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Mecânica II – Mecânica

do Sistema de
Partículas

Ensino à Distância

Universidade Pedagógica

Rua Comandante Augusto Cardoso nº 135


Direitos do autor

Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de reprodução
deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus Autores.

Universidade Pedagógica

Rua Comandante Augusto Cardoso, nº 135


Telefone: 21-320860/2
Telefone: 21 - 306720

Fax: +258 21-322113


Agradecimentos

À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na


produção dos Módulos.

Ao Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado em


todo o processo.
Ficha Técnica

Autores: - Amós Veremachi

- Mário Jorge Cuamba

Desenho Instrucional: Lourenço Mavaieie

Maquetização: Anilda Ibrahimo Khan

Edição: Anilda Ibrahimo Khan


Ensino à Distância i

Índice
Visão geral 5
Benvindo a Curso de Formação de Professores em Exercício – Módulo de Mecânica II
“Mecânica do Sistema de Partículas” ............................................................................... 5
Objectivos do curso .......................................................................................................... 6
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 7
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 7
Ícones de actividade.......................................................................................................... 8
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 9
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 9
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................. 9
Avaliação ........................................................................................................................ 10

Unidade 1 11
Momento Linear e Leis de Conservação de Energia Mecânica e do Momento Linear.. 11
Introdução.............................................................................................................. 11

Lição nº 1 13
Momento Linear e sua Conservação............................................................................... 13
Introdução.............................................................................................................. 13

Lição nº 2 22
Colisões........................................................................................................................... 22
Introdução.............................................................................................................. 22

Lição nº 3 32
Centro de Massa e Movimento do Sistema de Partículas............................................... 32
Introdução.............................................................................................................. 32
Sumário........................................................................................................................... 42
Exercícios........................................................................................................................ 44

Unidade 2 48
Mecânica de Corpo Rígido Cinemática do Corpo Rígido .............................................. 48
Introdução.............................................................................................................. 48

Lição nº 1 49
Corpo Rígido e seu Movimento...................................................................................... 49
Introdução.............................................................................................................. 49
ii Índice

Sumário........................................................................................................................... 54

Lição nº 2 55
Velocidade Angular ........................................................................................................ 55
Introdução.............................................................................................................. 55
Sumário........................................................................................................................... 60

Lição nº 3 61
Aceleração Angular ........................................................................................................ 61
Introdução.............................................................................................................. 61

Lição nº 4 70
Energia Cinética de Rotação e Momento de Inércia....................................................... 70
Introdução.............................................................................................................. 70
Sumário........................................................................................................................... 75
Exercícios........................................................................................................................ 76

Unidade 3 78
Dinâmica do Corpo Rígido ............................................................................................. 78
Introdução.............................................................................................................. 78

Lição nº 1 81
Momento de uma Força ou Torque................................................................................. 81
Introdução.............................................................................................................. 81

Lição nº 2 88
Trabalho, Potência e Energia do Movimento Rotacional ............................................... 88
Introdução.............................................................................................................. 88

Lição nº 3 92
Movimento Angular e sua Conservação......................................................................... 92
Introdução.............................................................................................................. 92
Sumário......................................................................................................................... 102
Exercícios...................................................................................................................... 104

Unidade 4 108
Gravitação Universal .................................................................................................... 108
Introdução............................................................................................................ 108

Lição nº 1 110
Lei de Gravitação Universal ......................................................................................... 110
Introdução............................................................................................................ 110
Ensino à Distância iii

Lição nº 2 114
Lei de Kepler ................................................................................................................ 114
Introdução............................................................................................................ 114

Lição nº 3 117
Campo Gravitacional .................................................................................................... 117
Introdução............................................................................................................ 117

Lição nº 4 123
Energia Potencial Gravitacional ................................................................................... 123
Introdução............................................................................................................ 123
Sumário......................................................................................................................... 126
Exercícios...................................................................................................................... 128

Unidade 5 131
Mecânica dos Fluídos ................................................................................................... 131
Introdução............................................................................................................ 131

Sub-unidade 5.1 132


Hidrostática ou Estática dos Fluídos............................................................................. 132
Introdução............................................................................................................ 132

Lição nº 1 133
Estados Físicos da Matéria e os Factores que os Determinam ..................................... 133
Introdução............................................................................................................ 133

Lição nº 2 136
Conceitos Básicos da Hidrostática: Densidde da Substância e Pressão ....................... 136
Introdução............................................................................................................ 136

Lição nº 3 142
Variação da Pressão com a Profundidade..................................................................... 142
Introdução............................................................................................................ 142

Lição nº 4 148
Princípios de Pascal ...................................................................................................... 148
Introdução............................................................................................................ 148

Lição nº 5 152
Medição da Pressão ...................................................................................................... 152
Introdução............................................................................................................ 152
iv Índice

Lição nº 6 156
Força de Impulsão e o Princípio de Arquimedes.......................................................... 156
Introdução............................................................................................................ 156

Sub-unidade 5.2 163


Dinâmica dos Fluídos ................................................................................................... 163
Introdução............................................................................................................ 163

Lição nº 1 164
Conceitos Básicos da Hidrodinâmica ........................................................................... 164
Introdução............................................................................................................ 164

Lição nº 2 167
Vazão e Fluxo ............................................................................................................... 167
Introdução............................................................................................................ 167

Lição nº 3 171
Linhas de Corrente e Equação da Continuidade ........................................................... 171
Introdução............................................................................................................ 171

Lição nº 4 175
Equação de Bernoulli.................................................................................................... 175
Introdução............................................................................................................ 175
Sumário......................................................................................................................... 183
Exercícios...................................................................................................................... 185
Ensino à Distância 5

Visão geral

Benvindo a Curso de Formação


de Professores em Exercício –
Módulo de Mecânica II “Mecânica
do Sistema de Partículas”
Seja bem-vindo ao estudo do Módulo de “Mecânica do Sistema de
Partículas”. Este Módulo compreende o estudo da Dinâmica de sistemas
materiais e será apresentado sob a forma de cinco (5) unidades:

ƒ Momento linear e aplicações das leis de conservação da


energia mecânica e do momento linear (colisões).

ƒ Cinemática do Corpo Rígido

ƒ Dinâmica do Corpo Rígido

ƒ Interacções gravitacionais

ƒ Mecânica dos Fluídos: Estática dos Fluídos e Dinâmica dos


Fluídos

Em cada uma das unidades, é apresentado um resumo da teoria,


apontando os conceitos mais importantes sobre o assunto abordado. Este
é acompanhado de uma colecção de exercícios que variam desde simples
aplicações de resultados e procedimentos discutidos no texto até à
elaboração de alguns tópicos mais específicos ou interessantes .

Elementos de natureza histórica aqui apresentados, de forma não muito


rigorosa, são utilizados para dar perspectiva e realismo aos assuntos
tratados.

As referências , tanto as incluídas ao longo do texto, como as de carácter


geral, no final de cada unidade, não pretendem ser exaustivas em
qualquer sentido, mas apenas subsidiar o contacto tanto com os trabalhos
originais como com apresentações alternativas .
6 Visão geral

O objectivo geral deste Módulo é oferecer a você, de forma clara e


objectiva, uma “ ferramenta física” sobre a Dinâmica de sistemas
materiais para poder aprender os métodos da física e fixar melhor a
teoria através da resolução de exerecícios e problemas.

Objectivos do curso
A Mecânica do Sistema de Partículas tem como objectivo principal,
discutir os princípios fundamentais da Mecânica, explorando uma forte
componente práctica, de modo a que você possa perceber que muitos
problemas do quotodiano e de diferentes áreas podem ser resolvidos
recorrendo-se aos conhecimentos da Mecânica de sistemas materiais.

No final deste Módulo você deve ser capaz de :

ƒ Definir um corpo rígido;

ƒ Citar um exemplo de um corpo rígido;

Objectivos ƒ Distinguir o movimento translacional do corpo rígido do seu


movimento de rotação

ƒ Conhecer as seguintes grandezas cinemáticas do corpo rígido :


deslocamento angular, velocidade angular e aceleracão angular ;

ƒ Estabelecer as analogias entre as grandezas cinemáticas do


movimento linear e o movimento rotacional;

ƒ Definir, sob o ponto de vista matemático, os conceitos de momento


angular e de torque de uma força;

ƒ Interpretar o significado físico dos conceitos de momento angular e


torque;

ƒ Definir a energia cinética de rotação;

ƒ Enunciar a lei de conservação do momento angular;

ƒ Conhecer exemplos de aplicação na práctica da lei de conservação de


momento angular;
Ensino à Distância 7

ƒ Descrever uma experiência para a demonstração da lei de conservação


do momento angular;

ƒ Construir um dispositivo simples para a demonstração da lei de


conservação do momento angular;

ƒ Desenvolver o raciocínio, o espírito crítico e a capacidade de


resolução de problemas sobre a mecânica do corpo rígido.
ƒ

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para estudantes do Curso de Bacharelato e
Licenciatura em Ensino de Física, que estejam matriculados na
modalidade de Ensino à Distância, ministrado pela Universidade
Pedagógica e que tenham completado o Módulo-I. O curso de Física, à
Distância, na Universidade Pedagógica, é acessivel a qualquer estudante
que tenha concluído a 12ª classe, ramo ciências, ou o equivalente.

Como está estruturado este


módulo
O Módulo de Mecânica do Sistema de Partículas integra as seguintes
partes:

Páginas introdutórias

ƒ Um índice completo.

− Uma visão geral detalhada do Módulo, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o
estudo. Recomenda-se que leia esta secção com atenção,
antes de começar o seu aprendizado.
8 Visão geral

Conteúdo do Módulo

O Módulo está estruturado em unidades que incluem: uma introdução,


objectivos, conteúdos, actividades de aprendizagem, um resumo e
uma ou mais actividades para auto-avaliação.

Outros Recursos

Para quem estiver interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais . Estes recursos podem incluir livros, artigos ou
sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

As tarefas de avaliação para este Módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolvê-las, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do Módulo.

Comentários e Sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do Módulo. Os seus comentários serão
úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este Módulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.
Ensino à Distância 9

Habilidades de estudo
O estudante terá que buscar através de uma leitura cuidadosa das fontes
de consulta a maior parte da informação ligada ao assunto abordado;

Antes de resolver qualquer tarefa ou problema deve certificar- se de ter


compreendido a questão que lhe é colocada;

Questionar se as informaçoes colhidas na literatura são relevantes para a


abordagem do assunto ou resolução de problemas;

O estudante deve fazer sempre que possivel uma sistematização das


ideias apresentadas no texto deste módulo.

Precisa de apoio?
Dúvidas e problemas são comuns ao longo de qualquer estudo. Em caso
de dúvida numa matéria tente consultar os manuais sugeridos no fim da
lição e disponíveis nos centros de ensino a distância (EAD) mais
próximos. Se tiver dúvidas na resolução de algum exercício, procure
estudar os exemplos semelhantes apresentados no manual. Se a dúvida
persistir, consulte a orientação que aperece no fim dos exercícios. Se a
dúvida persistir, veja a resolução do exercício.

Sempre que julgar pertinente, pode consultar o tutor que está à sua
disposição no centro de EAD mais próximo.

Não se esqueça de consultar também colegas da escola que tenham feito a


cadeira de Mecânica II – Mecânica do Sistema de Partículas, vizinhos e
até estudantes de universidades que vivam na sua zona e tenham ou
estejam a fazer cadeiras relacionadas com Mecânica.
10 Visão geral

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve promover o hábito de pesquisa e a capacidade de
selecção de fontes de informação, tanto na internet como em livros, tendo
o professor/ autor deste Módulo um papel essencial de orientador;

O discente deve ainda efectuar pesquisas documentais quer em livros e


revistas cientificas, quer em formato digital, e interpretar a informação;

O estudante deve na medida de possível alargar competências


relacionadas com o conhecimento científico, as quais exigem um
desenvolvimento de competências transversais, por exemplo:

Utilizar o vocabulário científico adequado, analisar cientificamente um


fenómeno ou processo físico, associar um modelo teórico a um certo
fenómeno real, identificar os limites de validade de um modelo físico,
desenvolver a capacidade de trabalho individual e em equipa,
evidenciando rigor e honestidade, etc;

O estudante deve produzir documentos sobre as tarefas realizadas em


suporte diverso, nomeadamente, usando as novas tecnologias e enviá-los
ao Departamento de Fisica de Maputo quer através da internet, quer dos
serviços de Correios de Moçambique.

Avaliação
A avaliação será contínua e utilizará uma diversidade de instrumentos tais
como: Resolução de tarefas em fichas de trabalho, prestação de provas
escritas (mini –testes , teste escrito) , realização da actividade
laboratorial, etc. Com o trabalho laboratorial pretende-se desenvolver e
reforçar as competências já enunciadas acima, assim, a sua avaliação
deve traduzir o grau de desenvolvimento dessas competências.

Note que a execução do trabalho laboratorial será precedida da resposta a


um questionário sobre os objectivos da experiência e sobre os conteúdos
referentes ao assunto da experiência.
Ensino à Distância 11

Unidade 1

Momento Linear e Leis de


Conservação de Energia Mecânica
e do Momento Linear

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta unidade. Até aqui você estudou o
movimento dum ponto ou partícula material e os diferentes métodos para
descrever o seu movimento. Nesta unidade, você expandirá o seu estudo
em relação à Mecânica para Sistemas Físicos constituidos por muitas
partículas (duas ou mais). Tais partículas podem mover-se ou não,
independentemente umas das outras.

Com esta unidade, pretende-se que você seja dotado de conhecimentos e


capacidades para interpretar e explicar fenómenos que envolvem um
conjunto de partículas e para generalizar as leis estudadas na mecânica do
ponto material para a mecânica do sistema de partículas.

Esta unidade será dividida pelos seguintes conteúdos:

ƒ Momento Linear e sua Conservação

ƒ Colisões

ƒ Colisões Unidimensionais

ƒ Colisões Bi-dimensionais

ƒ Centro de Massa e Movimento dum Sistema de Partículas.


12 Unidade 1

Ao completer esta unidade você será capaz de:

ƒ Descrever o movimento dum sistema de partículas distribuidas duma


forma discreta

Objectivos ƒ Aplicar as leis de conservação de energia e momento linear do sistema


para explicar fenómenos a ele relacionados

ƒ Resolver problemas relacionados com a mecânica de sistema de


partículas

ƒ Enunciar e aplicar as relações fundamentais da mecânica do sistema


de partículas para explicar fenómenos mecânicos a elas relacionados

ƒ Definir momento linear

ƒ Enunciar a lei de conservação do momento linear e especificar as


condições de sua validade.

ƒ Enunciar e interpretar o teorema do impulso e quantidade de


movimento

ƒ Definir o conceito “colisão”

ƒ Aplicar as leis de conservação de energia e momento linear para


explicar o comportamento das partículas durante as colisões.

ƒ Definir o conceito “centro de massa”

ƒ Interpretar e explicar o movimento do sistema de partículas.

Momento linear, impulso, colisão, elasticidade, sistema isolado, centro de


massa.

Terminologia

Você precisará de 12 horas lectivas para completar esta unidade.


Ensino à Distância 13

Lição nº 1

Momento Linear e sua


Conservação

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Nela você lidará com uma das
grandezas dinâmicas, o Momento Linear.

Ao terminar esta lição você será capaz de:

ƒ Definir Momento Linear;

ƒ Enunciar a lei de Conservação do Momento Linear e especificar as


Objectivos condições de sua validade;

ƒ Explicar fenómenos físicos com a juda desta lei e

ƒ Resolver problemas que requerem a aplicação da lei de Conservação


do Momento Linear.

Você precisará de 4 horas lectivas para completar esta lição

Momento Linear e sua Conservação:

Você já observou o que acontece quando duas bolas se chocam? Ou


quando um jogador cabeceia uma bola? Ou quando uma bola de
basquetebol choca na placa? Ou, em geral, quando dois objectos se
chocam?

Certamente que você nota que a velocidade dos objectos varia. Em alguns
casos de forma mais acentuada que em outros. Como explicar tais
fenómenos?
14 Lição nº 1

Quando discutimos as leis de Newton, introduzimos a grandeza física


momento linear ou quantidade de movimento duma partícula de massa m
r
que se move à velocidade v .

Chama-se momento linear duma partícula de massa m, movendo-se a


r
uma velocidade v , à grandeza física vectorial dada pelo produto entre a
r r r
massa m da partícula e a sua velocidade v : p = m.v

Da fórmula você conclui facilmente que os dois vectores são colineares


r r
( p ↑↑ v ).

Se a partícula se move numa direcção arbitrária, o momento linear terá


três projecções.

⎧ p x = m.v x
r r ⎪
Assim, p = m.v ⇔ ⎨ p y = m.v y (1.1)1

⎩ p z = m.v z

O conceito de momento linear fornece uma distinção quantitativa entre


uma partícula pesada e outra leve, movendo-se à mesma velocidade.

Também se recorda que a partir desta grandeza, nós demos uma


formulação geral à 2ª lei de Newton:

n r dpr d (m.vr )

i =1
Fi =
dt
=
dt
(1.2)

A derivada com respeito ao tempo dum Momento Linear duma partícula


é igual à resultante de todas as forças agindo sobre a partícula.

1
Do lado direito de cada fórmula existe um número. O que aparece antes do
ponto indica a unidade e o que aparece depois indica o número da fórmula dentro
da unidade.
Ensino à Distância 15

n r r
Se a partícula for isolada, ∑F
i =1
i = 0 ⇒ p = cons tan te ou seja o

Momento linear duma partícula isenta de forças permanece constante


com o transcorrer do tempo.

Conservação do Momento Linear:

ƒ Suponha que você e um seu colega estão num campo


pavimentado e usando patins. Vocês estão frente a frente e
juntando as palmas das vossas mãos exercendo forças um sobre
Exemplo o outro. O que acontece?

Naturalmente que, se vossas massas forem comparáveis, ambos


adquirirão velocidades em sentidos opostos. Porquê?

ƒ Se você já disparou uma arma de fogo, certamente que terá


notado que no momento do disparo ou seja quando a bala sai do
cano, a arma experimenta um recuo. Porquê?

Estes e outros fenómenos, podem ser compreendidos se recorrermos à lei


de conservação do momento linear.

Antes da sua formulação, definamos um conceito importante, o de


sistema isolado de partículas.

Um sistema de partículas diz-se isolado se não apresenta interacções de


carácter externo. O que é equivalente à situação em que
n r ext r
∑F
i =1
i = F ext = 0 (1.3)

Consideremos duas partículas 1 e 2 que podem interagir uma com a outra,


estando isoladas de sua vizinhança. Suponhamos que num dado instante o
r r
momento linear da partícula 1 é p1 e da partícula 2 é p 2 .
16 Lição nº 1

Pela 2ª lei de Newton:

r r r r
dp dp
F12 = 2 e F21 = 1
dt dt
r r
Pela 3ª lei de Newton, F12 e F21 constituem um par acção-reacção e,
r r
portanto, F12 = − F21 . Daí que se possa escrever:

r
⎧r dp 2
⎪⎪ F12 = dt r r
dp1 dp 2
r r
d ( p1 + p 2 )
⎨ r r ⇒ + = 0 ⇒ =0
⎪− F = dp1 dt dt dt
⎩⎪
12
dt

r n
r
Consideremos Ptotal = ∑p
i =1
i . Para o caso em discussão,
r r r r
Ptotal = ∑ p = p1 + p 2 (1.4)

r r
d ( p1 + p 2 ) r r r
Como = 0 ⇒ Ptotal = p1 + p 2 = cons tan te
dt

⎧n n

⎪∑ ix ∑ p fx
p =
⎪ i =1 i =1

r r r r ⎪n n
Portanto, p1i + p 2i = p1 f + p 2 f ⇔ ⎨∑ piy = ∑ p fy (1.5)
⎪ i =1 i =1
⎪n n
⎪∑ piz = ∑ p fz
⎩ i =1 i =1

r r r r
m1 .v1i + m2 .v 2i = m1 .v1 f + m2 .v 2 f (1.6)

Este resultado é conhecido como a lei de conservação do momento


linear, o qual pode ser generalizado para um sistema dum número
qualquer de partículas. É considerada uma das leis fundamentais da
mecânica:
Ensino à Distância 17

Em qualquer que seja a situação em que duas ou mais partículas, num


sistema isolado, interagem, o Momento Linear total do sistema
permanece constante com o correr do tempo.

ƒ O Momento Linear de um sistema de partículas é a soma dos


Momentos Lineares das partículas que o constituem .

ƒ Num sistema isolado, as partículas constituintes podem interagir.


Tome Nota!

ƒ Durante a interacção, o momento linear de cada partícula pode


variar. No entanto, pela 3ª lei de Newton, tais variações se
cancelam.

O Momento Linear de um sistema isolado de partículas é constante.


n
r r
∑p
i =1
i = P = cons tan te

1. Porque é que os dois indivíduos sobre patins (referidos na introdução


à lei de conservação) adquirem velocidades em sentidos opostos?
Como pode explicar o recuo da arma quando a bala sai do cano?
Exemplo

Comentário:

Nos dois casos, trata-se de sistemas de duas partículas inicialmente em


repouso, que podem ser considerados isolados:

r
Como as duas partículas estão inicialmente em repouso, Ptotal = 0 temos
r
r r r r r r m2 .v 2 f
0 = p1 f + p 2 f ⇒ p1 f = − p 2 f ⇔ m1 .v1 f = − m2 .v 2 f ⇒ v1 f = −
m1
ou seja, como o momento linear do sistema antes da interacção é nulo,
tratando-se de sistema isolado, imediatamente após a interacção terá que
permanecer nulo. Para que isso ocorra, os vectores momentos lineares
18 Lição nº 1

terão que ter sentidos opostos. Portanto o recuo da arma ou a aquisição de


velocidades com sentidos opostos por parte dos patinadores, é uma forma
de compensação.

2. Um navio em repouso explode, partindo-se em três pedaços. Dois


deles, que têm a mesma massa voam em direcções perpendiculares
entre si, com a mesma velocidade de 30 m/s. O 3º pedaço tem massa
três vezes maior que um dos outros. Qual é a sua velocidade, em
módulo e direcção, imediatamente após a explosão?

Resolução:

r
Como o navio está inicialmente em repouso, temos P = 0

No instante da explosão o sistema pode ser considerado isolado porque as


forças internas são mais intensas que a força de gravidade. Portanto os
efeitos da força de gravidade podem ser desprezados quando comparados
com os efeitos das forças impulsivas. Como tal:

r r r r r r r
0 = p1 + p 2 + p3 ⇒ p3 = −( p1 + p 2 ) = − p r , ou seja o momento linear
do terceiro pedaço tem o módulo igual ao da soma dos momentos lineares
dos dois primeiros, mas com sentido oposto. Por isso podemos fazer o
seguinte esquema.

Fig.1.2

r r
Pois p1 ⊥ p 2 . Como m1 = m 2 = m e v1 = v 2 = v , teremos:

r r
p3 = p r = (m.v )2 + (m.v )2 = 2.m 2 .v 2 = m.v. 2
Ensino à Distância 19

v. 2 30. 2 m
⇔ m3 .v3 = m.v. 2 ⇔ 3.m.v3 = m.v. 2 ⇒ v3 = =
3 3 s
v3 = 10. 2m / s = 14m / s

Direcção: Para termos a direcção bastará determinarmos o ângulo que


r r r
v3 forma com qualquer uma das outras velocidades, v1 e v 2 .

p1
Assim, θ = 180 − ϕ . Mas tgϕ = = 1 ⇒ ϕ = arctg (1) = 45°
p2

Portanto, θ = 180° − 45° = 135°


r
Assim, imediatamente após a explosão, v3 tem módulo 14 m/s e segue

uma direcção que forma um ângulo de 135° , em relação à direcção de


qualquer um.

A seguir apresenta-se uma actividade para cuja realização você


precisará de 15 minutos.

1. Um rapaz encontra-se num dos extremos de um carro aberto, com


rodas perfeitamente oleadas, podendo desprezar-se o atrito entre as
rodas e o chão. Será possível que o rapaz vá até ao outro extremo do
Actividade 1 carro sem que este último se mova? Justifique.

2. Um núcleo radioactivo, inicialmente em repouso, desintegra-se,


emitindo um electrão e um neutrino, em direcções perpendiculares
m
uma à outra. O momento linear do electrão é 1,2.10 − 22 kg. e o do
s
m
neutrino é 6,4.10 − 23 kg. .
s

a. Ache a direcção e o módulo do Momento Linear adquirido pelo


núcleo ao recuar.
20 Lição nº 1

Comentários:
r
1. O Momento Linear inicial do sistema P , é nulo. Como não há outras
forças externas a actuarem (além da força de gravidade que é
perpendicular a hipotética direcção do movimento), o sistema pode
ser considerado isolado e, por consequência, o momento linear do
sistema permanece constante:

v r r r r r r r
Pi = Pf , mas Pi = 0 ⇒ Pf = mr .v r + mc .vc = 0 ⇒ mr .v r = −mc .vc

Conclusão: Não é possível.

2. No instante da desintegração, o sistema pode ser considerado isolado


pois os efeitos das forças que provocam a desintegração (forças
internas) são muito maiores e podemos desprezar os efeitos das forças
ordinárias (ex: a força de gravidade).

r
Inicialmente o Momento Linear do núcleo é nulo, Pi = 0 . Pela lei de
conservação do Momento Linear, imediatamente após a desintegração
terá que ser igual a zero, por isso:

r r r r r r r r
Pf = p e + p n + p NR = 0 ⇒ p NR = −( p e + p n ) = − p r
r
Ou seja o Momento Linear do núcleo residual p NR , terá módulo igual ao
da soma dos momentos lineares do electrão e do neutrino, mesma
r r r
direcção mas sentido oposto a este: p r = p e + p n

r r r 2 r 2 m
p NR = p r = pe + pn = 1,4.10 − 22 kg.
s

p n 6,4.10 −23
Direcção: tgβ = = = 0,53 ⇒ β = arctg (0,53) = 28°
p e 1,2.10 − 22
Ensino à Distância 21

r
Portanto, o Momento linear do núcleo residual p NR toma uma direcção
que forma um ângulo de 152o em relação a direcção do electrão e,
portanto 118o em relação a direcção do neutrino e tem um módulo igual a

m
1,4.10 − 22 kg. .
s
22 Lição nº 2

Lição nº 2

Colisões

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Nela você vai aplicar as leis da
Conservação da Energia Mecânica e do Momento Linear para descrever e
interpretar fenómenos envolvidos no choque entre dois corpos.

Ao terminá-la, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir o conceito Colisão

ƒ Aplicar as leis da Conservação da Energia e Momento Linear para


explicar fenómenos envolvidos na Colisão
Objectivos
ƒ Estabelecer a diferença entre Colisões Elásticas e as Inelásticas

ƒ Estabelecer a relaçào entre Impulso e Momento Linear

ƒ Interpretar geometricamente o Impulso

ƒ Resolver problemas relacionados com o fenómeno das Colisões

Você vai precisar de quatro horas lectivas para completar esta lição

Colisões:

Você já aplicou alguma vez a palavra “colisão” ou “choque”? Reflicta em


que situação e contexto terá aplicado essa palavra.

Como você explicaria, por suas próprias palavras, o termo “colisão”?

A que chamamos de colisão em Física?

Colisão é a interacção entre corpos que, não obstante transcorrer em um


espaço de tempo infinitesimal, provoca uma variação finita da velocidade
dos corpos.
Ensino à Distância 23

A Colisão, entanto que interacção, pode acarretar um contacto físico entre


os corpos (Fig.1.4.a) ou pode ocorrer através de campos físicos (ex:
colisões a nível microscópico entre duas partículas com cargas do mesmo
sinal) (Fig.1.4.b).

As forças envolvidas na Colisão chamam-se forças impulsivas. Estas


possuem intensidades muito maiores do que as de qualquer força externa
presente durante o fenómeno.

As Forças de Choque são medidas com a ajuda de seus impulsos-


vectores.

r r r
dp1 r r
Tendo F21 = ⇒ dp1 = F21 .dt . Sendo v a velocidade de m1 no
dt
r
instante t1 , e u no instante t 2 teremos:

2 t2 t
r r r r 2 r
∫ 1 ∫ 21
1
dp = F
t1
.dt ⇒ Δp 1 = m.u − m v = ∫ F21 .dt
t1

Para calcularmos o integral, precisamos de saber como varia a força, com


o tempo.

r
A grandeza F21 .dt , chama-se impulso elementar da força e é
r r r
representada por dI ou seja dI = F21 .dt .

r r r r r
Então temos: m.u − m.v = I ⇒ I = Δp1 (1.7)

Este resultado é conhecido como o teorema do impulso e momento linear.


r
O Impulso da Força F agindo sobre a partícula é igual à variação do
r r
Momento Linear da partícula provocada pela força. I = Δp
24 Lição nº 2

Durante a Colisão:

1. A acção das forças ordinárias (ex: a da força de gravidade, atrito,


etc) podem ser menosprezadas, pois as forças impulsivas são
Tome Nota!
muito mais intensas do que qualquer outra externa presente.

2. Os deslocamentos dos pontos no corpo, durante a colisão,


também podem ser menosprezados.

O Impulso é uma grandeza vectorial cujo sentido coincide com o da


variação do Momento Linear.

Geometricamente, o seu valor é igual à área da figura sob o gráfico força-


tempo.

[I ] = [ p ] = 1kg. m ⇔ 1 N .s no S.I.
s

Será que a Colisão é um processo instantâneo?

Apesar de a Colisão ter uma duração muito menor, podem ser


distinguidas duas fases:

ƒ No decorrer da 1ª fase, os corpos deformam-se até que a


velocidade da sua aproximação seja anulada. Isto significa que a
energia cinética do movimento relativo dos corpos transforma-se
em energia potencial de deformação, em energia térmica, em
energia das vibrações acústicas, etc.

