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FF

F L O R E S T A N F E R N A N D E S

O E N S I N O
A N T R O P O L Ó G I C O D E
FLORESTAN FERNANDES
R e c o r d a ç õ e s d e

u m e x - a l u n o

ROBERTO CARDOSO DE OLIVEIRA

C
onvidado por José de Souza Martins namento para as ciências sociais começou
a colaborar neste volume de homena- a se dar através de seus ensinamentos so-
gem a Florestan Fernandes, sinto uma bre Sociologia Geral e Sociologia Especi-
certa dificuldade em escrever sobre al, e sobretudo pelos seminários em Soci-
um autor, que também foi meu pro- ologia das Relações Raciais e Sociologia
fessor (de 1950 a 1953), sem me refe- Comparada (sendo que esta última disci-
rir ao nosso relacionamento pessoal (1). A plina era ministrada juntamente com
escrita acaba tomando, assim, a forma de Roger Bastide). Mas não falarei de mim,
um depoimento. A evocação do encontro senão episodicamente e de maneira
na antiga Faculdade de Filosofia, Ciên- elíptica, pois o nosso personagem – de
cias e Letras da USP, ainda quando na rua todos aqueles que foram seus alunos – é
Maria Antônia, do estudante de filosofia mestre Florestan Fernandes.
com o mestre, impõe-se com muita força Os episódios que irei rememorar tanto
em minha memória sempre que eu me de- quanto alguns de seus textos dos primeiros
paro com o nome de tempos de sua ativi-
ROBERTO CARDOSO DE OLIVEIRA é
Florestan Fernan- professor aposentado da Unicamp e dade docente têm a
presidente da Associação Latino-Americana
des. Não posso dei- de Antropologia (ALA). É autor de, entre intenção de desta-
outros livros, Sobre o Pensamento
xar de me lembrar Antropológico (Tempo Brasileiro), Etnicidad y car a dimens ã o a n -
Estructura Social (Ciesas) e Estilos de
que meu direcio- Antropologia (Editora da Unicamp). t r o p o l ó g i c a de sua

