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Uma trincheira chamada educação:

o papel da educação no contexto da luta de classes


Cássio Diniz Hiro*

Resumo: Este artigo tem como objetivo fazer uma reflexão acerca do papel
que a educação tem tido na história, como instrumento de dominação da
burguesia sobre os trabalhadores, dentro do contexto ideológico e de projeto
hegemônico sobre a sociedade capitalista. Também busca desconstruir a
idéia de que a educação por si só pode servir de elemento de superação das
desigualdades sociais e de construção de uma nova sociedade justa e
igualitária, deixando de lado a transformação por meio da ação direta da luta
de classes.
Palavras-chave: educação, mobilidade social, capitalismo, luta de classes,
caráter de classe, história da educação.

Abstract: This article has as objective to do a reflection concerning the


paper that the education has been having in the history, as instrument of
dominance of the bourgeoisie on the workers, inside of the ideological
context and of hegemony project on the capitalist society. It also looks for
deconstruct the idea that the education by itself can serve as element of pass
of the social inequalities and of construction of a new fair and equalitarian
society, leaving aside the transformation through the direct action of the
fight of classes.
Key words: education, social mobility, capitalism, fight of classes, class
character, history of the education.

*
CÁSSIO DINIZ HIRO é Professor de História da rede pública estadual de Minas Gerais e
mestrando em Educação pela Universidade Nove de Julho.

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Introdução ficarem muito aquém do esperado
(influenciados principalmente por
Podemos acompanhar nos últimos 30 medidas governamentais neoliberais
anos um crescimento expressivo do que buscam a transformação da
ensino básico brasileiro. Segundo dados educação enquanto direito em
do Ministério da Educação e de vários mercadoria), observamos que ocorre no
institutos de pesquisa relacionados ao Brasil uma tendência na sociedade,
assunto, mais brasileiros puderam ter principalmente na pequena-burguesia e
contato com a escola formal no Brasil, no proletariado, em acreditar que a
em comparação com as décadas educação é o grande fator subjetivo que
anteriores. Além do crescimento do provocará mudanças estruturais no país,
número de jovens em idade escolar retirando o mesmo do estado de
matriculados no ensino básico, podemos paralisia econômica e social reinante
perceber também a expansão do ensino nos últimos cinco séculos. E isso tem
universitário brasileiro, principalmente sido também o discurso usado tanto
na iniciativa privada. pelo governo federal quanto nos
governos estaduais recentes, apesar de
Sobre esta expansão do ensino
rezarem da cartilha neoliberal. Mesmo
brasileiro, Valério Arcary faz uma
diante de resultados parcos, a idéia
interessante análise da educação
ainda persiste entre muitos.
enquanto fator de ascensão social:
A mobilidade social relativa através Mas até quando é possível defender a
da educação foi um fator de coesão idéia de que a educação é que provocará
social do capitalismo brasileiro. A as tais mudanças? Será que os
coesão social dependeu,
problemas enfrentados pela sociedade,
essencialmente, do crescimento
econômico que levou a formação da como a miséria de muitos, a exploração,
moderna classe trabalhadora a concentração de renda e a
urbana. O lugar da educação como desigualdade social serão resolvidos ou
instrumento de ascensão social foi, remediados simplesmente aumentando
entretanto, muito valorizado pela o acesso da população à escolarização?
classe média brasileira, que se Ou será que o problema é mais
destacou pelo esforço de garantir a estrutural? E estes questionamentos
elevação da escolaridade para seus tornam-se maiores em aqueles que
filhos. Durante meio século, entre desejam realmente a transformação
1930/80, o aumento da escolaridade social do país e a superação de seus
foi um importante fator de ascensão
grandes desafios.
social. A educação era um dos
elevadores para aceder á classe
média. Os incentivos materiais para Reitero que não busco uma visão elitista
buscar uma educação superior de educação e muito menos condenar o
foram muito importantes. A processo de expansão do ensino básico
recompensa econômica na forma de brasileiro, mas acredito ser necessário
salários, pelo menos, dez vezes
observar, com um olhar mais crítico,
maiores do que o salário mínimo,
certas idéias-comuns que vão sendo
era suficiente para justificar os
sacrifícios. (2010) construídas sobre este assunto. Talvez
mergulhemos aqui em algumas
Apesar desta constatação não polêmicas bastante interessantes ao
representar uma melhora qualitativa da longo deste trabalho. Como diria Carlos
educação brasileira, e seus resultados Bauer, em seu artigo Política de