ƒ No decorrer da 2ª fase, as formas dos corpos são restauradas


graças à elasticidade; a energia potencial de deformaçào
transforma-se em energia cinética e termina o contacto.

A Colisão é concluida na 1ª fase quando os corpos são absolutamente


inelásticos e o Choque chama-se absolutamente inelástico.
Ensino à Distância 25

Nesse tipo de Colisão, os corpos movem-se juntos, com a mesma


velocidade, como se fosse um único corpo. Portanto, a Lei de
Conservação do Momento Linear será expressa na forma:

r r r
m1 .v1 + m2 .v 2 = (m1 + m2 ).u (1.8)

Se o Choque for unidimensional e ao longo de ox, temos:


r r r
m1 .v1 + m2 .v 2 = (m1 + m2 ).u ⇒ m1 .v1x + m2 .v 2 x = (m1 + m2 ).u x (1.9)

Se a Colisão for bi-dimensional no plano xy, temos:

r r r ⎧m1 .v1x + m2 .v 2 x = (m1 + m2 ).u x


m1 .v1 + m2 .v 2 = (m1 + m2 ).u ⇒ ⎨
⎩m1 .v1 y + m2 y .v 2 y = (m1 + m2 ).u y
(1.10)

Na Colisão Absolutamente Elástica, a Energia Cinética que os corpos


possuem no final é igual à que possuiam no início.

A Lei de Conservação do Momento Linear terá a seguinte expressão:


r r r r
m1 .v1 + m2 .v 2 = m1 .u1 + m2 .u 2 (1.11)

Para uma colisão uni-dimensional:


r r r r
m1 .v1 + m2 .v 2 = m1 .u1 + m2 .u 2 ⇒ m1 .v1x + m2 .v 2 x =m1 .u1x + m2 .u 2 x
(1.12)

Para uma colisão bi-dimensional:

r r r r ⎧m1 .v1x + m2 x .v 2 x = m1 .u1x + m2 .u 2 x


m1 .v1 + m2 .v 2 = m1 .u1 + m2 .u 2 ⇒ ⎨
⎩m1 .v1 y + m2 .v 2 y = m1 .u1 y + m2 .u 2 y
(1.13)

As colisões classificam-se em função da conservação ou não da energia


cinética do sistema.

Se a energia cinética do sistema se conserva, a Colisão diz-se Elástica.


Neste tipo de colisão são válidas as seguintes equações:

r r r r
⎧m1 .v1 + m2 .v 2 = m1 .u1 + m2 .u 2

⎨1 r2 1 r2 1 r2 1 r 2 (1.14)
⎪⎩ 2 m1 .v1 + 2 m2 .v 2 = 2 m1 .u1 + 2 .m2 .u 2

Se a energia cinética do sistema variou, a colisão diz-se Inelástica.


26 Lição nº 2

Para uma Colisão Absolutamente Inelástica são válidas as seguintes


equações:

r r r
⎧m1 .v1 + m2 .v 2 = (m1 + m2 ).u

⎨1 r2 1 r2 1 r2 (1.15)
⎪⎩ 2 .m1 .v1 + 2 .m2 .v 2 = 2 .(m1 + m2 ).u + ΔQ

onde ΔQ é a parte da energia cinética convertida em outras formas de


energia diferente da energia mecânica (ex: energia calorífica)

1. Uma bola, de 1 kg de massa, desloca-se, sem atrito, numa pista de


gelo. Que tempo levará a adquirir a velocidade de 10 m/s, partindo do
repouso, se agir sobre ela forças respectivamente de 10 N e 100 N?
Exemplo

Resolução:

t r r r
r r r
Δp = ∫ F .dt ⇒ m.v − m.vo = F .Δt pois F = cons tan te ; como vo = 0
0

m.v x 1.10 ⎡ kg.m kg.m.s N .s ⎤


m.v x = Fx .Δt ⇒ Δt1 = ⇒ Δt1 = = = = s⎥
F1 x 10 ⎢⎣ N .s N .s 2 N ⎦
Δt 1 = 1 s
m.v x 1.10
Δt 2 = ⇒ Δt 2 = s = 0,1 s
F2 x 100

2. Um carro de massa 1800 kg, parado num semáforo, foi batido de trás
por um outro de massa 900 kg, e os dois ficaram juntos. Se o carro
pequeno, se movia à velocidade de 20,0 m/s, antes da colisão,

a. Qual é a velocidade do conjunto, imediatamente após a colisão?

b. Que quantidade da energia cinética inicial do sistema se converte


em calor e a que percentagem (ou parte) da energia cinética
inicial corresponde?

Resolução:

Para resolver problemas deste género, você deve identificar primeiro o


tipo de colisão envolvido.
Ensino à Distância 27

Naturalmente que você nota que se trata duma Colisão Absolutamente


Inelástica:

r r r
a) m1 .v1 + m 2 .v 2 = (m1 + m2 ).u , se m1= 1800 kg, então v1 = 0 m/s

m2 .v 2 x 900.20,0 ⎡ kg m m ⎤
m2 .v 2 x = (m1 + m2 ).u x ⇒ u x = = = ⎥
m1 + m2 1800 + 900 ⎢⎣ kg s s⎦
1,80.10 4 m m
ux = = 6,67
2700 s s

1 1 1
.m1 .v1 + m2 .v 2 = .(m1 + m2 ).u 2 + ΔQ
2 2

2 2 2
1 1 1 1
b. ΔQ = .m2 .v 2 − .(m1 + m2 ).u 2 = .900.400.J − .2700.44,5.J
2

2 2 2 2
ΔQ = 180000.J − 60075.J = 119925 J = 1,20.10 J
5

ΔQ 119925 J
= = 0,663 ⇔ 66,3% Isto significa que 66,3% da
E c2 180000 J
energia cinética que o sistema possuia imediatamente antes da colisão
converte-se em calor.

3. Um bloco de massa igual a 1,60 kg inicialmente se movendo para a


direita com a velocidade de 4,00 m/s, sobre um plano horizontal sem
atrito, colide com uma mola presa a um segundo bloco, cuja massa é
2,10 kg , que inicialmente se movia para a esquerda com uma
velocidade de 2,50 m/s, como mostra a figura. A constante de rigidez
da mola é 600 N/m.

a. No instante em que o bloco 1 se move com velocidade de 3,00


m/s, determine a velocidade do bloco 2.

b. Em quanto foi comprimida a mola nesse instante?


28 Lição nº 2

Resolução:

a. m1 .v1x + m2 .v 2 x = m1 .u1x + m2 .u 2 x ⇒ m2 .u 2 x = m1 .v1x + m2 .v 2 x


− m1 .u1x ⇒ m2 .u 2 x = 1,60kg.4,00m / s + 2,10kg.(−2,50m / s ) −
1,60kg.3,00m / s ⇒ m2 .u 2 x = 6,40 kgm / s − 5,25 kgm / s − 4,80 kgm / s
− 3,65
m2 .u 2 x = −3,65 kgm / s ⇒ u 2 x = m / s = −1,74 m / s
2,10

O sinal negativo no resultado obtido reflecte o facto de no instante


referido, o bloco 2 ainda estar ainda a deslocar-s para a esquerda.

b. Para determinar a compressão da mola, podemos aplicar a lei de


conservação de energia mecânica visto que os blocos se delocam por
um plano sem atrito:

1 2 1 2 1 2 1 2 1
m1 .v1 + m2 .v 2 = m1 .u1 + .m2 .u 2 + .k .x 2
2 2 2 2 2

Substituindo todos os valores conhecidos incluindo o calculado na alínea


a) na expressão da lei de conservação de energia mecânica obtém-se :
x = 0,173 m

A seguir se apresenta uma actividade para a qual você precisa de 25


minutos para completar

1. Uma bola d 1,0 kg cai verticalmente sobre o solo com velocidade de


25 m/s. Ela rebate e volta com uma velocidade de 10 m/s.

a. Que impulso age sobre a bola durante o contacto?


Actividade 2

b. Se a bola ficar em contacto com o assoalho durante 0,020 s, qual


será a força média exercida sobre o solo?

Comentário:

Para determinar o Impulso você terá que usar a fórmula do Teorema


de Impulso e Momento Linear e, obterá o valor I = 35 kgm / s .
Ensino à Distância 29

Para calcular a força média partirá da relação entre Força e Momento


r Δpr
Linear ou seja F = expressão válida para a força média e, obterá o
Δt
r
valor, F = 1,75.10 3 N

2. O pêndulo balístico é um sistema que é usado para medir a


velocidade dum projéctil que se desloca a grande velocidade, tal
como a bala disparada duma arma. A bala é disparada contra um
grande bloco de madeira e todo o sistema move-se até uma altura h
após a qual realiza oscilações. A Colisão é Perfeitamente Inelástica.

Suponha então que numa experiência de pêndulo balístico a altura a


que o sistema se eleva após a colisão vale 5,00 cm, a massa da bala
m1 = 5,00 g e a do bloco de madeira m2 = 1,00 kg.

a. Determine a velocidade inicial da bala.

b. Determine a perda de mecânica durante a Colisão.

Comentário:

a. Pela Lei de Conservação do Momento Linear do sistema temos:

r r r
m1 .v1 + m2 .v 2 = (m1 + m2 ).u ⇒ m1 .v1x + m2 .v 2 x = (m1 + m2 ).u x
m1 .v1x + m2 .0 = (m1 + m2 ).u x ⇒ m1 .v1x = (m1 + m2 ).u x

Como podemos calcular a velocidade do conjunto imediatamente após a


Colisão?

Sabe-se que imediatamente após a Colisão todo o sistema adquire a


r
velocidade u e, por consequência o sistema eleva-se até a altura h.
Desprezando a resistência do ar podemos aplicar a Lei de Conservação de
30 Lição nº 2

Energia Mecânica desde o instante imediato ao embate até quando o


sistema se imobiliza no ponto em que se encontra a altura h.

1 1 2
.(m1 + m2 ).u x = (m1 + m2 ).g .h ⇒ .u x = g .h
2

2 2
u x = 2.g .h ⇒ v1x =
(m1 + m2 ) (m + m2 ) . 2.g.h
.u x = 1
m1 m1
m
v1x = 199
s

b. Nesta alínea vamos considerar a energia cinética do sistema


imediatamente antes da colisão e imediatamente após a colisão.
Você acha que a energia cinética vai ser a mesma ou não?

Naturalmente que não vai ser a mesma. Ela vai diminuir, pois uma parte é
usada para realizar trabalho na perfuração do bloco.

Então, E ci = E c f + ΔQ ⇒ ΔQ = E ci − E c f

Tendo feito isto você vai obter o resultado: ΔQ = 98,5 J

3. Um automóvel de 2000 kg percorria uma estrada rumo a leste a 60


km/h, quando colidiu com um camião de 4000 kg que pretendia
cruzá-lo, para o Norte, a 20 km/h. Se eles se unem após a colisão,
qual o módulo e a direcção de sua velocidade?

Comentário:

1º É preciso notar que se trata de uma Colisão Perfeitamente Inelástica e


bi-dimensional. Portanto é preciso conceber um sistema de eixos
coordenados.

2º Formular a Lei de Conservação de Momento Linear para o sistema.


Ensino à Distância 31

3º Formular as equações em termos de suas projecções ao longo dos eixos


e resolver o sistema. Esse sistema permite-lhe calcular u x e u y .

Tendo essas projecções, você calcula o módulo e a direcção do seguinte


modo:
r uy uy
u = u x + u y = 24,0 km / h e tgϕ = ⇒ ϕ = arctg
2 2
= 33,7° NE
ux ux
32 Lição nº 3

Lição nº 3

Centro de Massa e Movimento do


Sistema de Partículas

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. A maioria dos movimentos
realizados por sistemas mecânicos são combinações de dois tipos:
Translação e Rotação, o que torna muito mais complicado o seu
estudo. Há, contudo, um ponto do sistema que realiza um
movimento que corresponde ao de translação, que todas as
partículas do sistema teriam se o corpo só se deslocasse com este
tipo de movimento. Este ponto especial chama-se Centro de
Massa. Nesta lição você vai aprender a descrever o Movimento
dum Sistema Mecânico através do seu Centro de Massa. Tal
sistema mecânico pode ser tanto um sistema de partículas como
uma colecção de átomos num recipiente ou um corpo extenso,
como um atleta que faz um salto mortal ou um corpo rígido.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir o conceito “centro de massa”

Objectivos ƒ Determinar a localização do Centro de Massa dum Sistema


Mecânico que consiste numa distribuição discreta de massa.

ƒ Determinar a localização do Centro de Massa dum sistema que


consiste numa distribuição contínua de massa.

ƒ Descrever o Movimento do Centro de Massa do Sistema

ƒ Formular a equação fundamental para o Movimento do Centro


Ensino à Distância 33

de Massa do sistema

ƒ Resolver problemas relacionados com o Movimento do Centro


de Massa do sistema de partículas.

Você vai precisar de 4 horas lectivas para completar esta lição

Centro de Massa

O corpo rigido é um caso partiular de um sistema de N partículas. Ele é


particular no sentido de manter as distâncias, entre as várias partes que o
compõem, invariáveis.

Existe também o chamdo sistema discreto de partículas. Trata-se de um


sistema de particulas cujas distâncias, relativamente umas às outras,
variam enquanto se processa o movimento. São exemplos o sistema
constituido por duas bolas de bilhar e o sistema constituido pelos
estilhaços de uma granada após a explosão.

Em cada um destes sistemas há um ponto que descreve um movimento


simples.Esse ponto é chamado de Centro de Massa.

• Quando um tenista atira uma raqueta o Centro de Massa


descreveve uma parábola;

Exemplo • O Centro de Massa constituido pelos estilhaços de uma granada


após a explosão descreve uma parábola.

Afinal, o que é Centro de Massa de um sistema?

O Centro de Massa de um sistema de particulas é um ponto onde se supõe


estar concentrada toda a massa e onde se considera aplicada a resultante
das forças que actuam sobre o sistema. Assim, a representação pelo
Centro de Massa é um modelo simplificado que reduz um objecto extenso
a uma só particula material.

Centro de Massa e suas Grandezas Cinemáticas

Considere agora um sistema de particulas formado por n particulas


r r r
de massas m1, m2 ..., mn localizadas pelos vectores r1 , r2 ..., rn .
34

Fig.1.9 (posição do centro de massa)

A posição do seu centro de massa é obtida a partir da seguinte relação:

⎧ n

⎪ ∑ mi . x i
⎪ xCM = i =1

⎪ M
n
r ⎪ n

r
r r r
m1 .r1 + m2 .r2 + ...mn .rn ∑ mi .ri ⎪

∑ mi . y i
rCM = = i =1
⇔ ⎨ y CM = i =1

m1 + m2 + ...mn M ⎪ M
⎪ n

⎪ ∑ mi . z i
⎪ z CM = i =1

⎪ M

(1.16)

n
Para a massa total pode-se escrever M = ∑m
i =1
i (1.17)

As equações (1-16) e (1-17) correspondem a uma distribuição discreta de


partículas.

Note que se a determinação do Centro de Massa é para um corpo


extenso, deve se considerar a existência de uma distribuição contínua de
massas infinitesimais dentro do corpo. Deste modo que no lugar da
relação (2-19) usa-se a seguinte:
Ensino à Distância 35

r 1 r
M∫
rCM = r .dm

(1.18)

r
A velocidade do Centro de Massa vCM , relaciona-se com as velocidades
de todas particulas constituintes. Derivando a relação correspondente ao
vector-posição do Centro de Massa com respeito ao tempo, obtém-se o
vector Velocidade do Centro de Massa, ou seja

n n
r r
r ∑ mi .vi r ∑p i
vCM = i =1
⇔ vCM = i =1
(1.20)
M M

A relação (2-22) pode ainda escrever-se :

r r
M . vCM = P
(1.21)

O centro de Massa, que representa todo o sistema, possui o Momento


Linear que é igual ao produto da velocidade do Centro de Massa pela
massa total.

Vamos, agora, derivir a equação (1.20) com relação ao tempo. Então


teremos:

n
r
r
∑ m .a i i
aCM = i =1
(1.22)
M

Ou seja, desta derivação resulta a aceleração do Centro de Massa.

A Relação Fundamental para a Dinâmica dum Sistema de Particulas

O estudo do Movimento de Centro de Massa simplifica problemas


complexos nos quais são considerados sistemas de várias particulas, tanto
para corpos simétricos, quanto com dimensões diferentes. Ao reduzir-se
ao centro de massa pode se prever sem muitas dificuldades o
comportamento geral de um sistema de partículas.
36

Atendendo à segunda Lei de Newton pode –se escrever:

r r
m.aCM = Fext (1.23)

Mas sabemos que para um sistema de particulas actuam dois tipos de


forças nomeadamente, as internas e externas. Então teremos como
resultante de forças:

r n r n n
Fext = ∑ Fi ext + ∑∑ Fijint (1.24)
i =1 i =1 i =1

Ora as forças internas ao sistema, constituem pares acção-reacão e


possuem, de acordo com a terceira Lei de Newton, uma resultante nula:

n n r int
∑∑ F ij =0 (i ≠ j )
i =1 i =1

Portanto, a relação (2-8) reduz-se a :

r
r n r
r r dPTotal
Fext = ∑ Fi = M .aCM ⇔ Fext =
ext
(1.25)
i =1 dt

Este resultado é conhecido como a Relação Fundamental da Dinâmica


para um Sistema de Partículas :

O Centro de Massa de um Sistema de Particulas com massa total M,


move-se como uma equivalente partícula de massa M se moveria sob a
influência da resultante das forças externas que actuam sobre o sistema.

Da relação fundamental pode-se concluir que a única causa capaz de


alterar o Momento Linear dum sistema de partículas é a resultante das
forças externas

Conservação do Momento Linear do Sistema:

O que é que pode acontecer se a resultante das forças externas que


actuam sobre o sistema for nula?

Analise comigo a partir da relação fundamental da dinâmica:


Ensino à Distância 37

r r
r dPTotal r n r
dPTotal r n
r
Fext = se Fext = ∑ Fi = 0 ⇒
ext
= 0 ⇒ PTotal = ∑ pi = const
dt i =1 dt i =1
r r
⇔ PTotal = M .vCM = cons tan te (1.26)

Isto significa que o Momento Linear total dum Sistema de Partículas


permanece constante se a resultante das forças externas que agem sobre o
sistema for nula.

Por consequência, para um sistema isolado de partículas, tanto o


Momento Linear como a velocidade do centro de massa permanecem
constantes com o correr do tempo.

1. Determine a localização do Centro de Massa de um sistema


constituido por três partículas
m1 = 1,0 kg , m2 = 2,0 kg e m3 = 3,0 kg , localizadas nos
Exemplo vértices de um triângulo equilátero de 1,0 m de lado.

Resolução:

1,0 kg.0 + 2,0 kg.1m + 3,0 kg.0,5m


xCM =
(1,0 + 2,0 + 3,0) kg
3,5 7
xCM = m= m
6 12
3
1,0 kg.0 + 2,0 kg.0 + 3,0 kg.
y CM = 2
6,0 kg

3
y CM = m
4

r ⎛7 r 3 r⎞
rCM = ⎜⎜ .i + .j ⎟m
⎝ 12 4 ⎟⎠

2. Mostre que o Centro de Massa de uma barra uniforme de massa M e


comprimento L situa-se no ponto médio da barra.
38

Resolução:

1º Vamos considerar que a barra apresenta uma distribuição


M
linear de massa cuja densidade linear é λ =
L
L
1
2º xCM =
M ∫ x.dm ; onde
0
dm é o elemento de massa e é dado por

L L L
1 1 M M
⇒ xCM =
M ∫ x.λ.dx = M ∫ x. L
.dx =
M .L ∫0
.x.dx
dm = λ .dx 0 0
2 2
1 x L L L
xCM = /0 = =
L 2 2.L 2

3. Três partículas A, B e C, de massas respectivamente iguais a 1,0 g,


1,0 g e 2,0 g, estão em movimento, sendo os vectores posição, em
relação à origem de um referencial inercial, no instante t:
r
( r r r
) r
(r r
)
r
rA = 2,0.t.i + 3,0. j + 2,0.t.k m, rB = 1,0.t 2 .i + 3,0.t. j − 2,0.k m
r
[ r r r
rC = 2,0.t.i + 1,0.t 2 . j + (2,0.t + 2,0 ).k m]
a. Determine a velocidade do centro de massa do sistema das três
partículas, no instante t = 2,0 s.

b. Indique, justificando, se é isolado o sistema destas partículas.

Resolução:

a. Cálculo da velocidade do Centro de Massa no instante t = 2,0 s.

Você se recorda da expressão do Centro de Massa?


r r r
r m A .v A + m B .v B + mC .vC
vCM =
m A + m B + mC

Como pode calcular cada uma das velocidades?

Esqueceu-se? Reveja a matéria sobre grandezas cinemáticas para o ponto


material. Mas eu vou ajudá-lo: Deve achar a devida com respeito ao
tempo de cada um dos vectores-posição das partículas.
r r r r r r
r drA r drB
vA = = 2,0.i + 2,0.k (m / s ); v B = = 2,0.t.i + 3,0. j ⇒
dt dt
r r r r r r
r r dr
v B = 4,0.i + 3,0. j (m / s ); vC = C = 2,0.i + 2,0.t. j + 2,0.k ⇒
dt
r r r r
vC = 2,0.i + 4,0. j + 2,0.k (m / s )
Ensino à Distância 39

r
Substituindo valores na expressão vCM , temos:

( ) ( )
r r r r r r r
r 1,0.10−3. 2,0.i + 2,0.k +1,0.10−3.(4,0.i + 3,0. j ) + 2.10−3. 2,0.i + 4,0. j + 2,0.k
vCM =
4.10−3
r r r
r 10.i + 11. j + 6,0.k r r r
vCM = = 2,5.i + 2,8. j + 1,5.k (m / s )
4

b. Se o sistema for isolado,


n r ext r r r
∑F
i =1
i = 0 ⇒ M .aCM = 0 ⇒ aCM = 0 ⇒ vCM = cons tan te

r
Como no nosso caso a vCM varia com o tempo, o sistema não é isolado.
r r r
r
Com efeito vCM =
(6,0 + 2,0.t ).i + (3,0 + 4,0.t ). j + 6,0.k
4

A seguir se apresenta uma actividade para a qual você


precisará de 1 hora lectiva para a completar

1. Um projéctil disparado ao ar, de repente, explode dividindo-se em


vários fragmentos. O que é que pode ser dito a respeito do
Movimento do Centro de Massa do sistema composto pelos
Actividade 3 fragmentos resultantes da explosão?

Comentário:

1º É necessário saber que, desprezando a resistência do ar, a única força


externa que age sobre o projéctil é a força de gravidade.

2º Se o projéctil não explodisse, sob a acção da força de gravidade, qual


seria a sua trajectória?

Recorrendo à matéria sobre lançamento de projécteis você conclui que o


projéctíl seguiria a parábola tracejada.
40

3º Você acha que as forças que provocam a explosão (forças internas)


afectam a trajectória do Centro de Massa do projéctil?

A resposta é não, porque a única causa que pode alterar o Movimento do


Centro de Massa é a resultante das forças externas. Portanto, após a
explosão, o Centro de Massa dos fragmentos seguirá a mesma trajectória
parabólica que teria o projéctil se não explodisse.

2. Considere o sistema de duas partículas no plano xy: m1 = 2,00 kg, está


r r
r
( )
na posição dada por r1 = 1,00.i + 2,00. j m e tem a velocidade dada
r r
por (3,00.i + 0,500. j ) m / s ; m2 = 3,00 kg , que está na posição dada por
r r
r2 = (− 4,00.i − 3,00. j ) m
r
e a velocidade dada por
r r
( )
3,00.i − 2,00. j m / s . Determine:

a. A posição do Centro de Massa do sistema.

b. A velocidade do Centro de Massa.

c. O Momento Linear total do sistema.

Comentário:

Você deverá compor a expressão do vector-posição do Centro de Massa e


substituir os valores para obter:
r r
m1 .r1 + m2 .r2 r r
= (− 2,00.i − 1,00. j ) m
r
rCM =
m1 + m2

Para calcular a velocidade do Centro de Massa usará a expressão e


obterá:
r r
m .v + m2 .v 2 r r
= (3,00.i − 1,00. j ) m / s
r
vCM = 1 1
m1 + m2

Para calcular o Momento Linear do Centro de Massa deverá usar a


r r
expressão: PCM = M .vCM o que o conduz ao seguinte resultado:
r r r
PCM = 15,0.i − 5,00. j (kgm / s )

3. Uma barra de 30 cm comprimento tem densidade linear dada por


λ = 50,0 + 20,0.x ( g / m ) , onde x é a distância em metros, medida a
partir duma das extremidades.
Ensino à Distância 41

a. Qual é a massa da barra?

b. A que distância se encontra o Centro de Massa da barra em


relação à extremidade x = 0?

Comentário:

Para você determinar a massa da barra deverá começar por definir a


Densidade Linear:

0 , 30
dm
λ=
dx
⇒ dm = λ .dx ⇒ M = ∫ dm = ∫ (50,0 + 20,0.x ).dx
0

Se integrar correctamente, você deverá encontrar o seguinte valor:

M = 15,9 g

Para calcular a posição do Centro de Massa, você deverá resolver o


seguinte integral:

0 , 30 0 , 30 0 , 30
1 1 1
xCM =
M ∫ x.dm =
0
M ∫ x.λ.dx =
0
M ∫ x.(50,0 + 20,0.x ).dx =
0
0 , 30

∫ (50,0.x + 20,0.x .dx )


1
= 2

M 0

Esse integral, se bem calculado deverá encontrar o valor


xCM = 0,153 m .
42

Sumário
r
O Momento Linear p duma partícula de massa m movendo-se à
r r r
velocidade v é dado por p = m.v .

A Lei de Conservação do Momento Linear mostra que o Momento Linear


total dum sistema isolado se conserva. Portanto, se duas partículas
formam um sistema isolado, o seu Momento Linear Total permanece
constante, independentemente da natureza das forças de sua interacção
mútua. Por consequência, o Momento Linear Total do sistema, com o
correr do tempo, é igual ao Momento Linear Total no instante inicial.

r r r r
p1i + p 2i = p1 f + p 2 f

r
O impulso gerado pela força F , que actua sobre uma partícula, é igual à
variação do Momento Linear da partícula durante o intervalo de tempo
considerado.

r t r r
I = ∫ F .dt = Δp , este resultado é conhecido como o Teorema de
to

Impulso- Momento Linear.

As forças impulsivas são, muitas vezes, bastante intensas


comparativamente às outras que actuam sobre o sistema e num intervalo
de tempo muito curto, como no caso das Colisões.

Quando duas partículas colidem, o Momento Linear Total do sistema


imediatamante antes da Colisão é sempre igual ao Momento Linear do
sistema imediatamente após a Colisão, independentemente da natureza da
Colisão.

Uma Colisão Inelástica é aquela em que a Energia Cinética Total do


sistema não se conserva.

Uma Colisão Perfeitamente Inelástica é aquela em que os corpos que


colidem se movem juntos (com a mesma velocidade) depois da Colisão.
Ensino à Distância 43

Uma Colisão Elástica é aquela em que a Energia Cinética do sistema


imediatamente antes da Colisão é igual a Energia Cinética do sistema
imediatamente após a Colisão ( a energia cinética se conserva).

Nas colisões bi- ou tri-dimensionais, as projecções do Momento Linear


do sistema em cada uma das direcções (x,y e z) se conservam
independentemente.

O vector-posição do Centro de Massa para um sistema de partículas que


consiste numa distribuição discreta é definido pela relação:

n
r
r
∑ m .r i i
rCM = i =1

M
n
r
Onde M = ∑m
i =1
i é a massa total do sistema e ri é o vector-posição da i-

ésima partícula.

O vector-posição do centro de massa dum sistema de partículas que


consiste numa distribuição contínua (ex: corpo rígido) pode ser obtido
r 1 r
M ∫
pela expressão integral rCM = . r .dm

A velocidade do Centro de Massa para um sistema de partículas é


n
r
r
∑ m .v i i
vCM = i =1

O Momento Linear total dum sistema de partículas é igual ao produto


entre a massa total e a velocidade do centro de massa.

A 2ª lei de Newton aplicada a um sistema de partículas é


r
r n r
r dPTotal
Fext = ∑ Fi = M .aCM =
ext

i =1 dt

O Centro de Massa move-se como uma partícula imaginária de massa M


sob a influência da resultante das forças externas que agem sobre o
sistema.
44

Da 2ª lei de Newton para um sistema de partículas resulta que se a


resultante das forças externas for nula, o Momento Linear total do
sistema permanece constante.

Exercícios
Você vai precisar de 3 horas lectivas para realizar os exercícios

1. Numa Colisão Perfeitamente Elástica entre duas partículas, a energia


cinética de cada partícula varia como resultado da Colisão?

Auto-avaliação - 1 Comentário:

Para responder a esta questão, recorde-se que nas colisões as parículas


podem variar as suas velocidades e veja se a energia cinética tem alguma
relação com a velocidade e tire conclusões.

2. Uma granada de mão de massa m é lançada verticalmente para cima


com uma velocidade de 10 m/s. Ao atingir a altura máxima, explode,
dividindo-se em três fragmentos, um, de massa m/4, segue
horizontalmente para a direita, com velocidade 12 m/s; outro de
massa m/2, sobe verticalmente, com uma velocidade de 8 m/s.
Considere desprezível a resistência do ar:

a. Calcule a direcção, sentido e módulo da velocidade do 3º


fragmento. (R: 20 m/s , β≈127º no sentido horário relativo à
horizontal)

b. Calcule a distância da vertical de lançamento, o fragmento que


segue horizontalmente, atinge o solo. (R: 12 m)

3. Uma bola A, de massa 4,0 kg movendo-se à velocidade


r r
v A = 3,0.i m / s , colide com uma outra bola B, de massa 8,0 kg,
inicialmente em repouso. Depois da colisão, a velocidade de A em
relação ao centro de massa do sistema A+B é dada por:
r r
v A / CM = (− 1,0.i + 2,0. j ) m / s . Considere desprezível o atrito, e
r

determine a velocidade da bola B depois da colisão.


