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Universidade Federal do Piauí

Centro de Ciências da Natureza


Departamento de Física

Propriedades de Transporte
de Células Solares Orgânicas e OLED’s

Helder Alexander Santos e Costa

Trabalho de Conclusão de Curso

Teresina – PI
2010
Universidade Federal do Piauí-UFPI
Centro de Ciências da Natureza
Departamento de Física

Propriedades de Transporte
de Células Solares Orgânicas e OLED’s

Helder Alexander Santos e Costa


Trabalho de Conclusão de Curso

PROF. DR. ANGEL ALBERTO HIDALGO


ORIENTADOR

Teresina – PI
2010
Propriedades de Transporte de Células Solares
Orgânicas e OLED’s

HELDER ALEXANDER SANTOS E COSTA

Trabalho de Conclusão de Curso submetido á Coordenação do Curso de


Física – Centro de Ciências da Natureza da Universidade Federal do Piauí, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharelado em Física.

Aprovado por:

_____________________________________________

Angel Alberto Hidalgo


(Orientador – UFPI)

______________________________________________

Helder Nunes da Cunha


(UFPI)

______________________________________________

Francisco Eroni Paz dos Santos


(UFPI)

Teresina – PI
2010
“A natureza é um enorme jogo de xadrez
disputado por deuses, e que temos o privilégio
de observar. As regras do jogo são o que
chamamos de física fundamental, e
compreender essas regras é a nossa meta.”

Richard Feynman
Agradecimentos

A Deus por suas benções durante esses anos de pesquisa.

Ao professor Angel Alberto Hidalgo pela orientação, o ensinamento, a


paciência, a dedicação e a confiança.

Aos professores Maria Letícia Vega, Helder Nunes da Cunha, João Mariz de
Guimarães Neto pelo apoio.

A minha mãe Josy, pelo imensurável apoio e incentivo em todos os momentos


de minha vida.

A minha namorada Rute Helena, por sua companhia.

Ao amigo e companheiro Ralliwson por seu auxilio nas pesquisas.

A todos os alunos e integrantes do grupo de Materiais.

Aos meus amigos de IC pela amizade e companheirismo.

Ao CNPq, pelo apoio financeiro.

Ao LAPETRO, pelo suporte técnico.

À UFPI, pela oportunidade de amadurecimento e crescimento profissional.


Resumo

Este trabalho consiste no estudo dos mecanismos de transporte eletrônico em


dispositivo tipo célula solar orgânica à base de poli(2-metóxi,5-(2-etil-hexiloxi)-p-
fenileno vinileno (MEH-PPV) com óxido de titânio (TiO2) e com Tetra-fenil Porfirina
de Zinco (ZnTPP), Onde aqueles formam uma junção PN em que a camada de
MEH-PPV é responsável pelo transporte de elétrons e a camada de TiO 2 é
responsável pelo transporte de buracos, logo a dissociação do éxciton ocorre na
interface MEH-PPV/TiO2. O MEH-PPV com ZnTPP formam uma heterojunção
volumétrica, onde a dissociação do éxciton ocorre na interface a nível molecular.
Neste trabalho fizermos uma abordagem teórica do funcionamento de uma
célula solar orgânica, onde propomos um circuito equivalente para uma possível
descrição do funcionamento dos dispositivos que apresentam duplo sentido de
condução, e determinamos os parâmetros das células solares orgânicas.
Concluímos, pelos parâmetros calculados, que as células solares mostram-se
bastantes resistivas, no entanto uma voltagem de circuito aberto (V oc) considerável,
e pelo modelo do circuito equivalente podemos descrever do ponto de vista
macroscópico o funcionamento dos dispositivos. Obtivemos também um dispositivo
OLED á base de MEH-PPV, onde apresentou eletroluminesceu entorno de 20 V com
a cor alaranjada.
Abstract
This work is to study of transport mechanisms electronic in type organic solar
cell device the basis of poly(2-methoxy-5-(2'-ethyl- hexyloxy)-1,4-phenylene vinylene)
(MEH-PPV) with titanium oxide (TiO2) and with Tetraphynil Porphyrin of Zinc
(ZnTPP), Those which form a junction PN in which the layer MEH-PPV is responsible
by transport electrons and the TiO2 layer is responsible by the transport of holes, so
the exciton dissociation occurs at the interface MEH-PPV/TiO2, the MEH-PPV with
ZnTPP form a bulk heterojunction, where exciton dissociation occurs at the interface
the molecular level.

In this work we make a theoretical approach to the operation of an organic


solar cell, where we propose an equivalente circuit for a possible description of the
operation of device that have two- way driving, and determine the parameters of
organic solar cells. We concluded, that the calculated parameters, for the solar cells
prove to be quite resistive, however an open circuit voltage (V oc) considerable, that
the equivalent circuit model can describe the macroscopic point of view the operation
of devices. We obtained too a device OLED (Organic Light Emitting Diode) the base
of MEH-PPV, where he presented electroluminescence around of 20 V with the color
orange.
SUMÁRIO
Lista de Figuras .................................................................................................................................... 8

1.0 Introdução .................................................................................................................................. 9

2.0 Célula Solar .................................................................................................................................. 10

2.1Circuito equivalente para uma célula solar ............................................................................... 11

2.2 Circuito equivalente para um dispositivo ambipolar. .............................................................. 13

2.3 Parâmetros básicos de uma célula solar ................................................................................. 14

2.3.1 – Potência Máxima (Pmax)..................................................................................................... 14


2.3.2 – Fator de Preenchimento (FF) ........................................................................................... 14
2.3.3 – Mobilidade (μ) ..................................................................................................................... 15
2.3.4 – Espessura (d)...................................................................................................................... 15
2.3.5 -Resistência em série (Rs) ................................................................................................... 15
2.3.6- Resistência em paralelo (Rp) .............................................................................................. 15
3.0 Transporte de Cargas em Semicondutores Orgânicos ......................................................... 16

4.0 Dispositivo Célula Solar Orgânica ............................................................................................. 18

5.0 Dispositivo OLED ........................................................................................................................ 19

6.0Preparação do Dispositivo ........................................................................................................... 20

6.1- Preparação do substrato ........................................................................................................ 20


6.2- Preparação da solução ........................................................................................................... 21
6.3- Deposição das Soluções ........................................................................................................ 21
6.4- Metalização .............................................................................................................................. 22
7.0Técnicas de caracterização ......................................................................................................... 23

7.1 Caracterização elétrica ............................................................................................................ 23


