Está en la página 1de 150

Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

1
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

2
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

3
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Expediente
Autores:

Adriano da Costa Valadão, Mestre em Ciências Sociais Aplicadas, militante do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Carlos Neudi Finkler, Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente - Setor de Produção
Cooperação e Meio Ambiente - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Cassemiro Chebinski, Engenheiro Agrônomo, Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente -


Setor de Produção Cooperação e Meio Ambiente - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Cinara Fátima Benetti Pinto, Médica Veterinária, Setor de Produção Cooperação e Meio Ambien-
te - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra;

José Maria Tardin, Técnico Agropecuário, Setor de Produção Cooperação e Meio Ambiente -
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra;

Priscila Facina Monnerat, Engenheira Florestal, Setor de Produção Cooperação e Meio Ambiente
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra;

Silvana dos Santos Moreira, Engenheira Agronoma, Setor de Produção Cooperação e Meio Ambi-
ente - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Lílian Garcia Faria, Zootecnista, Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente - Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

CRIAÇÃO,ARTE FINAL E DIAGRAMAÇÃO:


Lance Livre Design, Produções e Editora Ltda., fone: (0xx41) 3229-3784.
E-mail: joseursi@superig.com.br
IMPRESSÃO:
Editora Gráfica Popular Ltda., fone: 3346-0034.
E-mail: g.e.p@brturbo.com.br

Site: www.jornadadeagroecologia.com.br
E-mail: secretaria@jornadadeagroecologia.com.br
Junho de 2006

4
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Sumário
Carta da 4ª Jornada Paranaense de Agroecologia ....................................................... 6
Manifesto da Américas .............................................................................................. 14
A necessidade de cooperação na produção ecológica .............................................. 18
Agroecologia: A organização camponesa reconstruindo o sustento da vida e a transfor-
mação da sociedade ................................................................................................... 21
Agronegócio e destruição da natureza ...................................................................... 26
Sustento familiar: A despensa da família camponesa ............................................... 29
Agroflorestas.............................................................................................................. 40
A agroecologia e suas técnicas .................................................................................. 43
Plantas companheiras e antagonistas: ....................................................................... 45
As Sementes São Patrimônio dos Povos a Serviço da Humanidade ....................... 52
Sem Sementes, a Mulher e o Homem não vão Enraizar na Terra. Com as Sementes e as
Criações Crioulas, a Mulher e o Homem vão Fecundar a Terra e Multiplicar a Vida. .. 54
O Manejo Ecológico de Solos ................................................................................... 74
Plantas de cobertura da terra e adubação verde..................................................... 77
Cooperação para a Vida: ........................................................................................... 79
Adubos verdes de inverno ......................................................................................... 79
Adubos verdes de verão ............................................................................................ 84
A utilização de pedras na agroecologia ..................................................................... 92
Adubos e caldas: ........................................................................................................ 93
Qualidade da água ..................................................................................................... 94
Nutriçao da vida da terra e das plantas ..................................................................... 94
Sugestão para o Aproveitamento do Esterco e da Urina: ......................................... 95
O adubo da Independência ...................................................................................... 97
Húmus de Minhoca ................................................................................................. 100
Urina de vaca leiteira ............................................................................................... 102
Biofertilizantes - adubo foliar caseiro ..................................................................... 104
Biofertilizante Super Magro: ................................................................................... 105
Biofertilizante Super Magro: ................................................................................... 107

5
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Fermentado Biotecnológico: .................................................................................... 108


Biofertilizante para Batatinha .................................................................................. 108
A fórmula do Juca ................................................................................................... 109
Biofertilizante de plantas ......................................................................................... 110
Biogeo .................................................................................................................... 110
Sugestão de receita para 1.000 litros de fermentado: ............................................. 100
Urina de vaca leiteira ............................................................................................... 111
Caldas para proteção das plantas ........................................................................... 113
Pasta Bordalesa ....................................................................................................... 120
Controle biológico................................................................................................... 123
Criação de bovinos para o sustento familiar ........................................................... 125
Frango caipira, uma fonte de alimentos e de renda ................................................ 132
Criação de suínos na pequena propriedade ............................................................ 140
Bibliografia............................................................................................................... 145

6
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Construindo um Projeto Popular e Soberano para a


Agricultura Familiar e Camponesa

Nós, 6.000 participantes do 4º En- safiada pela sobrevivência, a humanida-


contro da Jornada de Agroecologia, reu- de forjou seu próprio conhecimento so-
nidos em Cascavel - Paraná - Brasil rea- bre as espécies agrícolas, animais e flo-
firmamos nosso compromisso com a restais, gerando ampla e diversificada
Agroecologia, continuando nossa luta por oferta de alimentos e outros gêneros in-
uma Terra Livre de Transgênicos e sem dispensáveis à sua perpetuação.
Agrotóxicos e conquistando a
implementação de um Projeto Popular A instituição da propriedade da ter-
Soberano para a Agricultura Camponesa ra pelo capitalismo, iniciou o processo de
e Familiar, fundamentado na apropriação privada da natureza, sua con-
Agroecologia. tínua degradação, a escravidão e explo-
ração dos povos, rompendo os milênios
A Jornada de Agroecologia é um de convivência equilibrada das popula-
espaço de expressão de vários movimen- ções com seu ambiente.
tos sociais da agricultura familiar e cam-
ponesa, organizações da sociedade civil, A partir do século XX, a intensifi-
técnicos e acadêmicos e se insere no gran- cação deste sistema perverso se manifes-
de movimento de lutas dos povos contra tou na agricultura com a introdução e di-
a mercantilização da vida, comprometen- fusão global do uso de agrotóxicos, ferti-
do-se a construir uma nova sociedade lizantes químicos, sementes híbridas e
capaz de satisfazer suas necessidades atu- máquinas, com o objetivo de atender aos
ais e garantir as necessidades das gera- interesses e necessidades do complexo
ções futuras. agroindustrial monopolizado pelas gran-
des empresas transacionais.
A Terra, a Água, as Sementes e toda
a Biodiversidade se constituíram histori- Em seu estágio atual, a estratégia
camente como patrimônio comum dos do Imperialismo, sob hegemonia do ca-
povos. Interagindo com a natureza e de- pital especulativo e dos Estados Unidos

7
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

da América, caracteriza-se pela necessi- ca de produção em grande escala, para o


dade de domínio e mercantilização de equilíbrio da balança comercial brasilei-
todas as dimensões da vida. Este movi- ra.
mento se manifesta de maneira concreta
através dos Estados militarizados, promo- A agricultura convencional perde a
tores das guerras e da apropriação pelas cada ano, 20 toneladas de solo por hec-
transnacionais de todas as reservas natu- tare cultivado. Para cada quilograma de
rais estratégicas e do controle dos alimen- soja produzida, são perdidos 10 quilos
tos e da biodiversidade. Entre suas ne- de solo, que vão para os rios, assoriando-
fastas conseqüências destaca-se a cres- os e contaminando-os com agrotóxicos,
cente exclusão social de amplas parcelas eliminando a fauna e flora e envenenan-
da humanidade, em uma lógica associa- do a água que é o bem mais precioso da
da à violação dos direitos dos pobres, à humanidade. Cada centímetro de solo
privatização da vida e à acumulação da perdido demora mais de 300 anos para
riqueza, e à contínua degradação ser formado.
ambiental transferindo os malefícios para
a sociedade. Ao eximir-se dos custos so- As propriedades acima de 200 hec-
ciais e ambientais, o capitalismo conduz tares representam apenas 5,3 % dos es-
a humanidade à sua autodestruição, re- tabelecimentos agrícolas, mas ocupam
velando sua incompatibilidade econômi- 70,8 % da área agrícola do país e empre-
ca com a dimensão ecológica e social. gam somente 12,7 % da mão-de-obra do
meio rural, o que demonstra a sua
No Brasil, esta estratégia é insustentabilidade social. Na década de
implementada pelo agronegócio exporta- 90, o latifúndio do agronegócio desem-
dor submisso às transnacionais que con- pregou mais de 13 % dos trabalhadores
trolam as tecnologias agropecuárias, do meio rural, enquanto, apesar da crise,
como as sementes transgênicas, o comér- o conjunto da economia gerou um cres-
cio e o transporte desses produtos no cimento de 1 % de novos postos de tra-
mercado global ao mesmo tempo em que balho.
desnacionalizam a economia, concentram
renda e terra, geram aumento da violên- O valor bruto da produção
cia contra trabalhadores rurais e destro- agropecuária gerado pelo agronegócio
em o meio ambiente. brasileiro é de apenas R$ 224,86/ha/ano,
demonstrando a sua insustentabilidade
A mídia de uma forma geral, articu- econômica. O agronegócio tem usado
lada com o grande capital, tenta cons- dados da agricultura familiar, especialmen-
truir uma imagem de eficiência do te das grandes cooperativas, que tem em
agronegócio, encobrindo a torno de 80 % de sua produção oriunda
insustentabilidade social, ambiental, eco- da agricultura familiar, para mascarar a
nômica e cultural da agricultura conven- verdade de sua ineficiência.
cional, resultante do latifúndio e da lógi-

8
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

O aumento da produção de grãos e Rompendo com esta lógica, por


de carnes do Brasil, nos últimos anos, todo o planeta os povos se levantam anun-
tem sido sustentado pela expansão da ciando que é possível construir um mun-
fronteira agrícola à custa da grilagem de do sustentável, fundado em relações de
terras públicas, da violência, do trabalho solidariedade, justiça, democracia, paz e
escravo e da destruição de ecossistemas em uma economia ecológica.
e biomas importantes como o cerrado e
a mata Atlântica e atualmente a produ- No Brasil lutamos pela construção
ção de soja tem feito grande pressão so- da sustentabilidade do desenvolvimento
bre a floresta amazônica e especialmen- tendo na agroecologia uma realidade viva
te sobre agricultores familiares e povos e nas práticas dos povos indígenas, ribei-
da floresta que trabalham com pequenas rinhos, quilombolas, extrativistas, serta-
áreas. nejos, camponeses, agricultores familia-
res, posseiros e sem-terras das mais dife-
Em contrapartida a agricultura fa- rentes etnias e culturas.
miliar e camponesa é responsável por 67
% da produção de feijão, 59 % da pro- A agroecologia se caracteriza pela
dução de suínos, 52 % da produção de sua alta capacidade de preservar e repro-
leite e 49 % da produção de milho. duzir a vida e nesta perspectiva, só é pos-
sível ser construída com base nas rela-
Os estabelecimentos agrícolas meno- ções de gênero e geração sendo que este
res que 100 ha são responsáveis por 75 % princípio deve orientar as políticas públi-
das receitas geradas pela agricultura brasi- cas.
leira, demonstrando a importância de ter-
mos políticas públicas que incentivem a Reafirmamos nesse 4º Encontro da
agricultura familiar e camponesa e reali- Jornada de Agroecologia, na cidade de
zem uma ampla reforma agrária. Cascavel, a continuidade de nossas ações
comuns, articuladas em torno de um novo
Dados do IBGE mostram que os jeito de viver que se expressa na propos-
estabelecimentos que possuem áreas me- ta da agroecologia, como:
nores que 200 ha representam 93,8 %
dos estabelecimentos agrícolas e detém Conquistar políticas públicas que
apenas 29 % das terras do Brasil, mas, viabilizem o projeto popular e soberano
ao contrário, o latifúndio do agronegócio, de uma agricultura camponesa e familiar
emprega 87,3 % da mão-de-obra do meio ecológica. Neste 4º Encontro da Jornada
rural. de Agroecologia, a partir da construção
de um debate amplo com todos os parti-
Outro dado alarmante é que todo cipantes, destacamos como pontos
ano deixam de existir noventa mil esta- prioritários para a construção de uma
belecimentos agrícolas, que são incorpo- Política de Agroecologia:
rados pelo grande latifúndio.

9
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

1) Tecnologia de produção agroe- dos transgênicos para a saúde, o


cológica: meio ambiente, a economia e a
Desenvolvimento tecnológico em soberania alimentar .
agroecologia implica em superar distin- II. Manter a proibição no Brasil do
ção e isolamento do ensino, pesquisa, uso e manipulação da tecnologia
extensão e agricultores(as), por uma abor- terminator ( tecnologia de restri-
dagem sistêmica, das políticas que impli- ção da capacidade de expressão
quem numa interação horizontal entre genética), levando esta posição ao
técnicos e agricultores experimentadores. convênio de diversidade biológi-
Propomos: ca, que estará sendo reavaliado na
I. Instalar um colegiado de gestão COP 8 que estará acontecendo no
de políticas e recursos, com po- Brasil em 2006, e a todos os ou-
der deliberativo, e participação tros fóruns internacionais perti-
paritária entre organizações de nentes.
representação dos agricultores fa- III. Manter com todas as forças o
miliares e instituições públicas. Paraná como área livre de
II. Ampliar, simplificar e desburo- transgênicos
cratizar o financiamento público Exigir a rastreabilidade dos pro-
para implementação de serviços dutos transgênicos e aplicar ime-
a serem realizados por organiza- diatamente a lei de rotulagem dos
ções da agricultura familiar e or- produtos que contenham
ganizações da sociedade civil. transgênicos, como medidas que
III. Fomento à experimentação; às impedem a contaminação genéti-
atividades formação: dias de cam- ca.
po, intercâmbios, cursos, seminá- IV.Suspender todo e qualquer tipo
rios, oficinas; às publicações, re- de política pública que esteja sen-
cursos audiovisuais e de do utilizada para a produção de
informática. transgênicos.
IV. Reeducação dos profissionais do V. Proibir a aquisição de transgêni-
serviço público quanto à compre- cos em todos os programas de
ensão da abordagem sistêmica em abastecimento alimentar e às ins-
agroecologia e em experimentação tituições públicas
participativa. VI. Aprovar leis municipais criando
V. Criar um programa de desenvol- áreas livres de transgênicos
vimento tecnológico e fomento VII. Sobretaxar os produtos
para formas alternativas de gera- transgênicos
ção de energia. VIII.Instalação de uma CPI no Con-
gresso Nacional e investigação
2. Transgênicos: pela polícia federal e ministério
I. Realização de campanhas públi- público do contrabando de semen-
cas educativas sobre os perigos tes transgênicas para o Brasil.

10
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

3. Agrotóxicos: tes de agrotóxicos e destinar ao


I. Moratória de registro de agrotóxi- fundo de apoio à agroecologia de
cos e revisão geral da carta de base familiar
registros. XI. Revogação do artigo 39 da lei
II.Proibição da propaganda de 11.105/05 (Lei de Biossegurança)
agrotóxicos e fiscalização rigoro-
sa em relação à utilização e 4. Educação no campo e culturas
rotulagem adequada, informando tradicionais e camponesas
a população sobre seus perigos e
tratamentos em caso de contami- I. Suprir as necessidades das esco-
nação las de formação em agroecologia
IV. Incluir nos currículos dos pro- existentes com convênios com as
fissionais da área de saúde a for- organizações da agricultura fami-
mação sobre agrotóxicos e sobre liar
os tratamentos dos malefícios por II. Criar novas escolas de formação
eles causados em agroecologia em convênio com
V. Realização de análises de monito- as organizações da agricultura fa-
ramento de resíduos de agrotóxi- miliar
cos nos alimentos pela ANVISA III. Incluir a agroecologia no currí-
VI. Exigir da ANDEF a formação e culo das escolas rurais e das pe-
capacitação adequada de todos os quenas cidades
agricultores usuários de agrotóxi- IV. Reeducação para os educado-
cos res da rede pública, em agroeco-
VII. Intensificação da fiscalização da logia e pedagogia de formação da
lei de regulamentação do trata- consciência cidadã
mento e reciclagem das embala- V. Permitir o acesso amplo e demo-
gens de agrotóxicos crático ao conhecimento e à in-
VIII. Criação de um programa es- formação, com a implantação de
pecial de saúde do(a) trabalha- bibliotecas e acesso às formas de
dor(a) rural comunicação eletrônica
IX. Criação de um programa de pes- VI. Criar um amplo programa de es-
quisa pública para avaliação dos tímulo ao resgate, revalorização
efeitos dos agrotóxicos, na saúde e expressão da cultura campone-
humana e no meio ambiente, cus- sa.
teados por um fundo mantido pe-
las empresas fabricantes. 5. Recursos naturais:
X. Suspender e proibir todo tipo de
subvenção às indústrias de a) Terra:
agrotóxicos, executar as dívidas I) realizar ampla e massiva reforma
públicas das empresas fabrican- agrária, respeitando as diferentes

11
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

formas tradicionais de ocupação tado da agrobiodiversidade e me-


e uso sustentável da terra lhoramento genético de varieda-
II) delimitar o tamanho máximo da des crioulas
propriedade rural, nos moldes do II) assegurar e apoiar o livre inter-
que propõe a Campanha pelo Li- câmbio da agrobiodiversidade en-
mite da Propriedade Rural. tre agricultores familiares
III) rever a lei de patentes, proibin-
b) Água: do o patenteamento de seres vi-
I) assegurar o acesso à água a toda vos
a população, através de serviços IV) implantar a fitoterapia na rede
públicos de qualidade; pública de saúde
II) assegurar em lei quem a água
permaneça sendo um bem públi- d) florestas
co, proibindo-se a privatização dos I) implementar com máxima urgên-
serviços de abastecimento e sa- cia a política de criação e consoli-
neamento. dação das unidades de conserva-
III) Rever a legislação, para que a ção da Florestas com Araucárias
água seja considerada não um re- e Campos Naturais no Paraná e
curso econômico, mas um direito em Santa Catarina
humano fundamental e ainda ga- II) criar mecanismos de compensa-
rantir a efetivação da participação ção ambiental para a conservação
e controle social na gestão da po- de florestas nativas
lítica da água III) desenvolver ampla e intensa
IV) investir no fortalecimento dos campanha educativa sobre ade-
órgãos ambientais que fiscalizam quação ambiental das áreas de
o uso e a qualidade da água produção familiar em relação às
V) criar um programa de moni- áreas de reserva legal e preserva-
toramento da qualidade da água ção permanente
quanto à resíduos de agrotóxicos
e outras substâncias químicas 6) Crédito
VI) desenvolver a educação para o I) criar um fundo nacional para a
uso sustentado da água agroecologia a ser gestionado por
VII) Implementar Programas de um colegiado paritário entre re-
Recuperação e Proteção dos Rios presentação governamental e da
e Nascentes. sociedade civil

c) biodiversidade 7) Infra-estrutura rural


I) apoiar as organizações da agri- I) criar um amplo programa de infra-
cultura familiar para estruturar estrutura rural, garantindo à agri-
programa de resgate, conserva- cultura familiar: estradas, energia
ção, multiplicação e uso susten- elétrica, abastecimento de água e

12
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

saneamento, rede escolar e de as sementes e toda a Biodiversi-


atendimento à saúde, rede de co- dade sejam patrimônio da huma-
municação, moradia e outras ins- nidade, a serviço dos povos;
talações. 2. Conquistar de forma definitiva a
manutenção do Paraná como ter-
8)Beneficiamento, Agroindustria- ritório livre de transgênicos .
lização e Comercialização 3. Promover campanhas de infor-
I) ampliar, fortalecer e diminuir a mação sobre os malefícios dos
burocracia dos programas de com- agrotóxicos e exigir uma revisão
pras governamentais de produtos geral da carta de registro dos
da agricultura familiar agroecolo- agrotóxicos e propor legislações
gica. de restrição de uso.
II) Implantar o Programa de Me- 4. Massificar a organização do povo
renda Escolar Ecológica em toda para a conquista da Reforma
a rede pública de educação. Agrária.
II) implantar infra-estrutura pública 5. Fortalecer e ampliar a Campa-
para a comercialização direta dos nha "Sementes: Patrimônio da
produtos dos agricultores familia- Humanidade", lutando pelo direi-
res. to de todos os camponeses e cam-
III) garantir preços mínimos e com- ponesas produzirem suas semen-
pra dos produtos da agricultura tes 'varietais', preservando e
familiar e formação de estoques viabilizando a produção própria de
que garantam a segurança e so- sementes como garantia do prin-
berania alimentar da população. cípio da soberania alimentar, e
IV) viabilizar os meios para as or- impedindo que as empresas
ganizações da agricultura familiar transnacionais obtenham o con-
promover programa de formação trole oligopolista da produção e da
em gestão de empreendimentos comercialização de sementes;
econômicos de beneficiamento, 6. Lutar contra a privatização e
procesamento e comercialização. mercantilização das águas, defen-
V) Manter a possibilidade legal de dendo o seu valor biológico e sa-
comercialização pelas Associa- grado, implementando propostas
ções. de proteção e recuperação dos
rios e nascentes, denunciando a
Reafirmamos, por fim, os compro- poluição, a degradação e o
missos históricos da Jornada de desmatamento.
Agroecologia: 7. Promover uma campanha nacio-
nal e internacional de descrimi-
1. Lutar contra todas as formas de nalização dos militantes da Jorna-
mercantilização da vida, buscan- da de Agroecologia promovida
do garantir que a terra, a águas, judicialmente pela Monsanto S/A,

13
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

e conquistar sua condenação pe- Tribunal Popular e Internacional


los crimes que atentam contra a sobre os Transgênicos (Porto Ale-
Biodiversidade e a Soberania Na- gre, 11 de março de 2004).
cional, nos termos que propõe o

Convocamos todos para participar do processo de construção coletiva e cotidia-


na da Jornada de Agroecologia, rumo a seu 5º Encontro em 2006.

Terra Livre de Transgênicos e sem Agrotóxicos


Plenária do 4º Encontro da Jornada de Agroecologia,
No outono de Cascavel, Paraná, Brasil,
25 a 28 de maio de 2005.

Realização:
AOPA, AS-PTA, ASSESOAR, Associações e STR`S, CAPA, CPT, CRESOL/
BASER, DESER, FEAB, FETRAF - SUL/CUT, Fórum Centro,Fórum Centro-sul,
Fórum Oeste, Fórum Sudoeste, IAF, Instituto Equipe, MAB, MPA, MST, REDE
ECOVIDA, RURECO, PJR, MMC, Terra de Direitos.

14
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Manifesto da Américas
Em defesa da natureza e da diversidade biológica e cultural
Vivemos num sistema econômico tas taxas vão continuar ou se acelerar no
dominante que há séculos se propôs ex- futuro”. Nesse importante reconhecimen-
plorar de forma ilimitada todos os to da crise planetária, é também funda-
ecossistemas e seus recursos naturais. mental reconhecer que não são todas as
Esta estratégia trouxe crescimento eco- atividades humanas prejudiciais, mas so-
nômico e o que se chamou de “desen- bretudo aquelas guiadas pela volúpia de
volvimento” para algumas nações, e pri- lucro das corporações transnacionais.
vilegiou o consumo e o bem estar social
de uma parcela muito pequena da huma- Por causa da dramaticidade desta
nidade. E excluiu infelizmente, das con- situação sentimos a necessidade de afir-
dições mínimas de sobrevivência as gran- mar alternativas que assegurem um futu-
des maiorias da humanidade. ro de esperança para a vida, para a hu-
manidade e para a Terra. Precisamos pas-
O custo desse sistema de explora- sar de uma Sociedade de Produção In-
ção da natureza e das pessoas, junto ao dustrial, consumista e individualista, que
consumismo desenfreado foi pago pelo sacrifica os ecosistemas e penaliza as pes-
sacrifício de milhões de trabalhadores soas, destruindo a sócio-biodiversidade,
pobres, camponeses, indígenas, pastores, para uma Sociedade de Sustentação de
pescadores, e outra s pessoas pobres da Toda a Vida, que se oriente por um
sociedade, que entregam suas vidas a cada modo socialmente justo e ecológicamente
dia. E pela agressão permanente da na- sustentável de viver, cuida da comunida-
tureza que foi e continua sendo sistema- de de vida e protege as bases físico-quí-
ticamente devastada. Sua integridade e a micas e ecológicas que sustentam todos
diversidade de formas de vida, que são o os processos vitais, incluídos os huma-
sustento da biodiversidade estão nos.
ameaçadas. E se a natureza de nosso
planeta está ameaçada, está ameaçada a Como habitantes do continente ame-
própria vida humana, que depende dela. ricano temos a consciência de nossa res-
Até a Avaliação Ecosistêmica do Milênio ponsabilidade universal. Por nós passa
feita pela ONU e divulgada em 2005 re- também o futuro da Terra. Os países
conhece que “as atividades humanas es- amazônicos e andinos, por exemplo,
tão mudando fundamentalmente e, em como Colômbia, Equador, Peru, Bolívia,
muitos casos, de forma irreversível a di- Venezuela e Brasil são territórios
versidade da vida no planeta Terra. Es- megadiversos. Não apenas pela presença

15
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

de riquíssimos ecosistemas, mas também nismos vivos em seus habitats e também


pela presença de muitos povos indígenas, as interdependências entre eles dentro do
camponeses, quilombolas e outras comu- equilíbrio dinâmico, próprio de cada re-
nidades locais, que desde séculos e milê- gião ecológica e das características sin-
nios souberam viver em co-habitação gulares das espécies, assim como a
entre a biodiversidade e a sociodiversi- interação social e ecologicamente sus-
dade. A floresta amazônica presente em tentável dos povos que vivem na região.
nossos paises representa um terço das flo-
restas tropicais do mundo e abriga mais 2. Propomos políticas articuladas
de 50% da biodiversidade. Nela existem que visem a garantir a integridade e a
pelo menos 45.000 espécies de plantas, beleza dos ecossistemas e os povos que
1.800 espécies de borboletas, 150 espé- cuidam e dependem dela
cies de morcegos, 1.300 espécies de pei-
xes de água doce, 163 espécies de anfí- Isso implica a manutenção das ca-
bios, 305 espécies de serpentes, 311 es- racterísticas que asseguram seu funcio-
pécies de mamíferos e 1.000 espécies de namento e mantém a identidade do ser
aves. vivo e do conjunto vivo seja em seu as-
pecto territorial, biológico, social, cultu-
Por causa desta riqueza, a América ral, paisagístico, histórico e monumental.
Latina está sendo objeto da cobiça dos A preservação da diversidade biológica e
“neoliberais-globaiscolonizadores” através cultural, da integridade e da beleza dos
da ação insana de dezenas de empresas sistemas ecológicos dão sustentabilidade
trasnacionais, principalmente dos paises às múltiplas funções ambientais e aos
do norte global. Eles praticam vastamente benefícios que o ser humano obtém para
a biopirataria. Outrora era a corrida ao si para as futuras gerações. Entre
ouro e à prata, hoje é a corrida aos re- outros: água potável, alimentos, medici-
cursos genéticos, farmacológicos e aos nas, madeiras, fibras, regulação do cli-
saberes tradicionais e locais, todos estra- ma, prevenção de inundações e doenças.
tégicos para o futuro dos negócios do Ao mesmo tempo que constituem as ba-
mercado mundial. E ainda querem nos ses do sustento da recreação, da estética
impor leis de patentes e de proteção a e da espiritualidade assim como o supor-
seus lucros fantásticos. te da conformação do solo, a fotossíntese
e o ciclo de nutrientes, entre outras fun-
Queremos fazer frente, de forma ções vitais para o sustento de toda a hu-
decisiva, a este processo de espoliação. manidade.
Propomos políticas consistentes que vi-
sem: 3.Nos opomos resolutamente à
introdução de espécies exóticas, ina-
1.Conservar a diversidade bioló- dequadas aos nossos ecossistemas.
gica e cultural de nossos ecossistemas, Como aconteceu em muitos biomas com
quer dizer, cuidar o conjunto dos orga- a introdução de plantações homogêneas,

16
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

industriais, do eucalipto, pinus, etc. que 6. Nos opomos à tentativa do


destroem os ecossistemas naturais e le- governo imperial dos Estados Unidos
vam a fortes impactos sociais aos povos e de suas empresas transnacionais, que
que moram nessas áreas, Levam o lucro, querem nos impor o tratado da ALCA
os dólares, a celulose, o carvão, água (Acordo de Livre comercio das Améri-
sugada, e deixam a degradação e a po- cas); tratados bilaterais, chamados de
breza. TLC (tratados de livres comercio); trata-
dos de garantia de investimentos estran-
4. Nos opomos resolutamente a geiros, ou através de acordos de cúpulas
introdução de organismos transgêni- costurados sem nenhuma participação
cos no ambiente, seja na agricultura, nas popular na Organização Mundial do Co-
plantações, na pecuária ou qualquer ou- mércio-OMC. Esses acordos colocam
tros cultivos no meio ambiente, já que ainda em maior risco, a nossa natureza,
alem de não ser necessários, não servem nossa agricultura, nossos serviços e as
para nada, a não ser para o lucro de umas condições de vida de nossa população,
poucas empresas transnacionais. Trazem pois priorizam apenas os interesses da
riscos potenciais a saúde das pessoas e a garantia de lucro.
modificações permanentes e irreversíveis
para a natureza e aos ecossistemas. Nos 7. Manifestamos nosso apoio e a
opomos enfaticamente a introdução de necessidade de reconhecer os povos e
árvores transgênicas, que significam um comunidades que durante séculos e mi-
perigo ainda maior, devido entre outras lênios tem desenvolvido a biodiversi-
coisas a que o pólen, tem a possibilidade dade agrícola, através da adaptação e
de disseminação ao longo de milhares de criação de sementes que constituem as
quilômetros, contaminando inevitavel- bases de toda a agricultura e alimen-
mente outras florestas, incluindo as flo- tação da humanidade. Para manter
resta nativas, com multiplicação de im- essas bases de sustentação e essa enor-
pactos sobre a flora, os insetos e outros me riqueza de biodiversidade agrícola
componentes da fauna, afetando também e alimentar, é preciso reconhecer e afir-
o sustento dos povos indígenas, pesca- mar os direitos dos camponeses, indí-
dores, camponeses, quilombolas e outras genas, pastores, pescadores, quilombo-
comunidades locais. las, à terra, ao território e aos recur-
sos naturais, para que possam prosse-
5. Combatemos decididamente as guir essa tarefa crucial para a huma-
sementes Terminator porque elas aten- nidade de conservação das sementes
tam contra o sentido da vida e de sua crioulas e nativas, que só podem ser
reprodução, pois se trata de uma semen- multiplicadas a nível local e diverso.
te suicida que visa beneficiar apenas as
grandes empresas transnacionais Combatemos aquelas empresas que
controladoras das sementes e manter os buscam o controle sobre as sementes con-
agricultores sob sua dependência. tra toda a tradição dos povos que cuida-

17
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

ram zelosamente das sementes e sempre cialmente justas e em equilíbrio com a


as entenderam como fontes de vida que natureza. Defendemos aqueles que tra-
jamais devem se transformar em merca- balham no campo, nossos agricultores e
doria. camponeses. Defendemos seu direito de
viver no modo camponês e assim garan-
Por fim, externamos nosso desejo tem o sustento de nossas populações.
de que estes propósitos redundem em be- Esse modo de produção contribui decisi-
nefício para nossos povos, da soberania vamente para dar sustentabilidade ao nos-
alimentar, ou seja o direito que todos e so Planeta e ao desenvolvimento integral,
cada povo tem de produzir seu próprio imprescindível para garantia do futuro da
alimento, em condições saudáveis e so- humanidade.

Dia 20 de abril de 2006

De Curitiba, capital do estado do Paraná, construindo uma América livre


de transgênicos e de agressões ao meio ambiente.

1. Hugo Chavez, Presidente da República Bolivariana da Venezuela.


2. Roberto Requião, Governador do Estado do Paraná
3. Leonardo Boff, escritor e teólogo, Brasil
4. Marina Silva, Ministra do Meio ambiente do governo do Brasil. (? No confirmada)
5. Dom Pedro Casaldaliga, bispo e poeta, BRASIL
6. Monja Coen, Monja primaz da comunidade Zen Budista no Brasil
7. João Pedro Stedile, MST e da Via Campesina, Brasil
8 Temístocles Marcelos Netto, séc. nac. meio ambiente da CUT, Brasil
9. Letícia Sabatela, atriz, Movimento humanosdireitos, de artistas brasileiros, Brasil
10. Aníbal Quijano, cientista social, Peru
11. Noam Chomsky, lingüista, MIT, Estados Unidos.
12. Peter Rosset, Phd em soberania alimentar. Estados Unidos
13. Pat Mooney, Grupo ETC, especialista no estudo das conseqüências dos OGMs e
novas tecnologias, Canadá
14. Silvia Ribeiro, pesquisadora do grupo ETC, México,
15. Eduardo Galeano, escritor, Uruguay
16. Hebe de Bonafini, Madres de Plaza de Mayo, Argentina
17. Atílio Boron, cientista social, Clacso, ARGENTINA
18. Violeta Menjivar, prefeita de San salvador, EL SALVADOR
19. Chamille Chalmers, campanha Jubileu sur, HAITI
20 Ramon Grosfoguel, Porto Rico
21. Doris Gutierrez, diputada no congresso nacional. Honduras.

18
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

22. Mônica Baltodano, ex-comandante Sandinista. Nicarágua


23. Ernesto Cardenal, poeta, sacerdote e ex-ministro da educação Nicarágua
24. Gioconda Belli, poetisa, Nicaragua
25. Raul Suarez, pastor Batista, e deputado na assembléia do poder popular. Cuba.
26. Miguel Altieri, PDH em agroecologia. Univ. Califórnia. CHILE.
27. Fernando Lugo, bispo católico. Paraguay.
28. Blanca Chancoso, Confederacion de naciones Indígenas-CONAIE. Equador

Seguem-se outras assinaturas

A necessidade de cooperação na produção ecológica


Autor: Carlos Neudi Finkler

Não é necessário explorar a é o enfrentamento local contra o modelo


agroecologia neste pequeno texto porque tecnológico da agricultura capitalista, mas
este tema vem a muito tempo sendo os camponeses e camponesas para a Via
pesquisado com muita seriedade por vá- Campesina não devem ser apenas pro-
rios autores nacionais e internacionais. dutores, cumprem o papel de ser prota-
O objetivo aqui é provocar para que gonistas na luta pelas mudanças sociais
na discussão entre os camponeses e cam- nas suas comunidades. Além de produ-
ponesas se discuta a questão da coopera- zir, têm a necessidade de ajudar fazer as
ção agrícola entre as famílias e pessoas lutas políticas, as mobilizações contra as
que no seu dia-a-dia fazem a produção transnacionais que implantam as políti-
ecológica nas suas unidades de produção cas do império no campo.
em suas comunidades. Produzir no campo, industrializar os
Também queremos chamar a aten- produtos do campo, comercializar dire-
ção de técnicos, agentes comunitários e tamente com os trabalhadores das cida-
principalmente dos militantes e dirigen- des e lutar, exige um grau de consciência
tes dos movimentos sociais que compõem e um grau de organização maior do que
a Via Campesina para a necessidade de ser apenas produtor. A cooperação agrí-
provocar essa discussão em seus respec- cola na produção ecológica ao lado da
tivos movimentos como uma forma de solidariedade transforma-se também num
organizar os produtores ecológicos para elemento da cultura dos camponeses da
a produção ecológica e fortalecendo as- Via Campesina.
sim a organização da Via Campesina. A cooperação é um meio necessá-
Para a Via Campesina, a produção rio para a adequação de tecnologias que
ecológica é uma questão estratégica, pois sejam produtivas mas que causem me-

19
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

nor impacto destrutivo no ambiente. ser concretizada por essa


A cooperação agrícola cria as pos- intercooperação.
sibilidades de desenvolver a A cooperação agrícola é a organi-
biodiversidade nas comunidades de for- zação do trabalho nos processos de pro-
ma a não absorver todo o tempo de tra- dução ecológica. Isso requer maior aten-
balho dos camponeses e camponesas. ção e estudo dos pesquisadores e dos
A cooperação cria condições para militantes e dirigentes, porque na produ-
uma melhor planificação da produção dos ção ecológica não se busca o lucro como
grupos de produtores possibilitando para único fim, mas busca-se a satisfação das
a aproximação da cultura agrícola do ter- necessidades dos trabalhadores.
reno mais apropriado para ela. Na produção de bens que satisfa-
A cooperação cria possibilidades zem as necessidades reais não se pode
para realizar a troca de sementes, produ- esgotar a fonte dos recursos naturais e
tos ecológicos, animais entre os próprios nem a exploração do trabalho alheio,
camponeses e camponesas e mesmo en- como faz o capitalismo, como já identifi-
tre camponeses e operários ou trabalha- caram os pesquisadores do passado.
dores urbanos de cidades próximas sem Para Adam Smith, “O TRABALHO
envolver dinheiro nessas operações. Isto é o pai de todas as riquezas”.
é importante porque incentiva para que Para Karl Marx, “O TRABALHO
os trabalhadores urbanos também se or- é o pai das riquezas e a TERRA é a mãe
ganizem para poderem ter acesso aos pro- de todas as riquezas”.
dutos ecológicos vindos das comunida- Podemos observar que TRABA-
des, associações cooperativas, etc, dos LHO e TERRA são elementos centrais
camponeses. Para trabalhadores urbanos na preocupação de MARX, e para o de-
e camponeses é importante porque para bate de hoje. Nas nossas organizações se
ambos cria-se a possibilidade de conse- faz necessário lermos os escritos clássi-
guir produtos que suas famílias necessi- cos para embasarmos nossas lutas de
tam sem que para isso seja necessário o enfrentamento contra o imperialismo e
uso de dinheiro. suas empresas globalizadas.
Tanto camponeses como operários “(...) Na agricultura moderna capi-
para viver, necessitam mais de produtos talista, do mesmo modo que na indústria
do que de dinheiro. Os camponeses e das cidades, o crescimento da produtivi-
camponesas vendem seus produtos por dade e o rendimento superior do traba-
dinheiro e com esse dinheiro compram lho compram-se ao preço da destruição
outros produtos que sua família necessi- e do esgotamento da força de trabalho.
ta. Enquanto o trabalhador e a trabalha- Por outro lado, cada progresso da agri-
dora da cidade vendem sua força de tra- cultura capitalista é um progresso não
balho em troca de salário e com o dinhei- somente na arte de despojar o solo. A
ro do salário compram produtos que sua produção capitalista não desenvolve por-
família necessita. É por isso que essa ali- tanto a técnica e a combinação do pro-
ança entre camponeses e operários pode cesso de produção social se não pelo es-

20
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

gotamento simultâneo das suas fontes país de uma maneira que atenda as ne-
donde jorra toda a riqueza: a terra e o cessidades de toda a população sem a
trabalhador” (Lênin, As três fontes e as exploração do trabalho, sem a concen-
três partes constitutivas do Marxismo). tração das riquezas e da terra e sem a
A agroecologia é uma ciência que centralização dos ramos de produção,
impõe o estudo para a elaboração de uma brecando a destruição dos recursos natu-
nova forma de organizar a economia do rais do planeta TERRA.

21
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Agroecologia:
A organização camponesa reconstruindo o sustento
da vida e a transformação da sociedade
A Vida no planeta
A tecnologia a serviço dos interes- essa combinação dá origem a um con-
ses imediatistas do capitalismo tem pro- junto de animais e plantas diferentes.
vocado uma devastação sem preceden- Esta variedade de seres vivos cha-
tes na vida do planeta. No sentido con- mamos de biodiversidade.
trário surge a agroecologia reconstruindo Por este motivo a vida do planeta
a vida e a transformação da sociedade. se concentra em uma fina camada que
Mas para isto precisamos conhecer e es- vai de alguns metros para dentro da terra
tudar a natureza... e algumas dezenas de metros para cima
Você já parou para pensar sobre o da superfície.
funcionamento da vida no planeta????? Este espaço que se concentra a vida
Para que a vida exista são necessá- é chamado de biosfera.
rios cinco fatores: a água , o ar, os nutri- Vamos falar um pouco mais sobre
entes minerais, temperatura favorável e estes cinco fatores que possibilitam a vida
luz solar. Mas em cada parte do mundo na biosfera.

