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Bioquímica Completo1 PDF
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Aula 1 – 01/03
Enzimologia
A enzimologia é a ciência que estuda as enzimas e todos os demais fatores relacionados à sua
ação.
As enzimas são moléculas ou proteínas (formada por aminoácidos) que atuam como catalisadores
de reações específicas e que atuam em condições amenas de temperatura num ambiente reacional
favorável (pH, temperatura, concentração das enzimas, concentração do substrato, concentração dos
agentes inibidores, concentração de cofatores e força iônica).
O substrato é aquela substância que terá interação específica com o sítio catalítico também
chamado de sítio ativo, que é o local presente na molécula de enzima, que tem a capacidade de levar a
reação a cabo.
As proteínas, neste caso as enzimas, são moléculas com alto peso molecular, ou seja, são
macromoléculas com o peso molecular que pode variar de 15000 Daltons até vários milhões de Daltons.
Como a maior parte das reações que ocorrem no interior das células é catalisada por enzimas, elas
são assim conhecidas por biocatalisadores. Comparadas com outras reações catalisadas por catalisadores
não protéicos ou inorgânicos e efetuadas na temperatura ambiente, as enzimas apresentam maiores
velocidades de reação.
O estudo das enzimas tem passado por grandes revoluções desde que Büncher, em 1897, extraiu
enzimas ativas a partir de células vivas e, mais importante ainda: mostrou que tais substâncias também
podiam catalisar reações fora de sistemas vivos. Em 1926, Summer isolou e purificou moléculas de
enzimas e se descobriu que eram moléculas de proteínas, uma propriedade estabelecida anteriormente.
O substrato se liga em pontos específicos da enzima chamados de sítios ativos. O sítio ativo
apresenta uma configuração
ção tridimensional de tal modo que há uma perfeita (ou específica) com a
molécula de substrato. Então, podemos dizer que há um encaixe da molécula de substrato dentro do sítio
catalítico da enzima. Tal modelo é conhecido como chave-fechadura,
chave fechadura, sendo a enzima
enzim a fechadura e o
substrato a chave.
As enzimas podem manter o substrato em certas posições e ângulos de tal modo a melhorar as
taxas da reação (ou velocidade). Isto é conhecido como “efeito de orientação”. Em algumas enzimas
informação do complexo enzima-substrato provoca uma pequena mudança na forma tridimensional da
enzima que também contribui positivamente na atividade catalítica. Exemplos: lisozima (lágrimas com
função bactericida) e carboxipeptidase. Assim, a catálise enzimática depende não somente da estrutura
primária da enzima (sequência de aminoácidos), mas também das estruturas secundárias, terciárias ou
quaternárias.
Logo, fatores que afetam essas estruturas: o pH, temperatura, concentração de sais (força iônica),
presença de solventes alteram a atividade catalítica da enzima pois promovem alterações no sítio catalítico
(sítio ativo). Normalmente, as enzimas atuam em condições amenas de temperatura e podem sofrer
desnaturação nas temperaturas mais elevadas e até mesmo nas temperaturas de congelamento. Por
desnaturação, entende-se pela perda das características originais da molécula ativa.
A velocidade de uma reação catalisada por uma enzima sofre um aumento com o aumento da
temperatura até um certo ponto e depois a velocidade diminui devido principalmente a desnaturação da
molécula com a perda progressiva dos sítios ativos, ou seja, há uma temperatura na qual a atividade
enzimática é máxima ou ótima para aquelas condições. A figura abaixo ilustra esquematicamente o efeito
da temperatura sobre a atividade enzimática.
Aula 03 – 08/03
Ação das Enzimas: Efeito do pH
O efeito da temperatura pode ser encontrado no item 3.3.5.2. No Shüler.
As enzimas como todas as proteínas são formadas por uma sequência de aminoácidos que
caracterizam a estrutura primária. Tais aminoácidos podem apresentar grupos iônicos que podem estar
carregados positivamente ou negativamente dependendo do pH em que a molécula de enzima encontra-se
dissolvida. Assim, o pH afeta os grupos presentes no sítio ativo e alteram a atividade enzimática pois
haverá uma alteração na configuração tridimensional do sítio ativo, o que irá interferir na atividade
enzimática. Logo, as enzimas são ativas apenas em faixas estreitas de pH e haverá um pH ótimo no qual a
atividade é máxima nas condições determinadas.
