando o poder executivo a financiar ou subsidiar
empreendimentos nessa linha.

7. ENQUADRAMENTO DOS RESÍDUOS DE SINALIZADORES


PIROTÉCNICOS
No Brasil, a classificação dos produtos considerados perigosos respeita as
Recomendações para o Transporte de Produtos Perigosos (Portaria 204/97) das Nações
Unidas.
Como já abordado anteriormente, a NBR 10.004 classifica como perigosos os resíduos
cujas características de inflamabilidade, reatividade, corrosividade ou toxicidade geram risco
à saúde, contribuindo para o surgimento de doenças ou contribuindo para o aumento da
mortalidade ou, ainda, que geram conseqüências adversas ao meio ambiente, quando
manuseados ou dispostos de forma perigosa.
Portanto, dada a constituição dos sinalizadores pirotécnicos possuírem pólvora negra,
nitratos de bário, estrôncio, magnésio, alumínio em pó, os resíduos provenientes desses
produtos devem ser enquadrados na Classe I destinada a resíduos perigosos. Nessa

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categoria existem regras que impedem o percurso transfronteiriço, ou seja, não são
importados e nem exportados.
Dessa forma, é evidente que os resíduos perigosos gerados na fabricação e/ou descarte de
sinalizadores pirotécnicos vencidos e/ou danificados necessitam de mecanismos seguros
para a sua disposição final. Estes necessitam de procedimentos de descarte distintos dos
adotados para as outras classes de resíduos. Tanto fabricantes, quanto usuários não podem
se furtar de exercer o máximo controle dos ciclos produtivos, de transporte, distribuição,
emprego e descarte final, cabendo, inclusive, medidas apropriadas à logística reversa ou
logística verde adotada atualmente nos programas empresariais de gestão ambiental.
Sendo assim, é muito importante a permanente busca de tecnologias avançadas e
mecanismos atualizados que assegurem os melhores procedimentos possíveis no assunto.
Dessa forma, a gestão de resíduos, sinalizadores pirotécnicos vencidos e danificados, pode
ser definida de forma ampla, como um conjunto de ações que atuam no controle da
geração, armazenamento, coleta, transporte, processamento e destinação final, baseadas
em critérios econômicos, de segurança e de ordem ambiental.
As questões associadas à gestão de sinalizadores pirotécnicos vencidos e danificados são
de difícil administração tanto pelo volume e quantidade gerados, assim como pelo sigilo e
falta de informação sobre o assunto. Não existem estatísticas sobre esse assunto em
virtude de ainda perdurar o caráter de sigilo, o que inibe uma caracterização generalizada,
pois seriam precisos dados pertinentes a diversos fatores como, por exemplo, o número de
usuários, produção, leis e regulamentações específicas.

8. METODOLOGIA EMPREGADA NA REALIZAÇÃO DA PESQUISA DE


CAMPO
As etapas de desenvolvimento e o processo utilizado na pesquisa de campo
atenderam a referências metodológicas importantes descritas passo a passo adiante.
Com base na taxionomia descrita por Vergara (2000, p. 45), classifica-se o tipo de pesquisa
quanto aos fins e quanto aos meios.
O estudo constitui uma pesquisa basicamente descritiva, conforme conceituação habitual
dos especialistas em metodologia de pesquisa (VERGARA, 2000, p. 45).
Neste tipo de estudo, algumas “correlações entre variáveis” talvez possam ser estabelecidas
(VERGARA, 2000, p. 46).
Dessa forma, pode-se afirmar que quanto aos fins, a pesquisa também se define como
“investigação explicativa”, pois pretende “tornar inteligível” e “esclarecer quais fatores
contribuem para a ocorrência do [...] fenômeno” da reorganização da gestão farmacêutica
em ambientes hospitalares (VERGARA, 2000, p. 47).
Pertinentemente aos meios de investigação, o estudo pode ser classificado como pesquisa
bibliográfica, pois se trata de “estudo sistematizado [...] com base em material publicado e
acessível ao público”, visando uma análise do tema em profundidade.
A partir daí, foi adotada a metodologia da pesquisa de campo, através da observação direta
da realidade no setor de fabricação de sinalizadores pirotécnicos, como ensina Vergara
(2000, p. 50), enriquecida pela investigação observacional, realizada por intermédio da
entrevista semi-estruturada.
Cabe, contudo, enfatizar que a pesquisa de campo foi implementada a partir da aplicação
de um questionário, a seguir apresentado, aos sujeitos previamente selecionados para a
pesquisa.
Foram utilizados como instrumentos de pesquisa três questionários compostos de 13, 12 e
15 perguntas respectivamente. Um questionário foi aplicado ao fabricante de sinalizadores
pirotécnicos, onde foram abordados assuntos ligados ao seu ciclo produtivo e as
conseqüências correspondentes. O outro questionário foi atribuído a usuários do produto,

