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RODADA 01
Conteúdo Demonstrativo
Sumário
3. QUESTÕES ..........................................................................................................107
3.1 PROCESSO CIVIL ........................................................................................108
3.1.2 GABARITO ..........................................................................................110
3.2 DIREITO PENAL.............................................................................................111
3.2.1 GABARITO ..........................................................................................113
3.2.2 QUESTÕES EXTRAS..............................................................................114
3.2.3 GABARITO ..........................................................................................121
DIREITO PENAL 3
Teoria Geral das Penas (ponto 6);
Crimes contra a Ordem Tributária (ponto 10).
As úl mas provas do TRF3 sobre Processo Civil foram baseadas na legislação (lei seca) e
doutrina, poucas questões sobre jurisprudência. O que tende a se manter, devido ao novo CPC
que ainda não tem tanta controvérsia jurisprudencial como nha o CPC/73. Temas recorrentes:
processo de execução, execução fiscal, embargos à execução, competência, intervenção de
terceiros.
Nos concursos para carreira da Magistratura Federal, cujas provas foram aplicadas
após a vigência do NCPC, verificamos a presença dos seguintes temas: negócios processuais,
tutela provisória, provas, da sentença e coisa julgada, sistema de precedentes, ações cole vas e
de improbidade e juizado especial federal.
Nessa rodada trataremos do tema: Tutela Provisória.
TUTELAS PROVISÓRIAS
INTRODUÇÃO
Tutela Defini va: Há cognição exauriente. Pode ser sa sfa va ou cautelar. A tutela defini va
sa sfa va é aquela que visa cer ficar e/ou efe var direito material. A tutela defini va cautelar
tem cunho assecuratório, com o fim de conservar o direito afirmado.
Tutela Provisória: Há cognição sumária. O juízo que se faz é de probabilidade. Não é defini va
porque pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo.
Qualquer tutela defini va pode ser concedida provisoriamente. As espécies de tutela defini va
são, por isso, as espécies de tutela provisória: sa sfa va ou cautelar. Além disso, a tutela
provisória pode ser de urgência ou de evidência.
ð Com o NCPC, não se u lizará mais medida cautelar para atribuir efeito suspensivo aos
recursos especiais e extraordinários, nos termos do ar go 1.029, §5º, do CPC/2015.
IMPORTANTE!
O juízo incompetente poderá determinar a providência urgente, necessária para afastar o risco
imediato, determinando em seguida a remessa dos autos ao juízo competente, a quem caberá
dar prosseguimento ao processo, podendo inclusive revogar a decisão anterior.
Art. 64, § 4º, CPC/2015: Salvo decisão judicial em sen do contrário, conservar-se-ão
os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida,
se for o caso, pelo juízo competente.
TUTELA DE URGÊNCIA
Espécies:
Exceção à regra da oi va prévia das partes. Art. 9º, NCPC: Não se proferirá decisão contra uma
das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se
aplica: I - à tutela provisória de urgência.
A origem da palavra liminar é da expressão “in limini li s”, ou seja, algo concedido antes
de ouvir o réu, no início da lide.
Relacionam-se, pois, com o momento do processo em que são concedidas as tutelas
provisórias. Assim, as liminares se referem à concessão de tutelas provisórias no início do
processo. Segundo a doutrina são liminares as tutelas provisórias concedidas até a fase
postulatória/resposta do réu. Corroborando com este entendimento o art. 300, § 2º do NCPC,
prevê que a tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após jus ficação prévia. O
mesmo se diga do art. 311, parágrafo único do NCPC, que prevê ser possível a concessão liminar
da tutela da evidência prevista nos incisos II e III do art. 311 do mesmo diploma legal.
Dessa forma, é possível encontrar liminares antecipatórias de tutela, cautelares e de
evidência. Entretanto, estas não se confundem com o conceito de liminares, que se refere ao
momento processual de concessão das respec vas tutelas provisórias.
Alguns doutrinadores dizem que além deste significado (momento do processo em que são
concedidas as tutelas provisórias) as liminares, em momento anterior à adoção da tutela
antecipada pelo nosso sistema processual, eram consideradas uma espécie de tutela de urgência,
sendo a única forma prevista em lei para a obtenção de uma tutela de urgência sa sfa va. Nesses
termos, sempre que prevista expressamente um determinado procedimento, o termo “liminar”
assume a condição de espécie de tutela de urgência sa sfa va específica.
ð Fungibilidade:
OBSERVAÇÃO!
Alexandre Câmara prefere não u lizar a expressão fungibilidade nessa temá ca. Ele fala em
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“conver bilidade”. Segundo ele, não seria o simples aproveitamento de uma pela outra, mas
sim a verdadeira conversão de uma em outra.
Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento
cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preven va, toda vez
que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de
segurança, em virtude de vedação legal.
§ 1º Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua
Além das hipóteses acima, a Lei nº 8036/90, traz mais uma vedação à concessão de
tutela de urgência cautelar ou sa sfa va:
A Lei 2.770/56 veda a concessão de tutela provisória para a liberação de mercadoria que
foi apreendida provindo do exterior. Neste sen do, vide STJ:
O mesmo CTN traz uma regra que proíbe a medida liminar (qualquer uma), nos termos
do ar go 170-A, CTN, que veda a concessão de liminar para a compensação tributária.
Súmula 212, STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser deferida por
medida liminar.
ð Responsabilidade Obje va
Na Jus ça Federal, tanto STJ, STF e TNU pacificaram o entendimento de que o bene cio
previdenciário recebido por força de tutela antecipada deve ser devolvido. Fundamentos:
cognição sumária, reversibilidade da medida, evitar o enriquecimento ilícito, ar go 115, II, da
lei nº. 8.213/91 prevê a repe ção.
Liquidação e execução
Ocorrida uma das hipóteses do art. 302 do Novo CPC no caso concreto, o requerido
poderá cobrar do beneficiário da tutela provisória todos os danos suportados em razão da sua
efe vação. Será liquidada nos autos em que a medida ver sido concedida, dispensando-se o
processo autônomo de liquidação. A liquidação servirá, como todas as outras, para a fixação do
quantum debeatur.
OBSERVAÇÃO!
Enunciado 143, FPPC. (art. 300, caput) “A redação do art. 300, caput, superou a dis nção entre
os requisitos da concessão para a tutela cautelar e para a tutela sa sfa va de urgência, erigindo
a probabilidade e o perigo na demora a requisitos comuns para a prestação de ambas as
tutelas de forma antecipada.” (Grupo: Tutela Antecipada)
OBSERVAÇÃO!
Enunciado 498 do FPPC: (art. 297, parágrafo único; art. 300, §1º; art. 521) A possibilidade de
dispensa de caução para a concessão de tutela provisória de urgência, prevista no art. 300,
§1º, deve ser avaliada à luz das hipóteses do art. 521.
Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em
que:
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem;
II - o credor demonstrar situação de necessidade;
III – pender o agravo do art. 1.042; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida es ver em consonância com súmula da
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Jus ça ou em
conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repe vos.
Parágrafo único. A exigência de caução será man da quando da dispensa possa
resultar manifesto risco de grave dano de di cil ou incerta reparação.
Observe-se que o requerimento da tutela de urgência pode ser formulado pelo autor,
pelo réu (em ações dúplices ou na reconvenção), pelo Ministério Público (parte ou assistente de
incapazes, mas não como fiscal da ordem jurídica, segundo Fredie Didier), pelo subs tuto
processual e por terceiros intervenientes. Até mesmo o assistente simples pode fazê-lo,
condicionando-se, entretanto, à vontade do assis do. Para Fredie, o réu também pode requerer
a antecipação dos efeitos da tutela (declaratória nega va do direito do autor) em contestação
de demanda não dúplice.
ATENÇÃO!
Nos Juizados Especiais Federais cabe a aplicação da tutela antecipada de o cio pelo juiz,
inclusive em sentença.
Do procedimento da tutela cautelar requerida em caráter antecedente (art. 305 a 310 do NCPC)
Alguns autores entendem que o procedimento pode ser dividido em duas fases dis ntas:
Na fase preliminar: (1) Pe ção inicial simples: (i) indicação da lide e de seu fundamento
(causa de pedir e pedidos principais); (ii) exposição sumária do direito que se obje va assegurar
e de sua probabilidade, bem como o perigo de dano ou risco ao resultado ú l ao processo (
fumus boni iuris + periculum in mora); e (iii) indicação do valor da causa, conforme o pedido
principal, para o cálculo das custas. (2) Fungibilidade: Se a medida adequada for a tutela
antecipada, ocorrerá a fungibilidade/conversibilidade. Sendo, porém, adequada a tutela
cautelar, (3) o réu será citado para contestar o pedido em cinco dias, podendo indicar provas.
Do procedimento da tutela antecipada requerida em caráter antecedente (Ar gos 303 e 304,
do CPC/2015)
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Hipóteses
(i) Estabilização pela não interposição do recurso (art. 304): Concedida a tutela
antecipada antecedente, se não houver a interposição de recurso, o processo será ex nto sem
resolução de mérito e a tutela antecipada se estabilizará. Para o réu, pode ser interessante não 18
recorrer da tutela antecipada antecedente: ele não paga custas (aplicação analógica do art. 701,
§1º do NCPC) e paga honorários baixíssimos – de 5% - por sucumbência (aplicação analógica do
art. 701, caput, NCPC).
(ii) Estabilização por negócio jurídico processual: Enunciado 32, FPPC. (art. 304) Além da
hipótese prevista no art. 304, é possível a estabilização expressamente negociada da tutela
antecipada de urgência antecedente. (Grupo: Tutela Antecipada; redação revista no V FPPC-
Vitória)
Inexistência de coisa julgada: A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas
a estabilidade dos respec vos efeitos só será afastada por ação revisional que deverá ser
proposta no prazo de 2 anos (ar go 304, §6º, do CPC/2015).