8.0Resultados e Discussão .............................................................................................................. 23

8.1 Medidas Elétricas dos dispositivos células solares. ............................................................ 23


8.2 Ajuste das curvas de (I-V) dosdispositivos células solares. .............................................. 25
8.3 Comportamento do Transporte de Cargas ........................................................................... 27
9.0Dispositivo OLED .......................................................................................................................... 28

10.0Conclusão .................................................................................................................................... 30

11.0Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 31


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Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

Lista de Figuras

FIGURA 1. FOTO DE UMA CÉLULA SOLAR ORGÂNICA FLEXÍVEL. ............................................................................................... 9


FIGURA 2. ILUSTRAÇÃO DA ESTRUTURA QUÍMICA DO MEH-PPV. .......................................................................................... 9
FIGURA 3. ILUSTRAÇÃO DA ESTRUTURA QUÍMICA DA ZNTPP. .............................................................................................. 10
FIGURA 4. ILUSTRAÇÃO DA ESTRUTURA QUÍMICA DO ÓXIDO DE TITÂNIO (TIO2) NA FORMA ANATASE........................................... 10
FIGURA 5. ILUSTRAÇÃO DO PROCESSO FOTOVOLTAICO DE UMA CÉLULA SOLAR 1. ABSORÇÃO DA LUZ 2. DIFUSÃO DO ÉXCITON 3.
TRANSFERÊNCIA DE CARGAS 4. SEPARAÇÃO DAS CARGAS. .......................................................................................... 11
FIGURA 6. ILUSTRAÇÃO DO CIRCUITO EQUIVALENTE DE UMA CÉLULA SOLAR IDEAL. .................................................................. 11
FIGURA 7. ILUSTRAÇÃO DE UM CIRCUITO EQUIVALENTE DE UMA CÉLULA SOLAR REAL. .............................................................. 12
FIGURA 8. GRÁFICO DA CURVA CARACTERÍSTICA DE UMA CÉLULA SOLAR REAL SOB ILUMINAÇÃO. ................................................ 13
FIGURA 9. ILUSTRAÇÕES A) CIRCUITO EQUIVALENTE PARA UM DISPOSITIVO AMBIPOLAR E B) CURVA CARACTERÍSTICA DE (I-V) DO
CIRCUITO EQUIVALENTE. ...................................................................................................................................... 13
FIGURA 10. GRÁFICO DA VARIAÇÃO DA CORRENTE DE CURTO CIRCUITO COM A RESISTÊNCIA EM SÉRIE. ........................................ 15
FIGURA 11. GRÁFICO DA VARIAÇÃO DA VOLTAGE DE CIRCUITO ABERTO COM A RESISTÊNCIA EM PARALELO. .................................. 16
FIGURA 12. GRÁFICO DO (LNI-LNV) QUE MOSTRA O COMPORTAMENTO DO TRANSPORTE DE CARGAS EM DISTINTAS REGIÕES. ......... 18
FIGURA 13. ILUSTRAÇÃO DE UMA CÉLULA SOLAR ORGÂNICA ITO/TIO2/MEH-PPV/AL (A) DIAGRAMA DE ENERGIA DA CÉLULA SOLAR
ORGÂNICA (B). .................................................................................................................................................. 18
FIGURA 14. ILUSTRAÇÃO DE UMA CÉLULA SOLAR ORGÂNICA ITO/MEH-PPV/ZNTPP/AL COM UMA HETEROJUNÇÃO VOLUMÉTRICA
(A) DIAGRAMA DE ENERGIA DA CÉLULA SOLAR ORGÂNICA (B). ..................................................................................... 19
FIGURA 15. ARQUITETURA BÁSICA DE UM OLED. ............................................................................................................. 19
FIGURA 16. ESQUEMA SIMPLIFICADO DO MECANISMO DE ELETROLUMINESCÊNCIA. ................................................................. 20
FIGURA 17. ETAPAS DO PROCESSO DE DECAPAMENTO DO ITO. ........................................................................................... 21
FIGURA 18. ILUSTRAÇÃO DA DEPOSIÇÃO DE FILME POR CASTING. ......................................................................................... 22
FIGURA 19. ILUSTRAÇÃO DA DEPOSIÇÃO DE FILME POR SPIN COATING. .................................................................................. 22
FIGURA 20. REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO DISPOSITIVO DEPOIS DA METALIZAÇÃO. .......................................................... 23
FIGURA 21. FOTO DA FONTE DE TENSÃO DC KEITHLEY 230 A) E DO CIRCUITO EQUIVALENTE B). ................................................ 23
FIGURA 22. GRÁFICO DA DENSIDADE DE CORRENTE VERSUS TENSÃO (I-V) DOS DISPOSITIVOS EM REGIME ESCURO O E CLARO O A)
ITO/TIO2/MEH-PPV/AL B) ITO/ZNTPP/MEH-PPV/AL. ...................................................................................... 24
FIGURA 23. GRÁFICO PARA A DETERMINAÇÃO DO FATOR DE PREENCHIMENTO PARA AS CÉLULAS SOLARES A) MEH-PPV/TIO2 B)
MEH-PPV/ZNTPP. .......................................................................................................................................... 25
FIGURA 24. GRÁFICO DO AJUSTE DE CURVA DE CORRENTE VERSUS TENSÃO (I-V) DO DISPOSITIVO CÉLULA SOLARE MEH-PPV/TIO2 NO
ESCURO A) E ILUMINADO B). ................................................................................................................................ 25
FIGURA 25. GRÁFICO DO AJUSTE DE CURVA DE CORRENTE VERSUS TENSÃO (I-V) DO DISPOSITIVO CÉLULA SOLAR MEH-PPV/ZNTPP
NO ESCURO A) E ILUMINADO B)............................................................................................................................. 26
FIGURA 26. GRÁFICO DA CURVA DO LN I VERSUS LN V EM REGIME ESCURO DOS DISPOSITIVOS CÉLULAS SOLARES ITO/ZNTPP/MEH-
PPV/AL A) ITO/TIO2/MEH-PPV/AL B)............................................................................................................... 27
FIGURA 27. FOTO DO DISPOSITIVO OLED. ...................................................................................................................... 28
FIGURA 28. FOTOS DA CÂMARA DE NITROGÊNIO (A) E DA LUMINESCÊNCIA DO OLED DE MEH-PPV (B). SETA VERMELHA ENTRA DE
NITROGÊNIO E SETA AZUL SAÍDA DE AR. .................................................................................................................. 29
FIGURA 29. GRÁFICO DA CURVA CARACTERÍSTICA DE (I-V) DO DISPOSITIVO OLED COM CAMADA ATIVA MEH-PPV...................... 29
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Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

1.0 Introdução

Com a descoberta dos polímeros conjugados no final dos anos 70,


desenvolveu-se um grande interesse na fabricação de dispositivos semicondutores,
devido ao seu uso prático, combinando propriedades elétricas típicas de materiais
inorgânicos com certas características plásticas, como flexibilidade e transparência
óptica, além do baixo custo de produção e fácil processamento, sendo assim o
motivo de grande atividade de pesquisa na área de polímeros condutores. Tais
características permitem aplicações inusitadas na eletrônica, dentre elas, OLED’s,
transistores, diodos, laser, fotodiodos, células solares e memórias de computadores.
O rápido avanço nesta nova linha de pesquisa possibilita a produção em larga
escala de alguns destes dispositivos, tornando-os comerciáveis [1].

