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SILVA, Sérgio.

Expansão e Origens da
Indústria no Brasil. Oitava edição. São Paulo,
Editora Alfa Ômega, 2001.
Resenhado por Thiago Silveira*

O livro “Expansão Cafeeira e Origens da Industrialização no Brasil” (1976)


é a primeira obra de Sérgio Silva, que fez seus estudos universitários em Paris, na
França, e retornou ao Brasil em 1973, passando a lecionar no Departamento de
Economia da Escola de Administração da FGV, em São Paulo. Posteriormente,
Silva passa a lecionar no departamento de economia da Universidade Estadual de
Campinas.
Partindo de uma abordagem de cunho marxista, o autor divide seu livro em
quatro capítulos, a fim de explicar “as origens da industrialização no Brasil através
do exame da economia cafeeira” (SILVA, 1994, p. 11). Em sua obra, o autor não se
atém somente aos fatores históricos para explicar o fenômeno da industrialização no
Brasil, nem se foca somente nas consequências da industrialização – como muitos
autores fazem –, mas faz uma análise “técnico-paradigmática” no que tange à indús-
tria, ao desenvolvimento da mesma e a seus aspectos e obstáculos, utilizando-se de
estudos empíricos para comprovar suas teses. Diferentemente de Celso Furtado
(2009) e Maria da Conceição Tavares (1972), que fazem uma análise muito mais
‘‘macro-ideológica” no que diz respeito à industrialização, focando-se nas conse-
quências da mesma e deixando de lado as análises mais microindustriais e técnicas.

* Graduando do 7º semestre de Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFR-
GS). E-mail:
Resenha: Expansão e Origens da Indústria no Brasil

Logo no começo do livro, Sérgio Silva analisa o período anterior ao século


XX, deixando claro que tentará trazer laços e correlações entre a industrialização
brasileira e a transição capitalista no Brasil. A primeira é caracterizada como o
resultado muito complexo de um sistema de contradições sociais e capitalistas,
representando uma ruptura com o passado, que é consequência de um contexto
de lutas sociais, econômicas, políticas e ideológicas. Neste aspecto, cabe ressalvar
as semelhanças com as teses de João Manuel Cardoso de Mello (2009), precursor
do livro e da teoria do “Capitalismo Tardio” como uma das teorias explicativas
da industrialização brasileira. Segundo Mello, a industrialização no Brasil seria a
simples consequência dos desdobramentos do capitalismo tardio no país.
Sérgio Silva também explica a importância da economia cafeeira como o
centro de acumulação do capital no Brasil em finais do século XIX, bem como
salienta como se formaram as bases para a formulação da indústria e o desenvolvi-
mento do capitalismo no Brasil neste contexto. Desta forma, o grande avanço da
economia cafeeira pela região paulista, deslocando o centro econômico de decisão
para a província de São Paulo, teve como significado tornar aquela produção o
centro dinâmico do desenvolvimento capitalista no Brasil. Na medida em que o
trabalho assalariado substituiu o trabalho escravo, a produção tornou-se muito mais
mecanizada, determinando a construção de uma malha ferroviária que ajudou no
desenvolvimento comercial e financeiro do país.
Nesse ponto, não somente podemos citar Celso Furtado e Maria da Conceição
Tavares como teorizadores e adeptos de tais pontos, mas também, de novo, Mello,
que em seu livro “O Capitalismo Tardio” faz uma análise bem convincente e
mostra a importância da transição para o trabalho assalariado no desenvolvimento
do capitalismo e, consequentemente, da indústria no Brasil. Portanto, segundo o
autor, “é na região do café que o desenvolvimento das relações capitalistas é mais
acelerado e é aí que se encontra a maior parte da indústria nascente brasileira”
(SILVA, 1994, p. 11). Importante notar neste ponto a semelhança que se tem
com as teses de Celso Furtado no seu clássico “Formação Econômica do Brasil”,
que também afirma que foi a economia cafeeira (mais precisamente a política de
defesa do café) que lançaram as bases para o desenvolvimento industrial no Brasil.