(
r r
r
)
R: v B = 1,5.i − 1,0. j m / s
Ensino à Distância 45

4. Uma bala de massa igual a 10,0 g é disparada contra um bloco de


madeira de massa igual 5,00 kg. O movimento relativo da bala dentro
do bloco termina dentro do bloco.A velocidade do conjunto
bala+bloco imediatamente após a colisão é medida como sendo 0,600
m/s.

Qual era a velocidade inicial da bala?


( R: 301 m/s)

5. Um bloco de massa m1 = 2,0 kg desliza ao longo de uma mesa sem


atrito com velocidade de 10 m/s. Na frente dele e movendo-se na
mesma direcção, está um bloco de massa m2 = 5,0 kg à velocidade de
3,0 m/s. Uma mola sem massa com uma constante elástica k = 1120
N/m é presa à parte posterior de m2. Quando os blocos colidem, qual
é a compressão máxima da mola? Suponha que a mola não vergue e
que obedeça sempre a lei de Hooke. (R: 0,25 m).

6. Um corpo de massa igual a 8,0 kg desliza-se com velocidade de 2,0


m/s, sem influência de qualquer força externa. Em um certo instante,
ocorre uma explosão interna e o corpo se divide em dois fragmentos
de 4,0 kg cada; com a explosão, uma certa energia cinética de
translação de 16 J é comuinicada ao sistema formado pelos dois
fragmentos. Nenhum dos dois deixa a linha do movimento original.
Determine a velocidade e o sentido do movimento de cada fragmento
depois da explosão.

(R: Um fragmento pára, e o outro, desloca-se para a frente com a


velocidade de 4,0 m/s)

7. Duas partículas, uma tendo o dobro da massa da outra, com uma


mola comprimida entre elas são mantidas juntas. A energia
armazenada na mola é 60 J. Que energia cinética tem cada partícula
após elas terem sido libertas? (R: 20 J para a mais pesada e 40 J
para a menos pesada)

8. Um bloco de massa m repousa sobre uma cunha de massa M, que por


sua vez repousa sobre uma mesa horizontal, como mostra a figura.
Todas as superfícies são sem atrito. Se o sistema parte do repouso,
com o ponto P do bloco a uma distância h acima da mesa, ache a
velocidade da cunha no instante em que o ponto P toca a mesa.
46

2.m 2 .g.h. cos 2 α


(R: v M = )
.(M + m ).(M + m.sen 2α )

9. Um electrão de massa m choca-se frontalmente com um átomo


de massa M, inicialmente em repouso. Em consequência da
colisão, uma certa quantidade de energia E característica, é
r
armazenada no átomo. Qual é a velocidade inicial mínima, vo ,
que o electrão deve ter?

Recomendação: As leis de conservaçãoconduzem a uma equação quadrática


para a velocidade final v do electrão e a uma equação quadrática para a
velocidade final V do átomo. O valor mínimo vo resulta da necessidade de
ser real o radical das soluções obtidas para v e V.

1
⎛ M + m ⎞2
(R: vo = ⎜ 2.E. ⎟ )
⎝ M .m ⎠

10. Uma força Fx actuando numa partícula de m = 2,0 kg, varia com o
tempo de acordo com o gráfico abaixo. Determine:

a. O impulso da força.

b. A velocidade final da
partícula se ela parte do
repouso.

c. A vfx da partícula se
vox = -2 m/s.
Respostas: a.(R: 8 Ns),
b. (R: 4 m/s); c. (R: 2 m/s)
Ensino à Distância 47

Leitura Complementar:

ƒ ALONSO, M., FINN, E.J. Física. Addison Wesley, Espanha,


1999.
Leitura
ƒ ÍNDIAS, M. A.C. Curso de Física. MacGraw Hill. Portugal,
1992.
ƒ KELLER, F.J; GETTYS, W. E.; SKOVE, M.J. Física Volume-
1. Brasil, 1999.
ƒ RESNICK, R. ; HALLIDAY, D. Física-1. R.J. Brasil, 1983.
ƒ TRIPLER, P. Mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica.
Livros Técnicos e Científicos (4ª edição). Volume-1, 1999.
48 Unidade 2

Unidade 2

Mecânica de Corpo Rígido


Cinemática do Corpo Rígido

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta unidade. Nela você vai estudar o
movimento de objectos extensos. Quando objectos extensos, como
uma roda, giram em torno do seu eixo, o movimento não pode ser
analisado tratando o objecto como um ponto material porque em
qualquer instante de tempo, pontos situados a distâncias diferentes
em relação ao eixo de rotação possuem velocidades e acelerações
lineares diferentes. Por essa razão é conveniente considerar um
corpo extenso como conjunto de um grande número de partículas,
cada um dos quais com suas próprias grandezas cinemáticas.

Ao terminar esta unidade você deverá ser capaz de:

ƒ Definir o Modelo Corpo Rígido.

ƒ Descrever os Movimentos de Translação e Rotação do Corpo Rígido.


Objectivos
ƒ Definir as grandezas Deslocamento, Velocidade e Aceleração
Angular.

ƒ Resolver exercicios referentes aos cálculos das grandezas cinemáticas


angulares.

ƒ Conhecer as analogias entre as grandezas cinemáticas do movimento


translacional e rotacional.

Corpo Rígido, Translação, Rotação, Deslocamento Angular, Velocidade


Angular e Aceleração Angular

Terminologia Você vai precisar de 13 horas lectivas para completar esta unidade.
Ensino à Distância 49

Lição nº 1

Corpo Rígido e seu Movimento

Introdução
Seja benvindo ao estudo desta lição.Você estudou até agora a
Cinemática referente a um ponto ou partícula material. Este conceito foi
usado na Mecânica da Particula para simplificar a descrição do
movimento de objectos materiais. Trata-se de um ponto que concentra em
si toda massa do objecto sem levar em conta as suas dimensões
geométricas uma vez que estas não são relevantes para a resolução do
problema em estudo. Nesta lição você vai debruçar-se sobre o movimento
em que, devido à sua natureza, as dimensões do objecto nunca podem ser
ignoradas.

Ao terminar esta lição, você vai ser capaz de:

ƒ Caracterizar o Modelo Corpo Rígido

ƒ Identificar tipos de movimentos que um Corpo Rígido pode efectuar


Objectivos ƒ Caracterizar cada tipo de movimento

ƒ Estabelecer as diferenças entre Movimento de Rotação e o de


Translação

ƒ Explicar a relatividade da relevância das dimensões num dado


problema

Você vai precisar de 1 hora lectiva para completar esta lição

Então o que é um corpo rigido ?

Corpo rigido ou sόlido indeformável:

Ao lidar-se com objectos em rotação a análise é bastante simplificada se


assumirmos que o objecto é rígido.
50 Lição nº 1

Um Corpo Rígido é aquele que não se deforma, ou seja a distância entre


dois pontos quaisquer do corpo permanece sempre invariável por mais
intensas que sejam as forças aplicadas sobre ele.

Será que existe tal objecto? Você pode dar um exemplo dele?

Tão difícil encontrar um exemplo não é? Você tem razão, porque todos os
objectos reais são deformáveis, até certo ponto, quando sobre eles
actuarem forças suficientementes intensas.

O Corpo rRgido tal como ponto material, é uma livre criação humana por
isso é considerado Modelo Físico.

O Modelo Corpo Rígido é bastante útil em muitas situações em que a


deformação sofrida pelo objecto é desprezível.

Por exemplo, duas bolas de bilhar quando colidem deformam-se ao entrar


em contacto.

Exemplo Entretanto, na maioria das aplicações , as deformações são em geral


suficientemente pequenas para que possam ser desprezadas, em primeira
aproximação

Será que o conceito Corpo Rígido é absoluto?

Considere os movimentos da Terra. Que movimentos são executados pela


Terra?

Claro que você sabe que a Terra executa dois tipos de movimento
principais: Na sua jornada pelo espaço a Terra realiza vários movimentos,
mas os principais são os movimentos de Translação e Rotação. Durante o
seu movimento de Rotação é vista como Corpo Rígido o que já não
acontece para o caso em que o movimento é translacional, onde ela é
tratada como um ponto material. Porquê?

Como você pode notar, a denominação de Corpo Rígido depende da


abordagem do problema uma vez que um mesmo corpo pode ser tratado
tanto como Ponto Material quanto como Corpo Rígido.

Vamos, de seguida, discutir como isso é possivel.

Movimentos do Corpo Rígido


Ensino à Distância 51

O movimento de um Corpo Rígido é sempre uma combinação de um


movimento Translacional e Rotacional.

Você pode caracterizar a Translação de um Corpo Rígido através do


seguinte raciocínio:

• desenhe um Corpo Rígido tal como está representado na fig.1.1;

• trace alguns pontos constituintes, por exemplo, os vértices do


corpo;

• imagine o corpo sόlido em movimento de cima para baixo;

• os pontos materiais descrevem rectas paraleas e iguais

Conclusão :

Todos os pontos constituintes do Corpo Sólido experimentam o


mesmo movimento descrevendo trajectórias paralelas e iguais. As
grandezas cinemáticas de todos os pontos que constituem o corpo são
iguais, ou seja, possuem mesmas direcções e mesmos valores
numéricos.

Permanencem em movimento de
Translação relativamente à
Terra, o elevador, durante o seu
Exemplo
movimento de subida e descida,
a agulha de uma bússola, que
conserva a sua posição, etc.

Fig. 2.1 (Translação)


52 Lição nº 1

Para o caso da Rotação do Corpo Rígido este verifica-se quando ele gira
sobre um eixo fixo imaginário ou real que passa pelo seu interior.

De facto a Terra tem dois movimentos ao mesmo tempo: movimento de


Translação e Rotação.

A Translação é o movimento que a Terra realiza em torno do Sol e leva


aproximadamente 365 dias e 6 horas, isto é, um Ano para uma volta
completa. Se você possui, por exemplo, 35 anos de idade, isto significa,
que já deste aproximadamente 35 voltas em torno do Sol.

Este movimento dá-se com a velocidade de 30 km/s, ou seja, em cada


segundo a Terra movimenta-se 30 km.

A trajectória que a Terra descreve durante o seu movimento translacional


é uma elipse.

A Rotação consiste no movimento giratόrio da Terra em torno do seu


eixo, uma linha imaginária que passa pelo centro da Terra e que atravessa
os chamados pόlos norte e sul.

A Terra gira em torno do seu próprio eixo. Rodas, hélices, eixos de carro,
motores, discos em um gira-discos giram sobre um eixo.

A seguir se apresenta uma actividade que para completá-la você vai


precisar de 10 minutos.
Ensino à Distância 53

Vai iniciar agora a sua actividade reflectindo e resolvendo certas tarefas


ligadas ao Corpo Rígido e seu movimento.

Lembre-se:
Actividade - 4

• Antes de resolver qualquer tarefa pergunte a si mesmo se está


claro sobre o conteúdo abordado !

• Pergunte-se também se está claro sobre o que pretende fazer!

• Tente desenvolver o hábito de estudo individual sempre que


possivel!

• Faca uma comparação do conteúdo abordado a abordagem de


outras literaturas sempre que possivel.

1. Leia o conteúdo sobre o conceito corpo rigido na literatura sugerida


para leitura complementar no fim da unidade e faça de seguida um
pequeno resumo a respeito do assunto !

2. classifique os movimentos da Terra e da Lua quanto a trajectória


descrita

3. Discuta através de um exemplo ilucidativo a relatividade da


trajectória descrita por um corpo em movimento.

Comentário: Considere um corpo preso a extremidade duma corda e


você segura a outra extremidade da corda fazendo o obecto girar no plano
vertical e um seu colega observa o movimento enquanto está localizado
num plano perpendicular ao plano que contém a trajectória do objecto.

Em relação a que observador o movimento será circular? E em relação a


que observador o movimento é ao longo duma recta em torno duma
posição de equilíbrio?
54 Lição nº 1

Sumário
Um corpo rigido mantém invariável a distância entre as suas partes
constituintes. Trata-se de um caso ideal uma vez que a solidez de
qualquer corpo real depende da intensidade da forca aplicada.

Considera-se que o movimento de um corpo solido é translacional


quando as trajectorias descritas pelas particulas constituintes são linhas
paralelas e iguais.

Um movimento é rotacional sempre que as particulas que constituem o


corpo descreverem trajectórias na forma de circunferências concêntricas.
Ensino à Distância 55

Lição nº 2

Velocidade Angular

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. O estudo de rotações de um corpo
rigido será simplificado através das analogias entre as grandezas
cinemáticas do movimento linear e rotacional. Você vai começar a sua
abordagem com a discussão sobre a designada velocidade angular.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir Velocidade Angular

ƒ Identificar e explicar a fórmula para o cálculo da Velocidade Angular


Objectivos
ƒ Estabelecer a relação entre a Velocidade Angular e a Velocidade
Linear

ƒ Resolver problemas envolvendo Velocidade Angular

Você vai precisar de 3 horas lectivas para completar esta lição

Velocidade Angular

Quando é que se diz que uma partícula está em movimento circular?

Se você se lembra da cinemática do ponto material, então sabe que se


diz que uma particula está em movimento circular quando a sua
trajectόria, em relação ao sistema de referência, é uma circunferência.

Considere, por exemplo, a válvula do pneu de uma bicicleta em


movimento. Ela descreve uma trajectória circular em relação a um
sistema de referência ligado ao eixo da roda. No caso de o ciclista manter
a velocidade constante, o movimento diz-se circular Uniforme. Então
56 Lição nº 2

neste caso a velocidade possui módulo constante mas ela varia em


direcção, de uma forma contínua.

Suponha que a fig. 2.3 representa a trajectória da válvula do pneu da


r
bicicleta em movimento. O raio r que acompanha a válvula em seu
movimento descreve um angulo θ .

Fig.2.3 (ângulo central)

Você sabe, da geometria escolar, que de acordo com a definição do


ângulo em radianos , o comprimento de arco s relativo ao ângulo central
θ é dado por

s = r. Θ (2.1)

Atendendo que r possui um valor constante você terá:

ds = r. dθ (2.2)

Se você derivar s com respeito ao tempo terá:

ds dθ
= r. (2.3)
dt dt

ds
Ora, você se lembra da cinemática que a relação v = representa a
dt

chamada Velocidade Linear. A relação da equação (2.3) define a
dt
Velocidade Angular. Ela é designada pela letra ω.
Ensino à Distância 57

Você se lembra de que os ângulos podem ser medidos em graus ou


radianos, logo, conclui-se que ω poderá ser expressa em graus/s ou rad/s.

Voltando ao exemplo da válvula em movimento circular. Para o caso em


que ela executa uma volta completa ter-se-á ω = 2.π/T. Você sabe que
para o Movimento Circular e Uniforme a Velocidade Linear será:

v=
2π .r
ou v=
(2π ) .r (2.4)
T T

Esta equação permite calcular a velocidade linear quando são conhecidos


r
o módulo do vector r e a velocidade angular ω, ou seja, resulta que

v = r.ω (2.5)

Mas é sabido que tanto a Velocidade Linear quanto a Angular constituem


as chamadas grandezas vectoriais. Daí que você se pode perguntar sobre
a relação vectorial, entre a Velocidade Linear, Velocidade Angular e
Vector Posição.
r
Discuta agora a relação v = r.ω com ajuda da fig. 4. Seja r o raio vector
posição do ponto P e ρ sua distância de separação em relação ao eixo de
rotação. A análise da figura leva-o à seguinte relação ρ = r.senα .

Fig. 2.4 (movimento do ponto P em torno do eixo de rotação)

r
Introduza ao longo do eixo de rotação um vector unitario e z cujo sentido
é obtido através da regra do parafuso. Desta regra e de acordo com a
álgebra linear você sabe que resulta a definição do produto vectorial
58 Lição nº 2

r r r r r
entre os vectores e z e r , isto é, v = ω.e z × r
(2.6)

r r r
o equivalente a v = ω × r (2.7)

O primeiro factor deste produto externo é o vector da Velocidade


Angular de um ponto P do Corpo Rígido em rotação.

r
Portanto, você vê na equação (2.7) que o sentido do vector v é
determinado pelo produto vectorial . Reciprocamente, conhecendo o
r r
sentido de v você pode determinar o sentido de ω pela regra do produto
vectorial.
Na rotação no sentido anti-horário ω é positivo e no sentido horario
negativo.

Conclusão :

r
O vector ω é perpendicular ao plano do movimento e coincide
com o sentido do avanço de sacarolhas, com rosca direita que gira
no sentido da particula.

A seguir se apresenta uma actividade para cuja realização você


precisa de 30 minutos.
Ensino à Distância 59

Lembre-se:

• Antes de resolver qualquer tarefa pergunte a si mesmo se está

Actividade -5 claro sobre o conteúdo abordado.

• Pergunte-se também se está claro sobre o que pretende fazer.

1. Leia sobre as grandezas Deslocamento Angular, Velocidade Angular


na literatura sugerida como complementar e defina cada uma delas .

2. Discuta o significado fisico da grandeza Velocidade Angular.

Comentário:

Centre-se na definição de grandeza e tire a informaçao.

3. Deduza a unidade das grandezas, citada na alinea anterior.

Comentário:

Veja a fórmula e as unidades das grandezas envolvidas na definição da


grandeza em causa.

5. Uma particula move-se sobre uma circunferência de 20 cm de raio


completando uma volta a cada 4s.

Determine:

a) A frequência. (R: 0,25 Hz)

b) A velocidade angular. (R: 1,57 rad/s)

c) A velocidade linear (R: 0,314 m/s)

5. Calcule a velocidade angular da Terra. R: 7,3.10 −5 rad / s )

6. Uma correia liga uma roda de raio r = 0,4 m com outra de 2,0 m.
Sabendo que a frequência da primeira roda é igual a 20 Hz, calcule:

a. o módulo da velocidade comum de todos os pontos da periferia desse


conjunto. (R: 50,24 m/s)
b. A Velocidade Angular da segunda roda. (R: 25,12 rad/s)
60 Lição nº 2

7. Um disco efectua 30 voltas em um minuto. Determine a


frequência em Hz e r.p.m ! (R: 0,5 Hz e 30 r.p.m)

8. um ponto material em Movimento circular e uniforme (MCU)


completa uma volta a cada 10s. Sabendo que o raio da
circunferência mede 5 cm determine:

a. O petríodo e a frequência. (R:T= 10s e f = 0,1 Hz)

b. A Velocidade Angular. (R: 0,6 rad/s)

c.A Velocidade Linear. (R: 3,0 cm/s)

Sumário
A Velocidade Angular é um vector cujo módulo é dado pela equação

ω= . Ela relaciona-se com a Velocidade Linear através da
dt
equação v = r.ω . Esta última relação mostra que o módulo da velocidade
em cada ponto de um corpo rígido é igual ao módulo da velocidade
angular no mesmo ponto, vezes o raio da circunferência. Esta equação
possui validade para qualquer movimento circular. No caso de
movimento uniforme , v e ω sao constantes. Quando ω for variável, a
relação v = r.ω continua válida, ou seja, v e ω são variáveis.
Ensino à Distância 61

Lição nº 3

Aceleração Angular

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. No geral, a Velocidade Angular
Instantânea varia com o correr do tempo. Para caracterizar tal variação,
vamos introduzir a grandeza física Aceleração Angular. Para a dedução
da equação matemática e discussão do sentido fisico da aceleração
angular você deve continuar a apoiar-se na analogia que conhece das
grandezas cinemáticas do Movimento Linear. Você definiu a aceleração
da partícula como sendo a variação da velocidade em cada unidade de
tempo. Vai poder adequar essa definição para o caso da aceleração
angular.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir Aceleração Angular

ƒ Explicar o sentido físico da Aceleração Angular


Objectivos
ƒ Interpretar movimentos de objectos que possuem Aceleração Angular

ƒ Estabelecer a relação entre Aceleração Angular e a linear para uma


dada partícula do Corpo Rígido

ƒ Resolver problemas envolvendo Aceleração Angular.

Você vai precisar de 3 horas lectivas para completar esta lição

Aceleração Angular

Quando a Velocidade Angular de uma particula varia com o tempo, a sua


Aceleração Angular é definida pela relação seguinte :
62 Lição nº 3

r
r dω
α=
dt
(2.8)

r
Portanto da equação (2-7) você vê que o vector aceleração α é paralelo
r
ao vector dω . Agora deriva a equação (2-6) com respeito ao tempo.
Assim terá:

r r r
dv v dr dω r
=ω× + ×r (2.9)
dt dt dt

r r r
r dr r dv r dω
Faça a substituição de v = , a= e α = em (2.9). Terá
dt dt dt
como resultado:

r r r r r r
a = ω × (ω × r ) + α × r (2.10)

Da relação (2-9) o primeiro termo representa a chamada Aceleração


r
Centripeta, a c , ou seja:

r r r r
a c = ω × (ω × r ) (2.11)

r
O segundo termo fornece a Aceleração Tangencial at , ou seja:

r r r
at = α × r (2.12)

Isto significa que podemos relacionar a Velocidade Angular de Rotação


dum Corpo Rígido com a Aceleração Centrípeta dum dos seus pontos
r r r r
pela relação a c = ω × (ω × r ) cujo módulo será dado por a c = ω 2 .r e, a
Aceleração Angular dum Corpo Rígido em rotação pela aceleração
r r r
tangencial dum dos seus pontos pela relação at = α × r , cujo módulo

será dado por a t = α .r .

Como
r r r r r2 r2
a = at + a c ⇒ a = at + ac = (α .r )2 + (ω 2 .r )2 = r. α 2 + ω 4

Análise :
Ensino à Distância 63

Quando ω é constante, α = 0 o movimento é circular e uniforme. Aqui so


existe a Aceleração Centripeta cujo módulo é dado por:

v2
a c = ω.v = ω 2 .r = (2.13)
r

a. Uma roda gira, a partir do repouso, com uma Aceleração Angular


constante e alcança uma Velocidade Angular de 12,0 rad/s em três
segundos. Determine:
Exemplo
a. O valor da Aceleração Angular da roda.

b. O ângulo de rotação durante esse intervalo de tempo.

Resolução:

a) Você sabe que

Δω ω f − ω o 12,0 − 0 ⎡ rad ⎤ rad


α= = = ⎢ 2 ⎥
⇒ α = 4,00 2
Δt Δt 3 ⎣ s ⎦ s

Qual é a interpretação física que dá a esse resultado?

É claro que sabendo que a Aceleração Angular é constante, isto


implica que a Velocidade Angular varia uniformemente com o
tempo. Em particular, o módulo da Velocidade Angular aumenta
em 4 rad/s em cada segundo.

b) Como o movimento é uniformemente acelerado, o ângulo será


1
dado pela equação: Δϕ = ω oz .t + .α z .t 2 onde o índice z indica
2
que a rotação é feita em torno do eixo oz e estamos a considerar
as projecções das grandezas vectorias ao longo desse eixo.

1 rad
Δϕ = 0.3 + .4. 2 .(3s ) ⇒ Δϕ = 2.9 rad = 18 rad
2

2 s

1. A Velocidade Angular de um volante aumenta uniformemente de 20


rad/s para 30 rad/s em 5 s. Calcular a Aceleração Angular e o ângulo
total através do qual o volante gira nesse intervalo de tempo.

Resolução:

ω − ωo 30 − 20 ⎡ rad rad ⎤ 10 rad rad


α= = ⎢ = 2 ⎥ ⇒α = =2 2
Δt 5 ⎣ s.s s ⎦ 5 s 2
s
64 Lição nº 3

Como o movimento do volante é uniformemente acelerado, ângulo de


giro será dado por
1 rad 1 rad
Δϕ = ω oz .t + .α z .t 2 ⇒ Δϕ = 20. .5 s + .2. 2 .25 s 2
2 s 2 s
Δϕ = 100 rad + 25 rad = 125 rad ⇒ Δϕ = 125 rad .

2. Um disco começa a girar com movimento uniformemente acelerado.


Ao fim de 10 revoluções alcança a Velocidade Angular de 20 rad/s.
Determine a Aceleração Angular do disco.

Resolução: Sabe-se que se um objecto dá n revoluções o ângulo total


de giro, em radianos será: Δϕ = 2.π .n

Neste caso é útil utilizarmos a equação:

ω z 2 = ω o 2 + 2.α z .Δϕ ⇒ 2.α z .Δϕ = ω z 2 − ω o 2 , no contexto deste


problema ω o = 0 (Porquê?). Pelo que:

ωz 2 20 2 ⎡ rad 2 rad ⎤
2.α z .Δϕ = ω z ⇒ α z =
2
= ⎢ 2 = 2 ⎥
2.Δϕ 2.2π .10 ⎣ s .rad s ⎦
400 rad 10 rad rad
αz = = ⇒ α z = 3,2 2
40.π s 2
π s 2
s

3. A Posição angular duma porta giratória é descrita pela equação


θ = 5,00 + 10,0.t + 2,00.t 2 (rad ) . Determine a Posição Angular,
Velocidade Angular e a Aceleração Angular da porta para o instante:

a. t = 0s.

b. t = 3,00 s.

Resolução:

θ o = 5,00 + 10,0.0 + 2,00.0 2 = 5,00 rad + 0 + 0 = 5,00 rad

Sabe-se que ω = =
(
dθ d 5,00 + 10,0.t + 2,00.t 2 )
= 10,0 + 4,00.t
dt dt

rad rad
ω 0 = 10,0 + 4,00.0 2 .s = 10,0 + 0 (rad / s ) = 10,0 rad / s
s s
Ensino à Distância 65

dω d (10,0 + 4,00.t ) rad


Sabe-se que α = = = 4,00 2 é constante.
dt dt s

Para t = 3 s, teremos:

θ = 5,00 + 10,0.3 + 2,00.(3)2 rad = 5,00 + 30,0 + 18,0 (rad )


θ = 53,0 rad

⎡ rad ⎤ rad
ω = 10,0 + 4,00.3 ⎢ ⎥ = 10,0 + 12,0 = 22,0
⎣ s ⎦ s

A Aceleração Angular terá o mesmo valor, pois ela é constante


rad
durante o movimento da porta. Portanto, α = 4,00 .
s2

4. Duas polias de raios r1 = 5 cm e r2 = 10 cm , respectivamente,


estão ligadas por uma correia. O período de rotação da polia de menor
raio é igual a 0,5 s.

a. A que velocidade se desloca a correia?

c. Qual é o período de rotação da 2ª polia?

Resolução:

Neste caso é preciso notar que se trata de transmissão de movimento entre


duas polias, através da correia. Posto isto as velocidades lineares dos
Exemplo
pontos periféricos das duas polias são iguais e , por sua vez, iguais à
velocidade dos pontos da correia. Por isso, se você conseguir determinar
a velocidade dum ponto periférico duma das polias, ficará a conhecer a
velocidade com que se desloca a correia.

2.π 2.π .5 ⎡ cm ⎤ cm m
a. v1 = v 2 = v c = .r1 = ⎢ ⎥ ⇒ vc = 20.π = 0,2.π
T1 0,5 ⎣ s ⎦ s s

b. Para o cálculo do período da 2ª polia é necessário tomar em


consideração a discussão feita na alínea a):
66 Lição nº 3

2.π .r1 2.π .r2 r r r


v1 = v 2 ⇔ = ⇒ 1 = 2 ⇒ T2 = T1 . 2
T1 T2 T1 T2 r1
10 ⎡ s.cm ⎤
T2 = 0,5. = s⎥ = 1s
5 ⎢⎣ cm ⎦

4. Um disco de raio igual a 10 cm gira com Aceleração Angular


rad
α = 3,14 . Calcule para os pontos situados na periferia da roda,
s2
1 segundo após ter sido iniciado o movimento:

c. A Velocidade Angular.

d. A Velocidade Linear.

e. A Aceleração Tangencial.

f. A Aceleração Normal.

g. A Aceleração Total.

h. O ângulo que a direcção da aceleração total faz com o raio do


disco.

Resolução:

⎡ rad rad ⎤ rad


a. ω z = α z .t = 3,14.1⎢ 2
.s = ⎥ = 3,14
⎣ s s ⎦ s

⎡ cm ⎤ cm m
b. v = ω z .r = 3,14.10 ⎢ ⎥ = 31,4 = 0,341
⎣ s ⎦ s s

⎡1 m⎤ m
c. at = α z .r = 3,14.0,1⎢ 2
.m = 2 ⎥ = 0,314 2
⎣s s ⎦ s

v2 m m
= ω z .r = (3,14 ) .0,1 = 0,986
2 2
d. a c =
r s s

m
2
e. aTotal = at + an =
2
(0,341)2 + (0,986)2 = 0,099 + 0,972 = 1,03
s2
Ensino à Distância 67

f.

at 0,314
tgϕ = = = 0,318 ⇒ ϕ = arct (0,318) = 17,7°
a c 0,986

A seguir se apresenta uma actividade para cuja realizacão você vai


precisar de 90 minutos.
68 Lição nº 3

1. Qual é a velocidade de um automóvel se as suas rodas que têm 30 cm de


raio realizam 10 rotações por segundo? (R: 6.π m / s )

Actividade 6 2. Um automóvel faz uma curva de 100 m de raio à velocidade de módulo


constante 54 km/h. Calcule a Aceleração Centrípeta do veículo.
(R: 2,25 m/s2).

