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PAGINAS FOLCLORICRS (ir. Revista Lusitana, vol. Xxx, page. 123, #8.) Vv ARVORES, FLORES & FRUTOS como o povo as vé, sente e canta 1.4 SERIE A) A LARANJEIRA E A LARANJA Tudo que rodeia o povo ou com éte convive, lhe fornece inspiragdo poética. Ha, porém, alguns pormenores mais inci- sivos nas coisas, como a cér, a forma, o aroma, isto 6, certos caracteres organolépticos, euja sugestio domina. Se qualquer virtude terapéutica Ihes 6 atribuida, quer real, quer imagina- ria, sobe de ponto o seu poder de comandamento no espirito. A poesia rtistica tem por natureza propria da vida infe- rior do campénio, 4 mercé da seiva bruta, o earfcter acen- tuadamente erdtico, dominante, de faunos em continéncia. Sobretudo na observagio e trato das plantas, hé formas, aspectos, semelhangas de qualquer das suas partes com érgios humanos, hé coloridos singulares, que despertam reacgao no homem em intenso contacto com a natureza. Hilaridade, ironia, erotismo, singela comparanga, formam graus dife- rentes em extensiio e profundeza. Em aparecendo alusio a propriedades magicas de plantas, ou simplesmente qualidades curativas, podem ter perdido a pratica terapéutica ou magica, indicio todavia sio de existéncia. O prof. Arturo Castiglione publicou em Medicina Inter- nazionale o estudo reproduzido em La Médecine Internatio- nale Iustrée de Novembro do ano passado, com o titulo de série Les plantes magigues e subtitulo da matéria tratada La Mandragore (1). Afirma que tédas ou quasi tédas as () Medicina Internazionale, de Milo, n.” 5, Maio, e 6, Junho, de 1932. La Médecine Internationale Hlusirée, de Pavia, n’ 11, Novembro de 1933, PAGINAS FOLCLORICAS at crengas magicas repousam em verdade ou base verdadeira; se uma planta tem fama de curativa, pode-se crer que lhe pertencem virtudes ligadas a efeitos migicos. A magia, continua éle, 6 0 exagéro e o mistério das qua- lidades que a medicina empirica lhes reconheceu. Nem sempre me parece assim. A forma evocadora de associagiio de ideias pode provocar a magia, ou conjunto de priticas mégicas, com ritual adequado, em que a forma, bem como a cér, mobilidade, ote., represente o objecto simulado. O citado professor nos forneco exemplos na magia e curandaria da mandragora, da pulmondria, do rantinculo: a mandragora, por na raiz tuberculosa tomar aspecto humano; a pulmonéria, por se assemelhar aos pulmdes; e o rantineulo, por na cdr das fldres lembrar os rins. Em easos, quando a sugestéo 6 mutiltipla e seriada ou nao, sobrepdem-se crencas, virtudes, prdticas. Tomemos a laranja. Nao se limita ao fruto, pela forma 6 cér e aroma, a importancia especial que tem no folclore portugués. Estende-se A flor de onde provém, e atinge a arvore ‘inteira. A larangeira tem no fruito lindo A cér, que tinha Daphne nos cabelos. Os Lustadas (). Camées inspirava-se na beleza e na sugestio de feminili- dade vibrante da laranja. Priticas de poder passado, apenas anotadas em cantares, praticas de poder actual, evidentes em uso continuado, denun- eiam a virtude primaz da laranja. A flor simboliza virgindade; elementos formativos: a) a cor branca de pureza, sem miicula; 4) a origem do fruto, apés fecundagao. O fruto pela forma, todavia mais perfeita no limao, Os fermosos limées ali cheirando Estado virgineas tetas imitando () () Os Lustadas, edigac da Biblioteca Nacional, Lisboa, 1921, Canto Ix, fi. 149, est. 1 @) Id. eod. lee. m8 REVISTA LUSITANA na imagem similar, evocada por Camées, pela esfericidade, pois que , e a presta 4 magia amo- rosa do sorteio