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Florestan em

1960, em banca

de concurso

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obra tanto quanto o seu papel de professor trabalho, não se arriscava em classificar um
exemplar. Ou, com outras palavras, tentarei ex-aluno de Florestan como antropólogo ou,
indicar alguns aspectos pontuais de sua obra mesmo, como etnólogo tout court... E quanto
que sustentariam o que poderemos chamar de a Galvão, certamente o primeiro PhD brasi-
um horizonte antropológico presente pelo leiro em antropologia, formado pela Univer-
menos em seu período de vida acadêmica. sidade de Columbia, não me esqueço de suas
Como talvez seja essa a parte menos conhe- provocações sempre quando tinha a oportu-
cida de sua atuação, seja como autor, profes- nidade de se dirigir a mim, nos primeiros tem-
sor ou pesquisador, creio que cabe lembrá-la pos de minha vida profissional, chamando-
e, especialmente, fazê-la mais amplamente me fraternal e ironicamente de “jovem antro-
conhecida pelas novas gerações. Mesmo por- pólogo social”... Tudo isso conforma um
que, apesar da profusão de escritos relacio- cenário pouco predisposto a uma disciplina
nados com Florestan Fernandes – como re- ou, melhor dizendo, a uma forma de exercitar
centemente o ensaio de Maria Arminda do a antropologia sóciocultural com ênfase mais
Nascimento Arruda, “A Sociologia no Bra- na ordem social do que na cultural, portanto
sil: Florestan Fernandes e a ‘Escola Paulista’” mais vinculada à tradição européia – francesa
(2), nos atesta –, entendo que sempre se pode e britânica – do que à tradição norte-america-
acrescentar algo mais sobre o itinerário inte- na. Tradição européia que inspirava o ensino
lectual de quem foi incontestavelmente a fi- do professor Florestan. Mas se o cenário não
gura mais marcante na construção da socio- era especialmente propício ao recebimento
logia no Brasil – e não apenas em São Paulo da disciplina pelos antropólogos da época, a
– nesta segunda metade do século. presença de Florestan era suficientemente
Mas em seu esforço de constituí-la entre marcante para contribuir para abrir caminho
nós, não deixou de dar uma expressiva con- à sua implantação definitiva – o que ocorreria
tribuição à constituição de uma outra disci- na década seguinte.
plina, a antropologia social, que pelo menos Gostaria de começar com minha experi-
na década de 50 quase não tinha direito à ci- ência pessoal na relação aluno-professor: di-
dadania acadêmica! Lembro-me que poucos ria que a atração intelectual que ele exerceu
falavam então em “antropologia social”, em sobre mim desde o nosso primeiro contato foi
que pese a passagem de Radcliffe-Brown por em razão da forma sofisticada que conseguia
São Paulo, pela Escola Livre de Sociologia e imprimir no trato de sua disciplina, a sociolo-
Política, onde, aliás, foi professor do jovem gia. Destaco inicialmente os seus Apontamen-
Florestan. Antropólogos famosos nos anos tos sobre o Problema da Indução na Sociolo-
50, como Herbert Baldus ou Eduardo Galvão, gia, cuja edição original é de 1954, ainda que
olhavam com uma certa inquietação isso que o manuscrito seja de 1953 – quando eu ainda
se chamava de “antropologia social”. O pri- era seu aluno de graduação, embora matricu-
meiro, ao convidar Florestan Fernandes para lado no curso de Filosofia. É um texto que
organizar um simpósio no XXX Congresso examina os aspectos epistemológicos da obra
Internacional de Americanistas (1954), não de Durkheim, de Weber e de Marx, demons-
teve a coragem de classificar o simpósio como trando uma leitura cuidadosa sobre a questão
sendo de antropologia social, preferindo da indução, principalmente em filósofos como
1 As idéias que tomam aqui
a forma de artigo foram ori-
chamá-lo de “symposium etno-sociológico Bacon, Kant e Hegel. Certamente isso se
ginalmente apresentadas
numa mesa-redonda orga-
sobre comunidades humanas no Brasil”; e constituiu para mim num grande atrativo para
nizada por Renato Ortiz, ainda o próprio Baldus quando recomendou acompanhar seus cursos –preponderantemen-
em homenagem póstuma
a Florestan Fernandes, e meu nome a Alfred Metraux, como alguém te como estava interessado em questões de
realizada no Instituto de Fi-
losofia e Ciências Huma- que em sua opinião estava habilitado para epistemologia das ciências humanas. Esse
nas da Unicamp no dia 26
de setembro de 1995. estudar o parentesco e a organização social interesse se robusteceu ainda mais quando
2 Ensaio incluído em: Sérgio dos recém contactados Xetá, localizados em tive a oportunidade de ter acesso, em 1953, à
Miceli (org.), História das
Ciências Sociais no Brasil,
Santa Catarina, definiu-me como um “com- sua tese de livre-docência que acabara de
volume II, Idesp/Editora
Sumaré/Fapesp, 1995, pp.
petente etno-sociólogo”, pois em sua forma escrever, intitulada Ensaio Sobre o Método
109-231. de ver, apesar de bastante simpática ao meu de Interpretação Funcionalista na Sociolo-