3. A roda de um veículo, cujo raio é de 40 cm, efectua 120 r.p.m. Calcule


as Velocidades Linear e Angular de um ponto da sua periferia.
(R: v = 1,6.π m / s, ω = 4.π rad / s )

4. Um ventilador gira com fraquência de f = 900 r.p.m. Ao ser desligado,


seu movimento passa a ser uniformemente retardado, parando após
efectuar 75 voltas. Qual é o intervalo de tempo decorrido entre o instante
em que o ventilador foi desligado e o instante no qual ele parou? (R: 10
s)

5. Um móvel percorre uma circunferência de raio igual a 20 m obedecendo


a equação s = 5 + 5.t + t 2 no S.I. Determine no instante t=3s:

a. A Aceleração Angular do móvel. (R: 0,1 rad/s2)

b. A Aceleração Normal do móvel. (R: 6,05 m/s2)

c. A Aceleração Total do móvel. (R: 6,37 m/s2)

6. roda, cujo raio é 30 cm, parte do repouso, aumentando uniformemente


sua velocidade angular na razão de 0,4.π rad / s em cada segundo. A
roda A transmite seu movimento à roda B por meio da correia C.
Obtenha a relação entre as velocidades angulares e os raios das duas
rodas. Calcule o tempo necessário para a roda B atingir uma Velocidade
Angular de 300 r.p.m.

Fig.7.6
Ensino à Distância 69

7. Determine o raio de um volante sabendo que a Velocidade Linear dos


pontos situados na periferia é 2,5 vezes maior que a Velocidade
Linear dos pontos que se encontram 5 cm mais próximos do eixo do
volante. (R: ≈ 8,3 cm)

8. Um móvel percorre uma pista circular de raio R, com Velocidade


Linear constante igual a 12 cm/s. Sabe-se que aumentando o raio
da pista de 8 cm, a aceleração do móvel diminui de 3 cm/s2.
Determine o Raio da Trajectória. (R: 16 cm)
70 Lição nº 4

Lição nº 4

Energia Cinética de Rotação e


Momento de Inércia

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Aqui você vai descobrir o
significado físico de uma nova grandeza que não lhe-é familiar mas que
desempenha uma função semelhante à da Massa no Movimento
Translacional. Ela chama-se Momento de Inércia e tal como a massa de
um corpo é uma grandeza escalar.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir a Energia Cinética de Rotação de um corpo rígido em rotação

ƒ Definir Momento de Inércia de uma partícula

Objectivos ƒ Definir Momento de Inércia de um corpo.

ƒ Interpretar fisicamente a grandeza Momento de Inércia

ƒ Calcular Momento de Inércia de corpos simples

ƒ Explicar fenómenos do dia-a-dia onde Momento de Inércia do corpo


seja um dos factores determinantes.

ƒ Enunciar e interpretar o Teorema de Steiner.

Você vai precisar de 3 horas lectivas para completar esta lição

Energia Cinética e Momento de Inércia

Consideremos um corpo rígido em rotação, em torno dum eixo fixo oz,


com uma velocidade angular ω. Vamos assumir o corpo rígido como uma
colecção de pontos materiais. Cada partícula do corpo tem uma Energia
Cinética que é determinada pela sua massa e pela sua Velocidade Linear.
Ensino à Distância 71

Seja mi e vi , tais grandezas relacionadas com a i-ésima partícula.

1 2
A sua Energia Cinética será dada por: E ci = .mi .vi
2

Será que todos os pontos dum corpo rígido em rotação têm mesma
Velocidade Linear?

Das relações entre Velocidade Linear e Angular você conclui que, apesar
de todos os pontos dum corpo rígido possuirem iguais Velocidades
Angulares, suas Velocidades Lineares dependem da distância a que estes
se encontram em relação ao eixo de rotação de acordo com a equação:
vi = ω.ri . (2.14)

A Energia Cinética total dum Corpo Rígido em rotação será a soma das
energias cinéticas das partículas que o constituem.

n
1 1 n 1⎛ n 2⎞
E cR = ∑ .mi .vi = .∑ mi .ri .ω 2 = ⎜ ∑ mi .ri ⎟.ω 2
2 2
(2.15)
i =1 2 2 i =1 2 ⎝ i =1 ⎠

A quantidade entre parenteses chama-se Momento de Inércia do corpo e


n

∑ m .r , [I ] = 1 kg.m 2 no S.I.
2
designa-se por I: I = i i (2.16)
i =1

2
Onde I i = mi .ri é o Momento de Inércia da i-ésima partícula.

Se o corpo for continuo, o somatório é substituído pela integral


correspondente, ou seja,
72 Lição nº 4

I = ∫ r 2 .dm (2.17)

Onde r é a distância entre o elemento de massa dm e o eixo de rotação.

Como tal, a Enrgia Cinética dum corpo em rotação será dada por:
1
E cR = .I .ω 2 (2.18)
2

Considerando ω como análogo de v para rotações conclui-se que o


Momento de Inércia desempenha papel análogo ao da massa.

O Momento de Inércia duma partícula ou de um sistema de partículas é a


medida da resistência que uma particula ou sistema de particulas oferece
às modificações do seu movimento de rotação. Ela depende da
distribuição da massa no interior do corpo.

Os Momentos de inercia relativos a eixos paralelos são relacionados por


uma fórmula muito simples que é conhecida como sendo Teorema de
Steiner cujo teor é :

O momento de inércia de um corpo qualquer em relação a em eixo é a


soma do momento de inercia em relação a um eixo paralelo que passa
pelo centro de massa do corpo com o produto de massa m do corpo pelo
quadrado da distancia r entre os dois eixos. I = Icm + m.r2 (2.19)

O momento de Inércia de um Corpo Rígido em relação a um eixo, para


rotações em torno desse eixo, tem, como o referimos, um papel análogo
ao da massa no Movimento Linear, isto é, representa a inércia de rotação.

Discuta, agora, através de dois exemplos como é feito o cálculo do


Momento de Inércia de corpos contínuos, homogêneos e com formas
geométricas bastante simples.
Ensino à Distância 73

1. Determinação do Momento de Inércia de um anel delgado.

Resolução:

Exemplo Comecemos por desenhar um anel circular delgado com um eixo


perpendicular ao seu plano e que passa pelo centro (veja a fig.2.18).

Fig.2.8 (anel delgado)

r
Para este caso r é o raio médio do anel para todos elementos de massa


dm. Assim o Momento de Inércia será : I = r 2 dm donde que I= m.r2

A massa total do anel é m.

2. Determinação do Momento de Inércia de um disco circular que roda


em torno de um eixo que coincide com o seu centro.

Resolução: Desenhemos um disco que está decomposto em anéis


circulares concêntricos delgados (veja a fig. 2.19). Considere ρ como
sendo o raio e dρ a largura infinitesimal. Note que ρ varia de 0 a R.
74 Lição nº 4

Fig. 2.9 (disco cirular)

Para o cálculo de I consideremos que a massa elementar dm de um dos


aneis está para a massa total M do disco assim como o volume do anel
está para o do disco. Assim teremos:

dm 2πρdρ 2
= = 2 ρ .dρ
M πR 2
R

Portanto esta equação ilustra a relação existente entre as massas e os


volumes dos aneis e do disco.

Assim para calcular o I só precisamos de substituir a relação anterior na


equação do I de um Corpo Rígido, ou seja,

2M ρ 4 2MR 4 1
R
2M
I = ∫ ρ 2 .dm = 2 ∫
ρ 3
dρ = 2
. = 2
= MR 2 .
R 0 R 4 4R 2

4. Considere um sistema composto de duas massas esféricas, com 5,0 kg


cada uma, ligadas por uma barra rígida, leve, de 1,0 m de
comprimento. Assuma as esferas como massas pontuais e despreze a
massa da barra em comparção com as massas das esferas. Determine
o Momento de Inércia do sistema:

a. Em relação um eixo perpendicular à barra e que passa pelo


centro.

b. Em relação a um eixo perpendicular a barra e que passa através


duma das esferas.
Ensino à Distância 75

c.

I C = ∑ mi .ri = m A .rA + m B .rB = 5,0.(0,5) + 5,0.(0,5) = 2,5 kg.m 2


2 2 2 2 2

I A= m A .r A + m B .rB = 5,0.(0 ) + 5,0.(1,0 ) kg.m 2 = 5,0 kg.m 2


2 2 2

d. 2 2 2
( )
I B = m A .r A + m B .rB = 5,0.(1,0 ) kg.m 2 + 5,0. 0 2 = 5,0 kg.m 2

Isto é, no modelo de alteres, o momento de inércia do sistema em


relação a um eixo que passa por uma das esferas é duas vezes o
momento de inércia do sistema em relação ao eixo que passa pelo
centro.

Sumário
A Energia Cinética de um corpo (sistema) pode ser expressa pela soma da
Energia Cinética do movimento do Centro de Massa com a energia
relativa ao centro de massa. No caso de um corpo rolante, a Energia
1
Cinética relativa é .I CM .ω 2 . Portanto, a Energia cinética de um
2
corpo rolante é:

1 1
EC = I CM .ω 2 + M .v 2 CM (2.20)
2 2

Os Momentos de Inércia relativos a eixos paralelos são relacionados por


uma fórmula muito simples que é conhecida como sendo Teorema de
Steiner cuja fórmula é : I = Icm + m.r2
76 Lição nº 4

Exercícios
A seguir se apresenta uma actividade para cuja ralizacão você deve precisar de 10 minutos.

Leia sobre os conteúdos Energia cinética de Rotação e Momento de Inércia . Faça seguidamente
um pequeno resumo sobre o tema.

1. Enuncie o Teorema de Steiner !


Actividade 7
Comentário: Lembre-se de que o Teorema de Steiner estabelece a relação entre o I em relação a
um eixo que passa pelo centro de massa e aquele calculado em relação a um eixo paralelo ao que
passa pelo centro de massa.

2. Aplique o Teorema de Steiner para demonstrar que o Momento de Inércia:

1
a) De uma barra delgada é igual a I = M .l 2
3
1
Comentário: Lembre-se de que para uma barra delgada o I CM = M .l 2
12
3
b) De um cilindro em torno de uma geratriz é igual a I = M .R 2
2
M .R 2
Comentário: 1º saiba o que é giratriz dum cilindro e lembre de que o I = em relação ao
2
eixo do cilindro.

3. Demonstre que o Momento de Inércia de uma esfera em torno de um diametro é igual a


2
I= M .r 2 (Tarefa opcional)
5

4. Demonstre o Teorema de Steiner : I = ICM + M.r2

Comentário: Considere um objecto que gira no plano xy, em torno do eixo oz e que as
coordenadas do centro de massa são xCM e y CM . e assuma que um elemento de massa dm tem

coordenadas x, y. Como este elemento está a uma distância r = x 2 + y 2 do eixo oz, o

Momento de Inércia em relação a esse eixo é ( )


I = ∫ r 2 .dm = ∫ x 2 + y 2 .dm . Relaciona as
coordenadas x, y de dm com as coordenadas deste mesmo elemento medidas em relação ao eixo
que passa pelo Centro de Massa. Substituindo no integral e procedendo à análise em relação à
definição das fórmulas do Centro d de Massa, você chega à conclusão.
Ensino à Distância 77

Leitura Complementar:
ƒ ALONSO, M., FINN, E.J. Física. Addison Wesley. Espanha. 1999
ƒ ÍNDIAS, M. A.C. Curso de Física. MacGraw Hill. Portugal KELLER, F.J;
Leitura GETTYS, W. E.; SKOVE, M.J. Física Volume-1. Brasil. 1999.
ƒ RESNICK, R. ; HALLIDAY, D. Física-1. R.J. Brasil. 1983.
ƒ TRIPLER, P. Mecânica, Oscilações e Ondas, termodinâmica. Livros Técnicos
e Científicos (4ª edição). Volume-1. 1999.
78 Unidade 3

Unidade 3

Dinâmica do Corpo Rígido

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta unidade. Quando você discutiu a
dinâmica de um ponto material, relacionou o Movimento do Ponto
Material com as causas físicas desse movimento. Analogamente, nesta
unidade, espera-se que você concentre o seu esforço na relação entre o
Movimento de Rotação dum corpo e suas causas ou melhor vai
estabelecer a relação entre a aceleração angular e a sua causa.

Ao terminar esta unidade, você será capaz de:

ƒ Definir o Torque de uma força.

ƒ Interpretar a relação entre Torque e Aceleração Angular


Objectivos
ƒ Discutir as condições de validade da Lei de Conservação do
Momento Angular.

ƒ Definir a grandeza Momento Angular de um sistema de particulas.

ƒ Aplicar a Lei de Conservação do Momento Angular na práctica..

ƒ Definir o Trabalho no Movimento Rotacional

ƒ Definir Potência no Movimento Rotacional.

ƒ Formular o Teorema de Trabalho e Energia Cinética no Movimento


Rotacional

ƒ Formular e interpretar a relação fundamental da dinâmica de rotação

ƒ Resolver problemas da dinâmica de rotação recorrendo a princípios


fundamentais para a rotação.
Ensino à Distância 79

Torque, Momento angular, Força, Aceleração angular

Terminologia

Você vai precisar de 13 horas lectivas para completar esta unidade


Ensino à Distância 81

Lição nº 1

Momento de uma Força ou Torque

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Para você melhor entender o que
é o Momento de uma Força ou Torque de uma Força considere o exemplo
de uma porta que se pretende fechar ou abrir. A prática mostra-nos que é
impossivel rodarmos uma porta quando aplicamos uma força que é
r
paralela ao vector posição r de um ponto relativamente ao eixo de
rotação.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir o conceito “Torque”

ƒ Caracterizar Torque duma Força

Objectivos ƒ Resolver problemas onde a grandeza Torque esteja envolvida

ƒ Identificar fenómenos do dia-a-dia nos quais o Torque esteja


envolvido

ƒ Formular a Lei Fundamental da Dinâmica do Corpo Rígido

ƒ Interpretar a relação fundamental da dinâmica de rotação

Você vai precisar de 5 horas lectivas para completar esta lição.

Momento de uma Força ou Torque:

O Momento da força exercida pela mão é uma grandeza fisica vectorial.


Ele obtém-se através da equação abaixo e é conhecido por Torque.

r r r
τ = r×F (3.1)

Torque de uma força, em relação a um ponto ou eixo, é uma grandeza


vectorial que é a medida da tendência que uma força tem de produzir
rotação de um objecto em torno dum ponto ou eixo.
82 Lição nº 1

Note que as propriedades do produto vectorial levam a que seja nulo o


torque de uma força aplicada paralelamente ao plano da porta. A fig 3.1
r
mostra o ponto material localizado pelo vector r , sob acção de uma força
r
F.

Fig. 3.1 ( ponto material sob accão de F)

O Torque de uma Força é pois um vector perpendicular ao plano formado


r r
pelos vectores r e F cujo módulo é igual a τ = r.F .senθ .

r r
Note que θ é o angulo formado pelos vectores r e F

Relação entre Torque e Aceleração Angular:

Considere uma partícula de massa m que se desloca ao longo de uma


r
circunferência de raio r, sob a influência de uma força F que possui uma
componente tangencial e outra normal ou radial.

Fig.3.2
Ensino à Distância 83

A componente normal da força é responsável pela variação da direcção


do vector velocidade e, portanto, faz com que a partícula descreva a
r v2
trajectória circular. Fn = m.
r

A componente tangencial da força é responsável pela aceleração


tangencial e, portanto, faz com que haja variação do módulo do vector
r r r r
velocidade: F = m.at ⇒ Ft = m. at

O Torque em relação ao centro da circunferência devido à força


r r r r
tangencial é dado por: τ = r × Ft ⇒ τ = r.Ft .sen90° = r.Ft = (m.at ).r

(3.2)

Como a aceleração tangencial está relacionada à aceleração angular


através da expressão at = r.α , o módulo do Torque será dado por:

τ = (m.r.α ).r = (m.r 2 ).α , onde a expressão m.r 2 = I , é o Momento de


Inércia da partícula em relação a um eixo que passa pelo centro da sua
trajectória. Por isso:

r r
τ = I .α (3.3)

ƒ Esta equação relaciona a causa e o efeito onde o Torque é a causa


da Aceleração Angular.

ƒ A Aceleração Angular que uma partícula adquire sob a acção de


um Torque agindo sobre ele é directamente proporcional ao
módulo do Torque e tem a direcção e sentido deste.

Como você pode expandir esse conhecimento para incluir sistemas


mecânicos como o corpo rígido?

Mais uma vez vamos considerar o Corpo Rígido como um agregado dum
número infinito de massas elementares dm.

r
Y dFt Fig.3.3

dm

0 x
84 Lição nº 1

r r
Sabe-se, da 2ª Lei de Newton que dFt = dm.at . O Torque sobre a massa
dm, associado à força elementar será:

r r r
dτ = r × dFt ⇒ dτ = r.dFt = (r.dm).at = (r.dm ).r.α ⇔ dτ = (r 2 .dm).α
No entanto, é preciso saber que apesar de cada massa elementar possuir
uma aceleração diferente, dependendo da sua localização em relação ao
eixo de rotação, todos os pontos do corpo rígido em rotação têm a mesma
aceleração angular e, portanto a expressão obtida acima pode ser
integrada por todas as massas elementares para obter o Torque resultante
agindo sobre o corpo rígido.

∑τ = ∫ (r 2
)
.dm .α = α .∫ r 2 .dm = α .I (3.4)

r r
τ ext = I .α (3.5)

A equação acima é a relação fundamental da Dinâmica de Rotação do


Corpo Rígido.

1. Um disco de raio R, massa M e momento de inérica I está montada


num eixo horizontal sem atrito. Uma corda leve, enrolada na gola do
disco, suporta um bloco de massa m. Calcule a Aceleração Angular
Exemplo do disco, a Aceleração Linear do bloco e a Força Tensora na corda.

Resolução:
r
I, M e R N

r
T
r r
T Fg1

m m
r
Fig.3.4 Fg

r r r R.T
Massa M: ∑τ = I .α = R × T ⇒ I .α = R.T ⇒ α =
I
(1)
Ensino à Distância 85

r r
Massa m: ∑ F = m.a ⇒ ∑ F y = m.a y ⇔ Fg − T = m.a

m.g − T T
m.g − T = m.a ⇒ a = =g− (2)
m m

Como o disco e o bloco estão ligados por uma corda que não desliza, a
Aceleração Linear do bloco é igual à Aceleração Tangencial dos pontos
periféricos do disco e, portanto estabelece-se a seguinte relação:

R 2 .T m.g − T
a = R.α ⇔ = ⇒ m.R 2 .T = m.g .I − T .I
I m
( )
m.R 2T + T .I = m.g .I ⇒ T . m.R 2 + I = m.g .I ⇒ T =
m.g .I
m.R 2 + I
m.g
T=
m.R 2
+1
I

2. Um disco com 30 cm de raio e Momento de Inércia igual a 2,0 kg.m2


gira em torno de um eixo vertical que passa pelo seu centro, com
Velocidade Angular constante de valor igual a 10 rad/s. Num dado
instante aplica-se-lhe, durante 20 s, um par de forças tangentes ao
disco, de intensidades iguais a 10 N que constituem um binário.
Calcule o valor da Velocidade Angular do disco ao fim daquele
intervalo de tempo.

Resolução:

r
F Fig.3.5
r r
τ ⊗ ⊗τ

r
F

Da análise da situação, os Torques devidos às duas forças são iguais.

Portanto, da equação fundamental da dinâmica do Corpo Rígido temos:


r r r r r
∑τ = I .α , mas τ = r × F como os dois vectores são perpendiculares
86 Lição nº 1

r r
τ ⊥r, então
r
τ = r.F .sen90° = r.F ⇒ ∑τ = 2.τ = 2.0,3 m.10 N = 6 Nm

E, portanto,
∑τ 6,0 ⎡ Nm J 1⎤ rad
∑τ = I .α ⇒ α = I
= ⎢
2,0 ⎣ kg.m 2
=
kg.m 2
= 2 ⎥ ⇒ α = 3,0 2
s ⎦ s

A Velocidade Angular será dada por:

rad
ω z = ω 0 z + α z .t = 10 + 3.20[rad / s ] ⇒ ω z = 70
s

3. Em uma máquina de Atwood um dos blocos tem massa de m1= 500 g


e o outro, m2 = 460 g. A roldana, montada em um eixo horizontal sem
atrito, tem raio de 5,0 cm. Quando abandonamos o bloco mais pesado,
a partir do repouso, observamos que ele cai 75 cm em 5,0 s. Qual é o
Momento de Inércia da roldana?

r
Fig.3.6 N
r r
τ1 • τ2 ⊗
r r
T1 T2
r r r
T1 Fg T2

m1 m2
r r
Fg1 Fg 2

Equações de Movimento:

r r r ⎧
⎧ Fg1 + T1 = m1 .a ⎧ Fg1 − T1 = m1 .a ⎪ Fg − T1 = m1 .a
⎪⎪ r r r ⎪ ⎪⎪ 1
⎨T2 + Fg 2 = m2 .a ⇒ ⎨T2 − Fg 2 = m2 .a ⇒ ⎨T2 − Fg 2 = m2 .a
⎪ r r ⎪ ⎪
⎪⎩∑τ = I .α ⎩ R.T1 − R.T2 = I .α ⎪ R.(T1 − T2 ) = I . a
⎩⎪ R
Ensino à Distância 87


⎧ 1
T = m1 .( g − a ) ⎪−
⎪ ⎪
⎨T2 = m2 .(g + a ) ⇒ ⎨−
⎪− ⎪ a
⎩ ⎪m1 .g − m1 .a − m2 .( g + a ) = I . 2
⎩ R

a
(m1 − m2 ).g − (m1 + m2 ).a = I . (m − m2 ).g − (m1 + m2 ).a
⇒I = 1
R 2
a
R2
(m − m2 ).g.R 2 (m1 + m2 ).a 2 (m1 − m2 ).g.R 2 (
I= 1 − .R = − m1 + m2 ).R 2
a a a
1 2 2.h 2.0,75 m m
Sabe − se que h = .a.t ⇒ a = 2 = 2
= 0,06 2
2 t 25 s s
I=
0,5 − 0,46
0,06
[ ] [
.10.(0,05) − 0,96.(0,05) kg.m 2 = 0,017 − 0,0024 kg.m 2
2 2
]
I = 0,014 kg.m 2 ⇔ I = 1,4.10−2 kg.m 2
88 Lição nº 2

Lição nº 2

Trabalho, Potência e Energia do


Movimento Rotacional

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Nela você vai discutir a relação
entre Torque e o Movimento Rotacional por este provocado de modo que
se encontrem relações para a potência e teorema de trabalho-energia para
o Movimento de Rotação.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir Potência no Movimento Rotacional

ƒ Explicar a analogia entre Potência no Movimento de Rotação e


Objectivos Potência na Translação

ƒ Deduzir o Teorema de Trablho-energia

ƒ Interpretar o Teorema de Trabalho-energia

ƒ Resolver problemas onde as grandezas Potência e Energia estejam


envolvidas

Você vai precisar de 4 horas lectivas para completar esta lição

Considere o Corpo Rígido capaz de girar em torno do ponto O:

r
y F φ Fig.3.7
r
dϕ ds

0 x
Ensino à Distância 89

r
Suponha que uma força externa F , contida no plano dessa página, é
aplicada sobre o Corpo Rígido mostrado na figura acima.

Como você calcularia o trabalho realizado pela força aplicada durante o


deslocamento infinitesimal efectuado pelo corpo no intervalo de tempo
infinitesimal dt?

Se você se recorda, nós definimos trabalho como sendo dado pelo


produto escalar entre o vector força e o vector deslocamento, por isso:

r r
δW = F .ds = F .ds. cos(90° − φ ) = ( F .senφ ).ds = (F .senφ ).r.dϕ

Como já foi dito, ( F .senφ ).r = τ é o módulo do Torque da força


aplicada em relação ao ponto O. Portanto, o trabalho elementar para uma
rotação infinitesimal dϕ será:

δW = τ .dϕ (3.6)

O trabalho para um Deslocamento Angular Finito será obtido por


ϕ
integração: W = ∫ τ .dϕ
ϕo

(3.7)

A taxa com que o trabalho é realizado pela força aplicada à medida que o
corpo gira em torno do eixo fixo é dada por:

δW dϕ
= τ. = τ .ω (3.8)
dt dt

e cahama-se Potência. Esta grandeza caracteriza a rapidez com que se


r r
realiza o trabalho. Portanto, N = (τ , ω ) (3.9)

Quando discutimos o Movimento Linear, falamos do conceito de energia


e, em particular o Teorema de Trabalho-energia que é extremamente útil
na descrição do movimento de sistemas. O conceito de energia, também é
útil na descrição do Movimento de Rotação.

Será que é possível formular o Teorema de Trabalho-energia na rotação?


90 Lição nº 2

Sabemos que para um corpo rígido em rotação em torno dum eixo fixo, o
r r
movimento é descrito pela equação ∑τ = I .α . Mas se aplicarmos os
conhecimentos até aqui discutidos teremos:

dω dω dϕ dω
∑τ = I .α = I . dt = I. .
dϕ dt
= I .ω.

⇒ ∑τ .dϕ = I .ω.dω

Integrando essa expressão, obtém-se o trabalho total realizado pela


resultante das forças externas agindo sobre o sistema em rotação:

ϕ ω
1 1
∑W = ∫ τ .dϕ = ∫ I .ω.dω = 2 .I .ω 2 − 2 .I .ωo 2 ⇔ ∑W = ΔEcR
ϕo ωo

(3.10)

O Trabalho total realizado pelas forças externas sobre um Corpo Rígido


simétrico em rotação em torno dum eixo fixo é igual à variação da
Energia Cinética do objecto.

1. Considere um disco que, partindo do repouso, adquire uma aceleração


rad
angular constante de α = 14,3 . Calcule o trabalho realizado pelo
s2
Exemplo Torque resultante de 0,72 Nm, aplicado sobre o disco, em 2,0 s.
Calcule também a variação da energia cinética de rotação do disco.

Resolução:

Sabe-se que W = τ .(ϕ 2 − ϕ1 ) . Para o movimento com aceleração


constante, temos:
1 1 1
ϕ 2 − ϕ1 = ω o .t + .α .t 2 = .α .t 2 = .14,3.2 2 = 28,6 rad , pois
2 2 2
ωo = 0

Portanto W = 0,72.28,6 [N .m.rad = J ] = 20,6 J

Pelo Teorema de Trabalho e Energia Cinética, temos:

W = ΔEC = 20,6 J
Ensino à Distância 91

A seguir apresenta-se uma actividade para a qual você vai precisar


de 5 minutos..

Calcule a Variação da Energia Cinética, no exemplo anterior, usando a


1 1
.I .ω 2 − .I .ω o .
2
definição da mesma, isto é, ΔE c =
2 2
Actividade 8
Comentário:

Da condição do exemplo, a Velocidade Angular inicial é nula. Para


resolver o problema você precisa de calcular a velocidade adquirida pelo
disco ao fim de 2,0 s, sabendo que a Aceleração é constante e igual a 14,3
rad/s2.

(R: 20, 6 J)
92 Lição nº 3

Lição nº 3

Movimento Angular e sua


Conservação

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Aqui pretende-se que você se
debruce sobre o momento angular. Esta grandeza ajuda-nos em várias
situações durante a análise do movimento de objectos em rotação.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir Momento Angular de uma partícula

ƒ Definir Momento Angular dum sistema de partículas


Objectivos
ƒ Estabelecer a relação entre Torque e Momento Angular

ƒ Formular a Lei de Conservação do Momento Angular

ƒ Discutir as condições de validade da Lei de Conservação do Momento


Angular

ƒ Resolver problemas e explicar situações físicas onde esta grandeza ou


sua conservação seja um factor determinante.

Você vai precisar de 4 horas lectivas para completar esta lição.

Conceito de Momento Angular:

O Momento Angular de uma particula de massa m localizada pelo vector


r r
r que possui como Momento Linear o vector P é definido :

r r r
L = r×P (3.11)
Ensino à Distância 93

r
r é o vector com origem no ponto P e extremidade na origem do vector
r
Momento Linear P ( veja a fig. 3.8)

Fig. 3.8 ( Momento Angular )

Derivando a equação (3.11) com respeito ao tempo, obtém-se:

r r r
( =r×
r
) r
dL d r × P r dP dr r
= + ×P (3.12)
dt dt dt dt

r
dr r r r r r
Mas sabe se que × P = v × P ⇔ m.v × v = 0 (3.13)
dt

Assim a equação (2-13) reduz-se a :

r r r
dL r dP r dL
=r× . Isto é τ = (3.14)
dt dt dt

A equação (3.14) representa a relação fundamental para a rotação de uma


particula em torno de um ponto O.

O Torque de uma força aplicada a uma partícula, em relação a um ponto


ou eixo, é a causa da variação do Momento Angular da partícula em
relação ao ponto ou eixo considerado.

Assim podemos formar a seguinte relação com o Movimento


Translacional:
94 Lição nº 3

Movimento Rotacional Equivalencia Movimento


Translacional

r r r r
L = r × P (Momento ↔ P ( Momento Linear)
Angular)

r r r ↔
r
τ = r × F ( Torque de uma F ( Força)
Força

r r
r dL ↔ r dP
τ = Lei Fundamenta F=
dt dt
para a Rotação

Tabela.1

A relação (3-14) pode ser generalizada para um sistema de particulas.


Assim, ter-se-á:

r
n
r n
dLi d ⎛ n ⎞ dL n r

i =1
τ =∑
i =1 dt
= ⎜ ∑ Li ⎟ =
dt ⎝ i =1 ⎠ dt
onde ∑L
i =1
i = L (3.15)

A derivada com respeito ao tempo do Momento Angular total dum


sistema em relação a origem dum sistema de referência inercial é igual a
resultante de todos os Torques externos agindo sobre o sistema tomados
em relação à origem do sistema de referência inercial.

Nessa relação fundamental, você pode concluir que a única causa capaz
de provocar a Variação do Momento Angular Total do sistema, com o
correr do tempo, é a resultante dos Torques externos.

