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E L TIEMPO
pie, puesto que el texto mismo sólo ofrece, básicamente, dos moda-
lidades: el relato " i t e r a t i v o - d u r a t i v o " y el relato " e s c é n i c o " ; a ellas
se a ñ a d e el relato "sumario", que aparece en las páginas anteriores
al episodio del ciego. C o n v e n d r á , antes que nada, situar estos tipos
de relato dentro del panorama conceptual elaborado por los teóri-
cos de la literatura que se han ocupado del tiempo narrativo y
explicar brevemente c ó m o concibo tales conceptos a q u í .
Estudiar el funcionamiento del tiempo en una obra narrativa
significa analizar las relaciones que se dan entre el tiempo de la
historia, o sea, la "temporalidad propia del universo evocado" 3 , y
el tiempo del relato*, o sea, la temporalidad que opera dentro del
texto. Para entender esas relaciones se han venido usando, desde la
clásica obra de Percy L u b b o c k 5 , dos conceptos fundamentales, que
se oponen uno al o t r o :
summary / scene.
E L NARRADOR
8 D i s i e n t o de F r i e d m a n c u a n d o dice ( a r t . c i t . , p . 1 1 6 9 ) q u e la p r i n c i p a l
d i f e r e n c i a e n t r e la n a r r a c i ó n r e s u m i d a y la escena es " o f the g e n e r a l - p a r t i c u l a r
t y p e " y cuando, consiguientemente, llama "relato generalizado" al sumario.
N
D U C R O T - T O D O R O V , op. cit., pp. 362 s. Cf. B O O T H , op. cit., pp. 154 s.: "The
contrast b e t w e e n scene a n d s u m m a r y , b e t w e e n s h o w i n g a n d t e l l i n g , is l i k e l y
to be o f l i t t l e use u n t i l we specify the k i n d o f n a r r a t o r w h o is p r o v i d i n g the
scene o r the s u m m a r y " . E l l i b r o de B o o t h ha hecho m u c h o p a r a desvanecer
e l p r e j u i c i a d o i d e a l de la n o v e l a c o m o r e l a t o i m p e r s o n a l e n e l c u a l las cosas
d e b e n "contarse a sí m i s m a s " . Su tesis c e n t r a l es q u e e l n a r r a d o r "is always
NRFH, X X I V TIEMPO Y NARRADOR EN EL "LAZARILLO" 201
LA INTRODUCCIÓN Y LA TRANSICIÓN
L A PRIMERA ESCENA
E l episodio del ciego comienza con una escena, y ésta con tres
referencias pormenorizadas al m o v i m i e n t o por el espacio: " Y así
me f u i para m i amo, que e s p e r á n d o m e estaba. Salimos de Sala-
manca, y llegando al puente. . . " ( 9 6 ) . A h í se detienen. Estamos en
u n p u n t o f i j o . La escena es m u y breve, tan breve en el tiempo de
la historia como en la a m p l i t u d del texto (la indicación " m á s
de tres días me d u r ó el d o l o r " se sale de la escena: es, en el voca-
b u l a r i o de Genette, una prolepsis). Pero en esas catorce líneas se
dan, como en m i n i a t u r a , todos los elementos necesarios para crear
u n efecto de inmediatez, para hacer visible y t a m b i é n audible lo
que ocurre: el lenguaje directo, que ahora es f a m i l i a r y espontáneo;
el desmenuzamiento de la acción en p e q u e ñ o s movimientos.
Salvo por el uso del presente al p r i n c i p i o ("está. . . u n animal
de piedra, que casi tiene forma de t o r o " , 9 6 ) , el narrador no Ínter-
NRFH, XXIV TIEMPO Y NARRADOR EN EL "LAZARILLO" 205
E L RELATO ITERATIVO
m a l m e n t e basta l a a p a r i c i ó n d e l estilo d i r e c t o p a r a p r o d u c i r l a i m p r e s i ó n de
a m b i v a l e n c i a aspectual. Podemos a d u c i r e l pasaje i n i c i a l d e l r e l a t o i t e r a t i v o :
" y c o m o m e viese de b u e n i n g e n i o , h o l g á b a s e m u c h o y d e c í a : « Y o o r o n i
p l a t a n o te i o p u e d o d a r . . . » " ( 9 7 ) ; o e l q u e sigue a la escena d e l j a r r a z o :
" Y si a l g u n o le d e c í a p o r q u é m e t r a t a b a t a n m a l , l u e g o c o n t a b a el c u e n t o
d e l j a r r o , d i c i e n d o : « ¿ P e n s a r é i s q u e este m i m o z o es a j g ú n inocente? Pues
o í d si e l d e m o n i o ensayara o t r a t a l h a z a ñ a » . S a n t i g u á n d o s e ios q u e l o o í a n ,
d e c í a n : « ¡ M i r á q u i é n pensara de u a m u c h a c h o t a n p e q u e ñ o t a l r u i n d a d ! »
Y r e í a n m u c h o e l a r t i t i c i o , y d e c í a n l e : « C a s t i g a l d o , castigaido, q u e de D i o s
l o h a b r é i s » " (102 s.). H a y , e n e l Lazarillo, o t r o s m u c h o s pasajes de este t i p o .