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Expansão do Ensino Superior: a Classe tempo, mantê-las dóceis e
Operária vai ao Campus: conformadas. (2000, p. 89)
[...] é imperativo reconhecer que a Essa idéia de apropriação da educação
educação, por si só, não é capaz de formal por uma classe social vai
provocar mudanças profundas na atravessar toda a Idade Média e
estrutura social existente. Sabe-se Moderna até o momento em que este
que este tipo de postura constitui paradigma for quebrado pelas
ingenuidade. (2006, p. 465) transformações sociais, econômicas,
Afinal, o que seria a educação? políticas e culturais do século XVIII.

Entendemos como educação o processo O Iluminismo, doutrina burguesa


de formação cultural do ser, sob a forma oriunda da crítica às contradições do
individual e/ou coletiva. Este processo Antigo Regime, vai defender que a
visa construir no ser humano a educação deve ser um direito a todos os
capacidade de absorver e formar cidadãos, não importando a sua classe
conhecimento e interagir no mundo social. Foi a primeira vez que se
social e do trabalho, tendo como quebrou a idéia de que a educação é
prioridade a sua formação enquanto exclusividade dos filhos da classe
social. dominante, sendo que a consigna
principal era “educação publica,
Mas ao longo da historia vimos que a universal, gratuita e laica”. Mas ao
educação tem tomado caminho distinto florescer das revoluções burguesas e a
das palavras acima. Até a formação da construção do Estado Burguês (como na
civilização grega, e posteriormente da França, Inglaterra e os Estados Unidos),
romana, a educação era encarada de vimos que o discurso iluminista vai ser
forma coletiva, buscando a produção e a “levemente” modificado. A educação,
reprodução do conhecimento para o uso de certa forma, continuará sendo um
coletivo da comunidade. Mas com o direito a todos, dentro do possível, mas
aumento da complexidade destas haverá uma profunda diferença entre os
comunidades, isto é, o aprofundamento tipos de educação a ser oferecida para
das divisões sociais e o crescimento do os indivíduos oriundos de classes
aparato estatal, a educação perdeu o sociais diferentes. Enquanto que para a
caráter coletivo e tornou-se posse de burguesia a educação terá como
uma elite social e política. A educação, objetivo formar a elite econômica e
restrita aos donos do poder, tornou-se política da nação, para o proletariado a
um instrumento que mantinha a educação servirá para formar uma
estrutura do sistema, ou em outras força-de-trabalho responsável pela
palavras, sedimentava o status quo. Para produção. A primeira necessitaria de
as classes oprimidas e subalternas uma educação mais aprofundada e de
(camponeses, artesãos, servos, escravos, melhor qualidade, a segunda precisaria
etc.) a simples capacidade da escrita e apenas de uma formação bem básica, o
da leitura era algo raro. Aníbal Ponce, suficiente para garantir a continuidade
em seu livro Educação e Luta de do trabalho.
Classes, diz sobre a educação destinada
Nas “grandes escolas” – diz
ao povo neste período:
Basedow, em seguida – além de
A finalidade dessas escolas não era ensinar a ler, a escrever e a contar,
instruir a plebe, mas familiarizar as os mestres também devem cuidar
massas campesinas com as “daqueles deveres que são próprios
doutrinas cristãs e, ao mesmo das classes populares”. Mas como