Momento Angular dum Objecto em Rotação:

Considere um Corpo Rígido em rotação em torno dum eixo fixo que


coincide com o eixo oz dum sistema de coordenadas.
Ensino à Distância 95

Fig.3.9

Cada partícula do sistema gira no plano xy, em torno do eixo oz, com
uma Velocidade Angular ω . O módulo do Momento Angular da
partícula de massa mi em relação à origem O é: Li = mi .vi .ri e, como

vi = ω.ri temos para o Momento Angular Li = mi .ri .ω .


2

r r r
Qual será a orientação do vector Li = ri × pi ? Você se recorda das
características do produto vectorial?

r r
Naturalmente que você, após a sua análise, conclui que tanto Li como ω
estão orientados ao longo do eixo de rotação oz.

O Momento Angular Total do objecto será obtido somando os Momentos


Angulares de todas as partículas do corpo considerado:

n n
⎛ n ⎞
L z = ∑ Li = ∑ mi .ri 2 .ω = ⎜ ∑ mi .ri 2 ⎟.ω ⇔ Lz = I .ω (3.16)
i =1 i =1 ⎝ i =1 ⎠

r r
Então, L = I .ω (3.17)

A relação fundamental da dinâmica de rotação será dada da seguinte


forma:

r r r
n
r dL d (I .ω ) dω r

i =1
τ =
dt
=
dt
= I .
dt
= I .α (3.18)
96 Lição nº 3

Esta relação é válida para um Corpo Rígido onde se considera que o


Momento de Inércia em relação ao Eixo de Rotação considerado é
constante.

A resultante de todos os Torques Externos agindo sobre um Corpo Rígido


em rotação em torno dum eixo fixo é igual ao produto do Momento de
Inércia em relação ao Eixo de Rotação e a Aceleração Angular do objecto
em relação ao mesmo eixo.

1. A esfera de massa m1 e o bloco de massa m2 estão ligados por um fio


leve que passa pela gola duma roldana. O raio da roldana é R, e o seu
Momento de Inércia em relação ao seu eixo é I. O bloco desliza por
Exemplo uma superfície horizontal sem atrito. Determine a Aceleração Linear
dos dois objectos, usando o conceito de Momento Angular e Torque.

Fig.3.10
r
v m2

R
r
v

m1

Nós precisamos de determinar o Momento Angular do sistema que


consiste de uma esfera, um bloco e uma roldana. Vamos calcular o
Momento Angular em relação ao eixo a um eixo que coincide com o eixo
de rotação da roldana.

No instante em que a esfera e o bloco têm a mesma velocidade v, o


Momento Angular da esfera é dado por m1 .v.R , e o do bloco é dado por

m2 .v.R . Nesse mesmo instante, o Momento Angular da roldana será


v
dado por I .ω = I . .
R

O Momento Angular total do sistema será a soma dos Momentos


Angulares:

v
L = m1 .v.R + m2 .v.R + I .
R
Ensino à Distância 97

Agora, avaliemos a resultante dos Torques Externos que age sobre o


sistema em relação ao eixo de rotação.

A força exercida pelo eixo sobre a roldana não produz rotação. O Torque
em relação ao eixo é nulo, pois o seu braço é nulo. A reação normal sobre
o bloco é compensada pela força de gravidade, por isso essas forças não
contribuem para o Torque. A única força que produz um Torque não nulo
em relação ao eixo da roldana é a força de gravidade que age sobre a
r
esfera Fg1 = m1 .g , o qual será dado por τ = m1 .g .R = ∑τ ext

⎡ v⎤
d ⎢(m1 + m2 ).v.R + I . ⎥
dL R⎦
∑τ = dt ⇔ m1 .g.R = ⎣ dt
dv I dv
m1 .g .R = (m1 + m2 ).R. + .
dt R dt

dv m1 .g
Como =a⇒a= .
dt
(m1 + m2 ) + I2
R

Conservação do Momento Angular Total do Sistema:

A equação fundamental da dinâmica de rotação dita que:


n
r
r ext dL
∑τ
i =1
ii =
dt
(3.19)

E interpretamos como sendo um reconhecimento de que a única causa


para a varriação do Momento Angular total dum sistema físico é a
resultante dos Torques Externos. Ora, o que vai acontecer se a resultante
dos Torques for nula?

r
n
r dL r

i =1
τi = 0 ⇒
dt
= 0 ⇒ L = cons tan te (3.20)

Se a resultante dos Torques Externos for nula, então o Momento Angular


total do sistema é constante tanto em módulo como em sentido.
98 Lição nº 3

Se a distribuição da massa pode ser alterada de certa forma, então


Momento de Inércia do corpo também se altera. Nesse caso a Velocidade
Angular deve variar pois L = I .ω .

n
r r
Se ∑τ
i =1
= 0 ⇒ Li = L f = cons tan te ⇔ I o .ω o = I .ω = cons tan te
(3.21)

Isto significa se o Momento de Inércia diminui, a Velocidade Angular


deverá aumentar na mesma proporção. Esse facto é muito usado pelos
praticantes da ginástica artística, mergulhadores e acrobatas (Dê alguns
exemplos).

A resultante dos Torques Externos agindo sobre um objecto, em relação a


um eixo que passa pelo seu centro de massa é igual à Taxa de Variação
com o tempo do Momento Angular do sistema, independentemente do
movimento do centro de massa.

1. Uma plataforma horizontal na forma de um disco circular, gira no


plano horizontal em torno dum eixo vertical. A plataforma tem uma
massa M = 100 kg e o seu raio R = 2,0 m . Um estudante, cuja
Exemplo massa m = 60 kg , caminha lentamente a partir da periferia do disco
em direcção ao seu centro. Se a Velocidade Angular do disco
ω o = 2,0 rad / s quando o estudante está na periferia, qual será a
Velocidade Angular quando o estudante tiver alcançado um ponto
que está r = 0,50 m do centro?

Fig.3.11
Ensino à Distância 99

Considerando o estudante como um ponto material, o Momento de


Inércia do sistema no instante inicial será:

1
I o = .M .R 2 + m.R 2 , quando o estudante tiver alcançado um ponto que
2
está à distância r = 0,50 m do centro, o Momento de Inércia do sistema

1
será dado por: I f = .M .R 2 + m.r 2 . Como a resultante dos Torques
2
externos sobre o sistema é nula, é válido o princípio de conservação do
Momento Angular:

⎛1 ⎞
⎜ .M .R + m.R
2 2
Io ⎟
I o .ω o = I f .ω f ⇒ ω f = .ω o = ⎜ 2 ⎟.ω o
If ⎜ 1 .M .R 2 + m.r 2 ⎟
⎜ ⎟
⎝2 ⎠
⎛ 200 + 240 ⎞
ωf = ⎜ ⎟.2,0 rad / s = 4,1 rad / s
⎝ 200 + 15 ⎠

1. Determine a Energia Cinética inicial e final para o sistema descrito no


problema 1. (R: E ci = 880 J , E c f = 1,8.10 3 J )

Reserve 1 hora lectiva para completer esta actividade

1. O aquecimento global é um fenómeno actual. É provável que alguma


parte do gelo existente nos pólos se funda e a água será distribuida
próximo do equador. Como é que esse facto alteraria o Momento de
Actividade 9 Inércia da Terra? Será que a duração do dia (uma revolução)
aumentaria ou diminuiria?

Comentário:

Pense na forma da Terra, em particular compare os raios polar e


equatorial para concluir se a água redistribuida se afasta ou se aproxima
do eixo de rotação. Com base nisso tire conclusões sobre o Momento de
Inércia.

Depois analise se há Torques Externos agindo sobre a Terra para ver se


pode ou não utilizar a Lei de Conservação do Momento Angular. Dado
100 Lição nº 3

que o Momento de Inéria da Terra varia com a redistribuição da água,


poderá ver como a Velocidade Angular será afectada e isto tem
implicações no período de rotação.

2. Um cilíndro de massa igual a 10,0 kg rola sem deslizar num plano


horizontal. No instante em que o seu centro de massa tem a
velocidade de 10,0 m/s, determine:

a. A Energia Cinética de Translação do Sistema.

b. A Energia Cinética de Rotação do Sistema em torno do seu


Centro de Massa.

c. A Energia Total.

Comentário:

1 2
a. Use a formula E c = .m.vCM = 500 J
2

b. Use a fórmula para

2
1 1 1 ⎛v ⎞ 1
.I .ω 2 = . .m..r 2 .⎜ CM ⎟ = .m.vCM = 250 j
2
E cR =
2 2 2 ⎝ r ⎠ 4

d. A Energia Total é a soma da Energia de Transalação do Centro


de Massa com a de rotação em relação ao Centro de Massa:

1 1
ETotal = .m.vCM + .I .ω 2 = 750 J
2

2 2

3. O vector-posição duma partícula de massa igual a 2,00 kg é dado por


r r
r = (6,00.i + 5,00.t. j ) m . Determine o Momento Angular da
r

partícula em relação a origem do sistema de referência como função


do tempo.

Comentário:

Tenha em conta a definição do Momento Angular:

r r r r r r
r r r r dr
L = r × p = r × m.v = m.(r × v ) , onde v = = 5,00. j
dt
r
[( ]
r r r r
)
L = m. 6,00.i + 5,00.t. j × 5,00. j = 60,0.k (kg.m 2 / s )
Ensino à Distância 101

4. O Momento Angular de um volante, cuja a Inércia Rotacional é igual


a 0,125 kg.m2, decresce de 3,0 até 2,0 kg.m2/s em um período de 1,5s.

a. Qual é o Torque Médio que actua sobre o volante durante este


período?

b. Supondo uma Aceleração Angular Uniforme, quantas rotações o


volante efectua?

c. Qual é o trabalho realizado?

d. Qual é a potência média fornecida pelo volante?

Comentário:

ΔL 2,0 − 3,0 ⎡ kg.m 2 ⎤ − 1,0


a. τ = = ⎢ 2 = N .m⎥ = .N .m = −0,67 N .m
Δt 1,5 ⎣ s ⎦ 1,5

b.
ω z 2 = ω oz 2 + 2.α z .Δϕ ⇔ ω z 2 = ω oz 2 + 2.α z .2.π .n
2 2
⎛ Lf ⎞ ⎛ L0 ⎞
⎜⎜ ⎟⎟ − ⎜ ⎟ 2 2 2 2

n=
ω z 2 − ω oz 2
=⎝
I ⎠ ⎝ I ⎠ = L f − Lo = L f − Lo
4.π .α z 4.π .α z 4.π .I 2 .α z ⎛τ ⎞
4.π .I 2 .⎜ z ⎟
⎝ I ⎠
2 2
L f − Lo 4,0 − 9,0 ⎡ kg 2 .m 4 kg 2 .m 4 .s 2 ⎤
n= = ⎢ = ⎥
4.π .I .τ z 4.3,14.0,125.(−,67 ) ⎣ s 2 .kg.m 2 .N .m s 2 .kg 2 .m 4 ⎦
− 5,0
n= ≈ 5 rotac~oes
− 1,05

2 2
1 1 1 L f − L0 4,0 − 9,0 5,0
W = ΔE c = .I .ω 2f − .I .ω 02 = . = =−
2 2 2 I 0,25 0,25
c.
⎡ kg 2 .m 4 kg.m 2 ⎤
W = −20 ⎢ 2 2
= 2
= J ⎥ ⇒ W = −20 J
⎣ s .kg.m s ⎦

W
d. N = =13,3 W
Δt

4. Um estudante está sentado num banco que pode girar livremente. Ele
está segurando em cada uma das suas mãos um peso cuja massa vale
3,00 kg. Quando ele abre os braços, extendendo-os horizontalmente,
102 Lição nº 3

os pesos ficam a 1,00 m do eixo de rotação e o sistema gira com uma


velocidade angular de 0,750 rad / s . O Momento de Inércia do
conjunto (estudante+banco) vale 3,00 kg.m2 e é suposto constante.
Ele puxa os pesos horizontalmente para pontos à distância de 0,300 m
do eixo de rotação. Determine:

a. A nova Velocidade Angular do sistema. (R: 1,91 rad / s )

b. A Energia Cinética do sistema antes e depois dele puxar os


pesos para junto do Eixo de Rotação. (R: 2,53 J; 6,44 J)

Sumário
Se a particular ou o objecto gira em torno de um eixo fixo a uma
aceleração angular constante, podem-se aplicar as equações cinemáticas
que são análogas as já estudadas na Cinemática de Translação:

ω f = ω oz + α z .t
z

1
ϕ f = ϕ o + ω oz .t + .α z .t 2
2
ωf z
2
= ωo z
2
+ 2.α z .Δϕ

Uma técnica útil na resolução de problemas lidando com o Movimento de


Rotação é visualização duma versão linear do mesmo problema.

Quando um Corpo Rígido gira em torno dum eixo fixo, a Posição


Angular, a Velocidade Angular e a Aceleração Angular estão
relacionados com a Posição Linear, a Velocidade Linear e a Aceleração
Linear através das relações:

s = r.ϕ
v = r.ω
a t = r.α z

O Momento de Inércia dum sistema de partículas é dado por:

n
I = ∑ mi .ri
2

i =1
Ensino à Distância 103

Se um Corpo Rígido gira em torno de um eixo fixo com uma velocidade


angular ω , a sua Energia Cinética de Rotação vale:

1
E cR = .I .ω 2
2

Onde I é o Momento de Inércia calculado em relação ao Eixo de Rotação.

O Momento de Inércia de um corpo rígido é dado por I = r 2 .dm onde ∫


r é a distância entre o Elemento de Massa dm e o Eixo de Rotação.

O Torque associado a uma força que age sobre um objecto é uma


grandeza vectorial dada por:

r r r
τ = r×F
Se um Corpo Rígido, que é livre de girar em torno dum eixo fixo, está
r
sujeito a Torques Externos cuja resultante é ∑
τ , o objecto adquire uma
r r r
Aceleração Angular α tal que: ∑τ = I .α

A taxa com que o trabalho é realizado pela força externa ao girar um


r r
corpo rígido em torno dum eixo fixo ou a potência fornecida é N = τ .ω

O trabalho total realizado pela resultante das forças externas que agem
sobre um corpo rígido em rotação em torno dum eixo fixo é igual a
variação da energia cinética do objecto:

1 1
∑W = 2.I .ω 2
f − .I .ω o2 = ΔE cR
2
r r
O Momento Angular duma partícula cujo Momento Linear é p = m.v é
r r r
dado por: L = r × p
r
Onde r é o vector-posição da partícula em relação à origem do SRI.

A resultante dos Torques Externos agindo sobre uma partícula ou sobre


um Corpo Rígido em rotação é igual à derivada temporal do Momento
Angular da partícula ou do Corpo rígido:

r
rdL
∑τ = dt
104 Lição nº 3

O Momento Angular dum Corpo Rígido que gira em torno dum eixo fixo
r r
é dado por: L = I .ω

A resultante dos Torques Externos agindo sobre um corpo que gira em


torno dum eixo fixo é igual ao produto do Momento de Inércia, calculado
em relação ao Eixo de Rotação, e a sua Aceleração Angular.

r ext r
∑τ
i
i =I .α

Se a resultante dos Torques Externos for nula, então o Momento Angular


Total do sistema é constante. Aplicando a Lei de Conservação do
Momento Angular para um sistema cujo Momento de Inércia varia
teremos:

I o .ω o = I .ω = cons tan te

Exercícios
Para resolver estes exercícios você vai precisar de 3 horas lectivas

1. Um móvel percorre uma pista de raio R, com Velocidade Linear de


módulo constante igual a 12 cm/s. Sabe-se que aumentando o raio da
pista de 8 cm, a aceleração do móvel diminui de 3 cm/s2. Determine o
Auto-avaliação 2 raio da trajectória. (R: 16 cm)

2. Dois móveis percorrem uma circunferência de raio R, no mesmo


sentido, com movimentos uniformes. Os móveis partem
simultaneamente de um ponto, com velocidades de módulos v1 e v 2 .

Determine:

- Depois de quanto tempo os móveis se encontram pela 1ª vez?


2.π
(R: t = , sendo v1 > v 2 )
ω 1 −ω 2
Ensino à Distância 105

3. Um ponto movimenta-se sobre uma circunferência de raio igual a


10 cm com Aceleração Tangencial constante. Calcule a Aceleração
Normal desse ponto ao fim de 20 s, a partir do instante em que teve
início o movimento, sabendo que ao finalizar a 5ª volta o móvel
10 cm
apresenta Velocidade Linear de 10 cm/s. (R: a c = )
π 2 s2

4. Uma partícula descreve uma circunferência de acordo com a Lei


ϕ = 3.t 2 + 2.t no SI. Calcule a Velocidade Angular e a Aceleração
rad rad
Angular para t = 4 s. (R: ω = 26 α =6 2 )
s s

5. Os discos B e C estão em contacto por atrito, sem deslizamento. O


disco C tem, num dado instante, a Velocidade Angular de 2 rad/s e
Aceleração Angular de 6 rad/s2. Ao disco B, está rigidamente
solidário o tambor A, no qual se enrola uma corda que suporta, em
sua extremidade, o peso P. Determine a Velocidade e a Aceleração do
peso P, no instante dado. (R: v P = 0,12 m / s; a P = 0,36 m / s 2 )

R B = 20 cm
P.3.5 B R A = 10 cm
RC = 12 cm

6. Suponha que a Terra seja uma esfera de densidade uniforme.


Considere seu raio igual a 6,4.103 km e a sua massa de 6,0.1024 kg.

a. Qual é a sua Energia Cinética Rotacional? (R: 2,6.1029 J)

b. Suponha que esta energia pudesse ser aproveitada para nosso uso.
Por quanto tempo a Terra poderia fornecer 1,0 kW de potência a
cada um dum conjunto de 4,2.10 9 habitantes? (R: 2,0.109 anos)
106 Lição nº 3

7. Uma roldana de raio igual a 10 cm tem Momento de Inércia igual a


104 g.cm2. Sobre a periferia da roldana é aplicada uma Força
Tangencial que varia no tempo segundo a lei F = 0,50.t + 0,30.t 2 no
SI. Calcule a Velocidade Angular da roldana após 3,0 segundos, se
ela está inicialmente em repouso.

(R: 5,0.102 rad/s)

Comentário:

ƒ Formule a relação fundamental da dinâmica de rotação para a


roldana.

ƒ Um ponto importante é reconhecer que como o Torque varia com


o tempo, então a Aceleração por ele causado também varia com o
tempo.

ƒ A partir dessa relação determine a Equação Horária da aceleração

ƒ Define Aceleração como derivada temporal da Velocidade


Angular

ƒ Obtenha a Velocidade Angular por integração para t = 0 s até t =


3,0 s. Aí terá o resultado.

8. Um bloco de de 3,0 kgf é colocado em um plano inclinado que forma


um ângulo de 30º com a horizontal e é ligado por meio de uma corda
paralela ao plano e que passa pela gola de uma roldana na parte
superior de um bloco suspenso de 9,0 kgf de peso. A roldana pesa 1,0
kgf e tem raio igual 0,10 m. O Coeficiente de Atrito Cinético entre o
bloco e o plano vale 0,10. Considere a roldana como disco uniforme
( 1 kgf ↔ 9,8 N )

a. A aceleração do bloco suspenso. (R: 5,7 m/s2)

b. As forças tensoras na corda que surgem em ambos lados da


roldana. (R: 3,8 kgf e 3,5 kgf)

9. Uma esfera uniforme, gira em torno de um eixo vertical sem atrito.


Uma corda leve, que passa em torno do equador da esfera e por uma
roldana, tem, pendente à outra extremidade um pequeno objecto
Ensino à Distância 107

pendurado. Qual é a velocidade do objecto, inicialmente em repouso,


após ele ter descido uma distância h?

P.3.9
M, R I, r

Leitura Complementar:
ƒ ALONSO, M., FINN, E.J. Física. Addison Wesley. Espanha,
1999.
Leitura ƒ ÍNDIAS, M. A.C. Curso de Física. MacGraw Hill, Portugal,
1992.
ƒ KELLER, F.J; GETTYS, W. E.; SKOVE, M.J. Física Volume-
1. Brasil, 1999.
ƒ RESNICK, R. ; HALLIDAY, D. Física-1. R.J. Brasil, 1983.
ƒ TRIPLER, P. Mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica.
Livros Técnicos e Científicos (4ª edição). Volume-1, 1999.
108 Unidade 4

Unidade 4

Gravitação Universal

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta unidade. A Lei de Gravitação Universal,
proposta por Isaac Newton ( 1643-1731) , foi um dos maiores trabalhos
desenvolvidos sobre a interacção existente entre as massas dos corpos
materiais. Com esta lei somos capazes de explicar desde o mais simples
fenómeno, até, o mais complexo nomeadamente,a queda de um corpo que
está localizado nas proximidades da Terra e as forças exercidas entre os
corpos celestes (planetas, estrelas, satélites) .

Segundo uma lenda, Newton, viu uma maçã cair de uma maciera e
pensou: “Será que a mesma força que actua sobre a maçã para a Terra
também actua sobre a Lua?”

A natureza desta força actrativa é a mesma que existe entre a Terra e a


Lua ou entre o Sol e os Planetas. Portanto, a atracção entre corpos
materiais, é mesmo um fenómeno universal.

Os resultados de Newton basearam-se também nas observações de


Copérnico, Galileu, Tcho Brahe e Johanes Kepler.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

ƒ Explicar a natureza da interacção gravitacional

ƒ Formular a Lei de Gravitacção Universal


Objectivos ƒ Interpretar fenómenos relativos à Interacção Gravitacional

ƒ Interpretar o Movimento dos planetas baseando-se na Lei de


Gravitação Universal

ƒ Formular e interpretar as Leis de Kepler


Ensino à Distância 109

ƒ Definir a Energia Potencial Gravitacional

ƒ Resolver problemas onde o fenómeno de Gravitação Universal seja


um factor determinante.

Gravitação Universal, Gravidade, Campo Gravitacional, Energia


Potencial Gravitacional, Leis de Kepler.

Terminologia
110 Lição nº 1

Lição nº 1

Lei de Gravitação Universal

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. O seu conteúdo possibilita-lhe
explicar vários fenómenos relativos às interacções gravitacionais. Você
poderá explicar o movimento dos corpos celestiais, dos satélites, a queda
de objectos, etc.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Formular a Lei de Gravitação Universal

ƒ Interpretar a Lei de Gravitação Universal

Objectivos ƒ Explicar o carácter da Interacção Gravitacional

ƒ Resolver problemas com recurso à Lei de Dravitação Universal

ƒ Explicar o processo de determinação da Constante de Gravitação.

Você vai precisar de 3 horas lectivas para completar esta lição.

Enunciado da Lei de Gravitação Universal:

A Lei de Gravitação afirma que entre quaisquer dois corpos materiais há


uma força de atracção que é directamente proporcional ao produto das
massas e é inversamente proporcional ao quadrado da distância que os
separa.

r m .m r r
F1, 2 = γ 12 2 .r 01, 2 = − F2,1 (4.1)
r 1, 2
Ensino à Distância 111

m1 .m2
O seu módulo será: F12 = F21 = γ 2
(4.2)
r12

r
F1, 2 ... significa força exercida pela massa 2 sobre a massa 1;

r
F2,1 ... significa força exercida pela massa 1 sobre a massa 2;

r1,2 .... significa distância entre os centros de massas dos corpos


materiais;

γ .... constante gravitacional cujo valor é igual :

γ = (6,670 ± 0,007). 10-11.m3.kg-1.s-2

Fig.4.1 (dois corpos materiais em interacção)

A Força Gravitacional é sempre de carácter atractivo.

A Força Gravitacional não depende do meio onde os corpos materiais se


encontram imersos.
Tome Nota!

A Interacção Gravitacional é a mais fraca das quatro interacções


fundamentais conhecidas.

A interacção gravitacional só se manifesta de forma perceptivel quando


se trabalha na escala astronómica.

O Físico e Químico inglês Cavendish (1731-1810) foi quem pela


primeira vez mediu os efeitos gravitacionais entres os corpos materiais na
Terra. Para o efeito ele usou um balança de torção que era constituida
(veja a fig. 12) por ; uma fibra de torção, duas massas pequenas m’
ligadas por uma haste, duas massa grandes m que estão fixas.
112 Lição nº 1

Fig.4.2 ( balança de Cavendish)

Quando as massas m’ são colocadas próximas às massas m, a Atracção


Gravitacional entre elas produz um Torque sobre a barra horizontal,
provocando uma torção da fibra.

O equilibrio estabelece-se quando o Torque Gravitacional for igual ao


Torque de Torção.

O esquema do aparelho de Cavendish foi repetido com aperfeiçoamento


por outros pesquisadores.

A seguir apresenta-se uma actividade para cuja realização você vai


precisar de 10 minutos .

1. A massa da Terra é, aproximadamente, 6.1024 kg. Um corpo A de


massa 5 kg que se encontra próximo à superfície da Terra fica sujeito
a uma atracção, da parte desta, de cerca de 50 N. Classifique,
Actividade 10 justificando se são verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações:

A. O corpo A aproxima-se da Terra , mas a terra não se aproxima do


corpo A porque a força que este exerce sobre ela é menor que a
força exercida pela Terra sobre ele.
Ensino à Distância 113

B. Um corpo B, de massa 20 kg, terá que situar-se a uma distância


do centro da Terra de duas vezes o raio da Terra, para exercer
sobre ela uma força de cerca de 50 N.

Comentário:

A. Lembre-se de que as forças de interacção gravitacional entre dois


corpos constituem um par acção-reacção, portanto elas têm a
mesma direcção, mesmo módulo mas sentidos opostos.

A. Terra não se aproxima do corpo porque, devido ao grande valor


da sua massa, a aceleração que ela adquire é desprezível.

r r M .m
FTC = FCT = γ T2 . Portanto a afirmação é falsa.
r

B. Aplicando a expressão da Lei de Gravitação Universal para o


corpo A e para o corpo B nas condições do problema temos:

⎧ ⎛ −11 Nm
2
⎞ 6.10 24 kg.5 kg
⎪50 N = ⎜⎜ 6,67.10 ⎟⎟.
⎪ ⎝ kg 2 ⎠ R2 5.d 2
⎨ ⇒1=
⎪50 N = ⎛⎜ 6,67.10 −11 Nm
2
⎞ 6.10 24 kg.20 kg 20.R 2
⎜ ⎟⎟.
⎪ kg 2 d2
⎩ ⎝ ⎠
d 2 = 4.R 2 ⇒ d = 2.R

Portanto a afirmação B é verdadeira.


114 Lição nº 2

Lição nº 2

Lei de Kepler

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Desde há muito a Humanidade
sempre foi fascinada pelo céu nocturno, com a infinidade de estrelas e
com os brilhantes planetas. Até hoje os fenómenos celestes continuam a
exercer sua influência sobre as pessoas.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Enunciar as Leis de Kepler

ƒ Explicar o seu sentido físico

Objectivos

Você vai precisar de 2 horas lectivas para completar esta lição.

Leis de Kepler:

No final do século XVI, o astrônomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-


1601) estudou o movimento dos planetas e conseguiu fazer observações
muito mais exactas que as feitas anteriormente por outros observadores.

Johanes Kepler (1571-1630) um assitente de Brahe e seu sucessor no


observatório analisou os dados de Tycho Brahe e formulou as conclusões
que resumem as três Leis:

1ª Lei de Kepler: ( Lei das órbitas)

Os planetas descrevem órbitas elípitcas em torno do Sol, que ocupa um


dos focos da elíplse descrita.

Como consequência de a órbita ser uma elípse, a distância do Sol ao


Planeta varia ao longo de sua órbita.
Ensino à Distância 115

Fig.4.4 (órbita do planeta em torno do sol)

2ª Lei de Kepler: ( Lei das áreas)

O Raio Vector que liga um planeta ao Sol descreve áreas iguais em


tempos iguais.

O significado desta lei é que a Velocidade Linear do Planeta não é


uniforme, mas varia de forma regular, quanto mais distante estiver o
Planeta do Sol mais devagar ele se move.

Fig. 4.5. ( áreas descritas pelo vector posição)

3ª Lei de Kepler : (Lei dos Periodos)

Os quadrados dos periodos de revolução de dois Planetas quaisquer


estão entre si como os cubos de suas distâncias médias ao Sol.
116 Lição nº 2

2
T1 r 31
= (4.3)
T 2 2 r 32

A seguir apresenta-se uma actividade para a qual você precisará de


dispender 5 minutos.

1. Enuncie as Leis de Kepler.

2. Em que posição, na sua órbita elíptica, a velocidade dum planeta é


máxima? Em que posição a velocidade é mínima?
Actividade 11

Comentário:

Para responder esta questão, analise a lei que relaciona as áreas e os


tempos gastos.
Ensino à Distância 117

Lição nº 3

Campo Gravitacional

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Antes de começar qualquer
discussão, interessa referir que a teoria de Gravitação Universal, embora
tivesse explicado muitos factos como o Movimento dos Planetas,
Cometas, a Defelxão da Balança de Cavendish e a rotação das galaxias,
tanto os contemporâneos de Newton, como os seus sucessores mostravam
uma certa relutância em aceitar tal teoria. Eles questionavam: “Como é
possível dois objectos interagirem quando não estão em contacto um
com outro?”

O procedimento que explica a interacção entre objectos que não estejam


em contacto apareceu depois da morte de Newton. Portanto, o próprio
inventor da teoria de gravitação universal não pôde responder a essa
questão. Tal procedimento permite-nos ver a interacção gravitacional
duma manreira diferente usando o conceito de Campo Gravitacional.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Explicar a Interacção Gravitacional através do Conceito Campo

ƒ Relacionar a Aceleração da Queda Livre com a Interacção


Objectivos Gravitacional

ƒ Determinar a Velocidade de Satélites em movimento num Campo


Gravitacional

ƒ Definir o conceito de Campo Gravitacional

Você vai precisar de 2 horas lectivas para completar esta lição

Campo Gravitacional:
118 Lição nº 3

Quando um corpo, por exemplo, um satélite é colocado em órbitas do


Nosso Planeta fica tal como qualquer outro corpo sujeito às leis da
Mecânica Celeste, ou seja, a Força Gravitacional. Esta força quando
dividida por massa m do corpo define o chamado Campo Gravitacional.

