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O REGENTE DE BANDA E O SEU PAPEL COMO EDUCADOR MUSICAL

Fredmam Martins Fernandes1


1Pós-graduandoISEED - FAVED Faculdades, Bacharel em Música - Clarineta - pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) e Licenciado em Música pela Universidade Federal do Espírito Santo. Clarinetista da Banda de Música do Quartel
do Comando Geral da Polícia Militar do Espírito Santo-PMES, Av. Maruípe, nº 2111, bairro Maruípe, na cidade de
Vitória, ES.

RESUMO- O objetivo do trabalho foi de analisar a importância educação musical explicitando


as características do regente de banda como educador musical. Para tanto, foi feita uma pesquisa
bibliográfica de revisão. Foi observado que o regente necessita conhecer as necessidades e a
importância da música para o desenvolvimento humano, devendo fazer uma autorreflexão sobre
seu trabalho com os alunos, rever sua prática e assumir suas responsabilidades como professor
para que consiga transformar suas aulas de maneira atrativa e os desperte na vontade de
aprender. Concluiu-se que o ensino e aprendizado no ambiente das bandas de música na escola
é enriquecedor para os alunos quando são motivados pelo regente, desenvolvendo suas
capacidades e conhecimentos musicais.
PALAVRAS-CHAVE: Regente. Banda. Educação Musical.

ABSTRACT- The objective of the work was to analyze the importance of musical education
by explaining the characteristics of the regent of the band as a musical educator. For this, a
bibliographic review was done. It was observed that the conductor needs to know the needs and
importance of music for human development, and should make a self-reflection about his work
with the students, review his practice and assume his responsibilities as a teacher so that he can
transform his classes in an attractive way and the Awaken in the will to learn. It was concluded
that the teaching and learning in the environment of the music bands in the school is enriching
for the students when they are motivated by the regent, developing their capacities and musical
knowledge.
KEYWORDS: Regent. Band. Musical education.

1 INTRODUÇÃO

As várias bandas que existem no país mantêm suas atividades por meio das mais
diversas maneiras de subsistência, contando com o apoio de uma associação poder público,
colégio, projeto sociocultural ou instituição cultural. Quando se analisa o desenvolvimento
destas atividades, pode-se criar uma interligação com a figura do regente. O regente possuindo
uma maior informação para gerenciar as atividades musicais e estruturais, maior será a
possibilidade da atividade, mantendo a educação musical e atuando nas apresentações com
qualidade (JARDIM, 2009).
Quando se pensa a respeito da formação do educador musical e das práticas
pedagógicas, é necessário destacar o quanto é de vital importância a figura do regente à frente
de um grupo. O perfil estabelecido para um regente é ter uma perfeita audição interna, conhecer
e saber usar a partitura. Apesar desses requisitos serem fundamentais, o regente se insere em
um contexto de educação musical e sua formação tem que ser de um educador musical
(LIMEIRA, 2014).
Falar sobre a educação no Brasil, principalmente educação musical é tarefa árdua e passa
por uma série de problemas, que vai desde a concepção de ensino, infraestrutura, currículo,
formação dos professores e valorização do tema. O debate sobre o ensino de música nas escolas
necessita de um debate mais amplo e investimentos e precisa de uma ação conjunta do governo
e das escolas, além dos profissionais que atuam na área, estudiosos, professores e instituições
(AMATO, 2006).
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Fica evidente a necessidade de docentes que tenham conhecimento da fundamentação


pedagógica do ensino de música e saibam escolher os conteúdos adequados, adaptando-os à
metodologia apropriada. Entretanto, analisando a formação de futuros professores tanto no
curso de licenciatura em música como de professores generalistas, observa-se que há uma
defasagem entre esta demanda e a realidade, gerando uma necessidade de materiais que
norteiem e complementem o ensino da música na escola (LIMA, 2010).
O objetivo do trabalho foi de analisar a importância educação musical explicitando as
características do regente de banda como educador musical.

2 METODOLOGIA

A metodologia utilizada nesse trabalho é de pesquisa bibliográfica em que foram


consultados diversos livros. São livros fundamentados na área com autores de renome e
conhecimento do assunto. Outra fonte de pesquisa foram artigos, monografias, dissertações,
teses e revistas.
Após a leitura e compreensão dos textos foram feitos fichamentos e posteriormente
desenvolvido o texto. Houve um confrontamento entre os autores para embasar corretamente a
pesquisa.
Os descritores foram: regente de banda e educação musical, sendo selecionados textos
e artigos entre 2000 a 2016.