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REVISTA PERSPECTIVA

O setor externo, na visão de Sérgio Silva, é um dos motores da industria-


lização brasileira: o crescimento do comércio internacional (na metade do século
XIX) influenciou o desenvolvimento do capitalismo em países como o Brasil,
criando condições favoráveis ao desenvolvimento econômico e ao crescimento da
indústria. Além disso, a existência de um mercado mundial e seu desenvolvimento
constituem condições históricas para a transformação das relações econômicas
internacionais no final do século XIX. Entretanto, com o passar do tempo, o
comércio mercantil deixa de ter tanta importância, dando lugar ao comércio de
capital, que passaria então a ser o organizador das relações sociais. Ainda no que
tange ao setor externo, o autor afirma que, graças às possibilidades de importação
de equipamentos modernos, o capital industrial brasileiro pôde saltar etapas do
processo de industrialização e, desde o início, adotar técnicas avançadas, garantindo
assim uma rentabilidade elevada, em contraste com a baixa produtividade média
do restante da indústria nacional.
Além dos aspectos já citados, é importante salientar a ênfase de Silva sobre
o desenvolvimento “tardio” do capitalismo brasileiro. Segundo o autor, até meados
do século XIX, o Brasil ainda passava por relações pré-capitalistas. Desta forma,
a industrialização no Brasil, que seria uma transição na justaposição dos modos
de produção, ensejaria essa mudança para uma economia capitalista, alterando o
aspecto de suas relações internacionais e comerciais. Neste sentido, torna-se nítida
a visão teórica do autor sobre a indústria brasileira: a do “capitalismo tardio” como
a principal causa da industrialização no Brasil.
Igualmente, Silva afirma que as relações entre comércio exterior e economia
cafeeira, de um lado, e a indústria nascente, de outro, implicam, ao mesmo tempo,
uma unidade e uma contradição. A unidade estaria no fato de que o desenvolvimento
capitalista baseado na expansão cafeeira provocaria o nascimento da indústria e de
uma possível burguesia industrial, seguido de relativo desenvolvimento. A contra-
dição, por sua vez, estaria nos limites impostos ao desenvolvimento via própria
posição dominante da economia cafeeira na acumulação de capital. É possível fazer
aqui um paralelo com as teses de Maria da Conceição Tavares (1972) que tratam
do Processo de Substituição de Importações no Brasil: segundo a autora, com o
tempo, ele iria começar a limitar-se e chegaria, então, a um estrangulamento.

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Resenha: Expansão e Origens da Indústria no Brasil

Portanto, ao longo do livro, é notável o caráter marxista da maioria das


análises que o autor faz, sempre tratando dos modos de produção e de seus deten-
tores, retratando pequenos detalhes e até mesmo dados empíricos para comprovar
sua tese. Ademais, embora seja nítido o grande diálogo que o autor tem com as
teorias do “Capitalismo Tardio” como preconizador da indústria no Brasil, é
interessante perceber o diálogo que a obra também faz com outras teorias – até
mesmo antagônicas –, mostrando que a economia brasileira e o desenvolvimento
industrial do país não podem ser explicados de forma binária.

Referências
TAVARES, Maria da Conceição. Auge e declínio do processo de substituição de
importações no Brasil. In: TAVARES, Maria da Conceição. Da substituição de
importações ao capitalismo financeiro: Ensaios sobre Economia Brasileira. Rio de
Janeiro: Zahar, 1972. p. 29-124.

MELLO, João Manoel Cardoso de. O capitalismo tardio. 8. ed. São Paulo: Unesp,
2009.

CELSO, Furtado. Formação Econômica do Brasil. 34. ed. São Paulo: Cia. Das
Letras, 2007. 300 p.

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