Figura 1. Foto de uma célula solar orgânica flexível.

O MEH-PPV é um polímero conjugado, que com o PPV (polyphenylene


vinylene)(Polifenileno Vinileno) vem sendo bastante estudados devidas suas
propriedades elétricas e ópticas de um semicondutor. Demonstrando ser um
dispositivo emissor de luz tipo Schottky exibindo relativamente grande eficiência
eletroluminescente, o MEH-PPV apresenta grande mobilidade em comparação a
outros polímeros conjugados, resultando numa grande densidade de corrente, sendo
assim um ótimo material para construção de dispositivos fotovoltaicos [8].

Figura 2. Ilustração da estrutura química do MEH-PPV.

As porfirinas são bastante abundantes na natureza, sendo encontradas nos


seres humanos, precisamente em nossas hemoglobinas atuando como moléculas
catalisadoras, e nas plantas são usadas no processo de fotossíntese. Elas
apresentam grande absorbância na região do espectro solar, possuem nível de
energia igual aos dos aceitadores de elétrons e uma arquitetura de único
alinhamento homeotrópico, onde as moléculas alinham-se na direção perpendicular
10
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

do substrato, proporcionando assim uma melhor eficiência no transporte de cargas e


na captura de energia luminosa em células solares orgânicas [9].

Figura 3. Ilustração da estrutura química da ZnTPP.

Outro material que utilizamos neste trabalho foi o oxido de titânio (TiO 2), este
é encontrado na natureza em três estruturas cristalinas diferentes na qual consistem:
rutilo, anatase e brookite. Dentre muitas aplicações o TiO2 é um foto catalisador
quando encontrado na forma anatase. O TiO2 gera eletricidade sobre iluminação
quando na forma de nanopartículas [2].

Figura 4. Ilustração da estrutura química do óxido de titânio (TiO2) na forma anatase.

2.0 Célula Solar

Em geral, a principal característica de uma célula solar é que os estados dos


elétrons existem para certos níveis de energia. Para materiais sólidos, estes níveis
de energia são degenerados e apresentam-se em forma de bandas. Em materiais
orgânicos por analogia com moléculas, a degenerescência pode ser pequena, e os
níveis mais altos ocupados são chamados de HOMO (Highest Occupied Molecular
Orbital)(Orbital Molecular mais Alto ocupado). O próximo nível mais alto de energia
são os estados chamados LUMO (Lowest Unoccupied Molecular Orbital)( Orbital
Molecular mais Baixo Desocupado). Estes dois níveis de energia são separados por
valores que nenhum elétron pode ocupar, chamada energia de gap (Eg).

Os fótons são absorvidos na matéria pela transição dos elétrons através do


intervalo de energia, do nível mais baixo para um nível mais alto, de HOMO para
LUMO. Depois que o elétron é excitado, existe um elétron adicional no nível superior
e existe um estado vazio chamado de buraco no nível inferior figura 5. O buraco tem
a propriedade de uma partícula carregada positivamente. Consequentemente a
excitação de um elétron pode ser descrita, equivalentemente como a geração de um
elétron e um buraco em diferentes níveis de energia [15].
11
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

As células solares são feitas pela junção de dois tipos de materiais um doador
de portadores negativos (D) e outro aceitador de portadores negativos (A), formando
uma estrutura tipo sanduíche. O processo fotovoltaico ocorre quando o elétron
absorve o fóton da luz e é transferido para um orbital superior, formando assim o
éxciton, este por sua vez difundi em direção a interface doador/aceitador, onde
ocorre a transferência dos portadores de cargas, sendo o elétron transferido para a
camada aceitadora e o buraco para a camada doadora. Logo após a separação dos
portadores de cargas, ou seja, a dissociação do éxciton, os portadores de cargas
negativas são colhidos no cátodo e os portadores de Cargas positivas no ânodo,
sendo que este acúmulo de cargas nas extremidades do dispositivo gera uma
diferença de potencial (ddp) [16].

Figura 5. Ilustração do processo fotovoltaico de uma célula solar 1. Absorção da luz 2. Difusão do
éxciton 3. Transferência de cargas 4. Separação das cargas.

2.1Circuito equivalente para uma célula solar

O circuito equivalente a uma célula solar ideal está apresentado na figura 6,


consistindo de um diodo ideal e uma fonte de corrente em paralelo [1].

Figura 6. Ilustração do circuito equivalente de uma célula solar ideal.

A curva característica de corrente versus tensão de uma célula solar ideal


pode ser vista como a soma da densidade de corrente de um diodo no escuro (JD)
com a densidade de corrente de uma fonte de corrente (Jsc).
12
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

(1)

(2)

Uma simples extensão para um dispositivo real operando num estado


estacionário consiste em incluir perdas via uma resistência em série Rs, a qual
representa a resistência dos contatos, as perdas ôhmicas nos contatos de frente e
nos contatos traseiros, e uma resistência em paralelo Rp, a qual representa alguma
corrente ignorando as membranas (junção), uma corrente de fuga o qual atravessa
um caminho curto figura 7 [1].

Figura 7. Ilustração de um circuito equivalente de uma célula solar real.

A densidade de corrente total para uma célula solar real é agora composta
por três contribuições de corrente: A corrente foto induzida ou corrente de curto
circuito (Jsc), a corrente do diodo (JD) e a corrente de fuga (Jp) que atravessa Rp.