de amores pelo rolamento ou pelo arremésso, e pelos dois movimentos combinados, simboliza convite, pro- vocacdo, o amor carnal, o fruto da flor da virgindade. Quem tenha percorrido laranjais imersos em nevoeiro, com os frutos maduros a espreitarem, poderd sentir como o povo o mistério da cér na perturbagio das formas. Parece-me que a éste sentimento recorreré quem pretenda explicar a seguinte quadra, nos dois primeiros versos, tarmo primeiro da comparacio ou mera evocagao: A laranja, de madura, Caiu ao pogo da neve; [Nunca tu encontrarés Amor firme como eu eral (3). « ou cerrado, invélucro de névoa. O nevoeiro pela opacidade 6 vedagio, pelo aparecimento inexplicado na inteligéncia popular, pela descontinuidade nos objectos, como pelo prejuizo agricola ou mera incomodi- dade climatérica, provocou ou favoreceu lendas, prestou pré- ticas mfgicas para o afastar ou . De passagem, lembre-se que em vdrios lugares «arramam> o nevoeiro malé- fico trés mulheres, chamadas Marias, em fraldas de camisa, misto de crendice na virtude do mimero 3, na virtude do nome Maria, e de informe 6 provavel hetairismo no sim- plismo do traje. Pela forma de semethanga mais ou menos intima 6 per- feita, associam-se A laranja os outros pomos citricos de Portu- gal —o limao 6 a lima, e, além déles, a maga. Deverd notar-ae que, assim como na herfldica folelérica da rosa, esta flor se opée ao cravo, paralelamente & diferenciagio de sexo entre as personagens a que se aplica o simbolo da flor (rosa sempre alusiva 4 mulher, cravo sempre que a poesia amorosa alude ao homem), também a laranja se ope no mesmo significado 0 limio. () Afonso do Pago, Cancionetro de Viana do Castelo, Braga, 1928, pag. 13, n.? 78. PAGINAS FOLCLORICAS 219 O limo tira o fastio, [Tira de mim o sentido, A laranja o bem querer. Se me queres ver morrer] (#), Botei o limao no vinho, A laranja na aguardente; [Nao se faga vocé grave, Que néo vem de melhor gente] (?). On, ao invez, nesta quadra de Santo Tirso, com a mesma. feigdo das precedentes: A laranja tira o fastio, {Trocaste a mim por outra, O limo o bem querer; Inda te hés-de arrepender] (5). @) Rapa (Celorico da Beira): D. Maria Angelina Fur- tado de Mendonca, Cantigas populares, in Revista Lusilana, XVI, pag. 312, 0.° 143. Esta quadra esté mui vulgarizada. Os dois primeiros ver- 80s mantém-se; os outres tem variantes secundérias: Tirai-me dos meus sentidos, Se me quereis ver morrer, Barcelos, Anténio Gomes Pereira, Tradigies populares, Hinguagem, de Barcellos, Espdzende, 1916, pig. 101, n.° 339, Outros ainda invertem o sentido, dissuadindo amoros: Tira de mim o sentido, Tenho médo de morrer. 8. Simao de Novais, Fernando C. Pires de Lima, Can- cioneiro de S. Simao de Novais, in Revista de Guimaraes, XXXII, @ sep. 1.* série, 1923, pag. 8, n.° 22, Nao te apaixones, menino, Se nado me queres ver morrer. 8. Tirso, Augusto C. Pires de Lima, Tradicdes populares de Santo Tirso, in Revista Lusitana, xvi, pig. 326, n.° 282. @ Ilha de S. Jorge (Adres), Tedfilo Braga, Cancioneiro popular das ilhas dos Agéres, in Revista Lusitana, u, pag. 9, n? 137. @) Santo Tirso, loc. cit. pig. 331, n.° 857. 230 REVISTA LUSITANA % certo que surgem desconcertos, como éste da quadra de Barcelos (), em que o homem é e a mulher . () S. Simao de Novais, loc. cit, Revista de Guimardes, e sep. 2." série, pig. 11, n.° 510. Barcelos, loc. cit, pag. 50, n° 68. () Barcelos, loc. cit., respectivamente, pags. 101-102, n° 344, © 102, n.