3 DESENVOLVIMENTO

É necessário aprofundar e quebrar paradigmas dentro do momento atual sobre a ditadura


de algumas práticas, repertórios e abordagens pedagógicas que mostram um cenário especifico
da estética das belas artes, de uma concepção única do fazer e apreciar musical, caminhando
para um sentido muito mais amplo de pluralidade das experiências musicais. É fundamental
refletir sobre a música e a Educação Musical e trazer à tona a experiência da música, elevando
os conceitos sobre música (LAZZARIN, 2013).

3.1 A INSERÇÃO DA MUSICA NO AMBIENTE ESCOLAR

De acordo com Gonçalves (2009), a música é uma forma de comunicação de sensações,


sentidos que passa por uma organização de som e silêncio. Ela se situa em muitos momentos
da vida, inclusive através da afetividade, da cognição e da estética.
Com a música é possível formar o ser humano de forma integral, pois por meio dela a
criança entra em contato com o mundo letrado e lúdico.
Ensinar pela música transforma o indivíduo e o ajuda na valorização de uma peça
musical, teatral, concertos, já que “(...) dando a oportunidade do conhecimento dos vários
gêneros musicais ela tem a oportunidade de construir sua autonomia, criatividade, aquisição de
novos conhecimentos e criticidade” (GONÇALVES, 2009, p.2).
Nesse contexto, o aluno é um ser que interage o tempo todo com o meio e a música
possui o caráter de provocar esta interação, visto que traz em si ideologias, emoções e histórias
que se identificam com a sua realidade.
Conforme Ongaro (2006, p.2), o aluno para interagir com a música “(...) precisa ser
sensibilizada para o mundo dos sons, pois, é pelo órgão da audição que ela possui o contato
com os fenômenos sonoros e com o som. ”
Se a sensibilidade do aluno for maior para o som, mais ela encontrará as suas qualidades. Diante
disso, é fundamental exercitá-la desde cedo, pois esse treino melhorará sua memória e atenção.

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A música é um importante fator na aprendizagem, pois a criança desde


pequena já ouve música, a qual muitas vezes é cantada pela mãe ao
dormir, conhecida como ‘cantiga de ninar. Na aprendizagem, a música
é muito importante, pois leva o aluno a conviver com ela desde muito
pequeno (ONGARO, 2006, p.2).

Se bem trabalhada, a música desenvolve o raciocínio, a criatividade e outros dons e


aptidões. Daí a necessidade de se aproveitar esta tão rica atividade educacional dentro das salas
de aula.
Estevão (2002) relata que a música permite a expressão pelo gesto e pelo movimento,
além de levar satisfação e alegria. O aluno aprende e se desenvolve com ela.
A expressão musical também é muito importante, pois:

(...) desempenha importante papel na vida recreativa de toda criança, ao


mesmo tempo em que desenvolve sua criatividade, promove a
autodisciplina e desperta a consciência rítmica e estética. A música
também cria um terreno favorável para a imaginação quando desperta
as faculdades criadoras de cada um. A educação pela música
proporciona uma educação profunda e total (ONGARO, 2006, p.3).

A música sempre fez parte da vida dos seres humanos e está presente na escola para
enfatizar o ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos, além de despertá-los o senso
de criação e recreação.
Nesse sentido, a escola, enquanto espaço institucional para transmissão de
conhecimentos construídos, deve se promover a aproximação dos alunos com outros elementos
da música, que não aquelas que eles reconhecem na relação espontânea com a mesma.
Segundo Carvalho (2010), existem cinco categorias que influenciam a música como uma
linguagem no aprendizado:

• Aprendizagem;
• Socialização;
• Afetividade;
• Expressão;
• Coordenação motora.

