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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA

COMARCA DE ORLEANS-SC

Processo nº. 0131719-56.2017.8.24.0540

AIRTON PENA, PAULINHO CINTURA e SOFITNESS LTDA, já


qualificados nos autos do processo em epígrafe em que lhes move FRIDOLINO
ANTUNES, por intermédio de seus advogados subscritos, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência para apresentar defesa na forma
de

CONTESTAÇÃO,

pelos fatos e fundamentos a seguir delineados.

I. BREVE SÍNTESE DA DEMANDA

O autor ajuizou ação em desfavor dos Réus, pleiteando danos


moral e material, bem como lucros cessantes, em decorrência de um acidente
ocorrido com o veículo da empresa requerida, causando graves ferimentos que
lhe afastaram de suas atividades laborativas por mais de seis meses.
II. PRELIMINARMENTE

II.I DA INCOMPETÊNCIA RELATIVA DO JUIZO

Preliminarmente, de acordo com o artigo 53, inciso V, do CPC/15,


a ação de reparação de dano sofrido em razão de acidentes de veículos, deve
ser intentada no domicílio do autor ou do local do fato.
“Art. 53. É competente o foro:
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de
dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.”

Destarte, fica clara a incompetência relativa desse juízo, tendo em


vista que não se encontra em nenhuma das possibilidades previstas no artigo
supracitado, uma vez que o acidente aconteceu em Capivari de Baixo/SC e o
Autor é residente e domiciliado em Tubarão/SC.

II.II DA INÉPCIA DA INICIAL

O Autor alegou em sua inicial a ocorrência de dano moral,


entretanto não indicou o valor do abalo sofrido, pleiteando assim um valor
indeterminado.
O artigo 324 do CPC/15 traz a necessidade de o pedido ser
determinado, tendo, como consequência do descumprimento, o indeferimento
da petição inicial, nos termos do artigo 330, I e §1º, II, do CPC/15.
Art. 324. O pedido deve ser determinado.

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:


I - for inepta;
[...]
§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais
em que se permite o pedido genérico;
Diante deste fato, requer a declaração da inépcia da inicial, com
a extinção do processo sem julgamento de mérito, com a condenação do Autor
no pagamento das custas processuais, bem como os honorários advocatícios
de 20% sobre o valor da causa.
II.III DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE

A empresa Requerida possui contrato de seguro junto à


companhia ALMIRSEGUROS S.A., CNPJ 11.333.555/0001-33, situada na rua
das seguradoras, 123, bairro Seguro, São Paulo/SP, conforme comprovado
nos documentos acostados a esta contestação.
Segundo o artigo 125, inciso II, do CPC/15, às partes podem
denunciar à lide na seguinte hipótese:
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por
qualquer das partes:
[...]
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a
indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido
no processo.
No caso de eventual procedência dos pedidos formulados na
inicial, a Requerida teria direito à ação de regresso contra a denunciada,
objetivando o ressarcimento dos prejuízos sofridos ao indenizar o Autor.
Assim sendo, requer que seja expedida citação da Denunciada,
para que, querendo, conteste a presente ação, nos termos do artigo 131, do
CPC/15.

II.III DA ILEGITIMIDADE PASSIVA

Preliminarmente, cabe levantar a incapacidade dos Réus AIRTON


PENA e PAULINHO CINTURA para se enquadrarem no polo passivo da presente
demanda.
A inicial tem como fundamento o acidente de trânsito causado
pelo funcionário da empresa, enquanto exercia suas atividades cotidianas.
O artigo 932, inciso III, do atual Código Civil, traz a
responsabilidade do empregador pela reparação civil, quando o dano causado
pelo empregado se dê no exercício de sua função ou em razão dela.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
[...]
III - o empregador ou comitente, por seus empregados,
serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;
O artigo 933, do mesmo código, informa que mesmo não havendo
culpa por parte do empregador, responderá pelo ato.
“Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos
praticados pelos terceiros ali referidos”.
Para consolidar o entendimento, a Súmula 341, do STF, traz a
presunção de culpa do empregador pelos atos culposos dos seus empregados
ou prepostos.
“Súmula 341: É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato
culposo do empregado ou preposto”.
Desta forma, vê-se prejudicada a presente demanda quanto aos
Réus, em razão da ilegitimidade passiva, nos termos do artigo 337, inciso XI,
do CPC/15, pleiteando a retirada de ambos do polo passivo, sendo substituídos
pela empresa SOFITNESS LTDA, CNPJ 33.543.123/0001-45, em
cumprimento ao requisito do artigo 339, do atual Código Processual Civil.
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
[...]
XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual;

Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu


indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que
tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas
processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes
da falta de indicação.

