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COM
ERNESTO BOZZANO
Introdução do autor
PRIMEIRA CATEGORIA
E mais adiante:
E por fim:
SEGUNDA CATEGORIA
SUBGRUPO B
Mensagens transmitidas inconscientemente ao médium por
pessoas em estado de vigília.
SUBGRUPO C
SUBGRUPO D
SUBGRUPO E
SUBGRUPO F
*
O primeiro dos grupos indicados não apresentaria por si mesmo
valor teórico apreciável, podendo-se com razão objetar que a
afirmação inverificável do "espírito-guia" a respeito de um
hipotético auxílio por ele prestado ao vivo que se manifesta
mediunicamente não é mais do que uma fantasia onírico-
subconsciente do médium.
Tal objeção bastaria para tirar todo o valor teórico ao grupo de
manifestações em questão, se não existissem as manifestações do
segundo grupo, diante das quais a mesma objeção é muito menos
legítima. A eficácia teórica, portanto, não pequena, das
manifestações do segundo grupa reflete-se favoravelmente sobre as
do primeiro, levando-se em consideração que se umas têm
fundamenta também a outras parecem prováveis. Não se diz, porém,
que a origem espírita das manifestações pertencentes ao segundo
grupo, passa ser considerada solidamente demonstrada. Com todo o
rigor, tal não é possível, visto que se trata de afirmações e de fatos,
por sua natureza, demonstráveis. De qualquer forma, não há falta de
provas indiretas em favor da interpretação espírita, provas que
assumem forma de argumentações indutivas de grande eficiência
demonstrativa, pois que, sem elas, muito dificilmente se poderia
algumas vezes dar a razão de ser dos fatos.
O Professor Oliver Lodge diz, a respeito do grupo de
manifestações, o seguinte, que transcrevo do Journal of the S.P.R..
Como explicar tais formas de transmissão mental de uma pessoa
a outra? Tomemos o episódio da pa lavra "Honolulu" par mim citado
no livro "Raymond". O grupo familiar de experimentadores de
Birmingham pediu à personalidade mediúnica "Raymond" para
transmitir a palavra "Honolulu" a outro grupo de experimentadores
em Londres, e a palavra foi transmitida. Ora, o caso pode explicar-se
o considerando uma experiência telepática, mas a circunstância que
não se deve esquecer, pois que constitui o lado dramático da
interpretação é esta: o encargo de transmitir a mensagem foi dado a
"Raymond", que se achava em relações com os dois grupos de
experimentadores.
E, assim sendo, não se pode deixar de reconhecer que se o
episódio se pode explicar telepaticamente, pode-se interpretar ainda
melhor, pressupondo que o espírito "Raymond" tenha efetivamente
transmitido como intermediário a mensagem que lhe foi confiada.
Assim escreve o Professor Lodge, e esta última interpretação
dos fatos parece mais legítima do que a outra porque nesta se leva
em devida conta à circunstância fundamental que confere valor ao
ciclo inteiro das experiências em apreço, isto é, que as manifestações
da entidade espiritual "Raymond", constituem o fim e a razão de ser
das próprias experiências e, como a mesma entidade já havia
fornecido provas bem notáveis em favor da sua identificação
pessoal, segue-se que, querer separar o episódio exposto do
complexo orgânico dos outros episódios, explicando-o de forma
diversa, seria um procedimento arbitrário e anticientífico.
E por ora não devemos acrescentar mais coisa alguma, porque
os fatos que vão sendo expostos fornecerão oportunidade para
elucidar posteriormente a questão.
CONCLUSÕES
Chegamos ao fim desta longa classificação, convém lançar um
olhar retrospectivo às etapas ascensionais percorridas, para depois
nos determos a discutir as questões teóricas de ordem particular e
geral que derivam da mesma classificação.
Vimos que os fenômenos das "manifestações mediúnicas entre
vivos" se dividem em duas grandes categorias, na primeira das quais
figuram as mensagens obtidas quando o agente e o percipientes
estão longe um do outro.