Há divergência sobre ocorrência de coisa julgada material após o decurso do prazo de
dois anos para propositura da ação revisional:
1º. Corrente: Não há coisa julgada material, porque a cognição realizada é sumária e
porque a coisa julgada recai sobre o conteúdo de uma decisão, ao passo que a
estabilização recai sobre seus efeitos. Para Daniel Mi diero, por exemplo, a existência
de coisa julgada material nesse caso seria incons tucional, porque não houve amplo
debate sobre o tema. Essa é também a opinião de Fredie Didier. Logo, para esses
doutrinadores, não cabe ação rescisória da decisão que concede a tutela provisória.
Ação revisional
Para rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada antecedente estável será preciso
promover uma ação revisional.
Legi midade: qualquer das partes – o autor poderá ajuizar a ação revisional, porque
pode ser que ele não tenha conseguido a tutela exatamente da forma que queria ou porque tem
interesse na cognição exauriente, com ap dão para coisa julgada;
Competência: o juízo que concedeu a tutela estabilizada no processo originário ficará
prevento;
Prazo: decadencial de 2 anos, contados da ciência da decisão que ex nguiu o processo. 19
Tutela antecipada: Na ação revisional, pode-se requerer uma tutela antecipada para
suspender os efeitos da tutela estabilizada.
TUTELA DE EVIDÊNCIA
Hipóteses
As hipóteses estão previstas no art. 311 do NCPC, sendo que o inciso I versa sobre a
tutela puni va e os incisos II a IV sobre a tutela documentada ou com prova pré-cons tuída.
OBSERVAÇÃO!
Sentença final que confirma, concede ou revoga tutela de evidência documentada fundada em
precedente obrigatório é impugnável por apelação sem efeito suspensivo. Trata-se de novidade
do NCPC. Além disso, essa apelação somente poderá versar sobre a dis nção ou superação do
precedente, senão possivelmente será julgada pelo relator, no sen do de lhe negar provimento
(art. 932, IV, NCPC).
OBSERVAÇÃO!
IMPORTANTE!
4º Hipótese: quando a pe ção inicial for instruída com prova documental suficiente
dos fatos cons tu vos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar
dúvida razoável.
Refere-se a uma tutela documentada com ausência de contraprova documentada
suficiente pelo réu. Ou seja, o autor tem a prova pré-cons tuída, mas o réu não. É preciso
aguardar a defesa do réu para conceder a tutela.
Observe-se que se o réu não dispuser de nenhum outro meio de prova suficiente, além
da documental, então será caso de julgamento antecipado do mérito, por desnecessidade de
outras provas (art. 355, I, NCPC).
Observação: rol do ar go 311, do CPC/2015 é exemplifica vo.
Enunciado 422, FPPC. (art. 311) A tutela de evidência é compa vel com os
procedimentos especiais. (Grupo: Tutela de urgência e tutela de evidência)
Enunciado 80, FPPC. (art. 919, § 1º; art. 969) A tutela antecipada prevista nestes 22
disposi vos pode ser de urgência ou de evidência. (Grupo: Tutela Antecipada)
Enunciado 423, FPPC. (arts. 311; 995, parágrafo único; 1.012, §4º; 1.019, inciso I;
1.026, §1º; 1.029, §5º) Cabe tutela de evidência recursal. (Grupo: Tutela de urgência e
tutela de evidência)
Importante consignar que nos Juizados Especiais Federais, desde seu nascedouro, já não se
aplicava a tutela cautelar em procedimento autônomo (Enunciado nº. 89 FONAJEF: Não cabe
processo cautelar autônomo, preven vo ou incidental, no âmbito dos Juizados Especiais Federais).
O Juiz não poderá conceder a tutela de evidência sem ouvir a outra parte nas hipóteses
dos incisos I e IV do art. 311 do CPC/2015:
Por óbvio, se a parte contrária não foi ouvida, não dá para saber se ela agiu com abuso do
direito de defesa; igualmente, se a parte contrária não foi ouvida, não dá para saber se ele
apresentou ou não a contraprova.
Art. 296, NCPC. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo,
mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada.
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a
eficácia durante o período de suspensão do processo.
Para Fredie Didier, a revogação, além de ser imediata, tem eficácia ex tunc.
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para
efe vação da tutela provisória.
Parágrafo único. A efe vação da tutela provisória observará as normas referentes ao
cumprimento provisório da sentença, no que couber.
Aplica-se, pois, no que couber, o disposto nos ar gos 520 e 521 do CPC/2015:
Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efe vada mediante
arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem
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e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.
O art. 301 do NCPC dispõe que a efe vação da tutela provisória cautelar pode ser
promovida com emprego de qualquer medida adequada para asseguração do direito, seguindo
com a enumeração exemplifica va de medidas possíveis, como:
Ÿ Arresto: é medida cautelar constri va que serve à futura execução por quan a; por
isso, pode ser arrestado qualquer bem que puder ser penhorado.
Ÿ Sequestro: é medida cautelar constri va que serve à futura execução para entrega
de coisa; por isso, sequestrável é o bem objeto da disputa.
Ÿ Arrolamento de bens: é medida cautelar constri va que serve para garan r futura
par lha, por isso pode ser constrita universalidade de bens sobre a qual a par lha
versará; após a constrição, procede-se à descrição (arrolamento) dos bens da
universalidade.
Ÿ Registro de protesto contra a alienação de bens: é medida cautelar que serve para
evitar transferência supostamente indevida de bens sujeitos à registro.
A conclusão que se extrai da leitura conjugada desses disposi vos é que eles concedem
ao julgador um poder geral de cautela e de efe vação, com a adoção de todas as medidas
provisórias idôneas e necessárias para a sa sfação ou acautelamento do direito.
OBSERVAÇÃO!
Não existe direito de retenção por benfeitorias quando se discute a propriedade/posse de bens
públicos, pois se considera detenção, impassível de qualquer favor legal. Ex: beneficiário de
contrato de exploração de terra pública federal que descumpre cláusula resolu va. Mesmo que
tenha construído uma mansão com várias benfeitorias no local, ainda que de boa-fé, não tem o
direito de retenção.
Há uma a picidade do meio execu vo: as medidas não precisam estar necessariamente
previstas em lei. O juiz pode tomar as medidas que ele considera adequadas àquela tutela. Ex.:
Bloqueio de verbas públicas para custear medicamentos (REsp 1069810).
NCPC criou uma a picidade dos meios execu vos também para a ação de pagamento de
quan a (= ordem do juiz para a prestação de pagamento em pecúnia), nos termos do ar go 139,
IV, do CPC/2015.
Art. 139, NCPC. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
incumbindo-lhe:(...)
IV - determinar todas as medidas indu vas, coerci vas, mandamentais ou sub-
rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas
ações que tenham por objeto prestação pecuniária;
A multa cominatória pode ser aplicada para o cumprimento de tutela provisória (art. 537,
NCPC).
Ademais, a multa cominatória fixada em tutela provisória pode ser executada
provisoriamente, mas a parte só poderá levantar o dinheiro após o trânsito em julgado da sentença.
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Ar go 537, § 3º, do CPC/2015: A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento
provisório, devendo ser depositada em juízo, permi do o levantamento do valor após
o trânsito em julgado da sentença favorável à parte. (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016) (Vigência)
OBSERVAÇÃO!
Para o Professor Rodrigo Cunha, a vantagem do modelo adotado no NCPC é que, esse
condicionamento do recebimento do valor ao trânsito em julgado faz com que a parte somente
o receba quando ver certeza de que a decisão lhe será favorável (ou seja, a pessoa não corre o
risco de ter que devolver os valores recebidos). De outro lado, a desvantagem é que
provavelmente a parte que deve pagar a multa não será compelida a fazê-lo, já que a outra
somente poderá levantar o valor após o trânsito em julgado.
Multa puni va
Além da aplicação da multa coerci va, o juiz pode aplicar uma multa puni va, em razão
do descumprimento da tutela provisória ou de se criar embaraços à sua efe vação.
Note-se que, diferentemente da astreinte, ela não é uma multa coerci va, mas sim
puni va.
· Pode ser aplicada a quem não é parte, desde que a pessoa, de qualquer forma, par cipe do processo.
Art. 300, § 2º do NCPC: A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após
jus ficação prévia.
Feito este esclarecimento, pontua-se que os principais momentos em que pode ser
concedida a tutela provisória são:
(i) Liminarmente: tem-se por liminar um conceito picamente cronológico,
caracterizado apenas por sua ocorrência em determinada fase do procedimento, isto é, seu
início, antes da citação do réu.
Lembrando que o juiz poderá decidir liminarmente quando se tratar de ( ar go 9º,
parágrafo único, do CPC/2015): Tutela provisória de urgência e Tutela da evidência previstas
no art. 311, incisos II e III.
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Nesse caso, a doutrina vem se firmando no sen do de que também quando estabelecer
necessidade de contraditório prévio (jus ficação prévia), o juiz deve jus ficar a postergação da
análise do requerimento liminar.
Enunciado 30, FPPC. (art. 298) O juiz deve jus ficar a postergação da análise liminar da
tutela provisória sempre que estabelecer a necessidade de contraditório prévio.
(Grupo: Tutela Antecipada; redação revista no V FPPC-Vitória)
(iii) Em grau de recurso: A tutela provisória pode ter, enfim, seus pressupostos preenchidos
após a prolação da sentença.
Se a sentença já foi proferida e o processo está no Tribunal, em grau de recurso, deve-se formular o
pedido de tutela provisória incidental, dirigido ao Tribunal, para que seja apreciado pelo órgão
responsável pelo julgamento do recurso (art. 299, § único, NCPC).
Art. 299, NCPC. Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na ação de competência
originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será requerida ao órgão
jurisdicional competente para apreciar o mérito.
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O requerimento deve ser formulado por pe ção simples, mediante demonstração de
preenchimento dos pressupostos dos ar gos 995 e 1.012, §§ 3º 4º (aplicados analogicamente) e
encaminhado:
• I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição,
ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
• II - relator, se já distribuída a apelação
Por fim, tratando de pedido de tutela provisória recursal para a concessão de efeito suspensivo a
recurso especial ou extraordinário sobrestado, deve ser dirigido (ar go 1029, §5º, do CPC/2015):
• I – ao tribunal superior respec vo, no período compreendido entre a publicação da decisão
de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame
prevento para julgá-lo;
• II - ao relator, se já distribuído o recurso;
• III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido
entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim
como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.