Essas categorias se caracterizam por uma interpretação fenomenológica, tão necessária


para o educador e para a sua contextualização frente ao ambiente escolar.
Por meio da aprendizagem se dão as vivências de prazer, atenção, desconcentração,
concentração e troca. Ocorre uma grande ludicidade, pois “(...) quando vivenciada a
brincadeira, o jogo, a cantiga de roda, permite que a criança compreenda, participe, sinta-se
importante, capaz e feliz” (CARVALHO, 2010, p.4).
No caso da socialização, o aluno encontra o outro, o mundo do outro e aprende a
conviver, a respeitar, a repartir. É uma troca de afeto, de encontro e de limites. A socialização
se mostra como um momento de orientação das vivências, visto que se reflete por toda a vida.
Com a afetividade vêm as emoções, as sensações, o prazer de estar junto, de contribuir, trocar,
dividir. Nessa categoria, a criança descobre o prazer de estar com o outro e de construir uma
relação de amizade, carinho. Surge um “(...) desejo de querer o bem, de estar bem, e de juntos
percorrer os trilhares de uma vivência cidadã que começa aqui, nessa infância” (CARVALHO,
2010, p.5).

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Na quarta categoria, a expressão, Carvalho (2010, p.5) descreve que ocorre a


manifestação das ideias, dos sentimentos, pois ela “(...) dá a voz, a vez, que mostra no traçado
do rosto, no movimento do corpo, no balançado das mãos, no sorriso ou no choro, o que o
coração sente, a mente pensa, e o corpo deseja”.
A coordenação motora é o movimento que sugere a vida, o pulsar, o respirar, percorrer
caminhos, tão necessários na formação da criança, como os ossos, músculos e a mente.

Mente que pensa, aprende, socializa em conjunto com o coração, que


movimenta em conjunto com o corpo, em um pulsar rítmico,
musicalizado, que, mesmo parado, se movimenta, quando descansa,
respira no pulsar dos batimentos para que, quando acorde, recomece a
brincar outra vez (CARVALHO, 2010, p.5).

Conforme Diniz (2005), a justificativa de professores sobre a inclusão da música no


ambiente escolar se dá em diferentes categorias. Dentre essas categorias, destacam-se: música
como terapia, música como mecanismo de controle, música como prazer, divertimento e lazer;
música como meio de transmissão de valores estéticos, música como meio de trabalhar práticas
sociais e valores e tradições culturais das crianças e música como disciplina autônoma.
No caso da música como terapia, acalma, relaxa, libera e tranquiliza os alunos. Dessa
forma, ela é um importante instrumento para integrar os alunos como parte do trabalho
pedagógico, além de ampliar aspectos expressivos e afetivos que foram deixados para trás
(SOUZA, et al., 2002).

3.2 EDUCAÇÃO MUSICAL

É muito importante estudar sobre a história da educação musical como forma de


perceber o percurso do tema e sua evolução, comparando com o que se conseguiu nessa área.
Fonterrada (2008) fala que o modelo de educação musical utilitária deu lugar a outro
tipo de educação musical, com base na qualidade estética. Suzanne Langer entende a música
como uma forma em movimento, universo de som puro. Sua ideia de música como forma
simbólica e expressão de sentimentos com certeza afeta a educação musical.
Já a concepção de Leonard Meyer sistematiza as formas de entendimento da música em
dois campos, o primeiro, referencialistas, que conferem uma qualidade representativa, externa
a ela, e o segundo, absolutistas, que a veem como forma pura (FONTERRADA, 2008).
Conforme relato de Fonterrada (2008), Reimer é um dos filósofos da educação musical.
Procura o reconhecimento do valor da música e da educação musical. Isso é vital, dado o cenário
atual que enxerga a música como entretenimento e lazer. É necessário discutir o valor da música
para a sociedade. É vital o resgate da discussão da importância da música para o ser humano.
A falta de discussão sobre pontos torna difícil a os problemas que cercam a educação musical
e suas características nos currículos escolares. Reimer defende a educação musical estética,
tendo por base as teorias de Langer e Meyer, que enxergam a música como facilitadora da
educação dos sentimentos.
Swanwick dialoga com os pensadores contemporâneos da educação musical e discorda
de Bennett Reimer sobre o sentido da estética. O entendimento de Swanwick é que estética e
arte não são sinônimos. Na verdade, a música pode ser compreendida como um misto de
expressão e pensamento logico (FONTERRADA, 2008).
No Brasil, conhecer Reimer, Swanwick, Elliot e outros pensadores que refletem sobre
as questões sobre a educação musical e a pratica da música em diferentes espaços e contextos
é vital.