Nutrientes Minerais:
Os nutrientes minerais vem das pe- Mas quando a rocha vira terra os
dras. nutrientes minerais ficam liberados para
Os nutrientes minerais são como os seres vivos.
tijolinhos que contribuem na construção Quando queimamos uma planta ou
dos organismos. uma árvore, a água evapora, a matéria
Conforme as rochas vão apodre- orgânica é consumida pelo fogo e o que
cendo através da chuva, do sol e do ven- sobra em forma de cinzas são os nutrien-
to vai se transformando em terra. tes minerais. Por este motivo é que a cin-
O processo de transformação é za é um ótimo adubo para as plantas.
muito demorado, leva milhares de anos.

22
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Ar
No ar que respiramos tem uma a vida, pois através da respiração é que
grande parte de Nitrogênio (N) com 78%, os seres vivos utilizam a energia produzi-
uma parte de Oxigênio (O) com 18 % e da pelas plantas.
outros gases em pequenas quantidades, O Nitrogênio presente no AR só
entre eles o Gás Carbônico. pode ser aproveitado pelas plantas atra-
O Gás Carbônico é utilizado pelas vés dos microorganismos que vivem as-
plantas para a produção de energia atra- sociados nas raízes das plantas
vés da fotossíntese. Os produtos da leguminosas ou outros que vivem livres
fotossíntese são essenciais para o funci- nas proximidades das raízes ou em suas
onamento da vida. A Luz do sol é a prin- folhas. Outra forma é quando o Nitrogê-
cipal fonte de energia que sustenta a vida nio é transformado pelos raios durante
na Terra. Mas só as plantas verdes tem as tempestades e em seguida é transpor-
a capacidade de absorver esta energia. tado pelas chuvas até a terra, sendo apro-
O Oxigênio também é essencial para veitado pelas plantas.

Temperatura
A grande maioria dos seres vivos vivos, que tem grande porcentagem do
sobrevivem na faixa de temperatura que corpo composto pela água. Acima dos 40°
vai de 0° a 40° graus. graus, as proteínas dos seres vivos co-
Você sabe o porque disto? meçam a ser destruídas, os seres vivos
Abaixo de 0° grau a água congela, enfraquecem e podem chegar a morte.
impedindo os fenômenos vitais dos seres

Água
A maior parte dos seres vivos é A quantidade de água no planeta é
composta de água, em torno de 70%. Sem constante ou seja, não aumenta e nem
água nenhum ser sobrevive, ela tem vá- diminui. Mas está em constante movi-
rias funções no seres vivos. Entre estas mento. Este movimento é chamado de
funções está o transporte de materiais ciclo da água.
dentro das plantas e animais.

23
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

A água evaporada do solo, dos ma- Uma parte dessa chuva infiltra no
res, lagos e rios e a água transpirada pe- solo, outra escorre sobre a terra retornan-
las plantas por ação do calor e do vento, do para os lagos, rios e mares.
se transformam em nuvens. Essas nuvens A água da chuva que infiltra no solo
dão origem à precipitação, popularmente abastece o lençol freático que se acumu-
conhecida como chuva. la em função de estar sobre uma camada
impermeável.

Luz
As plantas tem um papel fundamen- fotossíntese e acontece na folha das plan-
tal no funcionamento da vida no planeta, tas. A palavra fotossíntese, vem do latim
pois são capazes de unir água, ar, nutri- e quer dizer síntese da luz.
entes minerais e luz solar para garantir a Fotos quer dizer luz, síntese quer
continuidade da vida. dizer preparo de uma substância compos-
ta a partir de elementos simples.
Este processo é chamado de Os elementos simples no caso são

24
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

o ar, água, nutrientes minerais e a subs- decompositores.


tância composta produzida é o açúcar, Esses pequenos seres vão se alimen-
também chamado de glicose. tando dos organismos mortos e liberan-
A glicose é a matéria-prima para a do a energia na forma de calor, gases
formação dos seres vivos. As plantas uti- que pode ser percebido pelo cheiro, a água
lizam a glicose para o crescimento, for- e os nutrientes minerais.
mação de folhas e frutos. Os animais Sem os pequenos seres, o mundo
quando se alimentam das plantas utilizam seria um grande depósito de material
esta energia ou biomassa para viver. morto, porque nada seria reciclado para
Sem essa biomassa que vem das ser aproveitado novamente.
plantas nenhum ser vivo é capaz de se Podemos observar que os elemen-
locomover, se reproduzir e viver. tos da natureza estão em constante trans-
formação. Neste processo as formas de
Quando um animal ou planta morre vida vão se tornando cada vez mais com-
a biomassa acumulada se transforma em plexas. Estas formas de vida mais com-
elementos simples novamente água, ar, plexas vão se transformando no ambien-
nutrientes minerais. te possibilitando o surgimento de novas
Este trabalho é feito pelos micro- formas, o que chamamos de sucessão
organismos, também chamados de natural das espécies.

A Sucessão natural das espécies.


Os camponeses e camponesas que Como já foi dito, tudo começa a
estão lidando com a Terra, tem a tarefa partir da pedra, com a ação do sol, da
de compreender o funcionamento da na- chuva, do frio e do vento. A Rocha se
tureza para manejá-la da melhor maneira transforma em terra. As primeiras for-
possível. Quando não entendemos esta mas de vida que colaboram para a for-
dinâmica da natureza, agimos tentando mação da terra são os líquens, que são
dominar a sua força. um tipo de associação entre fungos e al-
É preciso construir um novo jeito gas, eles formam uma camada como uma
de conviver com a natureza, onde haja casca fina acinzentada e marrom ou mais
maior cooperação entre os povos cam- escura sobre as pedras. Conforme estes
poneses, toda a classe trabalhadora e a líquens vão morrendo, vão se decompon-
natureza. do e se transformando em húmus, como
A natureza pode nos ensinar muitas a terra preta da mata. Este material vai
coisas. É só observá-la. Na sucessão natu- se misturando com o material da decom-
ral, cada espécie que entra no sistema mo- posição das rochas e o a terra se forma,
dificando o ambiente, dá possibilidade para possibilitando o aparecimento das primei-
o desenvolvimento de novas espécies. ras plantas.

25
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Estas primeiras plantas são os ca- A floresta tem plantas de diferentes


pins e ervas, plantas muito rústicas e de tamanhos e tempo de vida. S u a s
vida curta. Após algum tempo começa a raízes se distribuem por toda a terra e
aparecer junto a estas plantas, os arbus- seguem em elevada profundidade.
tos que tem porte maior e vida mais lon- A Floresta atrai grande diversidade
ga. Esta vegetação modifica o microclima, de animais.
através da sombra, da produção de A Floresta mantém a terra sempre
biomassa e estas condições atraem ani- coberta com grande quantidade de folhas,
mais que trazem sementes de outras es- ramos, cascas, galhos que forma uma
pécies. Com o tempo surge a capoeira. A camada orgânica que proteje a terra e ali-
capoeira vai engrossando até que vira menta grande diversidade de bichinhos
uma floresta. que vão transformando tudo em húmus.
A floresta é o ponto de maior Assim realimentam a Vida.
explendor da Vida.

26
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Agronegócio e destruição da natureza


A implantação da agricultura con- • A terra continua concentrada no
vencional deforma a natureza. Hoje a pai- latifúndio e continuam a existir
sagem mais comum no campo demons- famílias sem terra;
tra a grande devastação provocada pelo • Florestas foram eliminadas e a des-
homem. truição avança sobre a Amazônia

27
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

e os Cerrados; des monoculturas de soja, cana,


• Nascentes continuam desapare- milho, pinus, eucalipto e a criação
cendo; de grandes rebanhos de gado;
• Rios recebem grandes quantida- • Milhões de quilos de agrotóxicos
des de terra, areia, lixo e venenos; e adubos químicos envenenam a
• Muitas espécies de animais e pei- terra, a água e os alimentos;
xes são extintas a cada dia; • A criação de gado, de suínos e aves
• As melhores terras para agricultu- confinadas recebem grandes quan-
ra estão sendo utilizadas por gran- tidades de medicamentos químicos

28
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

como os antibióticos e hormônios; des;


• Grandes empresas estrangeiras • O crédito bancário gera endivida-
controlam a produção de semen- mento para as famílias campone-
tes através dos híbridos e plantas sas;
transgênicas.
• Agora querem impor a tecnologia Nos dias de hoje toda essa força de
Terminator que gera sementes destruição se organiza através do agro-
mortas; negócio.
• Grandes máquinas eliminam o tra- O agronegócio devasta a natureza e
balho no campo e expulsam; é uma força do capitalismo que destrói
• Grandes agroindústrias acrescen- os valores e as culturas camponesas e dos
tam novos produtos químicos nos povos indígenas.
alimentos e impõem hábitos ali- A força do capitalismo nos faz re-
mentares que prejudicam a saúde produzir o modelo do agronegócio em
humana e expulsam milhares de nossos assentamentos e nas comunida-
famílias para a periferia das cida- des de pequenos agricultores.

29
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Sustento familiar
A despensa da família camponesa
Todos nós queremos viver em um pamentos e comunidades as famílias vem
lugar de muita beleza e fartura. procurando recuperar esta dimensão da
Ao conquistarmos a terra com nos- agricultura camponesa. A produção de
sa luta e organização podemos realizar alimentos para o sustento familiar é um
este sonho. dos primeiros trabalhos a organizar com
De um pequeno pedaço de terra po- a conquista da terra.
demos ter quase tudo o que precisamos É importante destacar a participa-
para viver, como a água, os alimentos, ção das mulheres na garantia do sustento
os remédios, lenha, madeira, enfim, o sus- familiar.
tento familiar. Na maioria das famílias, são as mu-
A produção dos alimentos para o lheres que assumem o cuidado com as
sustento da família representa a garantia vacas de leite, as galinhas e os porcos, a
de fartura durante o ano todo. horta e o pomar, as plantas medicinais e
Nos nossos assentamentos, acam- o embelezamento com o jardim sempre
florido.

30
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Precisamos urgentemente reconstruir as condições


para a produção do sustento familiar.
Recuperar a sabedoria de produzir beneficiar e preparar as receitas.
e beneficiar os alimentos.
Reaprender a cuidar das sementes, A produção para o sustento
a fazer melhoramento das raças animais também contribui para mudar o relacio-
crioulas, a fazer o queijo, o requeijão, a namento dos seres humanos com a terra.
manteiga, o salame, as conservas de hor- A terra não é um meio de fa-
taliças, os doces e as compotas. zer dinheiro, mas sim a fonte primária do
Precisamos resgatar os valores da alimento da Vida.
vivência comunitária. Este pensamento e esta práti-
Recuperar a sabedoria dos anciãos ca também alimentam o nosso espírito e
sobre a natureza e o jeito de produzir, fortalece a nossa auto-estima.

O que levar em conta para organizar a produção


de alimentos para o sustento familiar?
Para nós o alimento é sagrado, e de como as proteínas, carboidratos, lipídios,
acordo com a qualidade e variedade dos minerais, vitaminas e fibras.
alimentos que comemos podemos ter A combinação certa destes nutrien-
saúde e uma boa qualidade de vida. tes é necessária para que nossa saúde
Para a produção de alimentos para funcione corretamente.
o sustento da família, deve-se evitar o Estudiosos da nutrição humana di-
uso de venenos e adubos químicos, o que zem que uma alimentação balanceada é
garante uma qualidade superior. composta de cereais integrais como o
A origem de cada família reflete em arroz, o trigo, o centeio e o milho.
seus hábitos alimentares. Também é necessário as tuberosas
Temos muitas influências em nosso como a batata doce, a mandioca, a
jeito de se alimentar que vem dos povos batatinha e as leguminosas como o fei-
indígena, africano e europeu. jão, a ervilha, o feijão vagem mais pe-
Assim, de acordo com a nossa ori- quenas quantidades de carne, peixe, ovos
gem, temos diferentes formas de produ- e leite.
zir e combinar os alimentos. As frutas e hortaliças também são
Os alimentos são formados por muito importantes, devendo ser
substâncias chamadas de nutrientes, consumidas à vontade.

31
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Os cereais e tuberosas nos dão ener- Precisamos estimular a substituição


gia. Fornecem principalmente amido e destas hortaliças por hortaliças mais ri-
açucares. cas como a couve, a taioba, os brotos de
As leguminosas e produtos de ori- chuchu e abóbora, as pimentas, a bertalha
gem animal são fonte de proteínas. e o caruru.
As frutas e hortaliças são conside- A nossa alimentação feita à base de
radas como fontes de vitaminas, mine- arroz e feijão, com algum produto de ori-
rais e fibras, mas podem ser importantes gem animal, frutas e hortaliças, fornece
fonte de energia, como por exemplo a uma alimentação adequada, desde que
banana e a manga. varie as misturas.
O uso das hortaliças tem ficado res- A generalização de dietas a base de
trito as espécies de tomate, alface e re- arroz, feijão, macarrão, completadas com
polho, pobres em vitamina A e exigentes batatinha e tomate, trazem consequências
em insumos químicos para a sua produ- negativas pois é pobre em vitamina A e
ção. fibras.

Conhecendo a experiência de sustento familiar e agroecologia no


assentamento Paulo Freire – São Jerônimo da Serra/PR
Muitas famílias camponesas não tência Camponesa.
entraram na onda da Revolução Verde. Preservaram sementes, mudas, va-
Essas famílias lutaram para manter riedades e raças de animais crioulas, téc-
suas formas tradicionais de fazer agricul- nicas de manejo de solo, que são conhe-
tura e criar os animais. cimentos milenares muito importantes.
Elas são um patrimônio da Resis- Em nossos acampamentos, assen-

32
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

tamentos e comunidades existem milha- as festas religiosas, e muitas outras.


res de famílias que tem preservado uma Entre tantas famílias que tem cui-
pequena parte deste patrimônio. dado do sustento vamos conhecer a ex-
Seja uma semente de milho, feijão, periência de uma família que tem a preo-
trigo, hortaliças ou animais crioulos, que cupação com o alimento e com a resis-
era cultivados ou criados pelos seus pais. tência camponesa.
Sejam hábitos alimentares e culturais A família formada pelo Juvêncio,
como o preparo do queijo, do salame, do sua esposa Rosana, suas três filhas a
porco e a divisão da carne entre os vizinhos, Priscila, a Leidiane e a Tainá e um filho
o puxirão para fazer determinados trabalhos, o João Arilo.

Vieram do Sudoeste do Paraná para Serra no Assentamento Paulo Freire.


o Norte Visitamos a família do Juvêncio e
Depois de muito tempo de luta no dialogamos com a Rosana e suas filhas e
MST, nos acampamentos, conquistaram filho.
um pedaço de terra em São Jerônimo da — Rosana porque a família se pre-

33
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

ocupa em produzir os alimentos? tais e frutíferas (abacate, goiaba, limão,


— “Primeiro pela economia, pro- laranja, ponkã, manga, uva, araçá,
duzindo os alimentos não precisa com- jaboticaba, banana, pitanga).”
prar no mercado.
E numa pequena área de terra dá — De onde vem as sementes que
pra tirar tudo o que nossa família pre- vocês utilizam?
cisa. Segundo porque produzindo os ali- — “Nós produzimos as nossas pró-
mentos nós sabemos o que comemos, prias sementes, da maioria das espéci-
evitando de comprar produtos contami- es.
nados e sem qualidade. Aqui no lote pro- Deixamos algumas plantas para se-
duzimos tudo de forma agroecológica. mente e guardamos as sementes para o
Terceiro porque desde que nós era cri- próximo plantio, o restante trocamos com
ança nossos pais tinham uma dispensa amigos e vizinhos.”
com fartura, tinha de tudo na mesa, fru- — Como é a proteção das minas e
tas, doces, verduras, pão, carne, leite, córregos, aqui no assentamento?
ovos.” — “Quando entramos na área, não
havia árvores, os rios não tinham mata
— Quais os alimentos que a sua fa- nenhuma, as nascentes estavam
mília precisa? desprotegidas, faltou água. Começamos
— “Nós gostamos de ter uma gran- a pensar na proteção das nascentes, e
de variedade de espécies para o susten- plantar árvores para a recuperação da
to. O feijão e arroz de todos os dias, a água. Reservamos uma área para fazer
mandioca, a batata doce, as abóboras, reflorestamentos para ter madeira e le-
amendoim, pipoca, o café (que é con- nha, plantando um hectare de
sorciado com guandu), a cana e o milho eucalipto.”
para tratar os animais. Como fonte de — Além das plantas para o susten-
proteínas nós temos as criações de gali- to da casa, vocês cultivam plantas orna-
nhas que produzem ovos e carne, porco mentais, qual a utilidade delas?
para carne e banha e vacas que produ- — “Nós plantamos bastante flores
zem leite e carne. Do leite fazemos o e árvores ornamentais para deixar a
queijo, a manteiga, e o doce de leite, nossa morada bonita. O jardim alegra e
que vendemos no município. embeleza a casa e faz crescer o amor
Para completar a alimentação te- pela terra. E um jardim de espécies va-
mos frutas e hortaliças. Temos uma hor- riadas de flores, atrai os mais diversos
ta de uns 400 metros com grande varie- tipos de bichinhos e pássaros aumen-
dade de hortaliças (alface, beterraba, tando a diversidade.”
cenoura, couve, cebolinha, almeirão, Com a colaboração da Rosana ela-
repolho, chuchu, tomate, abóbora, pe- boramos uma relação dos alimentos que
pino, melancia, melão, berinjela, alho, são consumidos pela família mensalmente
cebola, jiló) e plantas medicinais. Um utilizando os valores monetários se fos-
pomar com árvores, nativas, ornamen- sem adquiridos no comércio local.

34
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Levantamento de produtos utilizados na alimentação da família do Juvêncio e Rosana


em um mês. (em R$)
Item Unidade Quantidade Valor por unidade Valor Total

Café Kg 3 8,00 20,00

Leite Litros 60 1,00 60,00

Doce Kg 5 4,00 20,00

Manteiga Kg 1 8,00 8,00

Queijo Kg 8 5,00 40,00

Arroz Kg 15 1,20 18,00

Banha Kg 2 3,00 6,00

feijão Kg 11 1,95 20,48

Cebola Kg 5 0,80 4,00

carne de aves Kg 3 3,00 9,00

carne de suínos Kg 7 5,00 33,33

carne bovinos Kg 8 5,00 41,67

Ovos Dúzia 6 2,00 12,00

Mandioca Kg 8 0,70 5,60

Batata doce Kg 5 0,70 3,50

Hortaliças folhosas Mç 30 0,60 18,00

Legumes Kg 10 0,80 8,00

Banana maçã Kg 10 2,00 20,00

Frutas Kg 15 1,00 15,00

Amendoim Kg 7 3,00 20,00

Pipoca Kg 1 3,00 3,00

Milho verde Espiga 50 0,25 12,50

Trigo Kg 15 1,00 15,00

TOTAL R$ 413,00
FONTE: Levantamento realizado junto à família (2005)

35
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Normalmente as famílias não fazem prezo das atividades voltadas para o sus-
a conta de quanto representa os alimen- tento da família.
tos que são produzidos pela família, tan- Mas quando fazemos as contas de
to em termos monetários, quanto em quanto de dinheiro que a família teria que
qualidade de vida. Isto leva a um menos- ter todo o mês para fazer compras no
mercado, ficamos impressionados.

A produção para o sustento familiar


como ponto de partida da conversão para a agroecologia
A produção agroecológica de ali- lho.
mentos para o sustento familiar deve le- Algumas espécies são fundamentais
var em conta a adaptação das plantas ao na produção para o sustento, como o
clima e solo e também as diferentes esta- milho, o feijão, o arroz, os porcos e aves,
ções do ano. a vaca de leite, a mandioca, o amendo-
Precisamos aproveitar as plantas im, a batata doce e as abóboras.
mais adaptadas as nossas condições Estas espécies são importantes para
ambientais no acampamento, assentamen- o sustento da família e muitas servem
to e comunidade. para o trato das criações.
Não adianta querer comer batatinha, Através da consorciação estas es-
tomate, abóbora o ano todo. pécies permitem um bom aproveitamen-
Precisamos ter uma grande diversi- to do espaço e o uso de plantas
dade de alimentos, e respeitar as épocas adubadoras junto com as culturas.
de produção de cada espécie. A técnica dos consórcios é muito
No verão, a abundância de legumes importante.
e folhosas tropicais: como berinjela, to- Precisamos incluir novamente esta
mate, abóbora, pepino, milho verde, ba- prática em nossos cultivos:
tata doce; no inverno: as mandiocas, Podemos consorciar por exemplo:
carás, hortaliças folhosas, cenoura, repo-

Cultura principal Consórcios


Milho Feijão de porco, mucuna, crotalárias, abóboras, morangas,
batatinha, trigo morisco.
Feijão Com milho, abóboras, morangas.
Arroz Com melancia, melão, pepino, vassoura, pipoca
Café Com leucena, amendoim, girassol, feijão de porco, mamão,
ingá, banana.
Mandioca Feijão, milho, feijão de porco, feijão de corda, guandu,
abóbora, melancia, morangas.
FONTE: Adaptada pelos autores.

36
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Como cuidar das áreas em volta da casa?


Muitas famílias camponesas ainda as de quintais ou terreiros. Estas áreas
tem muito cuidado com as áreas em vol- tendem a receber as culturas do sustento
ta da casa. familiar e também espécies medicinais,
Neste local elas mantêm uma gran- forrageiras como o girassol e o guandu,
de diversidade de espécies de plantas me- que fornecem sementes para tratar as
dicinais, frutíferas, para lenha, hortaliças, galinhas, e suas folhas para tratar ove-
legumes e pequenos animais. lhas, cabras e coelhos e mais as plantas
Alguns costumam chamar estas áre- adubadoras.

O melhor lugar para a produção de alimentos para o sustento


da família é o quintal!

Podemos fazer a horta caseira do nos quintais, que conferem uma beleza
jeito que os antigos colonos europeus fa- especial ao redor da moradia.
ziam quando vieram para o Brasil. Os camponeses de origem nordes-
Fecha-se um pedaço de terra e cul- tina ou mineira, e que possuem pouca
tiva-se uma diversidade de espécies de terra, cultivam o milho, o feijão, as abó-
hortaliças e plantas medicinais. boras, o quiabo, os carás, inhames, me-
Mas podemos também cultivar as lancias, o mamão, a mamona, a mandio-
espécies de plantas de horta misturadas ca, o amendoim, entre outras, denomi-

37
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

nadas de roças. Isto demanda um trabalho cuidado-


Para fazer uma pequena horta pre- so e planejado para ter uma produção
cisamos de pouca terra, poucas semen- abundante, variada, e de boa qualidade o
tes e nenhum gasto com insumos com- ano todo.
prados.

Com uma dedicação especial, um bom planejamento e um pou-


co de trabalho diário é possível ter uma mesa colorida de hortaliças
ricas de minerais, vitaminas, energia e proteínas.

Arborização
As árvores tornam a moradia mais agropecuária ecológica.
agradável, aproveita áreas ociosas e aju- Para fortalecer a resistência da fa-
da a proteger o solo da erosão. mília camponesa na terra, principalmen-
Servem ainda como quebra vento te nas áreas conquistadas, precisamos
para a moradia e outras culturas, melho- fazer da produção para o sustento famili-
ram a qualidade da alimentação familiar, ar uma atividade essencial a qual vamos
com o fornecimento de frutas frescas, dedicar um esforço especial.
que também podem ser aproveitadas na Quem não fica feliz em visitar uma
forma de sucos, doces e compotas. família na roça onde tem uma grande di-
As árvores frutíferas apresentam versidade de alimentos?
muitas vantagens destacando a alta pro- O espaço rural se constitui em lugar
dução por árvore desde que bem cuida- onde é possível ter qualidade de vida a
da. partir da terra e do trabalho.
Produzir os alimentos essenciais à
1. Assim como a família do vida, nutritivos e sadios, isto é um privi-
Juvêncio, muitas famílias que vivem nos légio da família camponesa, que deve ser
assentamentos, nos acampamentos e co- resgatado e valorizado.
munidades estão assim organizadas. A família organizada para produzir
O ponto de partida para a constru- seu sustento, tem um sentimento de amor
ção da agroecologia é a produção para o pela terra e pela natureza, pois é da natu-
sustento da família. reza que vem tudo o que precisamos para
Assim inicia um processo de mu- viver.
dança da produção convencional para a

38
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

As Criações

“Os cientistas
dizem que nós
domesticamos as
plantas e os ani-
mais, nós dizemos
que nós os cria-
mos e eles nos
criam”.
(palavras de um
campesino dos
Andes)

As pessoas estão buscando uma a urina, contaminando as nascentes, rios


melhor qualidade de vida. e os pastos.
Por isso se preocupam cada vez Também contaminan as hortas e
mais em obter alimentos saudáveis e na- pomares quando usamos o esterco e a
turais. urina como adubo.
Para isso, a produção precisa ser Assim, devemos evitar o uso de pro-
feita utilizando práticas de manejo que dutos químicos como hormônios, antibi-
não agride a natureza e nem deixa resí- óticos, vermífugos e carrapaticidas, subs-
duos químicos tóxicos no organismo dos tituindo-os por produtos naturais eficien-
animais. tes, que geralmente estão presentes na
Esses resíduos tóxicos além de se- maioria dos nossos quintais e nas flores-
rem prejudiciais aos animais, também tas.
prejudicam as pessoas quando se alimen- Também devemos lembrar que os
tam do leite, do queijo, da carne, e de animais, assim como nós, quando tem
ovos. algum tipo de sofrimento, sentem triste-
Também prejudicam o ambiente, za e adoecem mais facilmente. Em sua
porque parte dos resíduos químicos tóxi- criação precisamos dar importância ao
cos são eliminados junto com o esterco e bem estar.

39
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

O Cuidado com as vacas:


Quem lida com as vacas de leite tem rotineira e tranqüila, o organismo da vaca
que gostar do que faz. libera uma substância que é um hormônio
Tem que tratá-las bem, ser calmo e chamado ocitocina que facilita a “desci-
seguir sempre uma mesma rotina na hora da do leite”.
da ordenha. Já numa situação diferente e de
Nunca bata nem use cães para to- stress, o organismo libera outra substân-
car as vacas e evite a presença de pesso- cia chamada adrenalina que provoca a
as estranhas no local. retenção do leite. Por isso dizemos que a
Ao se encontrar em uma situação vaca segurou ou “escondeu” o leite.

O Cuidado com as galinhas:


A criação de galinhas caipiras, sol- elas entrem na horta, jardim, lavoura para
tas nos terreiros, faz parte da história dos que não prejudiquem estas culturas.
camponeses. Soltas no pasto piqueteado e pre-
Nos últimos anos esta prática vem servando os hábitos naturais da espécie,
ressurgindo sob a denominação de avi- conseguimos obter uma ave mais rústica
cultura alternativa ou caipira. e saudável, com melhor rendimento e
Mas podemos fornecer um local custo menor.
agradável, visando atender o bem estar Em piquetes a criação de galinhas
dos animais e dando-lhes uma área de em regime de semi-liberdade pode baixar
piquetes onde elas podem ciscar, andar, em até 40% as despesas com ração.
pastar, encontrar sombra, alimento, água Esta é uma ótima alternativa para
fresca, um abrigo e ninhos para botarem os camponeses na busca do sustento fa-
seus ovos. miliar, ou mesmo como atividade de pro-
Em uma área cercada evitamos que dução para venda de frangos ou ovos.

O Cuidado com os porcos:


A criação de suínos na pequena pro- sa alimentação e a banha considerada mais
priedade destina-se principalmente ao sus- saudável que o óleo de soja.
tento familiar e à venda de excedentes, Também gera o esterco e a urina
que também contribui na geração de ren- que são excelentes adubos.
da para a família. Para serem criados de maneira mais
Os suínos nos fornecem a carne com simples e sem muitas exigências, o me-
alto teor de proteína, importante na nos- lhor é escolher animais de raças mistas,

40
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

de preferência os que já são acostuma- dos em regime de semi-confinamento, ou


dos às condições da nossa região. seja, com uma área de proteção contra
Estes são de bastante rusticidade, chuvas e frio, e uma área de piquetes com
resistentes a doenças e podem ser cria- acesso a pastagem e sol.

PARA REFLETIR:
• Como é que nós estamos tratando o sustento familiar no nos-
so acampamento, assentamento e comunidade?
• Para nossa família a preocupação com os alimentos para o
sustento é importante?
• Quais os alimentos que estamos produzindo, quais não estamos
produzindo? E Por que?
• De que forma nós estamos produzindo os nossos alimentos?
• Como a nossa comunidade/núcleo pode avançar na organiza-
ção da produção para o sustento familiar?

Agroflorestas
Você sabe o que é Agrofloresta? floresta, existem algumas exceções como
os campos do cerrado e os pampas gaú-
É um jeito de cultivar a terra, que chos.
recupera a fertilidade do solo, preservan- Os sistemas de produção devem se
do a natureza e melhorando a vida dos aproximar o máximo dos sistemas natu-
camponeses e camponesas. rais.
Esta técnica mistura em uma “la- Onde há floresta, fazemos
voura”, diversas culturas, com plantas agroflorestas, na região onde há o cerra-
adubadeiras e árvores, seguindo os do devemos fazer agrocerrados, e assim
ensinamentos da natureza. por diante em cada região.
Para saber fazer agroflorestas pre- Os sistemas naturais combinam em
cisamos observar a natureza, e transfor- um mesmo local, árvores grandes, árvo-
mar nossa prática a partir dos conheci- res pequenas, arbustos e ervas rasteiras.
mentos que ela nos oferece. As plantas que são exigentes por luz
Observe a paisagem e repare: ficam por cima e as plantas que toleram
A natureza sempre cria o máximo a sombra ficam por baixo.
de vegetação possível para cada lugar. O A fertilidade da terra é garantida sem
modelo para grande parte do Brasil é a adubos e produtos que vem de fora. A
floresta, e cada lugar vai ter seu tipo de “gordura” da terra é produzida por plan-

41
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

tas e animais no próprio local. combiná-las da melhor maneira possível.


A natureza sempre coloca uma ve- Assim uma planta auxilia a outra,
getação adequada para as condições do no seu desenvolvimento.
lugar. Por exemplo o café é uma planta
Existe vegetação adaptada a seca, a que gosta de sombra e de nitrogênio, en-
umidade, ao frio. tão devemos consorciá-lo com árvores e
Muitas vezes as pessoas erram ten- arbusto que além da sombra, proteção
tando “corrigir” o lugar para plantar uma contra ventos e geadas, forneça nitrogê-
cultura. nio através das folhas que caem, como é
Os sistemas naturais tem muitas o caso do feijão guandu, do ingá e da
qualidades de plantas e animais, isto é leucena, entre muitas outras que poderi-
chamado de biodiversidade. am ser utilizadas.
Estamos errando quando colocamos Outra planta que se adapta muito
apenas um tipo de planta em uma lavou- bem a sombra é a erva-mate.
ra ou apenas um tipo de grama em uma Em Bituruna assentados que estão
pastagem. produzindo erva em agroflorestas, já
Os sistemas naturais são dinâmicos constataram o beneficio da sombra tanto
e se modificam com o passar do tempo. para a planta como para a qualidade da
Os sistemas naturais sem a ação do erva para chimarrão.
homem vão crescendo em fertilidade, Para combinar as plantas ou mon-
umidade, diversidade, biomassa. tar os consórcios devemos saber o se-
A agricultura do agronegócio como guinte:
se pratica hoje em dia caminha no senti- 1. Quais são as plantas que prefe-
do contrário da natureza. rem sol e quais são as plantas
que toleram a sombra;
2. O crescimento e o tamanho de
Após aprendizado com a natureza cada planta pode alcançar;
como devemos fazer para implantar 3. Quais são as plantas mais rústi-
uma agrofloresta? cas , que toleram qualquer con-
dição de solo e quais são as plan-
Em primeiro lugar devemos seleci- tas mais exigentes. As plantas
onar culturas, plantas adubadeiras e ár- mais rústicas como o feijão, a
vores que se adaptam as condições que mandioca, a cana, a bracatinga,
temos no lugar observando a qualidade vassorão, aroeira, entram nas
da terra, a umidade do terreno, o clima. fases iniciais. Conforme as con-
Essas plantas devem nos forneçer alimen- dições da terra e do ambiente
tos, lenha, madeira, matéria orgânica, re- vão sendo melhoradas por estas
médios, e outros produtos. plantas, podemos colocar as
Após escolher as plantas que farão plantas mais exigentes, como a
parte da nossa agrofloresta precisamos co- o café, Imbuia, a Peroba. Aqui
nhecer os hábitos destas plantas, para para dar exemplo estamos mis-

42
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

turando plantas de regiões quen- do a combinar melhor as plantas


tes com plantas de regiões frias, e os desenhos vão ficando cada
o que não aconteceria na práti- vez melhores. Enquanto isto é
ca. preciso conseguir o máximo de
4. As plantas que podem nos dar sementes, mudas e estacas, com
massa orgânica no verão como os vizinhos no assentamento, em
o guandu, a mucuna, a outros assentamentos e comuni-
crotalária. E as que podem nos dades próximos, em feiras e jor-
dar massa orgânica no inverno nadas de agroecologia. As árvo-
como o nabo forrageiro, aveia res podem ser plantadas por se-
preta, ervilhaca entre muitas ou- mentes, mas com um viveiro
tras. caseiro é possível produzir mu-
5. A Partir da escolha das plantas e das de qualidade e acelerar o pro-
da pesquisa sobre estas plantas cesso no campo. Nos assenta-
o próximo passo é o desenho do mentos em São Jerônimo da Ser-
plantio que pode ser feito de mui- ra muitos assentados e assenta-
tas maneiras. Para isso temos das já produzem suas próprias
que usar nossa criatividade. mudas em viveiros caseiros, e
Com o tempo vamos aprenden- estão muito satisfeitos!

É poca de plantio:
O ínicio do período chuvoso é a ta técnica é o facão para roçar e podar.
melhor época para começar uma As plantas adubadeiras e os “matos” que
agrofloresta. crescem vão sendo podados para alimen-
Para o primeiro plantio é aconse- tar a terra.
lhável evitar o revolvimento da terra. Os resultados são:
A vegetação do local deve ser ma- • A melhoria na capacidade produti-
nejada através de uma roçada e a palhada va da terra e maior produção em uma
que vai ficar já contribui na adubação das determinada área;
plantas que vão ser plantadas. Essa • Redução no ataque de pragas e
palhada vai proteger a terra do sol e da doenças;
chuva. • Produção de alimentos mais saudá-
A partir do plantio o manejo é feito veis, colheitas mais fartas e diversificadas;
através de roçadas, podas e novos plan- •Aumento da renda familiar e me-
tios sempre inspirados nos ensinamentos lhor distribuição ao longo do ano;
da natureza. •Conservação e recuperação dos
Uma ferramenta muito utilizada nes- solos, das fontes e dos rios;

43
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Técnicas para a transição à agroecologia


Algumas idéias para fazer uma boa horta
Escolha do local:
• próximo a casa para facilitar os e ser protegido contra os ventos
cuidados e também a colheita, frios;
mas afastada de sanitários, esgo- • tenha água em quantidade sufici-
tos e chiqueiros; ente; deve ter proteção contra a
• receber luz direta do sol o dia todo entrada de animais;

O tamanho ideal da horta:


O tamanho depende do manejo e Se vamos utilizar o plantio em hor-
das culturas a serem cultivadas. Se va- ta do jeito dos colonos europeus, calcu-
mos cultivar o quintal com as espécies lamos uma área de 10 metros quadrados
de hortaliças na área do entorno da casa por pessoa. Assim se a família tem 6 pes-
junto às plantas frutíferas, forrageiras e soas é só multiplicar por 10 metros por
outras, podemos deixar uma área maior, pessoa vai dar 60 metros quadrados de
aproveitando o entorno da casa. horta.

Qual a terra ideal para fazer a horta?


O cultivo de hortaliças tem colhei- mos reservar um espaço da horta para
tas bastante intensas. Se a área que esco- fazer a compostagem ou minhocário com
lhemos é fraca precisamos utilizar plan- os restos de vegetais e estercos.
tas adubadoras, estercos e cinzas. Pode-

O que plantar:
A família deve listar as espécies que peros e as plantas medicinais. Algumas
mais gosta de comer, as espécies para tem- espécies plantamos no local definitivo

44
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

como a rúcula, a cenoura, o alho, e ou- go. Pode-se utilizar também as plantas
tras temos que fazer as sementeiras. As para adubação verde como a mucuna, a
espécies podem ser consorciadas para crotalária e o guandu que são de verão, e
aproveitar o espaço, plantando espécies no inverno dá para plantar a aveia preta,
de ciclo curto com espécies de ciclo lon- o nabo forrageiro e a ervilhaca.

Tab. 1 - Relação de espaçamento, número de plantas/m2, épocas de plantio, e ciclo de


hortaliças que precisa transplante
Espécie Espaçamento Dias para 1 grama de Época de Dias até a
entre plantas e germinar semente tem plantio colheita
linhas
Alface 0,20x0,30 6 900 sementes Ano todo 70
Agrião 0,10x0,20 7 5000 sementes Ano todo 60
Almeirão 0,30x0,30 8 700 sementes Ano todo 80
Berinjela 1x0,50 10 200 sementes Set. a dez. 100
Cebola 0,40x0,10 15 300 sementes Março/mai 150
o
Couve 1x0,50 8 300 sementes Ano todo 80
Brócolis 1x0,50 8 280 sementes Ano todo 90
Couve 1x0,50 8 300 sementes Ano todo 120
flor
Escarola 0,30x0,30 8 Ano todo 80
Morango 0,30x0,20 Março/mai 70
o
Pimentão 1x0,50 8 15 sementes Set-dez 120
Tomate 1x0,50 8 350 sementes Set-dez 120
Repolho 1x0,50 8 300 sementes Ano todo 120
FONTE: Adaptada da Revista EPAGRI: Cultive uma horta e colha qualidade de vida.

Tab. 2 - Relação de espaçamento, número de plantas/m2, épocas de plantio, e ciclo de


hortaliças com plantio no lugar definitivo
Espécie Espaçamento Dias p/ 1 grama de Épocas de Dias até
entre plantas germinar semente tem plantio colheita
e linhas
Abóbora 3x3 10 6 sementes Set-nov 150
Abobrinha 1,5x1 10 6 sementes Set-nov 80
Alho 0,30x0,10 15 Bulbilho (2 a 3 g) Março-maio 150
Beterraba 0,30x0,15 12 60 sementes Ano todo 90
Batatinha 0,80x0,40 15 Tubérculo (30 a Jan-fev 120
40 g) Ago-set.
Nov
Cenoura 0,20x0,05 12 700 sementes Ano todo 90

45
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Tab. 2 - Relação de espaçamento, número de plantas/m2, épocas de plantio, e ciclo de


hortaliças com plantio no lugar definitivo
Espinafre 0,40x0,30 14 20 sementes Ano todo 90
Feijão-vagem 1x0,50 10 4 sementes Set-dez 80
Mandioca 1x0,50 Rama (20 cm) Set-nov 300
Melancia 3x2
Mostarda 0,40x0,30 6 600 sementes Ano todo 70
Nabo 0,30x0,10 8 500 sementes Ano todo 70
Pepino 1,50x1,50 7 30 sementes Set-nov 90
Rabanete 0,20x0,05 5 80 sementes Ano todo 30
Salsa 0,20x0,05 15 500 sementes Ano todo 90
Ervilha 0,50x0,10 10 3 a 6 sementes Mar-set 100
FONTE: Adaptada da Revista EPAGRI: Cultive uma horta e colha qualidade de vida.

Além destas espécies podemos uti- almeirão roxo, o ora-pro-nóbis, a


lizar outras plantas ricas em vitaminas bertalha, o caruru, a beldroega, que
como: as pimentas, o inhame, o cará, normalmente são muito produtivas.
a taioba, a abóbora e o chuchu, o

Plantas companheiras e antagonistas:


As plantas companheiras são aque- a outra podendo ocorrer enfraquecimen-
las que podem ser plantadas juntas em to e impedimento total da produção.
consórcios ou próximas uma da outra que Apresentamos a seguir algumas
elas vão viver bem podendo uma ajudar plantas companheiras e antagonistas.
a outra. Essa combinação pode resultar Para as plantas companheiras será
em melhor produção, melhor sabor e no indicado com o número 1 aquelas em que
efeito de repelir insetos que atacam essas ocorre ajuda no crescimento e acentua o
plantas. sabor e o número 2 para as situações em
As plantas antagonistas são aquelas que atuam repelindo insetos.
que não se dão bem, onde uma prejudica

Culturas Companheiras Antagonistas

Abóbora 1 - Milho, Acelga, Chicória, Taioba, Batata.