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com enfoque nos procedimentos de manuseio, destinação e descarte final, principalmente,


em relação aos produtos com validade ultrapassada e os porventura danificados. O último
questionário foi aplicado na empresa de descarte de sinalizadores pirotécnicos, sendo
abordado questões de logística, tratamento, treinamento e outras questões pertinentes.
Os dados foram coletados conforme sua destinação no estudo, em livros, revistas
especializadas, jornais, páginas da Web, teses e dissertações com informações pertinentes
ao assunto.
A partir de contatos com gestores das empresas objetos de pesquisa foram realizados
levantamentos, sendo possível, através da entrevista semi-estruturada/questionário, obter
as informações relevantes a respeito das práticas adotadas no processo de descarte de
sinalizadores pirotécnicos vencidos e/ou danificados.
A pesquisa de campio ocorreu mediante preenchimento dos questionários.
Para adequado tratamento, os dados foram correlacionados com os objetivos do trabalho.
De forma qualitativa, foram tratados os dados colhidos na pesquisa bibliográfica,
“codificando-os, apresentando-os de forma mais estruturada e analisando-os” (VERGARA,
2000, p. 50), visando a atender exatamente esses objetivos.
Com base na análise das publicações existentes, foram apresentadas interpretações,
argumentações e conclusões sobre o tema. Conseqüentemente, enfocou-se análise textual,
reflexões, argumentações, interpretações e conclusões dos autores pesquisados. Para dar
embasamento às observações teóricas, apresentou-se também o estudo a partir do
levantamento realizado nas empresas objetos da pesquisa.
Esses dados também constituíram objetos à reflexão e interpretação incluídos no trabalho.
Em suma, no presente estudo foi abordada a fundamentação teórica sobre a metodologia
da pesquisa utilizada e, após a revisão de literatura, fez-se uma pesquisa em duas
empresas utilizando-se os mencionados questionários.
O objetivo principal da pesquisa de campo foi de buscar na prática, ou melhor, na realidade,
o que ocorre com os sinalizadores pirotécnicos cuja data de validade esteja ultrapassada,
como também, os danificados.
O método escolhido para o estudo apresenta certas limitações. Estas são apresentadas a
seguir:
− Embora o tema gestão ambiental esteja sendo bastante difundido, tanto em
contextos internacionais quanto no âmbito do Brasil, não são identificados na prática,
procedimentos padronizados ou referenciais de gestão no caso de descarte de
resíduo sólido tão específico, como é o caso de sinalizador pirotécnico.
− O método também sofre limitações devido à amplitude das empresas objetos da
pesquisa, o que fez com que o entrevistado dispusesse de alguns dados muito
restritos ao universo de sua organização.

9. CONCLUSÕES
Merece ênfase o fato da gestão de resíduos específica de sinalizadores pirotécnicos
vencidos e/ou danificados carecer da definição de políticas que compreendam de forma
ampla um conjunto de ações relacionadas ao controle da geração, armazenamento, coleta,
transporte, processamento e destinação final desses produtos. Tais políticas devem estar,
efetivamente, respaldadas em critérios econômicos e de ordem ambiental.
As questões relacionadas ao gerenciamento de resíduos decorrentes de sinalizadores
pirotécnicos vencidos e/ou danificados apresentam complexidade de estudo, dada à
quantidade e diversidade destes resíduos gerados e o sigilo e falta de informação sobre o
assunto. Na verdade, as estatísticas não são disponíveis por se tratarem de assunto de
caráter confidencial. A caracterização generalizada de emprego desses produtos e as
conseqüências decorrentes do manuseio de seus respectivos resíduos apresentam

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dificuldade, uma vez que esta estatística estaria associada a dados indisponíveis, como, por
exemplo, número de usuários, produção, leis e regulamentações específicas. Assim, no
trabalho buscou-se essa caracterização dentro do universo pesquisado de abrangência a
quatro empresas, sendo uma fabricante, duas usuárias e a última especializada em
descarte.
Desse estudo, então, podem ser enumeradas providências que urgem serem adotadas:
− Redução da geração de resíduos na fonte.
Essa redução pode ser conseguida através de estudos e pesquisas que busquem a
modificação no produto e em seu ciclo de produtivo.
Quanto à modificação no produto, a intenção é ajustar o produto tornando-o
ecologicamente correto. Em relação à modificação no processo, deve-se manter a
visão primeira de prevenção e não geração de resíduos. O fato é que o processo
gerador de resíduos tem que ser permanentemente criticado, a fim de que seu
aprimoramento resulte na geração menor de resíduos.
− Responsabilidade compartilhada pelos resíduos oriundos de sinalizadores
pirotécnicos vencidos e/ou danificados.
Do controle à prevenção desses resíduos deve haver um programa de
conscientização que preconize a qualidade na fabricação, afim de que seja reduzida
a probabilidade de produtos defeituosos. Além disso, os processos de
armazenamento e transporte devem receber vigilância redobrada para que sigam os
melhores padrões de serviços, evitando-se que produtos sejam danificados.
Aliado a essas medidas o controle e monitoramento de uso devem servir de base para a
reposição de produtos nos consumidores finais, além de gerar material de apoio estatístico
ao fabricante, reduzindo-se, dessa forma, a quantidade de produtos com validade próxima
ao vencimento.
Ainda nessa mesma linha de abordagem e com importância ímpar, revela-se a questão da
logística, de uma maneira geral que esteja totalmente ligada ao fabricante do produto. Com
responsabilidades partilhadas pelos usuários e empresas especializadas no descarte, o
fabricante deverá ser o grande gestor do programa de destinação de resíduos oriundos de
sinalizadores pirotécnicos vencidos e/ou danificados.
A idéia da logística verde já abordada no conteúdo do trabalho deve prevalecer nas práticas
e políticas regulamentadas para o assunto. A regulação da matéria e sua fiscalização
devem continuar com as Forças Armadas, porém, o descarte tem que ser responsabilidade
de seu fabricante, que poderá associar por parcerias a empresas especializadas no
descarte de produtos enquadrados na classe perigosos.
Essa postura representa uma mudança significativa na gestão ambiental, e, certamente,
estará contribuindo para a maior e melhor conscientização sobre o assunto. A administração
de um processo, seja ele de fabricação ou de distribuição ou de outro qualquer com
responsabilidade ambiental, faz com que o conhecimento das questões ecológicas integre o
cotidiano do próprio processo. Isso contribui pra que permaneça sempre em evidência a
importância da renovação e atualização de estudos com foco em melhorias ambientais
(mudança na composição de um produto, redução de resíduos na fonte, etc).