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Já Lazzarin (2006) comenta sobre a Nova Filosofia da Educação Musical (NFEM), com
o modelo multidimensional. Sua visão compreende três faces para a música, como atividade
humana universal, atividade humana tendo manifestações contextualizadas e a cristalização na
forma de obras musicais.
A proposta multicultural da NFEM fundamenta-se na de educação musical democrática,
valorizando a música como produção cultural. A música serve como ferramenta de
transformação social. Ela manifesta em cada cultura seu contexto de valores, tradições, crenças,
linguagem, sendo questionável julgar a qualidade musical, subjetivando os padrões da música
erudita ocidental como critério oficial (LAZZARIN, 2006).
Lazzarin (2006) relata que a valorização da pluralidade é complexa. O caldeirão cultural
que influencia e sofre influência de diversas culturas e grupos. O problema do multiculturalismo
é a incapacidade para se determinar quem é um e quem é outro. Não há mais como idealizar em
sociedades e comunidades isoladas e puras em sua cultura. A tecnologia e a informação criou
a hibridização das culturas, na qual práticas particulares que existiam de formas isoladas
combinam-se para gerar outras estruturas e práticas. As identidades culturais são artefatos
abertos e flexíveis.
O multiculturalismo do NFEM tem o objetivo de inclusão, que possibilita a convivência
entre os povos possível e pacífica, sendo a música uma das manifestações internas de uma
mesma cultura. Traz uma discussão interessante sobre o aspecto multicultural da música. Faz o
indivíduo refletir sobre o que é a boa música e como os povos se influenciam mutuamente,
principalmente no mundo globalizado e tecnológico dos dias atuais (LAZZARIN, 2006).
Amato (2006) aborda sobre a educação musical no Brasil, a defasagem cultural e a
formação dos professores de música e o contexto que o cerca. Também fala sobre o difícil papel
da arte nas escolas, tema mais que atual, devido ao momento que o Brasil passa sobre a
reformulação do ensino no país.
Observa-se que o ensino de música é insatisfatório, apenas uma reprodução de manuais
e propostas curriculares impostas pelo poder público, muitas vezes dissonante com o objetivo
da educação musical. A discussão sobre educação musical deve levar a uma prática de ensino
eficiente (AMATO, 2006).
Lazzarin (2013) comenta sobre a problematização da Educação Musical, dando
destaque a concepção filosófica do pensar musical, falando sobre os esforços organizados para
legitimar e dar estrutura a experiência da música no currículo das escolas em nosso país. O
debate gira em torno das implicações atuais que a modificação do ponto de vista nos eixos
temáticos de cada uma das filosofias.
De um lado temos a educação da sensibilidade estética e do outro a
multidimensionalidade da experiência da música e se reflete e que cada uma pode possibilitar
para o momento atual da música e da Educação Musical. São pontos que devem ser
compreendidos e discutidos (LAZZARIN, 2013).

3.3 O REGENTE DE BANDA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO MUSICAL

Reger tem como significado conduzir, orientar, liderar com moderação e respeito, com
olhar atencioso, tendo o cuidado para que o caminho seja seguro e correto. Também tem o
conceito de ser um exemplo, compartilhar todas as informações, estimular a todos e incentivar
para que os problemas sejam superados (JARDIM, 2009).
O ensino nas bandas de música é realizado principalmente pelo regente. Mas, pode
receber o auxílio de seus alunos veteranos, funcionando como monitores, com experiência
quanto aos novos integrantes. Dessa maneira, a banda é um contexto de ensino e aprendizagem,
sendo um espaço em que se aprende realizando, observando e interagindo com os demais

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colegas e simultaneamente existe a figura do regente como professor (ALMENDRA JÚNIOR,