Amendoim.
2 - Nastúrcio e Borragem.

Alface 1 - Alho-Porró, Beterraba, Morango, Salsa e Girassol.


Rabanete, Rúcula, Abobrinha, Cenoura
e Pepino.

46
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Alface 1 - Alho-Porró, Beterraba, Morango, Salsa e Girassol.


Rabanete, Rúcula, Abobrinha, Cenoura
e Pepino.

Alho -Porró 1 – Cenoura, Salsão, Tomate. Alho, Cebola.

Aspargo 1 – Tomate, Manjericão, Salsa. Alho, Cebola e


2 – Mal-me-quer. Gladíolos.

Batata 1 – Couve, Ervilha, Favas, Rábano, Abobrinha, Tomate,


Repolho, Feijão, Milho, Cereja. Abóbora, Pepino,
2 – Alho, Berinjela, Cravo-de-defunto, Framboesa, Girassol e
raíz-forte. Maça.

Beterraba 1 – Couve, Nabo, Rábano, Alface e


Vagem.
2 – Cebola.

Berinjela 1 – Feijão, Vagem.

Cana-de-açucar 1 – Crotalária, Guandu, Feijão-fradinho.

Cebola 1 - Beterraba, Couve, Morando, Tomate Ervilha e Feijão.


e Camomila.

Cebolinha 1 – Cenoura. Ervilha e Feijão.

Cenoura 1 – Evilha, Rabanete, Alface, Tomate, Endro.


Feijão e Manjerona.
2 – Alho-Porró, Cebola, Cebolinha,
Alecrim, Bardana e Sálvia.

Couve 1 – Beterraba, Cebola, Batata, Salsão, Tomate, Vagem e


Camomila, Endro e Hortelã. Framboeesa.
2 – Alecrim, Artemísia, Losna, Menta,
Sálvia e Tomilho.

Couve-Chinesa 1 – Vagem.

Couve-flor 2 – Salsão.

Ervilha 1 - Couve-rábano, Nabo, Rabanete, Alho, Batata, Cebola e


Cenoura, Abóbora, Feijão, Milho e Gladíolos.
Pepino.

Espinafre 1 – Beterraba, Morango, Couve-flor e


Feijão.

Feijão 1 – Couve, Repolho, Batata, Cenoura, Alho, Alho-porró, Cebola,


Couve-flor, Milho, Pepino, Ervas Salsão, Funcho e
Aromáticas e Petúnia. Gladíolos.

Frutíferas 1 – Catinga de Mulata e Capuchinha.

47
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Girassol 1 – Pepino e Feijão. Batata e Linho.

Laranjeira 1 – Seringueira, Goiabeira e Feijão de


Porco.

Mandioca 1 – Melancia e Abóbora.

Maxixe 1 – Quiabo e Milho.

Milho 1 – Batata, Ervilha, Feijão, Pepino,


Abóbora, Melão, Melancia, Trigo,
Rúcula, Nabo, Rabanete, Quiabo,
Maxixe, Mostarda, Feijão de Porco,
Serralha, Moranga, Girassol, Tomate.
Recompõe o solo com Beldroega e
Caruru.

Morango 1 – Espinafre, Borragem, Alface, Repolho, Funcho e


Tomate, Feijão Branco. Couve.

Mostarda 1 – Milho.

Nabo 1 – Ervilha, Milho, Alecrim e Hortelã. Tomate.

Pepino 1 – Girassol, Feijão, Milho, Ervilha, Batata, Ervas Aromáticas


Alface, Rabanete, Repolho, Cebola e e Sálvia.
Beterraba.

Quiabo 1 – Milho.

Rabanete Ervilha, Pepino, Agrião, Cenoura, Acelga.


Espinafre, Vagem, Chicória, Cerefólio,
Milho, Nastúrcio = Capuchinha, Alface,
Morango, Couve, Tomate e Cebola.

Repolho e Brócolis Ervas Aromáticas, Batata, Salsão, Morango, Tomate,


Beterraba, Alface, Nastúrcio = Vagem, Manjerona e
Capuchinha, Hortelã, Estragão, Cebola, Rúcula.
Cebolinha, Alho-Porró e Espinafre.

Rúcula Chicória, Vagem, Couve Rábano, Milho Salsa.


e Alface.

Salsa Tomate, Cebola e Milho.

Rúcula Chicória, Vagem, Couve Rábano, Milho Salsa.


e Alface.

Salsa Tomate, Cebola e Milho.

Serralha Tomate, Cebola e Milho.

Salsão Alho-Porró, Tomate, Couve-flor, Couve,


Repolho e Camomila.

48
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Sorgo Gergelim e Trigo.

Taioba Abóbora, Leucena e Milho.

Tomate Cebola, Cebolinha, Salsa, Cenoura, Couve-Rábano, Batata,


Calêndula, Serralha, Erva Cidreira, Funcho, Repolho,
Aspargo, Mal-me-quer, Menta, Pepino, Feijão, Fumo e
Nastúrcio, Urtiga, Manejericão, Milho.
Borragem, Cravo-de-defunto e Alho.

Vagem Milho, Segurelho, Abóbora, Rúcula, Cebola, Beterraba,


Chicória, Acelga e Rabanete. Girassol e Couve-
Rábano.

Abóbora Milho, Acelga, Chicória,Taioba,Vagem, Batata


Amendoim

Há plantas que apresentam efeito negativo sobre outras plantas. Esse acontecimento
é chamado de efeito Alelopático.
Culturas Plantas Afetadas
Amendoim Amendoim Bravo e Tiririca.
Aveia Amendoim Bravo, Picão Preto, Capim Carrapicho e Capim Marmelada.
Azevém Guanxuma, Corda de Viola, Caruru e Amendoim Bravo.
Cana de Açucar Picão Preto.
Centeio Picão Preto, Capim Carrapicho, Capim Marmelada e Amendoim Bravo.
Cevada Esparguta.
Colza Capim Marmelada, Capim Carrapicho e Tomate.
Feijão Comum Tiririca.
Feijão de Porco Tiririca.
Girassol Milhã.
Guandu Picão Preto.
Milho Ançarinha Branca e Caruru.
Mucuna Sapé, Tiririca, Picão Preto, Poaia Branca e Amendoim Bravo.
Nabo Forrageiro Capim Marmelada, Capim Carrapicho, Picão Preto e Amendoim Bravo.
Tremoço Capim Marmelada, Capim Carrapicho e Caruru.
Trigo Corda de Viola, Capim Marmelada e Picão Preto.
Trigo Mourisco Tiririca.

49
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Preparo dos canteiros:


Para as espécies cultivadas em Faz-se o plantio das verduras ape-
espaçamentos maiores como o repo- nas abrindo as covas ou os sulcos. Se
lho, a couve flor, a couve folha, o ver necessidade, volte a colocar mais um
tomate, muitas vezes, no início é pre- pouco de adubo orgânico esparramando
ciso revolver e destorroar o solo e em na superfície sem revolver a terra.
seguida abrir os sulcos ou covas e
colocar o adubo orgânico e plantar. Quando trabalhamos com cantei-
ros, depois de prontos eles deverão ficar
O melhor é plantar os adubos com cerca de 1m de largura, 15 a 20 cm
verdes e com seu desenvolvimento de altura e separados por um corredor de
fazer o manejo e plantar as verduras 30 a 40 cm para a passagem.
sem revolver a terra.
Em solos mais arenosos não con-
Na falta dos adubos verdes, vém erguer canteiros para evitar o
pode ser colocado sobre a terra uma favorecimento da evaporação da água e
cama de palhada de napier, braquiária, a erosão.
papuã, feno-pé de galinha ou qualqur
tipo de folhas, e misturar esterco e Depois do plantio deve reforçar a
deixar por um tempo para ir aconte- cobertura dos canteiros com capim para
cendo a decomposição. evitar a perda de água e a erosão, e eco-
nomiza capinas devido a menor presen-
Isso vai afrouxar e fetilizar a terra. ça de plantas espontâneas.

Preparo das mudas:


• As plantas que precisam transplan- • Deve-se semear as hortaliças de
te podem ser preparadas em se- acordo como a preferência e em
menteiras. Uma sementeira é um pequenas quantidades para que
canteiro cuidadosamente prepara- não tenha perdas de verduras.
do, adubado com antecedência Semear o mais uniforme possível
com esterco de aves bem curtido cobrindo as sementes com cama-
e peneirado na dose de 1 quilo por da fina de terra. A profundidade
metro quadrado ou 3 quilo de es- de semeadura é de 5 vezes o ta-
terco de gado. A sementeira tam- manho da semente. Regar 2 ve-
bém pode ser num caixote de ma- zes por dia até a germinação.
deira. • Após a semeadura cobrir o cantei-

50
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

ro com capim seco, casca de ar- preparado em casa.


roz, serragem, sombrite ou saco Substrato: 9 partes de terra; 3 par-
de aniagem retirando a proteção tes de cama de aviário curtida e penei-
quando as sementes iniciarem a rada; 1 parte de areia fina ou 2 partes
germinação. de casca de arroz carbonizada; 100g de
• A semeadura em bandejas de fosfato natural, ou cinza do fogão para
isopor é bastante utilizada, com o cada 20 kg de substrato; misturar bem
uso de um substrato que pode ser todos os ingredientes.

Algumas práticas culturais:


• Manter sempre o solo coberto com o caruru, a trapoeraba, o fazen-
capim ou restos vegetais em ge- deiro, a azedinha, retirando ape-
ral; nas o excesso.
• Irrigar diariamente os canteiros • Aplicar biofertilizantes via foliar para
quando recém semeados e as hor- nutrição das plantas e prevenção
taliças folhosas. Para hortaliças de ataque de insetos e doenças e
frutos e raízes, a medida que as maior resistência a seca ou frios;
plantas forem crescendo a irriga- • Tutoramento e estaqueamento: é
ção pode ser espaçada de 3 em 3 feito para algumas hortaliças como
dias; ervilha torta, tomate, vagem, pe-
• Desbaste ou raleio: eliminação do pino, maxixe, pimentão e chuchu,
excesso de plantas semeadas nos para evitar o contato com a terra,
canteiros e berços, quando as plan- maior aeração e insolação e evitar
tinhas tiverem com 5 a 8 cm de a quebra de ramos.
altura, deixar as mais vigorosas. • Desbrota: eliminação de brotos que
No caso da beterraba aproveitar saem das axilas das folhas ou da
as mudas descartadas para trans- haste de algumas espécies como o
plante em outros canteiros. tomate.
• Capinas retirando as plantas • Amontoa: chegar terra junto as
expontâneas mais agressivas no plantas para melhorar a fixação ao
canteiro, como o papuã, o milhã, solo e evitar que os tubérculos se
a nabiça. Muitas plantas expon- desenvolvam fora da terra, como
tâneas devem ser deixadas como no caso a batatinha batata doce.

Arborização
1 - Escolha das espécies: feras deve-se levar em conta o cli-
• Para a escolha das espécies frutí- ma da região e a preferência da

51
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

família. No Estado do Paraná te- o caqui, a uva, o figo, o pêssego,


mos regiões bem distintas para o a maçã, a pera, a ameixa, o mar-
cultivo de frutas. melo, a nectarina. Tem disponível
• Para o Norte do Estado pode-se no mercado um grande número de
cultivar espécies de clima tropical variedades, com épocas diferen-
quente e úmido como a manga, as tes de maturação dos frutos, e
bananas prata, maçã e nanica, a adaptação ao clima.
acerola, as laranjas lima, baiana, • Algumas variedades a família pode
seleta, rosa, Valência, a mexerica, preparar as mudas como o
a ponkã, os limões rosa e Taiti, a abacateiro, o abacaxi, o mamoei-
carambola, o abacate, o abacaxi, ro, a carambola, a jaboticaba, o
o mamão, a goiaba, a fruta do con- figo, a uva, entre outras. Outras
de, o maracujá, a jaca, a lichia. mudas podem ser adquiridas no
Essas espécies também vão bem comércio.
nas regiões Noroeste, Centro e
Oeste. Essas espécies não se adap- 2-
tam ao frio do sul do estado. • Nas entrelinhas das frutíferas deve
• Existe um grande número de es- ser cultivados adubos verdes ou
pécies frutíferas que se adaptam culturas anuais para o sustento fa-
muito bem ao clima em quase todo miliar nos primeiros anos do po-
o estado, levando em conta as es- mar.
colhas das variedades. É o caso Por exemplo: a capacidade de pro-
do caqui, do pêssego, da uva, do dução de uma laranjeira adulta e bem
figo, das framboesas e amoras, da cuidada está em torno de 100 kg de fru-
jaboticaba, da romã, entre outras. tos por árvore.
• As espécies de clima subtropical e Um pé de caqui bem cuidado pro-
temperado se adaptam melhor ao duz de 100 a 150 kg por árvore. Uma
sul do estado, sendo mais exigen- bananeira pode produzir de 25 a 50 kg
tes em podas de formação e de por pé. A uva bem conduzida produz de
produção. Podemos citar algumas: 4 a 6 kg por pé.

O importante é iniciar o pomar, que logo a abundância chega a


mesa. Existe cena mais linda que a criançada se lambuzando de
frutas fresquinhas colhidas no pé?

Adubação de plantio e de manuten- das é chamado de COVA. Nesta cartilha


ção chamamos a COVA de BERÇO.
Esclarecimento: COVA é para algo morto e BER-
O buraco onde plantamos as mu- ÇO é para a Vida.

52
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

• Para a adubação dos berços: 30 rá bem preparada pelas plantas e


kg de composto orgânico; 2 kg de pelos bichinhos e minhocas que
farinha de osso; 200g de fosfato trabalharão no local. Em regiões
natural; 2 kg de cinza do fogão. de calor e chuvas os bichinhos vão
Misturar tudo. Ao preparar o ber- trabalhar em menos tempo. Faça
ço retirar os primeiros 40 cm de os berços pequenos, com tama-
terra e separar. Junto a esta terra nho suficiente para caber a muda
misturar os produtos acima cita- da frutífera.
dos. Os últimos 40 cm de terra Ao redor da muda, reforce com es-
deve deixar separados, não serão terco curtido ou composto colo-
devolvidos no berço. Ao preencher cado na superfície, e cubra toda a
o berço cubra-o com uma cama- área com palhada dos adubos ver-
da de palhada. des.
• Para um preparo da área com • Para a adubação de manuten-
mais tempo, outra maneira boa ção: 20 kg de composto orgâni-
e mais caprichada de fazer é: co, 500g de farinha de osso, 600g
Marque o local dos berço e nesta de cinza.
área, coloque na superfície da ter- Para se obter os melhores resulta-
ra uma camada de 10 centímetros dos é recomendado utilizar esta
de palha ou folhas verdes. adubação dividida em 3 vezes
Sobre esta camada coloque uma iguais.
camada de 10 centímetros de es- A primeira vez antes da floração; a
tercos mais 50 gramas de calcário segunda vez no desenvolvimento
ou cinza de lenha. Volte a fazer dos frutos e a terceira depois da
nova camada de palha, e outra de colheita. Importante: mantenha
estercos mais calcário e cinza até a área toda sempre com adubos
a altura de 60 centímetros. A cada verdes no inverno e no verão.
camada, umedeça com água sem • Pode-se utilizar a aplicação de
encharcar. biofertilizantes líquidos diretamen-
Todo o restante desta área deve ser te nas folhas. Para proteção das
semeada com consórcios de adu- fruteiras ao ataque de insetos e
bos verdes. doenças, veja as receitas mais adi-
Num prazo de 3 meses a área esta- ante nesta cartilha.

As Sementes São Patrimônio dos Povos a Serviço da Humanidade


Todas as plantas que cultivamos e trabalho de diferentes povos pastores e
todos os animais domésticos que criamos, agricultores.
são frutos da evolução da natureza e do Nenhuma planta cultivada e nenhu-

53
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

ma criação doméstica foi desenvolvida Desde a produção comercial do pri-


pelos cientistas modernos que trabalham meiro milho híbrido por volta de 1930,
para as empresas. nos Estados Unidos da América, empre-
Os cientistas modernos trabalham sários passaram a investir cada vez mais
com a biodiversidade mantida e conser- no controle das sementes e dos animais
vada pelo camponeses e camponesas ao como negócio.
longo de toda a história da agricultura. Agora, com as tecnologias de pro-
Veja que para seu trabalho, eles dução de transgênicos, o poder dos em-
sempre lançaram mão de plantas e ani- presários chegou ao extremo da capaci-
mais que os camponeses e camponesas dade de intensionarem controlar as se-
já haviam trabalhado a muito mais tem- mentes em todo o planeta.
po. Essa possibilidade tem levado a uma
Com o cruzamento do centeio e do acelerada formação de poucas grandes
trigo, os cientistas modernos criaram o empresas mundiais que controlam as se-
Triticale, e também modificaram muitas mentes, os agrotóxicos, os medicamen-
outras plantas na sua estrutura de tos veterinários, os fertilizantes, as má-
florescimento, e outras características. quinas agrícolas, a agroindustrialização e
Desenvolveram o milho híbrido e a comercialização.
tantas outras plantas híbridas, e nos últi- É um grandioso poder que quer por
mos anos, chegaram ao desenvolvimen- todo meio sufocar os povos camponeses
to de plantas transgênicas. de todo o mundo e implantar a todo o
Nos últimos 10 a 15 mil anos, os custo o latifúndio do agronegócio.
povos pastores e agricultores, em dife- É uma grande ameaça para a hu-
rentes partes do mundo, trabalharam com manidade.
muita sabedoria criando e selecionando A sabedoria e a resistência campo-
os animais e as plantas. nesa de mais de 10 mil anos gerando plan-
É deste trabalho de sabedoria e per- tas e animais, cuidando do seu cultivo e
severança que a humanidade se valeu multiplicação e assegurando fartura de
para alcançar a abundância na produção alimentos em todo o mundo é o grandio-
de alimentos e de tantas outras matérias so ensinamento a ser perseverado.
primas necessárias à sua sobrevivência.

54
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Sem Sementes, a Mulher e o Homem não vão Enraizar na Terra.


Com as Sementes e as Criações Crioulas, a Mulher e o Homem vão
Fecundar a Terra e Multiplicar a Vida.
A Semente
Somente a mente de um ser tão bom Que sente e sonha nascer da terra
Pode criar do sentimento Tudo o que brota da maravilha
Um bem tão grande como a semente. Da força viva de uma semente?

Somente um dom cheio de vida Mas se há um deus onipotente


Como a semente pode gerar: Que cria tudo com o seu poder
Da vida a terra, Mas se um deus há que tudo cria
Da terra a planta, Com o seu amor como um presente
Da planta a flor Do dom da vida
Acontecida de seu amor Se um deus existe eternamente
De flor e fruto Ah! Pode crer
Dentro do sonho que há na mente Que ele algum dia já foi semente.
De uma semente cheia de vida.
Poema de Carlos Rodrigues Brandão,
Se um deus não há às crianças Sem Terrinha, em 2000.
Dentro de quem existe o gesto

Resgate de Variedades e Coleta de Sementes


Hoje em dia, os híbridos e as varie- taminar as outras variedades de uma cul-
dades das empresas tomaram conta das tura.
terras. Essa contaminação é um grande
Com seu uso, muitas variedades cri- perigo para as famílias camponesas e para
oulas foram sendo abandonadas. toda a humanidade.
Outro tanto das variedades crioulas É uma irresponsabilidade das auto-
foram castiçadas e misturadas com os hí- ridades governamentais que apoiaram essa
bridos e variedades das empresas. ganância sem fim das empresas
Agora taí o problema maior, que são multinacionais.
as plantas transgênicas. Tudo isso é um grande prejuízo para
As plantas transgênicas podem con- a agricultura camponesa e para a

55
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

agroecologia. No costume do povo camponês, não


A salvação é a grande sabedoria e a se perde a ocasião de resgatar algumas
velha coragem, organização e resistência sementes.
camponesa. É numa visita aos parentes, amigos
Muitas variedades crioulas continu- e vizinhos alguma coisa é resgatada.
am sendo conservadas e cultivadas por Pode ser por ocasião de alguma fes-
famílias camponesas por todo o Brasil. ta, ou mutirão, e muitas vezes nas es-
Em todas as regiões brasileiras, condidas nas lavouras de beira de estra-
muitas organizações camponesas estão da, dá-se um jeito de resgatar alguma se-
trabalhando firme no resgate, na experi- mente ou muda de plantas.
mentação, no melhoramento e na multi- Esses costumes devem continuar
plicação de variedades crioulas. para sempre.
Também organizaram o trabalho Nada pode impedir ou proibir os
com plantas medicinais, florestais nativas, povos camponeses a trocarem livremen-
frutíferas, plantas de jardim, temperos, e te suas sementes.
as criações. O objetivo final da lavoura para pro-
Este lindo e honrado trabalho inclui dução de sementes é a perpetuação da
a realização das feiras de sementes cri- espécie, a continuidade da vida.
oulas. O produto colhido deve reunir ca-
Tem feiras comunitárias, municipais, racterísticas que assegurem o alto vigor,
regionais, estaduais e a Feira Nacional da a boa germinação, a pureza física da va-
Semente Crioula. riedade e ser livre de patógenos que pro-
É com as feiras que os povos cam- vocam doenças.
poneses partilham as sementes como Já o propósito da lavoura destinada
patrimônio dos povos a serviço da hu- à produção de grãos para consumo é ob-
manidade. ter um produto limpo, uniforme e sem
O primeiro passo então é resgatar manchas, isento de restos culturais e de
as variedades de volta. sementes de outras espécies.

Como melhorar a prática de resgatar as sementes?


Quando a gente pega uma varieda- racterísticas próprias daquela espécie ou
de, que não temos em nossa proprieda- variedade de planta ou animal e que vão
de, o interesse é que ela mostre na nossa ser repassadas para as próximas gerações.
terra as suas qualidades, do mesmo jeito Genética tem a mesma origem da
que vimos na lavoura da vizinha ou do palavra Gênesis, o primeiro livro da Bí-
vizinho. blia.
Uma parte destas qualidades é defi- Gênesis quer dizer princípio.
nida pela genética da planta. Nos seres vivos, o princípio de tudo
A base genética é o conjunto de ca- são os Genes.

56
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Os Genes são estruturas muito pe- sementes de uma variedade, temos que
quenas que estão presentes em todos os levar uma boa representação da base ge-
seres vivos. nética desta variedade.
Os Genes definem a forma e o fun- Este trabalho tem que ser feito com
cionamento das plantas, dos micróbios, muito capricho, porque uma variedade é
dos animais e dos seres humanos, isto é, uma mistura de indivíduos que se pare-
de todo ser vivo. cem muito uns com os outros, por terem
O conjunto de genes de uma varie- uma mesma base genética, mas que não
dade de planta forma a sua base genética. são exatamente iguais por terem alguns
Quando pegamos uma amostra de genes diferentes em cada indivíduo.

A genética não é tudo. O ambiente tem grande influência.


Há características que os genes so- variedade que produz bem num lugar vai
zinhos definem, como por exemplo a cor produzir bem no outro.
do grão de milho. Há outras qualidades Se a qualidade da terra, o clima e o
que são resultados de uma combinação jeito de cultivar for muito diferente, a
da genética com o ambiente. genética da variedade pode reagir de uma
A produtividade é uma delas. outra forma e dar resultado diferente.
Isto quer dizer que nem sempre a

A genética da planta vem e é repassada através da semente:


Para gerar sementes, as plantas que O pólen traz as características ge-
dão flor precisam realizar o cruzamento. néticas da planta paterna.
É na flor que está a parte de repro- O óvulo traz as características ge-
dução masculina que dá o pólen e a parte néticas da planta materna.
feminina que contém o óvulo. A semente é uma combinação da
Ao se encontrarem, o pólen e o óvu- genética que vem do pólen e da genética
lo podem se fecundar. que vem do óvulo, podendo a parte fe-
Com a fecundação, formam-se as minina e masculina estar na mesma flor
sementes. ou em flores diferentes na mesma plan-
ta, ou em plantas separadas.

Pai e Mãe na mesma Planta e na mesma Flor:


Há plantas em que a parte feminina que contém o pólen estão bem juntas na
que contém o óvulo e a parte masculina mesma flor.

57
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

A flor pode estar protegendo essas quantidade de cruzamentos.


partes feminina e masculina do vento e O cruzamento pode acontecer se
da visita dos insetos. houver muito insetos que visitam as flo-
Essa proteção pode diminuir a res em busca de pólen.
chance de cruzamento entre flores da As sementes de uma mesma planta
mesma planta e entre plantas vizinhas. vão ter a constituição genética iguais.
Neste caso, o pólen pode fecundar A riqueza genética dessas plantas da
o óvulo antes da flor abrir. mesma variedade é muito pouco variada.
Se o pólen e o óvulo vem da mes- Em compensação, a diferença en-
ma planta, ela é ao mesmo tempo pai e tre as variedades é maior.
mãe das sementes produzidas. A maior variação da riqueza genéti-
Por isso, as sementes produzidas ca não vai estar dentro da variedade, mas
por cada planta vão ter a constituição ge- entre as variedades.
nética muito semelhante. Um exemplo é o feijão, onde as flo-
Essas plantas apresentam baixo cru- res se encontram fechadas quando ocor-
zamento, mas sempre ocorre pequena re a polinização e fecundação.

Pai e Mãe na mesma planta, mas em Flores Separadas.


Há plantas que trazem a parte fe- planta, mas tem mais chance de ocorrer
minina em uma flor e a parte masculina entre as flores de plantas diferentes.
em outra flor. Nessas plantas, o pólen que fecun-
Nessas plantas as flores masculina da as flores femininas podem vir de vári-
e feminina ficam em pontos diferentes as plantas.
da mesma planta. A maioria das suas sementes serão
O pólen é espalhado pelo vento ou irmãs apenas por parte da mãe.
levado pelos insetos que visitam as flo- Essas sementes vão ter a constitui-
res. ção genética bem variada.
O cruzamento pode ocorrer entre Um exemplo é o milho.
as flores feminina e masculina da mesma

Planta Pai e Planta Mãe em plantas diferentes:


Há plantas que tem a flor masculi- pólen e outra planta vai dar o óvulo.
na em uma planta e a flor feminina em Toda planta que der o óvulo é que
outra planta. vai produzir a semente.
É o caso daquelas plantas que a A fecundação é promovida pelo
gente diz que tem pé macho e pé fêmea. vento ou por insetos.
Neste caso, uma planta vai dar o A maioria das suas sementes serão

58
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

irmãs apenas por parte da mãe. araucária, do mamão , e muitas outras


Essas sementes vão ter a constitui- plantas.
ção genética bem variada. O mamão é um caso a parte porque
Estas plantas têm a genética espa- pode também apresentar plantas que con-
lhada em várias plantas. tém a parte masculina e feminina na mes-
É o caso da erva-mate, do pinheiro ma flor. É chamada de flor hermafrodita.

Cada tipo de flor exige diferentes cuidados na coleta de sementes


O tipo de flor e sua posição na planta adiante o trabalho com milho e feijão.
define se a planta cruza ou não com as
vizinhas. Baseado nas orientações de traba-
A planta ao cruzar ou fornecer pó- lho de resgate de variedades de milho,
len para ela mesma é que define como a deve-se tomar os mesmos cuidados na
genética da planta será organizada. hora de resgatar sementes ou na hora de
Plantas que cruzam com as plantas organizar a lavoura de produção de se-
vizinhas tem a riqueza genética espalha- mentes de abóbora, melancia, melão,
da em várias plantas da mesma varieda- pepino, moranga, mogango, girassol,
de. maracujá, cenoura.
É o caso do milho que tem o pólen Essas plantas também tem flor ma-
espalhado pelo vento a longas distâncias cho e flor fêmea na mesma planta.
Com isso acaba fecundando várias O cruzamento pode acontecer en-
espigas de diferentes plantas espalhadas tre plantas que estejam perto ou longe.
na própria lavoura, e até mesmo da la- O cruzamento pode ocorrer entre
voura do vizinho. Também a sua lavoura diferentes variedades que estejam flores-
pode receber o pólen da lavoura do vizi- cendo na mesma época.
nho. Dentro de uma mesma variedade Como a genética fica distribuida em
de milho encontraremos plantas diferen- diferentes plantas, a coleta de sementes
tes porque elas têm genes diferentes deverá ser feita recolhendo um pouco de
Plantas que usam o seu próprio pó- várias plantas.
len tem a riqueza genética espalhada en- Com esse capricho estará sendo as-
tre as diferentes variedades. segurado a boa representação da genéti-
É o caso do feijão, onde a flor usa ca da variedade.
o seu próprio pólen, dificultando muito o
cruzamento com plantas vizinhas. As plantas que tem pé com flor
Dentro de uma variedade de feijão macho e pé com flor fêmea com a erva-
as plantas normalmente são iguais por- mate, o pinheiro araucária e uma parte
que elas têm genes iguais. das plantas de mamão, também tem a
Nesta cartilha vai ser detalhado mais genética espalhada em várias plantas.

59
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

A coleta de sementes deverá ser fei- Da batatinha também pode ser plan-
ta recolhendo um pouco de sementes de tada apenas os olhos que tem na casca.
várias plantas. Esses olhos também são chamados de
gemas.
Baseado nas orientações de traba- Essa planta milagrosa também pro-
lho com feijão, deve-se tomar os mes- duz sementes nas suas flores.
mos cuidados com arroz, trigo, triticale, Essas sementes são mais usadas nos
centeio, soja, amendoim, ervilha, feijão trabalhos de seleção e melhoramento de
vagem, tomate, fumo, cevada, café, uva variedades.
e muitas outras plantas. A mandioca também produz semen-
Essas plantas tem a parte feminina tes. São suas sementes que geram novas
e masculina na mesma flor, e apresen- variedades.
tam pouco cruzamento com plantas vizi- O alho é multiplicado pelo seus den-
nhas. tes, também chamado de bulbo.
Para cada variedade, a coleta de O abacaxi e a mandioquinha salsa e
sementes deverá ser feita recolhendo o a couve, multiplicam-se por mudas. A par-
máximo de sementes de poucas plantas. reira é um bom exemplo da multiplica-
ção por estaca.
Há ainda as espécies que multipli- Para a multiplicação dessas plantas,
cam-se por rama, estaca, maniva, tubér- deve ser coletado amostras de diversas
culo, colmo, rizoma ou muda. plantas distribuídas na lavoura.
No caso de rama, temos a batata Também existem espécies que o cru-
doce e a mandioca. Para a rama de man- zamento pode acontecer de dois jeitos.
dioca também dizemos maniva. Tanto cruzam com as plantas vizi-
Já o inhame, o cará e a batatinha, nhas como ao mesmo tempo podem cru-
usa-se o tubérculo. zar consigo mesma.
Para a cana de açúcar usa-se o col- É o caso do algodão, do pêssego,
mo. da mandioca e da mamona.
Sabemos que a batata doce e a Para a coleta de sementes dessas
batatinha também podem ser plantadas culturas, deve-se coletar amostras de di-
aos pedaços do tubérculo. versas plantas distribuídas na lavoura.

Como Milho se cruza?


A flor masculina do milho é o vento podendo ir a longas distâncias.
pendão. Mais ou menos 30% do pólen cai
É no pendão que está o pólen. na flor feminina da mesma planta.
No pendão pode ter em média 18 Os outros 70% dos grãos de pólen
milhões de grãos de pólen. são espalhados pelo vento e poderão fe-
Todo esse pólen é espalhado pelo cundar a flor feminina de outras plantas

60
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

de milho. Esse conhecimento mostra que não


Em média uma planta de milho fica existe pé de milho macho e pé de milho
liberando pólen por 10 dias. fêmea.
A flor feminina do milho é a boneca Também não existe espiga macho
da espiga. nem espiga fêmea.
Ao sair da espiga, a boneca é úmida Todo pé de milho tem a flor macho
e pode receber pólen por uns 10 dias. que é o pendão e a boneca que é a flor
Geralmente a polinização ocorre nos fêmea.
primeiros 3 dias. Por receber grãos de pólen de dife-
Cada fio de cabelo da boneca pode rentes plantas a riqueza genética da vari-
receber vários grãos de pólen, mas só um edade fica espalhada entre as sementes
grão de pólen vai ser útil para formar a de várias espigas.
semente. Esse conhecimento mostra que não
A umidade do cabelo favorece a se deve coletar sementes de uma só espi-
germinação do grão de pólen. ga.
Ao germinar, o grão de pólen pene- Para levar adiante a riqueza genéti-
tra através do orifício do cabelo da bone- ca de uma variedade é preciso coletar se-
ca e fecunda o óvulo na base do sabugo. mentes de várias espigas espalhadas por
Alí, será formado o grão de milho. toda a lavoura.

61
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Orientações importantes para a Coleta de Semente de Milho


No início do trabalho o resgate das Isso não é recomendado pois pode
variedades pode se dar na lavoura ou no refinar a variedade.
paiol, ou numa feira de sementes. Esta situação exige que tomemos
Na maioria das vezes é conseguido todo cuidado conforme as orientações
pouca semente para começar. desta cartilha para coletar as sementes.

O que é uma espiga de primeira Sabemos que a pilha de espigas foi


qualidade? feita aos poucos conforme foram sendo
1 – apresenta bom empalhamento trazidas na carroça ou na carreta.
protegendo toda a espiga; Cada vez a carroça ou carreta foi
2 – livre de podridões e danos por sendo enchida com espigas de bandeiras
lagarta, caruncho, traça e rato; que estavam em diferentes partes do ter-
3 – apresenta boa formação de reno e transportada até o paiol.
grãos cobrindo todo o sabugo; Como as terras cultivadas são man-
4 – as carreiras de sementes devem chadas e desparelhas, a coleta precisa ser
ser bem retas. feita pegando as melhores espigas das di-
ferentes manchas do terreno.
Como fazer para coletar espigas Se o milho estiver debulhado faça o
armazenadas no paiol? mesmo trabalho coletando um punhado
Coletar 200 espigas de diferentes de diferentes pontos do monte de semen-
partes do monte. tes.
É preciso caprichar revirando a pi- Se estiver ensacado, colete um pu-
lha de espigas para selecionar as 200 nhado de cada saco.
melhores. A amostra deve ser de no mínimo 2
Porque coletar de diferentes partes kg de sementes e de preferência de pelo
da pilha de espigas? menos 200 espigas da mesma variedade.

A melhor maneira de garantir a riqueza e as qualidades genéti-


cas de uma variedade é selecionar e marcar as melhores plantas na
lavoura, e classificar e aproveitar as melhores espigas das plantas
selecionadas.

Primeiro cuidado para obser- variedades ou híbridos ou de plantas


var na lavoura de produção ou de transgênicas a menos de 500 metros que
resgate de sementes também estejam em ponto de colheita.
Se tiver poderá ter ocorrido conta-
Observe se há lavouras de outras minação da variedade.

62
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Neste caso, esta lavoura não pode sol e armazenadas em embalagens sem
ser aproveitada para semente. ar.
Veja as orientações mais adiante
Como fazer para coletar espigas nesta cartilha.
na lavoura em ponto de colheita?
Não colha espigas das beiradas da Como fazer uma lavoura para
lavoura. produção de sementes selecionadas?
As espigas devem ser de diferentes Preparo do solo:
partes da lavoura para garantir as melho- A área deverá ser bem preparada
res espigas das diferentes manchas da ter- no inverno com adubação verde. Use de
ra cultivada. preferência a ervilhaca ou o tremoço.
Para garantir a riqueza e a quali- Melhor ainda é usar esses adubos
dade genética do milho devem ser verdes misturados, podendo acrescentar
coletadas no mínimo 200 espigas mais o nabo forrageiro.
selecionadas de primeira qualidade. Outros adubos verdes podem ser
Para sobrar 200 espigas usados.
selecionadas de primeira qualidade será Siga as orientações de manejo eco-
necessário colher por volta de 600 espi- lógico de solos e nutrição e proteção dos
gas na lavoura. cultivos presentes nesta cartilha.
Não jogue as espigas no chão.
As espigas devem ser depositadas Escolha da área:
imediatamente em sacaria. Escolha uma área isolada com 500
Em local adequado, providencie a metros ou mais de outras lavouras de
retirada da palha e selecione as espigas milho.
perfeitas. Evite áreas de terreno dobrado onde
Debulhe as pontas em separado. haja lavouras de milho acima da lavoura
Só a parte do meio da espiga é que para produção de semente.
será debulhado para o plantio do campo A área pode ser isolada por morros
de produção de sementes na próxima sa- ou floresta e capões de mato alto.
fra. Outra forma de isolamento é plan-
De cada espiga será coletado a mes- tar a lavoura de sementes 40 dias antes
ma quantidade de sementes. ou depois do plantio da outra lavoura de
Para medir a quantidade de semen- milho que estará ao lado.
tes não precisa contar. Isso evita que ocorra o florescimento
Use uma vasilha de plástico trans- na mesma época impedindo o
parente com uma marca. castiçamento.
A amostra deve ser de no míni-
mo 2 kg de sementes. Plantio, Raleio e Tratos Culturais
Se puder coletar quantidades maio- Para a nutrição da lavoura, use
res é melhor. calcario ou fosfato natural ou pó de
As sementes devem ser secadas ao basalto e o adubo da indepedência, con-

63
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

forme as orientações apresentadas mais fungo que preteia o pendão e a espiga,


adiante nesta cartilha. chegando a deformar a espiga.
Use as sementes selecionadas que Essas plantas devem ser retiradas
foram resgatadas. da lavoura podendo ser fornecidas aos
Usar um metro entre linhas e cinco animais.
sementes por metro corrido.
Se tiver bastante semente, plante Quais são as melhores plantas?
sete sementes por metro corrido e faça o 1 – plantas livres de doenças e ata-
raleio aos 20 dias depois da germinação ques de lagartas. Veja sobre as doenças
deixando as 4 ou 5 melhores plantas por do milho mais adiante nesta cartilha;
metro corrido. 2 – plantas de altura média. Essas
O raleio é a primeira seleção, quan- plantas são mais resistentes ao vento,
do é eliminada as plantas mais fracas. ocorrendo menos tombamento e
Com capina de enxada ou carpideira quebramento, e facilita o dobramento e a
e cultivador, mantenha a lavoura livre do colheita;
excesso de plantas espontâneas. 3 – plantas com caule forte e bom
A aplicação da urina e de enraizamento;
biofertilizantes deve ser feita pelo menos 4 – plantas com o maior número de
duas vezes. folhas acima da espiga. Essas folhas é
Uma vez após fazer o raleio e a se- que mais ajudam na formação dos grãos.
gunda vez 15 dias depois. É melhor ainda que essas folhas estejam
Se for fazer a terceira aplicação, na posição apontada para cima para faci-
deverá ser 15 dias após a segunda aplica- litar a entrada da luz do sol nas folhas de
ção. baixo. As folhas abaixo da espiga ajudam
Após esses prazos, os produtos te- mais no crescimento da planta;
rão pouco efeito sobre a produtividade 5 – a espiga deve estar de preferên-
da lavoura. cia da metade da planta para baixo e livre
Ao longo do crescimento da lavou- de doenças e ataque de lagartas, carun-
ra, elimine todas as plantas fracas antes cho e traça;
delas florescerem. 6 – plantas com duas espigas, o que
Se a área já foi cultivada com mi- confere maior produtividade;
lho, poderá germinar sementes. Estas 7 – espigas bem formadas e com
plantas devem que ser eliminadas o quan- bom empalhamento;
to antes. 8 – na época da colheita, preferir
Elas não podem chegar a florescer plantas com a espiga voltada para baixo.
porque vão contaminar a variedade que Isso diminui as perdas por umidade e ata-
foi resgatada com tanto trabalho e capri- que de doenças e insetos;
cho. 9 – plantas que cresceram compe-
Seguir eliminando as plantas que tindo com outras plantas. Plantas isola-
apresentarem ataque de carvão. das normalmente produzem boas espigas,
O carvão é uma doença causada por mas não temos certeza de elas realmente

64
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

sejam produtivas, pois tiveram a vanta- Este ponto é dado quando na base
gem de estarem mais distantes de outras da semente surge o ponto preto.
plantas. Não atrase a colheita para obter se-
mentes sadias de forte vigor.
Como fazer a seleção das melho- Colha apenas as espigas das plantas
res plantas para coleta de semente bá- que apresentarem as melhores qualida-
sica? des explicadas anteriormente.
Quando as plantas estiverem na épo- Em planta com duas espigas, colha
ca de milho verde, o que dá uns 30 dias apenas a melhor espiga.
depois que os pendões começaram a sol- Não jogue as espigas no chão.
tar pólen deve ser feito nova seleção. As espigas devem ser imediatamente
Nesta época é fácil de verificar as colocadas dentro de sacos e levadas para
plantas que apresentam as doenças. o local onde se fará a seleção final e de-
As plantas doentes não devem ser bulha.
selecionadas. A seleção de espigas tem que ser
Não marque as plantas das beira- bem rigorosa.
das da lavoura. Das 1000 espigas colhidas, ao final
A cada 1 metro corrido de cada li- deve ter pelo menos 200 a 400 espigas
nha, marcar a melhor planta com uma selecionadas.
fita colorida. Siga as orientações que estão no
Escolha uma cor fácil de ser vista item: O que é uma espiga de primeira
quando o milho estiver seco. qualidade?
Marcar no mínimo 1000 plantas Debulhe as pontas em separado.
numa lavoura feita com 2 kg de semen- Essas sementes das pontas podem
tes. ser aproveitadas para plantio de lavoura
Se a lavoura for maior, aumente a de consumo.
quantidade de plantas selecionadas de O meio da espiga é que será debu-
acordo com a necessidade de sementes lhado para o plantio do campo de produ-
básicas para atender o grupo de famílias ção de sementes na próxima safra.
que participa do trabalho. As sementes devem ser secadas e
armazenadas em embalagens sem ar.
Milho Seco: Veja as orientações mais adiante
As plantas marcadas devem ser vis- nesta cartilha.
toriadas novamente. Todo o resto da lavoura pode ser
Se for fazer o dobramento das plan- colhido como semente para plantio de la-
tas, a dobra deverá ser feita abaixo da vouras para produção de consumo.
espiga. Como fazer para debulhar?
Isso ajuda na secagem e evita ainda Para pequenas quantidades, é me-
mais a penetração de água nas espigas. lhor debulhar com as mãos.
A dobra deve ser feita quando as Primeiro debulhe as duas pontas da
plantas atingem a maturação fisiológica. espiga em separado.