° 345. PAGINAS FOLCLORICAS Laranjeira ao pé da serra, Castanheiros sem ourigos Que laranjas pode dar? Que castanhas pode dar? Um filho de gente pobre, Homem pobre sem dinheiro, Que amores pode tomar? Que amores pode tomar? (*), . A laranja entra nos cantares com a forma, @ com a cér. Domina a forma, com sua esfericidade que lhe vai dar cor- rida, para «botar». A laranja, quando nasce, A laranja, quando nasce, Naace logo redondinha. Logo nasce redondinha. {Também tu, minha menina, [Também tu, quando nasceate, Nasceste para ser minha] (*). | Logo foi para ser minha) (9). Roeferéncias ao paladar do saboroso fruto acridéce: Minha laranjinha azeda, Salpicadinha e déce, [O amor 6 como a vida, Em se ausentando, adeus, foi-se] (*). O minha laranja déce, [Mais de quatro tem inveja © meu limao repartido, De tu falares comigo] (). * Pedir, dar, atirar laranjas tem significagdo especial. A la- ranja nao 6 virginal como a flor. E o fruto dossa flor. Vimos @ Uha de &. Jorge, ed. Revista Lusitana, 1, pag. 293, n° 217, e I, pag. 9, n.° 130. €) Pedro Fernandes Tomaz, Cangées populares da Beira, Coimbra, 1923, pag. 216; Barcelos, loc. cit., pag. 99, n.° 333; Vila Real, A. Gomes Pereira, Revista Lusitana, 1x, pig. 256, nw 254. @ Rapa, loc. cit., Revista Lusitana, xvi, pig. 312, n.° 146. @ Serpa, M. Dias Nunes, Linguagem e tradigées popu- lares da villa de Serpa, in Revista Lusitana, Ty, me. 108. ©) Rapa, loe. cit., pag. 312, n.° 144, 284 REVISTA LUSITAKA como lhe atribui o povo propriedades amorosas, estimulan- tes. H. Gaidoz exp6s om La requisition d'amour et le symbo- lisme de la pomme (") as provas que o levaram & convicgio de que a maga, ou em geral qualquer outro pomo, é sinal de amor 6 mensagem de amor. Pode, sem diivida, dizer-se que o sentido original déste significado se perdeu. Ficou déle, porém, o bastente para se reconhecer a existéncia, A atitude mental de quem pede e de quem dé, condiz com o perdido sinal de mensagem, em algu- mas cantigas claramente pdsto. Tenho uma laranja doce Toma lA esta laranja, No fundo do meu bati, Nao digas que eu que ta dei; Para dar ao meu amor; Meu pai nao tem laranjal, Queira Deus nao sejas tu). De certo que a roubei (*). Toma 1 esta laranja, Nunca digas quem ta deu; Que foi a primeira fruta, Que o pomar de meu pai deu {‘). Menina do laranjal, Da-me da péra a perada, Deite-me uma laranjinha; Da maga um bocadinho, Inda que ela seja azeda, Da laranja s6 um gomo, Da sua mio é docinha (5). Da tua b6ca um beijinho (°). Esté no arremésso igual prova de existéncia primitiva. O arremésso ou langamento da laranja 6 freqiientissimo nas quadras. Arremessar ou langar a laranja, 0 limao, a macd, () Annuaire da Escola de Estudos Superiores de Paris, 1901, pags. 5, e 88. @) Rapa; loc. cit, Revista Lusifana, Xvi, pag. 312, n° 145, @) §. Simao de Novais, loc. cit., Revista de Guimarées, XXXII, © sep. 1." série, pig. 9, n.° 36. (@) Rapa; loc. cit, pag. 306, n.° 76. (3) Agostinho de Campos e Alberto de Oliveira, Mil Trovas, 3." ed., Lisboa, 1917, respectivamente, pig. 77, n.° 233, © pig. 999, n.° 997. PAGINAS FOLCLORICAS 285 como fléres, féthas, pedras (4), convida amores ou sorteia-lhes a ventura. Fui & fonte beber 4gua, Atira-te e4 p'ra baixo, Nunea tal dgua bebera; Laranja, da laranjeira: Deste-me uma laranjada Eu te acadarei nos bragos, No meu colete de sdda (*}, Ou no lengo dalgibeira @. Atirei co’a laranja a0 ar, Co’a laranja ao ar, caiu na areia; Co’a vista dos teus olhos, Quem tem juizo, vareia (*). Botei a laranja ao ar, Quis falar ao meu amor, La do ar ae chao caiu; Minha mie néo consentiu. Indica-se na cantiga contra quem se lanca a laranja, ou figuram noutras os nomes de povoagdes aonde se langou e até onde rolou. Atirei uma laranja Atirei uma laranja A menina da janela; A menina da varanda; A laranja caiu dentro, A laranja caiu dentro, A menina quem ma dera. A menina ja c4 anda. () Vid. meu O Amor Portugués, Lisboa, 1922, pig. 34. @) Viana do Castelo, loc. cit, pag. $4, n.