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A Constituição Federal em seu art.

7º garante à mãe trabalhadora o direito de,


após o nascimento de seu filho, requerer licença de 120 dias de afastamento do
trabalho, sem prejuízo do seu salário. A mãe trabalhadora ainda tem
assegurado o direito a berçário ou creche nos locais de trabalho,
sempre que a empresa tiver trinta ou mais mulheres trabalhando. (CLT,
art.400).
Em contrapartida o art. 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente e o
art.208 da Constituição Federal asseguram o atendimento em creche e em pré-
escola às crianças de 0 a 6 anos de idade.
Nesse viés, observamos que o direito de ambos se entrelaça, pois garantir o
direito de acesso à creche às crianças cujas mães sejam trabalhadoras auxilia o
desenvolvimento profissional da genitora.

A forma como este direito deve ser garantido se confunde no momento de


classificar a creche como possível direito social das mães ou como início da vida
escolar da criança. E erroneamente a maioria de nós ainda possui a visão de que
somente a mãe trabalhadora tem direito a uma vaga para seu filho na creche.

Temos fatores que dificultam o acesso das crianças pequenas à Educação


Infantil, dos quais citamos: a dificuldade de encontrar uma vaga nas escolas
públicas, a distância entre o domicílio e a instituição pleiteada, a qualidade dos
serviços oferecidos pelo município, entre outros. Em relação ao déficit de vagas,
podemos afirmar que a demanda vai muito além das longas listas de espera que
se formam nas unidades públicas, pois, frequentemente, os pais ou responsáveis,
ao terem conhecimento das grandes listas de espera e da inexistência de vagas,
desistem de inserir o nome da criança na lista e passam a buscar novas
alternativas.

Outro fator que inibe o ingresso da criança nos serviços de Educação Infantil é a
visão estereotipada da creche como um lugar de abandono e falta de cuidado,
destinada somente às “crianças carentes”, cujos pais não têm condições
financeiras de mantê-la em casa aos cuidados de uma babá ou de um familiar.
É preciso compreender que a creche é um lugar de aprendizagem, cuidado,
brincadeiras e socialização com outras crianças, e embora não seja uma
obrigação dos pais matricular a criança de 0 a 3 anos na creche, esta deve ser
uma escolha da família e não uma decisão motivada pela falta de vagas ou por
falta de qualidade do serviço. Por outro lado, a lei prevê que é obrigação do
município garantir a vaga em creche sempre que houver a manifestação do
interesse em matricular a criança e o não atendimento deste direito constitui
violação do direito à educação.

A maioria das crenças que atribuem à creche a visão estereotipada de local para
“guardar” as crianças enquanto suas mães trabalham derivam do
desconhecimento da organização espaço-tempo e das funções cuidar-educar que
as creches assumem.

Historicamente, a origem da creche remonta ao Século XVIII, na Europa, com


objetivo assistencial. Suas ações eram destinadas ao abrigo e à proteção de
crianças desfavorecidas. Segundo Kishimoto (1998), no Brasil a creche surge a
partir do Século XIX, também com função assistencial. Com objetivo de
minimizar o alto índice de mortalidade infantil, sua finalidade principal era
proporcionar cuidados de higiene, alimentação e proteção para crianças
oriundas de famílias de baixa renda.
Com o processo de industrialização, na segunda metade do Século XIX, com a
inserção da mulher no mercado de trabalho e com o processo de urbanização, o
atendimento em creche foi ampliado, não só, para atender aos filhos das mães
trabalhadoras que não tinham com quem deixá-los enquanto trabalhavam, mas
também, para garantir a qualidade da mão de obra, especialmente porque as
creches passaram a ser algo vantajoso para os empresários, pois, mais satisfeitas,
as mães operárias produziam melhor. Assim, a creche é justificada não por
objetivos relacionados ao desenvolvimento da criança, mas aos relacionados às
necessidades das famílias, especialmente às das mães de contarem com apoio no
cuidado e na educação dos filhos pequenos.