Figura 1 - efeito do pH sobre a atividade enzimática: comportamento típico
Ver seção 5.6.1 Biotecnologia Industrial Volume 1;
Ver seção 3.3.5 Shüler.
Existe uma distribuição de carga elétrica na molécula. Temperatura e pH alteram a estrutura da
molécula.
Cabe lembrar que o pH do meio também pode alterar as características do substrato
s se este
possuir grupos ionizáveis.
Outros Fatores que Afetam a Ação das Enzimas
Vimos duas importantes variáveis que afetam a atividade enzimática, porém, além da temperatura e
do pH, outras variáveis devem ser observadas, pois podem provocar alterações
alterações na estrutura da molécula
de enzima e consequentemente alterar a interação enzima-substrato.
enzima substrato. Esses outros fatores são:
a) Forças fluidas como hidrodinâmicas, pressão hidrostática e tensões interfaciais.
b) Presença de agentes químicos.
c) Radiações (ultravioleta, ionizantes, infravermelhos, ultrasônica).
d) Presença de inibidores.
Cinética Enzimática
A cinética das reações enzimáticas é afetada por diversos fatores como pH, temperatura, presença
de substâncias químicas (agentes químicos), etc.
etc. Em termos cinéticos, as enzimas são classificadas em:
a) Enzimas clássicas: é quando a velocidade da reação apresenta uma relação assintótica com a
concentração de substrato, ou seja, obedecem o modelo cinético proposto por Michaelis-Menten.
Michaelis
∙
=
+
b) Enzimas regulatórias: são as demais enzimas que não obedecem a cinética clássica de Michaelis-
Menten. As enzimas regulatórias possuem dois tipos diferentes de sítios: um sítio catalítico (ou sítio ativo)
onde o substrato se liga e um sítio regulatório (não catalítico) onde se liga um regulador. Quando o
regulador se liga na molécula, provoca uma alteração no sítio catalítico o que altera as suas propriedades
cinéticas. Neste caso, o comportamento da velocidade versus a concentração do substrato é sigmoidal
(“S”).
Aula 04 – 10/03
Cinética Enzimática: Modelo Matemático
Um modelo matemático da cinética das reações enzimáticas com um único substrato foi primeiro
desenvolvido por V. C. R. Henri em 1902, e depois por L. Michaelis e M. L. Menten em 1913. A cinética
catalisada por uma enzima e um substrato com um comportamento clássico é conhecida como cinética de
Michaelis-Menten. O desenvolvimento do modelo se baseia no fato de que a solução de enzima tem um
número determinado de sítios ativos (finito) nos quais o substrato poderá se ligar. Nas altas concentrações
de substrato todos os sítios ativos estarão ocupados e dizemos que a enzima está saturada. O modelo
clássico descreve uma cinética de saturação que pode ser obtida a partir de um esquema reacional
simples que envolve a etapa reversível para a formação do complexo enzima-substrato (E.S) e a etapa
dissociativa do complexo E.S.
/
+ . +
Assume-se que a formação do complexo E.S é rápida e que a formação do produto é irreversível. A
taxa de formação do produto P pode ser dada por:
= = 3.
A variação na concentração do complexo E.S pode ser escrita como:
.
= 1 − 2!. − 3.
Como a enzima não é consumida na reação (catalisador), temos:
0 = + .
Michaelis e Menten, considerando um equilíbrio rápido entre enzima e substrato, definiram:
2
= = $
1 .
Como:
= 0 −
Logo:
0
. =
$ +
Km é a constante de dissociação do complexo E.S. Como:
= = 3.
Logo:
0
=
$ +
Foi definido que:
$%& = 30
Logo:
$%& '$.