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Banca examinadora

do concurso de

Fernando Henrique

Cardoso, em 1961 —

da esquerda para a

direita: Lourival

Gomes Machado,

Sérgio Buarque de

Holanda, Florestan

Fernandes e Thales

de Azevedo

gia. (Esses dois trabalhos seriam editados no A Organização Social dos Tupinambá (1949),
seu celebrado Fundamentos Empíricos da Ex- de mestrado, e A Função Social da Guerra na
plicação Sociológica, em 1959.) A propósi- Sociedade Tupinambá (1952), de doutorado,
to, devo dizer que essa tese serviu de texto foram objeto de leitura interessada e diligen-
central do curso que pude acompanhar du- te. Lembro-me de ouvir de Alfred Metraux
rante os dois semestres de 53, ano de minha os maiores elogios ao seu livro sobre a orga-
licenciatura. Como era apenas eu a cursá-lo, nização social, dizendo ser uma obra que ele,
pois se tratava do único aluno de filosofia a Metraux – o autor de A Civilização Material
solicitar um curso especial a ser oferecido no dos Tupinambá –, gostaria de ter escrito; e,
âmbito do curso de Ciências Sociais, as aulas sobre a função social da guerra, lembro-me
passaram a ser ministradas na própria resi- de haver lido um entusiástico artigo-resenha
dência do professor – situada, aliás, na mes- de Robert Murphy, dizendo que Florestan
ma rua em que eu, recém-casado, morava com Fernandes tinha recriado o método
meus sogros: na rua Nebraska, no Brooklin funcionalista por mostrar sua eficácia tam-
Paulista, o que evidentemente facilitava mui- bém no uso de dados bibliográficos e não
to a ambos. A essa altura eu já estava sufici- exclusivamente na pesquisa de campo (o que
entemente ligado ao professor para continuar para um funcionalista impenitente, como
a receber dele uma influência que me levaria, Radcliffe-Brown, seria inconcebível!).
alguns anos depois, a fazer o doutoramento Foi, portanto, nesse cenário, que convivi
sob sua orientação. Esclareça-se que a seu com Florestan Fernandes durante os anos uni-
convite – prática usual naquela época. versitários. Evocando agora o conjunto de
Em suma, posso dizer que passei a ler os seus trabalhos que se inserem ou tangenciam
textos mais antropológicos de Florestan a minha disciplina de hoje, a antropologia,
Fernandes a partir de um interesse desperta- gostaria de mencionar algumas de suas preo-
do por trabalhos que ele classificava como cupações que, a meu juízo, sinalizam a pre-
sendo da ordem de uma Sociologia Geral, em sença do ponto de vista antropológico em sua
que questões de metodologia estavam postas sociologia. Em primeiro lugar, cabe registrar
juntamente com as de teoria. Suas duas teses, sua sensibilidade, manifestada desde os