(3)

A curva de (J X V) é consideravelmente modificada por estas duas


resistências, uma vez que o resistor em série faz cair a voltagem V(Rs) = JRs.
Apenas para pequenos desvios para o ideal os resistores assumem valores, R s=0 e
Rp→∞, a influência de ambas as perdas na curva de (J X V) pode ser derivada
analiticamente por diferenciação com respeito a V.

(4)

(5)

As derivadas recíprocas da curva (J X V) sobre iluminação em circuito aberto


e circuito fechado representam respectivamente as resistências em série e em
paralela, figura 8 [1,17].
13
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

Figura 8. Gráfico da curva característica de uma célula solar real sob iluminação.

2.2 Circuito equivalente para um dispositivo ambipolar.

Abaixo temos o circuito equivalente para um dispositivo ambipolar. O


processo de condução desse dispositivo é ambipolar, ou seja, conduz para a
polarização direta e também para a polarização reversa. A condução ambipolar é
caracterizada pela superposição das correntes do elétron e do buraco [19].

Polarização
Direta

Polarização
Reversa

a) b)

Figura 9. Ilustrações a) Circuito equivalente para um dispositivo ambipolar e b) Curva


característica de (I-V) do circuito equivalente.

O circuito equivalente da figura 9 funciona nos dois sentidos de polarização,


direta e reversa. Quando no sentido direto, indicado pelas setas vermelhas, apenas
o diodo 1 funciona, ficando no estado ON (Estado ligado ou estado em que o diodo
está favorável a corrente) enquanto que o diodo 2 fica no estado OFF (Estado
Desligado ou estado em que o diodo está contrário ao sentido da corrente), já
14
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

quando o circuito é polarizado no sentido reverso indicado pelas setas pretas, o


diodo 2 fica no estado ON enquanto que o diodo 1 fica no estado OFF.

Polarização direta Polarização reversa

D1 → ON D1 → OFF

D2 → OFF D2 → ON

A densidade de corrente total consiste na soma das densidades de correntes


dos seguintes componentes: do diodo 1 ( , diodo 1 ( , da contribuição da
fotocorrente ( e da resistência em paralelo ( , Sendo dada pela equação 8.

(7)

- - (8)

O sinal negativo em na equação 7 e 8 deve-se a fato da conversão da


corrente, ou seja, significa o sentido contrário ao sentido da corrente de polarização
direta. Os diodos D1 e D2 interpretamos como sendo barreiras de potencias com
sentidos contrários, ou seja, D1 representa a barreira para o elétron e D2 representa
a barreira para o buraco.

2.3 Parâmetros básicos de uma célula solar

Os parâmetros básicos que descrevem a performance de uma célula solar,


eles podem ser extraídos da curva característica de (I-V). podemos dizer que esses
formam a digital da célula solar.

2.3.1 – Potência Máxima (Pmax)


A potência máxima obtida para um dispositivo consiste no produto máximo da
densidade de corrente máxima com a voltagem máxima, localizadas no quarto
quadrante da curva de (I-V).

(9)

2.3.2 – Fator de Preenchimento (FF)


E a razão entre a potência máxima pelo produto da voltagem de circuito
aberto (Voc) com a densidade de corrente de curto circuito (Jsc). Esse parâmetro
proporciona analisa a qualidade da forma da curva característica de (I-V).

(10)
15
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

2.3.3 – Mobilidade (μ)


Consiste numa grandeza que descreve a facilidade com que cada elétron ou
buraco se desloca no material sob a ação do campo externo.

(11)

2.3.4 – Espessura (d)


Para estimar a espessura do dispositivo fazemos a aproximação da área
superficial dos contatos para um quadrado, assim obtemos a seguinte equação.

(12)

2.3.5 -Resistência em série (Rs)


A resistência em série tem componentes na resistência dos contatos (Rc), na
resistência da folha da fina camada difundida (Rf) e da resistência dos polímeros
(Rp).

Rs= Rc + Rf+ Rp + ... (13)

A resistência em série não altera a tensão de circuito aberto (Voc) de uma


célula solar, entretanto o seu fator de preenchimento (FF) é seriamente reduzido. A
corrente de curto circuito sofre também redução, assumindo valor abaixo do valor da
fotocorrente, causada pela queda de tensão através da resistência em série.

Figura 10. Gráfico da variação da corrente de curto circuito com a resistência em série.

Para minimizar o efeito da resistência em série sobre a eficiência da célula


solar é necessário que,

(14)

Onde A é a área do dispositivo em cm2[17].

2.3.6- Resistência em paralelo (Rp)


A resistência em paralelo surge em consequência da fuga de cargas através
da junção, em virtude dos defeitos existentes ali. Deve-se enfatizar que as fugas
laterais e as imperfeições na superfície da célula podem fazer com que a
metalização perfure a junção.
16
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

Figura 11. Gráfico da variação da voltage de circuito aberto com a resistência em paralelo.

A resistência paralela não afeta a corrente de curto-circuito, mas a tensão de


circuito aberto e o fator de preenchimento são reduzidos quando a resistência em
paralelo diminui [1,17].

Para minimizar os efeitos da resistência em paralelo sobre a eficiência de


uma célula solar é necessário que,

(15)

Onde A é a área do dispositivo em cm².

3.0 Transporte de Cargas em Semicondutores Orgânicos

Consideremos um arranjo eletrodo/semicondutor intrínseco/eletrodo, na qual


os contatos formados são de tipo ôhmico, isto é, funcionam como um reservatório
infinito de portadores de carga a serem injetados. Nesta situação, considerando que
o semicondutor é perfeito, isto é, não apresenta armadilhas de portadores de carga
(traps), para baixos valores de tensão aplicada espera-se uma condutividade ôhmica
de baixa mobilidade via carga livre gerada termicamente, que domina a contribuição
da injeção de carga. Assim aplicando uma tensão V, a densidade de corrente J é
descrita pela equação 16.

(16)

Onde μ é a mobilidade do elétron, n é a densidade de carga livre gerada


termicamente e d é a espessura da camada orgânica. Neste caso, a característica
(J-V) do dispositivo obedece à lei de Ohm.

Por outro lado, quando a tensão aplicada é suficientemente alta e


consequentemente temos uma alta densidade de elétrons injetados, a carga em
excesso vai se acumular nas proximidades do eletrodo injetor de elétrons e como a
densidade desses portadores é alta nesta região, sua carga diminui o campo elétrico
17
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

no local. Em consequência, sendo a velocidade dos portadores de carga


proporcional ao campo elétrico, estes se movem lentamente nas proximidades do
cátodo. Pode-se então garantir que existe uma carga espacial próxima ao cátodo
cujo campo elétrico limita o transporte dos elétrons naquele local e com isso limita
também a corrente ou a condutividade elétrica do dispositivo. A situação descrita é
chamada corrente limitada por carga espacial (Space Charge Limited current: SCL).
Neste caso a expressão para a densidade de corrente é dada pela a lei de Mott-
Gurney [12]:

(17)

Onde ε é a permissividade do material. A relação agora entre J e V não é mais linear.