RECURSOS
Cabe o recurso de agravo de instrumento contra a decisão interlocutória que versar
sobre tutela provisória (art. 1.015, I, do NCPC).
Art. 1.015, NCPC. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que
versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
Cabe notar que o Código u liza a expressão “versar sobre”, o que abrange a decisão que
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concede, que nega, que revoga, que modifica a tutela provisória.
Em caso de tutela provisória concedida ou revogada em capítulo de sentença, cabe
apelação sem efeito suspensivo (art. 1013, § 5º do NCPC).
Se a tutela provisória for decidida pelo relator, caberá agravo interno (art. 1.021 do NCPC).
Art. 1.021, NCPC. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respec vo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal.
Enunciado 142, FPPC. (art. 298; art. 1.021) Da decisão monocrá ca do relator que
concede ou nega o efeito suspensivo ao agravo de instrumento ou que concede, nega,
modifica ou revoga, no todo ou em parte, a tutela jurisdicional nos casos de
competência originária ou recursal, cabe o recurso de agravo interno nos termos do
art. 1.021 do CPC. (Grupo: Tutela Antecipada)
Súmula 735, STF: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida
liminar.
Súmula 07, STJ: A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.
Súmula 279, STF: Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.
(...) 3. A jurisprudência pacífica do STJ é no sen do de ser incabível, via de regra, o recurso
especial que postula o reexame do deferimento ou indeferimento de medida
acautelatória ou antecipatória, ante a natureza precária e provisória do juízo de
mérito desenvolvido em liminar ou tutela antecipada, cuja reversão, a qualquer tempo,
é possível no âmbito da jurisdição ordinária, o que configura ausência do pressuposto
cons tucional rela vo ao esgotamento de instância, imprescindível ao trânsito da
insurgência extraordinária. Aplicação analógica da Súmula 735/STF ("Não cabe recurso
extraordinário contra acórdão que defere medida liminar."). Ademais, a análise do
preenchimento dos requisitos autorizadores da antecipação dos efeitos da tutela
jurisdicional (ar go 273 do CPC/73) reclama a reapreciação do contexto fá co-
probatório dos autos, providência inviável em sede de recurso especial, ante o óbice da
Súmula 7/STJ. Precedentes. 4. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no AREsp 504.073/GO, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em
16/05/2017, DJe 23/05/2017) 34
Tutela provisória contra a Fazenda Pública
"A vedação con da nos arts. 1º, § 3º, da Lei 8.437/92 e 1º da Lei 9.494/97, quanto à
concessão de antecipação de tutela contra a Fazenda Pública nos casos de aumento
ou extensão de vantagens a servidor público, não se aplica nas hipóteses em que o
autor busca sua nomeação e posse em cargo público, em razão da sua aprovação no
concurso público (AgRg no Ag 1.161.985/ES, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Quinta
Turma, DJe 2.8.2010). (REsp 1671761/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 27/06/2017, DJe 30/06/2017)
Conforme dito alhures, existem normas que restringem a concessão de tutela provisória
contra a Fazenda Pública. A esse respeito, dispõe o NCPC:
Art. 1.059. À tutela provisória requerida contra a Fazenda Pública aplica-se o disposto
nos arts. 1o a 4o da Lei no 8.437, de 30 de junho de 1992, e no art. 7o, § 2o, da Lei no
12.016, de 7 de agosto de 2009.
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TÍTULO II
DA TUTELA DE URGÊNCIA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado ú l do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou
CAPÍTULO II
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a pe ção
inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela
final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco
ao resultado ú l do processo.
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste ar go:
I - o autor deverá aditar a pe ção inicial, com a complementação de sua argumentação, a
juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou
em outro prazo maior que o juiz fixar;
II - o réu será citado e in mado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 334;
III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335.
§ 2º Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste ar go, o processo será
ex nto sem resolução do mérito.
CAPÍTULO III
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE
Art. 305. A pe ção inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente
indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se obje va assegurar e o
perigo de dano ou o risco ao resultado ú l do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o
juiz observará o disposto no art. 303.
TÍTULO III
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA
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Esta col. Corte firmou orientação de que "a abstenção da inscrição/manutenção em cadastro de
inadimplentes, requerida em antecipação de tutela e/ou medida cautelar, somente será
deferida se, cumula vamente: i) a ação for fundada em ques onamento integral ou parcial do
débito;ii) houver demonstração de que a cobrança indevida se funda na aparência do bom 43
direito e em jurisprudência consolidada do STF ou STJ; iii) houver depósito da parcela
incontroversa ou for prestada a caução fixada conforme o prudente arbítrio do juiz" (REsp
repe vo 1.061.530/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe de 10.3.2009). (AgInt no AREsp 447.560/RS,
Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 27/04/2017, DJe 19/05/2017)
O STJ, em sintonia com o disposto no enunciado da Súmula nº 735 do STF, entende que, via de
regra, não é cabível recurso especial para reexaminar decisão que defere ou não liminar ou
antecipação de tutela, em razão da natureza precária da decisão, sujeita à modificação a
qualquer tempo, devendo ser confirmada ou revogada pela sentença de mérito. Precedentes.
(AgRg no AREsp 614.229/SP, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em
23/06/2016, DJe 01/07/2016)
Segundo entendimento pacífico desta Casa de Jus ça, a superveniência de sentença de mérito
prejudica o exame do recurso especial interposto contra acórdão que, em sede de agravo de
instrumento, mantém decisão deferitória de antecipação de tutela. "As medidas liminares,
editadas em juízo de mera verossimilhança, obje vam ajustar provisoriamente a situação das
partes, desempenhando no processo função de natureza temporária. Sua eficácia se encerra
com a superveniência da sentença, provimento tomado à base de cognição exauriente, apto a
dar tratamento defini vo à controvérsia" (AgRg no Ag 1.322.825/SP, rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, Segunda Turma, DJe 03/02/2011). (AgInt no AREsp 476.106/SP, Rel. Ministro GURGEL DE
FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/09/2016, DJe 20/10/2016)
44
Nessa primeira rodada de Direito Penal trataremos dos temas: Teoria Geral das Penas e
Crimes contra a Ordem Tributária.
O tema Teoria Geral das Penas, frequentemente cobrado em provas de primeira etapa,
ganha especial atenção para o próximo concurso do TRF3 ante a natureza da função do
magistrado no direito penal, especialmente pela análise cruzada dos temas cobrados nas provas
anteriores. Exige-se breve conceituação doutrinária e profundo conhecimento legal sobre o
assunto, pico de primeira fase com múl pla escolha.
Por sua vez, o estudo dos crimes contra a ordem tributária, que tem ganhando
importância no âmbito dos Tribunais pátrios, será pautado pela análise da jurisprudência dos
Tribunais Superiores.
Bons estudos!
46
I – DAS PENAS
2.1.2. INTRODUÇÃO
Sanção penal é a resposta do Estado, no exercício do seu jus puniendi, após o devido
processo legal, ao infrator da norma incriminadora.
OBSERVAÇÃO!
2.1.2 PRINCÍPIOS:
· da reserva legal ou da estrita legalidade: “nulla poena sine praevia lege” – não existe
47
pena sem prévia cominação legal.
· pessoalidade, intransmissibilidade ou intranscendência: a pena não pode ultrapassar a
pessoa do condenado (art. 5º, XLV, CF).
· da inderrogabilidade ou inevitabilidade: consectário da reserva legal, sustenta que a
pena, se presentes os requisitos necessários à condenação, não pode deixar de ser
aplicada. É mi gado por alguns ins tutos penais.
· Intervenção mínima;
A Cons tuição Federal, no art. 5º, XLVII, CF, veda a imposição de penas de morte, salvo em caso
de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; de caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de
banimento e cruéis.
A) TEORIA ABSOLUTA:
A teoria retribu va ou absoluta caracteriza-se por ter como fundamento a ideia de que o mal
provocado por um infrator deve ser compensado com a imputação de uma pena, sendo que a
imposição desta não encontra jus fica va na ideia de meio para promover alteração social ou
qualquer outro fim, mas, tão somente, pelo valor axiológico intrínseco de punir o fato passado.
A essência da pena reside, tão somente, na retribuição, na compensação do mal do crime. Ela
nada mais é que um mal necessário a compensação do crime. O sofrimento do infrator deve ser
proporcional ao mal que ele causou.
Embora seja possível verificar diversos segmentos teóricos acerca dos fins retribu vos da
pena, há de destacar os propostos por Kant e Hegel.
Para Kant a punição é um impera vo categórico, ela possui fim em si mesma, devendo ser
aplicada ao infrator simplesmente porque ele cometeu um crime e não para promover qualquer
outro obje vo, nem mesmo a seu próprio favor ou da sociedade, posto que o ser humano nunca pode
ser usado como meio para precípuos outros.
A punição estatal é a realização de um ideal de jus ça, o qual é alcançado retribuindo-se ao 48
mal do crime de maneira proporcional, sendo que esta retribuição proporcional é estabelecida pela
Lei de Talião, vulgo “olho por olho, dente por dente”, a única capaz de especificar a qualidade e
quan dade de punição a ser aplicada.
Hegel também atribui à pena o caráter retribu vo, todavia, para ele, ela não visa alcançar um
ideal de jus ça, mas a compensação jurídica, a reafirmação do direito lesionado pelo delito. O
indivíduo deve ser punido para que a ordem jurídica seja reestabelecida.
O delito é uma negação do direito, a qual deve ser suprimida para reafirmação deste. Assim, a
pena seria uma violência emprega para a supressão da primeira violência, da negação do direito,
posto que o princípio de que toda violência destrói a si mesma possui sua verdadeira expressão no
fato de que uma violência anula a outra.
A pena não é vista simplesmente como um mal somado a outro mal, pois não é racional
sobrepor um mal a outro mal. Sendo o delito uma manifestação de uma vontade individual violadora
do Direito, ou seja, violação da manifestação da vontade geral racional, ao negar essa violação a pena
reestabelece a vontade geral, o Direito.