2014).
Conforme Nascimento (2006), muitos músicos que tiveram a oportunidade de começar
em uma banda na escola, hoje, trabalham como regentes de banda.
Alguns regentes tiveram uma ligação direta com a banda de música em sua iniciação
musical, sendo que os instrumentos que escolheram, na sua maioria são instrumentos de sopro
e percussão, devido a uma configuração muito comum na banda de música escolar (TRAJANO,
2012).
De acordo com Almendra Júnior (2014), o repertório é considerado um elemento
fundamental na formação de regentes de bandas, devido a questões didática-pedagógicas se
relacionam à escolha de um repertório, em que é necessário um planejamento na escolha desse
repertório.
Nogueira (2008) comenta que o regente de banda, de maneira geral, elabora um plano
de estudos para as peças que escolheram e pretendem executar. De forma a garantir um bom
nível de pertinência estilística, qualidade artística e eficiência técnica.
Jardim (2009, p.13) aponta as principais características para o regente:

• Desenvolva um grande talento musical, com persistência e


perseverança;
• Tenha sempre confiança em si mesmo e em seu trabalho;
• Trabalhe com ética;
• Seja apaixonado pelo aprendizado e tenha vontade de descobrir;
• Sinta paixão por música, tenha paixão pelo que faz;
• Tenha paciência e impaciência (e a sabedoria em saber quando
utilizar uma ou outra);
• Tenha dedicação e comprometimento no que faz;
• Desenvolva a boa memória;
• Seja um líder, e saiba sempre os princípios básicos do que é ser um
líder;
• Tenha sabedoria o suficiente para compartilhar;
• Seja criativo, dê asas à imaginação e explore a inventividade; e
• Seja curioso, pesquise e tenha coragem.

A banda de música amplia sua capacidade de agente transformador e um mecanismo de
inclusão social, desenvolve questões de interação entre os estudantes, de cooperação e
socialização, de atuação no processo cognitivo, e possibilita uma profissionalização, que pode
formar regentes, músicos profissionais eruditos e populares, músicos amadores e músicos de
bandas militares (ALMENDRA JÚNIOR, 2014).
Campos (2008) informa que na banda de música na escola é possível possibilitar
diversas experiências e ensinamentos, aprendendo regras, entendendo problemas e soluções,
colaborando para novas ideias, opiniões e atitudes, com objetivo de influenciar a vida dos
indivíduos que dela participam. Na banda, existe a socialização, disciplina e pode ampliar as
experiências e valorizá-las (MARTINS, 2013).
De acordo com Alves (2011), as bandas são espaços de ensino e aprendizagem e podem
ser um excelente momento de ensino de música. Porém, é complexo e múltiplo, o que
inviabiliza metodologias ou soluções únicas que não consideram os aspectos culturais, locais e
estruturais. Para manter a banda, é necessário profissionais qualificados, investimento na
disponibilização e manutenção dos instrumentos, para manter o processo de ensino-
aprendizagem de educação musical.

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Outras características fundamentais ao regente de banda são apontados novamente por


Jardim (2009, p.16):
• Conhecimento profundo de harmonia e instrumentação;
• Vocabulário musical;
• Habilidade descritiva, boa dicção;
• Excelente habilidade em comunicação clara e objetiva;
• Eficiência na escrita e na oratória;
• Leitura de claves;
• Ouvido relativo;
• Conhecimento, pelo menos, elementar de outras línguas;
• Hábitos culturais sistemáticos (visitas a museus, frequência em
concertos etc.) ;
• Experiência em prática de música de câmara;
• Conhecimento do repertório de orquestra sinfônica, banda de
música, banda sinfônica, música de câmara, coro, etc.;
• Enorme conhecimento do repertório específico da formação
musical com a qual o regente trabalha diretamente;
• Conhecimento de música popular;
• Experiência com regências coral e instrumental;
• Capacidade vocal adequada para exemplificar como frases podem
ser executadas;
• Capacidade administrativa e organizacional necessária para
gerenciar/operacionalizar um projeto musical; e
• Capacidade de pesquisa.