No entanto, para ter uma melhor compreensão do transporte de carga em


semicondutores orgânicos, é necessário considerar a influência das armadilhas de
portadores de carga. Ao contrário do que acontece em um semicondutor perfeito, no
qual todas as cargas injetadas são livres, em um semicondutor com armadilhas,
apenas uma parte destas cargas tornam-se livres. Isto leva a uma diminuição na
densidade de corrente, que já não é mais plenamente representada pela equação
17. Nesta situação, o sistema obedece à lei de Mott-Gurney modificada, na qual μ é
substituído por uma mobilidade efetiva equação 18, que vem a ser menor em
relação à mobilidade na ausência de armadilhas, por uma fração igual à razão entre
a densidade de carga livre e a densidade de carga espacial total injetada (cargas
livres mais as cargas aprisionadas).

(18)

Onde, ninj é a densidade de carga injetadas e nt é a densidade de cargas nas


armadilhas.
Esta teoria foi estendida para incluir os efeitos de cargas aprisionadas em
níveis de alta energia ou baixa energia. Uma mobilidade baixa de portadores de
cargas é observada em condições de baixa voltagem, isto, ocorre pelo
aprisionamento das cargas em armadilhas. Assim, atualmente o regime SCL foi
estendido para um regime de corrente limitada por armadilhas de cargas (TCL, Trap
Current Limited) e é determinado pelas propriedades do filme orgânico e efeitos dos
contatos. Um aumento da tensão resulta em um aumento da injeção de carga,
preenchendo e limitando a densidade de armadilhas. Assim, a redução da
densidade de armadilhas vazias, resulta em um aumento rápido da mobilidade dos
portadores, com um aumento do expoente “m” na lei de potencias equação 19.

(19)

Na figura 12 é apresentado um gráfico (J-V) em escala logarítmica onde se


pode observar o comportamento do transporte de carga para um dispositivo, onde
18
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

podemos destacar três regiões distintas de transporte de cargas: a) Transporte


ôhmico, b) SCL e c) TCL [18].

Figura 12. Gráfico do (lnI-lnV) que mostra o comportamento do transporte de cargas em


distintas regiões.

4.0 Dispositivo Célula Solar Orgânica

A arquitetura básica de uma célula solar consiste de uma camada formada


pela junção de dois tipos de materiais (um tipo p e outro tipo n), colocados entre dois
eletrodos um semitransparente o ITO e outro eletrodo metálico, no nosso caso o
alumínio Al figura 13.

a) b)

Figura 13. Ilustração de uma célula solar orgânica ITO/TiO2/MEH-PPV/Al (a) Diagrama de
energia da célula solar orgânica (b).

Para o dispositivo do tipo ITO/TiO2/MEH-PPV/Al a dissociação do éxciton


ocorre na interface TiO2/MEH-PPV, com a transferência do elétron do MEH-PPV
para o TiO2 sendo um importante processo de coleta de carga. Portanto, o TiO 2
serve como uma camada efetiva de buracos, enquanto que o MEH-PPV é um bom
portado de elétrons [2].
19
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

a) b)

Figura 14. Ilustração de uma célula solar orgânica ITO/MEH-PPV/ZnTPP/Al com uma
heterojunção volumétrica (a) Diagrama de energia da célula solar orgânica (b).

Para o dispositivo da figura 14 a dissociação do éxciton ocorre na interface


molecular MEH-PPV/ZnTPP, num nível nanométrico, pois se trata de uma
heterojunção volumétrica , onde ocorre transferência de energia, e os dois matérias
servem como camada ativa e como transportadores de buracos. A combinação
destes dois semicondutores orgânicos em uma heterojunção volumétrica forma outro
material com propriedades diferentes.

5.0 Dispositivo OLED

A arquitetura básica de um OLED consiste de uma camada ativa (filme


polimérico) emissora de luz, um ânodo transparente (eletrodo positivo) e um cátodo
metálico (eletrodo negativo) figura 15. Esta é uma arquitetura básica, porém existem
arquiteturas mais elaboradas contendo um maior numero de camadas
transportadoras, para facilitar a injeção de cargas negativas e positivas.

Figura 15. Arquitetura básica de um OLED.

O mecanismo de eletroluminescência pode ser explicado pelo esquema


apresentado na figura 16, que representa um dispositivo simples (monocamada),
onde os portadores de cargas positivas (buracos) são injetados pelo ânodo e essa
injeção depende da diferença de energia (∆h) entre a função trabalho do ânodo (ΦA)
e a energia do nível HOMO (ΦH) do filme orgânico.
20
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

Figura 16. Esquema simplificado do mecanismo de eletroluminescência.

Os portadores de cargas negativas são injetados pelo cátodo e uma melhor


ou pior injeção depende da diferença de energia (∆e) entre a função trabalho do
cátodo (ΦC) e a energia do nível LUMO (Φ L). As cargas injetadas dão origem aos
pólarons positivo e negativo que são transportados pelo efeito do campo elétrico
[11]. Quando ambas as cargas se encontram ocorre a formação do éxciton singleto
ou tripleto, Como somente os singletos podem emitir fluorescência ao decair, e
considerando que, estatisticamente, existem três estados tripletos para cada
singleto, a eficiência quântica máxima (fótons emitidos por elétrons injetados) em
polímeros fluorescentes é, teoricamente, 25%. No decaimento via processo
radiativo, ocorre à emissão de um fóton de energia equivalente ao “gap” existente
entre os níveis HOMO e LUMO [10,15].

6.0Preparação do Dispositivo

A preparação do dispositivo foi processada em quatro etapas:

1. Preparação dos substratos

2. Preparação das soluções

3. Deposição das soluções

4. Metalização

6.1- Preparação do substrato

Os substratos utilizados para a preparação dos filmes foram lâminas de vidro


comum (BK7) e vidro com ITO (IndiumTin Oxide, material condutor transparente),
estes foram hidrofilizados em soluções ácidas e básicas, sendo apenas o substrato
com ITO em solução básica, pois na solução ácida o óxido de índio é dissolvido.