Destarte, a sanção através de um processo dialé co (tese: vontade geral, an tese: negação da
vontade geral, e síntese: negação da negação da vontade geral), restaura o equilíbrio quebrado com o
come mento do delito.
A principal diferença entre as teorias de Kant e Hegel, ambas retribu vas, reside na
jus fica va da necessidade da pena, posto que para aquele a fundamentação da pena é de ordem
A doutrina nacional não é pacífica ao jus ficar as sanções penais. Apesar da teoria 53
rela va não ter muitos adeptos, as absolutas e as mistas, ensejam fortes discussões no cenário
jurídico nacional.
Frente a redação conferida ao ar go 59, CP, prevalece o entendimento de que fora
adotada a teoria mista, conjugando as finalidades retribu vas e preven vas.
Destarte, a pena deve exercer um poder in mida vo sobre os todos os indivíduos
(vertente geral nega va) e reafirmar a crença social no direito penal (vertente geral posi va),
bem como in midar o autor do delito, coagindo-o a não reiterar a prá ca deli va (vertente
especial nega va), e ressocializa-lo, promovendo sua integração na sociedade (vertente
especial posi va).
O caráter retribucionista da pena funcionará como limite a punição, a qual deverá ser
aplicada levando-se em consideração a gravidade do fato e a culpabilidade do agente.
Outrossim, o quantum da pena e as especificidades desta (v.g. fixação de regime inicial, eventual
concessão de sursis) deverão estar em consonância com os fins propostos pelas teorias
rela vas/preven vas.
Seguindo a diretriz adotada no Código Penal, a Lei de Execuções Penais (LEP) estabelece
que: “Ar go 1º. A execução penal tem por obje vo efe var as disposições de sentença ou
decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e
do internado”.
· Penas priva vas de liberdade: reclusão (delitos mais graves), detenção ou prisão simples
(reservada para as contravenções penais).
· Penas restri vas de direito: prestação de serviços à comunidade, limitação de fins de semana,
interdição temporária de direitos, prestação pecuniária e perda de bens e valores.
Fruto dos estudos e dos ar gos de Louk Hulsman (Holanda), Thomas Mathíesen e Nils
Chris e (Noruega) e Sebas an Scheerer (Alemanha), ques onando o significado das punições e
das ins tuições, bem como construindo outras formas de liberdade e jus ça, propõe a
descriminalização de determinadas condutas e a despenalização de certos comportamentos
(eliminação da pena para a prá ca de certas condutas, embora con nuem a ser consideradas
delituosas) como soluções para o caos do sistema penitenciário.
Parte da premissa de que o método atual de punição, que privilegia o encarceramento 54
de delinquentes, não estaria dando resultado e os índices de reincidência estariam
extremamente elevados, mo vo pelo qual seria preciso buscar e testar novos experimentos no
campo penal.
Para os abolicionistas, a sociedade não tem sucumbido diante do crime, como já se
apregoou que aconteceria, sabendo-se que há, no contexto da Jus ça Criminal, uma imensa
cifra negra – diferença entre os crimes ocorridos e os delitos apurados e entre os crimes
denunciados e os delitos processados. A maioria dos crimes come dos não seria nem mesmo
levada ao Judiciário, porque não descoberta a autoria ou porque não conhecida da autoridade
policial a sua prá ca. Desse modo, aduzem que a sociedade teria condições de absorver os
delitos come dos sem a sua desintegração; que a descriminalização e a despenalização de
várias condutas criminosas, poderiam facilitar a reeducação de muitos delinquentes, mediante
outras formas de recuperação, tais como: o abolicionismo acadêmico – a mudança de conceitos
e linguagem, evitando a construção de resposta puni va para situações-problema;
atendimento prioritário à ví ma (seria mais eficiente des nar dinheiro ao ofendido do que
construir prisões); legalização das drogas; fortalecimento da esfera pública alterna va, com a
liberação do poder absorvente dos meios de comunicação de massa, restauração da autoes ma
e da confiança dos movimentos organizados de baixo para cima, bem como a restauração do
sen mento de responsabilidade dos intelectuais.
Desde de sua origem, o Direito Penal sempre se pautou pelo critério da retribuição ao mal
concreto do crime com o mal concreto da pena. A Jus ça Retribu va sempre foi o horizonte do
Direito Penal e do Processo Penal. Desprezava-se, quase por completo, a avaliação da ví ma do
delito. Obrigava-se, quase sempre, a promoção da ação penal por órgãos estatais, buscando a
punição do infrator.
Atualmente, surge uma nova proposta, a jus ça restaura va, fundada na restauração do
mal provocado pela infração penal. Parte da premissa de que o crime não necessariamente lesa
direitos do Estado ou difusos e indisponíveis, rela vizando, assim, os interesses advindos com a
prá ca da infração penal, os quais passam a ser tratados como individuais e disponíveis.
O objeto imediato da atuação do direito penal deixa de ser a punição. Transforma-se o
embate entre agressor e agredido num processo de conciliação, possivelmente, até, de perdão
recíproco. Visa-se restaurar o estado de paz, o reequilíbrio das relações entre pessoas que
convivem, embora tenha havido agressão de uma contra outra, sem necessidade do
instrumento penal coerci vo e unilateralmente adotado pelo Poder Público.
A aplicação da pena é ato discricionário juridicamente vinculado, vez que o magistrado está
preso aos parâmetros legais (teoria das margens), dentro dos quais admite-se certa
discricionariedade.
OBSERVAÇÕES:
ATENÇÃO!
Nessa etapa, o magistrado está atrelado aos limites mínimos e máximos abstratamente previsto
no po.
A pena só distanciará do mínimo legal se presentes circunstâncias desfavoráveis.
57
OBS: Presentes duas ou mais qualificadoras, uma delas deve ser u lizada para qualificar o crime.
As demais, se não forem previstas como agravantes genéricas, funcionarão como circunstâncias
judiciais desfavoráveis, incidindo na 1ª fase da dosimetria.
ATENÇÃO!
SÚMULA 444, STJ: “É vedada a u lização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base”.
A condenação defini va deve ser decorrente de fato anterior ao delito cuja a pena se esteja a
individualizar, sendo irrelevante o momento da ocorrência do trânsito em julgado.
OBSERVAÇÃO!
Consoante entendimento majoritário, não existe limitação temporal para que a condenação
anterior seja considerada para efeitos de maus antecedentes.
OBSERVAÇÃO!
Não se confunde com antecedentes, vez que este limita-se ao passado criminal do réu.
OBSERVAÇÃO!
Segundo o STJ, só pode ser u lizado em bene cio do réu, devendo ser neutralizada no caso de
não interferência do ofendido na prá ca do crime.
São circunstâncias legais, de natureza obje va ou subje va, não integrantes da estrutura
do po incriminador, mas que a ele se vinculam com o fito de aumentar ou diminuir a reprimenda.
2.2.3.2.1. AGRAVANTES:
A) REINCIDÊNCIA
Nos termos do ar go 63, CP, verifica-se a reincidência quando o agente comete novo
crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha
condenado por crime anterior.
ATENÇÃO!
Só haverá reincidência se o novo crime for come do após o trânsito em julgado de sentença
condenatória por fato anterior.
OBS 1: Segundo entendimento do STJ, a reincidência não pode ser conhecida se a exordial
acusatória não indicar a data exata do delito, requisito indispensável para demonstração de que
o ilícito fora come do após o trânsito em julgado da condenação anterior.
ATENÇÃO!
Não é reincidente o indivíduo que pra car crime, no Brasil ou estrangeiro, após o trânsito em
julgado da condenação por contravenção penal.
OBSERVAÇÕES:
OBS 1: Nos termos do ar go 120, CP, a sentença que conceder perdão judicial não será
considerada para efeitos de reincidência.
OBS 2: Consoante criação jurisprudencial, tecnicamente primário é aquele que possui condenação
defini va, mas não é reincidente. Ex.: os crimes pra cados foram anteriores ao trânsito em
julgado. Por sua vez, mul rreincidente é aquele que possui mais de três condenações aptas a
caracterizar reincidência. (Tais nomenclaturas não possuem respaldo legal).
Consoante dispõe o ar go 64, II, CP, para efeitos de reincidência não se consideram os 61
crimes militares próprios ( pificados apenas no código penal miliar) e polí cos próprios ou
impróprios.
OBSERVAÇÃO!
A regra prevista na primeira parte do inciso II, do referido disposi vo, limita-se as hipóteses em
que o militar pra ca um crime militar próprio e depois um crime comum ou militar impróprio,
vez que o ar go 71, CPM, estabelece que a reincidência restará caracterizada quando o
miliciano cometer novo crime militar próprio, depois de transitar em julgado a sentença que, no
país ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior de igual natureza.
· Real: É aquela em que o agente comete novo crime após ter cumprido integralmente a
pena imposta na sentença condenatória anterior.
· Presumida ou ficta: é aquele em que o agente comete novo crime após ter sido
condenado defini vamente, mas antes de iniciar a cumprir ou de ter cumprido a
totalidade da pena do crime anterior.
· Genérica: os crimes pra cados pelo agente são de espécies diferentes, ou seja,
previstos em pos penais diversos.
OBSERVAÇÃO!
ü EFEITOS DA REINCIDÊNCIA:
Além de agravar a pena, a reincidência:
62
· Quando em crime doloso, impede a subs tuição da pena priva va de liberdade por
restri va de direitos (art. 44, §3º, CP);
· Autoriza a decretação de prisão preven va, quando o réu ver sido condenado por
crime doloso (art. 313, CPP);
· Impede a concessão dos bene cios da transação penal e do SUSPRO (arts. 76 e 89, ambos
da Lei 9099/95).
OBSERVAÇÃO!
OBSERVAÇÃO!
· Meio cruel é o que infringe a ví ma elevado e desnecessário sofrimento. Ex.: fogo, tortura
e asfixia.
F) CRIME PRATICADO CONTRA DESCENDENTE, ASCENDENTE, IRMÃO OU CÔNJUGE (art.61, II, e):
OBSERVAÇÃO!