65
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Nas pontas da espiga as sementes Há o debulhador com manivela.


tem formato arredondado. Faz um bom trabalho e com bom
Com esse formato elas dificultam a rendimento.
regulagem da matraca ou das Para grandes quantidades há máqui-
plantadeiras. nas especiais para debulha.
Em seguida, debulhe o meio da es- Elas não quebram ou danificam as
piga para usar no plantio do campo de sementes.
produção de sementes na próxima safra. Evite o uso do batedor comum.
Essa classificação vai facilitar um Sendo necessário o uso do batedor
pouco o plantio com matraca ou trabalhe com baixa rotação e os dentes
plantadeira. não muito apertados.

As principais doenças da cultura do milho são:


I) Podridão da semente nas duas faces da folha. Primeiro apre-
Ocorre principalmente em solos mal sentam coloração-canela, que é intensifi-
drenados, que chegam a afetar a absor- cada á medida que amadurecem e se rom-
ção dos nutrientes, afetando a parte área pem, liberando a esporos de reprodução
da planta. As medidas de controle utiliza- do fungo. Esta doença é mais encontra-
das envolvem o manejo do solo e uso de da na região Sul, devido á temperatura
variedades mais resistentes. mais amena durante o cultivo do milho.

II) Manchas foliares c) Ferrugem polysora (Puccinia


a) Manchas causadas pelo Exse- polysora)
rohilum turcicum (Helminthosporium Nesta ferrugem se observa um gran-
turcicum) de número de pústulas, que podem apa-
Em condições naturais as manchas recer no limbo da folha, na palha verde
começam a aparecer nas folhas inferiores da espiga e até mesmo no pendão. As
da planta, passando para as superiores de pústulas são menores que as da ferru-
acordo com a suscetibilidade da varieda- gem comum, com formato mais circular,
de. As lesões são necróticas e alongadas, com coloração amarelo a dourado. Esta
podendo variar de 2,5 a 15 cm de compri- doença é mais agressiva e destrutiva das
mento. É uma doença que ocorre princi- ferrugens, ocorrendo principalmente em
palmente em condições de temperatura clima úmido e com noites quentes, con-
moderada e umidade elevada. dições observadas comumente nas regi-
ões Centro-oeste e Sudeste.
b) Ferrugem comum (Puccnia
sorghi) d) Ferrugem tropical (Physopella
Esta doença é caracterizada pela zeae)
presença de pústulas elípticas e alongadas Nesta doença se observam peque-

66
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

nas pústulas de formato arredondado a secos antes do florescimento, predispõe


ovalado, em grupo, de coloração amare- a podridão do colmo. No colmo a podri-
la a castanho claro, recobertas pela dão pode ocorrer a qualquer fase de de-
epiderme da folha, podendo aparecer um senvolvimento da planta. As plantas ata-
bordo escuro que envolve o grupo de cadas podem morrer mesmo antes da
pústulas. polinização, mas geralmente os sintomas
ocorrem na casca logo após a polinização,
e) Mancha foliar de Phaeosphae- como lesões estreitas, longitudinais,
ria encharcadas. As lesões se apresentam
No começo as lesões causadas por com cor inicialmente pardo-avermelhado,
Phaeosphaeria são arredondadas e que se tornam castanho escuras e pretas.
oblongas, pequenas, cloróticas, que cres- Os tecidos internos do colmo se tornam
cem até 2 centímetros de diâmetro, quan- escuros e começam a desintegrar-se.
do assumem aparência esbranquiçada, cor
de palha, e com bordos escuros. Quanto b) Causada por Diplodia (Diplo-
mais sedo ocorrer esta doença, maiores dia maydis)
serão os danos. O ambiente que favorece esta do-
ença é o de tempo seco antes da
f) Mancha marrom (Physoderma polinização e após um período chuvoso.
maydis) A alteração da coloração externa do col-
Esta doença ocorre mais em perío- mo é um dos principais sintomas, pas-
dos quentes e úmidos relativamente lon- sando da cor normal para uma
gos. Os sintomas iniciam nas folhas como despigmentação de tonalidades variadas
pequenas pontuações amarelas, que po- entre palha e marrom. Geralmente, após
dem se juntar formado manchas maio- a polinização os internódios inferiores da
res. O limbo da folha pode apresentar planta são afetados, podendo ocorrer seca
coloração dourada. Com o passar do tem- prematura da planta.
po, as manchas mudam de coloração para
marrom-arroxeada. Estas manchas po- c) Causada por Fusarium (Fusa-
dem ocorrer no limbo foliar, bainha das rium moniliforme)
folhas e colmos. Por fim, a quebra do Ocorre nas raízes e internódios in-
colmo ocorrida em locais colonizados feriores do colmo, iniciando logo após a
pelo fungo é o dano mais grave desta do- polinização, especialmente quando se tem
ença. tempo seco antes da polinização e após
um período chuvoso. Pode ocorrer seca
III) Podridão do colmo prematura de plantas. A parte interna do
a) Causado por Antracnose colmo fica com uam coloração
A Antracnose (Colletotrichum esbranquecida a marrom, causando o en-
graminicola) é favorecida por alta umi- fraquecimento do como, que favorece o
dade e temperatura moderada. Períodos quebramento das plantas.

67
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

d) Causada por Pythium semelhante ao carvão. Temperaturas ele-


(Puthium aphanidermatum) vadas, injúrias mecânicas, espigas mal
Geralmente, os sintomas desta do- empalhadas e altas doses de nitrogênio
ença se limitam ao primeiro internódio favorecem a ocorrência do carvão.
na linha da superfície do solo. A região
do colmo atacado pode apresentar cor de V) Podridão da Espiga
palha a marrom escuro e de aspecto a) Causada por Diplodia
encharcado. Pode ocorrer estrangulamen- Normalmente, esta podridão inicia-
to do colmo na região atacada. A parte se pela base da espiga. O fungo se de-
atacada do colmo perde a sua firmeza, senvolve também entre os grãos da espi-
acarretando o tombamento das plantas. ga, que ficam mais leves que as sadias.
A queda repentina de plantas, mesmo Pequenos pontos pretos podem ser ob-
antes do florescimento é um outro sinto- servados no sabugo da espiga. Esta do-
ma. ença é mais severa em tempo úmido com
duração de algumas semanas, logo após
e) Podridão seca do colmo cau- o florescimento.
sada por Macrophomina phaseolina
Ocorre normalmente após o b) Causada por Fusarium
florescimento. A doença é favorecida pe- Os grãos apresentam coloração al-
las altas temperaturas e período seco por terada que varia de rósea a marrom es-
ocasião do florescimento. O fungo pene- curo, em sua parte superior. Podem ser
tra pelo sistema radicular e inicia a colo- observados grãos atacados em isolado ou
nização nos internódios inferiores da plan- em grupos na espiga. Em estágio avan-
ta. No estágio mais avançado da doença, çado pode se observar sobre a espiga um
o colmo se apresenta internamente aspecto como de fios de algodão sobre
enegrecido, com feixes vasculares sepa- ela. Esta doença é mais severa em tempo
rados dos demais tecidos. úmido com duração de algumas sema-
nas, logo após o florescimento.
IV) Carvão comum (Ustilago
maydis) c) Causada por Giberella
O carvão pode ocorrer em diferen- Esta doença ocorre com mais fre-
tes partes da planta. No início, as galhas qüência em regiões de clima frio e úmi-
são recoberta por uma membrana bran- do. Os sintomas começam pela ponta da
ca e aspecto brilhante, cujo interior é de espiga e progridem em direção a base.
consistência mole e suculento. Com o de- Normalmente, a palha fica firmemente
senvolvimento da doença ocorre a for- ligada a espiga.
mação de esporos de coloração negra,

68
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Orientações importantes para a Coleta de Semente de Feijão


Assim como o milho, o resgate das Capriche porque as principais doenças do
variedades de feijão pode se dar na la- feijão são transmitidas pela semente;
voura ou no paiol, doação de vizinho e 3 – apresentar bainhas bem forma-
amigos ou numa feira de sementes. das e bem granadas.
Na maioria das vezes é conseguido
pouca semente para começar, exigindo
que tomemos todo cuidado conforme as Como fazer para coletar semen-
orientações desta cartilha para coletar as tes armazenadas no paiol?
sementes. Coletar um punhado de sementes
de diferentes partes do monte.
O que é um pé de feijão de pri- Se estiver ensacado, colete um pu-
meira qualidade? nhado de cada saco.
1 – aquele que apresentar bom de- Faça a catação para eliminar as se-
senvolvimento; mentes defeituosas e manchadas com apa-
2 – ser sadio, livre de doenças. rência de doentes.

A melhor maneira de garantir a riqueza e as qualidades genéti-


cas de uma variedade é selecionar as plantas e colher as vagens na
lavoura.

Como fazer a seleção das melhores plantas na lavoura para coleta de semente básica?
Coleta de sementes: plantas.
As plantas devem ser colhidas de A amostra deve ser de no mínimo
diferentes partes da lavoura para garantir meio quilo de sementes.
a melhor semente das diferentes manchas Se puder coletar quantidades maio-
da terra cultivada. res é melhor.
Para garantir a riqueza e a qualida- Cuide para fazer uma boa seleção
de genética do feijão devem ser de plantas.
selecionadas e coletadas no mínimo 300 Muitas vezes numa mesma lavoura
a 500 plantas de primeira qualidade. pode aparecer misturas de variedades.
Plantas diferentes devem ser colhi-
Andando em zigue-zague pela lavou- das em separado.
ra nas diferentes manchas de terra, sele-
cione e colete uma planta de feijão, e siga Debulha:
em frente até completar no mínimo 300 Evite ao máximo a mistura de vari-

69
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

edades diferentes, quando for debulhar . Importante:


Para pequenas quantidades, fazer a O batedor e a trilhadeira devem es-
debulha a cambao. tar bem limpos e livres de sementes de-
Para quantidades maiores, usar o bulhadas em outra ocasião.
batedor ou trilhadeira. A s sementes devem ser secadas e
Depois de debulhar, faça a catação armazenadas em embalagens sem ar.
eliminando as sementes defeituosas. Veja as orientações mais adiante
nesta cartilha.

Como fazer uma lavoura para produção de sementes selecionadas?


Escolha da área:Fazer a lavoura em Plantio para seleção da varieda-
áreas onde não foi plantado feijão como de:
cultura no ano anterior. Para um maior capricho com a va-
Em áreas onde já tinha cultivo de riedade, pode ser feito este trabalho mais
feijao na safra anterior corre-se o risco rigoroso de seleção da variedade ao in-
de aparecer plantas voluntárias de feijão vés de ir direto para o plantio do campo
prejudicando a pureza genética da varie- de multiplicação da variedade.
dade. Com este trabalho, será feito uma
Outro problema é que diversas do- seleção mais rigorosa da variedade.
enças que são transmitidas pela semente
podem permanecer no solo de um plan- Como fazer o campo de seleção:
tio ao outro, infectar as sementes que es- 1 – Cada pé de feijão resgatado terá
tão sendo produzidas e promover a sua suas bainhas debulhadas em separado;
disseminação para outras regiões. 2 - Essas sementes deverão ser
Um exemplo é o mofo branco. secadas e armazenadas em pacotinhos se-
Por esta razão o melhor é usar áre- parados;
as onde não tenha sido cultivado feijão 3 – Na época do plantio, cada
nos últimos 3 anos. pacotinho será plantado em uma linha em
separado;
Preparo do solo: 4 – Toda carreira de feijão que apre-
Um excelente adubo verde para fei- sentar plantas diferentes serão elimina-
jão é a aveia preta. das ou poderão ser avaliadas como nova
Melhor ainda é usar a mistura de variedade;
aveia preta com nabo forrageiro. 5- As carreiras de feijão que apre-
Outros adubos verdes podem ser sentarem plantas idênticas, com as mes-
usados. mas características das plantas originais
Siga as orientações de manejo eco- da lavoura onde foi feito o resgate da va-
lógico de solos e nutrição e proteção dos riedade, serão colhidas e misturadas pas-
cultivos presentes mais adiante nesta sando a ser a primeira geração da semente
cartilha. básica.

70
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Plantio: Se for fazer a terceira aplicação,


Use as sementes selecionadas que deverá ser na fase inicial de
foram resgatadas. embainhamento.
Use espaçamento de meio metro Após esses prazos, os produtos te-
entre linhas com 13 sementes por metro rão pouco efeito sobre a produtividade
corrido. da lavoura.
Uma distância de 5 metros entre um Se o clima favorecer o surgimento
campo de semente do outro é suficiente de doenças, será necessário fazer aplica-
para evitar contaminação e mistura de ções de calda bordaleza ou calda
sementes de variedades diferentes. sulfocálcica. Veja as orientações mais
Podendo plantar com maior distân- adiante nesta cartilha.
cia, terá a vantagem de maior segurança Importante:
quanto ao ataque de doenças. Ao longo do desenvolvimento da
Uma boa medida é plantar 5 carrei- lavoura, devem-se eliminar as plantas di-
ras de milho entre um campo de semente ferentes quanto ao tipo de crescimento,
e outro. ciclo, coloração das flores e vagens, plan-
Para a nutrição da lavoura, use tas doentes e plantas de outras espécies
calcario ou fosfato natural ou pó de cultivadas e plantas espontâneas.
basalto e o adubo da indepedência, con- As vistorias na lavoura para elimi-
forme as orientações apresentadas mais nar essas plantas diferentes são no início
adiante nesta cartilha. da floração, durante a formação das va-
gens, na maturação e na pré-colheita.
Tratos culturais:
Com capina de enxada, carpideira
ou cultivador, mantenha a lavoura livre Colheita:
do excesso de plantas espontâneas. Havendo atividade muito grande de
Se a área já foi cultivada com feijão insetos polinizadores, não colete semen-
na safra anterior, poderá germinar semen- tes das quatro primeiras linhas de cada
tes. lado da lavoura nem dos dois primeiros
Estas plantas devem que ser elimi- metros do começo e do final de cada li-
nadas o quanto antes. nha.
Elas não podem chegar a florescer Faça uma primeira colheita
porque vão contaminar a variedade que caprichada conforme foi explicado nesta
foi resgatada com tanto trabalho e capri- cartilha no ítem Coleta de Sementes.
cho. Tome os mesmos cuidados confor-
Para nutrição e proteção das plan- me foi explicado no ítem sobre debulha.
tas, use os biofertilizantes a urina de vaca Toda a produção da lavoura feita
pelo menos duas vezes antes da floração. com os cuidados e caprichos explicados
Uma vez aos 20 dias após o nasci- nesta cartilha poderá ser usada como se-
mento do feijão e outra antes do mente.
florescimento.

71
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Doenças transmitidas pela semente de Feijão


Doenças causadas por Fungo: Mofo Branco: manchas nas folhas,
Antracnose: Aparecem manchas haste e vagens.
pretas finas e cumpridas no caule, nos
ramos e nas nervuras das folhas. Na va- Doenças causadas por Vírus:
gem, formam manchas arredondas che- Mosaico Comum: pedaços da fo-
gando a quase perfurá-la. Também man- lha ficam cor amarelo pálido rodeado por
cha a semente. partes verdes.
Mancha Angular: esta doença
apresenta umas manchas amareladas en- Doenças causadas por Bactérias:
tre as nervuras das folhas. Bacteriose: há duas espécies de
Podridão da Raiz: o tronco do fei- bacteriose que ataca o feijão, chamdas
jão é atacada junto ao solo e tomba. de Xantomonas e Pseudomonas. Elas
Murcha de Fusarium: as folhas ocorrem em condições de estiagem e ele-
amarelam de baixo para cima. vada temperatura. A Xantomonas forma
Podridão Cinzenta do Caule: o na folha um círculo pequeno com o cen-
fungo forma manchas escuras no caule tro escuro com outro cículo amarelado
que depois ficam acinzentadas. por fora.

Um dos maiores inimigos da semente é a umidade.


A semente funciona igual ao sal. Depois de seca, as sementes devem
Ela chupa umidade do ar quando o ser armazenadas em embalagens sem ar.
tempo está úmido. As sementes não devem ficar respi-
Ela perde umidade para o ar quan- rando.
do está seco. Sem ar, as sementes adormecem até
Este vai e vem de absorver e per- quando forem plantadas novamente.
der água maltrata o embrião e pode ma- Sementes adormecidas preservam a
tar a semente. germinação e o vigor.

Como fazer para secar as sementes?


A secagem pode ser feita ao sol ou Não use a lona preta porque a tem-
em secador. Ao sol devem ser esparra- peratura pode ficar muito alta e matar o
madas em camada finas de 10 centíme- embrião de muitas sementes.
tros no máximo sobre um piso cimenta- As sementes são revolvidas algumas
do ou usando lona clara. vezes durante o período de exposição ao

72
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

sol, para facilitar a secagem. Depois de zenada.


um certo período, quando a umidade es- Ela vai fermentar, esquentar e morrer.
tiver próxima de 13%, as sementes po-
dem ser amontoadas e cobertas durante Uso do secador
a noite, para que haja um período de di- O uso de secador exige termômetro
fusão da umidade do interior da semente para controle da temperatura.
para a periferia. A temperatura não pode passar de
É necessário conferir a umidade 38º graus centígrados.
com equipamentos. Se for secador de leito fixo, colo-
A umidade ideal deve ser ao redor que as sementes e não mexa no monte
de 13%. até que toda a umidade seja eliminada,
Não havendo um medidor de umi- evitando assim ocorrência de danos me-
dade, leve uma amostra até uma coope- cânicos e quebra de sementes.
rativa ou cerealista e realize este impor- Para o armazenamento deixe as se-
tante e decisivo trabalho de conferência. mentes com aproximadamente 13% de
Semente úmida não pode ser arma- umidade.

Como fazer para classificar as sementes?


A forma mais simples é debulhar ventilador manual de sementes, adaptan-
com as mãos . do peneiras para classificação.
Este trabalho vai facilitar um pouco Para grandes quantidades há máqui-
o plantio com matraca ou plantadeira. nas especiais para classificação.
Uma alternativa é transformar o

Como fazer para armazenar as sementes?


Pequenas quantidades podem ser Garrafões de vidro, lata de 18 litros
armazenadas em garrafa plástica e litro ou bombona plástica de 20 litros permi-
de vidro bem vedados. tem armazenar quantidades maiores.
Ao ir enchendo, chacoalhe a garra- Essas embalagens também devem
fa e o litro várias vezes para melhor aco- ser chacoalhadas para favorecer a elimi-
modar as sementes e eliminar ao máxi- nação do ar.
mo o ar do seu interior. Estando bem cheias, suas tampas
Conforme as sementes se assentem, também devem ser lacradas com cera ou
complete e chacoalhe novamente até que vela derretida.
fiquem bem cheios de semente. No caso dos tambores de latão, ain-
Coloque a tampa e lacre com cera da vazios, devem ser deixados ao sol para
de abelha ou vela derretida. que fiquem realmente secos.

73
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Após encher a bombona ou o tam- armazenadas em local fresco e seco.


bor com as sementes, coloque um peda- A eliminação do ar impede o desen-
ço de vela e acenda o pavio. volvimento de caruncho e traça e dispensa
Em seguida, feche a tampa. o uso de agrotóxicos nas sementes.
O fogo vai eliminar o restante de ar Todas as vezes em que a bombona
que possa estar no interior da embalagem. ou o tambor forem abertos, a vela preci-
Ao terminar o ar, o fogo se apaga. sa ser acesa novamente.
Essas embalagens maiores geral- É importante salientar que durante
mente tem bom sistema de vedação da a fase em que a semente se encontra ar-
tampa, dispensando o lacre de cera ou mazenada ela não tem a sua qualidade
vela derretida. melhorada e sim mantida, na melhor das
As embalagens cheias devem ser hipóteses.

Teste de Germinação:
Pegue 300 sementes e plante, cui- Conte as sementes germinadas e di-
dando para manter a terra com umidade. vida por três. O resultado será a percen-
Após alguns dias conte as plantas tagem de germinação.
que germinaram e divida por três.
O resultado será a percentagem de Teste de Vigor:
germinação. Existem testes de laboratório.
O ideal é de no mínimo 85% Na prática o teste de vigor é basea-
Outro jeito é plantar 3 lotes de 100 do na velocidade ou tempo gasto para
sementes em uma caixa com areia ou ser- germinar. Quanto menos tempo em dias
ragem. for necessário para germinar em condi-
Também pode ser feito colocando ções boas de temperatura, umidade e pro-
as sementes sobre uma camada de algo- fundidade de plantio, mais vigor tem a
dão mantida úmida dentro de um prato. semente. Quanto maior o tempo para ger-
Regue duas vezes ao dia para man- minar, menos vigor.
ter molhado. Vigor e germinação estão relaciona-
Com sete a dez dias, obtém-se uma dos com a qualidade na produção,
razoável avaliação da percentagem de beneficiamento e armazenamento das
germinação. sementes.

74
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

O Manejo Ecológico de Solos


Alerta:
Palavras de Ana Maria Primavesi, mm/ano de chuva, restam somente 500
Engenheira Agrônoma, Doutora em Ci- mm, de modo que o vento a torna semi-
ências Agrárias pela Universidade Rural árida.
de Viena – Aústria, com vida dedicada à Dizem que tem que irrigar. Sabe-
agroecologia no Brasil e no Mundo. se que hoje 480 milhões de pessoas, algo
mais que 12% da população mundial, se
“Em nosso planeta existem 13 bi- alimentam de grãos produzidos em cam-
lhões de hectares de terra, sendo 2,3 bi- po irrigados. Mas atualmente já existem
lhões usados para agricultura e pecuária, rios parcialmente esgotados pela irriga-
ao redor de 15 a 18%, e 24 a 30% são ção, como o rio Colorado na Califórnia
ainda florestas, especialmente tropicais, ou o rio Jordão em Israel. Também o rio
ou seja, mais ou menos 2,3 a 4 bilhões São Francisco já está tão esgotado pela
de hectares. Porém, se a velocidade do irrigação que somente possui ainda 25%
atual desmatamento continuar, daqui a 40 de seu caudal antigo e ainda querem des-
anos não teremos mais florestas, com viar parte do rio para o Rio Grande do
perda não somente de biodiversidade, Norte e Ceará. E como já existem mui-
mas também de nosso termostato. A tos rios sem água, como nosso Paranaíba
FAO, acredita que nos próximos anos ou o Alto Tocantins, se lança mão dos
terermos que desmatar mais 200 milhões aqüíferos subterrâneos usando poços
de hectares para produzir aomentos sufi- artesianos e semi-artesianos. Os poços
cientes. Mas esta conta é irreal. Porque artesianos, como contém água de crista-
quanto menos “termostatos” o planeta lização, não existem reposição. Os semi-
possuir, tanto menos os campos produzi- artesianos dependem de que suas áreas
rão, porque o clima se tornará cada vez de reposição permaneçam permeáveis e
mais extremo, com cada vez mais meses os solos não sejam compactados nem
secos e temperaturas cada vem mais ex- poluídos por agrotóxicos ou dejetos in-
tremas. O vento levará cada vez mais dustriais. Mas a retirada da água para ir-
umidade (atualmente, segundo a rigação já é maior do que sua reposição,
EMBRAPA, o equivalente a 750 mmpor quer dizer, elas se esgotam. Então, irri-
ano). Quer dizer, numa região com 1.200 gar com quê?

Palavras de Sabedoria de Povos Indígenas da América:


“A terra não nos pertence. Nós não a herdamos dos nossos antepassados. Nós a
tomamos emprestada dos filhos que virão”.

75
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

“O homem não tramou o tecido da Vida, ele é simplesmente um dos seus fios.
Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.”

“Depois que o último Homem Vermelho tiver partido e sua lembrança não pas-
sar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo
continuará a viver nestas florestas e praias, por NÓS A AMAMOS COMO UM RE-
CÉM-NASCIDO AMA O BATER DO CORAÇÃO DA SUA MÃE.”

“ A arte de cultivar o sol”


Provérbio chinês identificou 38 elementos químicos pre-
Na sabedoria milenar chinesa, a sentes nas plantas. Desse total, 34 ele-
agricultura é a “arte de cultivar o mentos, que também chamamos de nu-
sol”. trientes minerais, são retirados da terra.
Quando nós, seres humanos e os
Sabem, desde tempos imemoriais, outros animais e demais seres vivos mi-
que o sol é a grandiosa fonte de energia croscópicos que não enxergamos se ali-
para a promoção e sustentação da Vida. mentam de plantas, seus frutos e suas
Na teia da Vida, são as plantas que sementes, na verdade estamos comendo
cumprem a decisiva tarefa de captar e energia do sol, os gases do ar e os gases
transformar a energia do sol e seguir ge- e nutrientes minerais que estão na terra.
rando e alimentando todas as formas de Por isso, a sabedoria indígena nos
Vida na Terra. diz: “somos luz, ar, água e terra”.
Para seu desenvolvimento, através
das suas partes verdes, as plantas trans- Sabemos que são as plantas que
formam a energia do sol e seguem seu absorvem e transformam a energia do sol
trabalho absorvendo o gás carbônico e o em Vida. Para colocarmos em prática a
oxigênio que estão no ar e o hidrogênio “arte de cultivar o sol”, lançamos mão
que está na água. das plantas como principal meio para pro-
Isto permite que cresça suas raízes, mover a fertilidade natural da terra viva
o caule, os ramos, as folhas e a produção e fazer a agricultura ecológica.
de frutos ou semente. Temos as plantas que nascem es-
Chamamos este trabalho das plan- pontaneamente e as plantas que cultiva-
tas de fotossíntese. mos. Todas elas devem ser aproveitadas
A energia do sol, o gás carbônico e na arte da agricultura ecológica.
o oxigênio do ar são absorvidos pelas fo- Com nossa sabedoria, vamos apro-
lhas, e através das suas raízes, as plantas veitar com inteligência as plantas que nas-
absorvem a água que contém o hidrogê- cem espontâneamente. Elas vêm por con-
nio e muitos outros nutrientes minerais ta, sem trabalho e custos para nós.
da terra. O estudioso russo, Vinográdov, Veja algumas informações impor-

76
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

tantes de algumas plantas espontâneas, em agricultura ecológica Ana Maria


conforme nos ensina nossa mestre maior Primavesi.

Tabela 4 - Plantas indicadoras


Nome da Planta O que as plantas indicam

Azedinha Solo argiloso, pH baixo, falta de cálcio e/ou molibdênio

Amendoim bravo Desequilíbrio de nitrogênio com cobre, ausência de


molibdênio

Beldroega Solo bem-estruturado, com umidade e matéria orgânica

Capim arroz Solo sem oxigênio, com nutrientes reduzidos a


substâncias tóxicas

Cabelo de porco Solo muito exausto, com nível de cálcio muito baixo

Capim amoroso/carrapicho Solo depauperado e muito duro, probre em cálcio

Caraguatá Planta de pastagem degradada e com húmos ácido

Carqueja Solos que retêm água estagnada na estação chuvosa,


pobre em molibdênio

Caruru Presença de nitrogênio libre (matéria orgânica)

Cravo bravo Solo infestado de namatóides

Dente de leão Presença de boro

Fazendeiro/picão branco Solos cultivados com nitrogênio suficente , faltando cobre


ou outro micronutrientes

Guanxuma Solo muito compactado

Língua de vaca Excesso de nitrogênio livre, terra fresca

Maria mole/nabo bravo Solo carante em boro e manganês

Mamona Solo arejado, deficnete em potássio

Nabiça/nabo bravo Solo carente em boro e manganês

Papuã/capim marmelada Solo com laje superficial e falta de zinco

Picão preto Solo de média fertilidade

Sambabaia Excesso de alumínio tóxico

Tiririca Solo ácido, adensados, mal drenados, e possível


deficiência de magnésio

Urtiga Exesso de nitrogênio livre, carência de cobre


FONTE: adaptado de PRIMAVESI (1992)

77
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Plantas de cobertura da terra e adubação verde


Benefícios das plantas de cober- soas ou como forrageiras para
tura do solo e adubação verde? alimentar os animais;
¾ Produzem néctar e pólen que ser-
¾ Servem para proteger a terra da vem de alimentos para abelhas e
erosão provocada pelas chuvas e outros insetos benéficos á agri-
pelo vento e protege do excesso cultura.
de sol e da geada;
¾ Regulam a temperatura, aumen- Ensinamentos de Ana Maria
tam a infiltração e retenção de Primavesi na primeira e quarta Jor-
água e mantém a umidade da ter- nada de Agroecologia:
ra;
¾ Atrapalham a germinação das “Para melhorar um solo duro com
plantas espontânea diminuindo as lavração, nunca, é uma besteira. Máqui-
capinas e roçadas; na não melhora o solo. Pode romper mas
¾ Fazem a fotossíntese fornecen- não melhorar. Quem melhora o solo,
do matéria orgânica que alimen- simplemente é a Vida.”
ta os bichinhos do solo, e contri- “Matéria orgânica é para nutrir a Vida
buem na melhoria da fertilidade do Solo e não para nutrir as plantas.”
do solo, tanto na reciclagem de “No trópico, a base da produção é
nutrientes minerais através das a Vida do Solo.”
raízes, como através da fixação Palavras de Sebastião Pinheiro na
biológica de Nitrogênio, regene- quarta Jornada de Agroecologia:
rando solos degradados. “A Pequena Agricultura precisa am-
¾ Aumenta o húmus da terra. A terra pliar a sua tecnologia: o Solo Vivo.”
fica mais fofa e com maior re-
serva de água e oxigênio; A Natureza:
¾ Com o húmus a terra alimenta as Numa floresta brasileira, podemos
plantas e os microorganismos que encontrar a produção de 30 a 50 tonela-
vivem na terra e que são muito das por hecatere por ano de materias
importante como recicladores e como galhos, ramos, e folhas secas na
liberadores de nutrientes para as superfície do solo, além das raízes no in-
plantas; terior do solo. Todo esse material é usa-
¾ Diminuem a quantidade de do como alimento por milhares de pe-
alúminio tóxico e a acidez no solo quenos animais como grilos, lacraias, be-
melhorando a liberação de nutri- souros, cupins, formigas que também
entes minerais; usam partes ainda verdes das plantas,
¾ Muitas plantas podem ser utiliza- colêmbulos, as minhocas, e muitos ou-
das como alimento para as pes- tros animais que alcançamos ver a olho

78
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

nú. Outros milhares de bichinhos que não de plantas.


vemos, chamados de microorganismos Para termos a diversidade necessá-
também atuam intensamente sobre essas ria de microorganismos faz-se necessá-
partes das plantas e finalmente transfor- rio termos ampla diversidade de plantas.
mam tudo em húmus. Ao estar transfor- A Natureza se manifesta em um
mada em húmus, toda a matéria orgâni- grandioso consórcio de plantas e animais.
ca volta a adubar as plantas novamente Por isso, nossas lavouras, nossas
liberando os nutrientes minerais, a água, pastagens, nossos pomares, nossas hor-
o gás carbônico e a energia em forma de tas, devem ser organizadas em sistemas
calor. E assim, a Vida continua. de consórcios.
Em solos de floresta, pode ser en- Onde formos capazes, deveremos
contrado em apenas uma pequena colher consociar plantas cultivadas com as cria-
de chá cheia de terra, de 100 a 200 mi- ções.
lhões de microorganismos. São bactéri- Entendemos com este conhecimento
as, fungos, amebas, actinomicetos,vários que a nutrição da Vida no planeta Terra
protozoários, algas e tantos outras espé- passa de fato pela capacidade das plan-
cies. Formam apenas 0,05% do solo e tas captarem a energia do sol, a água,
pesam aproximadamente de 1,6 a 5,7 to- determinados gases do ar e os minerais
neladas por hectare, considerando um da terra e transformarem em alimentos
total de 3.000 toneladas de terra agrícola para o ser humano, para outros animais
por hectare. e que finalmente ao irem produzindo
São pequenos mas se apresentam dejetos orgânicos ou morrerem serão
em milhares de espécies. transformados em Húmus.
Multiplicam-se com rapidez espan- Na forma de Húmus, toda a matéira
tosa, levando de 30 minutos a 2 horas orgânica voltará novamente a alimentar
para criarem uma nova geração. Isso em a Vida.
dia dá de 12 a 48 gerações, o que os se- Vemos então que para implantar a
res humanos levariam de 300 a 1200 anos agricultura ecológica, teremos que ter
para conseguir. como prioridade o uso de plantas de adu-
As bactérias predominam em solos bação verde e cobertura do solo e todos
com pouca acidez enquanto os fungos e os dejetos e resíduos orgânicos e promo-
os actinomicetos predominam em solos ver o máximo da sua transformação em
ácidos. Húmus para que alcancemos o sustento
Esses microorganismos estão dire- da Vida.
tamente relacionados com a diversidade

79
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Cooperação para a Vida:


Muita gente quer plantar adubos rão. A melhor maneira é organizar este
verdes só que as sementes são caras. A trabalho em grupos de famílias.
idéia é que o agricultor possa fazer a sua Várias famílias já estão utilizando
própria semente de plantas de cobertura essas plantas e a cada ano que passa fi-
da terra e adubo verde de inverno e ve- cam surpresas com as melhorias de suas
terras.