A primeira categoria, que é análoga, quanto aos fatos, aos
fenômenos de "leitura de pensamento", salvo a circunstância de que
as manifestações do gênero se realizam mediunicamente, varia
muito pouco nas modalidades pelas quais se manifesta, de sorte que
bem pouco tivemos que observar a respeito, porquanto os referidos
casos apresentaram ocasião para formular considerações importantes
sobre a gênese presumível de algumas mistificações anímicas que se
dão nas comunicações mediúnicas entre vivos; como também sobre
a natureza presumível do "controle mediúnico", o qual consistiria,
quase sempre, na transmissão telepática do pensamento e não em
uma posse temporária do organismo do médium pelo espírito
comunicante.
Enfim, os fenômenos examinados trazem uma primeira indução
a favor da autenticidade das comunicações mediúnicas com os
mortos, pois que, se à vontade de um vivo chega a ditar mentalmente
uma carta inteira, palavra por palavra, servindo-se do cérebro e da
mão de outrem (caso III), então não se pode mais negar a
possibilidade de que as personalidades dos mortos transmitam as
suas mensagens, Exercendo telepaticamente a vontade sobre o
cérebro e a mão do médium. Enquanto os fenômenos de tal natureza
abalavam os fundamentos da hipótese das "personificações
subconscientes", pela qual todas as personalidades que se
manifestam no domínio mediúnico não seriam mais do que efêmeras
personificações, ou mistificações onírico-sonambúlicas da
subconsciência, casos coma estes em exame demonstram a origem
positivamente extrínseca das manifestações de mortos.
Passando à segunda das categorias indicadas, observou-se que
ela é composta de manifestações que se diferenciam notavelmente
entre si, de modo que pareceu indispensável dividi-las em seis
Subgrupos, nos quais foram consideradas, sucessivamente, as
mensagens inconscientemente transmitidas ao médium por pessoas
imersas em sono e por pessoas em estado de vigília; depois as
mensagens obtidas por expressa vontade do médium; outras
transmitidas ao médium por vontade expressam de pessoas distantes;
depois. os casos de transmissão em que o vivo comunicante estava
moribundo e finalmente as mensagens mediúnicas entre vivos
transmitidas com o auxílio de uma entidade espiritual.
Já no primeiro Subgrupo, em que foram examinadas as
mensagens inconscientemente transmitidas ao médium por pessoas
imersas no sono, tivemos oportunidade de salientar uma das maiores
aquisições teóricas trazidas à luz pela presente classificação e é que
a característica das comunicações mediúnicas entre vivos consiste
no fato de que o agente e o percipientes desenvolvem comumente
longos diálogos, diálogos que demonstram que já não se trata de
fenômeno de transmissão telepática do pensamento e sim de uma
verdadeira e própria conversa entre duas personalidades integrais, ou
espirituais, com as conseqüências teóricas que daí decorrem.
Os casos pertencentes ao segundo Subgrupo, no qual Foram
consideradas as mensagens inconscientemente transmitidas ao
médium por pessoas em estado de vigília, oferecem-nos ocasião de
demonstrar a inexistência presumível de tal forma de comunicações,
porquanto não se conhecem exemplos precisos e definidos que
sirvam para demonstrar que uma pessoa em estado de vigília
chegue, involuntariamente, a entrar em comunicação mediúnica com
um sensitivo à distância, sem pensar nele. Como resultado do fato,
dever-se-ia dizer, ao contrário, que, para atingir tal fim, é necessário
pelo menos que a pessoa em estado de vigília e afastada pense no
mesmo instante e mais ou menos intensamente, no sensitivo.