Em determinados casos, configura crime, afastando a incidência da agravante. Ex: art. 325 –
violação de sigilo funcional.
OBSERVAÇÃO!
M) AGRAVANTES NOS CRIMES PRATICADOS POR DUAS OU MAIS PESSOAS (art. 62)
OBSERVAÇÕES:
OBS 1: Coagir é obrigar, com emprego de violência ou grave ameaça, de forma irresis vel ou
não.
OBS 2: Induzir é fazer surgir a ideia criminosa na mente de outrem. Não há violência ou grave
ameaça.
OBSERVAÇÃO!
2.2.3.2.2. ATENUANTES: 66
A) SER O AGENTE MENOR DE 21 (VINTE E UM), NA DATA DO FATO, OU MAIOR DE 70 (SETENTA)
ANOS, NA DATA DA SENTENÇA (art. 65, I)
OBSERVAÇÓES:
OBS 1: O art. 5º, CC, não revogou atenuante da menoridade rela va.
OBS 2: A prova da menoridade far-se-á por meio de qualquer documento aceito juridicamente –
não se exige seja a cer dão de nascimento ou RG.
Súmula 74, STJ: Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por
documento hábil.
OBS 3: Para incidência da atenuante da senilidade considera-se a data de publicação da
sentença ou acórdão condenatório (se o acórdão for apenas confirmatório da sentença, leva-se
em consideração a data de publicação da sentença).
· mo vo de relevante valor moral: é aquele ligado aos interesses par culares do agente.
D) TER O AGENTE PROCURADO, POR SUA ESPONTÂNEA VONTADE E COM EFICIÊNCIA, LOGO
APÓS O CRIME, EVITAR-LHE OU MINORAR-LHE AS CONSEQUÊNCIAS, OU TER, ANTES DO
JULGAMENTO, REPARADO O DANO (art. 65, II, b).
OBSERVAÇÕES:
OBS 1: Nos casos de crime sem violência ou grave ameaça à pessoa, a reparação do dano ou
res tuição da coisa até o recebimento da denúncia ou queixa serve como causa de diminuição
de pena (art. 16, CP).
OBS 2: No estelionato na modalidade de emissão de cheques sem fundos, a reparação do dano 67
antes do recebimento da inicial obsta a instauração da ação penal (Súmula 554, STF).
OBS 3: Em caso de peculato culposo, a reparação do dano ou res tuição da coisa, se antes da
sentença irrecorrível, é causa especial ex n va da punibilidade; se é posterior, é causa de
redução de metade da pena (art. 312, §3, CP).
A confissão pode ser parcial, não precisa alcançar eventuais causas de aumento ou
qualificadora.
A confissão policial retratada em juízo não permite a incidência da atenuante, salvo se
u lizada como fundamento para embasar a sentença condenatória.
Nesse sen do:
Súmula 545, STJ: “Quando a confissão for u lizada para a formação do convencimento
do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no ar go 65, III, d, do Código Penal.”
OBS 1: Não incide a atenuante nos casos em que o réu confessa a prá ca de alguns fatos
buscando minimizar sua responsabilidade. Ex.: crime de roubo – confessa a subtração do bem,
mas nega o emprego de violência ou grave ameaça.
OBS 2: Parte da doutrina advoga que a atenuante da confissão espontânea pode ser
compensada com a agravante da reincidência, ao argumento de que ambas as circunstâncias
são preponderantes (é o entendimento do STJ, desde que o réu não seja mul rreincidente). Já
para o STF, a reincidência prevalece sob a confissão espontânea.
Não estão especificadas em lei, podendo ser qualquer circunstância relevante, anterior
ou posterior ao crime. Ex.: teoria da coculpabilidade.
São penas alterna vas, visam evitar a imposição da pena priva va de liberdade nas
situações expressamente previstas em lei
Possuem como caracterís cas a autonomia (não podem ser cumuladas com a priva va
de liberdade) e a subs tu vidade (subs tuem a priva va de liberdade).
OBSERVAÇÕES:
OBS 1: O art. 28, Lei 11343/06, não prevê pena priva va de liberdade, mas apenas as restri vas
de direitos.
OBS 2: Em diversos disposi vos, o código de trânsito prevê a aplicação cumula va da pena
priva va de liberdade com restri va de direito.
Nos termos do ar go 55, CP, as penas priva vas de liberdade terão a mesma duração
da priva va de liberdade subs tuída, ressalvada a pena de prestação de serviços à comunidade
ou a en dades públicas superior a um ano, a qual poderá ser cumprida em tempo menor, nunca
inferior à metade da pena priva va de liberdade fixada (art. 46, §4º, CP).
OBSERVAÇÃO:
Consoante estabelece o ar go 17, Lei 11340/06, é vedada a subs tuição da pena priva va de
liberdade por restri va de direitos nos casos de violência domés ca e familiar contra a mulher.
O Código Penal Militar não prevê penas restri vas de direitos para crimes militares, portanto,
não se admite a subs tuição no âmbito dos crimes militares.
2.3.2. REQUISITOS:
2.3.2.1. OBJETIVOS:
a) natureza do crime:
OBSERVAÇÃO:
Consoante entendimento majoritário, nas infrações de menor potencial ofensivo, ainda que
tenha havido emprego de violência ou grave ameaça, é possível a subs tuição de pena priva va
de liberdade por restri va de direitos.
70
· Crime culposo: pode haver a subs tuição em todas as espécies de crimes culposos.
OBSERVAÇÕES:
OBS 1: Segundo entendimento do STJ, nos casos de concursos de crimes, a subs tuição somente
será possível quando o total de reprimendas aplicadas não ultrapassar o limite de quatro anos.
OBS 2: Na hipótese de concurso material, o cabimento da subs tuição será analisada
separadamente. Todavia, quando ao agente ver sido aplicada pena priva va de liberdade, não
suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a subs tuição da priva va de liberdade
por restri va de direitos (art. 69, §1º, CP)
2.3.2.2. SUBJETIVOS:
EXCEÇÃO: ART. 44, §3º, CP: Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a
subs tuição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente
recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prá ca do mesmo crime.
ATENÇÃO!
O STF já decidiu ser incons tucional a vedação da conversão de pena priva va de liberdade por
restri va de direitos prevista no ar go 44, da Lei 11343/06.
Conferindo eficácia erga omnes ao entendimento do STF, a resolução n.º 5 de 2012, do Senado
Federal, dispõe: É suspensa a execução da expressão "vedada a conversão em penas restri vas de
direitos" do § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, declarada incons tucional
por decisão defini va do Supremo Tribunal Federal nos autos do Habeas Corpus nº 97.256/RS.
Nos crimes ambientais não se aplica a regra prevista na parte final do §2º, do art. 44, CP, vez que
o art. 7º da Lei 9605/98 autoriza a subs tuição das penas priva vas de liberdade inferiores a
quatro anos por uma única restrita de direito.
2.3.5. RECONVERSÃO:
a) por descumprimento injus ficado da restrição imposta (art. 44, §4º, CP):
o
Nos termos do § 4 do art. 44, CP, a pena restri va de direitos converte-se em priva va de
liberdade quando ocorrer o descumprimento injus ficado da restrição imposta. No cálculo da
pena priva va de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restri va de
direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
OBSERVAÇÕES:
OBS 1: Sendo a pena priva va de liberdade de prisão simples, na hipótese de reconversão, não
se faz necessário a observância do prazo mínimo de 30 (trinta) dias.
OBS 2: Nas hipóteses de pena restri va de prestação pecuniária e perda de bens e valores,
desconta-se da pena priva va de liberdade o percentual do pagamento já efetuado. 72
OBS 3: Deverá haver reconversão quando o réu, após a prá ca de todos os atos processuais,
ciente da condenação, muda seu domicílio sem comunicar previamente ao juízo.
OBS 4: Não pode haver reconversão por mero de pedido do réu.
b) por superveniência de condenação por outro crime (art. 44, §5º, CP):
Nos termos do art. 44, §5º, CP, sobrevindo condenação a pena priva va de liberdade,
por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-
la se for possível ao condenado cumprir a pena subs tu va anterior.
Sendo possível o cumprimento concomitante de ambas as penas, o magistrado poderá
deixar de efetuar a reconversão.
OBSERVAÇÃO:
Nos termos do art. 45, §1º, CP, a prestação pecuniária consiste no pagamento em
dinheiro à ví ma, a seus dependentes ou a en dade pública ou privada com des nação
social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360
(trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual
condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários
OBSERVAÇÕES:
OBS 1: A iden ficação dos dependentes dar-se-á com base na relação prevista no art. 16, da Lei
8213/91 (dispõe sobre a Previdência Social).
OBS 2: Os dependentes só serão des natários da prestação pecuniária na ausência da ví ma. E
as en dades, na falta da ví ma e seus dependentes.
OBS 3: Além da natureza sancionatória, a prestação pecuniária possui caráter de indenização 73
civil, quando o valor for des nado a ví ma ou seus dependentes (art. 45, §1º, in fine).
OBS 4: Conforme assevera Masson, é possível a dedução do valor pago a tulo de prestação
pecuniária em relação às conciliações em ações cíveis indenizatórias, qualquer que seja o rito
processual.
OBS 5: Em regra, o pagamento da prestação pecuniária será feito em moeda corrente. Todavia,
se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consis r em prestação de
outra natureza (art. 45, §2º, CP).
OBS 6: Se o condenado solvente não efetuar o pagamento, a pena deverá ser reconver da, com
fulcro no art. 44, §º, 1ª parte, CP.
OBSERVAÇÕES:
A pena de perda de bens e valores, embora possua natureza confiscatória, não se confunde com o
confisco previsto no art. 91, II, CP, vez que este incide sobre os instrumentos ou produto do crime,
de cunho ilícito, des nando-se à União.
Nos termos do ar go 46, CP, aplicável às condenações superiores a seis meses de privação
da liberdade, a prestação de serviços à comunidade ou a en dades públicas consiste na atribuição
de tarefas gratuitas ao condenado, em en dades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e
outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.
OBSERVAÇÃO: 74
A expressão “en dades públicas” engloba as en dades privadas com fins sociais.