O Campo Gravitacional é a região do espaço onde se fazem sentir os


efeitos gravitacionais provocados pela presença de uma massa puntiforme
ou conjunto de massas pontuais.

r
r F
Portanto, g = . Para se ter um campo gravitacional num ponto
m
r
contínuo, deve-se calcular o campo d g de um Elemento Puntiforme de
r r
Massa dm do corpo e se integra para todo o corpo,isto e, g = ∫ dg .

Nas proximidades da Terra o módulo da Força Gravitacional é igual


Fgrav.= m.g. Outra forma para sua determinação seria a aplicação da Lei
de Gravitação Universal cujo módulo é igual a:

ms .mT
Fgrav. = γ . (4.4)
r2

ms .mT m
ms.g = γ ⇔ g =γ (4.5)
r2 r2

Considerando que o corpo se encontra muito próximo da Terra então a


aceleração de gravidade será igual a :

mT
g =γ (4.6)
r 2T

Agora , para o caso em que o corpo está a uma altitude h com respeito a
Terra ( veja a fig4.6) a aceleração será:

mT
g =γ (4.7)
(rT + h)
2
Ensino à Distância 119

Fig.4.6 (satélite em torno da Terra)

Velocidade Orbital e Periodo do Corpo Satélite

Na fig. 4.6 o satélite sofre a acção da Força Gravitacional de Atracção,


portanto, uma força resultante que corresponde à Força Centripeta e por
conseguinte uma Aceleração Centrípeta resultante.

Então, podemos escrever as seguintes relações:

r r r r r
As forças são FR = Fc para acelerações temos a R = ac = g .

Assim tem-se ;

v2 mT
ac = (aceleração lienar) e g =γ (aceleração de
r r2
gravidade)

v2 m γ .mT
Portanto, = γ 2T isto ⇒ que v = (4.8)
r r r

Para o cálculo do periodo do corpo pode cumprir-se com o seguinte


raciocinio:
120 Lição nº 3

2
mT ⎛ 2π ⎞ m
a c = ω 2 .r vai ser igualar-se a g =γ 2
. Assim, ⎜ ⎟ = γ 3T e
r ⎝ T ⎠ r

4π 2 3
isto ⇒ que T 2 = .r (4.9)
γ .mT

1. Dois satélites A e B, de massas iguais, gravitam em torno de um


planeta, de raio R, com órbitas circulares de raios respectivamente RA
e RB. Tal que R B = 3.R A e R A = 2.R
Exemplo
O campo gravítico à superfície do planeta tem módulo 2,4 N.kg-1. Indique
se são verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações:

A. O módulo do campo gravítico à distância RA do centro do planeta


é igual a 1,2 N.kg-1.

B. A relação entre as intensidades das forças que o planeta exerce


sobre A e B é FA = 9.FB

C. A relação entre os módulos das velocidades dos satélites A e B é


v A = 3.v B

Resolução:

A. O módulo do Campo Gravítico é definido como sendo:


MP
g =γ
R2

MP
na superfície do planeta e, g A = γ 2
à distância RA do centro do
RA
planeta.

Dividindo ordenadamente as duas expressões anteriores e


substituindo valores, vamos obter o valor de g A .

2
g R 2,4 4.R 2 2,4
= A2 ⇒ = 2 ⇒ gA = N .kg −1 = 0,6 N .kg −1
gA R gA R 4

Portanto a afirmação A é falsa.

B. As expressões que nos permitem calcular os valores das forças


exercidas pelo planeta sobre os satélites A e B são, respectivamente:
Ensino à Distância 121

2 2
M P .m A M P .m B FA R B F 9.R A
FA = γ 2
e FB = γ 2
⇒ = 2 ⇔ A = 2
RA RB FB R A FB RA
FA = 9.FB

Portanto, a afirmação B é verdadeira.

C. Para determinarmos as velocidades orbitais vamos proceder da


seguinte forma:

Em cada um dos satélites A e B, a força gravítica desempenha o


papel de força centrípeta pois mantém os satélites em suas órbitas:
2
m A .v A M .m M
= γ P 2 A ⇒ v A = γ P (1)
2
FC A = Fg A ⇒
RA RA RA
2
m B .v B M .m M
= γ P 2 B ⇒v B = γ P
2
FC B = Fg B ⇒ (2)
RB RB RB

A partir das expressões (1) e(2) estabelece-se a relação entre as


velocidades:

2 2 2 2 2 2
v A .R A = v B .RB ⇒ v A .R A = v B .3.R A ⇒ v A = 3.v B ⇒
v A = vB . 3
Portanto, a afirmação C é falsa.

A seguir apresenta-se uma actividade para a qual você precisará de


utilizar 7 minutos.
122 Lição nº 3

1. Um satélite descreve uma órbita aproximadamente circular em volta


da Terra, a uma altura igual ao raio desta. O período de revolução é
de 240 min. Calcule a massa da Terra, sabendo que o raio desta mede
Actividade 12 6,4.106 m.

Comentário:

Para isso, você terá que relacionar a Força de Garvitação Universal com a
Força Centrípeta que mantém o satélite na sua trajectória. Após isto,
recorde-se da relação entre Velocidade Linear e Angular. Na definição
da Velocidade a

Angular aparece o período, o qual está dado. Aí exprimirá a massa da


Terra em função dos dados. A expressão obtida conduz-lhe ao cálculo da
massa da Terra: M T = 5,9.10 24 kg
Ensino à Distância 123

Lição nº 4

Energia Potencial Gravitacional

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Quando discutimos a mecânica da
partícula, introduzimos o conceito de Energia Potencial Gravitacional, a
qual foi definida como Energia de Interacção e que dependia da
configuração do sistema. Teriamos, na altura, enfatizado que a função
U pG = m.g.h era válida somente quando a partícula está nas
proximidades da Terra onde o campo é uniforme (a força gravitacional é
constante). No entanto, a Força de Interacção Gravitacional entre duas
1
partículas varia como . Por isso, esperamos uma função de energia
r2
potencial que seja válida para todos os casos sem restrições. E certamente
deverá ser uma função diferente da U pG = m.g .h .

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir Energia Potencial Gravitacional

ƒ Deduzir a expressão da Lei de Energia Potencial Gravitacional


Objectivos
ƒ Explicar as condições de validade de cada expressão da energia
potencial

Você precisará de 2 horas lectivas para completar esta lição

Energia Potencial Gravitacional

De acordo com as leis de Newton, um satélite mantém-se em órbita


porque as duas forças que actuam nele são iguais: a Força de Atracção
Gravitacional e a Força Centripeta. Ora sabe-se que nas proximidades da
superficie da Terra, a Força de Atracção Gravitacional sobre um corpo
material é constante. Assim acontece quando a distância ao centro da
124 Lição nº 4

Terra r = RT + h é sempre igual a RT (se h for muitas vezes menor que


RT).

A Energia Potencial de um corpo material nas proximidades da superficie


da Terra é portanto igual a UP= m.g (r-RT) = m.g.h, onde fazemos Up =
0 em r = RT.

Observe-se que a grandes distâncias da superficie da Terra a Força de


Atracção Gravitacional da Terra deixa de ser constante e varia como
função de 1/r2.

Sabe-se que a definição geral da energia potencial é dada pela equação


r r
dU= - F .ds (4.10)

r r
Aqui F representa a força aplicada sobre a particula e ds o vector
deslocamento.

Substituindo na equação (4-9) o valor da Força Gravitacional obtém-se

r r r r ⎛ γ .M T .m ⎞ γ .M T .m
dU = - F .ds = − F .dr = −⎜ − 2 ⎟.dr = + .dr (4.11)
⎝ r ⎠ r2

Integrando a equação (4-10) membro a membro obtém-se

γ .M T .m
U= − +U0 (4.12)
r

U0 representa a constante de integração. Então para U= 0 em r = ∞ a


γ .M T .m
equação (4-11) reduz-se a U = - (4.13)
r

A equação (4-12) mostra que U tem um valor negativo na superficie da


Terra e aumenta com o aumento de r e tende a zero quando r tende a
infinito.
Ensino à Distância 125

1. Um satélite de massa 2000 kg descreve uma órbita de raio igual a


9000 km em volta da Terra com velocidade de módulo constante.
Calcule:

a. O trabalho que seria necessário realizar para afastar o satélite até


Exemplo
uma distância infinita daTerra.

b. A grandeza do Momento Angular do satélite suposto um ponto


material, em relação ao centro da Terra.

Resolução:

a. W = −ΔU PG ⇒ W = −U p f + U Pi = U Pi esta relação fornece o


trabalho da força de gravitação. No entanto, para afastar o
satélite é necessário aplicar uma força externa e, o trabalho
realizado por essa força será o simétrico do da força
gravitacional, para um mesmo deslocamento:

⎛ M m ⎞ M .m
W = −U Pi = −⎜ − γ T S ⎟ = γ T S
⎝ r ⎠ r

Substituindo valores, obtemos:

2.10 3.5,98.10 24
W = 6,67.10 −11 6
J = 8,86.1010 J
9.10
r r r r r r
b. Sabe-se que L = r × m.v ⇒ L = r.m.v pois r ⊥ v

A Força Gravítica actuando sobre o satélite é igual à Força


Centrípeta necessária para o manter em órbita circular

r r m.v 2 M m M 6,67.10 −11.6,0.10 24


Fc = Fg ⇒ = γ T2 ⇒ v = γ T =
r r r 9.10 6
v = 10 3. 44,4 m / s

Substituindo na expressão para o módulo do Momento Angular temos:

L = r.m.v = 9.10 6.2.10 3.10 3. 44,4 = 120.1012 J .s

A seguir se apresenta uma actividade para cuja realizacão você vai


precisar de 15 minutos.
126 Lição nº 4

1. Um satélite da Terra tem massa igual a 100 kg e está a uma altitude


de 2,00.106 m.

a. Qual é a Energia Potencial do sistema satélite-Terra?


Actividade 13
b. Qual é o valor da força execida pela Terra sobre o satélite?

c. Que força o satélite exerce sobre a Terra? Justifique.

2. Que quantidade de energia é necessária para mover um corpo de


massa 1000 kg a partir da superfície da Terra até a uma altitude de
duas vezes o raio da Terra?

Comentário:

1.a. Use a expressão de Energia Potencial e obterá U = −4,77.10 9 J

b. Use a Expressão da Força de Gravitação e obterá F = 569 N

c. Pela 3ª lei de Newton F = 569 N

2. 1º Determine o trabalho realizado pela Força Gravitacional para esse


deslocamento. Tenha em conta que a força de gravitação é
conservativa e, portanto o seu trabalho tem alguma relação com a
variação da energia potencial.

Tendo obtido o trabalho da Força de Gravitação precisa de saber que


para afastar o corpo é preciso realizar um trabalho externo que em
termos de valor será igual ao simétrico do da força de gravitação.

O trabalho da força externa é a energia necessária, pois trabalho é


uma forma de transferência de energia.

Sumário
A Lei de Gravitação Universal de Newton afirma que a Força de
Interacção Gravitacional entre quaisquer duas partículas de massas m1 e
m2 separadas por uma distância r, tem módulo igual a:
Ensino à Distância 127

m1 .m2
Fg = γ
r2

Um objecto a uma distância h acima da superfície da Terra fica sujeita a


uma Força Gravitacional de módulo igual a m.g ′ onde g ′ é a aceleração
de queda livre no ponto considerado:

m2 m2
g =γ = γ.
r 2
(RT + h )2
Aqui m2 é a massa do corpo gerador do campo considerado.

Leis de Kepler do Movimento Planetário:

1ª Todos os planetas movem-se em trajectórias elípticas em torno do Sol,


o qual ocupa um dos focos da elípse.

2ª O Raio-vector traçado desde o Sol até ao planeta varre áreas iguais em


intervalos de tempos iguais.

3ª Os quadrados dos periodos de revolução de dois Planetas quaisquer


estão entre si como os cubos de suas distâncias médias ao Sol.

O Campo Gravitacional num ponto do espaço é igual à Força


Gravitacional que actua sobre qualquer partícula de prova localizada no
ponto referido dividida pela massa da partícula de prova:

r
r Fg
g=
m

A Força Gravitacional é conservativa e portanto, uma função potencial


pode ser definida.

A Energia Potencial Gravitacional associada a duas partículas separadas


por uma distância r é:

m1 .m2
U = −γ (onde U → 0 quando r → ∞)
r

A Velocidade Orbital dum corpo que se move em torno dum planeta de


M
massa M é dada por: v = γ
r
128 Lição nº 4

A velocidade dum corpo projectado a partir da superfície da Terra é:

MT
v = 2.γ
RT

Exercícios
Você vai precisar de 1 hora lectiva para completar os exercícios

1. Três esferas uniformes de massas 2,00 kg, 4,00 kg e 6,00 kg estão


colocados nos vértices de um triângulo rectângulo, como mostra a
figura.
Auto-avaliação 3
Calcule a força gravitacional resultante sobre a esfera de massa igual a
4,00 kg, assumindo que as esferas estão isoladas do resto do universo.

P.4.1 y 2,00 kg (0 ; 3,00) m

(− 4,00 ; 0) m
6,00 kg 0 4,00 kg x

r r
(R: ( −100.i + 59,3. j ) pN )

2. Calcule o módulo e a direcção da aceleração de gravidade, num


campo gravitacional gerado por dois corpos de igual massa, num
ponto P situado sobre a mediatriz do segmento que os une. Os dois
corpos estão separados por uma distância 2.a

( )
3
(R: g = 2.γM .r. r 2 + a 2 2 )
Ensino à Distância 129

M
P.4.2 a

r P

3. Um sistema consiste de três partículas, de 5,00 g cada uma,


localizadas nos v’ertices de um triângulo equilátero de lado igual a
30,0 cm.

a. Calcule a energia potencial do sistema. (R: - 1,67.10 −14 J )

b. Se as partículas são largadas simultaneamente, onde é que eles


colidirão? (R: No centro)

4. Um satélite de massa igual a 200 kg é colocado em órbita em torno da


Terra a uma altura de 200 km acima da sua superfície.

a. Supondo que a órbita é circular, determine o período do seu


movimento. (R: 1,48 h)

b. Qual é a velocidade do satélite? (R: 7,79 km/s)

c. Supondo a resistência do ar desprezível, qual é a energia mínima


necessária para colocar esse satélite em órbira? (R: 6,43.109 J)
130 Lição nº 4

Leitura Complementar:
ƒ ALONSO, M., FINN, E.J. Física. Addison Wesley, Espanha,
1999.
Leitura ƒ KELLER, F.J; GETTYS, W. E.; SKOVE, M.J. Física Volume-
1. Brasil, 1999.
ƒ ÍNDIAS, M. A.C. Curso de Física. MacGraw Hill. Portugal,
1992.

ƒ RESNICK, R. ; HALLIDAY, D. Física-1. R.J. Brasil, 1983.

ƒ TRIPLER, P. Mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica.


Livros Técnicos e Científicos (4ª edição). Volume-1, 1999.
Ensino à Distância 131

Unidade 5

Mecânica dos Fluídos

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta unidade que se crê de grande importância
pois lhe permitirá interpreter o comportamento dos fluídos em repouso e
em movimento.

Para alcançar esse propósito, a unidade será apresentada em duas sub-


unidades, como se segue:

ƒ Hidrostática ou Estática dos Fluídos

ƒ Hidrodinâmica ou Dinâmica dos Fluídos

Ao completer esta unidade, você será capaz de:

ƒ Interpretar o comportamento dos Fluídos em equilíbrio ou em


repouso.

Objectivos ƒ Interpretar o comportamento dos Fluídos em movimento

ƒ Caracterizar o modelo de Fluído ideal

ƒ Interpretar as leis ou princípios relativos à mecânica dos fluídos

ƒ Resolver problemas relativos à Mecânica dos Fluídos

ƒ Explicar fenómenos do dia-a-dia usando os princípios da Mecânica


dos Fluídos

Você vai precisar de 40 horas para completar esta Unidade.

Densidade, Pressão,Iimpulsão ou Empuxo, Fluxo, Vazão, Escoamento


Laminar/ estacionário, Rotacional, Linhas de Corrente,Compressível.

Terminologia
132 Sub-unidade 5.1

Sub-unidade 5.1

Hidrostática ou Estática dos


Fluídos

Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta sub-unidade. Aqui pretende-se que


você interprete fenómenos relacionados com os fluídos em repouso
ou seja você vai poder estudar o comportamento desses fluidos Ao
terminar esta sub-unidade você deverá ser capaz de:

ƒ Formular os princípios da Hidrostática

ƒ Interpretar fenómenos que ocorrem em fluídos em repouso usando os


princípios da Hidrostática
Objectivos

ƒ Resolver problemas relativos a Hidrostática

ƒ Interpretar a Equação Fundamental da Hidrostática

Densidade da substância, Empuxo ou Impulsão, pressão.

Terminologia

Você vai precisar de 18 horas lectivas para completar esta sub-


unidade.
Ensino à Distância 133

Lição nº 1

Estados Físicos da Matéria e os


Factores que os Determinam

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Com ela, pretende-se que
você reveja as características das substâncias nos vários estados
físicos.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Explicar as diferenças existentes entre os estados físicos em que se


apresentam as substâncias;

Objectivos ƒ Identificar os factores que determinam os estados físicos da matéria;

ƒ Definir o conceito Fluído

ƒ Caracterizar as Substâncias Fluídas

Você precisará de 2 horas lectivas para completar esta lição.

Estados Físicos da Matéria e os Factores que os Determinam

Normalmente a matéria tem sido classificada como estando em um


dos três estados: sólido, líquido e gasoso.

Em que diferem esses estados?

Certamente que se você olhar à sua volta pode identificar


substâncias que estejam no estado sólido, alguns no estado líquido
como a água que usa para se lavar ou beber, e outros ainda no
estado gasoso como o ar que você respira ou a fumaça resultante do
processo de confecção de seus alimentos.
134 Lição nº 1

A partir da experiência do dia-a-dia, nós sabemos que um sólido


tem uma forma e volume definidos. Um tijolo, por exemplo,
mantém a sua forma e tamanho.

Sabemos também que líquidos tem volume próprio, mas não tem
forma definida. Se você coloca um litro de água numa garrafa a
água tomará a forma da garrafa e, se você verte a água num objecto
você continua a ter mais ou menos um litro de água mas tomará a
forma do recipiente cilíndrico.

Finalmente, sabe-se que um gás que não esteja confinado em algum


recipiente não tem volume, nem forma definidos.

Estas caracterizações ajudam-nos a formar uma imagem dos


estados da matéria, mas são um tanto ou quanto artificiais. Muitas
subtâncias podem estar no estado sólido, líquido, gasoso ou a
combinação de dois estados, dependendo da temperatura e pressão
a que estejam sujeitas.

O que faz com que uma dada subst6ncia esteja em um desses


estados?

O estado em que uma dada substância se encontra é determinado


pela sua temperatura e pressão.

Em geral, o tempo que uma substância particular leva para mudar


de forma em resposta à força externa, determina se tal substância
pode ser tratada como sólido, como líquido ou como gás.

Então, o que é um fluído?

Chama-se Fluído a uma colecção de moléculas com uma disposição


aleatória e que são mantidas juntas por forças de coesão fracas e pelas
forças exercidas pelas paredes do recipiente que o contém.

Como consequência das fracas forças de coesão, os fluídos são


substâncias que podem escoar.
Ensino à Distância 135

Líquidos e Gases.

Exemplo

Você precisará de 6 minutos para completar a actividade

1. De que depende o estado em que uma dada substância se encontra?

Comentário:

Lembre-se que você pode fazer com que uma substância passe dum
Actividade 14
estado físico para o outro. Analise que factores se alteram neste processo.

2. Compare as Forças de Coesão que se exercem entre as moléculas da


substância nos diferentes estados.

Comentário:

Lembre-se do alcance das forças de interacção molecular e imagine a


distância entre as moléculas em cada um dos estados.

3. O que são fluídos?


136 Lição nº 2

Lição nº 2

Conceitos Básicos da
Hidrostática: Densidde da
Substância e Pressão

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Nela você vai travar conhecimento
com alguns dos conceitos básicos da Hidrostática e utilizá-los para
interpretar diversos fenómenos.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir Densidade duma substância

ƒ Interpretar fisicamente a Densidade duma substância

Objectivos ƒ Definir Pressão

ƒ Interterpretar fenómenos onde o conceito de Pressão esteja envolvida

Densidade da Substância, Pressão, Maciço ou Homogêneo.

Terminologia

Você precisará de 3 horas lectivas para completar esta lição.

Densidade duma Substância ou Massa Específica:

Considere dois sacos iguais, um cheio de areia e outro cheio de algodão.


Se os leva à balança qual dos sacos tem maior massa (peso)?

Claro que o saco de areia tem maior massa do que o de algodão, apesar
de ocuparem o mesmo volume.

Qual é a razão desta diferença?


Ensino à Distância 137

A diferença está na massa contida em cada unidade de volume, está nas


suas densidades.

Densidade duma substância que constitui o corpo é uma característica da


substância que constitui o corpo e, obtém-se pelo quociente entre a massa
e o volume do corpo, quando este é maciço e homogêneo.

É uma grandeza escalar e indica-nos a massa contida em cada unidade de


volume da substância.

A densidade é representada pela letra, ρ .

m
Então, ρ = (5.1)
V

onde m, é a massa do corpo e V, seu volume.

Unidades da densidade:

[ρ ] = 1 kg3 no SI. Usa-se também 1 g


, no sistema c.g.s.
m cm 3

g kg
Equivalência: 1 3
= 10 3 3
cm m

Densidades de algumas substâncias:

kg kg kg
Água , ρ = 10 3 3
, ouro ρ = 19,3.10 3 3 , ar ρ = 1,29 3
m m m

kg kg
Água do mar ρ = 1,03.10 3 3
, alumínio ρ = 2,70.10 3 3 .
m m

Pressão

Considere a seguinte experiência:

Você vai precisar de 10 minutos para realizar esta actividade


138 Lição nº 2

Disponha-se de um recipiente, um prego e um peso (ex: uma pedra).


Encha o recipiente de areia. Coloque o prego verticalmente sobre a areia
com a ponta aguçada virada para cima e ponha o peso em cima dele.

Anote a sua observação.


Actividade 15
Agora, repita o procedimento mas colocando o prego com a ponta aguda
sobre a areia.

Anote a sua observação.

Tente explicar as suas observações.

Comentário:

Provavelmente você terá notado que no segundo caso o prego enterra-se


mais do que no 1º caso, apesar de estar a actuar sobre o prego a mesma
força, o peso.

No 1º caso a força distribui-se sobre uma área maior do que no 2º caso.

Portanto o que está em causa é a força que age em cada unidade de área, a
pressão.

r
Chama-se pressão exercida pela força F sobre a superfície de área S, à
grandeza física escalar obtida pelo quociente entre o módulo da
Fn F . cos ϕ
componente normal da força e a área S. Isto é, p = =
S S
(5.2)

Portanto, a pressão produzida por uma força numa dada superfície


depende da área da superfície. Ela é tanto maior quanto menor for a área.

Unidades de pressão:
Fig.5.1.1 Fn
[ p] = 1 N2 = 1 Pa (1 Pascal ) no SI r
F
m
ϕ
Usa-se também: 1 bar = 10 5 Pa

1 atm = 101325 Pa

1 mm − Hg : 760 mm − Hg =1 atm

Para um fluído em repouso a força superficial deve ser sempre


perpendicular à superfície, pois um fluido em repouso não pode suportar
Ensino à Distância 139

uma força tangencial. Porquê? Tenta explicar esta afirmação com base
nas leis já estudadas.

O que aconteceria se houvesse alguma força com uma componente


tangencial a actuar sobre o fluído?

Você sabe que a força é a causa da mudança da velocidade. Portanto, sob


a acção da força tangencial as camadas fluídas adquiririam uma
aceleração e deslizariam umas em relação às outras. Portanto, já não
estariamos perante um fluído em repouso.

Um fluído sob pressão exerce força sobre qualquer superfície que esteja
em contacto com ele.

A pressão num ponto específico é definida como sendo o quociente entre


a força elementar dF que actua sobre um elemento infinitesimal de área
dF
dS que contém o ponto considerado: p = ⇒ dF = p.dS
dS

A força agindo sobre uma superfície finita será dada por:

F = ∫ p.dS

A seguir se apresenta uma actividade para a qual você vai precisar


usar de 6 minutos.

1. Suponha que você está de pé e logo atrás de alguém que, tendo dado
um passo atrás, acidentalmente pisa no seu pé com a sola do sapato.
Você preferiria que esse alguém fosse um jogador profissional de
Actividade-16 basquetebol usando sapatilhas ou uma senhora usando um sapato de
salto alto? Porquê?

3. 2. Por que é que nós afiamos os objectos cortantes (faca, machado,


catana, etc) quando pretendemos usá-los?

Comentário:

Durante o seu raciocínio pense na definição de pressão e tenha em mente


a relação entre pressão e área da superfície. Para o caso do jogador de
basquetebol, o seu peso estará a agir sobre uma área maior do que para o
caso da senhora. E, portanto, a pressão produzida será maior para o caso
140 Lição nº 2

da senhora do que para o jogador, por outras palavras sentirá maior dor se
pisado pela senhora.

E note que uma força maior pode produzir pressão menor se agir sobre
uma superfície de maior área e vice-versa. Afiando os objectos cortantes,
conseguimos cortar os alimentos ou um objecto qualquer sem maior
esforço. Ao afiarmos estamos a reduzir a área.

Já imaginou se o elefante tivesse patas finas?

1. A massa de um cubo é 856 g e cada uma das suas arestas mede 5,35
cm. Determine a densidade do cubo no SI.

Exemplo m
Resolução: ρ = , m = 856 g = 0,856 kg ,
V
(
V = L3 = 5,35.10 − 2 )
3
m 3 = 1,53.10 − 4 m 3

m 0,856 kg kg
ρ= = −4 3
= 5,59.10 3 3
V 1,53.10 .m m

2. Um colchão de água mede 2,00 m de comprimento, 2,00 m de largura


e 30,0 cm de espessura.

a. Determine o peso da água contida no colchão.

b. Calcule a pressão exercida pela água sobre o chão, quando o


colchão está na sua posição normal. Suponha que que a face
inferior do colchão está toda em contacto com o chão.

Resolução:

kg
a. A densidade da água é de 10 3 . Então a massa da água será:
m3

⎡ kg ⎤
m = ρ .V = 10 3.(2,00.2,00.0,300 )⎢ 3 .m 3 = kg ⎥
⎣m ⎦
m = 10 .1,20 kg = 1,20.10 kg
3 3

⎡ m ⎤
P = m.g = 1,20.10 3.9,8⎢kg 2 = N ⎥ = 1,18.10 4.N
⎣ s ⎦
Ensino à Distância 141

P 1,18.10 4 N 1,18.10 4
b. p= = = Pa = 2,95.10 5 Pa
S (2,00.2,00 ) m 2 4,00

Você vai precisar de 10 minutos para completar esta actividade

1. Uma esfera metálica maciça, com raio de 3 cm, pesa 8,5 N. Calcule a
g
densidade do metal. (R: 7,5 )
cm 3

Actividade 17 2. Um tanque de forma paralelipipédica de 30 cm X 40 cm de


secção normal e de 20 cm de altura, está cheia de água. Calcular
a pressão e a força sobre o fundo do tanque.

(R: p = 1,96.10 3 Pa, F = 2,33.10 2 N )


142 Lição nº 3

Lição nº 3

Variação da Pressão com a


Profundidade

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Nela você vai discutir a
dependência entre a pressão exercida por um fluído, da sua
densidade e a profundidade.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Explicar a dependência da pressão para com a profundidade e a


densidade do líquido

Objectivos ƒ Interpretar a equação fundamental da Hidrostática

ƒ Explicar fenómenos relacionados com a equação fundamental da


hidrostática

ƒ Resolver problemas recorrendo à equação fundamental da hidrostática

Você precisará de 3 horas lectivas para completar esta lição.

Você já deu algum mergulho na água do rio ou do mar até a uma


profundidade considerável?

Tente e você perceberá, como qualquer outro mergulhador, que a


pressão da água aumenta com a profundidade.

Você já viajou de avião? No interior dos aviões há dispositivos que


mantém a pressão nos níveis suportáveis para o organismo humano.
Ensino à Distância 143

Como a pressão atmosférica diminui com o aumento da altitude,


através desses dispostivos a pressão é ajustada para poder garantir
que as condições sejam mais ou menos iguais às que temos na
superfície da Terra.

Você não mergulha e nunca viajou de avião não importa. Pode


verificar através de experiências simples:

Você vai precisar de 6 minutos para executar a actividade.

1. Variação da pressão da água com a profundidade (Popov & Holmen,


1991):

ƒ Disponha-se de uma garrafa plástica com tampa cortada.


Actividade 18 ƒ Faça pequenos furos laterais a vários níveis

ƒ A seguir, encha o recipiente com água. O que nota?

Resultado:

Você verifica que os jactos de água que saem pelos furos são de
diferentes intensidades, isto é a intensidade dos jactos da água varia
com a profundidade.

Fig.5.1.2

Quanto à pressão atmosférica, apenas interpretá-la que em parte ela


é o resultado do peso das camadas de ar que estão acima de nós.