= =
$ + $ +
v= velocidade da reação
S=concentração do substrato
Vm=velocidade máxima da reação
Km=constante de Michaelis-Menten
A última equação descrita é conhecida como modelo clássico ou modelo de Michaelis-Menten e
ilustra a influência da concentração do substrato sobre a velocidade da reação. Graficamente, o modelo de
Michaelis-Menten pode ser representado:
Figura 2 - Representação gráfica do modelo clássico (M.M) que mostra o efeito da [S] na velocidade da
reação enzimática
Análise do Modelo
Podemos fazer esta análise considerando dois casos:
a) Altas concentrações de substrato. Neste caso, pode-se observar:
≅ $%&
Ou seja, a reação enzimática se comporta como se fosse de ordem zero;
b) Concentrações muito baixas de substrato. Neste caso, a reação se processa como se fosse de
primeira ordem. Ou seja:
≅
Observação 01: a concentração de enzima afeta a velocidade da reação e aumentando-se a
concentração da enzima, aumenta-se proporcionalmente a velocidade máxima da reação.
Observação 02: Km, conhecida como constante de Michaelis-Menten, é um indicativo da afinidade da
enzima pelo substrato, ou seja, quanto menor o Km, menor a afinidade (maiores taxas).
Observação 03: Km corresponde a concentração de substrato na qual a velocidade de reação é metade
da velocidade máxima.
Determinação dos Parâmetros Cinéticos Vmax (Vm) e Km
O modelo obtido é um modelo geral com dois parâmetros cinéticos importantes que são a
velocidade máxima da reação (Vm) e a contante de Michaelis-Menten (Km). Cada enzima e seu substrato
possui valores distintos de Vm e Km. Para que esse modelo tenha utilidade prática e que possa ser
aplicado numa reação particular, torna-se necessário o conhecimento dos mesmos para se resolver a
equação de projeto do reator.
Para se obter estes parâmetros, devemos ter dados experimentais, por exemplo a partir de um
pequeno reator batelada, no qual se adiciona uma quantidade conhecida de substrato [S0] e de enzima
[E0]. A partir do tempo inicial, se acompanha a concentração do produto ou a concentração do substrato
com o transcorrer do tempo, assim, obtém-se a curva P versus t, ou S versus t.
Aula 05 – 15/03
Determinação de Vm e Km
Método 1 – método de Lineweaver-Burk (duplo recíproco)
Neste método toma-se o recíproco de ambos os membros da eq. De Michaelis-Menten de tal modo que
: 1/v versus 1/s apresenta uma relação linear do tipo y=ax+b com coeficiente angular “a=Km/Vm” e
coeficiente linear “b=1/Vm” ou seja:
1 Km 1 1 (01)
= +
v Vm S Vm
Logo com os pares 1/v e 1/s fazemos uma regressão linear e daí tira-se
tira se o coeficiente linear e calcula-se
calcula
Vm e então determina-se Km pois o coeficiente angular obtido na regressão linear também é conhecido.
Esse método 1 deixa as variáveis dependente (v) e independente (S) bem separadas. Os melhores
valores dos dados experimentais nas concentrações mais altas de substrato ou próximos a Vm ficam então
aglomerados próximoss à origem enquanto que os dados com medições menos precisas ficarão dispersos
mais longe da origem e terão um grande peso no cálculo do coeficiente angular. Sendo assim, neste
método Km tem baixa precisão, já Vm tem boa estimativa neste método.
Devido a este fato, outros métodos foram desenvolvidos para se determinar Vm e Km.
S 1 Km (03)
= S +
v Vm Vm
Graficamente:
1/Vm=0,78 Vm=1,33
Km/Vm=2,07.10-2 km=2,76.10-2
2)y=1,2216+2,44.10-2X
Km=2,44E-2
Vm=1,2216
3)1,9846E-2+0,826X=y
Vm= 1,2106
Km=1,40E-2
Aula 06 – 17/03
Cinética Enzimática (continuação)
Obs: (cap. 5 do Fogler – método numérico-pg216-derivada no ponto inicial)
E+I↔EI (02)
A partir desse mecanismo pode-se chegar na seguinte expressão que descreve a reação enzimática
quando um inibidor competitivo está presente no meio reacional.
V mS (03)
v=
I
K m 1 + +S
K i
I (04)
K mAp = K m 1 +
Ki
Vm S (05)
v=
K mAp + S
Graficamente:
Figura 1. Curva com e sem inibidor Michaelis Menten(Sem inibidor I=0(azul);Com inibidor I>0(vermelha))
Nota-se que o inibidor competitivo não altera a velocidade máxima da reação quando comparada
aquela sem inibidor competitivo (I=0).