Antes da lâmina com ITO ser limpa, segue-se o processo de decapamento


do ITO na lâmina. Parte do substrato com ITO foi coberto com fita adesiva deixando
somente uma faixa estreita onde é depositado uma solução de zinco com água de
21
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

MilliQ figura 17, para auxiliar no processo de corrosão. O substrato foi depositado
numa solução ácida (HCl) onde o ITO da faixa foi dissolvido ficando apenas uma
faixa de vidro, onde foi colocado os contatos.

ITO Fita

Figura 17. Etapas do processo de decapamento do ITO.

Na parte básica da hidrofilização foram misturados 5 partes de água


deionizada (MilliQ), 1 parte de hidróxido de amônia (NH4OH) e 1 parte de peróxido
de hidrogênio (H2O2) (10%) onde foi depositado em um béquer junto com as lâminas
a serem limpas. A mistura foi aquecida à temperatura entre 75°C a 80°C, não
deixando exceder os 80°C, por um intervalo de tempo de 10 min, sendo em seguida
enxaguadas em água de MilliQ. A partir daí as lâminas de ITO foram secadas por
jato de nitrogênio comum e armazenadas e um vidro de relógio.

Na parte ácida da hidrofilização é o mesmo procedimento, só que em vez de


amônia utiliza-se ácido clorídrico (HCl).

6.2- Preparação da solução

Prepararam-se soluções de MEH-PPV e TiO2 utilizando os respectivos


solventes clorobenzeno e água de MilliQ. Foram dissolvidos 8 mg de MEH-PPV em
1 ml de clorobezeno resultando numa concentração de 8 mg/ml. Para o TiO2 foram
dissolvidos 10,5 mg em 2 ml de água de MilliQ resultando numa concentração de
5,25 mg/ml. Foi também preparado uma solução de ZnTPP com concentração de 8
mg/ml, com a utilização do solvente clorobezeno. Depois de 24 horas, foi feita uma
solução com a mistura volumétrica de MEH-PPV com ZnTPP na razão de 1:1.

6.3- Deposição das Soluções

A técnica aqui utilizada para obtenção de filmes finos é conhecida como


“casting”, onde a solução é depositada em um substrato de vidro, por gotejamento
da mesma até homogeneizá-la toda sobre o substrato, em seguida espera-se a
evaporação do solvente, em temperatura ambiente ou com o auxílio de uma estufa a
vácuo acelerando o processo, resultando na formação de um filme fino figura 18.
22
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

Figura 18. Ilustração da deposição de filme por casting.

Outra técnica utilizada para a obtenção de filmes finos foi o spin coating, que
consiste no gotejamento da solução sobre o substrato, o qual rotaciona com certa
velocidade angular, despejando o excesso e gerando filmes finos e uniformes figura
19.

Figura 19. Ilustração da deposição de filme por spin coating.

O filme de TiO2 foi obtido utilizando a técnica “casting”, com o auxilio de uma
estufa para ajudar na evaporação do solvente a uma temperatura aproximada de 70
°C com duração aproximada de duas horas. Já o filme de MEH-PPV foi obtido pela
técnica “spin coating” a uma rotação de 1000 rpm.

Já o filme da junção volumétrica de MEH-PPV com ZnTPP foi feito utilizando


a técnica casting e colocado dentro de uma estufa a vácuo entorno de 12 horas,
para facilitar o processo de secagem.

6.4- Metalização

A metalização consiste na deposição de finas camadas metálicas( no nosso


caso, usamos a alumínio) por evaporação em autovácuo formando os contatos
metálicos para uma melhor caracterização elétrica dos filmes. Os filmes com junção
volumétrica de MEH-PPV com ZnTPP, e MEH-PPV com TiO2foram metalizados em
uma metalizadora de autovácuo modelo Auto 306 da Edwards.

No processo de metalização os filmes foram colocados na tampa superior


da metalizadora com moldes dos contados, em seguida foi feito autovácuo dentro da
câmara de metalização, para facilitar a evaporação do metal a ser depositado no
filme, no caso o aluminio. Um filamento na parte inferior da metalizadora foi
submetido a uma corrente de 3 a 4 A , que por efeito joule aquece o aluminio até
ocorrer a sua evaporação, sendo que a tampa contendo os filmes esteve em um
23
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

movimento de rotação uniforme. Criando camadas de contatos metálicos uniformes


figura 20.

Figura 20. Representação esquemática do dispositivo depois da metalização.

7.0Técnicas de caracterização

7.1 Caracterização elétrica

A caracterização elétrica dos filmes obtidos foi realizada através de medidas


de corrente e tensão (I-V) em regime de corrente continua (dc). Nestas medidas a
condutividade dos filmes foram obtidas ao registrar a corrente que fluiu pelos
eletrodos em função da tensão aplicada pela fonte de tensão DC Keithley 230 figura
21.

Essa técnica permite analisar se o dispositivo possui caráter ôhmico, a


determinação do potencial de corte e o sentido de polarização em que a amostra
conduz.

a) b)

Figura 21. Foto da fonte de tensão DC Keithley 230 a) e do circuito equivalente b).

8.0Resultados e Discussão

Nesta seção apresentaremos medidaselétricas das células solares orgânicas


MEH-PPV/TIO2 e MEH-PPV/ZnTPP e a determinação de alguns parâmetros destes
dispositivos.

8.1 Medidas Elétricas dos dispositivos células solares.

A figura 22 apresenta a curva de corrente – voltagem (I-V) dos dispositivos


ITO/TiO2/MEH-PPV/Al e ITO/ZnTPP/MEH-PPV/Al, em dois regimes um sob
iluminação e o outro no escuro, sendo que o ITO foi polarizado positivamente.
Obtemos para o dispositivo ITO/TiO2/MEH-PPV/Al uma voltagem de circuito aberto
(Voc) entorno de 0,55 V e uma corrente de curto circuito (Jsc) entorno de 28,00
μA/cm², já para o dispositivo ITO/ZnTPP/MEH-PPV/Al , obtemos uma célula solar
24
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

orgânica com corrente de curto circuito entorno de 0,25 μA/cm². Observamos que o
dispositivo ITO/ZnTPP/MEH-PPV/Al apresenta Vac maior que o dispositivo
ITO/TiO2/MEH-PPV/Al.