° 527, «Laran- jada>, pancada com laranja; o atirador arremessou-a e bateu com ela no colete de séda da rapariga. Compare-se com estoutra completada por segunda, sem laranja : Fui & fonte beber agua, A pedra era de vidro, Bebi gua que nem terra; Caiu no chao, féz-se em flores; De cima da fortaleza Nao digas a minha mae, Atiraram-me c’uma pedra. Que eu hebi 4gua d’amores. 8S. Miguel (Agéres), Revista Lusifana, iv, pag. 304, n.* 389-390, () Viana do Castelo, loc. cit., pag. 34, n.° 202. « Acadar» = arrecadar. () Chaves. O 3.° verso tem a variante: ausente do seu amor. 6 REVISTA LUSITANA Atirei uma laranja Por cima de Braga fora; Adeus, Braga; adeus, cidade; Adeusinho vou-me embora (1). Atirei uma laranja Por cima de Chaves fora; A laranja caiu dentro, Adeus, Chaves, vou-me embera (*). Alusdes a laranjas ou limes pelo cho, de certo se adap- tam a esta virtude magica. Tantas consultas hi, que muitos pomos juncam o solo. Tanto limao, tanta lima, Tanta laranja da China, ‘Tanta laranja no chdo! Tanto limao pelo chao! ‘Tanta cachopa bonita, ‘Tanto sangue derramado Nenhuma na minha mao! (°), Do meu coragio! (4). E prov4vel, por dedugao, que chamar a alguém «pau de Jaranjeira>, tenha origem congénere, em expresses como esta: branea; (Como hei-de eu amostrar graga A quem me mostra carranca?] (*), Limoeiro da calgcada J4 nado pode dar limdes, Que Ihe cairam as félhas P’ra render coragdes (*). (} Acérca das qualidades medicinais da laranja, que no século XVI se empregava contra o escorbuto, cfr. Ribadeau- ~Dumas, in Presse Médicale, n.° 10, 1931. (@) Viana do Castelo, loc. cit., pag. 174, n.° 932. C) S&S. Simao de Novais, loc. cit., Revista de Guimardes, @ sep. 2,* série, pag. 26, n.° 745. 38 REVISTA LUSITANA Muito brilha o limao verde, Quando esta no limosiro; Nao hé fruta como éle. Nem amor como o primeiro ('). Assubi ao limoeiro, Limoeiro da calgada, Cother uma s6 ; Ja néo quero os teus limdes; P’ra quem for entendido, J4 te cortaram a rama, Meio aceno Ihe basta (*). P'ra vender coragées (5). Aroma, cheiro, virtudes, forma do liméo sempre apare- cem nas cantigas. Observe-se nas quadras anteriores e em outras comune A laranja. O limao tem rico cheiro, Enquanto néo apodrece; {Assim siio os amores novos, Enquanto nao aborrece(m)) (‘). © limao 6 fruta azeda, Quem me dera ser limio, Que se traz na mao por brio; Que te tirava o fastio (®). O limo é providéncia, No teu peito 6 rigor; Quem te quis bem noutro tempo Inda te hé-de ter amor (°). O limao 6 fruta azeda, Que se vende na botica. [Ama-se quem 6 de gosto, Quem nao é de gésto, fea] (’). () Beira. P, Fernandes Tomaz, Cancioneiro popular da Beira, pig. 216. () Santo Tirso, loc. cit. pag. 318, n.° 180, ®) Vila Real, loc. cit, Revista Lusitana, x, pag. 125, n° 352. (4) Viana do Castelo, loc. cit., pag. 171, n° 933. 0) 8. Jorge, Reviste Lusitana, Iv, pag. 299, n.° 313. (8) 8. Jorge, loc. cit., Revista Lasitana, tv, pig. 13, n.? 195. () Vila Real, loc. cit., 1x, pag. 243, n.