OBSERVAÇÃO:
Nos casos de crimes ambientais, o art. 9º, da Lei 9605/98, estabelece que para as pessoas sicas
a prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas
junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa
par cular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.
· proibição do exercício de cargo, função ou a vidade pública, bem como de mandato ele vo;
OBSERVAÇÕES:
OBS 1: só pode ser aplicada aos crimes come do no exercício de cargo, função, a vidade,
profissão ou o cio, sempre que houver violação de deveres que lhe são inerentes (CP, art. 56).
OBS 2: No tocante à proibição do exercício de mandato ele vo de deputados federais e senadores,
parte da doutrina entende pela incons tucionalidade dessa pena, ao argumento de que tais
parlamentares só podem ser proibidos de exercer o mandato na forma prevista na Cons tuição.
OBSERVAÇÕES:
Não se confunde com o efeito da condenação rela vo à perda de cargo, função pública ou
mandato ele vo, previsto no ar go 92, I, CP.
só pode ser aplicada aos crimes come do no exercício de cargo, função, a vidade, profissão ou
o cio, sempre que houver violação de deveres que lhe são inerentes (CP, art. 56).
OBSERVAÇÃO:
Foi tacitamente revogada pelo CTB, visto que era aplicável somente aos crimes culposos de
trânsito, os quais atualmente estão previstos no referido diploma legal.
OBSERVAÇÃO:
Nos crimes contra a propriedade intelectual e nos delitos previstos nos arts. 33 a 39 da Lei
11343/06, o valor final da pena de multa pode ser aumentado até o décuplo.
No tocante a multa irrisória, parte da doutrina entende que ela não deve ser executada
em juízo, ao argumento de que o Poder Público arcará em sua cobrança com valor superior ao
que será ao final arrecadado, e o condenado sequer suportará o caráter retribu vo da pena.
Não obstante, prevalece o entendimento de que a cobrança em juízo é obrigatória, vez que por
sua natureza sancionatória, incide sobre ela os princípios da impera vidade da sua aplicação e
da inderrogabilidade de seu cumprimento.
Segundo previsto no ar go 50, CP, a pena de multa deve ser paga dentro de 10 dias depois
do trânsito em julgado da sentença condenatória, podendo o juiz, a requerimento do condenado e
conforme as circunstâncias, permi r que o pagamento se realize em parcelas mensais.
A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do
condenado quando aplicada isoladamente; aplicada cumula vamente com pena restri va de
direitos; ou quando concedida a suspensão condicional da pena. O desconto não pode incidir
sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família, e terá como limites
o máximo de um quarto e o mínimo de um décimo da remuneração (art. 50, CP, e art. 168, LEP).
Súmula 521, STJ: “A legi midade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento
imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública”.
Súmula 314, STJ: Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo
por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente.
Súmula 693, STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou
rela vo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
Nos termos do art. 52, CP, é suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao
condenado doença mental.
Súmula 171, STJ: Cominadas cumula vamente, em lei especial, penas priva vas de liberdade e
pecuniária, é defeso a subs tuição da prisão por multa. 78
Nos casos de violência domés ca e familiar contra a mulher, é vedada a aplicação de
penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a subs tuição de pena que
implique o pagamento isolado de multa (art. 17, Lei 11340/06).
OBSERVAÇÃO:
Para o delito previsto no art. 28, Lei 11343/06, o juiz fixará o número de dias-multa, em quan dade
nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a
capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior
salário mínimo. Os valores decorrentes da imposição da multa serão creditados à conta do Fundo
Nacional An drogas (ar go 29, Lei 11343/06).
Já para os delitos previstos nos arts. 33 a 39, da Lei 11343/06, o número de dias multa é previsto
par cularmente para cada delito, e será dosado levando-se em conta a natureza e a quan dade da
substância, a personalidade e a conduta social do agente. Determinado o número de dias-multa, o
juiz atribuirá a cada um, segundo as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um
trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo (art. 43, da Lei 11343/06).
Art. 16 - Nos crimes come dos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou res tuída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
Ponte de Prata – arrependimento posterior
Lei n. 9430/96, art. 83, com redação alterada pela Lei n. 12.350/2010 e pela lei n.
12.383/2011.
Art. 83. A representação fiscal para fins penais rela va aos crimes contra a ordem
tributária previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos
crimes contra a Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), será encaminhada ao Ministério
83
ADI 1571
- art. 83 tem como des natário o agente fazendário; Natureza jurídica da decisão final
em processo administra vo de lançamento.
Não se pifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV,
da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento defini vo do tributo.
OBS. tais orientações valem apenas para crimes de natureza MATERIAL (art. 1º da Lei
8137). Aos crimes formais não se aplica a Súmula 24. RCH 90532.
OBS2: Crimes conexos. HC 95.443. Nesse caso, o STF assentou a não sujeição de crimes
conexos à Súmula 24.
De acordo com a atual posição do Supremo Tribunal Federal, nos crimes materiais
contra a ordem tributária, o início do lapso prescricional ocorre com o lançamento defini vo
do tributo.
Súmula Vinculante 24
Não se pifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV,
da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento defini vo do tributo.
84
Precedente Representa vo
"Ementa: I. Crime material contra a ordem tributária (L. 8137/90, art. 1º): lançamento do
tributo pendente de decisão defini va do processo administra vo: falta de justa causa para a
ação penal, suspenso, porém, o curso da prescrição enquanto obstada a sua propositura pela
falta do lançamento defini vo. 1. Embora não condicionada a denúncia à representação da
autoridade fiscal (ADInMC 1571), falta justa causa para a ação penal pela prá ca do crime
pificado no art. 1º da L. 8137/90 - que é material ou de resultado -, enquanto não haja decisão
defini va do processo administra vo de lançamento, quer se considere o lançamento defini vo
uma condição obje va de punibilidade ou um elemento norma vo de po. 2. Por outro lado,
admi da por lei a ex nção da punibilidade do crime pela sa sfação do tributo devido, antes do
recebimento da denúncia (L. 9249/95, art. 34), princípios e garan as cons tucionais eminentes
não permitem que, pela antecipada propositura da ação penal, se subtraia do cidadão os meios
que a lei mesma lhe propicia para ques onar, perante o Fisco, a exa dão do lançamento
provisório, ao qual se devesse submeter para fugir ao es gma e às agruras de toda sorte do
processo criminal. (...)" (HC 81611, Relator Ministro Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno,
julgamento em 10.12.2003, DJ de 13.5.2005)
"De modo que, sendo tributo elemento norma vo do po penal, este só se configura quando se
configure a existência de tributo devido, ou, noutras palavras, a existência de obrigação jurídico-
"2. De início, cumpre registrar que em regra a Corte, no que tange às infrações contra a ordem
tributária, exige que seja realizado o lançamento defini vo do tributo antes de iniciada a
persecução penal. Com efeito, os crimes contra a ordem tributária pressupõem a prévia
cons tuição defini va do crédito na via administra va para fins de pificação da conduta. A 86
jurisprudência pacífica desta Corte deu origem à Súmula Vinculante 24, a qual dispõe: 'Não se
pifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº
8.137/90, antes do lançamento defini vo do tributo'. 3. O Supremo Tribunal Federal, entretanto,
tem decidido que a regra con da na referida súmula pode ser mi gada de acordo com as
peculiaridades do caso concreto, sendo possível dar início à persecução penal antes de
encerrado o procedimento administra vo, nos casos de embaraço à fiscalização tributária ou
diante de indícios da prá ca de outros delitos, de natureza não fiscal." (ARE 936653 AgR, Relator
Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, julgamento em 24.5.2016, DJe de 14.6.2016)
"Crime tributário - Processo administra vo - Persecução Criminal - Necessidade. Caso a caso, é
preciso perquirir a necessidade de esgotamento do processo administra vo-fiscal para iniciar-se a
persecução criminal. Vale notar que, no tocante aos crimes tributários, a ordem jurídica
cons tucional não prevê a fase administra va para ter-se a judicialização. Crime tributário - Justa
causa. Surge a configurar a existência de justa causa situação concreta em que o Ministério Público
haja atuado a par r de provocação da Receita Federal tendo em conta auto de infração rela va à
sonegação de informações tributárias a desaguarem em débito do contribuinte." (HC 108037,
Relator Ministro Marco Aurélio, Primeira Turma, julgamento em 29.11.2011, DJe de 1.2.2012)
"Ementa: (...) 1. A questão posta no presente writ diz respeito à possibilidade de instauração de
inquérito policial para apuração de crime contra a ordem tributária, antes do encerramento do
procedimento administra vo-fiscal. 2. O tema relacionado à necessidade do prévio encerramento
"1. Não prospera a tese do recorrente de que a observância do enunciado da Súmula Vinculante nº
87
24, no caso concreto, importaria interpretação judicial mais gravosa da lei de regência. A Súmula
Vinculante em questão é mera consolidação da jurisprudência da Corte, que, há muito, tem
entendido que 'a consumação do crime pificado no art. 1º da Lei 8.137/90 somente se verifica com a
cons tuição do crédito fiscal, começando a correr, a par r daí, a prescrição' (HC nº 85.051/MG,
Segunda Turma, Relator o Ministro Carlos Velloso, DJ de 1º/7/05). 2. Pretensão de afastar o
consolidado entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal para fazer prevalecer a
consumação da prescrição, que, à luz do entendimento suso mencionado, não se efe vou, pois, entre
os marcos interrup vos (CP, art. 117) verificados, não transcorreu prazo superior a oito (8) anos, lapso
temporal necessário a sua consumação (CP, art. 109, inciso IV), considerando-se a pena
concretamente aplicada. 3. Recurso ao qual se nega provimento.)." (RHC 122774, Relator Ministro
Dias Toffoli, Primeira Turma, julgamento em 19.5.2015, DJe de 11.6.2015)
● Instauração de inquérito policial para apurar outros crimes além do previsto no art.