Os casos do terceiro Subgrupo, nos quais são consideradas as
mensagens obtidas por vontade expressa do médium, revestem
grande valor teórico. O modo de interpretá-los reflete sua influência
sobre o modo de interpretar uma importante classe de casos de
identificação espírita: a identificação fundada sobre os informes
fornecidos pelos mortos a respeito de sua vida terrena. Seu valor
teórico emerge da circunstância de que as comunicações entre vivos,
quando determinadas por expressa vontade do médium, confirmam,
na aparência, a hipótese pela qual os informes pessoais verídicos
fornecidos pelas supostas espíritos de mortas comunicamos por meio
dos médiuns, são, ao contrário, retirados pelos médiuns nas
subconsciências dos vivos que conheceram o morto que se afirma
presente (telemnesia). Mas, ao contrário dos casos reunidos no
Subgrupo em exame, surge a confirmação incontestável de que as
comunicações mediúnicas entre vivos não consistem, absolutamente,
em um processo telepático, de seleção inquiridora nas
subconsciências alheias por parte dos médiuns, mas consistem, sim,
em uma conversação entre duas personalidades integrais ou
espirituais subconscientes, o que muda completamente os termos da
questão, tornando-se insustentável a hipótese adversa.
Abstenho-me de resumir as conclusões a que se chega a tal
propósito, pois que a sua importância exorbita dos limites de uma
síntese conclusiva e reclama ser desenvolvida à parte, o que faremos
em breve.
Os casos do quarto Subgrupo, que se referem às mensagens
transmitidas ao médium por expressa vontade de uma pessoa
afastada realizam-se muito raramente, enquanto que tal espécie de
mensagens, com caráter espontâneo é, ao contrário, bem freqüente
nos casos de sono notório ou disfarçado do agente e estes últimos
são muito mais importantes do que o primeiro. No caso de
mensagem transmitida ao médium por vontade expressa de uma
pessoa que se acha à distância, trata-se, limitadamente, de um
fenômeno de transmissão telepático-mediúnica e, portanto, de
mensagem pura e simples, que não assume nunca o desenvolvimento
de um diálogo. No caso de uma pessoa em sono notório ou
disfarçado, as manifestações tomam muitas vezes proporções de
diálogos e, quando assumem tal caráter, isto significa que já não se
trata de um fenômeno de transmissão telepático-mediúnica do
pensamento, mas sim de uma conversação verdadeira e própria entre
duas personalidades espirituais subconscientes, a menos que se trate
de mensagem de vivo transmitida com o auxílio de uma entidade
espiritual.
De qualquer modo, o significado dos casos pertencentes ao
Subgrupo em apreço não deixa, por sua vez, de confirmar a hipótese
espírita, porque, se a vontade consciente de um espírito de vivo pode
agir à distância sobre a mão de um médium psicógrafo de modo a
ditar o seu próprio pensamento, nada impede que a vontade
consciente de um espírito de morto consiga agir de maneira
semelhante. Do mesmo modo se, com base nas comunicações
mediúnicas entre vivos, em que é possível certificar-se da
autenticidade do fenômeno, interrogando as pessoas colocadas nos
dois extremos do fio, fica positivamente demonstrado que a
mensagem mediúnica provinha de um espírito de vivo afastado, que
se dizia presente no momento, então quando no nutro extremo do fio
se encontre uma entidade mediúnica que afirme ser um espírito de
morto e o prove fornecendo dado ignorado dos presentes, torna-se
teoricamente legitimo inferir daí que, no outro extremo do fio, deve
achar-se efetivamente a entidade do morto que se afirma presente.
Em outras palavras: para ambas a categoria indicada deve-se excluir
a hipótese das "personificações subconscientes" da qual tanto se tem
abusado atualmente. Nada, portanto, de personificações efêmeras de
ordem onírico-sonambúlica em relação com as comunicações entre
vivos e, em conseqüência disto, nada de semelhança com respeito às
comunicações com a entidade do morto, que fornecem a prova
precisa de identificação pessoal..
No quinto Subgrupo, foram considerados os casos, por sua vez
muito raros, em que a pessoa que se comunica mediunicamente,
morreu naquele momento ou se encontra moribunda. Esses casos
representam a via de transição entre os fenômenos anímicos e
espíritas, e isto porque, tratando-se de vivos no leito de morte, fica
claro que a telepatia entre vivos por manifestação mediúnica aparece
em semelhante circunstância como o último grau de uma longa
escala de manifestações anímicas pela qual se chega ao limiar da
grande fronteira, além da qual não pode haver senão manifestações
telepáticas de mortos, demonstrou mais uma vez que não há solução
de continuidade entre as modalidades pelas quais se dão as
comunicações mediúnicas entre vivos e as dos mortos. Em outras
palavras: mais uma vez somos levados a reconhecer que o
Animismo prova o Espiritismo.