E+I↔EI↔EIS (07)
ES+I↔EIS (08)
Vmap S Vm (09)
v= onde, Vm =
ap
Km + S I
1 +
Ki
Observando o modelo, nota-se que, o inibidor não competitivo diminui a velocidade máxima da reação e
assim a sua presença no meio reacional sempre dará menores taxas para reação, quando comparada com
a reação sem o inibidor não competitivo.
ES+S↔ES2 (11)
Vm S (12)
v=
S²
K map + S +
K si
Graficamente:
A inibição é dominante nas altas concentrações de substrato e pode-se mostrar que Scritico que é a
concentração de substrato a partir da qual a velocidade começa a diminuir.
Aula 07 – 22/03
(3.34 Shuler – inibição pelo substrato)
Logo, podemos usar um dos métodos de linearização (L.B, H.W. e E.H) e assim se obtém Kmap e vm
2- Para se obter o Ksi, obtém-se dados cinéticos com elevadas concentrações de substrato onde a
inibição é predominante. Neste caso Kmap/S2«1
=
.1 + 1
/0
Assim, linearizando a equação a cima por um dos métodos vistos, e com os pares v e S (S>critico),
obtém-se
Ksi e vm.
Exemplo 1: a hidrólise da uréia pela uréase sofre com um tipo de inibição. Os seguintes dados foram
obtidos para esta reação de hidrólise:
S=0,2M 12
1.v-1 I 0,51 0,00
0,22 0 27
0,33 0,00 0,76 0,00
44
0,88 0,00
61
1,10 0,00
8
1,15 0,00
93
S=0,0
2M
1.v-1 I
0,68 0
1,02 0,0
013
1,5 0,0
022
1,83 0,0
032
2,04 0,0
037
2,72 0,0
044
3,46 0,0
057
a- Determine a constante de MM:
b- Qual tipo de inibidor esta presente?
c- Qual a constante de inibição?
Ex: foram obtidos os seguintes dados cinéticos para uma reação enzimática:
V(E0=0,015 S(g.L- V(E0=0,00875
-1 1)
g.L ) g.L-1)
1,14 20
0,87 10
0,7 6,7
0,59 5
0,50 4,0
0,44 3,3
0,39 2,9
0,35 2,5
Aula 08 – 24/03
Gráfico de LB com inibição de substrato ****** fazer
Projeto de reatores enzimáticos
Como vimos, o modelo mais utilizado para representar a velocidade de uma reação enzimática é o
modelo clássico (ou modelo de MM) ou outros modelos que se baseiam no modelo clássico e que
descrevem situações particulares, como por exemplo fenômenos de inibição.
Assim,basta aplicar a equação da velocidade na equação de projeto do reator e assim resolvendo a
equação de projeto juntamente com a equação da velocidade, nós podemos determinar por exemplo o
tempo para que a reação atinja uma dada conversão ou o volume do reator necessário para produzir uma
certa quantidade de produto.
obtemos:
7
. ln + 87 − 9 = .
Logo, a equação acima nos permite calcular implicitamente o tmepo necessário para que S0 diminua até
um valor de S qualquer. Pode-se escrever em termos de conversão:
1
. ln + 7 & = .
1−&
2- Reatores contínuos agitados (CSTR)
Q=vazão volumétrica(Qe=Q=cte)
Se=[S] na alimentação
Pe=[P] na alimentação (Pe=0)
V=volume reacional (cte)
Aula 09 – 29/03
Reatores enzimáticos (continuação)
-Reatores batelada
1
$. ln = > + ?. @ = '$. A
1−&
-Reatores CSTR
'$ @
= $. = > + !. @
< 1−@
1- Reatores batelada
Neste caso a Equação 1 pode ser reescrita como:
1 1 '$ ?@
. ln = >= −
1−@ $ $.
/I
Esta é uma Equação da reta do tipo y=b-ax, onde y é dado por F . ln .
GH1 e x é , logo . F . ln .
GH1 X
.F
/I J
é uma reta com coeficiente angular -1/km e com coleficiente linear . Assim, com uma regressão linear,
.F
Exercício 3) Utilizando um reator batelada, obter uma equação considerando a desativação enzimática
de primeira ordem.