E essas camadas são mais densas nas proximidades da superfície da


Terra. É que devido à força de gravidade, as moléculas são atraidas
e concetram-se na superfície da Terra. Quando nós estamos a subir
às alturas, deixamos as camadas mais densas cá em baixo e por
cima de nós ficam as camadas cada vez menos densas e o peso
exercido e por consequência a pressão são cada vez menores.
144 Lição nº 3

Agora vamos mostrar que a prressão aumenta linearmente com


a profundidade e depende da densidade do líquido:

Para isso consideremos um fluido em repouso, de densidade ρ e


que aberta à atmosfera, como mostra a figura. Vamos supor que a
densidade do fluído é constante.

Consideremos a amostra do líquido contida dentro dum cilíndro


imaginário de secção transversal S que vai desde a superfície livre
do líquido até a profundidade h.

r
A pressão exercida pelo líquido p o .S . j
exterior sobre a base do cilíndro
é p, e a que é exercida no topo
do cilíndro é a pressão
atmosférica po. h
Portanto a força dirigida para
cima e exercidar pelo líquido
r
exterior é p.S . j e a exercida P
para baixo devido à rpressão r
atmosférica é p o .S . j . Mas o p.S . j
cilíndro está sob a acção da
força de gravidade Fig.5.1.3
r
.Como o cilíndro está em equilíbrio, então ∑F i = o.
r r r r
∑ i
F = 0 ⇔ p.S . j + p o .S . j +F g= 0

Assumindo o eixo oy orientado para cima temos:

p.S − p o .S − m.g = 0 ⇒ p.S − p o .S − ρ .S .h.g = 0, onde m = ρ .V = ρ .S .h


p − p o − ρ .g .h = 0 ⇒ p = p o + ρ .g .h (5.3)
Esta é a equação fundamental da Hidrostática.

Que informação você tira desta equação?

A partir desta equação conclui-se que a pressão p num ponto


situado à profundidade h da superfície livre do líquido aberto para
atmosfera é maoir do que a pressão atmosférica num valor igual a
ρ .g .h.
Ensino à Distância 145

A grandeza dada por ρ .g.h é a pressão exercida por um líquido


cuja densidade ρ e coluna h, sobre o fundo do recipiente que o
contém, e chama-se pressão hidrostática.

Da equação fundamental da hidrostática pode-se concluir que:

A diferença de pressão entre dois pontos situados em níveis diferentes, no


seio dum líquido homogêneo em equilíbrio, é a pressão hidrostática
exercida pela coluna líquida situada entre os dois pontos:

Δp = ρ .g.Δh
146 Lição nº 3

1. Determinar a pressão sobre o fundo de um recepiente de 76 cm


de profundidade, quando a enchemos de:

a. Água.
Exemplo
b. Mercúrio.

Resolução:

De acordo com a equação fundamental da Hidrostática a pressão


sobre o fundo do recipiente de profundidade h é dada por:

p f = p atm + ρ .g .h, mas p f = p + p atm ⇒ p = ρ .g .h ,

Aqui p f é a pressão real no fundo do recipiente e é chamada de

pressão absoluta.

A pressão p é a diferença entre a pressão real e a pressão atmosférica,


e é chamada de pressão manométrica.

a.
⎡ kg.m.m N.m N ⎤
p = ρ.g.h = 103.9,8.0,76⎢ 3 2 = 3 = 2 = Pa⎥ = 7,45.103 Pa
⎣ m .s m m ⎦

b. p = 13,6.10 3.9,8.0,76 Pa = 1,01.10 5 Pa.

2. A que altura se elevará a água pela tubulação de um edifício, se um


manómetro situado na planta baixa indica uma pressão de 29,4.104
Pa.

Resolução:

A água se elevará pela tubulação do edifício quando a pressão da


coluna de água de altura h for igual à pressão indicada pelo
manómetro:

p ⎡ N .m 3 .s 2 N .m 3 ⎤ 29,4.10 4
p = ρ .g .h ⇒ h = ⎢ 2 = = m ⎥= m = 30 m
ρ .g ⎣ m .kg.m m .N
2 3
⎦ 10 .9,8

Você vai precisar de 15 minutos para completar a actividade.


Ensino à Distância 147

1. A que profundidade abaixo da superfície do mar a pressão é de


kg
1,62.106 Pa. A densidade da água do mar é de 1,03.10 3 ea
m3
pressão atmosférica ao nível do mar é de 1 atm. (R:
Actividade 19 150 m)

2. Calcule a pressão necessária num sistema de alimentação de água que


deve elevar-se a 50 m verticalmente. (R: 4,9.105 Pa)

3. Um elevador está transportando um tambor cilíndrico contendo álcool,


g
ρ alccol = 0,8 . A distância do fundo do tambor até a superfície livre
cm 3
do álcool é de 1 metro. Qual é a pressão exercida pelo álcool sobre o
fundo do tambor quando o elevador está:

a. Em repouso? (R: 7,84.103 Pa)

b. Subindo com a aceleração de 2 m/s2? (R: 9,44.103 Pa)


148 Lição nº 4

Lição nº 4

Princípios de Pascal

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Com ela pretende-se que você
discuta um dos princípios da hidrostática, o principio de Pascal .

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Formular o Princípio de Pascal

ƒ Interpretar fenómenos com base no Princípio de Pascal

Objectivos ƒ Aplicar o Princípio de Pascal na resolução de problemas.

ƒ Interpretar o funcionamento de manómetros

ƒ Interpretar os valores obtidos através dos manómetros

Você vai precisar de 3 horas lectivas para completar esta lição.

A equação fundamental da hidrostática permite explicar do ponto


de vista teórico dois princípios da hidrostática descobertos
experimentalmente, incluindo o de Pascal.

A equação fundamental diz-nos que a pressão num ponto do fluído


depende da profundidade e do valor de p o .Isto significa que
qualquer aumento de pressão na superfície deve ser transmitido em
todos os pontos do fluído.

Vamos verificar através duma experiência simples:

Para executar esta actividade você vai precisar de 6 minutos


Ensino à Distância 149

Disponha de uma bacia e uma seringa. A bacia servirá para recolher a


água vertida pela seringa (Popov & Holmen, 1991)

ƒ Retire o êmbolo de uma seringa de 10 ou 20 cm3 e tape a abertura


Actividade 20
inferior.
r Fig.5.1.4
F
ƒ Aqueça a agulha e faça furos na parte inferior do tubo em
diferentes sentidos.

ƒ Encha a seringa com água, recoloque o êmbolo e pressione.

Resultado:

A água sairá com a mesma intensidade por todos os orifícios

Blaise Pascal (1623-1662) e á chamado princípio de Pascal:

O acréscimo de pressão aplicado a um ponto dum fluído em equilíbrio,


transmite-se integralmente em todas as direcções para qualquer ponto do
fluído e para as paredes do recipiente.

Este princípio encontra uma aplicação importante na construção das


máquinas hidráulicas multiplicadoras de forças.

Nas prensas hidráulicas, freios hidráulicos, macacos hidráulicos, etc.

Exemplo
r
Numa prensa hidráulica, uma força F1 é aplicada a um pistão com
superfície de área menor S1 . A pressão é transmitida através do líquido
para o pistão de área de superfície maior S2 . Porque a pressão deve ser a
F1 F2 F F
mesma em ambos lados teremos: p = = ⇒ 1 = 2 . (5.4)
S1 S 2 S1 S 2

S2
Portanto a força F2 é maior do que a força F1 por um factor
S1

chamado factor multiplicador de força.

Como nenhum líquido é adicionado nem retirado, o volume do


fluído empurrado para baixo no lado esquerdo à medida que o
150 Lição nº 4

pistão desce por uma distância d1 é igual ao volume empurrado


para cima no lado direito à medida que o pistão sobe por uma
distância d2. Isto é, S1 .d1 = S 2 .d 2 , por isso o factor multiplicador de
d1
força também pode ser dado por . Note que disto resulta que
d2

F1 .d1 = F2 .d 2 que é a condição de equilíbrio duma alavanca de dois


braços.
r
F1 S2 Fig.5.1.5
r
S1 F2

1. Numa estação de serviços, um dispositivo para levantar carros usa ar


comprimido que exerce uma força sobre o pistão que tem uma secção
transversal circular de raio 5,00 cm. Esta pressão é transmitida pelo
Exemplo
líquido para o pistào que tem raio de 15,0 cm.

b. Que força deve ser exercida pelo ar comprimido para levantar um


carro que pesa 13300 N?

c. Que pressão do ar produz esta força?

Resolução:

a. Como a pressão exercida pelo ar comprimido se transmite


integralmente através do líquido, temos:

F1 F2
=
⎛S ⎞
⇒ F1 = ⎜⎜ 1 ⎟⎟.F2 =
(
π . 5,00.10 −2 m )
2

.1,33.10 4 N = 1,48.10 4 N
S1 S 2 S
⎝ 2⎠ (
π . 15.10 m
−2 2
)
b. A pressão do ar que produz esta força:

F1 1,48.10 4 N
p= = = 1,88.10 5 Pa
(
S 1 π 5,00.10 − 2 m )
2

A seguir se apresenta uma actividade para a qual você


precisará de 20 minutos
Ensino à Distância 151

1. O pistão de área menor duma prensa hidráulica tem uma secção


transversal de área igual a 3,00 cm2, e o pistão maior tem área de
secção transversal igual a 200 cm2. Que força deve ser aplicada ao
Actividade 21 pistão menor para que se levante uma carga de 15,0 kN?
(R: 225 N)

2. Na figura ao lado o cilíndro L pesa 1500 N e tem uma secção recta de


área igual 0,2 m2. A secção correspondente ao pistão menor vale 30
cm2 e seu peso é desprezível. Supondo que a prensa esteja cheia de um
líquido de densidade 0,78 g/cm3, determine a força F necessária para
manter o equilíbrio. (R: 133 N)
r
Fig.5.1.6 F1

L h=4 m

3. A pressão que uma coluna de água de 60 cm de altura pode


aguentar, é também suportada por uma coluna de uma solução
salina de 50 cm de altura. Determinar a densidade da solução.
(R: 1,2 g/cm3)
152 Lição nº 5

Lição nº 5

Medição da Pressão

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Nesta lição você vai
interpretar o funcionamento e valores de pressão fornecidos por
diferentes instrumentos de medição de pressão- barómetros.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Explicar o funcionamento de diferentes barómetros

ƒ Interpretar os resultados de medição de pressão


Objectivos
ƒ Fazer uma análise crítica em relação às opções para substâncias
barométricas.

Você vai precisar de 3 horas lectivas para completar esta lição.

Um simples dispositivo para medir a pressão é o manómetro de


tubo aberto.

Uma das extremidades dum Fig.5.1.7 po


tubo em forma de U contendo
líquido está aberta para a
atmosfera e, a outra extremidade p A h

está ligada a um de pressão


disconhecida p. A diferença na
pressão p − p o é igual a ρ .g.h ,

então, p = p o + ρ .g.h . A
pressão p é chamada pressão
absoluta, e a diferença p − p o é
a pressão manométrica.
Ensino à Distância 153

Um outro instrumento usado para medir pressão é o barómetro


comum, o qual foi inventado por Evangelista Torricelli (1608-
1647).

O barómetro consiste em um longo tubo cheio de mercúrio,


fechado numa das extremidades e invertido para dentro de um
recipiente contendo mercúrio.

A extremidade fechada do tubo Fig.5.1.8


é aproximadamente um vácuo,
por sua pressão pode ser p=0
considerada como nula. h po
Portanto, segue que p o = ρ .g .h ,
onde h é a altura da coluna de
mercúrio.

1 atmosfera de pressão é
definida como sendo a pressão
que causa a coluna de mercúrio
no tubo barométrico, estar
exactamente 0,7600 m em altura
a 0 oC, com g = 9,806 65m/s2 .
A esta temperatura, a densidade
do mercúrio é de 13,595.103
kg/m3, portanto p o = ρ .g .h e,
substituindo os valores na
fórmula, obtém-se:
p o = 1,013.10 5 Pa.
154 Lição nº 5

1. A pressão atmosférica normal é 1,013.10 5 Pa. A aproximação de um


vendaval causa a altura da coluna de mercúrio no barómetro baixar
Exemplo em 20,0 mm em relação a altura normal. Qual é a pressão
atmosférica?

Resolução

⎡ kg.m.m N = Pa ⎤
p a = ρ .g .h = 13,59.10 3.9,8.(0,7600 − 0,0200)⎢ 3 2 =
⎣ m .s m 2 ⎥⎦
p a = 98,55.10 3 Pa = 9,855.10 4 Pa

2. Um tubo em forma de U contém mercúrio. Despejando água no ramo


da direita, até alcançar a altura de 13,6 cm acima do mercúrio, de
quanto subirá este, no outro ramo, em relação ao seu nível inicial?

Resolução:

Seja Δh a subida da coluna de mercúrio num dos ramos, isto significa no


ramo onde foi colocada a água, o nível de mercúrio terá descido na
mesma grandeza. Assim

ρ Hg .g.(ho + Δh ) = ρ Hg .g.(ho − Δh ) + ρ a .g.ha


ρ Hg .g.ho + ρ Hg .g.Δh = ρ Hg .g.h − ρ Hg .g.Δh + ρ a .g.ha
ρ Hg .g.Δh = − ρ Hg .g.Δh + ρ a .g.ha ⇒ 2.ρ Hg .g.Δh = ρ a .g.ha
ρa 10 3 1
Δh = .ha = .13,6 cm = cm = 0,5 cm
ρ Hg 2.13,6.10 3
2

Você vai precisar de 10 minutos para completar a actividade


Ensino à Distância 155

1. Para além do óbvio problema que surge durante o congelamento da


água, porque é que não usamos água como substância barométrica em
vez do mercúrio?
Actividade-22
2. Blaise Pascal replicou o barómetro de Torricelli, usando vinho tinto
de densidade igual a 984 kg/m3 como líquido barométrico. Qual foi a
altura h da coluna do vinho tinto para a pressão atmosférica normal?
Você esperaria um vácuo melhor acima do vinho tinto tal como o
obtido quando se usa o mercurio? (R: 10,5 m)

Comentário:

Ao responder a questão-1, tenha em conta a densidade da água e a


respectiva consequência na altura da coluna da água para suportar a
pressão atmosférica normal. Para altura obtida pense se há alguma
conveniência em construir tal tubo.

Ao responder a questão-2, você precisa não só pensar na relação entre


densidade e altura como também o facto de algumas substâncias
alcoólicas serem volateis.
156 Lição nº 6

Lição nº 6

Força de Impulsão e o Princípio


de Arquimedes

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Aqui você vai travar
conhecimento com mais um princípio da Hidrostática e suas
múltiplas aplicações no dia-a-dia.

Ao terminar esta lição você deverá ser capaz de:

ƒ Formular o Princípio de Arquimedes

ƒ Interpretar o Princípio de Arquimedes

Objectivos ƒ Explicar fenómenos com a ajuda do Princípio de Arquimedes

ƒ Definir força de Impulsão ou Empuxo

ƒ Resolver problemas com a ajuda do Princípio de Arquimedes

Você precisará de 4 horas lectivas para completar esta lição.

Se você já mergulhou na água da praia, do rio ou duma piscina,


sabe que se for para o fundo da água e manter-se em repouso, sem
segurar nada, você volta à superfície da água. Porquê?

Já tentou empurrar uma bola da praia para mergulhá-la debaixo da


água? Então você deve saber o quanto esta missão é difícil.

Tanto num caso como noutro, aplicando alguma lógica e a 2ª lei de


Newton, você conclui que os corpos mergulhados sofrem a acção
duma força vertical dirigida para cima a qual é exercida pela água.

Tal força é chamada força de Impulsão ou Empuxo.


Ensino à Distância 157

Imagine que em vez de ar, a bola da praia está cheia de água. Se


você está parado fora da água, sabe que é difícil suportar a bola nas
suas mãos. No entanto, se você entra na água a uma profundidade
que chegue mais ou menos até ao seu pescoço, com a bola nas suas
mãos e mergulhada a força que você precisa para suportá-la é
practicamente nula. Na verdade, tal força seria nula se ignorarmos
o peso da camada de plástico de que a bola é feita.

Como a bola cheia de água está em equilíbrio, enquanto está


submersa, então a força de impulsão e o peso da bola (a força de
r r
gravidade sobre a bola) se equilíbram: E + Fg = 0

Se a bola submersa estivesse cheia de ar, em vez de água, então a


força vertical dirigida para cima e exercida pela água na sua
vizinhança estaria presente. Contudo, porque o peso da água foi
substituido pelo menor peso do volume daquele ar, a força
resultante é dirigida para cima e é consideravelmente maior.Como
consequência, a bola é empurrada para a superfície.

A forma como a força de impulsão actua, é resumida pelo princípio


de Arquimedes:

Todo o corpo total ou parcialmente imerso em um fluido, recebe da parte


deste um Empuxo Vertical dirigido para cima, cjo ‘dulo? é igual ao peso
do volume do fluído deslocado pelo corpo: E = ρ liq .Vliq .g (5.5)
158 Lição nº 6

Os objectos A, B e C estão
todos em equilíbrio. A B C

Que forças agem em cada um


deles?
r r r
A: E + Fg = 0 E

r r r r
Fg E E N

r r B C
B: E + Fg = 0
r r
r r r Fg Fg
C: E + Fg + N = 0

Um conceito não menos importante ligado ao princípio de


Arquimedes é o do Peso Aparente. Isto parte da percepção de que
um corpo pesará menos quando submerso em um líquido do que
quando pesado no ar.

Chama-se Peso Aparente, à diferença entre o peso real do corpo e o


Empuxo que ele sofre quando submerso em um fluido.

Pap = Po − E (5.6)

Para um objecto totalmente submerso no fluído; a força resultante


será dada por:

∑F = E − F g = ρ liq .Vliq .g − ρ c .Vc .g , como Vliq = Vc , onde o

índice c se refere ao corpo, então: E − P = (ρ liq − ρ c ).Vc .g (5.7)

Se ρ liq > ρ c , então a força resultante está orientada para cima e, o

objecto adquire uma aceleração dirigida para cima ou seja flutua.

Se ρ liq < ρ c , então a força resultante está dirigida para baixo e o

objecto adquire uma aceleração para baixo ou seja afunda.


Ensino à Distância 159

Se ρ liq = ρ c , a força resultante é nula e o objecto ficará em

equilíbrio no ponto onde for largado.

Para Objectos Flutuantes:

Agora considere um corpo de volume Vc em equilíbrio estático


flutuando na superficie do fluído, isto é, um objecto parcialmente
submerso. Neste caso há equilíbrio entre o Empuxo e a Força de
Gravidade. Mas o volume do líquido deslocado é igual à parte do
volume do corpo que está debaixo da água.

Assim podemos escrever: E = Fg ⇔ ρ liq .Vliq .g = ρ c .Vc .g

ρ c Vliq
Daí que = (5.8)
ρ liq Vc

1. Uma peça fundida pesa 400 N e ocupa um volume de 50 dm3. Por


meio de uma corda suspendêmo-la num líquido de densidade 0,76
g/cm3. Determine a Força de Impulsão Hidrostática e a Força Tensora
Exemplo na Corda.

Resolução:

E = ρ liq .Vc .g = Fig.5.1.10

⎡ kg.m ⎤
0,76.10 3.9,8.50.10 −3 ⎢ 3 2 .m 3 ⎥
⎣m ,s ⎦
E = 372,4 N
O corpo está em equilíbrio sob a
acção de três forças:
r r r
E + Fg + T = 0

E + T − Fg = 0 ⇒ T = Fg − E
T = 400 N − 372,4 N = 27,6 N
160 Lição nº 6

2. A densidade do gelo é de 0,92 g/cm3. Determine a fracção do volume


de um bloco de gelo que se vai afundar se for submerso na água.

Vg ρa
ρ g .V g .g = ρ a .Va .g ⇒ =
Va ρg
Resolução:
Vg 0,92
= = 0,92
Va 1

Portanto, a fracção do volume do gelo que ficará submerso na água será


de 0,92.

3. Determine a aceleração do movimento de uma bola de ferro de


densidade 7,8 g/cm3 ao:

g
a. Cair por seu próprio peso na água ( ρ = 1 ).
cm 3

g
b. Elevar-se quando a submergimos em mercúrio ( ρ = 13,6 ).
cm 3

Resolução
r r r
a. E + Fg = m.a ⇒ E − Fg = − m.a

ρ c .Vc .g − ρ liq .Vc .g Vc (ρ c − ρ liq ).g


⎛ ρ c − ρ liq ⎞
a= = ⎜⎜
= ⎟⎟.g
m ρ c .Vc ⎝ ρc ⎠
⎛ 7,8 − 1 ⎞ m 6,8 m m
a=⎜ ⎟.9,8 = .9,8 2 ≈ 8,5 2
⎝ 7,8 ⎠ s 2 7,8 s s

r r r E − Fg ( ρ liq − ρ c )
E + Fg = m.a ⇒ E − Fg = m.a ⇒ a = = .Vc .g
m V c .ρ c
b.
(ρ liq − ρc ) (13,6 − 7,8) .9,8 m 5,8 m m
a= .g = = .9,8 2 ≈ 7,3 2
ρc 7,8 s 2
7,8 s s

Você precisa de 30 minutos para completar a actividade


Ensino à Distância 161

1. Num copo de vidro contendo água, há um cubo de gelo flutuando.


Quando o gelo derreter, o nível de água no copo aumenta? Diminui?
Ou mantém-se?
Actividade 23
2. Um pedaço de alumínio cuja massa é de 1,00 kg e densidade 2700
kg/m3 é suspensa de uma corda e depois completamente imersa num
recipiente contendo água. Determine a força tensora na corda:

1. Antes de ser mergulhado na água. (R: 9,80 N)

2. Quando o metal é imerso na água. (R: 6,17 N)

3. Um corpo construído com uma liga de ouro ( ρ Au = 19,3 g / cm 3 ) e

prata ( ρ Ag = 10,5 g / cm 3 ) pesa 8,77 N. Seu peso aparente dentro da

água é 8,27 N. Qual é o peso do ouro contido no corpo? (R: 7,72N)

Comentário:

Para responder à questão-1 você precisa ter em conta que o cubo de gelo
cria um buraco na água e o peso da água deslocada pelo gelo é igual ao
peso de todo o cubo de gelo. Quando o gelo derrete, a água apenas
preenche o buraco que havia sido criado pelo gelo. Portanto, o nível de
água não muda.

Para responder à questão-2, só precisa de representar as forças que agem


sobre o corpo em cada caso e formular a condição de equilíbrio.

Para responder à questão-3, você deverá ter dado os seguintes passos:

O peso real da liga é:

Po = PAu + PAg ,
PAu + PAg = ρ c .Vc .g ⇔ PAu + ρ Ag .V Ag .g = ρ c .Vc .g
mas Vc = V Ag + V Au ⇒V Ag = Vc − V Au
E
PAu + ρ Ag .g (Vc − V Au ) = Po , mas E = ρ liq .g .Vliq ⇒ Vc = Vliq =
ρ liq .g
E P P
PAu + ρ Ag .g . − ρ Ag .g . Au = Po , onde V Au = Au
ρ liq .g ρ Au .g ρ Au .g
162 Lição nº 6

ρ Ag ρ Ag ⎛ ρ Ag ⎞ ⎛ ρ ⎞
PAu − PAu . = Po − E. ⇒ PAu .⎜⎜1 − ⎟⎟ = ⎜ Po − E. Ag ⎟
ρ Au ρ liq ⎜ ⎟
⎝ ρ Au ⎠ ⎝ ρ liq ⎠
⎛ ρ ⎞
⎜ Po − E. Ag ⎟
⎜ ρ liq ⎟
PAu =⎝ ⎠
⎛ ρ Ag ⎞
⎜⎜1 − ⎟⎟
⎝ ρ Au ⎠

4. Um bloco maciço com 20 cm3 de volume, de uma substância de


densidade 0,75 g/cm3, está forçado a manter-se com 3/4 do seu
volume imersos num líquido de densidade 1,2 g/cm3, por um fio preso
ao fundo do vaso. Calcule:

a. A Força Tensora no fio quando o vaso está em repouso.


(R: 3.10-2 N)

b. A Força Tensora no fio quando o vaso tem uma aceleração


vertical de 2 m/s2. (R: 3,6.10-2 N)
Ensino à Distância 163

Sub-unidade 5.2

Dinâmica dos Fluídos

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta sub-unidade. Até aqui as nossas
discussões estavam circunscritas ao comportamento de fluídos em
repouso. A partir deste momento a nossa atenção estará virada para
os fluídos em movimento. No entanto, em vez de tentarmos estudar
o movimento de cada partícula do fluído como função do tempo,
faremos a descrição das Propriedades do Fluído em movimento
em cada ponto como função do tempo.

Ao terminar esta sub-unidade você deverá ser capaz de:

ƒ Descrever o comportamento dos fluídos em movimento

ƒ Utilizar os princípios ligados à dinâmica dos fluídos para explicar


Objectivos fenómenos ocorrendo em fluídos em movimento

ƒ Caracterizar o modelo usado na Dinâmica dos Fluídos

ƒ Formular e interpretar a equação de Bernoulli

ƒ Definir e interpretar os conceitos básicos da Hidrodinâmica

ƒ Resolver e interpretar problemas usando os conceitos e modelos de


Hidrodinâmica

Escoamento Estacionário/laminar, Rotacional/irrotacional,


Compressibilidade, Viscosidade, Fluído ideal, Linhas de Corrente,
Vazão, Fluxo e Continuidade.
Terminologia

Você vai precisar de 16 horas lectivas para completar esta sub-


unidade.
164 Lição nº 1

Lição nº 1

Conceitos Básicos da
Hidrodinâmica

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Nela pretende-se que você se
familiarize com a linguagem e modelos usados na Hidrostatica.

Ao terminar esta lição você deverá ser capaz de:

ƒ Definir o conceito de Escoamento Estacionário ou Laminar

ƒ Definir o conceito de Escoamento Turbulento


Objectivos
ƒ Estabelecer a diferença entre o Escoamento Estacionário e o
Escoamento Turbulento

ƒ Caracterizar o modelo Fluido Ideal

Você vai precisar de 3 horas lectivas para completar esta lição.

Características do Escoamento:

Você já viu um Fluído se escoando?

Claro! Você já observou água saindo duma torneira, ou a água corrente


do rio, as fumaças resultantes da confecção dos alimentos ou a queima de
combustíveis, etc.

Quando um fluído está em movimento, seu escoamento pode ser


caracterizado como sendo um dos dois importantes tipos:

ƒ Escoamento Estacionário ou Laminar

ƒ Escoamento Turbulento
Ensino à Distância 165

Escoamento Estacionário:

Um escoamento diz-se estacionário se cada partícula do fluído segue uma


trajectória suave tal que as trajectórias de diferentes partículas nunca se
intersectam.

Num escoamento estacionário, a velocidade do fluído em cada ponto é


independente do tempo, podendo ser função da posição.

Escoamento Turbulento:

Acima duma velocidade crítica, o Escoamento do Fluído torna-se


Turbulento. O Escoamento Turbulento é irregular e caracterizado pela
formação de pequenas regiões de redemoinhos ou turbilhões

O termo viscosidade é comumente usado na mecânica dos fluídos. Este


termo é utilizado para descrever o grau de atrito interno no fluído.

O Atrito Interno está associado à resistência, oferecida por duas camadas


adjacentes do fluído, ao seu movimento relativo.

Você se lembra da força de atrito estudada na Mecânica da Partícula?


Que efeitos produzia no movimento e na Energia Mecânica dos Corpos?

Se se recordou então saber que como consequência do atrito a energia


mecânica diminui convertendo-se em outras formas de energia.

O mesmo fenómeno observa-se nos fluídos. A viscosidade faz com que a


energia cinética do fluído se convirta em energia interna.

No entanto, o movimento dos fluídos reais é bem mais complexo e não é


totalmente entendido. Por isso, na nossa abordagem, faremos algumas
suposições simplificadoras que nos levam À formulação dum modelo
chamado Fluído Ideal.

Fluído Ideal:

Um fluído considera-se ideal se as seguintes suposições forem feitas:

ƒ O fluído é não-viscoso: No fluído não viscoso o atrito ineterno é


desprezível. Portanto um objecto movendo-se através do fluído
não-viscoso não sofre a acção do atrito.
166 Lição nº 1

ƒ O escoamento é estacionário:- No escoamento estacionário


(laminar) a velocidade do fluído em qualquer ponto é
independente do tempo, podendo ser função da posição.

ƒ O fluído é incompressível: a densidade do fluído é constante.

ƒ O escoamento é irrotacional: Nesse tipo de escoamento o fluído


não possui momento angular em relação a qualquer ponto. Não
há formação de redemoinhos ou turbilhões.

Vai precisar de 6 minutos para completar esta actividade

1. Qual é o objecto de estudo da Hidrodinâmica?

Comentário:

Pense no estado mecânico do fluído que você passa a estudar.


Actividade 24
2. Estabeleça a diferença entre o Escoamento Estacionário e o
Escoamento Turbulento.

Comentário:

Pense em como se caracteriza a velocidade do fluído em cada ponto nos


dois tipos de escoamento e se há regiões onde haja formação de
turbilhões.

1. caracterize o modelo de fluído ideal.

Comentário:

Para caracterizar o Fluído Ideal pense no tipo de escoamento, a


questão da viscosidade e o comportamento da velocidade do fluído
em cada ponto.
Ensino à Distância 167

Lição nº 2

Vazão e Fluxo

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Nela você vai discutir alguns
dos conceitos mais importantes da Hidrodinâmica: Vazão e Fluxo.

Ao terminar esta lição você deverá ser capaz de:

ƒ Definir o conceito de Vazão

ƒ Definir o conceito de Fluxo


Objectivos
ƒ Interpretar o conceito de Vazão

ƒ Interpretar o conceito de Fluxo

ƒ Resolver problemas da Hidrodinâmica com a ajuda dos conceitos de


Vazão e Fluxo

Vazão, Fluxo

Terminologia
Para completar esta lição você precisará de 4 horas lectivas

Você já ouviu falar desses conceitos? Em que contexto eles são


aplicados?