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS E FUTUROS DESENVOLVIMENTOS DO


TEMA
Acredita-se que podem ser desenvolvidos novos estudos e futuros desenvolvimentos
no tema como, por exemplo, a criação, em consenso com as empresas fabricantes,
usuárias e de descarte, de um modelo de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) - também
conhecida na sua forma inglesa como Life Cycle Assessment (LCA) - como ferramenta que
identifique os impactos ambientais relacionados a todas as etapas de fabricação dos

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sinalizadores pirotécnicos e seus tipos de uso, abrangendo a fases de obtenção e


processamento de matérias primas e energia, fabricação, transporte e distribuição, uso e
reuso, manutenção, reciclagem e o principal, disposição final de rejeitos (do berço ao
túmulo).
Dessa forma, pode-se obter uma ferramenta sistemática e integradora em apoio à tomada
de decisões relacionadas às questões ambientais, aumentando a eficiência no descarte
ecologicamente correto destes produtos e o conhecimento mais específico que possa servir
de base para a modificação da legislação, coibindo os impactos ambientais decorrentes do
descarte incorreto de sinalizadores pirotécnicos vencidos e/ou danificados.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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classificação. ABNT, 1987.

______. NBR 10.005: Lixiviação de resíduos classificação. ABNT, 1987.

______. NBR 10.006: Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos


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______. NBR 10.007: Amostragem de resíduos sólidos: classificação. ABNT, 2004.

______. NBR 11.173: Armazenamento de resíduos classe I: classificação. ABNT, 1990.

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______. NBR 12.980: Coleta, varrição e acondicionamento de resíduos sólidos urbanos.


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Inorgânicos passíveis de reciclagem. Rio de Janeiro.

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FERNANDES, Carlos. Entrevista do presidente da ABETRE — Associação brasileira de


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IDENTIFICATION OF SOLUTIONS THAT ASSIST THE


ENVIRONMENTAL LEGISLATION FOR THE PROCESS OF
DISCARD OF WON AND/OR DAMAGED PYROTECHNIC
Ramiro de Araújo Almeida Júnior, M. Sc., ramiroaajunior@ig.com.br
Sergio Pinto Amaral, D.Sc., sergioamaral@predialnet.com.br

Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestrado em Sistemas de Gestão


Niterói, RJ, Brasil

ABSTRACT
The objective of this work is to present recommendations relative to the process of damaged
and no validity pyrotechnics beepers. First, come forward the historical and evolutionary
context of the management in the world. Such matters are relevant administration. It is
discussed yet, the relating aspects to the legislation, management, safety, health. For be part
of the environmental subject and, above all, of the residues management. In continuation, it
is discussed the chemical residues management, as the pyrotechnic beepers. To understand
this subject, is presented a historical abbreviation about the pyrotechnics and their
characteristics. Further of the concepts about management, residues classification and the
national politics of solid residues, with the intention of explaining the necessary measures to
transport the pyrotechnic material with safety in national territory, as well, to give a final
destiny for this workmanship type. To proceed, are approach the principal characteristics of
the pyrotechnics beepers and the framing residues. Moreover is introduced the contacted
companies and the analyse to the result of the current production situation and discard,
through of a field inquiry applied in that companies. Giving continuity, are performed the
general comments about the results of the field inquiry; done with the manufacturers, users
and specialized company in pyrotechnic discard. It is concluded shot the learning with the
results obtained in the field inquiry and is done a future unfolding of this work.
Keywords: Pyrotechnic Beepers, Discard, Environmental Legislation.

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