Adubos verdes de inverno


AVEIA PRETA: serve para fazer CENTEIO: é uma planta bastante
plantio direto do feijão e soja. Pode ser rústica, resistente ao frio intenso e às pra-
plantada de março a julho. É ótima gas e doenças. Vai bem em terras mais
forrageira para os animais. Para pasto ou fracas. É excelente como adubo verde ou
para produção de sementes semear 50 cobertura de solo para plantio direto de
quilos de semente por hectare. A colheita feijão, soja e cebola. Para plantio direto
é feita em novembro, rendendo 500 a de cebola, deve ser semeado no início de
1000 quilos de sementes por hectare. Para março. Misturado com ervilhaca ou ervi-
adubação verde, usar 60 quilos por hec- lha forrageira, apresentam grande produ-
tare, e para plantio direto, usar 80 quilos ção de matéria seca. É muito bom como
por hectare. É uma excelente planta para forrageira e na alimentação humana. O
semear em consórcio com ervilhaca, er- plantio deve ser feito de junho a julho,
vilha forrageira, e outras plantas. usando 60 quilos de sementes por hecta-
re. A colheita é feita em novembro e o
AVEIA BRANCA: serve para fa- rendimento é de 800 a 1.500 quilos de
zer plantio direto de feijão e soja. É ex- semente por hectare. Para adubação ver-
celente para alimentação dos animais, de ou cobertura de solo em plantio dire-
sendo especial para os cavalos. A aveia to, semear de março a julho, usando 80
branca é um valioso alimento para o ser quilos de semente por hectare. Para se-
humano. Pode ser semeada de março a mear em mistura, para um hectare, usar
julho, 75 quilos de semente por hectare. 60 quilos de semente de centeio e 30 qui-
O rendimento médio é de 800 quilos por los de ervilhaca comum, ou substituir a
hectare podendo produzir mais 2.000 ervilhaca, usando 45 quilos de ervilha
quilos. Para adubação verde, semear 90 forrageira.
quilos por hectare. A aveia branca apre-
senta problemas quanto ao ataque de fer- TRITICALE: é uma planta resul-
rugem. Quando esta ocorrer, se fará ne- tante do cruzamento do centeio com o
cessário pulverizar com calda trigo. O triticale é resistente as doenças e
sulfocálcica. ao frio, e vai bem em terra fraca. Pode

80
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

ser usado como substituto do trigo em 15 a 17 quilos quando for semeado em


todos os tipos de alimento humano. É consórcio. Produz em média de 500 a
excelente para alimentação animal, sen- 600 quilos de sementes podendo chegar
do ótimo substituto do milho nas rações. a 1.000 quilos por hectare.
Usar como adubo verde para feijão ou
soja. O plantio é feito de junho a julho, ERVILHACA COMUM: também
usando 70 quilos de semente por hecta- conhecida com VICA, é uma planta ex-
re. A colheita é feita em novembro e o celente para semear antes do milho, da
rendimento é de 1.200 quilos de semen- batatinha, e nas áreas de cultivo de hor-
tes por hectare. Para uso como adubo taliças. É ótima para alimentar os animais,
verde, semear de março a julho, usando principalmente vacas em lactação É uma
85 quilos de semente por hectare. É uma planta exigente que se desenvolve me-
excelente planta para semear em consór- lhor em terra boa. Para produzir semen-
cio com ervilhaca, ervilha forrageira, e te, deve-se plantar de abril a junho, de
outras plantas. preferência numa área onde tenha cana
de milho para que a ervilhaca tenha onde
AZEVÉM: é uma planta rústica, trepar. Usar 40 quilos de sementes por
que alcança excelente cobertura do solo, hectare. A colheita é feita em novembro,
sufocando os inços. Tem forte impacto e produz 600 quilos de sementes por hec-
no controle do papuã e do feno pé de tare. Para produzir melhor, a ervilhaca
galinha. Possui elevada resistência à gea- precisa trepar em outra planta. Pode ser
da. É xcelente com adubo verde ou co- em área com cana de milho, ou misturar
bertura do solo para cultivo mínimo ou com outros adubos verdes. Para um hec-
plantio direto para feijão ou soja. Não tare, semear 33 quilos de ervilhaca mis-
deve ser usado para o milho, pois afeta a turada com um dos adubos verdes, con-
germinação desta cultura com substânci- forme segue: 25 quilos de aveia branca,
as que elimina no solo. Tem denso e po- ou 20 quilos de aveia preta, ou 4 quilos
tente sistema de raízes. É uma excelente de nabo, ou 25 quilos de tremoço azul.
forragem, podendo ser semeado em con- Para uso como adubo verde ou cobertu-
sórcio com serradela, trevos, alfafa, ra de solo em cultivo mínimo ou plantio
ervilhacas, cornichão ou outras forragens. direto, semear de março a junho, usando
Deixado sementear, voltará a germinar no 50 quilos de semente por hectare.
próximo ano a patir do outono. Sua se-
meadura para forragem ou adubação ver- ERVILHACA PELUDA: essa
de deve ser de março a maio, e para pro- ervilhaca tem o crescimento rápido co-
dução de sementes pode ser de maio a brindo o solo e sufocando os inços. Vai
julho. Pode ser semeado a lanço ou em bem em terra fraca, tolerando solos áci-
linhas com espaçamento de 20 centíme- dos e com presença de alúmino tóxico. É
tros. Para semear como adubo verde ou excelente para semear antes do milho, da
forragem em cultivo solteiro, usar 25 a batatinha e nas áreas de cultivo de horta-
30 quilos de sementes por hectare e de liças. É excelente para cobertura do solo

81
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

para cultivo mínimo ou plantio direto. de aveia preta, ou 4 quilos de nabo, ou


Planta-se na mesma época que a ervilhaca 25 quilos de tremoço azul. Para aduba-
comum. Também é uma excelente forra- ção verde ou cobertura de solo em culti-
gem. Para produzir melhor, a ervilhaca vo mínimo ou plantio direto, semear 60
peluda precisa trepar em outra planta. quilos por hectare.
Pode ser em área com cana de milho, ou
misturar com outros adubos verdes. Para ESPÉRGULA: também conhecida
um hectare, semear 18 quilos de ervilhaca com GORGA, é uma planta que cresce
peluda misturada com um dos adubos muito rápido, podendo cobrir totalmente
verdes, conforme segue: 4 quilos de nabo, o solo já aos 40 dias. A partir dos 60 dias
ou 25 quilos de tremoço azul. Para uso começa a florescer e produzir sementes.
como adubo verde ou cobertura de solo As sementes podem durar até 5 anos na
em plantio direto, semear de março a ju- terra. Pode ser usada como adubo verde
nho, usando 30 quilos de semente por ou cobertura do solo para cultivo míni-
hectare. mo ou plantio direto para o feijão, o mi-
lho, o arroz e para as hortaliças em geral,
ERVILHA FORRAGEIRA: pode e melancia, melão, abóboras e outras
ser usada como forrageira, como cober- plantas de cipó. É excelente para alimen-
tura do solo para cultivo mínimo ou plan- tar os animais, com alto teor de proteína,
tio direto de milho, e os grãos podem ser sendo muito apreciada por bovinos, ovi-
usados na alimentação humana. É exce- nos, suínos, e aves, enquanto que os
lente para semear antes do milho, da eqüinos não a apreciam. É muito boa para
batatinha, e nas áreas de cultivo de hor- se fazer feno. Vacas em lactação tem sua
taliças. A ervilha forrageira se desenvol- produção aumentada quando recebem
ve mais rápido, tem o ciclo mais curto espérgula como forragem verde ou feno.
que as ervilhacas comum e peluda. Per- Resiste bem as geadas e vai bem em ter-
mite assim entrar com o cultivo de verão ras fracas. Para produção de sementes,
mais cedo. Sua palhada é mais resistente planta-se de maio a julho, usando 10 qui-
que a palhada das ervilhacas, protegendo los de sementes por hectare. A colheita é
o solo por mais tempo. Exige solos mais feita no final de setembro, com uma pro-
férteis. Dependendo das condições climá- dução de 200 quilos por hectare. Para
ticas, sofre forte ataque de fungos. O plan- uso como adubo verde, semear 20 quilos
tio é feito de março a julho, usando 40 de semente por hectare. É uma excelente
quilos de sementes por hectare. A colhei- planta para consorciar com aveia preta,
ta é feita em outubro e novembro e ren- centeio, ervilhacas e ervilha, nabo,
de 830 quilos de sementes por hectare. tremoço e outras plantas.
Pra produzir melhor, a ervilha forrageira
precisa trepar em outra planta. Pode ser NABO: serve de adubo verde para
na cana do milho. Para um hectare, mis- milho, feijão, arroz soja e para as hortali-
turar 30 quilos de semente de ervilha com: ças em geral. As folhas e as raízes ser-
25 quilos de aveia branca, ou 20 quilos vem de um bom alimento para os suínos

82
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

e os bovinos. Quando é novo, pode-se em novembro e rende 1.200 quilos de


usar como salada. Resiste bem às geadas semente por hectare. É preciso fazer a
e à seca e não é muito exigente em solos. colheita tão logo o tremoço esteja com a
O nabo cruza muito facilmente com a bainha seca, pois ela se abre com muita
nabiça, também conhecida como mostar- facilidade, o que pode acarretar perda
da. Por isso, o campo de semente deve total da produção. É uma excelente plan-
estar no mínimo a 1.000 metros de dis- ta para consorciar com aveia preta, cen-
tância dos lugares onde tenha nabiça. O teio, ervilhacas e ervilha, nabo e outras
plantio é feito de maio a junho usando 5 plantas.
quilos de semente por hectare. Se plan-
tar em junho, a colheita será feita em TREMOÇO BRANCO: serve para
outubro. A produção média é de 500 qui- adubação verde ou cobertura do solo para
los de semente por hectare. Para cultivo mínimo ou plantio direto de mi-
beneficiamento das sementes com lho. Para semente, fazer o plantio em área
triturador de grãos, deve-se retirar duas que não tinha feijão na safra de verão,
facas, trabalhar com baixa rotação e ar porque a antracnose irá afetá-lo, poden-
fechado. As sementes sairão com bastante do ocasionar perda total, ou infectar suas
impureza, podendo ser armazenadas e sementes. Semear de maio a junho, usan-
posterirmente semeadas assim mesmo. Se do 70 quilos por hectare. A colheita é fei-
for usar trilhadeira, a primeira trilha sai- ta em novembro. A produção média é de
rá quase somente bainhas. Em seguidas 1.700 quilos por hectare. Para adubação
estas devem ser deixadas ao sol para se- verde, semear de março a junho, usando
carem o máximo possível, e então deve- 85 quilos por hectare. É uma excelente
rão ser trilhadas novamente. Para adu- planta para consorciar com aveia preta,
bação verde, semear de março a junho, centeio, ervilhacas e ervilha, nabo e ou-
usando 10 quilos de semente por hecta- tras plantas.
re. É uma excelente planta para consor-
ciar com aveia preta, centeio, ervilhacas CHÍCHARO: é um adubo verde
e ervilha, e outras plantas. para milho, hortaliças em geral e
batatinha. É especial para o plantio dire-
TREMOÇO AZUL: serve de adu- to de milho. Exige terra fértil. Sua palhada
bação verde ou cobertura do solo em cul- é mais resistente que das ervilhacas, pro-
tivo mínimo ou plantio direto principal- tegendo o solo por mais tempo, e exer-
mente para o milho. É muito bom para cendo ótimo impedimento para a germi-
preparar terras para hortaliças. Agüenta nação das plantas espontâneas, como o
bem o frio, sendo um dos adubos verdes feno, o papuã, entre outras. Serve tam-
mais resistentes a geada. Tem bom de- bém para pastagem verde de preferência
senvolvimento em qualquer tipo de ter- consorciada com aveia preta, e dá para
ra, desde que não seja encharcada. Plan- fazer feno. É resistente a seca e ao frio.
ta-se de maio a julho, usando 50 quilos Não vai bem em solos encharcados. A
de semente por hectare. A colheita é feita semeadura vai de maio a junho, semean-

83
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

do na base de 70 quilos por hectare. A do ocorrer sua morte. É resitente à seca


maturação das sementes é desuniforme. quando cultivado em solos profundos e
Fazer a colheita quando pelo menos 50% não compactados. Apesar de extrair até
das vagens estiverem maduras. Produz 300 quilos de potássio do solo, não é con-
em média 850 quilos de sementes por siderado esgotante do solo, pois a maior
hectare. Pra produzir melhor, o chícharo parte deste nutriente éstá contido nas fo-
precisa trepar em outra planta. Pode ser lhas e hastes, as quais permanecem no
cana de milho, ou misturar com outros campo após a colheita. É resistente a aci-
adubos verdes. Para um hectare, semear dez e ao alumínio tóxico em niveis mo-
60 quilos de chícharo com: 25 quilos de derados. No Paraná, recomenda-se o
aveia branca, ou 20 quilos de aveia pre- plantio entre o final de setembro e final
ta, ou 4 quilos de nabo, ou 25 quilos de de novembro para as regiões mais quen-
tremoço azul. tes e início de outubro e final de novem-
bro para a região Centro-Sul. Pode ainda
GIRASSOL: tem raizes que atin- ser plantado de janeiro a março como
gem camadas profundas do solo, forman- opção após culturas de verão. Também
do ainda intensa cabeleira de raízes, e seu pode ser plantado no meio do milho.
caule pode atingir até 3 metros de altura. Como adubo verde pode ser consorcia-
Tem ampla utilidade. O óleo é o seu prin- do com mucuna cinza ou preta, o que
cipal produto, com elevado valor alimen- garantirá elevada produção de matéria
tício. A torta é rica em proteína, muito orgânica. Para adubação verde, pode ser
boa para os animais. Quando está verde semeado a lanço ou em covas ou linha
ou seco, pode ser utilizado como forra- com 4 plantas por metro corrido, e
gem ou ensilada. Como adubação verde, espaçamento de 70 centímetros para cul-
é muito eficiente na reciclagem de nutri- tivares precoces e 80 centímetros para
entes minerais e contribue no controle de as cultivares de ciclo médio e tardio. Será
muitos inços. Também é melífera alimen- necessário de 4 a 6 quilos de sementes
tando grande diversidade de insetos, e é por hectare. No plantio para adubação
ornamental, promovendo o verde, semear preferencialmente no ou-
embelezamento da paisagem. Suas se- tono, entre fevereiro e abril ou no final
mentes são de excelente valor nutritivo do inverno, entre agosto e setembro,
para uso humano e para os animais. Pode usando 30 a 50 quilos de sementes por
ser usada diretamente ou em mistura na hectare. Em semeadura em linha, redu-
composição de ração caseira. É uma zir o espaçamento para 40 centímetros.
planta que adapta-se em diferentes am- Pode sofre danos por insetos mas o prin-
bientes, tolerando ao frio e temperaturas cipal problema são as várias doenças que
elevadas. Há registros de que tolera até 5 causam danos maiores. Por isso deve ser
graus negativos até os 40 dias da germi- evitado seu cultivo mais de uma vez na
nação, no entanto estando com 6 a8 fo- mesma área em tempo curto, bem como
lhas ou ao início do florescimento sofre evitar que o período de florescimento e
queimaduras com geadas fracas poden- enchimento de grãos se dê em épocas de

84
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

elevadas chuvas. Seu manejo como adu- passado do estado de grão leitoso para
bo verde com rolo faca ou roçadeira, se maduro. Sua produção no Paraná tem
dá ao redor de 70 a 120 dias quando as sido em torno de 3.500 quilos sementes
plantas poderão estar com 1,5 a 2 metros por hectare para os plantios feitos na pri-
de altura, antes do ponto de maturação mavera e de 1.750 quilos de sementes
das sementes. A colheita deve ser feita por hectare em plantios de final de verão
quando nos capítulos apresentar colora- e início de outono.
ção castanha-clara e as sementes tiverem

Adubos verdes de verão


CROTALÁRIA JUNCEA: A 15 de setembro a 20 de outubro, e nas
Crotalária Juncea cresce alto, podendo em demais regiões, semear de setembro a
terras férteis, ultrapassar quatro metros março. Fazer a semeadura a lanço e
de altura. Produz muita palhada e forne- gradear. As sementes não podem ficar
ce muito nitrogênio para a terra. É uma fundas Semear 20 quilos de semente por
planta que produz muita raiz as quais hectare. Produz em média 1.100kg de
afrouxam a terra. É muito boa para usar sementes por hectare. A crotalária juncea
no início da recuperação das terras, e tem rebrota se não der geadas fortes. Para
excelente efeito no controle de vários ti- adubação verde, semear de setembro a
pos de nematóides que atacam as raízes fevereiro nas reigões onde ocorre geadas,
de diferentes plantas cultivadas. É espe- estendendo até abril, nas demais regiões,
cial para preparar a terra para plantio de usando 40 quilos de semente por hecta-
milho, fornecendo grande quantidade de re. Dá um excelente feno para os ani-
nitrogênio, dispensando assim o uso de mais. Pode ser usada para preparar ter-
uréia ou outro fertilizante solúvel ras para o cultivo de milho, batatinha,
nitrogenado em cobertura. No centro-sul mandioca, trigo, centeio, e hortaliças em
do Paraná, muitos agricultores tem se- geral, e para semear nas entre linhas das
meado a crotalária no meio do milho no frutíferas, como laranja, limão, poncã,
mesmo dia do plantio do milho ou após pêssego, ameixa, maçã, uva, caqui, e tanta
passar a carpideira. Morre muito fácil com outras, e do café e da erva mate, sendo
geada É demorada para dar semente, e necessário manejá-la com roçadeira ou
as bainhas vão madurando aos poucos. rolo faca, caso cresça exageradamente.
Em regioes de muita umidade no ar, é No uso em horta, é muito boa para se-
preciso colher quando 70% das bainhas mear uma linha nas bordas dos canteiros
estiverem secas, porque pode ocorrer alto de verduras folhosas, ou semear a lanço,
nível de boloramento das sementes. As deixando-a bem rala, no meio das covas
bainhas devem ser colocadas para secar de pepino, melancia, melão e abóbora,
em local bem ventilado. Nas regiões onde pois além do nitrogênio que fixa no solo,
ocorre geadas a partir de abril, semear de faz uma sombra que cria um micro clima

85
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

muito favorável para as hortaliças. Tem grãos, as vagens devem estar bem secas,
apresentado excelente resultado quando e trabalhar em baixa rotação, usando 2
é semeada em linha a cada três linhas de pentes lisos, 1 pente com dente curto e 1
batata doce, promovendo aumento de pente com dente longo. Para adubação
produtividade e de teor de açúcar. verde, gasta-se 145 quilos de semente por
hectare. Para este fim, fazer o plantio de
FEIJÃO DE PORCO: Tem o cres- 20 de setembro a fevereiro nas regiões
cimento viçoso e possui folhas graúdas, onde ocorrem geadas a partir de abril, e
cobrindo o solo com rapidez. Vai muito de início de setembro a março nas de-
bem em terras fracas e tolera certo mais regiões. Pode ser usado para prepa-
sombreamento. Tem raízes viçosas e for- rar terras para o cultivo de milho, feijão,
nece muito nitrogênio para a terra. É apro- soja, arroz, batatinha, mandioca, trigo,
priado para plantar no meio do milho, no centeio, e hortaliças em geral, e para ser
mesmo dia ou após passar a carpideira, semeada nas entre linhas das frutíferas,
dependo da quantidade e dos tipos de como laranja, limão, poncã, pêssego,
plantas que nascem na área. Morre mui- ameixa, maçã, uva, caqui, e tanta outras,
to fácil com geadas. Também pode e do café e da erva mate.
rebrotar quando não ocorrer geadas. Fa-
zer o plantio de 15 de setembro a 30 de GUANDU ANÃO: Tem cresci-
outubro nas regiões onde ocorrem gea- mento arbustivo, podendo chegar a 1
das a partir de abril, e estender o plantio metro e meio de altura. Apresenta
até março, nas demais regiões. A semen- satisfatório desenvolvimento em terras
te é grande e não passa na matraca. Tem fracas, sendo muito útil na recuperação
que plantar com sengo ou semear em li- inicial das terras. Morre muito fácil com
nha, ou a lanço. Deixar 80 cm entre li- geada. O guandu rebrota se não der gea-
nhas e 30 cm entre covas com duas se- das fortes. Suas raízes são excelentes
mentes por cova. Para semear na linha escarificadoras do solo. Fornece muito
colocar 5 sementes por metro corrido. nitrogênio para a terra, dispensando o uso
Usa-se 60 quilos de semente por hecta- de uréia ou outros fertilizantes solúveis
re. Produz em média 1.000 kg de semente para o milho. Pode ser usado como for-
por hectare. As bainhas são graúdas e ragem verde para criações ou misturado
maduram aos poucos. Fazer a colheita na silagem de milho. Como forragem, os
quando a maioria das bainhas estiverem cortes devem ser feitos a cada 90 dias e
secas, ou ir colhendo aos poucos. Mes- a 60 centímetros do solo. Para fenação
mo quando ocorrer geada na fase inicial ou silagem, deve ser cortado antes da
de maturação, deve-se colher rapidamen- floração estando mais ou menos com 50
te as bainhas e deixá-las em local seco e centímetros de altura, e para forragem
arejado para secarem. As sementes terão verde a pelo menos 10 centímetros do
aspecto enrugado, mas sua germinação solo. Pode proporcionar 3 a 4 cortes por
não chega a ser comprometida. Para be- ano. Como silagem, deve compor 30%
neficiar as sementes com triturador de da mistura com milho, cana ou napier.

86
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Suas vagens podem ser trituradas para o MILHETO: Também é conhecido


gado, aumentando a produção de leite. com o nome de pasto italiano. É muito
Outra forma é ser plantado ao redor da usado como pastagem. Tem o crescimen-
cerca de galinheiros fornecendo sombra to muito rápido. É uma planta muito pre-
e produção de grãos que são consumidos coce. Produz muita palhada, sendo pró-
avidamente pelas aves. As sementes po- prio para o preparo de terras para o culti-
dem ser usadas para preparo de rações. vo de feijão e cebola. No consórcio de
Para consumo humano, faz a vez do fei- milho e feijão, dá para semear o milheto
jão e dá um bom virado cozido. Fazer no meio do milho após o arranquio do
plantio de 15 de setembro a 30 de outu- feijão em janeiro. É excelente forrageira,
bro nas regiões onde ocorre geada em possibilitando vários cortes de sua massa
abril, e até dezembro, nas demais regi- verde, que rebrota vigorosamente. O
ões. Pode ser semeado a lanço, plantado melhor jeito é semear a lanço e incorpo-
com matraca ou com plantadeira. Com rar com gradagem leve. Pode ser planta-
matraca, colocar 3 a 4 sementes por cova do de 20 de setembro a 30 de dezembro.
com espaçamento de 30 cm entre covas. Semear a lanço e incorporar com
Com plantadeira, colocar 10 a 12 semen- gradagem leve. Semear 3 quilos de se-
tes por metro corrido com 80 cm entre mente por hectare. Rende em média
as linhas. Semear 10 quilos de sementes 1.500 kg de sementes por hectare. Tome
por hectare. Produz em média 1.500 kg cuidados porque as sementes são muito
de sementes por hectare. As vagens ma- perseguidas por passarinhos. Para adu-
duram aos poucos. Colher quando 70% bação verde, semear de 20 de setembro
das vagens estiverem secas. O Guandu é até 20 de janeiro, usando 8 quilos de se-
muito carunchador. Tem que armazenar mente por hectare. Pode ser usado para
com capricho para não carunchar. Para preparar terras para o cultivo de milho,
adubação verde, semear de 20 de setem- feijão, soja, arroz, batatinha, mandioca,
bro a 20 de fevereiro, nas regiões onde trigo, centeio, e hortaliças em geral, e nas
ocorrem geadas a partir de abri, e esten- entre linhas das frutíferas, como laranja,
der até 30 de março, nas demais regiões. limão, poncã, pêssego, ameixa, maçã,
Pode ser usado para preparar terras para uva, caqui, e tanta outras, e do café e da
o cultivo de milho, feijão, soja, arroz, erva mate. É escelente para semar em
batatinha, mandioca, trigo, centeio, e hor- consórcio com mucuna cinza ou preta.
taliças em geral, e para semear nas entre
linhas das frutíferas, como laranja, limão, MUCUNA CINZA: A mucuna cin-
poncã, pêssego, ameixa, maçã, uva, za é uma planta trepadeira, que emite lon-
caqui, e tanta outras, e do café e da erva gos cipós, sufocando as outras plantas.
mate. Há outras espécies de Guandu que Ela cobre muito bem a terra, dá muita
tem maior crescimento e vida mais lon- palhada, e na medida que suas folhas vão
ga, apropriados para as regiões onde não se desprendendo e caindo ao solo, esti-
ocorrem geadas. mula grande multiplicação de minhocas,

87
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

que deixam o solo todo perfurado. For- tantes manejos para evitar que trepe nas
nece muito nitrogênio para a terra. É exce- plantas e as sufoque. As mesmas infor-
lente para milho e a cebola, servindo in- mações são válidas para a mucuna preta.
clusive como cobertura de solo em plan-
tio direto. Serve como forragem e para MUCUNA ANÃ: Esta mucuna não
mistura em silagem de milho. Ajuda mui- dá cipó, tendo o crescimento determina-
to a recuperar terras enfraquecidas. É do, e de ciclo precoce. Tem folhas graúdas
muito demorada para dar semente. Mor- que protegem bem a terra. É mais exi-
re muito fácil com geada Deve ser gente, desenvolvendo-se melhor em ter-
semeada de 20 de setembro a 20 de ou- ras de média a boa fertilidade natural.
tubro nas regiões onde ocorre geadas a Fornece muito nitrogênio para a terra,
partir de abril, e estender-se até março sendo excelente para o milho, dispensan-
nas demais regiões. A mucuna produz do o uso de uréia ou outro fertilizante
mais sementes se ela tiver no que trepar, solúvel de cobertura. Em áreas de baixa
como cana de milho, ou nas bordas das presença de plantas espontâneas, pode ser
capoeiras. Faça o plantio com matraca plantada no meio do milho no mesmo dia
com duas sementes por cova. Deixe ou após passar a carpideira. Vai muito
espaçamento de 1 metro por 1 metro en- bem nas entre-linhas de mandioca. Mor-
tre as covas, usando 20 quilos de semen- re muito fácil com geada. Pode ser
te por hectare. Em média rende 1.200kg semeada de 20 de setembro a 20 de de-
de sementes por hectare. Os cachos de zembro nas regiões onde ocorre geadas a
bainhas devem secar no pé ou num es- partir de abril, estendendo-se até março
trado ventilado. Mesmo quando ocorrer nas demais regiões. Plantar com matraca
geada na fase inicial de maturação, deve- com duas sementes por cova, com
se colher rapidamente as bainhas e deixá- espaçamento de 50 cm entre covas e 80
las em local seco e arejado para seca- cm entre linhas. No plantio em linha, usar
rem. As sementes terão aspecto enruga- 4 sementes por metro. Usar 50 quilos de
do, mas sua germinação não chega a ser semente por hectare. Produz em média
comprometida. Para adubação verde, se- 1.000 kg de sementes por hectare. Suas
mear de 20 de setembro a 20 de feverei- bainhas ficam tocando o chão, o que fa-
ro nas regiões onde ocorre geada a partir cilita seu apodrecimento. Por segurança,
de abril, estendendo o plantio até abril faça a colheita quando as bainhas ainda
nas demais regiões, usando 90 quilos de não estiverem bem secas, colocando-as
sementes por hectare. Pode ser usada em local seco e ventilado para sua
para preparar terras para o cultivo de mi- maturação final. Para adubação verde,
lho, feijão, soja, arroz, batatinha, mandi- semear de 20 de setembro a 30 de janei-
oca, trigo, centeio, e hortaliças em geral. ro nas regiões onde ocorre geada a partir
Para semear nas entre linhas das frutífe- de abril, e estender até março nas demais
ras, como laranja, limão, poncã, pêsse- regiões. Pode ser usada para preparar ter-
go, ameixa, maçã, uva, caqui, entre ou- ras para o cultivo de milho, feijão, soja,
tras, e do café e da erva mate, exige cons- arroz, batatinha, mandioca, trigo, centeio,

88
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

e hortaliças em geral, e para semear nas resultado, quando é semeado ralo entre
entre linhas das frutíferas, como laranja, as covas de pepino, melão, melancia e
limão, poncã, pêssego, ameixa, maçã, abóbora, promovendo um micro clima
uva, caqui, e tanta outras, e do café e da favorável para essas plantas da famílias
erva mate. das cucurbitáceas.

TRIGO MOURISCO: Também LEUCENA: é uma árvore de cli-


conhecido com os nomes de Trigo ma tropical e subtropical, adpatada a re-
Sarraceno, Trigo Preto, Retka ou Grinka, giões de maior intensidade de chuvas ou
o Trigo Mourisco é uma planta muito pre- mesmo de pouca chuva, chegando a su-
coce e produz sementes com 70 a 90 dias. portar geadas fracas. Adapta-se aos dife-
Vai bem em terras de fertilidade natural rentes tipos de solos, não tolerando
média. Com sua precocidade, cobre o solo encharcamento e desenvolve-se mesmo
rapidamente. Sua vigorosa florada é atra- em solos com certa acidez e presença de
tiva à grande diversidade de insetos, es- alúminio tóxico e baixa fertilidade quími-
pecialmente as abelhas. É muito bom para ca. É uma planta rústica, altamente pro-
criações e para consumo humano. Sua dutiva, com boa rebrota e elevada pro-
farinha é de excelente qualidade nutritiva dução de nitrogênio podendo chegar de
podendo substituir o trigo em muitas re- 400 a 1.00 quilos por hectare ao ano. É
ceitas. Apesar do nome, não é um trigo, uma excelente forrageira com 20 a 34%
pois assim é chamado por causa da exce- de proteína, tem elevado teor de caroteno
lente qualidade da farinha. É possível que gera a vitamina A, podendo ser
semeá-lo duas vezes ao ano. As melho- fornecida para bovinos, ovinos, aves e
res épocas de semeadura são de 10 a 30 coelhos. É preciso fornecê-la em menor
de outubro e de 10 a 30 de janeiro, usan- quantidade nos primeiros três dias para a
do 65 quilos de semente por hectare. Pro- adptação dos animais. O plantio pode ser
duz em média 1.400kg de sementes por de setembro até dezembro. Pode ser
hectare. A maturação das sementes é manual ou mecânico ou por mudas em
desuniforme, o que muitas vezes acarre- covas. Pode ser a lanço ou linhas com
ta perdas elevadas da produção devido a 1,5 metros entre linhas e 20 sementes por
ocorrência de chuvas na época da colhei- metro corrido, sendo necessário 8 quilos
ta. Como prevenção, fazer a colheita de sementes por hectare. Para pastagem,
quando 70 a 80% das sementes estive- pode ser plantada com 2 a 5 metros en-
rem maduras. Pode ser usado para pre- tre linhas com outros forrageiras nas en-
parar terras para o cultivo de milho, fei- tre-linhas. Também pode ser plantadas
jão, soja, arroz, batatinha, mandioca, tri- em fila dupla com espaçamento de um
go, centeio, e as hortaliças em geral, e metro e 5 metros de vão para outra
nas entre linhas das frutíferas, como la- forrageira. Seu uso é muito importante
ranja, limão, pokã, pêssego, ameixa, como adubadeira no cultivo ecológico de
maçã, uva, caqui, e tanta outras, e do café, oferecendo sombra e fornecendo
café e da erva mate. Apresenta excelente grande quantidade de nitrogênio e outros

89
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

nutrientes minerais e funcionando como passe a 20% da dieta alimentar dos ani-
quebra-vento. Neste caso, sua poda deve mais. A primeira poda deve ser a 5 centí-
ser para conduzí-la para o crescimento metros do solo, e cada novo corte deve-
vertical. Também pode ser usada em fai- rá ser 5 centímetros acima do anterior.
xas espaçadas entre outros cultivos e ser Os cortes deverão ser estabilizados a 50
podada periódicamente tendo seus ramos centímetros do solo. Quando isso ocor-
e folhas depositados sobre o solo como rer, os ramos que crescerem abaixo des-
adubo verde. Produz muitas raízes, as te ponto não deverão ser cortados, para
quais alcaçam grandes profundidades no não prejudicar a rebrota. Para alimenta-
solo, absorvendo água e nutrientes que ção animal poderá ser cortada e distribu-
de as demais plantas anuais não alcan- ída no campo, sem desintegrar na base
çam, enriquecendo ainda mais o solo na de 2,5 quilos por 100 quilos de peso vivo;
sua camada superior. Seu crescimento triturada com cana ou napier na mesma
inicial é lento, devendo ficar livre de com- dosagem; feito feno ficando com 13% de
petição de inços. Produz de 300 a 800 umidade, podendo ser guardada em reci-
quilos de sementes por hectare. Há dife- pientes bem fechados, podendo ser ofe-
rentes variedades, sendo que algumas recida às criações misturada com cana
produzem sementes em julho e agosto e ou napier. Também pode ser feito silagem,
outras que produzem sementes o ano cortando a Leucena pela manhã e ensilada
todo. Por volta do quinto mês de cresci- com milho, sorgo ou napier na propor-
mento, estará com mais ou menos 1,5 ção de 30% da mistura. Nas condições
metro de altura, pode-se fazer a primeira paranaenses, tem produzido mais de 100
poda seja como pastejo direto ou corte toneladas por hectare ao ano de massa
para silagem ou adubação verde. Como verde com três cortes.
pastejo direto, cuidar para que não ultra-

Adubos verdes de verão


Vários grupos de agricultores estão Breviflora, o Feijão Mungo, o Cudzu
fazendo experiências com outros tipos de Tropical, o Calopogônio, a Centrosema,
adubos verdes de inverno e de verão. o Feijão Bravo do Ceará, o Lab Lab, a
Com essas experiências vamos descobrin- Sesbania, a Heritrinia e a Soja Perene.
do outras plantas que aprovam nas dife- Estão sendo feitas também experiências
rentes regiões do Paraná. Para o inver- para ver as melhores formas de usar os
no, há muitos outros adubos verdes como adubos verdes, de acordo com a necessi-
a Lentilha, Linhaça, Serradela, os Tre- dade de cada cultivo. Tem experiências
vos Branco, Vermelho e Subterrâneo, o de semear no meio do milho ou do feijão
Cornichão e o Girassol. Para o verão, há quando está madurando ou logo após a
várias Crotalárias como a Spectabilis, colheita do feijão. Já tem muitos resulta-
Mucronata, Paulina, Grantiana e dos positivos, e o uso dos adubos verdes

90
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

vem aumentando ano a ano. até a produção de semente dos adubos


verdes. Funciona muito bem para milho,
CULTIVO EM CONSÓRCIO: sorgo ou outra cultura de porte alto, usan-
do adubos verdes de porte baixo. Só dá
Muitas experiências tem demonstra- certo em áreas com baixa presença de
do melhores resultados quando os adu- inços. Veja como fazer:
bos verdes são semeados misturados. 1 – Quando o adubo verde estiver
Semeando as misturas, a recuperação das em fase inicial de desenvolvimento - fa-
terras é mais rápida. Por exemplo, no in- zer plantio do milho ou outra cultura de
verno, misture aveia preta com ervilhaca porte alto, quando o adubo verde tiver
comum, mais nabo, mais tremoço, mais recém coberto todo o solo. Para este caso,
espérgula; ou na falta de um desses, mude deve ser usado adubos verdes de cresci-
a mistura do jeito que for possível. Por mento lento, como Serradela, Trevo En-
isso, é muito importante a agricultora e o carnado, Lentilha ou Espérgula. Os sul-
agricultor fazer suas experiências na sua cos devem ser largos, sendo o sistema de
própria terra. Também é importante pro- plantio do milho ou outra cultura com fi-
curar conhecer outros tipos de adubos las pareadas com 50 centímetros uma fila
verdes. Existem muitos outros além dos da outra e 1,5 entre as filas pareadas. Este
que foram citados nesta revista. Mãos a sistema permite plantar o milho mais
obra e toque com capricho os trabalhos cedo, e deixar o adubo verde produzir
de produção de sementes dos adubos suas sementes. Se for necessário, passe
verdes na sua comunidade, procure par- o cultivador do tipo arado fuçador ao lado
ticipar dos dias de campo e dos cursos da fila dos cultivos. Pode ainda permitir
sobre agricultura ecológica, e faça suas intecalar com outro cultivo alimentar mais
próprias experiências, e com muita ale- tarde, como feijão, soja, girasso, ou mes-
gria, divulgue os resultados do seu traba- mo milho.
lho. 2 – Quando o adubo verde estiver
em plena floração – deve ser feito com
CULTIVO MÍNIMO: plantas de porte baixo e que promova
cobertura uniforme do solo. Para este
O cultivo mínimo consiste em reali- fim, use a ervilhaca comum, a espérgula,
zar o preparo do solo sem aração, fazen- a lentilha. Essas plantas de cobertura do
do o plantio das culturas em sulcos, per- solo semeadas em abril e maio perimitem
manecendo entre os mesmos uma cober- o plantio do milho em agosto e setem-
tura vegetal verde ou morta de alguma bro, e os trevos encarnado e subterrâneo
planta de adubo verde. A cobertura ve- e a serradela que florescem mais tarde, o
getal é parcialmente incorporada na ope- plantio do milho também será mais tar-
ração de sulcamento variando de 20 a de. Será necessário fazer o primeiro
40% desta, e o restante das plantas ou sulacamento com arado fuçador de pá
cobertura morta é incorporada por oca- larga ou média, assim que as plantas de
sião da capina, ou é mantida vegetando cobertura tiver coberto todo o solo. A

91
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

partir da plena floração, passar o fuçador palha mais seca e quebradiça.


de pá largo ou média e em seguida fazer
o plantio do milho, da mandioca ou ou- PLANTIO DIRETO:
tros cultivos. No caso da ervilhaca co-
mum, chíraro e espérgula é necessário Consiste em fazer o plantio sem
esperar chegarem ao estágio de forma- qualquer revolvimento do solo. Esta im-
ção das sementes, para que cessem o portante prática ainda é muito difícil de
crescimento e não sufoquem as lavou- ser aplicada em agricultura ecológica nas
ras. O uso da lentilha permite fazer o áreas onde ocorrem grande presença de
sulcamento apenas uma vez. inços. Portanto, sua aplicação depende
3 – Plantio após colheita de cereais de ser experimentada por cada família em
de inverno – após a colheita dos grãos de áreas pequenas associadas ao trabalho de
trigo, triticale, aveias e centeio, perma- desiçamento das áreas ao longo do tem-
nece no solo boa cobertura morta, possi- po. Nas áreas onde não há problema com
bilitando o sulcamento com o fuçador e inços, esta prática dever ser adotada, pois
posterior plantio de milho, sorgo, giras- é uma excelente maneira de conservação
sol, e outras culturas solteiras ou consor- do solo, aumento da matéria orgânica e
ciadas com feijão ou soja. Sendo neces- de humos, multiplicação dos bichos e
sário, faça a capina com cultivador. microorganismos do solo, e elevado con-
4 – Plantio após o acamamento das trole da erosão da terra e melhor absor-
plantas de cobertura – uma forma é plan- ção da água das chuvas, mantendo a ter-
tar a mucuna nas entre-lihas do milho ra sempre úmida e com temperaturas ade-
quando este tiver na fase de milho verde. quadas para as lavouras. Pode ser usado
Após a colheita do milho, a ocorrência a maioria dos adubos verdes apresenta-
de geadas a mucuna vai acamar e secar dos nesta cartilha, como plantas de co-
naturalmente. Onde não ocorre geadas, bertura do solo. A s ervilhacas, os
o acamamento deverá ser feito com re- tremoços, as aveias, o centeio, o triticale,
petidas gradagens de disco. A s mucunas a espérgula, o nabo forrageiro, a
podem ser substituídas por lab-lab, fei- serradela, e outras plantas de cobertura,
jão-bravo-do-ceará, e outras espécies. apesentam boa germinaçãoao serem
Para espécies de inverno, o acamamento lançadas em solo úmido após a ocorrên-
será feito com rolo faca. Cerca de 7 dias cia de chuvas dispensando o revolvimento
após, quando a palhada estiver seca, será do solo. Caso a área esteja coberta com
feito o sulcamento. Para aveia, centeio e inços do verão, lance as sementes e pas-
nabo forrageiro, o sulcamento será feito se a grade de pino ou disco de tração
com arado fuçador de pá larga ou pá animal ou a grade de disco com trator
média. Para chíraro, ervilhaca, mucunas estando bem aberta apenas para ciscar a
e serradela, o sulcamento é realizado atra- área. As mucunas, o feijão de porco, o
vés de sulcador com disco de corte. Esta guandu, as crotalárias também permitem
operação fica mais fácil quando feita após este tipo de operação, exigindo que a
o meio dia, com sol, encontrando-se a gradagem atinja um pouco mais o solo.

92
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Para muitas situações, estas podem ser traca, esta deverá ter uma das sua pontas
plantadas com matraca, dispensando o um pouco mais cumprida para favorecer
revolvimento mínimo do solo. Para o o rompimento das palhadas. Há também
manejo, será necessário o uso do rolo plantadeiras de tração animal ou mecâni-
faca ou grade niveladora passada bem ca especialmente para plantio direto. A
aberta. capina deverá ser de enxada ou arranquio
Para o plantio das lavouras com ma- manual onde houver pouco inço.

A utilização de pedras na agroecologia


O Brasil é muito rico em diferentes Para usar a Pedra, é preciso que ela
tipos de rochas que podem ser usadas na seja trabalhada em britador e transfor-
agricultura. Elas estão distribuídas por mada em pó.
todas as regiões do país. O pó deve ter granulometria fina,
A pedra mais usada na agricultura é média e mais grossa, para ir reagindo na
aquela que dá origem ao Calcário. terra e liberando os nutriente aos poucos
Também se usa a Pedra rica em fós- ao longo do tempo.
foro, que chamamos de fosforita ou O pó de Pedra repõe muitos nutri-
fosfato natural. Nesta Pedra, também há entes na terra, alimentando os bichos e
cálcio e muitos outros nutrientes. microorganismos e as plantas.

Como usar o Pó de Pedras na Agricultura Ecológica:


Sabemos que a Pedra leva muitos Ninguém é louco de colocar todo o
anos sendo desgastadas para formar a sal ou a pimenta que gasta em um mês
terra com seus nutrientes,. para temperar a comida de um dia.
Isso nos ensina que devemos usar Da mesma forma, usamos um pou-
pequenas quantidades de pó de rochas co de Pó de Pedras de cada vez ao longo
de cada vez. do tempo.
Podemos dizer que o Pó de Pedras A quantidade de Pó de Pedras vai
é um tempero para regenerar e sustentar variar de acordo com o tipo e situação
a Vida da Terra. da terra em cada lugar.
Como no preparo da nossa alimen- Como orientação geral, podemos ter
tação, usamos vários temperos em pe- como base as seguintes quantidades por
quenas quantidades para deixar nossa hectare:
comida mais rica e saborosa.

93
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Tabela 5 – Recomendações do uso de pó de rochas por hectare


Tipo de Pó de Pedra Quantidade por hectare

Calcário 300 a 1000 kg

Fosforita 400 a 800 kg

Basalto 400 kg

Temos poucas experiências no uso de Fosforita, do Basalto e do Pó de outras


Pedras no Brasil. É importante seguirmos identificando as melhores Pedras de cada
região, e fazendo experiências para encontrarmos as melhores formas e quantidades
de usos na regeneração e manutenção da fertilidade natural da terra para a agricultura,
a produção de forragens e florestas.

Adubos e caldas:
Todo mundo sabe que os por fenômenos naturais.
agrotóxicos fazem mal para a natureza e Mesmo tomando todo tipo de cui-
para a saúde humana e dos animais. dado no preparo da terra, podem apare-
Quando usamos adubos naturais e cal- cer problemas temporários com o ataque
das para proteger e alimentar as plantas, de insetos, fungos e bactérias, causando
queremos: sérios danos aos cultivos.
1. alimentos puros e saudáveis; Isso pode acontecer por causa do
2. evitar a contaminação da família excesso de chuvas ou secas e também
do agricultor e dos consumido- devido ao uso de agrotóxicos nas lavou-
res; ras vizinhas. As sementes de baixa quali-
3. manter o equilíbrio da natureza e dade ou a terra desequilibrada podem tra-
conservar a vida na terra, no ar e zer os mesmos problemas.
na água; Nestes casos, a agricultora e o agri-
4. aumentar a resistência das lavou- cultor poderão fazer uso de adubos e cal-
ras e diminuir os custos de pro- das que não prejudicam a terra, não con-
dução; taminam a água e não fazem nenhum mal
5. atender a grande procura por ali- para a saúde de quem trabalha na lavou-
mentos sadios. ra e de quem vai comer o alimento pro-
duzido. A seguir, você conhecerá alguns
De modo geral, as pragas e doen- adubos e caldas que já vem sendo usado
ças só atacam plantas fracas, ou cultiva- por milhares de agricultoras e agriculto-
das em ambientes estranhos a sua ori- res familiares no Paraná, no Brasil e em
gem ou muito alterados pelo homem ou muitos outros países, a centenas de anos.