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primórdios de sua formação, para a questão trabalho foi fundamental quando anos depois,
do folclore paulista que em nenhum momen- ao me encontrar diante da tarefa de estudar os
to assumiu teor de mera busca de sobrevivên- índios Terena em Mato Grosso do Sul, vi-me
cia; ao contrário, esse folclore foi o alvo de na contingência de dar conta da bibliografia
uma investigação onde Florestan Fernandes setecentista e oitocentista relativa ao Chaco
exercitaria pela primeira vez (como esclare- paraguaio, onde aqueles índios habitavam
ce em sua magnífica autobiografia – publicada antes de migrarem para as terras do Mato
em A Sociologia no Brasil) os instrumentos Grosso do Sul. A crítica das fontes e a avali-
da pesquisa empírica. Pode-se dizer, por ação de sua consistência interna, realizada
exemplo, que seu estudo sobre as “trocinhas” criativamente por Florestan, revelando simul-
do Bom Retiro se constituíram em sua pri- taneamente a possibilidade de considerar
meira etnografia. Em seu próprio itinerário dados fragmentários como suscetíveis de
pessoal, Florestan repete uma trajetória que é ampararem uma interpretação sincrônica dos
comum em países europeus, como a passa- mesmos, praticamente viabilizou minha in-
gem do folclore à antropologia. E seus estu- tenção de construir um modelo da estrutura
dos sobre Amadeu Amaral e Mário de social da sociedade Terena, tomando como
Andrade (cf. capítulos, VIII e IX de seu livro linha básica o período chaquenho daqueles
A Etnologia e a Sociologia no Brasil) mos- índios aruaque. Nesse sentido, meu primeiro
tram a quanto ia o seu interesse pelo folclore livro, O Processo de Assimilação dos Terena,
como importante expressão da vida social. editado em 1960, é a expressão mais direta de
Em segundo lugar, gostaria de chamar a meu aprendizado etno-historiográfico com
atenção para seu ensaio “Tiago Marques Florestan Fernandes. Mas creio que não é
Aipobureu: um Borôro Marginal”, escrito em ocioso registrar – especialmente para o leitor
1945, portanto quando Florestan era ainda interessado no ensino do professor – que esse
aluno do professor Herbert Baldus - que cer- primeiro livro sobre os Terena (que Florestan
tamente o inspirou a retomar um tema que ele queria que eu já o apresentasse como tese de
próprio havia desenvolvido em seu artigo, doutoramento e que somente deixei de fazê-
intitulado “O Professor Tiago Marques e o lo por não me considerar ainda em condições
Caçador Aipobureu” (publicado na coletâ- de candidatar-me a um doutorado) – seria
nea de Baldus Ensaios de Etnologia Brasilei- seguido, alguns anos depois, após minha se-
ra, de 1937). Nesse trabalho Florestan realiza gunda experiência etnológica, realizada com
uma análise magistral sobre a complexidade os Tukuna do alto rio Solimões (3), por mi-
da interação entre culturas distintas, geradora nha tese doutoral sobre os mesmos Terena e
de marginalização psicológica e social. Um com o título absolutamente florestanesco Ur-
texto bastante esclarecedor sobre a natureza banização e Tribalismo: a Integração dos
das relações interétnicas no Brasil indígena. Índios Terena numa Sociedade de Classes
Um terceiro ponto que eu gostaria de destacar (1966; publicado em 1968 pela Zahar). Já aí
- e talvez esteja aí a sua maior contribuição à era a sua tese de cátedra A Integração do Negro
metodologia da Antropologia Social - foi a à Sociedade de Classes a influenciar o meu
investigação bibliográfica que realizou nas trabalho. E, se me reporto a escritos meus é
fontes quinhentistas e seiscentistas relativa- para afirmar que meu aprendizado com
mente à sociedade Tupinambá. Claro que o Florestan não se limitou ao período de gradu-
resultado substantivo dessas investigações se ação; prosseguiu durante os primeiros tem-
encontra nas duas monografias a que já me pos de minha vida profissional no Rio de Ja-
referi, destinadas a teses acadêmicas. Mas seu neiro e intensificou-se a partir de minha deci-
ensaio exploratório da bibliografia são em aceitar sua oferta de realizar meu
compulsada, parece-me – para todos os efei- doutoramento sob sua orientação. E, que eu
3 O resultado da pesquisa tos – extraordinário. Estou me referindo ao saiba, vale ainda lembrar que o segundo dou-
seria publicado em O Índio
e o Mundo dos Brancos e
texto “A Análise Funcionalista da Guerra: torando de Florestan, na área da antropologia
cuja primeira edição é de
1964, pela Difusão Euro-
Possibilidades de Aplicação à Sociedade social especificamente voltada para as socie-
péia do Livro. Tupinambá” (1949). Para mim a leitura desse dades indígenas, foi um ex-estudante meu,