7,50 Célula Solar MEH-PPV/TiO2 escuro 6,25


Célula Solar MEH-PPV/ZnTPP escuro
Célula Solar MEH-PPV/TiO2 iluminado Célula Solar MEH-PPV/ZnTPP iluminado
6,25
5,00
5,00

3,75 3,75

2,50

J (A/cm²)
J (A/cm²)

2,50
1,25

0,00 1,25

-1,25
0,00
-2,50
-1,25
-3,75

-5,00 -2,50
-3 -2 -1 0 1 2 3 -6 -4 -2 0 2 4 6
voltage (V) voltage (V)
a) b)

Figura 22. Gráfico da densidade de corrente versus tensão (I-V) dos dispositivos em regime escuro o
e claro o a) ITO/TiO2/MEH-PPV/Al b) ITO/ZnTPP/MEH-PPV/Al.

Os dispositivos possuem voltagem de circuito aberto significativamente alta,


mais com uma densidade de corrente de curto circuito baixa, isto deve resultar de
uma alta resistência em série do circuito equivalente, que diminui o fator de
preenchimento resultando numa baixa corrente.

As resistências superficiais são calculadas pela curva (I-V) iluminada com o


uso das equações 4 e 5, Para a Célula Solar ITO/TiO2/MEH-PPV/Al obtemos Rs ≈
11,81 MΩ/cm² e Rp ≈ 10,15 MΩ/cm², já para a Célula Solar ITO/ZnTPP/MEH-PPV/Al
obtemos Rs ≈ 17,16 MΩ/cm² e Rp ≈ 26,67 MΩ/cm². Para um resultado ideal de um
dispositivo com área de 0.16 cm² as resistências superficiais deveriam assumir os
seguintes valores Rs< 3,125 Ω/cm² e Rp> 160 Ω.cm².

Observamos que os dispositivos MEH-PPV/TiO2 e MEH-PPV/ZnTPP possuem


valores grandes para a resistência em série, resultante da baixa mobilidade destes
dispositivos. Os valores para as resistências em paralelo apresenta valores bem
acima do ideal, e fazendo uma comparação entre os dispositivos observamos que o
célula solar MEH-PPV/ZnTPP (heterojunção volumétrica) apresenta uma resistência
em paralelo maior que o célula solar MEH-PPV/TiO2(heterojunção bilayer),
mostrando que a heterojunção volumétrica tem menor fuga de cargas pela interface
da junção, pelo fato de que esta heterojunção diminui os efeitos dos defeitos
encontrados na morfologia da interface.
25
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

Utilizando os dados da figura 23 e a equação 10 calculamos o fator de


preenchimento (FF), onde obtemos os seguintes valores: para ITO/TiO2/MEH-
PPV/Al, FF = 0,19 e para ITO/ZnTPP/MEH-PPV/Al, FF = 0,21.

a) b)

Figura 23. Gráfico para a determinação do fator de preenchimento para as células solares a) MEH-
PPV/TiO2 b) MEH-PPV/ZnTPP.

8.2 Ajuste das curvas de (I-V) dosdispositivos células solares.

Para o dispositivo célula solar de ITO/TiO2/MEH-PPV/Al com operação no


escuro utilizamos a equação 8, sem o termo de fotocorrente,para o ajuste, já no
regime iluminado utilizamos a equação 8.

8,75
0,500
Célula Solar MEH-PPV/TiO2 7,50
Ajuste Teórico Célula Solar MEH-PPV/TiO2 iluminado
6,25 Ajuste Teórico
0,375
5,00
Equação do ajuste teórico Equação do ajuste teórico
0,250 3,75
J = J0*(exp(a*V) - 1) - J1*(exp(-b*V) - 1) + J3 J = J0*(exp(a*V) - 1) - J1*(exp(-b*V) - 1) + J3 - J4
J (A/cm )

J (A/cm )

2,50
2

0,125 1,25

0,00
0,000
-1,25

-2,50
-0,125
-3,75

-0,250 -5,00
-3 -2 -1 0 1 2 3 -3 -2 -1 0 1 2 3

voltage (V) voltage (V)

a) b)

Figura 24. Gráfico do ajuste de curva de corrente versus tensão (I-V) do dispositivo célula solare
MEH-PPV/TiO2 no escuro a) e iluminado b).

Pelos gráficos acima podemos perceber que o ajuste teórico (azul) utilizando
a equação do circuito equivalente para uma célula solar ambipolar, ou seja, que tem
26
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

duplo sentido de condução com operação no escuro e iluminado,se aproxima


bastante do resultado experimental(preto).Pelos ajustes teóricos podemos estimar
as mobilidades dos portadores de cargas utilizando a equação 11, os valores são
dadosna tabela 1, percebemos que o dispositivo ITO/TiO2/MEH-PPV/Al apresenta
mobilidade dos buracos maior que as mobilidades dos elétrons, mostrando que a
condução do dispositivo é governada pelos portadores negativos.Para o dispositivo
com operação na presença de uma fonte de luz com potência de 50 W, apresenta
operação nos dois sentidos de polarização, sendo que no sentido direto a
mobilidade dos portadores é maior com relação a sentido reverso.

Para o dispositivo célula solar de ITO/ZnTPP/MEH-PPV/Al com operação no


escuro utilizamos a equação 3 para o ajuste, Já no regime iluminado utilizamos a
equação 8.

2,1875 7,50

1,8750 6,25
Célula Solar MEH-PPV/ZnTPP Célua Solar MEH-PPV/ZnTPP iluminado
Ajuste Teórico Ajuste teórico
1,5625 5,00

Equação do ajuste teórico Equação do ajuste teórico


1,2500 3,75
J = J0*(exp(a*V) - 1) + J1
J = J0*(exp(a*V) - 1) - J1*(exp(-b*V) - 1) + J3 - J4
J (A/cm²)
J (A/cm )
2

0,9375 2,50

0,6250 1,25

0,3125 0,00

0,0000 -1,25

-0,3125 -2,50
-6 -4 -2 0 2 4 6 -3 -2 -1 0 1 2 3
voltage (V) voltage (V)

a) b)

Figura 25. Gráfico do ajuste de curva de corrente versus tensão (I-V) do dispositivo célula solar MEH-
PPV/ZnTPP no escuro a) e iluminado b).