Segundo Martins (2013), os regentes de banda devem valorizar os ensaios como espaço
de ensino e aprendizagem de música. A educação musical deve ser o objetivo principal nos
ensaios e não apenas o desenvolvimento de execução musical e a técnica, visando a
performance. Porém, em muitos casos, o que se vê é justamente o contrário, a priorização na
execução e a técnica, focando-se estritamente nas apresentações.
O regente de banda geralmente é escolhido pela experiência que possui em diversos
instrumentos, o que faz ser reconhecido para assumir a função de regente. Existe também uma
ideia de regente educador, sendo um agente que possibilita os processos de ensino e
aprendizagem dos alunos, agregando a função de músico e regente, tendo como papel professor
de música. Devido à falta de formação adequada, isto impede de desempenhar o papel de
músico, regente e educador simultaneamente (MARTINS, 2013).
O regente educador tem papel principal no processo de ensino e aprendizagem dos
estudantes. Ele deve ensinar todos os instrumentos e também a leitura e escrita musical, o
contexto histórico do instrumento e também a sua função social. O regente deve ter uma
educação musical qualificada e sempre deve procurar estudar e conhecer para desempenhar tal
função, criando o fazer musical bem mais atrativo e significativo para os seus alunos
(ALMEIDA, 2010).
O regente de banda tem que ter conhecimento do desenvolvimento musical de seus
alunos e trazer um constante aperfeiçoamento. Em muitos casos, o regente não toca vários
instrumentos, mas possui curso superior em música e utiliza os alunos mais experientes em
diversos instrumentos para orientar os novos alunos, durante o ensaio e nas aulas, que são
ministradas para os diversos integrantes da banda. De qualquer forma, o regente deve estar
sempre em busca de novas formas de ensinar e ensaiar, melhorando seu processo de ensino e
aprendizagem, na educação musical (MARTINS, 2013).

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Observa-se que o regente e o professor estão inseridos em processos educativos e


musicais, tendo o duplo papel de regência e docência, numa perspectiva de educação musical,
discutindo a regência dentro desse parâmetro. O regente não pode se ater somente a resultados
a serem alcançados. Estes são consequências de tempo e dedicação em um processo criado por
indivíduos que estão em constante transformação e desenvolvimento (LIMEIRA, 2014).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há que reconhecer os avanços da educação musical no país, surgindo escolas


especializadas, com a formação de músicos e a divulgação da música com um sentido mais
amplo. Mas esses avanços têm que continuar e há uma série de questões que devem ser mudadas
e melhoradas. Tem que investir na formação dos professores de música. O Brasil tem que
valorizar a educação musical.
O contexto atual, que enxerga a música como puro entretenimento precisa ser repensado
e a educação musical precisa aprofundar essas questões para legitimar a música como arte.
As bandas de música na escola são direções e contextos saudáveis de educação musical e
contato inicial com a música que possibilitam aos alunos um futuro no meio musical. Além
disso, é um poderoso instrumento de aprendizagem de convívio social e desenvolvimento
cognitivo.
A banda de música na escola procura a musicalização dos estudantes, onde deve haver
o equilíbrio no processo e produto nos ensaios que são realizados. Esses ensaios devem ser
idealizados como aulas de música e não apenas o instante da preparação do repertório das
apresentações que serão feitas.
O ensino e aprendizado no ambiente das bandas de música na escola é enriquecedor
para os alunos quando são motivados pelo regente da banda, desenvolvendo suas capacidades
e conhecimentos musicais.
A educação musical possui um papel essencial na formação da educação, por isso ela
representa as experiências individuais. O regente necessita conhecer as necessidades e a
importância da música para o desenvolvimento humano. A fim de que o docente realize um
bom trabalho, deve-se ter clareza e convicção da importância da educação musical no
desenvolvimento dos alunos.
A educação musical quando absorve traços multidimensionais que estão nas práticas
contemporâneas, avança no sentido do entendimento da experiência da música para além da
educação da sensibilidade estética. A experimentação e a exploração são elementos primordiais
e se sustentam. Vai muito além de um começo de um processo em que o elemento é a abstração
ou o controle e a organização dos processos mentais.
O regente deve fazer uma autorreflexão sobre seu trabalho com os alunos, rever sua
prática e assumir suas responsabilidades como professor para que consiga transformar suas
aulas de maneira atrativa e os desperte na vontade de aprender. Os alunos devem estar imersos
em um universo heterogêneo de culturas, sendo inseridos continuadamente no processo de
criação. Deve-se ter um espaço para o processo de criação, para que os alunos criem a partir de
pesquisas, descobertas, observações e estudos.

REFERÊNCIAS

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Recebido para publicação: 06 de outubro de 2016


Aprovado: 05 de dezembro de 2016

Revista Científica Intelletto Venda Nova do Imigrante, ES, Brasil v.1, n.3, 2016 p. 56-65

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