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nessas escolas só existia um só atualmente atendem de fato a maioria
professor, que estava encarregado da sociedade?
de ensinar muitos alunos de idades
bastante distintas [...] Basedow se Educação como algo a mais no
consolava com estas palavras sistema
simples e chocantes: “Felizmente,
as crianças plebéias necessitam de Além destas transformações, a educação
menos instrução do que as outras, e também se transformou em um
devem dedicar metade do seu poderoso instrumento ideológico e
tempo aos trabalhos manuais.” cultural. Com o desenvolvimento das
(PONCE, 2000, p. 137) relações sociais de produção,
evidenciou a disputa direta entre as
Mesmo assim muitos países levaram antagônicas classes sociais (burguesia e
séculos para absorver este ideal. A proletariado) do capitalismo. A luta de
educação de uma elite quase sempre foi classes e o aumento da consciência da
a única preocupação para a maioria dos realidade colocaram-se como elementos
governos, deixando de lado a maioria da que em algum momento poderia abalar
população. Esta situação acabou o sistema e provocar sua queda.
encontrando um limite ao passo do Apesar de não ter sido a primeira vez na
desenvolvimento do capitalismo e da história, percebeu-se a necessidade de
complexidade dos novos modos de se impor de fato uma ideologia que
produção a partir do século XIX. Era destruísse a identidade de classe que o
necessário, para a elite, instruir sua proletariado e demais classes oprimidas
mão-de-obra a fim de se adequar as poderia adquirir. E a melhor forma de
novas tecnologias. O atraso neste se impor uma ideologia burguesia que
sentido representaria o atraso corroborasse o ideal capitalista seria
econômico do país. justamente a educação oficial oferecida
pela escola institucional.
Diante deste desafio, o estado brasileiro
Como diria Karl Marx, o Estado é o
buscou reverter a lógica existe há
comitê central da classe dominante. O
séculos, elaborando uma nova política
Estado burguês, como legítimo
em educação nos últimos 30 anos, no
representante desta classe, vai buscar
qual se buscou a universalização da
por meio de seu instrumento, a escola
educação, obrigando o ensino
oficial institucionalizada, construir na
fundamental (e agora o médio) à todos
sociedade os valores ideológicos da
os jovens em idade escolar. Além disso,
burguesia.
abriu para a iniciativa privada o
mercado da formação profissional em O domínio da burguesia sobre a
nível técnico e superior, buscando sociedade baseia-se, entre outras coisas,
recuperar o tempo perdido na formação no domínio ideológico. Impor sua visão
da força de trabalho e do capital de mundo é a principal característica da
humano suficiente para o educação formal executada nas escolas
desenvolvimento do capitalismo no públicas (a serviço do estado) e nas
país, além, é claro, abrindo um novo escolas privadas (a serviço direto do
ramo lucrativo para o capital. Mas em capital). Transferir este conhecimento é
se tratando de projeto de educação, fundamental para se manter o status quo
devemos nos perguntar: qual o modelo do sistema. A educação se transformou
de nação queremos construir? E será em uma forma de “doutrinação da
que tais modelos dominantes esmagadora maioria das pessoas com os