Aula 10 – 31/03
Modelo cinético para enzimas regulatórias
SE APLICA A DADOS QUE SE COMPORTEM DE FORMA SIGMOIDAL
J /Q K/
= 34/ Q = − KF (1)
3
n= coeficiente de cooperatividade
n>1 cooperatividade positiva
n<1 Cooperatividade negativa
Representação gráfica do modelo (1)
J /Q
Determinação de n: temos = 34/ Q
3
2 /Q
Logo: J =
3 4/
Q
3
Assim:
ln = > = R SR89 − SR8 9
' −
2
Obtêm-se o gráfico linearizado de ln .J 1 versus SR89, obtendo por regressão os parâmetros n e Km.
3 G2
Vimos até o momento a reação enzimática com as enzimas livre, isto é, tais moléculas tinham a
liberdade de se movimentar por todo o volume reacional o que traz algumas desvantagens como por
exemplo a instabilidade, rápida perda da atividade catalítica e também a reutilização já que separá-las do
meio após a reação teria altos custos, logo também teremos a contaminação do produto com as enzimas.
A imobilização de enzimas refere-se a restrição da mobilidade da molécula num dado espaço. A
imobilização de enzimas traz inúmeras vantagens tais como a sua reutilização e eliminação dos processos
de recuperação e purificação da enzima. Também, a imobilização pode fornecer um ambiente melhor para
a atividade enzimática o que pode conferir uma maior estabilidade e faixas mais amplas de pH e
temperatura de ação. Como, as enzimas são caras a reutilização do catalisador será vital em muitos
processos. Com a imobilização a pureza do produto é melhorada e também diminui os problemas com
tratamentos de efluentes, ainda as enzimas imobilizadas poderão sofrer menores interferências de
inibidores ou ativadores.
A enzima livre normalmente é imobilizada em um suporte inerte, como por exemplo vidro poroso, sílica,
entre outros que veremos a seguir. O suporte pode ser também ser chamado de matriz e é onde as
enzimas ficaram “grudadas”. Alem de inerte, ou seja, não podem sofrer decomposição física, química ou
bioquímica nas condições do processo, também devera ser obviamente um suporte insolúvel.
O principal interesse em imobilizar uma enzima é obter um bio catalisador com atividade e estabilidade
que não sejam afetadas durante o processo( não apenas a reação em si mas o bombeamento em si entre
outros) em comparação com sua forma livre. As enzimas também podem ser imobilizadas entre
membranas semipermeáveis, neste caso haverá um processo a aquele que ocorre para as enzimas intra
celulares.
Métodos de imobilização
Os principais métodos de imobilização são ilustrados na figura abaixo, onde temos os dois principais
que são o aprisionamento das moléculas ou a imobilização em superfícies, seja por adsorção das enzimas
ou a imobilização por ligação covalente das moléculas.
Figura(3.16 Shuler, pg 79)
Método de Aprisionamento de Enzimas
O aprisionamento de enzimas consiste no enclausuramento de moléculas de enzima em um pequeno
volume. Neste caso nos temos o aprisionamento em géis ou polímeros e também as moléculas poderão
ficar aprisionadas entre membranas incluindo a micro encapsulação. A imobilização por aprisionamento
pode ser efetuada utilizando materiais poliméricos como por exemplo o alginato de cálcio (cálcio o sódio) o
Agar, k-carragena, géis de poli-acril-amida e colágeno. Neste caso mistura-se uma solução com enzimas
livres e polímero antes que a reação de polimerização seja efetuada, garantindo que as moléculas de
enzimas fiquem aprisionadas na rede polimérica após a reação de polimerização. Também para o
aprisionamento podem ser utilizadas membranas como as de nylon, celulose, polisulfonas e poliacrilatos. É
importante que os poros da membrana sejam capazes de reter as moléculas de enzima que possuem alto
peso molecular, mas que permitam a passagem de compostos com baixo peso molecular como do seu
substrato e produto.