1º da Lei 8.137/1990
"Da mesma forma, não merece prosperar a alegação de ilegi midade da persecução penal por
ausência de cons tuição defini va do crédito tributário. De fato, a orientação jurisprudencial
desta Corte é no sen do de que a persecução criminal nas infrações contra a ordem tributária
exige a prévia cons tuição do crédito defini vo. (...) No caso, entretanto, a medida de busca e
apreensão decretada não se restringia à inves gação de crimes tributários, abarcando também
infrações contra as relações de consumo e contra a ordem econômica. (...) Portanto, não se
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podendo afastar de plano a hipótese de prá ca de outros delitos não dependentes de processo
administra vo - já que demandaria o revolvimento de fatos e provas - não há falar em nulidade
da medida restri va. É que, ainda que abstraídos os fatos objeto do administra vo fiscal, o
inquérito e a medida seriam juridicamente possíveis." (HC 107362, Relator Ministro Teori
Zavascki, Segunda Turma, julgamento em 10.2.2015, DJe de 2.3.2015)
"(...) Não se podendo afastar de plano a hipótese de ocorrência de outros crimes não
dependentes de processo administra vo - em outras palavras, se a abertura do inquérito não
está fundada apenas na existência de indícios de delitos tributários materiais - não há falar em
falta de justa causa para a sua instauração. (...)". (HC 95443, Voto do Ministro Cezar Peluso,
Segunda Turma, julgamento em 2.2.2010, DJe de 19.2.2010)
"Segundo a Súmula Vinculante 24, o termo inicial para a contagem do prazo prescricional, nos
delitos do art. 1º, I a IV, da Lei 8.137/1990, é a data do lançamento defini vo do crédito
tributário. No presente caso, não há que se falar em prescrição retroa va, uma vez que não
transcorreu o decurso de 04 (quatro) anos entre a cons tuição defini va do crédito e o
recebimento da denúncia, ou entre os demais marcos interrup vos. É an ga a jurisprudência 88
desta Corte no sen do de que os crimes definidos no art. 1º da Lei 8.137/1990 são materiais e
somente se consumam com o lançamento defini vo do crédito. Por consequência, não há que
falar-se em prescrição, que somente se iniciará com a consumação do delito, nos termos do art.
111, I, do Código Penal. (...)" (ARE 649120, Relator Ministro Joaquim Barbosa, Decisão
Monocrá ca, julgamento em 28.5.2012, DJe de 1.6.2012)
"Com efeito, considerado o lançamento defini vo do tributo como elemento pico do delito,
verifico que o posicionamento adotado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região converge para
o entendimento assentado por esta Suprema Corte, no sen do de que, "até o momento da
consumação deli va, sequer é de se cogitar da contagem do prazo prescricional" (...)". (Rcl 13220,
Relatora Ministra Rosa Weber, Decisão Monocrá ca, julgamento em 27.2.2012, DJe de 5.3.2012)
"Ementa: (...) 4. Mais: considerada a cons tuição defini va do débito tributário como elemento pico
do delito, não é possível aderir, automa camente, à proposição defensiva da ex nção da punibilidade
pela prescrição. É que, até o momento da consumação deli va, sequer é de se cogitar da contagem do
prazo prescricional, nos termos do inciso I do art. 111 do Código Penal." (HC 105115 AgR, Relator
Ministro Ayres Bri o, Segunda Turma, julgamento em 23.11.2010, DJe de 11.2.2011)
"Ementa: (...) 2. Quanto aos delitos tributários materiais, esta nossa Corte dá pela necessidade
do lançamento defini vo do tributo devido, como condição de caracterização do crime. Tal
"Ocorre que, na hipótese dos autos, tenho para mim que não há que se falar na aplicação da
jurisprudência firmada por esta Corte por ocasião do julgamento do HC 81.611/DF (...). É que o
presente caso não versa, propriamente, sonegação de tributos, mas, sim, crimes supostamente
pra cados por servidores públicos em detrimento da administração tributária. Anoto que o
procedimento inves gatório foi instaurado pelo Parquet com o escopo de apurar o envolvimento
de servidores públicos da Receita estadual na prá ca de atos criminosos, ora solicitando ou
recebendo vantagem indevida para deixar de lançar tributo, ora alterando ou falsificando nota
fiscal, de modo a simular crédito tributário. (...) No intuito de elucidar a excepcionalidade do caso,
transcrevo trecho da manifestação do Ministério Público do Estado de Minas Gerais: 'A hipótese
dos autos não foge à regra, mas exige análise própria. Não se está tratando daquelas hipóteses em
que o tributo é lançado e simplesmente o contribuinte desconsidera a sua obrigação tributária,
aferindo-se facilmente o valor do débito fiscal. Os agentes engendraram uma união que, numa de
suas formas de agir, simplesmente permi a a passagem de caminhões sem a submissão do dever
de fiscalizar. Ora, esse modo de agir não permite o cálculo preciso do valor que se deixou de
90
arrecadar, simplesmente porque sequer lançado restou o tributo. O instrumento de fraude não
possibilitou ao Fisco conhecer da existência do fato gerador, como era o costume dos agentes.
Assim, nessas circunstâncias, salvo as situações concretas em que a Fiscalização interceptou
caminhões sem a devida fiscalização, ficou prejudicada a iden ficação dos valores, mas
comprovado que não foram recolhidos. (...)' Com efeito, nos termos do que destacado pelo
Ministério Público do Estado de Minas Gerais, a presente controvérsia não trata daquelas
hipóteses ordinárias em que o contribuinte, mediante as condutas-meios descritas no ar go 1º da
Lei nº 8.137/90, simplesmente suprime ou reduz tributo. Na espécie, há no cia de que os
denunciados, dentre eles fiscais da Receita estadual, simplesmente ignorando o seu dever de agir,
em conluio com policiais militares, advogados e um empresário, conceberam uma união que
visava a possibilitar a passagem de caminhões sem que se procedesse à devida fiscalização, o que
sequer permi a o lançamento do tributo. Nesse diapasão, sob todo o ângulo que se olhe,
mormente diante do acervo documental acostado, plenamente razoável a instauração da
persecução penal." (HC 84965, Relator Ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgamento em
13.12.2011, DJe de 11.4.2012)
91
CÓDIGO PENAL
TÍTULO V
DAS PENAS
CAPÍTULO I
DAS ESPÉCIES DE PENA
SEÇÃO I
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
Reclusão e detenção 92
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento
similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
§ 2º - As penas priva vas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de
transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde
o início, cumpri-la em regime aberto.
SEÇÃO II
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Penas restri vas de direitos
Art. 43. As penas restri vas de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
I - prestação pecuniária; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
II - perda de bens e valores; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
III - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
IV - prestação de serviço à comunidade ou a en dades públicas; (Incluído pela Lei nº 9.714, de
25.11.1998)
SEÇÃO III
DA PENA DE MULTA
Multa
CAPÍTULO II
DA COMINAÇÃO DAS PENAS
Penas priva vas de liberdade
Art. 53 - As penas priva vas de liberdade têm seus limites estabelecidos na sanção 98
correspondente a cada po legal de crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Penas restri vas de direitos
Art. 54 - As penas restri vas de direitos são aplicáveis, independentemente de cominação na
parte especial, em subs tuição à pena priva va de liberdade, fixada em quan dade inferior a
1 (um) ano, ou nos crimes culposos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 55. As penas restri vas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a
mesma duração da pena priva va de liberdade subs tuída, ressalvado o disposto no § 4o do
art. 46. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se
para todo o crime come do no exercício de profissão, a vidade, o cio, cargo ou função,
sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes
culposos de trânsito. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Pena de multa
Art. 58 - A multa, prevista em cada po legal de crime, tem os limites fixados no art. 49 e seus
parágrafos deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
CAPÍTULO III
DA APLICAÇÃO DA PENA
Fixação da pena
Concurso material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pra ca dois ou mais crimes,
idên cos ou não, aplicam-se cumula vamente as penas priva vas de liberdade em que haja
incorrido. No caso de aplicação cumula va de penas de reclusão e de detenção, executa-se
primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Na hipótese deste ar go, quando ao agente ver sido aplicada pena priva va de
liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a subs tuição de
que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restri vas de direitos, o condenado cumprirá
simultaneamente as que forem compa veis entre si e sucessivamente as demais. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 102
Recurso ordinário em habeas corpus. Furto Qualificado. Dosimetria da Pena. Presença de maus
antecedentes. Réu reincidente. 1. O habes corpus não é a via processual mais adequada para o
revolvimento dos fatos e das provas que deram suporte à dosimetria da pena aplicada pelas
instâncias de primeiro e segundo grau. Precedentes. 2. O magistrado sentenciante considerou
condenações transitadas em julgado, anteriores e dis ntas, para aumentar a pena-base por
maus antecedentes e para aplicar a agravante da reincidência. Precedentes. 3. Inocorrência de
teratologia, ilegalidade flagrante ou abuso de poder. 4. Recurso ordinário em habeas corpus
desprovido. (STF - RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS: RHC 99800 MS, Primeira Turma,
Relator Min. ROBERTO BARROSO, Public.:05/05/2014)
HABEAS CORPUS. PENAL. FURTO QUALIFICADO. DOSIMETRIA DA PENA. MAUS
ANTECEDENTES. FIXAÇÃO DA PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. MOTIVAÇÃO
SUFICIENTE. REINCIDÊNCIA. REGIME PRISIONAL MAIS GRAVOSO. POSSIBILIDADE.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS.
D E S C A B I M E N TO. R É U R E I N C I D E N T E E M C R I M E S C O N T R A O PAT R I M Ô N I O.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. ORDEM DE HABEAS CORPUS DENEGADA. 1. O
103
julgador deve, ao individualizar a pena, examinar com acuidade os elementos que dizem
respeito ao fato, para aplicar, de forma justa e fundamentada, a reprimenda que seja
necessária e suficiente para reprovação do crime. 2. No caso em apreço, a fixação da pena-base
acima do mínimo legal, para um dos Pacientes, foi suficientemente fundamentada, tendo sido
constatado que este possui 5 (cinco) condenações criminais transitadas em julgado, o que
confere especial reprovabilidade ao comportamento do agente. 3. Não se comprovando
ilegalidade ou abuso de poder na individualização da pena-base, a via do Habeas Corpus não é
adequada para dizer se foi justa ou não a reprimenda aplicada aos Pacientes. 4. O regime
prisional inicial fechado é obrigatório ao réu reincidente condenado à pena entre 4 (quatro) e
8 (oito) anos de reclusão e que teve as circunstâncias judiciais consideradas desfavoráveis. 5.