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valores da ordem social do capital como Mesmo que armada igualmente
ordem natural inalterável” (Meszáros, esteja ela, sobretudo, de meios com
2008, p. 80). Como diria Luiz Antonio os quais vem crescentemente
Cunha: ampliando as condições de
existência do homem. Fatores de
O conhecimento tem sempre um massificação do homem, vale
caráter de classe, é sempre um afirmar, resistência à distorções de
conhecimento de classe. Por isso, sua consciência ingênua a formas
ele tem na posição de classe do mais perigosamente
sujeito que conhece uma condição incomprometidas com sua
necessária (mas não suficiente) da existência do que a representada na
verdade. (1977, p. 17) consciência, por nós chamada de
intransitiva. Uma educação que
Diante de tal constatação, como é possibilite ao homem discussão
possível defender a possibilidade de corajosa de sua problemática. De
transformação sócio-econômica e sua inserção nesta problemática.
política por meio da educação formal se Que o coloque em diálogo
a escola é um instrumento da constante com o outro. Que o
superestrutura do capitalismo? Poderia predisponha a constantes revisões.
o Estado burguês provocar a implosão À análise crítica de seus achados. A
do próprio sistema? uma certa rebeldia no sentido mais
humano da expressão. Que o
Paulo Freire e a educação identifique com métodos e
libertadora processos científicos. (FREIRE,
1959, p. 33)
Na década de 1950, num período no
Essa nova forma que Paulo Freire dava
qual ganhava corpo a idéia da Escola
para a educação provocou uma
Nova e os trabalhos de Anísio Teixeira,
profunda reflexão sobre o tema e
o Brasil pôde acompanhar o nascimento
transformou toda uma idéia sobre o
de uma nova metodologia de ensino que
papel do ensino para a humanidade,
acabou se transformando em uma teoria
apesar de que no início o próprio autor
do conhecimento. Com o propósito de
não tinha uma dimensão da necessidade
buscar sanar o problema no
da transformação real na sociedade:
analfabetismo em jovens e adultos,
Paulo Freire revolucionou a forma de Em meus primeiros trabalhos, não
pensar a educação, ao defender que o fiz quase nenhuma referência ao
mesmo deve ser usado para emancipar o caráter político da educação. Mais
homem do obscurantismo, ao invés de ainda, não me referi, tampouco, ao
acorrentá-lo ainda mais. Em sua tese problema das classes sociais, nem à
Educação e Atualidade Brasileira, ele luta de classes (...). Esta dívida
refere-se ao fato de não ter dito
diz:
essas coisas e reconhecer, também,
Parece-nos, deste modo, que, das que só não o fiz porque estava
mais enfáticas preocupações de ideologizado, era ingênuo como um
uma educação para o pequeno-burguês intelectual (1979,
desenvolvimento e para a p. 43)
democracia, entre nós, há de ser a
de oferecer ao educando Mesmo no início defendendo o
instrumentos com que resista aos nacional-desenvolvimentismo por meio
poderes do desenraizamento de que da educação, Paulo Freire teve que se
a civilização industrial, a que nos exilar com a ascensão da ditadura
filiamos, está amplamente armada. militar no Brasil (1964-1985). Com o