O aprisionamento entre membranas embora possua algumas vantagens da imobilização já
mencionadas também apresenta algumas limitações como por exemplo limitações difusionais e surgimento
de um micro ambiente desfavorável e também muitas das moléculas aprisionadas podem “escapar” para o
ambiente externo contaminando o produto. Para o caso das limitações difusionais (fenômenos intrínsecos
da transferência de massa) deve-se trabalhar o diâmetro da partícula ou o diâmetro do poro.
Aula 11 – 05/04
Imobilização Superficial
As moléculas de enzima podem ser imobilizadas sobre a superfície de materiais que são chamados
de suportes ou matrizes. Temos dois tipos principais de imobilização superficial.
a) Imobilização por adsorção
b) Imobilização por ligações covalentes
Imobilização por Adsorção
A adsorção refere-se á ligação de moléculas de enzimas sobre a superfície de um suporte por
forças fracas, por exemplo, as de Wan der Waals. O sítio ativo da enzima neste caso, da molécula
adsorvida, normalmente não é afetado e a molécula retém a atividade após a adsorção. Uma desvantagem
da imobilização por adsorção é o fenômeno da dessorção das moléculas, principalmente na presença de
forças hidrodinâmicas elevadas ou por alterações no microambiente. Quando o fenômeno da dessorção
das moléculas torna-se um problema, resolve-se promovendo um conjunto de ligações cruzadas (cross-
linking) das moléculas adsorvidas, o que pode estabiliza-las e aprisiona-las sobre a superfície do suporte.
O cross-linking das moléculas pode ser efetuado utilizando-se glutaraldeído. Entretanto, o so do
glutaraldeído poderá desnaturar algumas moléculas.
Dentre os suportes ou matrizes utilizados para adsorver as enzimas temos materiais inorgânicos
como: alumínio, sílica, vidro poroso (CPG), cerâmicas, terra diatomácea, argilas, entre outros. Também
existem matrizes orgânicas formadas por celulose, por exemplo, CMC (carboximetilcelulose) e DEAE
celulose (dietilaminoetil), amido, carvão ativado e resinas de troca iônica comerciais (que foram
otimizadas) como a amberlite, Sephadex e Dowex.
As superfícies destes materiais normalmente precisam passar por um pré tratamento (ativação) que
pode ser químico ou físico para que a mobilização por absorção seja efetuada.
Imobilização por Ligação Covalente
É quando se promove a retenção das moléculas sobre a superfície de um suporte por ligações
covalentes. Isto é efetuado quando certos grupos funcionais tais como grupos amino, carboxílicos,
hidroxilas e sulfidrilas interagem covalentemente com o suporte. Obviamente, tais grupos não podem ser
do sítio ativo.
Para se evitar a perda do sítio ativo da enzima na imobilização covalente promove-se o bloqueio do
sítio ativo utilizando, por exemplo, um inibidor competitivo, que garante proteção ao sítio ativo. O inibidor é
descartável após a inibição covalente. Os grupos funcionais do material suporte são normalmente ativados
utilizando-se reagentes químicos como por exemplo, brometo de cianogênio (ativa grupos hidroxilas), (...).
Os grupos ligantes presentes na molécula de enzima são normalmente os grupos ou resíduos laterais dos
aminoácidos (...) os grupos amino e carboxílico presentes em ambas as extremidades da cadeia
polipeptídica.
Aula 12 – 07/04
O tipo de material suporte mais indicado para uma dada imobilização vai depender da enzima e da
aplicação particular. Os dois principais critérios usados na seleção de um material suporte são:
1. A capacidade ligante do suporte, ou seja, o número de grupos funcionais, a densidade de carga, a
porosidade e hidrofobicidade do suporte.
2. A estabilidade e retenção da atividade enzimática, o qual dependerá dos grupos funcionais do
suporte e das condições microambientais. Se a imobilização provocar alterações conformacionais na
enzima ou se grupos reativos envolvidos na imobilização estiverem no sítio ativo com certeza haverá perda
de atividade. Cabe lembrar que normalmente as moléculas imobilizadas ganham maior estabilidade ou até
mesmo aumento de atividade. Também durante a imobilização a molécula de enzima poderá ter seu sítio
ativo orientado de tal forma que impedirá o acesso do substrato (efeito estéril).