A subs tuição da pena reclusiva não se mostra socialmente recomendável à espécie, uma vez
que o Paciente já foi condenado por outro crime contra o patrimônio (no caso, roubo).
Incidência, na hipótese, do disposto no § 3.º do art. 44 do Código Penal. 6. Ordem de habeas
corpus denegada. (STJ - HABEAS CORPUS : HC 212778 DF 2011/0159524-1, Quinta Turma,
Relatora Min. LAURITA VAZ, Public.:06/06/2013)
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO. FALTA DE CABIMENTO. ROUBO CIRCUNSTANCIADO.
DOSIMETRIA. EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. MOTIVAÇÃO INIDÔNEA. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. PARECER ACOLHIDO. ATENUANTES. QUANTUM DE REDUÇÃO.
IMPETRAÇÃO PREJUDICADA NO PONTO. SÚMULA 231/STJ. 1. É inadmissível o emprego do writ
1. Resposta: letra C.
a) Incorreta. Ar go 525, do CPC/2015. b) Correta.
Súmula 570, STJ. c) Incorreta. O autor tem que
devolver – Resp 1401560 (recurso repe vo
STJ).
2. Resposta: letra B.
a) ar go 1047, CPC. b) ar go 90, parágrafo 4º, CPC
(apesar de exis r controvérsia e conflito
aparente com o ar go 19, parágrafo 1º, Lei no.
1 0 . 5 2 2 / 0 2 ) . c ) R M S 4 3 . 1 7 4 / M T, D J e
15/08/2016. d) enunciado 43, CJF. e)
enunciado 41, CJF.
3. Resposta: Letra B.
a) Ar go 302, I, do CPC/2015; b) art. 302, III, CPC;
c) repe vo REsp 1401560; d) arts. 520, I e II,
CPC; e) art. 521, CPC.
4. Resposta: Letra E. 110
I) na tutela de evidência não se exige o perigo de
dano (art. 311, CPC); II) o juiz só pode alterar a
medida na pendência do processo, vez ex nto, é
só por provocação das partes, nos moldes do
ar go 304, parágrafo 6º, CPC; III) como
modalidades de tutela de urgência só pode ser
antecipada ou cautelar. IV) ar go 303, parágrafo
1º, CPC.
4.2 DIREITO PENAL
1. Ano: 2017 Banca: TRF - 2ª Região Órgão Juiz c) As causas de aumento e de diminuição da pena
Federal Subs tuto devem ser computadas na primeira fase da
Assinale a opção correta: operação pelo sistema trifásico.
a) Fixada a pena em seu mínimo legal, é possível d) Majorante é sinônimo de qualificadora, vale
dizer, a pena abstratamente cominada será
es pular regime prisional mais gravoso do que o
dis nta da aplicada ao po simples.
previsto em razão da sanção imposta, desde que
presente a gravidade abstrata do delito e a e) A reincidência não pode ser considerada como
perturbação causada à ordem pública. agravante e, simultaneamente, como
circunstância judicial.
b) Fixada a pena-base em seu mínimo legal, é
possível compensar a atenuante da confissão 3. Ano: 2014 Banca: TRF - 4ª REGIÃO Órgão: TRF -
espontânea e o aumento referente à 4ª REGIÃO Prova: Juiz Federal Subs tuto
con nuidade deli va.
Dadas as asser vas abaixo, assinale a alterna va
c) Reconhecida a incidência de duas ou mais causas
correta.
de qualificação, ambas serão u lizadas para
qualificar o delito, influenciando a fixação da I. Um dos efeitos da condenação é a perda em favor
pena-base que, nesse caso, será da União – ressalvado o direito do lesado ou de
necessariamente definida acima do mínimo terceiro de boa-fé – do produto do crime ou de
quaisquer bens ou valores que cons tuam 111
previsto no preceito secundário do po
proveito auferido pelo agente com a prá ca do
qualificado.
fato criminoso. Quando esses não forem
d) É possível, na segunda fase da dosimetria da encontrados ou quando se localizarem no
pena, a compensação da atenuante da exterior, poderá o juiz decretar a perda de bens
confissão espontânea com a agravante da ou valores equivalentes ao produto ou
reincidência, não havendo preponderância. proveito do crime.
e) O tempo da prisão provisória, no Brasil ou no II. O servidor público tem o dever de exercer seu
estrangeiro, não deverá ser computado para cargo ou função dentro dos limites da lei, agindo
fins de determinação do regime inicial de pena de forma proba. Por essa razão, conforme
priva va de liberdade. dispõem o ar go 37, § 4º, da Cons tuição
Federal e o ar go 92 do Código Penal, nos
2. Ano: 2014 Banca: TRF - 2ª Região Órgão: TRF - 2ª crimes contra a administração pública ou
REGIÃO Prova: Juiz Federal pra cados com abuso de poder, a perda do
cargo, da função pública ou do mandato
Assinale a opção correta à luz da orientação
ele vo será automá ca, salvo se a pena
dominante e/ou do texto legal expresso:
aplicada for inferior a um ano.
a) Existente o concurso de crime, a aplicação da
III. Em se tratando de réu estrangeiro não residente
pena de multa observa as regras per nentes à
no país, poderá o juiz determinar, como efeito
modalidade de concurso que incidiu ao caso. secundário da sentença penal condenatória,
b) A incidência de circunstância atenuante pode sua expulsão, que deverá dar-se após o
c o n d u z i r, à l u z d a p o n d e ra ç ã o e d a cumprimento da pena no Brasil, nos termos do
razoabilidade, à redução da pena para abaixo do Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80, arts. 65
mínimo legal. a 68).
IV. Atendidos os requisitos obje vos e subje vos quando obrigatório, nota fiscal ou documento
previstos no art. 44 do Código Penal, a equivalente, rela va a venda de mercadoria ou
subs tuição da pena priva va de liberdade prestação de serviço, efe vamente realizada,
pela restri va de direito consubstancia direito ou fornecê-la em desacordo com a
subje vo do réu. Assim, deverá o juiz explicitar legislação"), sendo formal, independe do
fundamentadamente as penas restri vas de lançamento tributário.
direito aplicadas em subs tuição à pena a) Apenas a asser va I está correta.
priva va de liberdade, devendo optar entre
b) Apenas a asser va II está correta.
prestação pecuniária, perda de bens e valores,
prestação de serviços à comunidade ou a c) Apenas a asser va lll está correta.
en dades públicas, interdição temporária de d) Todas são falsas.
direitos e limitação de fim de semana. e) Todas estão corretas.
a) Estão corretas apenas as asser vas I e II.
5. Ano: 2016 Banca: TRF - 3ª Região Órgão Juiz
b) Estão corretas apenas as asser vas I e IV.
Federal Subs tuto
c) Estão corretas apenas as asser vas II e III.
Se um indivíduo é flagrado entrando com R$
d) Estão corretas apenas as asser vas III e IV.
100.000,00 (cem mil reais) em dinheiro no
e) Estão corretas todas as asser vas. território nacional, pode-se dizer que:
4. Ano: 2017 Banca: TRF - 2ª Região Órgão Juiz a) A situação cons tui um irrelevante penal, pois
Federal Subs tuto evadir dinheiro é crime, porém, internar não; 112
b) Está-se diante do crime capitulado no ar go
Abaixo há três afirmações: duas sobre a Lei n°
22, “caput”, da Lei 7.492/86;
11.343/2006 (Lei An drogas) e uma sobre crimes
contra o sistema tributário. c) A depender da origem do dinheiro, pode-se
estar diante de vários crimes, inclusive
Leia-as e, depois, marque a opção correta:
lavagem de dinheiro;
I- A incidência do aumento de pena em razão da
d) A depender da origem do dinheiro, pode-se
transnacionalidade do delito de tráfico (art. 40,
estar diante de crime contra a ordem tributária;
inc. I, da Lei 11.343/2006) pressupõe o efe vo
transporte da droga para o exterior. 6. Ano: 2014 Banca: TRF - 2ª Região Órgão Juiz
II- Presente a causa de diminuição de pena Federal Subs tuto
prevista no § 4“ do art. 33 da Lei 11.343/2006,
Quando o acusado de suprimir o pagamento de
p o r s e r o a g e n t e p r i m á r i o, d e b o n s
tributo devido (em conduta pica descrita no art.
antecedentes, não dedicado a a vidades
1º da Lei no 8.137/90) realiza, posteriormente ao
criminosas e não integrante de organização
recebimento da denúncia, o pagamento integral
criminosa, ainda assim é hediondo o crime dc
das exações respec vas, ocorre:
tráfico por ele pra cado.
a) O arrependimento posterior.
III- Nos termos da Súmula Vinculantc 24 do STF, os
crimes contra a ordem tributária previstos no b) A desistência voluntária.
art. Io, incisos I a IV, da Lei n° 8.137/90 não se c) Uma circunstância que atenua a pena.
pificam antes do lançamento defini vo do d) A ex nção da punibilidade.
tributo. Contudo, o delito do art. Io, inciso V, da
e) A suspensão da pretensão puni va.
Lei n.° 8.137/90 (“negar ou deixar de fornecer,
4.2.1 GABARITO
1. D
2. E
3. B
4. C
5. C
6. D
113
4.2.2 QUESTÕES EXTRAS
1. Aplicada em: 2017. Banca: CESPE. Órgão: 3) Aplicada em: 2016. Banca: MPE-PR. Órgão:
MPE-RR. Assinale a opção correta a respeito MPE-PR. Considerando o entendimento
da dosimetria da pena segundo o sumulado dos Tribunais Superiores, analise as
entendimento do STJ. asser vas abaixo e indique a alterna va:
1. C
2. A
3.A
4. A
5. A
6. ERRADO
7. A
8. D
9. A
10. B
11. E
12. E
13. D
14. E
121