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Roque de Barros Laraia, com sua tese douto- 69), posso dizer que pelo menos o texto rece-
ral sobre os índios Tupi (hoje, meu colega e beu de um sociólogo como Talcott Parsons
amigo Roque Laraia é professor emérito da sinceros elogios quando, no início dos anos
Universidade de Brasília) (4). Como expres- 70, tive a oportunidade de conversar com ele
são de nosso reconhecimento ao orientador sobre Florestan, ocasião em que ele me per-
comum, ambos dedicamos a ele nossas teses guntou sobre quem havia sido o adviser de
tão logo foram editadas. meu doutorado. Não me lembro como Parsons
Mas retomemos os comentários sobre o também havia tomado conhecimento do livro
que entendo como suas contribuições à an- Fundamentos Empíricos da Explicação So-
tropologia social, agora com referência às suas ciológica, mas o certo é que demonstrou
pesquisas bibliográficas ainda relativas aos conhecê-lo, confessando ter ficado muito
Tupinambá. Não posso deixar de mencionar impressionado com o domínio demonstrado
a sua preocupação com o teor das relações por Florestan relativamente à teoria socioló-
interétnicas entre esses índios e os conquista- gica; e satisfeito em ver sua obra – dele,
dores. Como subproduto de suas investiga- Parsons, um dos autores mais citados – co-
ções, elabora um interessante texto destinado nhecida no Brasil. E o interesse de Parsons
à História Geral da Civilização Brasileira, foi tanto maior quanto sempre foi o seu em-
de Sérgio Buarque de Holanda, que intitula penho em “unificar” as ciências sociais, como
“Os Tupi e a Reação à Conquista”. Nesse tra- revela sua criação do Department of Social
balho vemos sua preocupação em tratar a Relations da Universidade de Harvard, onde
questão das relações interétnicas não no âm- sociologia, antropologia social e psicologia
bito – corrente à época – da teoria de social se cruzavam em interessantes pontos
aculturação, mas em termos bem diferentes, de articulação disciplinar. Essa me pareceu
como o de qualificar o contato entre índios e ser a razão maior de seu interesse sobre a obra
brancos como de pura conquista. Realmente, de Florestan, um sociólogo que, como ele,
isso não era usual na etnologia brasileira, percorria com muita facilidade diferentes
quando a tendência era examinar o processo campos das ciências sociais.
de aculturação emergente do contato Costumo dizer que a atuação de Florestan
interétnico. Fernandes na academia permite classificar
Porém, eu não devo concluir essas consi- como carismático (5) todo o período em que,
derações sem aludir, ainda que brevemente, sob sua liderança inconteste, pôde-se obser-
ao seu trabalho de crítica talvez o mais co- var o surgimento de uma comunidade profis-
nhecido e utilizado pelos antropólogos: seu sional possuidora de uma base dotada de
longo ensaio “Tendências Teóricas da Mo- inequívoco padrão de qualidade no trabalho
derna Investigação Etnológica no Brasil”, pu- científico, tanto quanto de uma ética acadê-
blicado originalmente na revista Anhembi, mica bastante sintonizada com o momento
nos anos de 1956 e 57. Não preciso dizer que histórico por que passavam as ciências soci-
é um trabalho de fôlego (como, aliás, tudo ais em nosso país. É verdade que isso tudo é
que Florestan Fernandes escreveu). Além de bem sabido por todos nós que o conhecemos
tratar da questão da formação de um padrão e mesmo para aqueles que somente o leram.
4 Publicado com o título: Tupi:
intelectual de trabalho científico entre nós, Mas nunca será demais relembrarmos fatos Índios do Brasil Atual, Sé-
rie Antropologia 11,
identifica um conjunto de focos de interesse como esses. O professor Florestan Fernandes, FFLCH-USP, 1986. Flo-
teórico na antropologia que se fazia no Brasil mercê de sua indiscutível competência e de restan só não presidiu a
Banca de Exame da Tese,
até meados dos anos 50. É uma contribuição sua conduta exemplar de verdadeiro scholar, substituído por Luiz Perei-
ra, por haver sido aposen-
à formação de uma consciência da disciplina construiu uma trajetória intelectual que, tado, atingido pelo AI-5.

e que até hoje cumpre sua função elucidadora. direcionada para a consolidação da sociologia 5 Cf. meu artigo “O que é isso
que chamamos de Antropo-
Ademais, a considerarmos a leitura desse entre nós, também não deixou de influenciar logia Brasileira?”, in Anuá-
rio Antropológico, 85,
ensaio fora do Brasil, graças à sua versão em fortemente a pesquisa antropológica no Bra- pp.227-46; republicado em
inglês, “Current Theoretical Trends of sil. E agora, quando reverenciamos sua me- minha coletânea Sobre o
Pensamento Antropológi-
Ethnological Research in Brazil”, publicada mória, nada me pareceu mais justo do que lem- co, Rio de Janeiro, Tempo
Brasileiro-CNPq, 1988,
na Revista do Museu Paulista (1959, pp. 7- brar uma pequena parte de sua produtiva vida. cap.5.

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