94
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Vida e Saúde
A Organização Mundial da Saúde, em seu relatório no início do
ano de 2000, atestou que para cada três doenças que existem no
mundo, duas são provocadas por contaminação da comida e da água.
É preciso produzir alimento saudável para proteger a vida.

Qualidade da água
É muito importante cuidar da quali- água tratada com cloro, nem água conta-
dade da água para o preparo do adubo minada por agrotóxicos. Esse tipo de água
foliar caseiro e das caldas protetoras das prejudica a fermentação, porque mata os
plantas. Como a fermentação é a base bichinhos, chamados de bactérias, que
mais importante dos adubos foliares ca- realizam a fermentação.
seiros, para ocorrer, ela depende de água O bom mesmo é usar sempre água
boa e limpa. limpa e pura, como a água de poço ou de
Em primeiro lugar, não se pode usar olho d água.

Nutriçao da vida da terra e das plantas


Outras fontes de nutrição para a Estes estercos são mais concentra-
Vida da terra e para as plantas são o es- dos em nitrogênio, fósforo e potássio.
terco e a urina dos animais. Nutrem as plantas, mas contribuem
Em agricultura ecológica, é funda- menos na estruturação da terra.
mental que a agricultura e a pecuária es- Os estercos de gado bovino, carnei-
tejam interligadas. Da lavoura se alimen- ro, cabrito, cavalo e muar, contém boa
ta as criações, e o esterco e a urina volta concentração de nitrogênio, fósforo e
como alimento para a Vida da terra e nu- potássio, mas por serem ricos em celulo-
trição das plantas. se, os bichos da terra e os microorganis-
Nada pode ser perdido ou desper- mos levam mais tempo para fazer sua
diçado. decomposição, liberando os nutrientes de
Os estercos e urina das criações de- forma mais lenta.
vem ser usados sem exagero. Por terem mais celulose contribuem
O esterco de aves tem reação mais mais na estruturação da terra, por alimen-
rápida no solo, depois vem o de suínos. tarem maior diversidade de bichos e
Estes estercos sofrem a ação dos microorganismos, que vivem na terra tor-
microorganismos liberando os nutrientes nando-a mais cheia de galerias, poros e
disponíveis em poucos dias. formando o que chamamos de agregados.

95
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Sugestão para o Aproveitamento do Esterco e da Urina:


1 – Na estrebaria deve-se forrar o ragem. Os suínos serão criados sobre este
chão ou o piso com palhas ou serragem, material. Sua urina e esterco vão sendo
na quantidade de 5 quilos por cabeça ani- absorvidos pelo material. Depois de cer-
mal. Este material vai absorver a urina to tempo, retire todo o material e leve ao
junto com o esterco, que em seguida po- monte para concluir a fermentação. Em
derá ser transportado para o monte de seguida, preencha a vala novamente. Os
fermentação. suínos ao fuçarem favorecem a
2 – No chiqueiro, ao invés de piso fementação do material produzindo ex-
de alvenaria ou de madeira, cave toda a celente composto. Este esquema evita o
área e deixe com 50 centímetros de pro- mal cheiro e a proliferação de moscas.
fundidade e preencha com palha ou ser-

Uso do Esterco e da Urina na Agricultura Ecológica


O esterco e a urina podem ser usa- A urina também pode ser usada m
dos na forma de composto sólido ou pulverização.
biofertilizante líquido. Veremos a seguir várias formas de
O esterco pode ser usado ainda fres- preparação de composto e biofertilizante
co sobre palhadas mortas ou em área com e as orientações de uso.
plantas expontâneas ou adubos verdes.

Esterco:
A forma mais fácil é usar o esterco não se deve distribuir esterco sem antes
fresco diretamente na terra de cultivo. ter sido fermentado.
Isso só deve ser praticado em regi- Sobre a urina, veja mais adiante
ões onde ocorrem temperaturas altas ou como usar.
nas épocas mais quentes nas regiões onde Como orientação geral, os
ocorrem temperaturas baixas. Outra ob- biofertilizantes podem ser pulverizados
servação importante é que seja em terra nas covas, após o transplante das mu-
com boa atividade de bichos e das, no período de brotação e pré-
microorganismos. Com o calor eles vão floração, no desenvolvimento dos frutos,
trabalhar intensamente aproveitando me- e épocas de choques de temperaturas de
lhor o esterco na produção do húmus. calor e frio, e após muita chuva ou em
Em terra enfraquecida e desgastada épocas de estiagem.

Composto
O composto orgânico é obtido a tercos, folhas, lixo doméstico orgânico e
partir de palhadas, restos de culturas, es- outros materiais orgânicos.

96
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

A transformação de todas essa ma- actinomicetos, fungos e protozoários, re-


téria orgânica é feita por vários bichos e sultando em matéria orgânica mais
microorganismos, como bactérias, digerida e estabilizada.

Como preparar:
A mistura de diversos materiais or- Este material deverá ser mantido
gânicos é mais recomendada. úmido. Não pode encharcar porque aca-
Há materiais com menos nitrogênio ba lavando e eliminando nutrientes além
e rico em carbono, como a casca do ar- de diminuir o oxigênio dificultando a fer-
roz, que levam muito tempo para fermen- mentação.
tar e decompor. O oxigênio é decisivo para a vida e
Há outros materiais com mais ni- multiplicação dos bichos e microorganis-
trogênio e pouco carbono, como certas mos que estarão fazendo a fermentação
folhas verdes ou palhadas de ervilhaca e e decomposição.
mucuna.

Como fazer pilha do composto:


Fazer em área livre de enxurradas, camada.
aonde vai sendo depositado as camadas A última camada deve ser feita com
de material orgânico. o material da primeira camada.
A primeira camada é com o materi- Após fazer uma camada, esta de-
al mais difícil de decompor como palhada verá ser molhada, fazendo assim com
de milho, casca de arroz, palha de aveia todas as camadas.
ou centeio e outras. Não pode encharcar a ponto de es-
Deve ter cerca de 30 centímetros correr água.
de altura. Se o material já vier misturado como
A segunda camada é com o materi- no caso de cama de curral, cama de chi-
al mais fácil de decompor como os ester- queiro ou de aviário, a montagem das
cos, folhas verdes, palha de ervilhaca ou camadas é feito para permitir molhar uni-
de feijão, e outras. formemente todo o material.
Deve ter cerca de 5 centímetros de Em caso de materiais que assemtam
altura. muito e não permite a circulação do ar,
A terceira camada é feita com os recomenda-se colocar samambaias ou
mesmos materiais da primeira camada, galhos de plantas de capoeira como as
tendo 30 centímetros de altura. vassouras também conhecidas como
A quarta camada segue o mesmo topixavas ou alecrim do campo.
esquema da segunda camada. Coloque este material intercalando
E assim deve ser feito até a última com as camadas de palhadas e esterco.

97
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Com este cuidado, é possível evitar é melhor caprichar o máximo na cons-


o revolvimento do monte, economizan- trução da pilha.
do o trabalho. Tamanho da pilha:
O composto também pode ser enri- A primeira camada dever ter cerca
quecido com adubos minerais como a cin- de 1 metro e meio de largura, e o com-
za de lenha, o calcário, o fosfato natural, primento será determinado pela quanti-
o pó de basalto ou outra rocha muída. dade de material disponível.
A cada camada de palha e esterco, A altura deverá ser no máximo de 2
deve ser polvilhado os adubos minerais. metros.
Usar na base de 10 quilos de mine- Uso:
rais por metro cúbico de pilha do com- Quando a fermentação se estabili-
posto. zar o monte vai esfriar totalmente e to-
Cuidado porque o uso em excesso des- dos os materiais estarão de tal forma mis-
ses adubos vai prejudicar a fermentação. turados e decompostos que não será mais
Sobre a última camada de palha é possível identificá-los isoladamente.
recomendado polvilhar uma camada fina O composto terá bom cheiro e cor
de fosfato natural, o que vai diminuir a uniforme.
perda de nitrogênio do composto. Seu uso deverá ser na quantidade
Para evitar o trabalho de revirar o de 1 a 2 quilos por metro quadrado.
composto é preciso caprichar na monta- Deverá ser colocado na superfície
gem da pilha. da terra.
Caso o composto comece esquen- Nunca enterre o composto.
tar demais haverá perda deo nitrogênio e No máximo deve ser misturado com
será necessário revolvê-lo. a camada da superfície da terra na faixa
Isso dá muito trabalho, de modo que dos primeiros 5 centímetros.

O adubo da Independência
Os agricultores que fazem parte do outras comunidades.
Grupo Alimentos para a Vida , das co- Hoje o Adubo da Independência está
munidades Arroio da Cruz e Terra Ver- sendo fabricado por milhares de famílias
melha, no município de São Mateus do em muitas comunidades da região cen-
Sul, a partir do adubo BOKASHI, de- tro-sul do Paraná.
senvolveram um adubo organomineral O interessante é que, em cada co-
que batizaram de ADUBO DA INDE- munidade, os agricultores usam os pro-
PENDÊNCIA. dutos que existem na propriedade, para
O BOKASHI, foi desenvolvido pela evitar gastos. E assim, a fórmula vai se
Associação Mokiti Okada. modificando, mas os resultados de pro-
Esse grupo testou a experiência e dução continuam sendo positivos. Vejam
começou a divulgar os resultados para o que eles estão usando:

98
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

• 500 KG de TERRA DE BAR- cama de aviário for de apenas um lote de


RANCO (sem gordura) frango, é preciso aumentar essa quanti-
• 3 sacos de CAMA DE AVIÁRIO dade.
PENEIRADA Se usar apenas esterco de gado, e
• 2 sacos de ESTERCO DE POR- caso esteja muito úmido, utilize 500 qui-
CO los.
• 2 sacos de ESTERCO DE GALI- Caso use somente esterco de car-
NHA neiro, colocar 300 quilos.
• 2 sacos de ESTERCO DE GADO Quanto mais frescos forem os es-
• 3 sacos de ESTERCO DE OVE- tercos, melhor para o preparo do ADU-
LHA BO DA INDEPENDÊNCIA.
• 200 kg de FEIJÃO PARTIDO
• 30 kg de FARELO DE TRIGO Modo de preparar:
• 50 kg de FOSFATO NATURAL
1° PASSO - Reunir os ingredientes
• 50 kg de FARINHA DE OSTRA
necessários no local onde será fabricado,
• 30 kg de CALCÁRIO
de preferência longe de casa, devido ao
• 20 kg de FUBÁ DE MILHO
cheiro forte nos primeiros dias de fermen-
• 5 kg de BATATA DOCE
tação. É Bom escolher um lugar coberto,
• 2 kg de MEL ou 3 kg de MELA-
de chão batido. Em piso de cimento, tem
ÇO DE CANA ou 3 kg de
sido mais difícil o material secar, ou quan-
AÇUCAR AMARELO (açúcar
do erra-se a quantidade de água, a fer-
mascavo)
mentação fica totalmente prejudicada. O
• 2 litros de INOCULANTE NA-
ADUBO DA INDEPENDÊNCIA tem
TURAL
que ficar protegido de chuvas e do sol,
durante sua fabricação.
A independência dos agricultores 2° PASSO - Colocar a terra virgem
espalhando-a na forma de uma camada.
Cada agricultor deve pesquisar e 3° PASSO - Cozinhar 3 kg de FA-
adaptar os ingredientes, de acordo com RINHA DE MANDIOCA CRUA ou 5
aquilo que existe na sua propriedade. kg de BATATA DOCE RALADA, numa
Alguns produtos podem ser substi- vasilha com 20 litros de água, até formar
tuídos ou aumentados. um mingau grosso. No caso da Batata
E outros podem ser retirados, como Doce, esmagar bem para fazer o min-
é o caso da cama de aviário e do esterco gau. Deixar esfriar.
de porco de granja, por causa dos antibi- 4° PASSO - Os grãos de feijão ou
óticos e dos hormônios da ração. outro qualquer que for utilizado, deverá
Essa liberdade de adaptar e modifi- ser triturado previamente. Distribuir to-
car é que garante a independência. dos os ingredientes sobre a camada de
Se for utilizar somente esterco de terra, fazendo camadas finas. Capriche
frango, colocar 170 quilos, porém se a para que todos os ingredientes fiquem

99
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

bem espalhados por toda a extensão da deverá ultrapassar a 65 graus centígra-


camada de terra. Em seguida, com pá e dos. É preciso verificar diariamente. Na
enxada, misture os ingredientes, reviran- prática, é só enfiar um pedaço de ferro
do com capricho para que todos os in- no interior do monte, por um minuto, e
gredientes fiquem bem misturados. Para ao retirá-lo do monte, com a mão, verifi-
misturar bem, faça o trabalho com todos car o quanto esquentou. Caso a tempe-
os ingredientes secos. ratura não permita segurá-lo, faz-se ne-
5° PASSO - No mingau frio, acres- cessário revirar todo o monte. Se estiver
centar os 2 kg de MEL, ou os 3 kg de muito quente, convém colocar um pou-
MELAÇO DE CANA, ou os 3 kg de co de água enquanto estiver revirando o
AÇUCAR MASCAVO (açúcar amarelo). monte. Em geral se faz necessário fazer
Mexer bem e acrescentar os 2 litros de 3 a 5 reviradas do monte. Nas regioes
INOCULANTE NATURAL, e mexer mais quentes, o adubo poderá ficar pronto
novamente. mais rápido 10 a 15 dias, enquanto nas
6° PASSO - Despejar o mingau aos regioes de temperaturas mais baixas, po-
poucos distribuindo-o uniformemente derá demora 15 a 30 dias.
sobre os ingredientes já misturados. Em 9° PASSO - Após a fermentação o
seguida, para umidecer a mistura, gasta- Adubo da Independência pode ser guar-
se aproximadamente 500 litros de água. dado em sacos ou num monte. Depois
Usar água sem cloro e livre de resíduos de pronto, a umidade não deve passar de
tóxicos. A água deve ser colocada aos 13 por cento. Caso esteja úmido, dá pra
poucos, iniciando-se por uma das pontas secar um pouco na sombra.
da camada de ingredientes. Vá colocan- Inoculante natural
do a água e revirando a mistura de ingre- Pode ser conseguido com os agri-
dientes, para que a umidade fique bem cultores ecologistas da sua região. Se in-
distribuída. Isso é fundamental para a fer- forme no Sindicato dos Trabalhadores
mentação ocorrer corretamente. Cuide Rurais do seu Município, na CRESOL,
para não enxarcar, pois o excesso de água ou nas Organizações não Governamen-
vai impedir a fermentação. O ponto ideal tais atuantes na sua região.
pode ser verificado espremendo-se um Como multiplicar o Inoculante Na-
punhado da mistura umidecida com as tural Uma vez conseguido uma amostra
mãos. Deve-se formar uma bola sem ha- do inoculante, você poderá multiplica-lo
ver escorrimento pelos vãos dos dedos. continuamente, da seguinte maneira:
7° PASSO - Depois de tudo isso, numa vasilha , coloque 1 litro do
amontoar um pouco, numa altura que não inoculante; 8 litros de água; e 1 litro de
passe de 50 centímetros. O comprimento é melado de cana, mel ou açúcar mascavo.
livre, pois o que interfere na fermentação é Misture bem e deixe descansar por 3 dias,
a altura que o material ficar amontoado. mantendo a vasilha sem tampar. Após esse
8° PASSO - O material amontoado tempo, colocar o inoculante em outros
vai entrar em fermentação, o que provo- recipientes, como garrafas de vidro ou
cará aumento da temperatura, a qual não plástico, tampar deixando a tampa sem

100
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

lacrar totalmente, para que o ar da fer- região centro-sul do Paraná, tem sido usa-
mentação que ocorrer possa sair. Manter do em lavouras de milho, feijão,
as garrafas armazenadas em local escuro batatinha, soja, pomares e hortaliças em
e fresco. geral na dosagem de 1.000 quilos por
hectare.
Como usar o Adubo da Independência: Este adubo pode ser distribuído com
máquinas tração animal, tração mecâni-
O Adubo da Independência pode ser
ca ou com a matraca. Para facilitar o uso
usado em qualquer tipo de lavoura. Na
de máquinas, é bom passar o adubo de-
pois de pronto no triturador e peneirar.

Húmus de Minhoca
O melhor jeito de cuidar da quali- 11 vezes mais rico em potássio
dade e da fertilidade natural da terra é Este é o composto produzido pelas
preservar a vida que existe dentro dela. minhocas.
Zelando da vida dos animais que vivem
na terra, como as minhocas, os corós e Sabendo mais sobre as minhocas:
aquela grande quantidade de bichinhos, Existem dois grupos de minhocas
que a nossa vista não consegue enxergar, que podem ser utilizadas com a finalida-
nós estamos cuidando da fertilidade do de de produção controlada de húmus.
solo. Elas podem ser reconhecidas pela
As minhocas são muito importan- cor, sendo as vermelhas e as acizentadas.
tes para melhorar a qualidade da terra e É mais comum o uso da minhoca
torná-la produtiva. californiana.
A minhoca é uma grande compa- Ela tem boa capacidade de se ali-
nheira que o agricultor tem para adubar a mentar de esterco ou outro material or-
terra sem nenhum gasto. gânico fresco, produzindo o húmus mais
As minhocas trabalham dia e noite rapidamente.
de graça na produção de húmus. Cada minhoca é um verme macho
Com o húmus, a vida se multiplica. e fêmea, chamado de hermafrodita.
O húmus é um verdadeiro fermento para Apesar disso a minhoca não fecun-
a vida da terra. da a si mesma.
Veja como fica a terra, com o tra- Elas se acasalam no momento do
balho das minhocas: cruzamento. Colocam ovos na forma de
5 vezes mais rica em nitrogênio casulo, que eclodem entre 20 e 30 dias,
2 vezes mais rica em cálcio liberando até 20 vermes por casulo.
2 vezes e meia mais rica em Em um mês já podem se reprodu-
magnésio zir.
7 vezes mais rica em fósforo pron- Possuem tempo de vida de 1 a 2
to para as plantas usarem anos.

101
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Elas soltam um líquido pela pele que No canteiro coloque no primeiro


garante a estabilidade das paredes dos metro do comprimento uma camada de
canais que abrem na terra. esterco e molhe, seguido de outra cama-
Ao seguirem cavando, vão se ali- da com os outros restos vegetais verdes
mentando tanto de restos de vegetais ou secos e molhe também, e por último
como de animais do solo. coloque a camada de palhada seca.
As partículas são engolidas e moí- Espere alguns dias acontecer a
das no tubo digestivo. fementação e começar a esfriar e então
Se houver terra junto com a maté- espalhe as minhocas.
ria orgânica, os grãos de areia irão ajudar A cobertura de palha é importante
a triturar o alimento. porque elas não gostam de luz e preci-
O esterco da minhoca também é sam se proteger da incidência direta da
chamado de coprólitos. luz do sol.
É constituido de agregados de terra Após 20 dias, comece a colocar mais
e matéria orgânica. matéria orgânica dando continuidade ao
È mais rico em nutrientes que a ter- comprimento do canteiro.
ra em que se encontra e por estar em Elas seguirão em frente em busca
estado mais avançado de decomposição do alimento deixando para trás seu ester-
é mais facilmente assimilado pelas raízes co que usaremos nos cultivos.
das plantas.
Outro tipo de minhocário:
Como se faz um minhocário: Ao invés de canteiro, para peque-
Use materiais simples disponíveis nas quantidades pode ser feito o
na propriedade. minhocário usando caixas empilhadas.
Basta fazer uma caixa no chão, cer- Com bambu, taquara ou qualquer
cando com tábuas velhas ou varas para outro tipo de vara, faça caixas de modo
escorar o esterco e demais mateirias or- que tenha frestos no fundo para permitir
gânicos que forem aproveitados. a passagem das minhocas da caixa de cima
As dimensões devem ser de no má- para a de baixo.
ximo 2 metros de largura por 40 centí- Encha todas as caixas com os
metros de altura. mateirias orgânicos e empilhe com os
O comprimento pode variar em da mesmo cuidado e capricho que está ori-
disponibilidade de material orgânico. entado para o canteiro.
Tem que ser protegido de enxurra- Empilhe as caixas e cubra a de cima
das e da chuva. com palha para proteger da luz.
Para isto faça uma cobertura que Mantenha em local coberto para
pode ser de lona, palhas ou telha. evitar o sol direto e a chuva.
Para começar é oportuno preparar As minhocas vão digerindo o mate-
boas condições para as minhocas se re- rial da caixa de cima quando comer tudo
produzirem. vai passando para a debaixo.

102
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Ao aprontar o material da caixa de peneirar, podendo ser levado a campo


cima, retire o húmus e preencha nova- mesmo que não esteja totalmente digeri-
mente com material novo e coloque como do pelas minhocas.
a primeira caixa de baixo. Pode ser usado na produção de
Assim sempre terá pequenas quan- mudas em bandeija ou canteiros.
tidades de húmus sendo produzido pelas Em covas ou nas linhas de plantio,
minhocas. usar de duas a três toneladas por hecta-
re. Pode ser usado para qualquer tipo de
Como usar: lavoura.
Também pode ser usadao em frutí-
Quando estiver pronto, o húmus é
feras colocando na terra na marca da
facilmente reconhecido por parecer com
projeção da copa e fazendo incorpora-
terra de floresta em seu aspecto e cheiro.
ção superficial a 5 centímetros de pro-
Para seu uso não precisa secar nem
fundidade.

Urina de vaca leiteira


Na estação Experimental da e a produzir frutos com excelente padrão
PESAGRO, no município de Macaé, Rio comercial, e maior teor de açúcar.
de Janeiro, foi desenvolvido pesquisas de Hoje a urina de vaca leiteira está
uso agrícola da urina de vaca leiteira. Os sendo usada em diversas outras culturas
pesquisadores descobriram que a urina com bastante sucesso. É que a urina de
de vaca em lactação produzia o efeito de vaca em lactação possui muitos nutrien-
recuperar plantas de abacaxi atacadas por tes e outras substâncias necessárias para
uma doença chamada fusariose . o bom desenvolvimento das plantas.
Essa doença quando ataca o abaca- O resultado é que as plantas ficam
xi causa perdas de até 70% da safra. To- mais verdes, mais resistentes, se desen-
dos os agrotóxicos testados não conse- volvem bem e a produção é melhor. Fun-
guiram controlar a doença. Com o uso ciona bem contra as doenças causadas
da urina de vaca leiteira numa lavoura de por fungos.
abacaxi atacada pela fusariose, eliminou Na análise química feita da urina de
a doença, ajudou a recuperar a plantação vaca leiteira, deu o seguinte resultado:

Urina de vaca Leiteira (em partes por milhão)


Nitrogênio 6.300
Potássio 27.100
Cálcio 140
Magnésio 226
Enxofre 1.140
Ferro 2,4

103
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Manganês 0,1
Cobre 0,2
Zinco 0,1
Boro 44
Sódio 1.900
PH 7,6

Uma fábrica na Propriedade batata, cebola , milho, tomate, melão e


muitas outras plantas.
Essa análise demonstrou que o agri-
Descobriu-se que além de funcio-
cultor tem na propriedade um adubo foliar
nar como adubo e protetor natural, a uri-
de excelente qualidade, pois a urina de
na de vaca leiteira também favorece a
vaca leiteira tem grande parte do que uma
floração de muitas plantas e pode ser usa-
planta precisa para se desenvolver com
da no tratamento de frutos e tubérculos
saúde. E o mais interessante é que este
depois da colheita.
super adubo foliar não precisa ser com-
Na análise de laboratório, descobriu-
prado.
se que a urina de vaca leiteira contém
A urina de vaca leiteira foi usada
uma substância chamada CATECOL, que
para combater Vassoura de Brucha, uma
quando oxida, vira Quinona, de ação
terrível doença do cacau, que pode aca-
fúngica, e não oxidando, aumenta o teor
bar com até 80% da produção.
de fenóis, uma auto-defesa das plantas.
O pesquisador Ricardo Gadelha ex-
É ainda um excelente estimulador
plica que a urina da vaca leiteira tem uma
para o enraizamento de mudas de abaca-
substância chamada PIROCATENOL que
xi, por possuir o ácido indolacético se for
fortalece a planta do cacaueiro. Mesmo
utilizada molhando as mudas com solu-
não matando o fungo, a urina de vaca
ção de 50% de urina de vaca e 50% de
não deixa que a doença ataque os brotos
água (meio a meio).
do cacaueiro. O pesquisador garante que
esta descoberta vai ajuda no controle de
várias doenças de outras plantas. Veja quanto uma vaca produz
Uma vaca chega a produzir 3.650
Outras vantagens litros de urina por ano. Baseando-se nes-
ta quantia e na qualidade dos nutrientes
A urina de vaca leiteira também está
essenciais que estão presentes na urina
sendo usada nas lavouras de café em vá-
de vaca leiteira, podemos concluir o se-
rios Estados do Brasil.
guinte:
Foram feitos testes em plantações
No período de um ano, uma vaca
de maracujá, coco, alface e outras horta-
pode produzir 98 kg de Potássio, o que
liças. Na região centro-sul do Paraná, os
corresponde a 163 kg de cloreto de po-
agricultores estão aplicando a urina de
tássio.
vaca leiteira nas lavouras de feijão, soja,

104
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Coleta e preparo ses se a garrafa ficar bem fechada, em


lugar fresco e sem a presença de luz.
Normalmente, logo que a vaca en-
tra na estrebaria para ser tirado o leite,
ela costuma urinar. Nesta hora é só colo- Modo de usar
car um balde e recolher o precioso líqui- Como vimos, a urina de vaca leitei-
do. Alguns agricultores reclamam que a ra é um produto forte, por isso a dose
vaca se assusta com o barulho da urina deve ser pequena, caso contrário vai cau-
no balde e pára de urinar. Neste caso, sar danos na lavoura.
convém colocar um pano no fundo do Os agricultores usam meio litro de
balde para abafar o barulho. urina curtida misturada em 99,5 litros de
Colocar a urina em garrafas plásti- água para pulverizar as plantas na fase
cas bem limpas. inicial de desenvolvimento, e um litro de
Fechar bem e guardar em lugar es- urina em 99 litros de água, para as plan-
curo e fresco por 3 ou 4 dias. tas mais desenvolvidas. Para pulverizar
Neste tempo a urina se transforma mudas nos canteiros, usa-se 50 mililitros
em amônia, ficando com a coloração bem de urina curtida em 10 litros de água. Nas
escura. lavouras e mudas, fazer pelo menos três
Pode ser guardada por até 12 me- pulverizações ou mais conforme o caso.

Biofertilizantes - adubo foliar caseiro


O importante é a fermentação.
cia ou de hortaliças como cenoura,
Os biofertilizantes precisam receber
repolho ou outras
algum inoculante para estimular e ativar
125 ml ou meio copo de melaço de
a multiplicação dos microorganismos que
cana, açucar ou mel
estarão fazendo a fermentação.
75 ml ou um quarto de copo de sul-
A seguir apresentamos um tipo de
fato de amônio
inoculante fácil de fazer e que poderá ser
1 colher de chá de fosfato natural
usado para ativar a ferementação de qual-
1 colher de chá de cinza de lenha
quer tipo de biofertilizante de esterco.
1 colher de chá de MB4 se tiver ou
Pó de Basalto
Ingredientes:
1 litro de água boa
1 litro de esterco fresco
Meio litro de leite cru ou pasteuriza- Modo de preparar:
do Misturar tudo e colocar num balde.
250 ml ou 1 copo de suco de frutas Cobrir com um pano para evitar a
como laranja, ou mamão ou melan entrada de insetos e tampar com plático
preto e deixar ao sol por 72 horas para

105
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

acelerar a fermentação, e então estará fabricação de 200 litros de biofertilizante.


pronto. A sobra de inoculante pode ser guardada
Como usar: adicionando bastante melado para parali-
sar a fementação ou guardar em freezer.
Usar um litro do inoculante para a

Biofertilizante Super Magro:


Há diferentes jeitos de fazer o
SUPER-MAGRO. Vamos falar de um que • 18 litros de melado de cana (ou 36
demora menos tempo para ficar pronto. de caldo de cana)
Os ingredientes misturados fermentam e
a fermentação provoca mudanças nos
produtos, permitindo que eles ajudem as Para fazer o SUPER-MAGRO,
plantas de forma direta. Com a fermen- usando a fórmula acima, é preciso com-
tação surge vitaminas, enzimas e prar alguns ingredientes. Para baratear é
hormônios importantes para equilibrar a bom fazer um pedido através de um gru-
planta, defendendo-a contra insetos, po ou Associação e Sindicato. Se várias
ácaros, fungos, bactérias e nematóides. Associações fizerem um só pedido em
Por causa da fermentação, criam-se ini- conjunto, o preço fica bem menor. Mui-
migos naturais contra pragas e doenças tas organizações de trabalhadores e cam-
poneses e algumas casas agropecuárias
Ingredientes: já vendem o kit com todos os ingredien-
• 30 kg de esterco fresco de gado tes para uma dose.
• 2 kg de Sulfato de Zinco*
• 2 kg de Sulfato de Magnésio* Modo de fazer:
• 300 gramas de Sulfato de
• Primeiro, mistura-se todos os minerais.
Manganês*
Vai dar 12 kg e 450 gramas desta mis-
• 300 gramas de Sulfato de Cobre*
tura.
• 300 gramas de Sulfato de Ferro*
• No dia 1 , num tambor de plástico de
• 50 gramas de Sulfato de Cobalto*
250 litros, colocar 30 litros de esterco
• 100 gramas de Molibdato de Sódio*
fresco de gado, 60 litros de água, 3 li-
• 1 kg e meio de Bórax*
tros de leite e 2 litros de melado de cana.
• 2 kg de Cloreto de Cálcio*
Misturar bem e deixar fermentar, sem
• 2 kg e 600 gramas de Fosfato Na-
contato com sol ou chuva.
tural*
• No dia 4, dia 7, dia 10, dia 13, dia
• 1 kg e 300 gramas de cinza
16, dia 19, e dia 22, acrescentar no
• 27 litros de leite (pode ser soro de
tambor, 1 kg da mistura dos minerais
leite)
junto com 3 litros de leite e 2 litros do
melado, a cada vez. Assim, sucessiva-

106
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

mente até o dia 25, quando se coloca o so, a fermentação pode ser prejudica-
resto da mistura (1 kg e 950 gramas), da, por isso, prepare o Super Magro
mais 30 litros de água, 3 litros de leite e nos meses quentes do ano.
2 litros de melado. • Para usar o Super Magro, espere 15
• Cada vez que se acrescentar a mistura dias após ter colocado a ultima vez a
de minerais, é preciso mexer bem o caldo mistura de minerais. O produto deverá
no tambor. ser coado, senão entupirá o bico do pul-
• Importante: No dia 10, em outro tam- verizador. Todos os biofertilizantes aqui
bor, coloque 30 litros de esterco fresco apresentados, podem ser guardados por
de gado, 60 litros de água, 3 litros de tempo indeterminado. Guarde em reci-
leite e 2 litros de melado. Misture bem piente de vidro, e não feche totalmen-
e deixe fermentar. Três dias depois des- te, deixando pequeno espaço para a sa-
peje essa mistura no outro tambor, onde ída de gases, caso ocorra alguma fer-
está sendo preparado o adubo foliar. mentação.
• Devemos durante o processo observar • Importante Para usar em pesseguei-
se a fermentação está acontecendo. Se ro, não coloque o SULFATO DE
for bem feito, o produto tem um cheiro ZINCO nem o SULFATO DE CO-
agradável de melado e fica fácil de ser BRE no SUPER MAGRO.
coado. Nas regiões de inverno rigoro-

O SUPER-MAGRO tem sido usado em diversas culturas.Observe os exemplos abaixo:

Cultura Dose

Beterraba 2 a 4 tratamentos – com 4 litros para cada 100 litros de água, durante o
ciclo.

Tomate 8 a 10 tratamentos – com 5 litros para cada 100 litros de água, durante o
ciclo.

Moranguinho 8 a 10 tratamento usando 3 litros para 100 litros de água, durante o ciclo.

Uva 4 a 8 tratamento, usando de 3 a 4 litros para 100 litros de água, variando


conforme a época, a variedade a o ano.

Milho Pulverizar as sementes com uma mistura de 10 litros para 100 litros de
água. Deixar as sementes para secar na sombra e efetuar o plantio
normalmente.

Maçã de 10 a 15 tratamentos, usando de 3 a 5 litros para 100 litros de água,


variando conforme a época, conforme a variedade e conforme o clima de
cada ano.

107
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Biofertilizante enriquecido
O SUPER-MAGRO é também co- de osso, o fosfato natural e o calcário.
nhecido como BIOFERTILIZANTE EN- Todos esses minerais juntos pesam
RIQUECIDO e pode ser utilizado junto 16 quilos.
com a CALDA SULFOCÁLCICA, prin- No 1 dia , em um tambor de plásti-
cipalmente quando queremos controlar co de 250 litros, colocar 30 litros de es-
doenças causadas por fungos. terco, 60 litros de água, 2 litros de leite e
O SUPER-MAGRO pode ser feito 1 litro de melado de cana. Misturar bem
de outras formas. e deixar fermentar, sem contato com sol
Existem muitas outras possibilida- ou chuva.
des de fazer o SUPER-MAGRO. Esta Nos dias 4, dia 7, dia 10, dia 13,
outra sugestão de BIOFERTILIZANTE dia 16, dia 19, dia 22 e dia 25, num bal-
ENRIQUECIDO é útil, principalmente, de pequeno dissolver 2 kg da mistura com
para regiões onde é difícil fazer a com- 2 litros de leite e 1 litro de melado de
pra dos micronutrientes, ou o tipo de la- cana, e acrescentar no tambor com o cal-
voura e o solo não tenham necessidades do que está fermentando. Misturar bem
de toda aquela lista de nutrientes. Dê uma e deixar fermentar sem contato com sol
olhada na fórmula abaixo e veja se é mais ou chuva.
fácil para o seu caso. Espera-se 10 dias e está pronto para
usar.
Ingredientes:
• 30 litros de esterco fresco de gado Como usar:
• 18 litros de leite. Ou 18 litros de Uma recomendação geral para a
soro de leite aplicação desse tipo de biofertilizante é
• 18 litros de caldo de cana. Ou 9 usar em pulverização, 5 litros do
litros de melado de biofertilizante em 95 litros de água.
cana As agricultoras e os agricultores em
• 7 kg de cinzas todas as regiões do Paraná estão usando
• 3 kg de farinha de osso ou osso diferentes tipos de Biofertilizante. Cada
torrado e moído tipo é aplicado de acordo com as neces-
• 3 kg de Fosfato Natural sidades e condições de cada região e de
• 3 kg de Calcário cada família. Por isso, antes de fazer a
sua receita, converse com os vizinhos que
Modo de fazer: já experimentaram.
Mistura-se bem a cinza, a farinha

108
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Fermentado Biotecnológico
Em um tambor plático ou caixa Ferro, Sulfato de Magnésio, Sulfato de
dӇgua de fibro-cimento com capacida- Cobre, Sulfato de Zinco, Sulfato de
de para 200 litros colocar: Manganês.
Meia colher de chá de cada in-
Ingredientes: grediente listado abaixo:
40 quilos de esterco bovino fresco Cloreto de Cobalto, Molibdato de
120 litros de água Sódio mais 10 gotas de sulução de Iôdo
5 litros de melaço de cana ou leite ou a 10%
soro de leite sem sal O Iôdo pode ser comprado em far-
mácia. Peça para informar em que por-
Deixar a sombra e tampar sem ve- centagem está o produto para diluir se
dar totalmente para deixar que escape os for o caso.
gases da fermentação. Em seguida misture tudo mexendo
Adicionar uma vez por semena: bem e deixe fermentar por 20 ou 60 dias
4 colheres de sopa de Cálcio ou no verão, e 60 a 120 dias no inverno.
Calcário Dolomítico mais 4 colheres de Usar para todo tipo de lavoura em
Pó de Basalto bem moído. pulverizações na dosagem de 200ml ou
Uma colher de chá de cada in- um copo americano por 100 litros de
grediente listado abaixo: água.
Fosfato Natural, Bórax, Cloreto de

Biofertilizante para Batatinha


Para a cultura da batatinha muitos
agricultores tem usado a seguinte formu- • 3 kg de calcário
lação: • 3 kg de bórax
• 1 kg de Sulfato de Manganês.
Ingredientes:
• 30 litros de esterco fresco de gado
• 18 litros de leite ou 18 litros de soro Como fazer:
de leite
O jeito de fazer é o mesmo das for-
• 18 litros de caldo de cana. Ou 9
mulações apresentadas antes.
litros de melado de cana.
• 5 Kg de cinzas
• 2 kg de farinha de osso ou osso Como usar:
torrado e moído Usar em pulverização, misturando
• 3 kg de fosfato natural 3 litros do biofertilizante em 97 litros de
água, a cada 10 dias.

109
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

A fórmula do Juca
O Juca, produtor de moranguinhos
em Porto Alegre, prepara uma outra mis- • 1 kg de farinha de conchas ou fari-
tura, num tambor de 200 litros. Ele usa nha de ostra
como medida uma lata de 20 litros • Cascas de ovo.

Ingredientes:
• 1 lata de esterco fresco de gado Modo de fazer:
• meia lata de esterco fresco de gali-
Misture todos os ingredientes, e co-
nha
loque num tambor, em local que não pe-
• 2 latas de diferentes folhas verdes
gue sol ou chuva.
• 30 litros de leite ou 30 litros de soro
Completar com água e mexer bem.
de leite sem sal
Esperar de 10 a 15 dias e coar.
• 18 litros de garapa de cana ou 9
litros de melado
• 1 lata de cinzas de madeira Como usar:
• 5 kg de farinha de osso ou osso Usar em pulverização misturando 2
torrado e moído litros e meio do biofertilizante em 97,5
litros e meio de água.

Fórmula da Família Bernardi, de Ipê – RS para adubação de cobertura de Tomateiro:


Em um recipiente para 200 litros ou Em seguida misture tudo de uma só
mais, colocar: vez e deixe fermentar por uma semena
100 litros de água em local protegido do sol e da chuva.
70 litros de esterco bovino fresco Usar 50% do biofertilizante mais
5 quilos de esterco fresco de gali- 50% de água, colocando no solo com re-
nha gador sem crivo, junto aos pés de toma-
1 quilo de açucar mascavo ou me- te.
lado de cana

Composto Líquido Enriquecido


Foi desenvolvido no Rio Grande do
Sul para servir de fortificante para maci- Ingredientes:
eiras, mas também pode ser usado para Para cada 50 litros de esterco bovi-
laranjeira. no fresco, misturar:
50 litros de água

110
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Misture tudo em um recipiente e


2 quilos de cal virgem deixe fermentar por 4 a 5 semanas e está
3 litros de sulfato de zinco pronto.
500 gramas de sulfato de magnésio Usar em pulverização na dosagem
que é o mesmo sal amargo de meio litro em 100 litros de água. É
1 pacote de cofermol que tem necessário filtrar para não entupir os bi-
cobalto, ferro e mobilidênio cos do pulverizador.
3 litros de leite fresco ou 10 litros de Este composto líquido protege e
soro de leite sem sal defende contra a MOSCA DA FRUTA e
fortifica a planta e seus frutos.