i » U n e j e m p l o : " . . . « ¡ P o r esta s e ñ a l de cruz!, ¡ P a r a l a v i r g e n Santa M a r í a ! ,
¡ P o r D i o s t o d o p o d e r o s o ! , ¡ P a r a los santos de D i o s ! , ¡ P a r a la p a s i ó n de D i o s ! ,
¡ P o r D i o s v i v o v e r d a d e r o ! » " (ed. M . P e n n a , T o r i n o , s i . , p . 1 0 3 ) .
210 MARGIT FRENK ALATORRE NRFH, XXIV
L A ESCENA DE L A LONGANIZA
20 H a y t a m b i é n u n salto t e m á t i c o , q u e nos l l e v a a l a d e s c r i p c i ó n i n i c i a l
d e l ciego, d o n d e e l n a r r a d o r ( d i r i g i é n d o s e i g u a l m e n t e a V u e s t r a M e r c e d )
h a b l a de la astucia d e l ciego: " V u e s t r a M e r c e d sepa q u e desde q u e D i o s crió
e l m u n d o , n i n g u n o f o r m ó m á s astuto n i sagaz" ( 9 7 ) .
NRFH, XXIV TIEMPO Y NARRADOR EN EL "LAZARILLO" 211
23 E n e l e p i s o d i o d e l c l é r i g o , y m á s a ú n e n el d e l escudero, m a r c a r á r i -
g u r o s a m e n t e e l paso d e l t i e m p o ( p o r d í a s e n el p r i m e r o , p o r tajadas de horas
e n e l segundo) y c o n f e r i r á a l espacio u n n o t a b l e r e l i e v e .
si Es curiosa esta c o i n c i d e n c i a de los f i n a l e s : e l ciego se ríe tras la "cor-
n a d a " ( 9 6 ) , la g e n t e celebra c o n risas " e l a r t i f i c i o " d e l j a r r a z o ( 1 0 3 ) , pre-
ciosamente "se r í e e n t r e s í " e l m u c h a c h o c u a n d o e l astuto ciego descubre q u e
h a c o m i d o las uvas de tres en tres ( 1 0 6 ) , y la risa de los vecinos i n u n d a e l
m e s ó n c u a n d o el ciego c u e n t a los "desastres" de su m o z o ( 1 0 9 ) y hace su
s a r c á s t i c a p r o f e c í a d e l v i n o ( 1 1 0 ) . A l t e r m i n a r el e p i s o d i o h a y g e n t e , p e r o
n o risa; s e g ú n e l o r d e n de los r i e n t e s (1 el ciego, 2 la gente, 3 L á z a r o , 4 la
g e n t e ) , a q u i e n le tocaba r e í r s e a h o r a era a l c i e g o . . .
25 Cf. B A T A I L L O N , op. cit., p. 4 0 . H a y t a m b i é n , en la ú l t i m a escena, u n a
a n a l o g í a c o n el pasaje q u e sigue a la escena i n i c i a l : " C o m e n z a m o s n u e s t r o
c a m i n o . . ., y como me viese de buen ingenio, holgábase mucho y decía: «Yo
o r o n i p l a t a n o te l o p u e d o d a r ; mas avisos para v i v i r , m u c h o s te m o s t r a r é "
( 9 6 s.) : a l f i n a l el ciego acoge c o n b e n e p l á c i t o el funesto consejo de saltar
" e l a r r o y o " : " P a r e s c i ó l e b u e n consejo, y d i j o : «Discreto eres, por esto te
quiero bien»" ( 1 1 1 ) . ¿ S e r í a consciente e l a u t o r de q u e L á z a r o estaba con-
testando a aquellos "avisos p a r a v i v i r " c o n u n consejo p a r a m o r i r ? ; Y h a b r á
u n a c o r r e s p o n d e n c i a d e l i b e r a d a e n t r e " s i e n d o ciego, m e a l u m b r ó . . . " ( 9 7 ) y
" D i o s le c e g ó a q u e l l a h o r a el e n t e n d i m i e n t o " ( 1 1 1 ) ?