Finalmente, no sexto Subgrupo, no qual são examinadas as
mensagens mediúnicas entre vivos, transmitidas com o auxílio de
uma entidade espiritual, entra-se de velas soltas no grande oceano
das manifestações transcendentais e pode-se demonstrar, a
propósito, que a existência de semelhantes formas de comunicações
mediúnicas entre vivos não pode ser contestada, porque se conhece
uma longa série de experiências que não podem ser explicadas,
absolutamente, nem pela telepatia nem pela clarividência telepática.
Baseados no complexo inteiro das manifestações analisadas,
observo que as comunicações mediúnicas entre vivos constitui uma
das questões mais interessantes e sugestivas que surgem no campo
das pesquisas metapsíquicas, porque por ele é possível chegar-se à
certeza científica sobre o fato muito importante da possibilidade do
"eu integral subconsciente" ou, em outros termos, para o espírito
humano, de entrar em relação com outros espíritos de vivos, seja
mediúnica seja telepaticamente, ora separando-se temporariamente
de seu próprio corpo somático (bilocação), ora comunicando-se ou
conversando telepaticamente à distância, depois de ser estabelecida
a "relação psíquica". Todas estas circunstâncias concorrem para
fornecer as provas da independência que existe entre o espírito
humano e o organismo corpóreo. E, em conseqüência disto, a
demonstração de que o espírito humano pode passar sem o
organismo corpóreo nas suas relações espirituais com outras pessoas
desencarnadas, depois da crise da morte.
Além disto, pela lei da analogia, servem para desembaraçar o
caminho de qualquer obstáculo teórico em relação à possibilidade de
comunicar-se mediunicamente com espíritos de mortos, pois que,
uma vez conseguida a certeza científica da realidade das
comunicações mediúnicas entre vivos, ,então as comunicações
análogas com entidade de mortos tornam-se o complemento natural
das primeiras, salvo sempre a cláusula de que o morto comunicante
demonstre a sua identidade pessoal, fornecendo a seu próprio
respeito informes suficientes, do mesmo modo que os espíritos dos
vivos os fornecem.
Seja dito tudo isto em tese geral, mas, para conferir toda eficácia
às conclusões expostas é necessário investigar posteriormente a
questão dos limites em que se pode desenvolver a ação telepático-
mediúnica entre pessoas vivas, a fim de determiná-los, eliminando
qualquer perplexidade que porventura se possa suscitar a propósito
da autenticidade espírita das comunicações análogas com as
entidades de mortos. (1)
(1) As comunicações mediúnicas de pessoas vivas foram objeto
de longa e minuciosa pesquisa de Allan Kardec na Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas, em Paris. Sócios efetivos ou
correspondentes da Sociedade se inscreviam para experiências nesse
sentido. Kardec os evocava, às vezes a grandes distâncias, sob
controle de entidades espirituais que dirigiam os trabalhos
mediúnicos. Os boletins da Sociedade, publicados na Revista
Espírita, são preciosos informantes desse procedimento. As
comunicações obtidas foram publicadas na integra, pois sempre
eram psicografadas, na secção Palestras Familiares de Além-
Túmulo, da mesma revista. Foram essas as primeiras pesquisas e as
primeiras demonstrações históricas da independência do espírito em
relação ao corpo. Toda a coleção da Revista Espírita, referente à fase
dirigida por Kardec, num total de doze volumes, foi publicada pela
Edicel na coleção das Obras Completas de Allan Kardec. Essas
pesquisas, cuja natureza científica se evidencie, nas publicações
referidas, feitas pela Revista, receberam a sanção posterior de outros
investigadores, como se vê neste livro. Bozzano foi um dos que mais
compreenderam a importância científica e procuraram aprofundar a
sua significação no campo do conhecimento. (Nota da Edicel).
FIM