A figura abaixo ilustra algumas consequências da imobilização das enzimas
Aula 14 – 14/04
Processos fermentativos
A maioria dos substratos utilizados nas fermentações industriais é direta ou indiretamente originado de
produtos agrícolas, em geral, os processos de fermentação tem a vantagem de serem versáteis com
relação a matéria prima, adaptando-se como seja conveniente de acordo com a disponibilidade e custo da
matéria prima.
Em geral, a matéria prima para uso industrial deve possuir maior número das seguintes características
desejáveis:
1. Ser o mais barato possível, ou seja, ser de fácil obtenção e exigir pouco o nenhum tratamento
prévio;
2. A matéria prima deve conter o substrato e atender as necessidades nutricionais do micro-
organismo, para que este se desenvolva e produza o produto desejado;
3. Deve auxiliar no controle do processo, ou seja, não causar dificuldades como variações drásticas
no pH ou produção de espuma excessiva;
4. Não provocar problemas na recuperação do produto, por exemplo, possuir alta viscosidade o que
aumenta custos com energia para filtração;
5. A matéria prima deve ser de fácil estocagem e permitir algum tempo de armazenamento a fim de
estarem sempre disponíveis ;
6. Deve ter composição razoavelmente fixa;
7. Não causar dificuldades no tratamento final dos efluentes.
1. Matérias primas amiláceas: o substrato principal é o amido que é um polissacarídeo formado por
moléculas de glicose unidas através de ligações glicosídicas α-1,4. O amido está presente em cereais
como trigo, milho, cevada e arroz, e também em batatas, mandiocas, e outros tubérculos. Todas as
metérias primas amiláceas podem ser utilizadas na obtenção de álcool etílico de qualidade destinado as
indústrias de perfumes e cosméticos, de licores, cervejas, saquês, etc.
2. Matérias primas celulósicas: Neste caso o substrato principal é a celulose, e também é um
polissacarídeo formado por moléculas de glicose unidas por ligação β-1,4. As matérias primas celulósicas
são obtidas dos resíduos agrícolas como cascas de cereais e suas palhas, bagaços de frutas, sabugo de
milho, serragens, e outros resíduos das indústrias madeireiras e de móveis. Também são chamadas
matérias primas lignocelolósicas. Tais matérias primas apresentam baixo teor de nitrogênio e sais
minerais, podem ser utilizadas na produção de proteína unicelular (SCP – Single cell protein) e também na
produção de etanol celulósico que tem ganhado importância nos últimos anos, visto que os resíduos
lignocelulósicos são os mais abundantes no mundo (matéria prima barata).
3. Matéria prima proteica: Neste caso o substrato principal são as proteínas solúveis. Por exemplo, o
sub produto da industrialização do milho, conhecido como milhocina ou água de milho, contém proteínas
solúveis e sais minerais que podem ser utilizados na produção de antibióticos por fermentação , também o
soro do leite é uma matéria prima proteica que além das proteínas solúveis contem a lactose que é um
dissacarídeo composto por glicose mais galactose, que pode ser também um substrato dessa matéria
prima.
4. Matérias primas diversas: Além das anteriores, outras podem ter importância, como por exemplo os
hidrocarbonetos, tanto alifáticos como aromáticos, que podem ser utilizados na produção de compostos
orgânicos oxigenados como gorduras, ésteres, ácido salicílico, álcool, e proteína unicelular, também as
algas e plantas marinhas, que são ricas em glicídios e proteínas podem ser utilizadas na produção de
acetona; também os esteróis encontrados em vegetais superiores, podem ser utilizados na produção de
hormônios, etc.
1. O amido deve ser sacarificado previamente, caso os micro-organismos a serem utilizados não
produzam enzimas, do tipo amilases. A sacarificação do amido consiste na sua hidrólise, liberando
açucares como glicose e maltose. A sacarificação pode ser efetuada por métodos químicos (hidrólise ácida
ou básica) ou por via bioquímica (utilização de enzimas, as amilases). A hidrólise enzimática é a preferida
pois é feita de forma branda e conduz a uma sacarificação limpa do amido evitando problemas de
corrosão comuns na hidrólise ácida e também produz um mosto ruim (mosto é o caldo que será
fermentado). As enzimas amilases existem naturalmente em alguns grãos maltados e também são
produzidas por alguns fungos e bactérias. A amilases de origem vegetal são uma combinação de α e β
amilase, um exemplo é a fabricação da cerveja na qual a cevada germinada (o malte) contem amilases em
grandes proporções que sacarificam o amido do grão liberando açucares utilizados pela levedura na
produção da bebida alcoólica. Dentre os micro-organismos que produzem amilases podem citar o
Aspergilus Níger. Para que o amido seja sacarificado pela enzima é necessário estar disperso numa
solução (amido solúvel), consegue-se isso fazendo o cozimento do amido.