Biofertilizante de plantas
Uma outra idéia é a de se fazer um aparecem na sua terra. Pode ser picão,
fermentado só com plantas, sem usar es- guanxuma, mostarda, buva, papua, feno,
tercos. Pode ser feito em um tambor de leiteiro, erva quente, trapoeraba, e ou-
plástico de 250 litros. tras.
Colocar as folhas num tambor de
Ingredientes: plástico.
50 kg de diferentes folhas verdes No 1º dia , misturar a metade dos
20 litros de leite ou 20 litros de soro ingredientes secos, mais as folhas e me-
de leite sem sal tade do leite e do caldo de cana, comple-
20 litros de garapa de cana ou 10 tando com água.
litros de melado No 7º dia , misturar o resto dos in-
1 lata de 18 litros de cinza de lenha gredientes.
4 kg de osso torrado e moído (fari- Mexer bem.
nha de osso) Esperar de 10 a 20 dias, até que a
Casca de ovo moída fermentação se estabilize.

Como usar
usar::
Modo de fazer: Usar em pulverização, misturando
Mistura a cinza e a farinha de osso. 2 a 5 litros do biofertilizante em 98 ou 95
Colher as folhas de plantas que mais litros de água.

Biogeo
O Biogeo é um composto enzimas. Esse fermentado aplicado nas
organomineral fermentado, que funciona folhas das plantas, periodicamente, pro-
como um tônico estimulante das plantas. duz o equilíbrio na planta, propiciando
Possui 80 elementos nutritivos e várias seu desenvolvimento harmonioso e equi-

111
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

librado garantindo a produção de alimen- a água, formando um caldo bem homo-


tos saudáveis. gêneo. A fermentação inicia-se em apro-
O Biogeo, ao propiciar a planta um ximadamente, 72 horas, e a estabilização
desenvolvimento harmonioso., confere- se dá com aproximadamente 15 dias, e a
lhe e ativa mecanismos de defesa, me- maturação em aproximadamente 21 dias.
lhorando gradativamente sua resistência.
Isto ocorre em função da ação si- Outros ingredientes:
multânea dos microrganismos que, além
de ativarem os mecanismos de defesa da
Para estimular a fermentação, é pre-
planta, potencializam-se na presença dos
ciso alimentar as bactérias. Para isso,
compostos orgânicos (aminoácidos,
pode-se usar: restos de culturas tritura-
enzimas, co-enzimas, vitaminas,
dos sem resíduos de agrotóxicos, soro de
f’itormônios) que o Biogeo contém.
leite sem sal, manipueira, vinhaça, mela-
É importante que as aplicações
ço, farinha de trigo ou de milho, bagaço
foliares sejam constantes no inicio de seu
de cana ou de laranja, semente ou cinza
uso, para vencer os bloqueios existentes
de plantas leguminosas como o feijão e o
nas plantas.
soja. Misture com o caldo de esterco, e
deixe fermentando por 72 horas.
Ingredientes:
Após as 72 horas de fermentação,
70 litros de água mais 30 litros de
para enriquecer o fermentado com maior
esterco bovino fresco ou 80 litros de
diversidade de nutrientes, pode-se usar:
água mais 20 litros de dejeto fresco
MB 4, fosfato natural, cinza (pode blo-
do rúmem
quear o fermentado), farinha de ostra,
algas marinhas, calcário de conchas, pó
Modo de preparo: de xisto betuminoso ou pó de basalto (co-
Deve-se agitar bem o esterco com nhecido como pedra ferro).

Sugestão de receita para 1.000 litros de fermentado:


Fazer o fermentado numa caixa de Após as 72 horas, acrescentar:
alvenaria ou um buraco no chão forrado 500gramas de MB 4 ou Pó de
com lona plástica. Cuide para que não Basalto
entre enchurrada. 200 gramas de Fosfato natural
Colocar: 30% de esterco fresco 5 quilos de Farinha de Ostra
70% de água sem tratamento com 500g de Pó de Xisto. O pó de Xisto
cloro deverá ser bem moído, ficando o mais
Acrescente os ingredientes fino possível.
estimuladores da fermentação, conforme 2 quilos de Cinza de lenha. Colocar
escrito anteriormente. um pouco de cinza a cada dois dias, se não
Deixe fermentando por 72 horas. ela eleva o PH e atrapalha a fermentação.

112
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Cuidado com o PH: até que o PH fique entre 6,0 e 6,5.


Para ocorrer uma boa fermentação,
O fermentado deverá ser mantido
é preciso que a temperatura ambiente es-
com o PH entre 6,0 e 6,5.
teja acima de 25 graus. Portanto, nas
É necessário medir o PH a cada dois
regioes de inverno rigoroso, faça o pre-
dias. Para medir o PH, use o Papel Indi-
paro do Biogeo nos meses quentes do
cador de PH 0-14.
ano.
Se o PH estiver alto acima de 6,5,
O Biogeo está maturo quando dei-
acrescente no caldo do fermentado, suco
xar de exalar mal cheiro.
de limão, leite ou soro de leite sem sal.
Concluída a fermentação, guarde-o
Misture bem e faça nova medição,
em recipiente sem lacrar a tampa.
até que o PH fique entre 6,0 e 6,5.
Se o PH estiver abaixo de 6,0, acres-
cente ao caldo do fermentado, casca de Como usar:
ovo moída ou cinza de lenha. Usar em pulverização foliar, nas se-
Misture bem e faça nova medição, guintes dosagens:

Usar em pulverização foliar, nas seguintes dosagens:


Cultura Dosagem

Milho e feijão 5% - 95 litros de água e 5 litros de Biogeo.


Aplicar uma vez por semana.

Hortaliças 0,5% a 1% - 99,5 ou 99 litros de água e 0,5 ou 1 litro de Biogeo.


Aplicar uma vez por semana.

Pomar 10% a 15% - aplicar uma vez a cada 15 dias

Para inoculação de Deixar mergulhada em solução a 10% durante 3 minutos e em


Sementes seguida fazer o plantio.

Estacas/ramas Deixar mergulhada em solução a 10% durante 20 minutos e em


seguida fazer o plantio

O negócio é experimentar que foram apresentados aqui. Muitos in-


gredientes podem ser utilizados para en-
riquecer os biofertilizantes, como farinha
Como já foi dito, estes fermenta-
de carne, restos de fígado moídos, restos
dos são como receita de bolo, cada um
de peixe e o próprio sangue de animais.
pode fazer do seu jeito. O importante é
Estes produtos são ricos em mine-
fazer a experiência em área pequena e
rais, substâncias orgânicas e
ver o resultado.
microorganismos, exatamente aquilo que
Tão importante como saber fazer
é necessário para estimular a fermenta-
o adubo foliar, é o conhecimento sobre
ção e obtermos biofertilizantes que asse-
os processos envolvidos na fermentação,

113
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

gurem a saúde de nossas plantas e a pro- valor nutritivo para nossas vidas e de to-
dução de alimentos ecológicos de alto das as criaturas.

Caldas para proteção das plantas


Agora vamos conhecer algumas cal- Como a cal encontrada no comér-
das usadas para proteger as plantas con- cio é mais fraca é preciso aumentar a
tra o ataque de fungos, bactérias e inse- quantidade de cal virgem na hora de fa-
tos . Para que as caldas dêem bons resul- zer as caldas, se baseando na porcenta-
tados, é preciso obter ingredientes de boa gem de ÓXIDO DE CÁLCIO.
qualidade, livres de substâncias tóxicas.
As caldas devem ser usadas de forma Espalhante Adesivo:
preventiva, o que nos permite aplicar do-
A maioria das Caldas e dos
ses mais fracas. Causando menor impac-
Biofertilizantes precisam de um
to sobre a natureza, e economizando re-
espalhante adesivo para melhorar o
cursos financeiros. Há muitas receitas,
molhamento das folhas e outras partes
que podem ser conhecidas através de li-
das plantas ao serem pulverizadas.
vros disponíveis no mercado.
Isso favorece uma melhor ação dos
produtos para proteger e nutrir as plan-
Qualidade da cal tas.
Para preparar as CALDAS Um excelente espalhante adesivo
SULFOCÁLCICA E BORDALESA e a pode ser feito com trigo, conforme expli-
PASTA BORDALESA, é preciso usar cal ca-se a seguir:
virgem de alta qualidade. 1 – em uma vasilha coloque a calda
Em muitas regiões, a cal virgem en- ou biofertilizante a ser usado e
contrada no comércio é de baixa qualida- a quantidade de água necessá-
de para o preparo das caldas. ria para a sua diluição e em se-
É muito importante saber qual é a guida coloque a farinha de trigo
porcentagem de ÓXIDO DE CÁLCIO na quantidade de 200 gramas
presente na cal virgem. A porcentagem para cada 10 litros da calda;
de ÓXIDO DE CÁLCIO deve estar es- 2 – coloque a farinha de trigo aos
crito numa etiqueta fixada no saco da cal. poucos realizando forte e cons-
Quanto maior a porcentagem de tante agitação da calda com aju-
ÓXIDO DE CÁLCIO, melhor é a cal da da pá de madeira ou taquara;
para o preparo das caldas. 3 – para evitar o entupimento dos
A cal virgem de alta qualidade deve bicos do pulverizador, é neces-
ter 90% de ÓXIDO DE CÁLCIO ou sário filtrar a calda.
mais.

114
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Cuidados com as caldas sulfocálcica e bordalesa


Para as pessoas: Se a calda for bem coada o serviço
As caldas podem irritar a pele e os rende.
olhos das pessoas.
Para seu preparo é conveniente usar Para as Plantas:
luvas. As plantas podem ser queimadas
Para sua aplicação nas plantas é pelas caldas.
necessário usar luvas, proteção para os Por isso é importante respeitar as
olhos, para a boca e o nariz. dosagens.
Evite derramar as caldas em qual- Se aplicar demais pode queimar a
quer parte do corpo. planta, se aplicar pouco não aparece re-
Apesar de ter baixo teor tóxico es- sultado. Outra coisa que ajuda evitar es-
sas caldas também podem prejudicar a ses problemas é fazer as pulverizações
saúde do aplicador, se não tomar cuida- nos horários mais frescos do dia.
do. Pela manhã, aplique logo após per-
ceber que o orvalho sobre as plantas já
Para os equipamentos: secou. Pela tarde, aplique quando o sol
estiver mais fraco, depois das três ou qua-
Também é importante utilizar vasi- tro horas.
lhas de plástico para preparar a calda Nunca aplique a calda Sulfocálcica
Bordalesa, porque esta calda corrói as em plantas que estiverem florescendo,
vasilhas de latão. porque ela queima as flores.
Depois de aplicar as caldas nas plan- Nunca misture a calda Sulfocálcica
tas, lave o pulverizador com todo o ca- com a calda Bordalesa. Cada uma deve-
pricho, caso contrário ele terá vida curta. rá ser usada em separado, respeitando
As caldas entopem com muita faci- pelo menos 10 dias de intervalo após cada
lidade os bicos dos pulverizadores. aplicação.
A família do agricultor José Lemos
Licheski, da comunidade de Taquaral do Será que dá certo misturar cal-
Bugre, município de São Mateus do Sul, das com adubo foliar caseiro?
fez o coador de um pano bem fino cha- Tem bastante gente fazendo isso e
mado ORGANZA ou VOAL. Esse teci- estão gostando do resultado.
do é usado para fazer forração de corti- Misturando o adubo foliar caseiro,
nas. É fácil encontrar nas lojas. Com esse diminui os riscos das caldas queimarem
coador, as caldas ficam bem limpas, e as folhas e melhora o resultado de prote-
não entopem os bicos dos pulverizado- ção e aumento da resistência das plantas.
res. É excelente para coar todo tipo de
calda e de biofertilizante.

115
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Como fazer a Calda Sulfocálcica 5 litros de água fervente retirado do ou-


tro galão. 6- Aumente o fogo novamente
e mexa a calda mais um pouco.
Ingredientes necessários para 10
litros:
Atenção: A pá não pode ser de me-
2 kg de enxofre
tal. A calda não pode parar de fer-
1 kg de cal virgem
ver. Por isso não deixe o fogo enfra-
10 litros de água
quecer. Não pode colocar água fria.
Materiais necessários:
Cuidados:
2 galões ou latas de 20 litros
• No latão para ferver a calda, faça
1 pá de madeira
um risco do lado de fora na altura dos 10
1 peneira fina ou coador de pano
litros.
fogão a gás ou a lenha
• Ferver a calda durante uma hora.
1 bacia de plástico
Como ela vai evaporando, complete com
1 caneca de plástico
água quente para manter o nível dos 10
litros.
• Sempre que colocar mais água,
Como preparar a Calda Sulfocálcica mexa um pouco para misturar.
1- Num galão, coloque 5 litros de
água para ferver. Atenção:
2- No outro galão, coloque 10 litros 1. Completando uma hora de
de água para ferver. fervura, retirar a caldo do fogo e deixar
3- Coar o enxofre e a cal na bacia. esfriar.
4- No galão com 5 litros de água 2. Deixe a calda descansar por 3
fervente, despeje aos poucos a cal mis- (três) dias. Guarde em local protegido e
turada com o enxofre e vá mexendo com coloque uma tampa para evitar sujeiras
a pá de madeira. na calda. Neste prazo, parte da cal e do
Nesta hora, abaixe um pouco o enxofre vai se depositar no fundo do ga-
fogo porque forma muita espuma. Fique lão.
atento, porque as vezes a calda sobe ra- 3. Retire a calda com um caneca e
pidamente e pode derramar. Se isso acon- passe no coador.
tecer, retire a vasilha do fogo, e ao voltar
ao fogo, cuide mexendo a calda por uns Armazenagem da calda:
minutos. A calda Sulfocálcica pode ser arma-
Faça o serviço em duas pessoas. zenada pelo menos por 1 ano.
Uma pessoa vai despejando a cal e o en- Use garrafas de vidro escuro ou gar-
xofre e o outro mexe com a pá de madei- rafas plásticas, lacrando a tampa da gar-
ra. rafa com cera de abelha ou vela derreti-
5- Em seguida, complete com mais da.

116
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

É preciso fechar bem as garrafas AERÔMETRO DE BAUMÉ.


para não entrar ar. Por ser de vidro muito fino, ele que-
Guardar as garrafas em local escu- bra com muita facilidade.
ro e fresco. Pode ser dentro de uma cai- Manuseie com todo cuidado.
xa. Somente introduza-o na calda quan-
A calda não pode ficar pegando luz do ela estiver BEM FRIA, caso contrário
nem ar, se não ela enfraquece. o medidor arrebenta.

Perdas: Cuidados com a Calda Sulfocálcica


Ao final, a calda vai diminuir 2 a 3 A calda SULFOCÁLCICA pode
litros por causa da separação da cal e do queimar as plantas se ficar muito forte.
enxofre que fica no fundo do galão. Se ficar fraca na mistura com a
Essa borra de cal e enxofre pode água, ela não vai funcionar.
ser aproveitada para pintar troncos e ga- Por isso é preciso medir a quantos
lhos de frutíferas. graus a calda ficou.
Usando a cal virgem disponível no
Como usar a Calda Sulfocálcica mercado, a qual tem 30% de óxido de
cálcio, agricultores da região centro-sul
Para usar a CALDA SULFOCÁL-
do Paraná, tem dobrado sua quantidade
CICA é preciso medir o grau que ela fi-
na hora de preparar a calda, a qual tem
cou.
ficado com 25 graus.
Conforme sua graduação, a CAL-
DA SULFOCÁLCICA é diluída na água
para ser pulverizada nas lavouras. Uso da calda no inverno:
No inverno, a calda SULFOCÁL-
Como medir a graduação da calda: CICA é usada em doses mais fortes para
o tratamento de frutíferas que derrubam
Para medir a graduação da calda,
as folhas.
usa-se um aparelho de vidro chamado
Veja a tabela a seguir:

Tratamento de inverno para frutíferas


Graus Baumé Litros de Calda Sufocálcica para 10 litros

32º° 1 litro e 250 ml

30º° 1 litro e 250 ml

27º° 1 litro e 400 ml

25º° 1 litro e 600 ml

22º° 1 litro e 650 ml

20º° 2 litros

117
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

18º° 2 litros e 400 ml

16º° 2 litros e 650 ml

15º° 3 litros

10º° 3 litros e 200 ml

Tratamento de verão
Graus Baumé Litros de Calda Sufocálcica para 10
litros

32º° 200 ml

30º° 225 ml

27º° 250 ml

25º° 275 ml

22º° 300 ml

20º° 400 ml

18º° 425 ml

16º° 450 ml

15º° 600 ml

10º° 700 ml

Na primavera e no verão a CAL- na limpeza dos galhos e ramos, eliminan-


DA SULFOCÁLCICA deve ser usada em do os líquens e musgus e as barbas que
doses menores, se não ela queima as fo- se fixam nos troncos, galhos e ramos das
lhas das plantas, podendo matar a planta árvores frutíferas.
inteira.
Na Cebola, Alho, Ervilha e Va-
Principais controles promovidos pela Calda gem:
Controla Ferrugem, Oídio,
Sulfocálcica: Antracnose, Ácaros e Trips. Para a ce-
bola, fazer três aplicações nas mudas ain-
Em frutíferas: da no canteiro. Na hora do transplante,
Ajuda na prevenção e no controle mergulhar as mudas na calda. Isso ajuda
de várias doenças causadas por fungos, a controlar os focos de Trips. Em regioes
álem de cochonilhas e ácaros. É eficiente de alta ocorrência de Trips, é necessário

118
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

fazer seu controle com pelo menos 2 a 4 usa-se a calda Bordalesa, fazendo a pri-
aplicaçoes. meira aplicação 10 após.
No Tomate:
Controla a Ferrugem e os Ácaros. Quantas vezes aplicar?
O tratamento começa no canteiro, fazen-
Seu principal funcionamento é pre-
do a primeira aplicação 20 dias após a
ventivo.
germinação. A segunda aplicação é feita
Fazer aplicações no inverno para as
10 dias após o transplante das mudas.
FRUTÍFERAS, de mºaio a julho.
No Feijão:
Nesta época, duas aplicações são
Protege contra a Requeima, a Fer-
suficientes.
rugem e os Ácaros. Tem bom efeito como
Para FRUTÍFERAS E AS OU-
repelente de insetos, principalmente va-
TRAS LAVOURAS, durante a primave-
quinha, sendo feito a primeira aplicação
ra e o verão, aplicar a cada 12 dias.
10 dias após a germinação.
Encurtar o prazo quando o tempo
NA Soja:
estiver de muita chuva.
Combate o Oídio. Fazer a primeira
Para tratamento de LARANJA,
aplicação no início do surgimento da do-
MIMOSA, PONCÃ, TANGERINA E
ença.
LIMÃO, fazer aplicações no inverno,
Na Batatinha:
antes de iniciar a floração. Para essas
Protege contra a Podridão da Ca-
plantas, USE AS DOSAGENS DA TA-
nela. É um ótimo repelente de vaquinhas,
BELA DE VERÃO.
quando a batata está emergindo. Faz-se
Capriche para molhar bem os ga-
apenas uma aplicação, 10 dias após a
lhos e o tronco das árvores frutíferas.
emergência das plantas. Na seqüência,

Calda Bordalesa
A CALDA BORDALESA é área. Nos tratamentos preventivos, quan-
indicada para prevenir o ataque de fun- do ainda não há ocorrência de doenças,
gos e bactérias, mas também funciona recomenda-se usar doses bem diluídas
como repelente de insetos. como será explicado abaixo:
Para cada tipo de planta e depen-
dendo das condições do clima, do está- Ingredientes para tratamentos pre-
gio vegetativo das plantas e o grau de ventivos:
infestação da doença, usa-se dosagens 10 litros de água
diferentes. 30 gramas de cal virgem. Se a cal for
Na fase inicial, após a germinação, com baixo teor de óxido de cálcio,
quando as plantas estão sensíveis, usar use 60 gramas.
doses mais fracas. É bom fazer antes uma 30 gramas de sulfato de cobre.
aplicação de experiência numa pequena

119
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

E DE COBRE para o terceiro balde, e


Ingredientes para tratamento cu- no final, mexa bem.
rativo: Fazendo assim, a calda ficará bem
10 litros de água misturada. Coar a CALDA em um pano
100gr de Sulfato de Cobre fino de VOAL ou ORGANZA.
100gr de Cal Virgem. Se a cal for
com baixo teor de óxido de cálcio, Importante
use 200 gramas.
A CALDA BORDALESA deve ser
usada no mesmo dia em que foi prepara-
Materiais necessários:
da. Não pode ser armazenada. Por isso,
3 baldes de plástico
prepare apenas a quantidade que for uti-
1 pá de madeira
lizar no dia.
1 peneira
2 canecas de plástico
1 coador Cuidados
A CALDA BORDALESA pode fi-
car ácida. Para saber se está ou não áci-
Para preparar 10 litros de calda da, pingue 2 a 3 gotas da CALDA na lâ-
mina de uma faca de latão comum. A faca
Num balde, penere a Cal.
não pode ser de aço inoxidável. Espere
Despeje aos poucos meio copo de
três minutos. Se ficar manchas
água e mexa bem para queimar a cal e
avermelhadas onde pingou a calda, é si-
formar uma pasta.
nal que ela está ácida.
Espere a Cal queimar por 8 a 12
Para corrigir a acidez, prepare mais
minutos.
um pouco de cal e água e misture na cal-
Em seguida, acrescente 5 litros de
da. Faça o teste novamente, até a calda
água e mexa bem.
chegar no ponto que não enferruje a faca.
Em outro balde, coloque o SUL-
FATO DE COBRE. Para dissolver o
SULFATO DE COBRE, use um copo de Como usar a CALDA BORDALESA
água quente, no ponto para chimarrão.
Mexer bem. Faça aplicações a cada 10 dias.
Acrescente 5 litros de água fria e Em tempo de muita chuva, aplicar
mexa bastante. diariamente ou com até 5 dias.
Encha uma caneca com CALDA
DE CAL e outra caneca com CALDA Principais controles promovidos pela CALDA
DE SULFATO DE COBRE, e vá despe-
jando as duas, ao mesmo tempo, no ter- BORDALESA
ceiro balde.
Mexa com a pá de madeira. Faça Em frutíferas:Combate a
assim até passar toda a CALDA DE CAL Antracnose, as Podridões e o Míldio.

120
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Na Batatinha e no Tomate: Na Beterraba:


Controla a Requeima e a Pinta Pre- Protege conta a Cercosporiose ou
ta Miúda e a Graúda. Mancha da Folha.
No Feijão:Protege conta a Em beterraba, usar apenas a calda
Antracnose e a Ferrugem. na dosagem preventiva.
Na Cebola e Alho: Na Melancia, Melão e Pepino:
Ajuda a evitar a Ferrugem, a Ajuda a evitar a Antracnose e o Míldio.
Antracnose e a Alternaria.

Pasta Bordalesa
Uso da Pasta Bordalesa nas plantas
Ingredientes:
É boa para evitar doenças que apa-
1 kg de Sulfato de Cobre
recem nas FRUTÍFERAS. Com uma
2 kg de Cal Virgem
BROCHA OU PINCEL, pintar os cortes
12 litros de água limpa
da poda ou feridas das árvores frutíferas.
Pinte também o tronco e os galhos mais
Material para preparar:
grossos para eliminar os LÍQUENS que
2 baldes de plástico
formam GROSSOR E BARBAS nas fru-
1 pá de madeira
tíferas.

Como preparar: Tratamento de proteção e nutrição de


Em um balde de plástico, coloque 6 Parreiras
litros de água quente. Em maio ou junho:
Aos poucos, acrescente o Sulfato de Fazer uma aplicação de CALDA
Cobre na água quente e mexa bem com SULFOCÁLCICA.
a pá de madeira.
No outro balde de plástico, coloque Em julho:
a Cal e vá despejando aos poucos um Fazer uma aplicação de CALDA
copo de água fria e continue mexendo SULFOCÁLCICA.
sem parar, para queimar a cal e formar
uma Pasta. Depois, acrescente água até Após a poda preparar uma Calda com os
completar 6 litros.
Depois que a Cal estiver misturada seguintes ingredientes:
na água, vá despejando-a no balde que 3 litros de Melado de cana
contém a Calda de Sulfato de Cobre e vá 200 gramas de Bórax
mexendo bem com a pá de madeira. 300 gramas de Cloreto de Cálcio
100 litros de Água

121
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Misturar os ingredientes e mexer


o cobre dissolvido e mexa bem.
bem, e em seguida pulverizar.
Depois coloque o Adubo Foliar Ca-
seiro ou o Super Magro e o leite, mexer
Início de setembro: bem e coar e misturar nos 100 litros de
3 litros de Melado de Cana água. Em seguida é só pulverizar.
200 gramas de Bórax
200 gramas de Sulfato de Zinco No decorrer da primavera e do verão:
3 litrosAdubo Foliar Caseiro
Usar o Adubo Foliar Caseiro ou o
100 litrosÁgua
Super Magro na dosagem de 3 litros mis-
turados em 100 litros de Calda Bordalesa.
Misturar os ingredientes e mexer
bem, e em seguida pulverizar.
Preste Atenção:
Início da Brotação: Antes de mudanças bruscas de tem-
peratura, como é comum acontecer no
300 gramas de Sulfato de Cobre
dia de FINADOS é necessário usar 1 ou
350 gramas de Cal Virgem
2 dias antes:
3 litros de Adubo Foliar Caseiro
3 litros de Melado de Cana
200 ml de Leite
3 litros de Adubo Foliar Caseiro
2 litros de Leite ou 10 litros de soro
Como preparar: de leite
Dissolva o Cobre com um pouco Misturar os ingredientes e mexer
de água quente. bem, coar e misturar em 100 litros de
Em outra vasilha, queime a cal com água e pulverizar.
água fria e depois despeje na vasilha com

Pasta de Enxofre
É um bom produto para ser aplica- Modo de preparo
do com pincel no tronco, galhos e ramos
1- Em um tambor de plástico, diluir
das plantas frutíferas, para controlar o
o enxofre em um pouco de água quente,
ataque de brocas e cochonilhas.
até formar uma pasta.
2- Acrescentar água até completar
Ingredientes:
15 litros.
1 kg de enxofre ventilado em pó
3- Em seguida, peneirar a cal numa
·2 kg de cal virgem
vasilha e ir acrescentando água aos pou-
·meio kg de sal de cozinha
cos, mexendo para queima-la, até formar
·15 litros de água
uma pasta.

122
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

4- Em seguida, acrescente um pou- Seu uso é comum em hortaliças, la-


co de água na pasta de cal, mexa bem, e vouras de feijão e soja, e em frutíferas.
vá despejando-a lentamente no tambor
com a calda de enxofre, mexendo bem. Modo de usar:
5- Colocar o Sal de cozinha, e me-
Misturar um litro de leite em 3 ou
xer novamente.
10 litros de água e pulverizar as plantas.
A quantidade depende das condi-
Como aplicar a Pasta de Enxofre ções do clima ou do grau de infestação.
Pincelar ou caiar o tronco e galhos Repetir a pulverização pelo menos
principais com uma brocha de pintura. a cada 10 dias, e sempre após as chuvas,
observando sempre o nível de infestação
O uso da cinza de doenças e insetos nas lavouras.
Para controlar o Míldio, costuma-
A cinza de lenha é um material muito
se usar uma mistura de leite azedo com
rico em potássio.
água e cinza de lenha.
Na Agricultura Ecológica, agriculto-
Para atrair lesmas, basta espalhar
res do mundo inteiro fazem uso da cinza
pelo chão, ao redor das plantas, alguns
como fertilizante e para controlar insetos
sacos de estopa ou panos molhados com
e algumas doenças que atacam os culti-
água e leite.
vos.
Pela manhã, é só virar os panos e
A cinza, usada como fertilizante de-
recolher as lesmas que ficam grudadas
verá ser distribuída diretamente nas linhas
por baixo, e fornece-las para as galinhas.
de plantio, sem contudo ficar em contato
Muitos agricultores tem obtido su-
com as sementes, as quais poderão ser
cesso, usando 10 litros de leite em 90 de
queimadas.
água, para pulverizar parreiral em fase
Usar na dosagem de 1.000 quilos
de maturação dos cachos, como repelen-
por hectare.
te de marimbondos e abelhas.

O uso do leite Uso do óleo vegetal


O leite na sua forma natural ou o
Pode ser óleo de qualquer planta:
soro de leite sem sal, tem dado bom re-
soja, milho e girassol, sendo importante
sultado no controle de ácaros e ovos de
tomar o cuidado de usar um produto sem
diversas lagartas, e funciona muito bem
resíduos de agrotóxicos, e muito mais
como repelente de insetos, inclusive a
importante ainda na atual conjuntura, que
vaquinha.
seja de plantas não transgênicas.
É também um bom atrativo para les-
É muito eficiente na prevenção da
mas, podendo ser usado para preparar
botryts, doença que ataca muitas plan-
armadilhas.
tas, com destaque o tomate e a cebola.
Funciona bem no combate de várias
Para preparar, bater no liquidificador
doenças provocadas por fungos e vírus.
o óleo com um pouco de água.

123
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

A água deve ser acrescentada aos litros, em 100 litros de água, e pulverizar
poucos. Como substituto da água, pode os cultivos. A dosagem deve ser defini-
ser usado o óleo mineral. da, observando o nível de infestação.
Misturar meio litro de óleo mineral Para pulverizar tomateiro, dirija o
em 1 e meio litro de óleo vegetal, e me- jato da pulverização para os frutos e o
xer bem. Usar a mistura, diluindo 1,5 a 3 caule.

Controle biológico
Baculovírus Para armazenar as lagartas mortas
pelo Baculovírus, estas deverão ser lava-
Este é um vírus que contamina e
das em água limpa, colocadas em vidros
mata a lagarta da soja, Anticarsia
ou sacos plásticos bem fechados e con-
gemmatalis. A lagarta morta apresenta no
gelar na geladeira ou em freezer. Dessa
início, o corpo mole e amarelado. Com o
forma o material se mantém conservado
passar do tempo, ela vai escurecendo até
de um ano para o outro. Para utilizar o
atingir coloração negra, depois de dois ou
material no ano seguinte, coloque para
três dias.
descongelar em local sombreado, e pre-
pare a calda macerando 50 lagartas gran-
Como age o Baculovírus: des ou 16 gramas do material por hecta-
Quando as folhas de soja contami- re.
nadas com o micróbio são comidas pela Aplicação: a calda de Baculovírus
lagarta, o vírus se multiplica no seu cor- deverá ser aplicada quando a maioria das
po e ela vai perdendo aos poucos, sua lagartas que estiverem comendo a lavou-
capacidade de movimentação e de comer ra de soja, ainda sejam pequenas, estan-
as folhas da soja. As lagartas morrem de do com menos de 1,5 centímetros. Ou-
sete a nove dias após a contaminação, e tra coisa importante, é que só se deverá
com o apodrecimento dos seus corpos, fazer a aplicação quando for encontrada
soltam mais vírus sobre a soja, que as- 20 lagartas por metro linear ou 40 lagar-
sim contaminam outras lagartas. tas por pano batido, comendo a soja.

O produto pode ser encontrado no


comércio, na forma de pó molhável.
Trissolcus
Trissolcus basalis é uma pequena
Uma vez identificado a presença do
vespa preta com 1 a 1,3 milímetros de
Baculovírus matando lagartas na lavou-
comprimento, que tem seu desenvolvi-
ra, o agricultor deve coletar lagartas re-
mento das fases de ovo a adulta, dentro
cém mortas. Para pulverizar um hectare
de ovos de percevejos. Além de ovos do
de soja, é preciso coletar 50 lagartas gran-
percevejo verde, a vespa Trissolcus pa-
des. O melhor período para coleta é en-
rasita também ovos de vários percevejos
tre o 8 e 9 dias da aplicação, quando a
que ocorrem na soja.
maioria das lagartas estarão mortas.

124
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

O Trissolcus tem um alto potencial No arroz, em pastagens e na cana


reprodutivo. Cada fêmea é capaz de de açúcar - a lagarta dos capinzais e a
parasitar, em média, 250 ovos de perce- lagarta militar;
vejos. Os adultos vivem cerca de 80 dias Em crucíferas com couve, repolho,
e normalmente são encontrados numa couve-flor e brócoli, a lagarta mede pal-
proporção de um macho para cinco fê- mo, o curuquerê da couve e a traça das
meas. crucíferas;
Como o Trissolcus se desenvolve No tomate, a broca grande e a la-
somente em ovos de percevejos, depen- garta mede palmo;
de de ser reproduzido em laboratório, Na mandioca, o mandorová;
portanto, será necessário adquiri-lo no No café, a lagarta magnífica;
mercado. Ao comprar, o agricultor rece- No amendoim, a lagarta da soja e a
berá as intruções de como usar. lagarta dos capinzais;
Nos cítrus, a mariposa-das-laranjei-
Bacilus thuringiensis ras ou bicho furão;
No abacaxi, a broca do abacaxi;
Mais conhecido pela sigla BT, o
Na abóbora, a broca das
Bacilus thuringiensis é uma bactéria que
cucurbitácias.
produz uma toxina que mata vários tipos
Na região centro-sul do Paraná, agri-
de lagartas e brocas. É, portanto, um
cultores tem alcançado excelente contro-
agente natural, que há muito tempo vem
le da lagarta da erva mate (Hylesia
sendo usado na agricultura ecológica. Al-
nigricans, Berg). Neste caso, basta lan-
gumas empresas tem o BT a disposição
çar um jato da solução sobre a colônia
no mercado, sendo a marca comercial
de lagartas, e em poucos dias elas mor-
Dipel, a mais conhecida. Seu uso é em
rem e passam a ser focos de dispersão
pulverização. É recomendado para con-
do BT. Para isso, retire o bico leque do
trolar:
pulverizador, para facilitar o
Na soja, a lagarta da soja e a lagarta
direcionamento do jato da solução sobre
falsa-medideira;
a colônia de lagartas.
No algodão, a lagarta das maças e o
curuquerê;

125
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Criação de bovinos para o sustento familiar


A escolha da vaca
Ao escolhermos uma vaca de leite bém dão boa produção de carne, e são mais
devemos buscar a que já vem de uma rústicos que a holandesa, por exemplo.
região semelhante a nossa em termos de Podemos começar com as vacas que
clima, relevo e tipo de pasto. Com isso temos e ir melhorando o rebanho ao cru-
ela vai poder manter suas características zar ou inseminar com raças de leite como
produtivas e não vai sofrer muito na adap- as citadas acima, e assim obtermos
tação ao novo local. terneiras mais produtivas.
Dê preferência a raças mestiças, que Ainda na escolha da vaca exis-
resistem mais a doenças e não são muito tem algumas características físicas que po-
exigentes no manejo e alimentação. demos levar em conta na hora da com-
O gir leiteiro, o girolando e o pardo pra, que podem ajudar a selecionar uma
suíço, além de boa produção de leite tam- boa vaca de leite.

Nesta ocasião preste atenção conforme as orientações que seguem:


1 - como cabeça pequena, roços e bem implantado no corpo,
2 - olhos vivos e brilhantes, 15 - veias do úbere tortuosas e visí-
3 - orelhas atentas, veis comquatro tetos de tamanho médio
4 - narinas bem abertas, e separados,
5 - boca grande, 16 - temperamento dócil,
6 - pescoço longo e feminino, 17 - ao ser observada de lado a vaca
7 - pêlos curtos e brilhantes, deve dar a impressão de formar um tri-
8 - cascos curtos e bem apoiados ângulo.
no chão, Mesmo quem não entende muito de
9 - costelas grandes e bem arquea- vacas, se prestar atenção nestes peque-
das, nos detalhes já compra uma vaca boa para
10 - vazio amplo, produção de leite.
11 - linha dorsal reta. Quanto mais Não adquirir vaca em perío-
velha a vaca, mais curva é a linha dorsal, do seco. Se comprar em período de
12 - quadris largos, lactação, podemos observar possíveis
13 - cauda longa e bem colocada, problemas com a vaca como tetos secos
14 - úbere suave ao tato e sem ca- e mastite.

126
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

O bem estar animal


Para uma vaca poder demonstrar tranqüila, paciente, higiênica, e que goste
todo seu potencial produtivo, é necessá- do que faz.
rio: 5 - Se possível na hora da ordenha
1 - que esteja saudável, livre de acostumar com uma música ou rádio li-
parasitas como carrapatos, moscas, gado.
bernes, bicheiras e vermes, Sombra, pasto e água fresca:
2 - bem alimentada e com água lim- O plantio de árvores e quebra ven-
pa e fresca a vontade, tos nas pastagens reduz o impacto do ca-
3 - em um ambiente agradável com lor, frio e ventos fortes.
sombra No verão os animais sofrem muito
4 - e deve ser tratada com cuidado. e chegam a reduzir em até 40% a produ-
Quem lida com ela deve ser uma pessoa ção pela falta de sombra.

127
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

É preciso uma área de 2 metros qua- elétrico até crescerem um pouco, ou en-
drados por cabeça. tão plantar uma fileira num lado do pi-
A sombra no pasto pode ser feita quete e proteger com o fio.
com árvores como o ingá, leucena, uva O bem estar animal reflete direta-
do japão, plátano, ou mesmo árvores na- mente na quantidade e na qualidade do
tivas, e podem ser implantadas nos can- leite produzido.
tos dos piquetes, protegidos por um fio

As instalações:
Animais precisam ter um local para do, limpo, e que entre os raios de sol:
se proteger da chuva, frio, sol forte, e Diz o ditado que sala de ordenha que
mesmo para poderem ter suas crias. entra o calor dos raios de sol, não entra
Por isso é importante uma área co- doutor.
berta, que pode ser feita com materiais O piso pode ser feito de uma mistu-
disponíveis no próprio lote, de custo bai- ra de 8 partes de terra vermelha, 2 partes
xo, como varas de eucalipto, bambu, de areia e uma parte de cimento.
taquaras e sapé. Molhar durante 21 dias, depois
O tamanho da instalação deve per- pode-se passar piche sobre esse piso.
mitir uma área mínima de 1m² para cada Retirar periodicamente o esterco dos
100kg de peso vivo, e deve ser construída locais onde as vacas dormem, colocan-
no sentido leste-oeste para que o sol en- do-o dentro de uma esterqueira.
tre algumas horas do dia e desinfete o Isso evita a infestação por parasitas
local. e outras doenças.
O local de ordenha onde se tira o Nestes locais passar um desinfetan-
leite também deve ser coberto, ventila- te ou mesmo cinza.

A água
Uma vaca adulta bebe por dia uns Mas a necessidade pode aumentar
40 litros de água para sua manutenção, e se o ambiente onde ela se encontra for
mais 4 litros de água para cada litro de estressante, se ela caminha muito e se
leite produzido. Por exemplo, se uma vaca estiver muito calor.
produz 10 litros de leite por dia ela preci- Os animais precisam ter livre aces-
sa de 40litros de água + 4 litros de so à água durante todo o dia, mas se a
águax10 litros de leite que dá 80 litros distância for longa eles preferem não ir,
de água por dia. ou se forem gastarão muita energia e di-

128
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

minuirão a produção. mais, e à vontade, já ocorre um aumento


Também devemos lembrar que os de 2 litros de leite por vaca pordia.
bovinos andam em grupo, e tem um lí- Para saber se está faltando ou não
der que comanda o rebanho. água para as vacas, podemos observar a
Assim eles só vão beber água quan- bosta. Se está muito seca e anelada indi-
do está longe, quando o líder resolver ir. ca que o animal está passando sede. O
Existem estudos que comprovam ideal é que esteja com poucos anéis e
que quando a água está próxima dos ani- com boa aderência ao chão.

A produção de leite:
Voltamos a lembrar que a base da A partir da 5ª lactação começa a
produção de leite está na sanidade, no diminuir a produção.
manejo e na alimentação da vaca. O período entre partos de uma
Só assim ela pode produzir toda sua vaca deve ser de 12 meses.
capacidade. O período de lactação deve ser de
E ainda quanto maior for a produ- 10 meses e o período seco deve ser de 2
ção, maior será a exigência por parte da meses.
vaca. Este período seco é muito impor-
Por isso não dá pra ter uma jersey tante porque são os 2 últimos meses de
ou uma holandesa em um pasto de prenhez, quando o bezerro tem maior
braquiária sem piqueteamento, tendo que exigência nutricional para sua formação,
ir beber água no rio que passa a 1km, em e o organismo da vaca também precisa
um terreno com muita declividade e sem formar o colostro que é o primeiro leite
sombra ou abrigo, e querer que ela nos amarelado e espesso que o bezerro pre-
forneça seus 20 litros de leite por dia! cisa consumir.
Depois do parto, cresce o con- A época ideal para a cobertu-
sumo alimentar e cresce também a pro- ra da novilha que recebeboa alimentação
dução de leite. é em torno de 250 a 300kg de peso vivo,
A produção aumenta até mais ou ou com cerca de 18 meses de idade.
menos o 50º ou 60º dia após o parto, e Isto varia conforme a raça e a es-
aumenta também até a 3ª ou 4ª lactação. trutura da vaca.