É claro que já ouviu falar deles. Normalmente são utilizados para


medir os caudais dos rios ou a quantidade de água que se
descarrega através das comportas das barragens.
168 Lição nº 2

Vazão-Q:

Utiliza-se a palavra vazão para se referir ao volume do fluído que


por unidade de tempo atravessa uma secção transversal, S, do tubo.

Aqui deve-se distinguir Vazão Média da Vazão Instantânea.

Vazão Média:

ΔV S .Δx
Qm = = = S .v m (5.9)
Δt Δt

onde vm é a velocidade média do fluído.

Vazão Instantânea:

ΔV dV S .dx
Q = lim = = = S .v (5.10)
Δt → 0 Δt dt dt

Unidades de Vazão:
3
cm 3
[Q] = 1 m no SI. Usa-se também 1 ,1
l
s s s

Fluxo- Φ :

A quantidade de líquido que se escoa através duma secção


transversal também pode ser medida pela quantidade de água
expressa em unidades de massa.

Chama-se fluxo de um fluído através de uma secção recta , à massa


do fluído que a atravessa por unidade de tempo.

Aqui também deve-se distinguir o Fluxo Médio do Instantâneo;

Fluxo Médio:

Δm ρ .ΔV
Φm = = = ρ .Qm = ρ .S .v m (5.11)
Δt Δt

Fluxo Instantâneo:

Δm dm
Φ = lim = = ρ .Q = ρ .S .v (5.12)
Δt → 0 Δt dt
Ensino à Distância 169

Unidades do Fluxo:

[Φ ] = 1 kg no SI. Usa-se também 1 g .


s s

1. Calcule a Vazão Q de um fluído que se escoa por um cano uniforme


de 8 cm de diâmetro e com velocidade média de 3 m/s.

Resolução:
Exemplo
2

( )
Sabe-se que Qm = S .v m = π .r 2 .v m = π .⎜
⎛d ⎞
2
1
⎟ .v m = .π .d .v m
4
2

⎝ ⎠

2 ⎡ .m m m3 ⎤
( )
2
1
Qm = .3,14. 8.10 − 2 m .3⎢ = ⎥
4 ⎣ s s ⎦
m3
Qm = 15,08.10 −3
s

2. Determine a velocidade da água numa tubulação de 5 cm de diâmetro


m3
e que tem uma Vazão de 18 .
h

Resolução:

Q 18 18.4 ⎡ m3 m⎤
Q = S .v ⇒ v = = = ⎢ 2 = ⎥
S ⎛d ⎞
π .⎜ ⎟
2
π . 5.10 −2 ( )
2
.3600 ⎣ m .s s ⎦
⎝2⎠
72 m 72 m m
v= −4
= = 2,54
3,14.25.10 .3600 s 28,26 s s

Você precisa de 10 minutos para completar esta actividade.


170 Lição nº 2

1. Por uma tubulação de 10 cm de diâmetro circula água com uma


velocidade média de 3 m/s. Determine a Vazão e exprima-a em
m3 l
,e
Actividade 25 h min

m3 m3 l
(R: 2,36.10 − 2 ; 84,82 e 1413 )
s h min

2. Uma mangueira de água de 2 cm de diâmetro é usada para encher um


balde de 20,0 litros. Se se leva 1 minuto para encher o balde, com que
velocidade a água se move através da mangueira? (R: 1,06 m/s)
Ensino à Distância 171

Lição nº 3

Linhas de Corrente e Equação da


Continuidade

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Aqui você vai deparar-se com um
conceito que é consequência imediata das características do modelo que
está sendo usado nesta sub-unidade. Além disso vai descutir e interpretar
a equação que resulta da conservação de massa no sistema considerado.

Ao terminar esta lição você deverá ser capaz de:

ƒ Definir o conceito Linha de Corrente

ƒ Deduzir a Equação da Continuidade


Objectivos
ƒ Interpretar a Equação da Continuidade

ƒ Aplicar a Equação da Continuidade na interpretação de fenómenos


relativos ao Escoamento de Fluído

ƒ Aplicar a Equação da Continuidade na resolução de problemas.

Linha de Corrente, Continuidade, Vazão.

Terminologia

Você vai precisar de 4 horas lectivas para completar esta lição.


172 Lição nº 3

Linhas de Corrente:

Chama-se Linha de Corrente à trajectória seguida por uma partícula do


fluído num Escoamente Estacionário.

A velocidade da partícula é sempre tangente à trajectória.

Um conjunto de linhas de corrente


Fig.5.2.1
forma um feixe. A região tubular
definida pelo feixe chama-se tubo
de escoamento. Note que as
partículas do fluído não se podem r
escoar para dentro ou para fora do v
tubo de escoamento. Senão haveria
intersecção entre as linhas de
corrente.

Agora considere um Fluído Ideal se escoando através de um tubo de


secção recta variável.

No Escoamento Estacionário as partículas do fluído movem-se ao longo


das linhas de corrente.

Fig.5.2.2 S2
r
v2
S1 Δx 2
r
v1 Δx1

Num intervalo de tempo t, o fluído na parte inferior do tubo move-


se por uma distância Δx1 = v1 .t . Se S1 é a area de secção recta
naquela parte do tubo, então a massa do fluído contida na região
sombreada da parte inferior é dada por:
m1 = ρ .V = ρ .S1 .Δx1 = ρ .v1 .S1 .t , onde ρ é a densidade do fluído ideal,
suposta constante.

Analogamente, a massa do fluído que se escoa através da parte superior


do tubo no intervalo de tempo t, é dada por: m 2 = ρ .v 2 .S 2 .t .
Ensino à Distância 173

Contudo, como dentro do tubo não há fontes de fluído, nem sorvedouros,


então a massa se conserva. Além disso, como o escoamento é
estacionário, a massa do fluído que num dado intervalo atravessa a secção
de área S1 , deve ser igual a que no mesmo intervalo de tempo

atravessa a secção de área S 2 , isto é, m1 = m2 .

ρ .v1 .S1 .t = ρ .S 2 .v 2 .t ⇒ S1 .v1 = S 2 .v 2 = cons tan te (5.13)

Esta expressão é a equação da continuidade. Ela diz que:

O produto da area de secção recta e a velocidade do fluído em todos os


pontos ao longo do tubo é constante para um fluído incompreensível.

A Equação da Continuidade exprime a Conservação de Massa.

No caso de um fluído ideal, que se escoa por um tubo de secção recta


variável, a vazão do fluído é constante.

A Equação da Continuidade diz-nos que a Velocidade de Escoamento é


elevada nas regiões onde o tubo apresenta estrangulamentos e é baixa nas
secções largas.

E o que você pode concluir em relação ao volume que num mesmo


intervalo de tempo se escoa por duas secções?

A condição S .v = cons tan te é equivalente à afirmação de que o volume


do fluído, que num dado intervalo de tempo, entra numa dada
extremidade do tubo é igual ao volume do fluído que nesse mesmo
intervalo de tempo sai na outra extremidade do tubo, desde que não haja
perdas de líquido entre as duas extremidades.

1. A velocidade da glicerina numa tubulação de 15 cm diâmetro é de 5


m/s. Determine a velocidade que adquire o líquido num estreitamento
de 10 cm de diâmetro.
Exemplo
174 Lição nº 3

Resolução:

De acordo com a equação da continuidade temos:


S π .d1 .4
2
d
2

Q = S1 .v1 = S 2 .v 2 ⇒ v 2 = v1 . 1 = v1 . = v1 . 1 2
4.π .d 2
2
S2 d2
225 m m m
v 2 = 5. . = 5.2,25 = 11,25
100 s s s

2. Sabendo que a velocidade da água num cano de 6 cm de diâmetro é


2 m/s. Qual deve ser o diâmetro do cano para que a água circule à
velocidade de 8 m/s?

Da equação da continuidade temos:


2 2
d d
S1 .v1 = S 2 .v 2 ⇒ π . 1 .v1 = π 2 .v 2 ⇒ d1 .v1 = d 2 .v 2
2 2

4 4
2 2 v v 2 6 cm
d 2 = d1 1 ⇒ d 2 = d1 . 1 = 6cm. = = 3 cm
v2 v2 4 2

Você vai precisar de 20 minutos para completar esta actividade

1. À medida que a água sai da torneira, porque razão o jacto de água se


torna estreito à medida que vai descendo?

Comentário:
Actividade 26
Pense sobre a variação da velocidade à medida que a água desce e
relacione com a Lei de Berrnoulli no que diz respeito à relação entre
velocidade e a área da secção de escoamento.

2. Suponhamos que a velocidade do fluxo de petróleo num “pipeline” é


igual a 2 m/s. Que volume de petróleo passa por umm tubo de 1 m de
diâmetro durante uma hora? (R: 5652 m3)

3. Qual deve ser o diâmetro da tubulação através da qual devem passar


5600 m3 de água por hora? A velocidade admissível do fluxo de água
é igual a 2,5 m/s. (R: 0,9 m)

4. Qual o diâmetro do tubo que deve substituir um tubo de 8 cm de


diâmetro para que a velocidade da corrente do líquido nele aumente
duas vezes? (R:5,66 cm)
Ensino à Distância 175

Lição nº 4

Equação de Bernoulli

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Nela, pretende-se que você
interprete fenómenos relativos ao escoamento de fluídos utilizando os
conceitos e leis já estudadas. O seu culminar será a dedução da equação
de Bernoulli e a formulação de sua lei.

Ao terminar esta lição você deverá ser capaz de:

ƒ Formular a Equação de Bernoulli

ƒ Interpretar a equação de Bernoulli à luz da Lei de conservação de


Objectivos energia

ƒ Aplicar a lei de Bernoulli para interpretar fenómenos relativos ao


escoamento de fluídos

ƒ Explicar fenómenos do dia-a-dia com a ajuda da Lei de Bernoulli

ƒ Aplicar a Equação de Bernoulli na resolução de problemas

Você precisará de 5 horas lectivas para completar esta lição

Pressão, Fluído, Vazão, Viscosidade, Escoamento Estacionário ou


Laminar, Compressibilidade, Tubulação.

Terminologia

Você já utilizou uma mangueira para irrigação?

Note que quando você pressiona com o seu polegar na extremidade da


mangueira de modo que o orifício se torne uma pequena fenda, a água sai
176 Lição nº 4

com maior velocidade. Será que a água se encontra a uma pressão maior
dentro do tubo ou quando ela sai para fora no ar?

Você pode responder a essa questão se notar o quaão difícil é você


manter o seu polegar pressionado contra a saída da água na mangueira.
Portanto, a pressão da água dentro da mangueira é definitivamente maior
do que a pressão atmosférica.

A equação de Bernoulli é uma relação fundamental da mecânica dos


fluídos e estabelece a relação entre a velocidade do fluído, pressão e a
elevação.

É assim chamada porque foi pela 1ª vez deduzida pelo Físico Suíço, em
1738, Daniel Bernoulli.

Considere um fluído ideal se escoando através duma tubulação de secção


recta variável.

Fig.5.2.3
r
v2

p 2 .S 2
r
v1 Δx 2

p1 .S1 y1 Δx1 y2

A força exercida pelo fluído na secção de área S1 é dada por F1 = p1 .S1


e o trabalho por ele realizado no intervalo de tempo t é dado por:

W1 = F1 .Δx1 = p1 .S1 .Δx1 = p1 .V1

O trabalho realizado sobre o sistema pela força de pressão é dada por:


W2 = − p 2 .S 2 .Δx 2 = − p 2 .V2

O trabalho realizado pelas forças de pressão será dado por;

W = W1 + W2 ⇔ W = p1 .V1 − p 2 .V2 , pela equação da continuidade,

V1 = V2 = V . Então, W = ( p1 − p 2 ).V
Ensino à Distância 177

O trabalho realizado pela força de gravidade será dado por:

WFg = −m.g .( y 2 − y1 ) , onde m é a massa do sistema.

Na mecânica da partícula você aprendeu que se sobre um sistema físico


actuam simultaneamente várias forças, então o trabalho total é a soma
algébrica dos trabalhos individuais:

WTotal = ( p1 − p 2 ).V − m.g .( y 2 − y1 )

Para além disso, usando o Teorema do Trabalho e Energia Cinética,


temos: WTotal = ΔE c

1 1 m
Então: ( p1 − p 2 ).V − m.g .( y 2 − y1 ) =
2 2
.m.v 2 − .m.v1 , mas V =
2 2 ρ

m 1 1
⇒ ( p1 − p 2 ). − m.g .( y 2 − y1 ) = .m.v 2 + .m.v1
2 2

ρ 2 2
(5.15)
1 1
p1 + ρ .g. y1 + .ρ .v1 = p 2 + ρ .g. y 2 + .ρ .v 2
2 2

2 2

Esta expressão é a equação de Bernoulli para um escoamento


estacionário, incompressível e não-viscoso.

Esta equação pode ser escrita na forma:


1
p + ρ .g . y + .ρ .v 2 = cons tan te
2

A equação de Bernoulli exprime a conservação de energia no fluído.

Esta equação especifica que num Escoamento Laminar, a soma da


1
pressão p, Energia Cinética por unidade de volume ( .ρ .v 2 ) e a Energia
2
Potencial gravitacional por unidade de volume ( ρ .g. y ) tem o mesmo
valor em todos os pontos ao longo duma linha de corrente.
178 Lição nº 4

Para um fluído em repouso,


v1 = v 2 = 0 ⇒ p1 − p 2 = ρ .g .( y 2 − y1 ) = ρ .g .h , que é a equação
fundamental da hidrostática.

Quando o fluído se move somente na horizontal,


1
h=0⇒ ρ .v 2 + p = cons tan te
2

Isto significa que numa tubulação horizontal a velocidade será tanto


maior quanto menor for a pressão e vice-versa.

A pressão dos fluxos dos líquidos correntes é maior nas secções em que a
sua velocidade é menor e, pelo contrário, nas secções em que a
velocidade é maior, a pressão é mais baixa.

Você acredita nessa afirmação?

Para se certificar realize a seguinte experiência simples:

Você vai precisar de 10 minutos para completar esta


Acitividade

1. Corte uma tira de papel e segura uma de suas extremidades de modo


que as duas faces estejam contidas no plano horizontal. Sopre,
horizontamente, a tira na face superior. O que observa?
Actividade 27
A tira baixa-se ou levanta-se? Porquê?

2. Agora disponha de duas tiras de papel. Coloque-as paralelamente uma


à outra com as faces voltadas uma para a outra e separadas por uma
distância não muito maior (1,5-2 cm). Se soprar no espaço entre as
tiras, elas se aproximam ou se afastam?

Comentário:

No 1º caso ao soprar na face superior, a corrente de ar exerce menor


pressão na parte superior e, esta pressão torna-se menor do que a pressão
atmosférica na face inferior. Porque há uma diferença de pressão, surge
Ensino à Distância 179

uma força resultante dirigida para cima fazendo com que a tira de papel
se levante.

No 2º caso, as tiras aproximam-se. A explicação é similar; a corrente de


ar que você sopra exerce uma pressão menor nessa região e a pressão
atmosférica agindo sobre as faces exteriores supera a pressão da corrente
de ar.

Algumas aplicações da equação de Bernoulli:

1. Um tubo horizontal que tem secção recta variável, apresentando um


estrangulamento, conhecido como tubo de Venturi, pode ser usado
para medir a velocidade de escoamento de um fluído incompressível.
Exemplo
Vamos determinar a velocidade do fluído no ponto 2, quando a
diferença de pressões ( p1 − p 2 ) é conhecida.

pp1 1 pp2 2 Fig.5.2.4


Fig.5.14

SS1 1 SS2 2
. rr rr
v1v1 vv2 2

Resolução:

Como o tubo é horizontal y1 = y 2 ,e a equação de Bernoulli se reduz à


1 1
p1 + .ρ .v1 = p 2 + .ρ .v 2
2 2

2 2

S2
Pela equação da continuidade temos: S1 .v 1 = S 2 .v 2 ⇒ v1 = v 2 .
S1

Substituindo na equação de Bernoulli temos:

2
1 ⎛ S ⎞ 1 1 ⎛ S 2 ⎞
p1 + .ρ .⎜⎜ v 2 . 2 ⎟⎟ = p 2 + .ρ .v 2 2 ⇒ ( p1 − p 2 ) = .ρ .v 2 2 ⎜1 − 2 2 ⎟
2 ⎝ S1 2 2 ⎜ S1 ⎟
⎠ ⎝ ⎠
( p1 − p 2 ) 2 ⎛S
2
−S
2
⎞ 2.S1 .( p1 − p 2 )
2

= v 2 .⎜⎜ 1 2 2 ⎟ ⇒ v2 2 =
2.
ρ ⎝ S1

⎠ (
ρ S1 2 − S 2 2 )
2.( p1 − p 2 )
v 2 = S1 .
(
ρ . S1 2 − S 2 2 )
180 Lição nº 4

Como S1 > S 2 ⇒ v 2 > v1 . Este resultado junto com a equação de

Bernoulli para um tubo horizontal mostra que p1 > p 2 . Isto significa que
a pressão é reduzida nas partes estreitas do tubo ou melhor nos
estrangulamentos.

2. Um tanque fechado contendo um líquido de densidade ρ tem um furo


na sua parte lateral a uma distância y1 do fundo do tanque. O furo é
aberto à atmosfera, e o seu diâmetro é muito menor do que o
diâmetro do tanque. O ar acima do líquido é mantido a pressão p.
Determine a velocidade com que o líquido sai do furo quando o nível
da água está a uma distância h acima do furo.

Resolução:

Como S 2 >> S1 ⇒ v 2 ≈ 0 , o líquido está aproximadamente em


repouso na parte superior do tanque onde a pressão é p.

2 2 p, pS, 2 S 2 Fig.5.15
Fig.5.2.5

r r
y2 y2 S1 S, 1v,1 ,v1 , p o p o

y1 y1

Da equação de Bernoulli, temos:

1
po + ρ .v1 2 + ρ .g. y1 = p + ρ .g. y 2
2

2.( p − p o )
Mas y 2 − y1 = h ⇒ v1 = + 2.g .h
ρ

Quando p é muito maior do que a pressão atmosférica, p o de tal forma

que o termo 2.g.h pode ser desprezado, então a velocidade de saida é


fundamentalmente função de p.
Ensino à Distância 181

Se o tanque estiver aberto para a atmosfera, então p = po e

v1 = 2.g .h . Em outras palavras, para um tanque aberto à atmosfera, a


velocidade de síida do líquido no furo à distância h abaixo da superfície
livre do líquido, é igual a que é adquirida por objecto em queda livre por
uma distância vertical h. Esta conclusão é conhecida pelo nome de lei de
Torricelli

3. Determine o volume de água que flui por minuto de um tanque,


aberto para a atmosfera, através de um orifício de 2 cm de diâmetro
situado 5 m abaixo do nível da água.

Resolução:

Consideremos ponto 1 na parte superior do tanque e, ponto 2 no furo,


1 1
então: p1 + ρ .g. y1 + .ρ .v1 = p 2 + ρ .g .h + .ρ .v 2
2 2

2 2

1
v1 = 0 e p1 = p 2 ⇒ ρ .g. y1 = .ρ .v 2 + ρ .g . y 2 ⇒
2

2
1
.ρ .v 2 = ρ .g .( y1 − y 2 ) = ρ .g .h ⇒ v 2 = 2.g .h
2

2
Q2 = S 2 .v 2 ⇒ Q = S 2 . 2.g .h

Para determinarmos o volume do fluído por minuto temos:

ΔV ΔV
Q= ⇒ = Q.60 = S 2 . 2.g .h .60
Δt min
ΔV 1 m2 m3
= .π .(0,02 m ) . 2.9,8.5 2 .60 = 0,187
2

min 4 s min

4. Por um orifício no fundo de uma caixa cheia de água a um nível de 4


m, há um escoamento de 50 l/min. Calcular a vazão, se for aplicada
à superfície livre da água uma sobrepressão de 5.105 Pa.

Resolução:

Da equação de Bernoulli temos:

1 1
p1 + ρ .g. y1 + .ρ .v1 = p 2 + ρ .g. y 2 + .ρ .v 2 , onde 1 é um ponto da
2 2

2 2
superfície livre da água e o outro no furo.

Como
p1 − p 2 = Δp → sobrepres~
s ao e y1 − y 2 = h e v1 = 0, obtemos
182 Lição nº 4

1 2 2.Δp
.v 2 = ρ .g .h + Δp ⇒ v 2 = 2.g .h +
2 ρ

2.Δp
Portanto a vazão Q2 = S 2 .v 2 = S 2 . 2.g .h +
ρ

Como vê para calcularmos a vazão precisamos de conhecer a área do


orifício. Pode-se determiná-la partindo do princípio de que sem a

sobrepressão, o teorema de Torricelli no dá: Q1 = Q2 = S . 2.g .h

Q1
Donde, S 2 = , substituindo na equação solução, teremos:
2.g .h

Q1 2.Δp Δp
Q2 = . 2.g .h + = Q1 . 1 +
2.g .h ρ ρ .g.h

Substituindo os valores das grandezas dadas obtemos:

Q2 = 3,1.10 −3 m 3 / s

Você vai precisar de 30 minutos para completar esta actividade


Ensino à Distância 183

1. Qual é a velocidade teórica de saída deum líquido por um orifício


situado a 8 m abaixo da sua superfície? A secção da tubulação do
orifício é de 6 cm2. Determine o volume do fluído que sai em 1
Actividade 28 minuto.
(R: v = 12,5 m / s, V = 0,45 m 3 )

2. Por um tubo de Venturi de 20 cm de diâmetro na secção de entrada e


de 10 cm na secção mais estreita circula gasolina cuja densidade é de
0,66 g / cm 3 . A diferença de pressão entre a secção de entreda e o

estrangulamento é 3.10 4.Pa . Qual o valor da vazão? (R: 0,063


3
m /s).

3. O nível da água, num grande reservatório aberto de paredes verticais,


tem elevação H = 10 m. Faz-se um furo na parede à profundidade h =
2 m abaixo da superfície livre.

a. A que distância do pé da parede o jacto de água atinigirá o solo?

(R: 8 m)

b. A que altura, acima do fundo, dever-se-á fazer um 2º furo tal que


o novo jacto tenha o mesmo alcance do anterior? (R: 2 m)

Sumário
A pressão p num fluído é a força exercida pelo fluído na superfície em
F
cada unidade de área: p =
S

N
A unidade de pressão no sistema internacional é 1 = Pa
m2

A pressão num fluído em repouso varia com a profundidade, de acordo


com a expressão: p = p o + ρ .g.h , onde po é a pressão atmosférica e ρ é
a densidade do fluído.
184 Lição nº 4

O princípio de Pascal diz-nos que quando a pressão é aplicada num fluído


contido num recipiente, a pressão transmite-se integralmente para
qualquer ponto do fluído e para qualquer ponto na parede do recipiente.

Quando um objecto é parcial ou totalmente submerso num fluído, o


fluído exerce sobre o objecto uma força vertical dirigida para cima
chamada força de impulsão ou empuxo.

De acordo com o princípio de Arquimedes, o valor da força de impulsão


é igual ao peso do volume do fluído deslocado pelo objecto.

Tenha a certeza de que você pode aplicar este princípio para uma grande
variedade de situações, incluindo objectos que se afundam, objectos
flutuantes, etc.

Você pode compreender vários apectos da dinâmica dos fluídos supondo


que o fluído é não-viscoso, incompressível e o seu escoamento é
estacionário sem rotações.

Dois conceitos importantes que dizem respeito ao escoamento do fluído


ideal através de tubos de secção variável são os seguintes:

ƒ A taxa de escoamento (fluxo do volume) ou a vazão através do


tubo é constante.; isto é equivalente a afirmar que o produto da
área de secção transversal S e a velocidade v em qualquer ponto é
constante. Este resultado é expresso na equação de continuidade
S1 .v1 = S 2 .v 2 = cons tan te

Você pode usar esta equação para interpretar como é que a


velocidade dum fluído varia à medida que se escoa através de secções
mais estreitas ou à medida que se escoa por secções mais largas.

ƒ A soma da pressão, da energia cinética por unidade de volume e


da energia gravitacional por unidade de volume tem o mesmo
valor em todos os pontos ao longo de uma linha de corrente. Este
resultado é resumido na equação de Bernoulli:

1
p + ρ .g .h + .ρ .v 2 = constante
2
Ensino à Distância 185

Exercícios
Você vai precisar de 4 horas lectivas para completer a tarefa

1. Calcule a massa duma esfera sólida de ferro que tem 3,00 cm de


diâmetro. (R: 0,111 kg)

Auto-avaliação 4 2. Uma senhora cuja massa é igual a 50,0 kg , usando sapatos de salto
alto, equilibra-se com um dos seus pés no chão. Se a sola, de forma
circular, tem um raio de 0,500 cm, qual é a pressão exercida por ela
exercida sobre o solo? (R: 6,24 MPa)

3. Qual é a massa total da atmosfera da Terra? O raio da Terra é


6,37.10 6 m , e a pressão atmosferica na superfície da Terra é

1,013.10 5 Pa ? (R:5,27.1018 kg)

4. Determine a pressão em Pa à profundidade de 150 m abaixo da


superfície do mar. A densidade da água do mar é de 1,03 g/cm3 e a
pressão atmosférica ao nível do mar é de 1 atmosfera (1 atm).

(R:≈1,62.106 Pa)

5. Calcule a diferença hidrostática na pressão sanguínea de uma pessoa


que mede 1,83 m, dos pés à cabeça, supondo que a densidade do
sangue seja de 1,06.103 kg/m3. (R: 1,9.104 Pa)

6. A velocidade da água em um certo ponto de um cano é de 0,6 m/s, a


pressão sendo de 2,5.105 Pa. Ache a pressão num segundo ponto do
cano, 15 m abaixo do 1º ponto, se a área transversal no 2º ponto é a
metade da do 1º. (R: 4.105 Pa)

7. Submete-se a água de um tanque fechado a uma sobrepressão de


2,8.104 Pa, aplicada por meio de ar comprimido introduzido no topo
do tanque. Há um pequeno orifício no lado do tanque, a 5 m abaixo
do nível da água. Calcule a velocidade com que a água escapa pelo
orifício. (R: 12,4 m/s)
186 Lição nº 4

8. Um medidor de Venturi tem diâmetro de 25 cm no tubo, e 12,5 cm no


estrangulamento. A pressão da água no tubo é de 0,54 atm, e no
estreitamento é de 0,41 atm. Determine a vazão em litros por
segundo. (R: 65 l/s)

9. O tubo de Venturi pode ser usado como medidor do escoamento do


fluído. Se a diferença de pressão p1 − p 2 = 21,0 kPa , determine a
vazão do fluído em m3/s, dado que o raio do tubo de saida é de 1,00
cm, o raio do tubo de entrada é de 2,00 cm e o fluído é a gazolina cuja
kg m3
densidade é ρ = 700 . (R: 3,14.10 − 4 )
m3 s

10. O abastecimento de água num edifício é feita através dum tubo


principal de 6,00 cm de diâmetro. Observa-se que uma torneira
localizada 2,00 m acima do tubo principal leva 30,0 segundos para
encher um recipiente de 25,0 litros. Suponha que a torneira é o único
sítio donde a água está saindo:

a. A que velocidade a água sai da torneira? (R: 2,65 m/s)

b. Qual é a pressão manométrica no tubo de 6,00 cm de diâmetro?

R: 2.31.104 Pa)
Ensino à Distância 187

Leitura Complementar:
ƒ LEUCHIN, A.; CINDRA, J.L. Problemas de Física Parte-II.
Mecânica dos Fluídos, Física Molecular, Calor e
Leitura Termodinâmica. 2ª edição. U.E.M., Maputo, 1987.

ƒ LOURENÇO, M.; TADEU, V. Física. Provas de Exame Com


Resoluções. Cursos Técnico-Profissional. Texto Editora, Lisboa,
1993.

ƒ POPOV, O. ; HOLMEN, G. Física. Experiências e exercícios.


INDE/Editora Escolar, 1ª Edição. Moçambique, 1991.

ƒ SERWAY, R.A; BEICHNER, R. Physics for Scientists and


Engineers 5th edition. Saunders College Publishing. Florida, 2000
188 Lição nº 4

Bibliografia do Módulo:
ƒ ALONSO, M., FINN, E.J. Física. Addison Wesley, Espanha,
1999.
Leitura
ƒ BUKHOVTSEV, B.B. at al. Problemas de Selecionados de
Física Elementar 2ª edição. Editora Mir, Moscovo, 1985.

ƒ ÍNDIAS, M. A.C. Curso de Física. MacGraw Hill. Portugal,


1992.

ƒ KELLER, F.J; GETTYS, W. E.; SKOVE, M.J. Física Volume-


1. Brasil, 1999.

ƒ LEUCHIN, A.; CINDRA, J.L. Problemas de Física Parte-II.


Mecânica dos Fluídos, Física Molecular, Calor e
Termodinâmica. 2ª edição. U.E.M., Maputo, 1987.

ƒ LOURENÇO, M.; TADEU, V. Física. Provas de Exame Com


Resoluções. Cursos Técnico-Profissional. Texto Editora, Lisboa,
1993.

ƒ POPOV, O. ; HOLMEN, G. Física. Experiências e exercícios.


INDE/Editora Escolar, 1ª Edição. Moçambique, 1991.

ƒ RESNICK, R.; HALLIDAY, D. Física-1 3a edição. Livros


Técnicos e científicos. R.J. Brasil, 1983.

ƒ SERWAY, R.A; BEICHNER, R. Physics for Scientists and


Engineers 5th edition. Saunders College Publishing. Florida,
2000.

ƒ TRIPLER, P. Mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica.


Livros Técnicos e Científicos (4ª edição). Volume-1, 1999.

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