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tempo, ele desenvolveu seu pensamento governo e da igreja. (...) é o Estado
pedagógico, no qual teve como fruto a que precisa ser rudemente educado
sua obra mais conhecida, Pedagogia do pelo povo. (apud ORSO, 2008, p.
Oprimido, no qual pôde finalmente 102)
expor sua visão de educação como Parece-nos então que a transformação
instrumento de libertação do homem. da estrutura social não poderá ser
Uma vez no exterior, suas idéias foram alcançada por meio dos próprios
estudadas e aplicadas em diversos organismos estatais, como a escola
países, em destaques as nações institucional. Esta escola, inserida no
africanas que se libertavam do domínio contexto e organizada pelo Estado
colonial. Foram as primeiras burguês, buscará camuflar as
experiências de adoção desta prática por contradições existentes no sistema e, em
dentro de regimes, muitos dos quais essência, fará a sua defesa. Não é a toa
eram “consideradas” socialistas. O que vemos a insistência, por parte das
próprio Paulo Freire teve a sua secretarias de educação, em projetos
oportunidade ao estar à frente da político-pedagógicos escolares em
Secretaria de Educação do município de sintonia com um projeto único de
São Paulo durante a gestão de Luiza governo, além das famosas avaliações
Erundina, após a redemocratização do de desempenho que buscam limitar a
Brasil. autonomia de educadores. Mas isso não
significa que a educação como um todo
Da teoria revolucionária a não é importante para o processo de
prática revolucionária destruição do capitalismo. Ao contrário,
ela se transforma em um instrumento
Com o tempo, as experiências práticas importantíssimo para o proletariado
das idéias de Freire na educação formal avançar na construção de um mundo
encontraram muitas barreiras, além de justo e igualitário.
profundas contradições impostas pelo
próprio sistema. Não que suas idéias Cabe-nos lembrar que a transformação
estejam equivocadas. Pelo contrário, se radical da estrutura social é o resultado
usadas pelos educadores como forma de de um processo revolucionário, que no
buscar a emancipação do homem, estará caso, deve ser orquestrado pela classe
contribuindo para a construção de algo explorada diretamente pelo capital. Esse
novo, mas apenas como instrumento processo é dado pela ação direta, na
para uma ação maior. dinâmica da luta de classes, por meio do
combate econômico e político contra a
Mas diante desta nova realidade, cabe-
burguesia. “Longe de entender a
nos fazer uma pergunta: é possível
educação como determinante principal
transformar a estrutura social vigente,
das transformações sociais, reconhece
acabar com a miséria e a desigualdade
ser ela elemento secundário e
social, isto é, construir uma sociedade
determinado” (Saviani, 2009, p. 59). A
justa e igualitária, por meio da educação
educação deve ser vista como fator, por
formal, principalmente aquela oferecida
vezes decisivo, que possibilite
pelo Estado? Marx nos dá uma visão:
instrumentalizar o proletariado, e não
Uma “educação do povo a cargo do como substituto da ação direta do
Estado” é absolutamente mesmo.
inadmissível. (...) Ao contrário, é
preciso pelas mesmas razões, banir Dermeval Saviani, em seu livro Escola
da escola qualquer influência do e Democracia, defende a construção e o

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domínio do conhecimento de toda a soma do conhecimento e
historicamente acumulado pela da capacidade elaborada pela
humanidade com o intuito de aplicá-la humanidade no curso de sua
para superar a sociedade de mercado. história, para poder emancipar-se e
Baseando-se em Gramsci, ele vai reconstruir a vida sobre a base dos
princípios de solidariedade. (apud
defender que uma vez dominado o
BAUER, 2008, p. 12)
conhecimento, o proletariado forme os
mecanismos necessários a serem usados A escola publica se transforma, então,
nos conflitos diretos e indiretos da luta- em espaço de disputa da consciência de
de-classes. A isso Saviani chamará de seus alunos, isto é, num campo no qual
Pedagogia Histórico-Crítica. E mais: se combaterá o projeto político-
pedagógico do Estado burguês, e no
Eis aí o sentido da frase “a verdade
qual o proletariado avançará da
é sempre revolucionária”. Eis aí
também por que a classe consciência de classe em si para classe
efetivamente capaz de exercer a para si. Mas para que isso ocorra é
função educativa em cada etapa necessária a ação de educadores
histórica é aquela que está na comprometidos com um projeto de uma
vanguarda, a classe historicamente sociedade diferente. O compromisso do
revolucionária. Daí o caráter educador com a verdade transformadora
progressista da educação. [...] é importante nesta ação e, assumindo
(Saviani, 2009, p. 79) este compromisso, estará assumindo a
Mas esta pedagogia Histórico-Crítica defesa e luta de uma classe:
teria espaço na escola formal? Além de [...] numa sociedade dividida em
usada na chamada educação informal, classes, a classe dominante não tem
aquela ministrada por movimentos interesse na manifestação da
sociais, como sindicatos, partidos e verdade já que isso colocaria em
comunidades de base, entre outros, a evidência a dominação que exerce
luta pela construção da consciência sobre as outras classes. Já a classe
revolucionária por meio da educação dominada tem todo o interesse em
que a verdade se manifeste porque
pode encontrar na escola institucional
isso só viria patentear a exploração
um terreno propício para o seu a que é submetida, instando-a a se
florescimento. A escola pública, por engajar na luta de libertação.
excelência, é a escola da classe (Saviani, 2009, p. 79)
proletária, e não há outro caminho que
não seja garantir a esta classe o É nesse sentido que ganha importância
conhecimento necessário que lhe as organizações de classe,
possibilite interpretar cientificamente o principalmente aquelas ligadas a
mundo em que vive, além, é claro, categoria dos trabalhadores em
instrumentalizá-lo na luta pela educação. As entidades sindicais devem
construção de uma sociedade ter consciência de que, além de
econômica e socialmente igualitária. organizarem e dirigirem as lutas
Como diria Trotsky: econômicas, ser também formadora de
agentes para atuarem enquanto
Se não esquecermos que a força educadores militantes de uma causa1
motriz do processo histórico são as
forças produtivas que liberem o 1
É importante destacar neste momento que cabe
homem do domínio da natureza, aos movimentos sociais, principalmente o
então compreenderemos que o movimento sindical docente, a construção de
proletariado necessita apoderar-se um projeto contra-hegemônico de educação, que