Além da industrialização e consequentemente das mudanças no papel que a


mulher desempenha na família, a produção do conhecimento, acerca das
necessidades e potencialidades da criança, vem contribuindo para que, além das
necessidades da família, em particular das mães, se considere também as
necessidades das crianças, pois, mesmo pequenas, elas são sujeitos de educação
e cuidado em instituições com essa finalidade.

O movimento de mulheres nos anos 1970, reivindicando creches, foi


fundamental para o surgimento da creche como instituição, com a função de
cuidar e educar as crianças (Oliveira, 1999). Como instituição, ela representa um
bem, um direito da criança e do trabalhador, uma conquista da sociedade civil
organizada com a finalidade de promover o desenvolvimento infantil,
especialmente quanto às suas necessidades e competências educativas. Esse fato
teve como consequência a procura por creche tanto pelas mães trabalhadoras
como pelas que não trabalhavam fora, pois essas contavam com poucos recursos
no espaço doméstico para garantir a socialização da criança.

Com esta nova identidade, qual seja de cuidar e educar, a creche já não é mais
concebida como um lugar de guarda para o filho de mães trabalhadoras ou como
substituta delas. As crianças que a frequentam são sujeitos em desenvolvimento
que, independentemente de sua origem socioeconômica, compartilham
experiências em instituições coletivas, em ambientes que precisam ser
organizados, com a supervisão e cuidado de profissionais habilitados a
proporcionar-lhes experiências diversas que favoreçam o seu desenvolvimento
(Rosemberg, 1995).

Do ponto de vista financeiro, vale resgatar brevemente a história do atendimento


em creches e pré-escolas no Brasil, cuja fase inicial foi marcada pela atuação da
área da Assistência Social, com a criação do Projeto Casulo pela antiga LBA –
Legião Brasileira de Assistência, na década de 1970.

Essa iniciativa propiciou significativa expansão do atendimento, especialmente


em creches, em todo o país. A LBA foi extinta em 1995 e a partir de 1996, essa
ação foi assumida pela, então, SEAS – Secretaria de Estado de Assistência Social,
sob a denominação de “Programa Creche Manutenção”.

Nos fundamentos legais, conforme citado anteriormente, a Constituição


Federal de 1988, em seu artigo 208, inciso IV, determina que o dever do Estado
para com a educação da criança de 0 a 6 anos será efetivado mediante a garantia
de atendimento em creches e pré-escolas, apontando o caráter educacional
desses estabelecimentos.
O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei 8.069, de 13 de julho de
1990, em seu artigo 54, reafirma o dever do Estado em assegurar atendimento,
em creche e pré-escola, às crianças de zero a seis anos de idade.
No âmbito da educação, a Lei de Diretrizes e Bases da Educacao Nacional –LDB,
Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, reitera o dever constitucional do Estado
com a educação infantil (art. 4º) definindo-a como a primeira etapa da educação
básica, devendo ser oferecida em creches ou entidades equivalentes, para
crianças de até três anos de idade e em pré-escolas para crianças de 4 a 6 anos de
idade (art. 30).
Ao tratar da Organização da Educação Nacional (art. 11), a LDB define que a
educação infantil é atribuição do município e que a ele compete: autorizar;
credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino.
Com base nos marcos legais elencados, verifica-se que a educação infantil
integra o sistema de ensino, sendo um dever do Estado e organiza-se segundo
normas do Sistema Educacional vigente. Portanto, precisamos ter bem claro que
a oferta de vagas em creches e escolas de educação infantil pública não se trata
de um favor, mas sim um direito de todas as crianças de 0 a 6 anos. E é
preciso que este problema tenha visibilidade social, pois somente através do
reconhecimento desta demanda serão mobilizados esforços e recursos para a
ampliação do atendimento à Educação Infantil com qualidade.

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