214 MARGIT FRENK ALA TORRE NRFH, XXIV
2
e H a y , a su vez, u n curioso p a r a l e l i s m o e n t r e esta p a r e j a de escenas y l a
otra. E n los dos casos la p r i m e r a escena es m u c h o m á s breve; la segunda
repite los m i s m o s m o t i v o s , p e r o en f o r m a n o t a b l e m e n t e a m p l i a d a .
27 M . R . L I D A D E M A L K I E L , " F u n c i ó n d e l c u e n t o p o p u l a r e n el Lazarillo
de Tormes", CH ( 1 ) , pp. 349-359 (la cita, p. 3 5 3 ) ; FERNANDO LÁZARO, pp. 119
y 1 1 8 ; F R A N C I S C O R I C O , La novela picaresca y el punto de vista, Barcelona,
1 9 7 0 , p p . 2 8 s. [ a b r e v i o R i c o 1 9 7 0 ] .
28 Op. cit., p p . 2 2 , 2 3 .
2'J "Parece n o haberse a d v e r t i d o el i n d i c i o de q u e sean tres, justamente, los
episodios - l o s a m o s - e n q u e e l escritor ha a p l i c a d o u n esfuerzo c o n s t r u c t i v o
m a y o r " ( p . 9 9 ) . R e m i t e a A x e l O l r i k y observa que si es " e l ciego q u i e n
e j e r c e r á u n i n f l u j o m á s decisivo sobre L á z a r o " , esto corresponde a o t r a ley
é p i c a : el p r i m e r o de los tres elementos es e l m á s i m p o r t a n t e " ( p p . 1 0 1 s.) .
T a m b i é n esta o t r a l e y f u n c i o n a en nuestras tres escenas, puesto que l a d e l
jarrazo, como ha o b s e r v a d o el p r o p i o F e r n a n d o L á z a r o ( p . 1 1 7 ) , tiene " u n
v a l o r f u n d a m e n t a l " , a l desencadenar e l o d i o , " l a g u e r r a sorda entre los dos"
(cf. M a r í a Rosa L i d a , a r t . cit., p . 3 5 3 ) . Francisco R i c o ha r e c o n o c i d o e n e l
e p i s o d i o " c i n c o m o t i v o s p r i m o r d i a l e s " : [ 1 ] calabazada de L á z a r o , [ 2 ] "las
argucias p a r a beberle el v i n o a su a m o y el j a r r a z o c o n q u e las paga", [ 3 ]
uvas, [ 4 ] l o n g a n i z a , [ 5 ] topetazo d e l ciego ( R i c o 1 9 7 0 , p . 2 0 ) . Reconoce asi-
m i s m o q u e [l] y [ 5 ] " s o n cara y cruz de u n a sola m o n e d a " y q u e [ 2 ] y [ 4 ]
" r e p i t e n u n m i s m o e s q u e m a " . S ó l o f a l t ó ver q u e [ 3 ] si tiene, d e n t r o de ese
c o n j u n t o , " u n a m i s i ó n e s t r u c t u r a l d e f i n i d a " (y separar e n [ 2 ] , p o r la dife-
r e n c i a de t é c n i c a n a r r a t i v a , las argucias p a r a r o b a r v i n o d e l " j a r r a z o con
q u e las p a g a " ) .
NRFH, XXIV TIEMPO Y NARRADOR EN EL "LAZARILLO" 215
. . .con toda su fuerza, alzando con dos manos aquel dulce y amar-
go jarro, le dejó caer sobre m i boca, ayudándose, como digo, con
todo su poder, de manera que el pobre Lázaro, que de nada desto
se guardaba, antes, como otras veces, estaba descuidado y gozoso, ver-
daderamente me pareció que el cielo, con todo lo que en él hay,
me había caído encima (101).
El pasaje es interesantísimo. E n el m o m e n t o m á s d r a m á t i c o d e l
relato, el L á z a r o narrador se entrega con tal intensidad a la evo-
cación, eme se olvida de sí m i s m o e invade el texto, hablando, con
su voz de narrador, del L á z a r o protagonista, como de una tercera
persona. Se crea así una distancia, entre humorística y t r á g i c a 3 3 , y
se percibe el desmayo de L á z a r o como una verdadera ausencia
suya, ausencia instantánea, pues en seguida se recupera, con u n
violento anacoluto, la ley del relato autobiográfico.
E L NARRADOR OMNISCIENTE
El C o l e g i o de M é x i c o .