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(daí a importância de uma direção Referências
comprometida com um projeto ARCARY, Valério. Menos pobre e menos
revolucionário). E nisso pode-se incluir atrasado, mas não menos injusto: diminuição
as práticas do pensamento freiriano do papel da educação como fator de mobilidade
social, in www.pstu.org.br, acessado em
como elemento a mais para a formação
agosto/2010.
do homem livre. Como diria o próprio
Freire sobre a ação sindical dos BAUER, Carlos. Introdução crítica ao
humanismo dialógico de Paulo Freire. Editora
trabalhadores em educação: José Luiz e Rosa Sundermann. São Paulo, 2008.
A luta dos professores em defesa de __________. Política de expansão do ensino
seus direitos e de sua dignidade superior: a classe operária vai ao campus, in
deve ser entendida como um EccoS, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 449-470,
momento importante de sua prática jul./dez. 2006.
docente, enquanto prática ética.
CUNHA, Luiz Antonio. Diretrizes para o
Não é algo que vem de fora da estudo histórico do ensino superior no Brasil, in
atividade docente, mas é algo que Fórum Educacional da Fundação Getulio
dela faz parte. (FREIRE, 1996, p. Vargas. FGV, Rio de Janeiro, jan./mar. 1977.
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FREIRE, Paulo. Educação e atualidade
Estes professores, formados como brasileira. Tese de concurso para a cadeira de
intelectuais orgânicos, na concepção de história e filosofia da educação na Escola de
Belas-Artes de Pernambuco. Recife, 1959.
Gramsci, devem buscar transformar a
escola formal institucional em uma __________. Pedagogia da autonomia: saberes
verdadeira trincheira do proletariado necessários à pratica educativa. Paz e Terra,
Rio de Janeiro, 1996.
contra a burguesia, na busca pela
destruição de um sistema excludente e MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Textos
sobre educação e ensino, 2ª edição, Moraes,
desigual, e a construção de uma nova
São Paulo, 1992.
sociedade, de fato justa e igualitária.
Somente assim poderemos falar em um MESZÁROS, István. Educação para além do
capital. 2ª Edição, Boitempo Editorial, São
novo mundo, que nós trabalhadores Paulo, 2008.
tanto desejamos.
ORSO, Paulino José; GONÇALVES, Sebastião
Rodrigues; MATTOS, Valci Maria (org.).
Educação e luta de classes. São Paulo:
Expressão Popular, 2008.
atenda de fato os interesses da classe
trabalhadora, que tem na escola pública a sua PONCE, Aníbal. Educação e luta de classes.
escola. A luta passa a ser também a disputa da São Paulo. Cortez, 17º edição, 2000.
consciência da classe trabalhadora, e por isso é SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 41ª
necessário a embate contra a ideologia edição, Autores Associados, São Paulo, 2009.
hegemônica da educação imposta pelo capital.

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