2. Celulose: Os resíduos lignocelulósicos quando hidrolisados fornecem aproximadamente 70% de
monossacarídeos como glicose, frutose, xilose. E aproximadamente 30% de lignina. A lignina atua como
uma barreira para o acesso da enzima a cadeia de celulose, logo, tais resíduos precisam de tratamentos
prévios para remoção da maior parte da lignina, dentre estes temos: o alcalino quando se utiliza NaOH a
cerca de 4% em temperatura elevada ou solução de peróxido de hidrogênio(H2O2) conhecido como
tratamento oxidativo. Também existe o método de explosão por vapor, quando o matéria é submetido a
vapor e altas temperaturas e uma redução rápida na pressão promove uma explosão na cadeia
lignocelulósica, todos estes métodos objetivam expor a cadeia de celulose, tornando-a suscetível ao
ataque enzimático.
Aula 15 – 19/04
Micro-organismos de interesse industrial
Os micro-organismos também devem reunir um conjunto de características, para que seja utilizado
em um processo larga escala. Dentre as características desejadas, temos:
1. Apresentar elevada eficiência na conversão do substrato em produto: a matéria prima pode pesar
significativamente no custo final do produto, logo, o micro-organismo a ser utilizado deverá ser capaz de
converter o substrato no produto de forma eficiente.
2. Permitir o acúmulo do produto no meio: ao transformar o substrato no produto o micro-organismo
deve ter a capacidade de tolerar as mais elevadas concentrações de tal forma a reduzir os custos nas
operações de recuperação, separação e purificação do produto, ou seja, o micro-organismo deverá sofrer
o menos possível com os fenômenos de inibição pelo produto.
3. Não produzir substâncias incompatíveis com o produto: durante o seu crescimento, os micro-
organismos produzem diversas outras substâncias além do desejado e tais substâncias não poderão
interferir negativamente com o produto de interesse, por exemplo, é a produção da glico-amilase por
aspergillus. A glico-amilase é a enzima que hidrolisa o amido, produzindo glicose muito utilizada na
industria de alimentos. Ocorre que alguns micro-organismos produtores de glico-amilase também
produzem a trans-glocosidase, uma enzima que promove a polimerização da glicose, e que não pode mais
se hidrolisada pela glico-amilase.
4. Apresentar constância quanto ao comportamento fisiológico: neste caso, não basta apenas o micro-
organismo ser bom produtor da substância desejada, caso ele não tenha constância desejada, que deverá
se manter durante todas as etapas do processo, ou seja, o micro-organismo deverá ter comportamento
previsível em todas as etapas do processo fermentativo.
5. Não ser patogênico: por razões óbvias os micro-organismos não poderão ser causadores de
doenças exceto nos casos específicos, como vacinas, etc. Neste caso todos os cuidados de manipulação
e isolamento da produção deverão ser observados com critérios rígidos.
6. Não exigir condições de processo muito complexas: a operação de bio-reatores e os controles de
processo desempenham um papel fundamental, logo, os micro-organismos deverão suportar condições de
operação de tais reatores reais, e todos problemas envolvidos com a transferência de massa (de
nutrientes, de oxigênio, etc.), e de transferência de calor.
7. Não exigir meios de culturas caros: Neste caso, a matéria prima deverá sofrer o mínimo de pré-
tratamentos, seja de tratamentos físicos ou químicos, como adição de suplementos e nutrientes.
8. Permitir uma rápida liberação do produto para o meio, obviamente estamos lidando com a cinética
da produção e quanto mais rápida, melhor visto que as operações subsequentes dependem da liberação
do caldo fermentado.