Pelo gráfico acima podemos perceber que o ajuste teórico (azul) utilizando a
equação do circuito equivalente para uma célula solar se aproxima bastante do
resultado experimental (preto). O que se percebe é que podemos aproximar uma
heterojunção volumétrica (BHJ)(Bulk Heterojunction) para uma junção PN dos
semicondutores inorgânicos, ou seja, observamos o mesmo princípio de
funcionamento. Pelos valores da tabela 1, percebemos que o
dispositivoITO/ZnTPP/MEH-PPV/Al apresenta mobilidade do elétron bem maior com
relação a mobilidade do buraco, mostrando que neste dispositivo a condução é
governada pelos portadores de cargas negativos.Para o dispositivo célula
solarITO/ZnTPP/MEH-PPV/Al com operação na presença de uma fonte de luz com
potência de 50 W, utilizamos a equação 8 para o ajuste teórico, mostrando assim
que o modelo do circuito equivalente para uma célula solar descreve o
funcionamento destes dispositivos.
27
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

Tabela 1. Valores das mobilidades dos dispositivos células solares.

8.3 Comportamento do Transporte de Cargas

A figura 26 apresenta os gráficos (I-V) em escala logarítmica onde se pode


observar o comportamento do transporte de cargas para os dispositivos
ITO/TiO2/MEH-PPV/Al e ITO/ZnTPP/MEH-PPV/Al.

Célula Solar MEH-PPV/ZnTPP Célula Solar MEH-PPV/TiO2

Região de armadilhas de cargas


m+1 1E-7
JV Região de armadilhas de cargas
1E-7 m+1
JV

1E-8
1E-8
Log (J)
Log J

Região de Carga Espacial


2 3
1E-9 J = 9V /8d
Região de Carga Espacial 1E-9
2 3
Região ohmica J = 9V /8d
J = V/d
1E-10
1E-10
Região de Região ohmica
condução reversa J = V/d
1E-11
0,1 1 0,1 1
Log V Log (V)
a) b)

Figura 26. Gráfico da curva do ln I versus ln V em regime escuro dos dispositivos células solares
ITO/ZnTPP/MEH-PPV/Al a) ITO/TiO2/MEH-PPV/Al b).
28
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

Onde observamos para o dispositivo ITO/ZnTPP/MEH-PPV/Al três regiões


distintas do transporte de carga, em vermelho consiste a região ôhmica, em azul
consiste da região de carga espacial (SCL) e em verde consiste a região de corrente
limitada por armadilhas de cargas (TCL). Já o dispositivo ITO/TiO2/MEH-PPV/Al
apresenta outra região, a qual consiste na região de condução reversa. Fazendo um
ajuste linear na região ôhmica de ambos os dispositivos, podemos estimar usando a
equação 12 a espessura do dispositivo,Pelos dados do gráfico acima calculamos
uma espessura de aproximadamente d = 191 μm para o dispositivo ITO/TiO2/MEH-
PPV/Al e d = 396 μm para o dispositivo ITO/ZnTPP/MEH-PPV/Al .

9.0Dispositivo OLED

O dispositivo OLED foi fabricado com estrutura tipo sanduíche de camada


simples do polímero MEH-PPV, formando duas interface uma FTO (FluorinatedTin
Oxide)/MEH-PPV e outra MEH-PPV/Alumínio, sendo a concentração do MEH-PPV
de 8 mg/ml dissolvido em clorobenzeno. A solução de MEH-PPV foi depositada
sobre a lâmina utilizando a técnica “spin coating”, e em seguida o filme foi colocado
numa estufa a vácuo para o processo de evaporação do solvente durante
aproximadamente 10 horas figura 27.

Figura 27. Foto do dispositivo OLED.

O dispositivo foi colocado numa câmara de vidro com atmosfera de nitrogênio


figura 28 a, onde o nitrogênio é injetado dentro da câmara de vidro por um orifício
(figura 28 seta vermelha) e expulsa o ar por outro orifício (figura 28 seta azul)
gerando assim uma atmosfera de nitrogênio; Logo em seguida foi aplicada uma
tensão nos eletrodos Al/FTO. Em torno de 20 V observamos uma luminescência na
cor alaranjada característico, do polímero MEH-PPV figura 28 (b).
29
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

a) b)

Figura 28. Fotos da câmara de nitrogênio (a) e da luminescência do OLED de MEH-PPV (b). Seta
vermelha entra de nitrogênio e seta azul saída de ar.

A figura 29 mostra a curva de I-V do dispositivo OLED com camada ativa


polimérica de MEH-PPV, podemos identificar a curva de retificação de um diodo com
um potencial de corte de aproximadamente 15 V. observou-se a eletroluminescência
do OLED entorno de 18 a 20 V.

FTO/MEH-PPV/Al

5
Temperatura ambiente-( 300K)

3
I(mA)

-20 -10 0 10 20
Tensão(V)

Figura 29. Gráfico da curva característica de (I-V) do dispositivo OLED com camada ativa MEH-PPV.
30
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

10.0Conclusão

Obtivemos um dispositivo célula solar orgânica a base de MEH-PPV/TiO2com


uma densidade de corrente de curto circuito (Jsc) em torno de 28,00 μA/cm², uma
voltagem de circuito aberto (Voc) em torno de 0,55 V, uma resistência superficial em
série (Rs) de 11,81 MΩ/cm², uma resistência superficial em paralelo (Rp) de 10,15
MΩ/cm², um fator de preenchimento de 0,19 e uma espessura (d) estimada de 191
μm,e um dispositivo célula solar orgânica a base MEH-PPV/ZnTPP com uma
densidade de corrente curto circuito entorno de 0,25 μA/cm², uma voltagem de
circuito aberto em torno de 0,90 V, uma resistência superficial em série de 17,16
MΩ/cm², uma resistência superficial em paralelo de 26,67 MΩ/cm², um fator de
preenchimento de 0,21 e uma espessura estimada de 396 μm.

Estes dados mostram células solares bastantes resistivas, no entanto suas


resistências em paralelo apresentam valores acima do ideal resultando numa
voltagem de circuito aberto (Voc) considerável, e que podemos aproximar uma
heterojunção volumétrica em uma junção PN dos semicondutores inorgânicos.

Sistemas de baixa corrente e alta tensão poderiam ser alimentados por estas
células solares. Um painel com área de 1 m² dessas células solares teria energia
capaz de ascender um LED de 3,5 mW, fazendo a comparação de ambos sistemas
observamos que a porfirina atinge maior FF, no entanto o sistema a base de TiO 2
apresenta maior mobilidade e menores valores das resistências R p e Rs.Com o
circuito equivalente para células solares com duplo sentido de condução pelo qual
propomos, podemos descrever do ponto de vista macroscópico o funcionamento dos
dispositivos.
31
Propriedades de Transporte de Células Solares Orgânicas e OLED’s

11.0Referências Bibliográficas

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