° 55. PAGINAS FOLCLORICAS 280 O limao verde, apanhado, O pé the fica chorando; {Assim sfo os meus amores, Quando por mim vio passando] (#). O limo, enquanto verde, Limoeiro do Brasil, Tem um aparo galante; Deita-me c&é um limio, [Nao te temas que eu te deixe, Quero tirar uma nédoa Sem haver causa bastante] (). Que tenho no coracio (). Subir ao limoeiro significa assalto de amores na colheita do limao; por isso 6 freqtiente a alusio. Assubi ao limoeiro, Assubi ao limosiro, Cheguei so meio, cai; Cinco félhas Ihe tirei; O limoeiro 6 morte, Cinco sentidos que eu tinha, Ai de mim, que jé morri! (4. Todos em ti empreguei (°). Assubi ao limoeiro, Pus o pé na primavera; Murmurai, murmuradeiras, Que eu sempre fico quem era (*). Como com a laranja, tem 0 mesmo sentido o arremésso do limdo. Requisitar, tentar, pedir amores, assim diz. Ou se atira e@ vai cair, ou se langa a rolar e procura-se saber onde pira. Atirei o limao redondo, Botei o limdo eorrendo, A tua porta parou; A tua porta parou. Quando o limao te quer bem, Quando o limio te procura, Que faré quem o deitou? (°). Que faré quem no botou? (7). () 8. Jorge, loc. cit. Revista Lusitana, u, pag. 10, n° 147, @ Rapa; loc. cit, xv, pig. 315, n.° 186. @) Mil Trevas, cit., pig. 217, n.° 679. @) Viana do Castelo, loc. cit., pag. 82, n.° 188; Barcelos, loc. cit., pag. 44, n.° 37. (} Viana do Castelo, loc. cit., pag. 32, n. 189; Barcelos, pag. 52, n.° 8t. © Viana do Castelo, loc. cit., pag. 32, n.° 190; pag. 35, n.° 206, respectivamente. () & Simao de Novais, loc. eit., Revista de Guimardes, XXXH, ¢ sep. 1.* série, pag. 9, n.° 37. REvWrs LOBITARA, vol, XxX1, feo, i-t 8 230 REVISTA LUSITANA Deitei o limao correndo, A tua porta parou. Qual seria 0 atrevido, Que o limao alevantou? (1) Deitei o limao correndo Da praca ao pelourinho; Quanto mais 9 limao corre, Mais te quero, meu benzinho (*} Atirei co’o limao verde, Atirei c’um limao déce A tua porta parou As janelas de Guiomar; Quando o limdo tem amores, Ai, Jesus, que 14 matei Que far quem néle pegou? = Aquela pomba real! Deitei o limdo correndo, A tua porta parou; Quando o limao te quer bem, Que faré quem o deitou? Atirei c’o limo verde, A tua porta foi rodando. Eile te foi avisar De que eu te estava esperando. Outras quadras déste género poder4 ver quem o queira, no estudo Arremessos simbélicos na poesia popular portuguesa, do Sr. Dr. Leite de Vasconcellos, publicado na Revista Lusi- tana, vol. VII, pags. 126 a 182. Para conctuir, esta de Serpa: Daquela janela alta Me atiraram c’um limao; A casca deu-me no peito, O sumo no coragio (). () Trancose, Felicio dos Santos, Linguagem popular de Trancoso, in Revista Lusitana, v, pig. 169. (2) Alentejo, L. de Vasconcellos, in Revista Lusitana, VH, pag, 130, n° 32. @) Loc. cit., Revista Lusitana, rv, pag. 106. PAGINAS FOLCLORICAS 291 C) A MAGA J4 que a magé tem na poesia popular aspactos semelhan- tes 4 laranja e ao limdo, reiino, como apéndice, algumas qua- dras comparativas, que se lhe refiram. Antoninho, maga verde, Criado no ramo novo; Bem poderas tu ser meu, Sem dares «motim» ao povo ('). Minha magi vermelhinha, Minha magi vermelhinha, Que me deu um cagador, Que me deu um brasileiro, HA trés anos que a tenho, Ha trés anos que a tenho, Ainda nfo perdeu a cér. Ainda nao perdeu o cheiro. Minha magé vermolhinha, Atirei c’uma mac douro Nem na comi, nem na dei; Ao castelo de Palmela, Aceitei-a como prenda, Matei uma Palmeloa, No coragio a guardei (*), Que estava de centinela. As lendas populares de maravilhas de principes e prin- cesaz, encantados de amor, amitidam as virtudes das macas. Magis de ouro, «maganicas» de ouro, macis de prata, cons- tituem escrinios de mistérios mAgicos. Luis CHaves. () Alentejo. «Motim> = motivo. @) Barcelo, loc, cit., respectivamente, pig. 40, n.* 15, ide 16.

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