O bezerro recém-nascido:
Logo após o nascimento, é impor- Também logo após o nascimento
tante limpar o bezerro, abrigá-lo da chu- precisamos desinfetar o umbigo com um
va, do frio, vento, do calor, ou de preda- pouco de iodo, e amarrar com um bar-
dores trazendo-o para um lugar onde pos- bante Iisto impede que ocorra muitas do-
samos cuidá-lo. enças comuns no recém-nascido, como

129
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

a diarréia, por exemplo, que muitas ve- de leite ou mesmo nosso futuro touro.
zes leva à morte. Se o bezerro não conseguir se alimentar
O bezerro precisa tomar o colostro, sozinho, precisamos ajudá-lo.
principalmente nos 3 primeiros dias de Tirar o bezerro do “pé da vaca” e
vida, e mais ainda nas primeiras 12 ho- deixar que ele se alimente com pasto e
ras. forragens de boa qualidade a partir de 5
O colostro é produzido até o 7º ou meses em média, colocando-o em um
8º dia após o parto. piquete específico para a criação dos be-
Este leite é que vai lhe passar todas zerros. Com 2 meses já podemos ofere-
as defesas necessárias para se desenvol- cer um pouco de pasto ou forragem no
ver saudável, e ser a nossa futura vaca cocho.

A higiene na ordenha:
Os equipamentos devem estar lim- se tem alguma alteração no leite, como
pos, antes de iniciar este processo, assim pus, granulações, sangue ou cor estranha,
como devem ser lavados após acabá-lo. que indica problema de mastite.
A pessoa que vai fazer a ordenha Após a ordenha, desinfetar os tetos
também deve estar limpa, lavar as mãos mergulhando-os em solução desinfetante
antes de iniciar, manter as unhas corta- de iodo, ou mesmo em um chá feito no
das, evitar fumar, comer ou cuspir du- dia, de tansagem, carqueja ou de confrei,
rante este trabalho. para prevenir mastite.
Lavar os tetos e úbere com água e Outro fator importante é que, a par-
sabão o que serve também para estimu- tir do início, este trabalho não seja inter-
lar a descida do leite. E seguida seque o rompido. A ordenha deve ser contínua,
úbere com um pano limpo. durando de 4 a 7 minutos no máximo.
Ordenhar primeiro as vacas de 1ª Este é o tempo em que a ocitocina,
lactação, depois as vacas que nunca tive- o hormônio da descida do leite, funciona.
ram mastite, as curadas em seguida e por É melhor fazer duas ordenhas diárias
último as vacas doentes. a cada 12 horas. Isto aumenta a produção
Retirar os 3 primeiros jatos de leite de leite de 30 a 40%, quando comparada a
em caneca de fundo escuro ou com um uma ordenha. O simples fato de manusear
pano escuro na parte de cima, para ver o úbere da vaca estimula a produção.

Sanidade:
Procurar manter os animais limpos foram feitos os testes de sanidade, como
de vermes e parasitas. exames de brucelose, tuberculose, bem
Ao adquirir os animais verificar se como manter em dia as vacinas de aftosa,
carbúnculo e raiva.

130
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

MASTITE - é a inflamação da glân- Tirar o leite dos tetos contaminados


dula mamária provocada por bactérias, e injetar debaixo do couro da própria vaca
vírus e fungos. Representa um dos mai- 10 a 15ml por dia durante três dias segui-
ores problemas na produção do leite. dos e aplicar nova dose no 5º e no 7º dia.
Pode atingir um, dois, três e até quatro 1) Receita de desinfetantes:
tetos. - Carqueja - ferver por 15 minutos,
Esta doença é transmitida para as 30 a 50 gramas de erva seca por litro de
outras vacas, e de um teto a outro, prin- água, ou 100 gramas verde por litro de
cipalmente através da mão do água e deixar tampado para esfriar.
ordenhador, panos sujos e desinfecção - Suco de limão, vinagre, açúcar
mal feita do úbere antes e depois de fa- cristal, água com sal, babosa, mistura de
zer a ordenha. álcool com banha, podem ser usados para
Para prevenir a mastite devemos desinfecção e cicatrização de feridas, cor-
nos preocupar com a higiene do tes e castrações. Pode torrar a flor da
ordenhador e do ambiente de ordenha. maria-mole na banha e passar morna nos
Fazer ordenhas freqüentes de duas ferimentos.
em duas horas ou deixar o bezerro ma- 2) Para desinfetar os tetos depois
mar também pode ser um método para da ordenha:
evitar a mastite. - Ferver levemente 100gramas de
Algumas ervas também podem ser linhaça em dois litros de água. Coar ain-
usadas para o seu tratamento, como: da quente para obter a calda, e adicionar
calêndula, espinheira-santa, malva, 200ml de iodo, até fazer uma mistura
tansagem, guanxuma, carqueja, alho, homogênea e viscosa. Guardar em gar-
confrei, gengibre, babosa, erva-penicili- rafas escuras.
na, cebola, cordão de frade, ipê roxo, - Mergulhar antes e após a ordenha
angico vermelho e capuchinho, podem ser em uma mistura de uma colher de água
fornecidos na forma de chá, duas vezes sanitária em dois litros de água.
ao dia, por cinco dias, ou secar as plan- 3) Sabão medicinal:
tas e dar juntamente na ração ou sal mi- Derreter 4kg de sebo. Desmanchar
neral, duas vezes ao dia, por cinco dias. 1 quilo de soda em 2 litros de água. Fer-
Também podem ser dadas verdes na ali- ver ervas como calêndula, celidônia, erva
mentação normal das vacas. de bugre, carqueja, eucalipto com 3litros
Ainda podem ser feitas massagens de água e bater no liquidificador. Des-
no úbere com estas ervas. manchar 0,5 quilo de maizena ou polvi-
O própolis,em pó ou tintura, é mis- lho com 3 litros de água fria. Misturar
turado ao chá das ervas. A dosagem do todos os ingredientes com 200ml de água
própolis depende do tamanho do animal, sanitária, por último, acrescentar a água
colocando uma pitada do pó ou 10 a 20 com a soda.
gotas, e a quantidade de chá também de- 4) Para feridas e rachaduras do
pende do tamanho do animal variando úbere:
de de 0,5 ilitro a 2 litros por dia. - Fritar na banha ou azeite

131
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

tansagem, alho, confrei, salsa ou cânfora - fazer chá de folha de pessegueiro,


e passar no úbere. arruda ou cinamomo e dar banho no ani-
- Açúcar, mucilagem da babosa que mal, sempre à tardinha.
é uma baba que pode ser coletada ras- - misturar 900 gramas de enxofre
pando com uma faca, e azeite. Misturar ventilado, com 30 kg de sal comum. Dei-
bem e aplicar nos locais afetados. xar, à vontade, para os animais.
5) Para inchaço de úbere: - picar 100 gramas de folhas verdes
- compressas e massagens com chá de araucária e misturar com 2 quilos de
gelado de malva, aipo, maria mole, ce- sal mineral em uma panela. Levar ao fogo
bola, arruda, erva-de-bicho, carrapicho. e mexer a mistura até as folhas secarem.
Pode misturar um pouco de sal. Retirar as folhas. Deixar a disposição do
- disponibilizar em um balde chá de gado por três dias. Esta receita funciona
malva, guaco, funcho, bardana, para carrapatos e bernes.
carrapicho, duas a três vezes ao dia, ou 8) Para bernes:
dar um a dois litros duas vezes por dia na - banha morna com enxofre. Mis-
boca. turar e passar sobre os locais.
6) Para vermes: 9) Diarréias:
- folha de bananeira com folhas de - chá de pitanga, goiaba, camomila,
cidreira. Misturar e deixar a vontade por ameixa, romã, casca de açoita cavalo,
três dias. broto de marmelo, boldo, juntar um pou-
- dar um punhado de carqueja por co de açúcar, sal e farinha de milho tor-
animal durante cinco dias na ração. rada na dose de 3 colheres de sopa por
- caroço de abacate moído, na pro- litro de chá, mais bicarbonato, maizena,
porção de 50% no sal mineral, por sete cal, carvão vegetal de eucalipto. As er-
dias. vas podem ser misturadas para fazer o
- para terneiros: uma colher de chá chá, e fornecer de 0,5 a 2 litros ao dia.
de sal amargo misturado em uma garrafa Misturar no chá uma colher (de chá) de
de água que cozinhou o feijão, ou aquela bicarbonato, uma ou duas colheres (de
água escura que resultou do molho de sopa) de maisena, uma colher (de chá)
feijão quando ele é deixado de molho da de cal e umas duas colheres de carvão.
noite para o dia. Dar por um a dois dias 10) Para controlar moscas:
em jejum. - aplicar cinza periodicamente so-
- dar duas vezes por mês folhas e bre os estercos, principalmente após as
frutos verdes do mamoeiro picado na ra- chuvas.
ção. 11) Para bicheiras:
7) Carrapatos: - enxofre misturado com creolina ou
- soro de leite de vaca com sal, com benzocreol.
água de fumo e cidreira. Dar banho. - óleo queimado com fumo picado
e alho.

132
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Frango caipira, uma fonte de alimentos e de renda


doce, é possível baixar o custo
de produção, levando-se em con-
ta que as galinhas caipiras não são
muito exigentes na sua criação.
Em relação aos frangos cri-
ados em confinamento, as gali-
nhas criadas em regime de semi
confinamento a pasto nos forne-
cem carne com melhor textura,
sabor, e ovos de melhor consis-
tência, casca mais firme e gema
mais avermelhada, que são carac-
A criação de frango caipira na pe- terísticas buscadas no mercado.
quena propriedade contribui no sustento Existem raças de frango caipira que
familiar, uma vez que é fonte de ovos e servem tanto para produzir carne como
de carne produzidos de forma mais sau- para produzir ovos, que são indicadas
dável para o consumo com a possibili- para quem pretende iniciar a criação.
dade da comercialização do excedente Mas antes de trazer os pintinhos
no mercado. devemos nos preocupar em preparar o
Fornecendo uma alimentação alter- local e ter os alimentos, para que não en-
nativa, com pasto, restos de hortaliças, frentemos dificuldades no manejo e na
abóbora, mandioca, milho verde, batata sanidade mais adiante.

O local das instalações do galinheiro


Deve ser de fácil acesso, evitando do e com sombreamento. De preferência
lugares muito baixos, para não correr ris- plante árvores frutíferas como laranja,
cos de acúmulo de umidade e ocorrência mexerica, amora, goiaba, manga, uva do
de geadas. A rede elétrica deve estar o japão, café, ou mesmo como fontes de
mais próxima possível, deve haver água alimento para as próprias galinhas, como
disponível e o local deve ser bem areja- o feijão guandu, ou a leucena.

As instalações
Ao construir as instalações devemos disponíveis na sua propriedade, como
lembrar de usar ao máximo os materiais taquara, bambu e sapé.

133
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

É indicado uma área de pastagem possam botar os ovos sempre num mes-
com grama seda, quicuio, tifton, estrela mo lugar.
africana, haemarthria, amendoim Junto com o galinheiro podemos
forrageiro ou outro tipo de pasto de cres- construir um espaço para as chocas com
cimento rápido e que suporte o pisoteio, seus pintinhos, separadas das outras aves.
e que rebrote depois de ser roçado. A cobertura do galinheiro pode ser
Pode ser consorciado ou não, ob- de telha de barro, teha de material
servando um cálculo de 1 a 10 metros reciclado ou mesmo de sapé ou outro
quadrados por ave nesta área total. capim resistente.
A área deve ser cercada de tela de É bom que o piso no interior do ga-
1,20m de altura, que protegerá as aves linheiro fique uns 20 centímetros mais alto
de outros animais e evita que elas estra- que a parte de fora, para evitar a entrada
guem a horta e outras plantações, e pode de água no galinheiro.
ser dividida em 2 ou 4 piquetes, que per- Também no interior do galinheiro
mite rotacionar o pastejo. estarão os poleiros, que são ripas onde
Também é importante plantar ao as galinhas sobem para dormir ou des-
redor do piquete algum tipo de quebra cansar, e devem medir de 2 a 5 cm, com
vento, que até pode ser o feijão guandu, cantos arredondados para não machucar
capim elefante, taquara, e outras. os dedos.
No centro da área cercada Estes são colocados a 40 cm do
construiremos um galinheiro coberto, e chão e tem espassamento de 40 cm uns
fechado em 2 ou 3 laterais com madeira, dos outros.
com taquara ou com bambu. É melhor não dispor em forma de
Na face norte do galinheiro coloca- escada, para não provocar disputa pelos
remos tela. Em região muito quente e o lugares mais altos, e sim deixar todos na
inverno ameno, terá tela também na face mesma altura.
sul. Os poleiros ficarão no fundo do ga-
É importante esse tipo de cuidado linheiro.
para que o local seja bem ventilado e Ainda dentro do galinheiro ficam os
ensolarado, que ajudam a evitar a ocor- ninhos, que são mantidos secos, limpos
rência de doenças. e com forração de capim seco ou cepilho,
Este abrigo deve comportar de 7 a feitos de madeira e medindo
10 aves por metro quadrado, e tem uma 30x30x30cm, com uma ripa na entrada
porta que dá acesso para cada piquete. para segurar a cama, e um poleiro colo-
Se tem 4 piquetes, tem 4 portas, e ficará cado a 10 cm da boca do ninho, para
aberta a do piquete em uso. facilitar a entrada da galinha.
Este abrigo serve para proteger as O ninho é colocado a uma altura de
galinhas durante os dias de chuva, du- 50 cm do chão, e uma boca serve para 5
rante a noite e dar condições para que galinhas.

134
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Comedouros e bebedouros

Os comedouros e os bebedouros colocamos um sarrafo que gira quando a


também ficam dentro do galinheiro. ave sobe, ou fazemos uma grade de ma-
Um comedouro com capacidade deira de forma que somente a cabeça da
para 20kg dá para alimentar 250 gali- galinha pode passar.
nhas, e pode ser feito de madeira ou de A altura do comedouro deve ser de
folha de zinco, com 15 cm de largura. 10 a 15 cm.
Para evitar que as galinhas joguem Para pintinhos usamos uma bande-
alimento fora ou entrem no comedouro, ja de 30 cm de comprimento por 30 cm

135
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

de largura e 5 cm de altura, servindo para Calcular 3 litros de água para cada


25 pintinhos. 10 galinhas por dia.
Se colocarmos uma tela no fundo Para facilitar o consumo e evitar a
da bandeja, os pintinhos não vão ciscar e sujeira, o bordo do bebedouro deve estar
jogar ração para fora. a uma altura de 10 a 15 cm do chão.
A água deve ser limpa, fresca e Para os pintinhos usamos um bebedouro
fornecida à vontade. de garrafa.

Pintinhos e raças
Ao adquirir pintinhos, escolher os preta, a Label Rouge é vermelha, e tem
de boa saúde e raça. o pescoço pelado e é pesadona. O
Os de carne e ovos podem ser a Caipirão da ESALQ/SP, o 7Ps da
New Hampshire ou Rhode Island Red ESALQ/SP são pretos e de pescoço pe-
que são raças vermelhas. lado. Para ovos tem a Leghorn branca, e
A Plymouth Roch Barrada são a caipirinha da ESALQ/SP.
carijó, a Sussex é branca, a Orpington é

As poedeiras e o choco
As boas poedeiras tem barriga ma- O tempo máximo para descarte de
cia, peito cheio, é mansa, com bom ta- galinhas é de 2 anos e meio de idade.
manho para a raça, e entre o osso do Escolher os ovos para colocar em
peito e a cloaca que é o ânus, deve ter choco, observando que tenham menos de
uma distância de 4 a 5 dedos, e entre os 10 dias, conservados em lugar seco, de
ossos da cloaca 2 a 3 dedos, além de um preferência escuro, limpos, tamanho mé-
bom empenamento. dio, casca lisa e não trincada.
O galo deve ser sadio, vigoroso, fi- Ovos guardados para chocar devem
lho de boa poedeira e ter entre 12 a 14 ser virados pelo menos 2 vezes ao dia.
meses de idade. Um galo é suficiente para Ovos mais frescos de galinhas mais
10 galinhas. jovens com idadea partir de 2 meses de
A luz do dia interfere na postura, postura, e galo com idade a partir de 8
ou seja, no inverno quando os dias são meses são mais férteis.
mais curtos a produção de ovos diminui, O ninho deve estar em lugar sosse-
e no verão como os dias são mais longos gado, confortável, protegido do vento,
aumenta a produção. chuva e sol.
Assim a melhor época de choco é Deixar perto água fresca e alimento
durante os meses de março e abril e agos- como milho e quirera.
to e setembro. Colocar de 9 a 15 ovos por choca,

136
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

dependendo do tamanho da galinha. Ela Os pintos vão nascer após 21 dias


deve cobrir todos os ovos. de choco.

Manejo dos pintinhos


O local onde ficarão os pintos deve para dar mais energia, e 6 a 10 horas após
ser seco e protegido de vento, do sol, da o nascimento daremos quirera fina de
chuva, do frio e também das outras aves. milho.
Após o nascimento dos pintinhos, Após a segunda semana podemos ir
deve-se queimar a palha do ninho e de- oferecendo algumas folhas de rami,
sinfetar o ninho. guandu, assa-peixe, confrei, folhas de ba-
Verificar se a galinha e os pintos têm tata doce, hortaliças e leguminosas, e os
piolho. capins são fornecidos depois dos 30 dias.
Os pintinhos são criados separados A higiene na criação é muito impor-
das outras aves por pelo menos 30 dias. tante para evitar doenças, por isso deve-
Desinfetar as instalações de vez em mos desinfetar as instalações periodica-
quando com creolina ou água sanitária. mente, o que pode ser feito com cal em
É importante uma fonte de calor pó no chão ou água de cal para as pare-
para os pintinhos se desenvolverem e des, combater ratos e moscas, cuidar da
crescerem sadios. procedência das galinhas ou pintos, usar
O calor pode ser fornecido pela cho- vacinas, cuidar da alimentação e dar bom
ca ou por uma lâmpada. manejo para os animais.
No primeiro dia podemos dar água As aves que morrem devem ser en-
e açúcar na dose de uma colher de sopa terradas fundo ou queimadas, de prefe-
cheia de açúcar em 1 litro de água. Serve rência longe do galinheiro.

Alimentação das aves


Na alimentação das galinhas pode- Pode-se fornecer um punhado na
mos nos utilizar de grãos como o milho, base do que se pode pegar com uma mão
o girassol que é excelente para melhorar para cada galinha. Aumentar essa quan-
a postura de ovos. Também a soja torra- tia se não tiver outra alimentação.
da e moída, aveia, cevada, arroz de se- Como fonte de vitaminas e mine-
gunda qualidade, feijão guandu mistura- rais é muito bom dar a vontade restos de
do na base de 2 partes para 10 partes de horta, como as folhas de couve picadas,
milho, trigo mourisco, bandinha de fei- chicória, folhas de batata doce, de man-
jão, são todos alimentos de excelente qua- dioca ou de abóbora, ou ainda folhas de
lidade. guandu, de alfafa, de rami, de leucena,

137
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

amendoim forrageiro ou de ervilhaca. portante suplementar a alimentação com


Esses alimentos devem ser forneci- calcareo calcítico, pó de ostra ou mesmo
dos verde. São nutritivos e dão boa colo- casca de ovos torrada. Dar um punhado
ração na gema do ovo. uma vez por semana. Não esquecer de
A galinha precisa de muito cálcio fornecer pedriscos ou areia misturados
para a formação de ovos, por isso é im- nestes produtos.

Sugestão de ração alternativa para frango caipira:


• 5 kg Farinha de mandioca feita das Quando não for possível usar a
cascas e pontas da raiz; folha de mandioca no inverno, esta pode
• 1,5 kg Farelo de milho ser substituída por folha de batata doce,
• 2,5 kg Farelo de soja; de abóbora, e guandu.
• 1 kg Folha de mandioca.

Essas folhas tem que ser desidratadas ao sol – pergunto se não


seria melhor na sombra para evitar perdas de vitaminas...?) e tritu-
radas junto com a soja torrada, a (seria a raíz? - mandioca desidra-
tada) e o milho. O farelo de soja também pode ser substituído pelo
guandu (a folha ou os grãos? - explicar).

As principais doenças que afetam as galinhas:


Bouba: é uma doença infecciosa, sença dessas embalagens esparamadas no
causada por um vírus, que ataca mais as ambiente e eliminar a poças d’água.
aves novas, durante o verão.
Aparecem ¨pipocas¨ nas partes sem Coriza: aparece mais em ambien-
penas como a cabeça, ao redor do bico, tes úmidos e mal ventilados.
da crista, dos olhos, barbela e pés. As aves têm espirros, corrimento
Pode aparecer placas amarelas na nos olhos e nariz entupido e por isso res-
garganta, canto do bico, e embaixo da pira com o bico aberto. Também pode
língua. aparecer inchaço em um ou dois lados
A doença se transmite pela picada da cabeça.
de mosquito.
Este mosquito se reproduz em la- Tifo também chamado de
tas, vidros, pneus jogados ou poças salmonelose: provoca grande mortalida-
d’água. Devemos cuidar para evitar a pre- de. Dá febre alta, perda do apetite, penas

138
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

arrepiadas, diarréia amarela-esverdeada e um vírus muito contagioso, provocando


com mau cheiro, e no final da doença a grande mortalidade.
crista fica caída e azulada. Perde o apetite, tem febre, tristeza,
muito sono, espirros, diarréia verde-
Cólera também chamado de azulada ou mesmo com sangue, tremo-
pasteurelose: ataca galinhas, perus, gan- res e paralisia das asas, pescoço ou per-
sos, patos e outras aves. Às vezes nem nas.
percebemos os sinais, e a morte é muito
rápida ocorrendode 1 a 3 dias. Piolhos: os piolhos prejudicam as
As aves ficam tristes, sonolentas, aves e transmitem doenças. Quando apa-
asas caídas e penas arrepiadas,com diar- recerem é preciso pulverizar as aves e o
réia no início branca e depois esverdeada. galinheiro e o poleiro. Nos ninhos pode-
mos colocar folhas de cinamomo, cedro,
Pulorose também chamado de di- erva de bicho, cravorana, cravo de
arréia branca: ataca em qualquer idade, defuntoou erva de Santa Maria.
porém é mais grave nos pintos.
A mortalidade é grande. Algumas ações preventivas no
Apresenta sonolência, asas caídas, controle de doenças e parasitas em aves:
grave diarréia branca colante, que se gru-
da nas penas ao redor da cloaca. • Manter a higiene nos locais de cri-
Os pintos que não morrem ficam ação. A maioria das doenças entra
fracos e contaminam todas as outras aves. pela boca através da alimentação
e água contaminadas;
Coccidiose: É uma das mais gra- • Controlar as moscas;
ves doenças dos pintos e causa alta mor- • Enterrar animais mortos;
talidade. • Na hora da compra, certificar-se
Ficam tristes, arrepiados, asas caí- de que os estão com a vacinação
das, sonolentos,sem apetite, com diarréia obrigatória da Marek e bouba;
às vezes de sangue. • Colocar uma gota de creolina para
cada 8 litros de água de beber. Isto
Verminose: É mais grave nas aves serve para prevenir o aparecimen-
jovens. Ficam sem apetite, magras, com to de um grande numero de doen-
penas arrepiadas, e podem apresentar di- ças, principalmente a bouba.
arréia. É importante fornecer um • É necessário suspender o uso da
vermífugo aos 35 e 70 dias de idade, e creolina um mês antes do abate.
depois a cada 90 dias. • Nas 2 horas após a chegada dos
pintinhos fornecer água com 5%
Doença de Newcastle: causada por de açúcar.

139
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Calendário de vacinação das aves:


Idade vacina
1 dia Bouba e Marek
10 dias Newcastle
21 dias Bouba (se não tiver sido feita no 1º dia)
35 dias Newcastle (2ª dose)
60 dias Bouba (2ª dose)
84 dias Newcastle (3ª dose)
120 dias Cólera (repetir anualmente)
161 dias Newcastle (4ª dose)
Fonte: Criação de galinhas caipiras – Wilson Miguel Agro Ecológica – SP

Soro para prevenção de diarréia Dosagem de acordo com a idade


• 1 a 3 dias: usar 1 grama de sal e Prevenção e controle da bouba –
20 gramas de açúcar em 1 litro de água. esta doença forma pipocas na cabeça
• 4 a 7 dias: usar 2,25 gramas de sal Miolo de abóbora: amassar um pou-
e 18,5 gramas de açúcar em 1,5 litros de co de miolo de abóbora madura e passar
água. nas partes afetadas até que sequem.
• 8 a 15 dias: usar 1,9 gramas de sal Sabão caseiro: passar nos caroços
e 26 gramas de açúcar em 3 litros de água. das aves até curar.
• 16 a 24 dias: usar 2,7 gramas de
sal e 31 gramas de açúcar em 4,6 litros Prevenção de Newcastle
de água.
• Mais de 25 dias: usar 2,3 gramas Alho e fubá: amassar 5 dentes de
de sal e 38,5 gramas de açúcar em 7,7 alho (20 gramas) e misturar em 3 pratos
litros de água. de fubá (farinha de milho). Colocar no
comedouro das aves.
Antibiótico preventivo para aves Alho e limão na água de beber:
– previne diarréias, doenças respira- amassar 2 dentes de alho, misturar em
tórias e coccidiose 10 litros de água limpa, e acrescentar o
Moer e misturar 1 grama de alho suco de um limão. Colocar nos bebedou-
para cada kg de ração. Deixar de usar o ros.
alho 6 dias antes do abate.

140
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Criação de suínos na pequena propriedade


A criação de suínos ao ar livre é muitas vezes seriam desperdiçados (res-
uma boa opção para a pequena proprie- tos de cozinha por exemplo), carne de
dade, visto que nos oferece várias vanta- boa qualidade e não agredimos o meio
gens, como instalações de baixo custo, ambiente com o problema de acúmulo
diversidade de alimentos consumidos que de esterco.

Escolha dos animais


Neste sistema devemos escolher Também lembrar que animais brancos ou
animais de preferência já adaptados às muito claros sofrem neste tipo de criação
condições regionais, como clima, solo... devido a problemas de queimaduras pelo
e características como boa carcaça, ve- sol.
locidade de ganho de peso, resistência a Precisamos atender ao máximo o
doenças... Devemos evitar animais com bem estar animal, buscando dar condi-
defeitos de cascos e aprumos (postura), ções para suprir suas necessidades de an-
menos de 7 pares de tetas, tetas cegas ou dar, encontrar água, comida, sombra, e
invertidas, animais agressivos e nervosos. se abrigar da chuva, frio e ventos fortes.

Área de pasto
Os animais dispõem de uma área fincados ao redor do tronco e conectado
de pasto resistente ao pisoteio e com ci- à cerca elétrica. Em árvores já grandes,
clo longo, com sombreamento, que pode enrolar arame farpado até uma altura de
ser fornecido por árvores frutíferas como 60 cm.
manga, goiaba, laranja, abacate, ou Onde não for possível oferecer uma
leucena, cinamomo (que já ajuda a repe- boa pastagem o ano todo (formada por
lir insetos como moscas, por exemplo), gramas do tipo estrela africana, tifton,
ou mesmo café, feijão guandu, etc. Usa- braquiaria, hemarthria, pensacola, bermu-
mos em média, 50m² por leitão desma- da, quicuio, missioneira... ou consorcia-
mado, 100m² por porca adulta e 200m² da com leguminosas como amendoim
por reprodutor (cachaço). forrageiro, ervilhaca, trevos,...), pode-se
Para proteger as árvores usamos um usar capineiras, cortando-se a forragem
fio elétrico que passa por três sarrafos verde e distribuindo-se aos animais.

141
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

No inverno, podemos semear por vassourinha (alecrim), samambaia,


cobertura aveia, azevém e ervilhaca. fedegoso (cafezinho do mato),
É importante eliminar das pastagens cinamomo...
as plantas tóxicas como o mio mio,

Manejo
Cercar os piquetes com arame ele- to). Vale lembrar que o esterco acumula-
trificado a 35 e 60 cm do solo. Ter um do serve para a multiplicação de moscas
piquete em separado para os leitões que que provocam muitos problemas para a
pode ser cercado com tela de arame ma- saúde dos animais e das pessoas.
lha 4 ou 5 e na parte interna deste pique- A cada 2 ou 3 anos é bom mudar a
te um arame eletrificado a 10 cm do solo criação de lugar para que o solo não seja
e da tela. A distância entre as estacas va- muito destruído e para evitar problemas
ria entre 6 e 9 metros. Deixar os fios bem de sanidade.
esticados. Para evitar que os animais fucem e
Evitar que o esterco dos animais, estraguem a pastagem, pode ser usado
restos de cozinha e dejetos humanos che- um fio de cobre – 4mm - em forma de
guem aos riachos, pois servem de alimen- argola no focinho.
to para as larvas de borrachudo (mosqui-

Abrigo
Também construiremos um abrigo seco, arejado, com boa declividade, per-
coberto, onde será fornecido alimento ex- mitindo um bom escoamento da água e
tra em um comedouro, além de água fres- retirada do esterco. O abrigo deve ser
ca à vontade. O abrigo pode ser construído no sentido leste-oeste, de
construído com materiais alternativos, modo que no verão a trajetória do sol
como bambu, eucalipto... e deve estar corra ao longo da cumeeira, evitando o
localizado em lugar alto, bem ensolarado, excesso de calor dentro das instalações.

142
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Cachaço
O cachaço fica solto no seu pique- que sejam estimuladas a entrar em cio.
te, próximo ao piquete das fêmeas, para

Água
Um suíno precisa de 8 a 10 litros mais 1,5 litros por leitão, em uma tempe-
de água por dia conforme a temperatura ratura ambiente de 22 ºC.
ambiente, fase de desenvolvimento... um Os bebedouros para leitões devem
animal com 10 Kg precisa de 1 litro de ter uma altura de 10 a 15cm. Para ani-
água por dia, se tiver de 50 a 100 Kg mais com mais de 50 Kg, uma altura de
precisa de 5 a 10 litros. Uma porca ama- 30 a 40cm.
mentando precisa de 15 litros de água

Alimentação
Na alimentação também podemos maçã,...), hortaliças, tansagem, caruru,
usar grãos (milho, sorgo, soja torrada, fei- beldroega, abóbora, mandioca, batata
jão guandu cozido), frutas (goiaba, doce, caldo de cana, soro de leite, sorgo,
carambola, banana, jabuticaba, pêra, milheto, aveia, triticale, cevada, centeio,

143
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

farelo de trigo, de arroz... A alimentação A mandioca pode ser picada em pe-


é, com certeza, o fator que mais influi nos daços pequenos e secados ao sol, tritura-
custos de produção da criação de suínos. dos (moídos) e guardados em sacos.
Na ração o milho pode ser substitu- A alfafa pode ser fornecida na for-
ído por sorgo, triticale, trigo, centeio, ou ma de pastagem, forragem ou feno.
por mandioca, arroz, batata-doce...O mi- O feijão guandu deve ser cozido em
lho pode ser substituído por raspas de água por 40 minutos e depois secar ao
batata doce secadas ao sol. A batata-doce sol. Se fornecido cru (acima de 10% na
pode ser fornecida também crua, cozida ração) provoca redução no consumo de
ou em forma de silagem. O inhame tam- alimento e reduz o crescimento.
bém pode ser fornecido cozido em água. O rami é dado na forma de forra-
O soro de leite é uma ótima opção gem ou feno.
de alimento para os suínos e pode ser Na fase de engorda, o milho deve
dado puro ou misturado a outros alimen- ser moído em tamanho médio, que é
tos. melhor aproveitado do que inteiro ou
A planta inteira de soja pode ser usa- moído muito fino. O sorgo pode substi-
da na forma de feno ou de forragem ver- tuir o milho na alimentação dos animais.
de para matrizes em gestação. Em geral, um animal bem tratado
O feijão só deve ser fornecido cozi- está pronto para o abate em torno dos
do ou torrado. 150 dias de idade.

A alimentação dos leitões


Na primeira semana de vida os lei- leite de vaca, uma colher de sopa de nata,
tões devem se alimentar do colostro, que uma clara de ovo e uma colher de sopa
é o primeiro leite produzido pela porca, de suco de limão. Dar a uma temperatu-
rico em substâncias que protegem os lei- ra de 37 a 40ºC.
tões contra doenças. Quanto mais rápido Depois da primeira semana de ida-
o leitão começar a mamar, melhor. de, pode ser fornecido um pouco de ra-
Se a porca morrer logo após o nas- ção, pois o organismo começa a se mo-
cimento, podemos usar um substituto do dificar. Da 2ª semana em diante pode-
leite para alimentar os leitões: 250ml de mos dar alimento à vontade.

Gestação
A porca em gestação deve receber sombra.
água à vontade, boa alimentação e ter A gestação dura em média 114 dias,
acesso a piquetes com boa pastagem e ou seja, 3 meses, 3 semanas e mais 3 dias.

144
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Sanidade
Neste sistema de criação é mais co- seco e com cama de palha ou de
mum o aparecimento de problemas como maravalha (cepilho). Estes detalhes não
o bicho de pé, piolho, sarna, bernes e podem ser esquecidos, principalmente no
bicheiras, além de verminoses. inverno.
Muitas doenças podem ser evitadas Aplicar uma dose de ferro injetável
ou prevenidas adotando-se cuidados com entre o 3º e o 7º dia de vida nos leitões.
a limpeza e desinfecção das instalações, A desinfecção das estruturas pode
uso de vacinas... seringas, agulhas e ou- ser feita com água de cal, alvejante
tros equipamentos usados devem sem- (QBOA) com água, ou outro desinfetan-
pre estar limpos, lavados com água e sa- te. Evitar ventos e umidade, isolar os do-
bão e desinfetados com álcool iodado. entes, ter boa ventilação, procurar man-
Animais que morrem devem ser ter uma boa higiene, fornecer boa alimen-
queimados ou enterrados. tação e água limpa, também são fatores
Os alimentos devem ser bem con- importantes na prevenção de doenças.
servados, evitando que mofem ou ume- Problemas com o canibalismo
deçam, pois isso pode causar intoxica- (quando mordem a cauda, orelha,
ções e doenças. flanco... com sangramento) podem ser
Conservar as vacinas refrigeradas, controlados separando do lote o animal
sem deixar congelar ou expostas ao sol. que o pratica (geralmente é o maior), tra-
Não usar vacinas e medicamentos fora tando os machucados, pendurando cor-
do prazo de validade. rentes ou pneus velhos, ou jogar palhas
Vacinas: ou talos no chão para entreter os animais.
• Pneumonia enzoótica Ver se não há muitos animais em pouco
• Parvovirose, erisipela e leptospi- espaço, ou falta de água ou alimento.
rose Para combater os vermes podemos
• Rinite atrófica usar troncos e folhas de bananeira pica-
• Diarréia neonatal dos leitões dos durante cinco dias misturados aos ali-
• Pleuropneumonia mentos. Também pode ser oferecido chá
Os leitões ao nascer devem ser de carqueja ou de erva de Santa Maria
enxugados, é importante cortar, amarrar misturado ao soro de leite. Folhas e fru-
e desinfetar o umbigo, fornecer calor tos verdes de mamoeiro picados e mistu-
(pode ser com uma lâmpada) e um local rados aos alimentos e alho, também fun-
cionam para a eliminação dos vermes.

145
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Bibliografia
AGROFLORESTA: Um novo jeito AMADO, S.J; Adubação Verde no Sul
de fazer agricultura, Kurt Habermeier, do Brasil, AS-PTA, Rio de Janeiro – RJ.
Avanildo Duque da Silva, Sabiá - Cen- 1993.
tro de Desenvolvimento Agroecológi-
co, Recife, 1998. EPAGRI; AGROECOLOGIA,
Chapecó – SC, 2003.
ARL.V., Rinklin, H. Livro Verde
2, CEPAGRI, TERRA NOVA, Passo EPAGRI. Boletim Didático, 43.
Fundo, 1997.
GLIESSMAN, S. R.; Agroecologia
BURG, I C, MAYER, P H, Alter- – Processos Ecológicos em Agricultura
nativas Ecológicas para Prevenção e Con- Sustentável, Editora da Universidade Fe-
trole de Pragas e Doenças, Francisco deral do Rio Grande do Sul, Porto Ale-
Beltrão – PR, 1999. gre – RS, 2000.

CADERNO da Jornada de KHATOUNIAN, Carlos Armênio.


Agroecologia; 4 Encontro da Jornada de Produção de alimentos para consumo
Agroecologia – Cascavel – PR – 2005. doméstico no Paraná: caracterização e
culturas. Londrina: IAPAR, 1994.
CALEGARI, A, Leguminosas Para (IAPAR, Circular, 81).
Adubação Verde de Verão no Paraná,
Circular n 8 – IAPAR, Londrina – PR, KHATOUNIAN, Carlos Armênio.
1995. A reconstrução ecológica da agricultura.
Botucatu: Livraria e Editora Agroecoló-
CONTROLE da Lagarta da Soja gica, 2001.
por Baculovírus, Impresso EMBRAPA,
Centro Nacional de Pesquisa de Soja, MILHO: Produção de Sementes
Londrina – PR, 1985. na Comunidade ( Cartilha) , Angela Cor-
deiro, José Maria Tardin, Anésio da
CONTROLE de Percevejo da Cunha Marques - AS-PTA, 1994.
Soja por Trissolcus Basalis, EMBRA-
PA, Centro Nacional de Pesquisa de Soja, MONEGAT, C; Plantas de Cober-
Londrina – PR, 1990. tura do Solo – características e manejo
em pequenas propriedades, Chapecó –
COSTA, M. B.; CALEGARI, A; SC, 1991.
MORDADO, A; BULISANI, E. A; MOSCARDI, F; Utilização de
ALCÂNTARA, P. B; MIYASAKA, S; Baculovírus anticarsia para o Controle da

146
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Lagarta da Soja, Anticarsia gemmatalis, RESUMOS do I Encontro de


Comunicado Técnico EMBRAPA, Cen- Processos de Proteção de Plantas –
tro Nacional de Pesquisa de Soja, 1983. Controle Ecológico de Pragas e Doen-
ças, Editora Agroecológica, Botucatu –
O SÍTIO ABUNDANTE: Co-cri- SP, 2000.
ando com a natureza, Marsha Hanzi.
Lauro de Freitas, edição da autora, 1999 SILVA, Antonio Carlos Ferreira da
& PEDROZA, José Carlos Castanheira.
PRIMAVESI, A; Cartilha do Solo, Cultive uma horta e colha qualidade de
Fundação Mukiti Okada, São Paulo – SP, vida. Florianópolis: Epagri, 2002.
2006.
CORDEIRO, A.; Coleta e Troca
PRIMAVESI, A; Primavesi, A. M; de Sementes de Milho e Feijão: dicas para
DEFICIÊNCIAS MINERAIS EM CUL- garantir uma boa amostra da variedade,
TURAS – Nutrição e Produção Vegetal, AS-PTA - PR, 1998.
Porto Alegre – RS, 1965.
PINHEIRO, S.; Barreto, S. B.;
PRIMAVESI, A; Primavesi, A. M; "MB4": Agricultura Sustentável,
A BIOCENOSE DO SOLO – Na Produ- Trofobiose e Biofertilizantes, Salles Edi-
ção Vegetal, Santa Maria – RS, 1964. tora, Canoas - RS, 2005.

147
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Terra livre de transgênicos e sem agrotóxicos

148
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

149
Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

150

También podría gustarte