III. DO MÉRITO

III.I DA CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA

Ocorre que conforme laudo pericial que o autor dirigia sob efeito de álcool
cometendo a infração prevista no artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro, bem como
assumindo a responsabilidade pelos danos que pudessem ocorrer, podemos afirmar
que ele assumiu o risco no momento em que assumiu a direção de seu veículo em uma
via pública.
O Código de Trânsito Brasileiro em seu artigo 165 trata da infração por
dirigir sob a influência de álcool:
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12
(doze) meses.
A Jurisprudência é dominando a esse respeito e desta forma o Tribunal
de Justiça de Santa tem se posicionado:
APELAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE
TRÂNSITO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS,
MORAIS E PEDIDO DE PENSÃO MENSAL AJUIZADA PELOS
FAMILIARES DO DE CUJUS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA.
RECONVENÇÃO. DANOS MATERIAIS. AÇÃO EXTINTA PELA
ILEGITIMIDADE DA PARTE PASSIVA. APELO DOS AUTORES.
ALEGAÇÃO DE QUE O ACIDENTE OCORREU POR CULPA DO
RÉU, QUE DIRIGIA EM ALTA VELOCIDADE E INVADIU A
CONTRAMÃO DE DIREÇÃO. TESE NÃO COMPROVADA.
CONTEXTO PROBATÓRIO REVELANDO QUE O ABALROAMENTO
OCORREU NA PISTA DE ROLAMENTO EM QUE SEGUIA O
CAMINHÃO CONDUZIDO PELO RÉU. VÍTIMA QUE, SOB EFEITO DE
ÁLCOOL, SAI DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL EXISTENTE
ÀS MARGENS DA RODOVIA ESTADUAL E ADENTRA NA VIA
ASFÁLTICA DE FORMA IMPRUDENTE E SEM A DEVIDA CAUTELA,
CORTANDO A TRAJETÓRIA DO CAMINHÃO. CULPA EXCLUSIVA
DA VÍTIMA. DEVER DE INDENIZAR NÃO CONFIGURADO.
SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
AGRAVO RETIDO INTERPOSTO PELOS RÉUS. AUSÊNCIA DE
REQUERIMENTO EXPRESSO PARA SUA ANÁLISE. NÃO
CONHECIMENTO. APELO DA REQUERIDA/RECONVINTE.
LEGITIMIDADE PASSIVA DOS AUTORES NA RECONVENÇÃO.
TESE NÃO ACOLHIDA. INVENTÁRIO JÁ INSTAURADO E AINDA EM
TRÂMITE. EVENTUAL DEVER DE INDENIZAR QUE RECAI SOBRE
O ESPÓLIO DO DE CUJUS. EXTINÇÃO DA RECONVENÇÃO
MANTIDA. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA DA DENUNCIAÇÃO
DA LIDE. PRETENSA IMPUTAÇÃO AOS AUTORES DA LIDE
PRINCIPAL, PORQUE VENCIDOS. IMPOSSIBILIDADE.
DENUNCIAÇÃO FACULTATIVA. ÔNUS QUE RECAI SOBRE O
DENUNCIANTE EM CASO DE IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO
PRINCIPAL. PRECEDENTES DA CORTE SUPERIOR E DESTE
TRIBUNAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DA AÇÃO PRINCIPAL
E DA RECONVENÇÃO. ADEQUAÇÃO DOS VALORES.
DESNECESSIDADE. ARBITRAMENTO CONDIZENTE COM OS
PARÂMETROS ELENCADOS NOS §§ 3º E 4º DO ARTIGO 20 DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973, VIGENTE À ÉPOCA.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n.
0003889-66.2006.8.24.0079, de Videira, rel. Des. Rubens Schulz,
Segunda Câmara de Direito Civil, j. 18-05-2017).
Ainda se não bastasse o fato de dirigir embriagado o autor conforme
laudo pericial, estava com o documento de seu veículo 2 (dois) anos atrasados,
mostrando total imprudência ao conduzir um veículo automotor.
O Código de Trânsito Brasileiro em seu artigo 165 trata da infração por
conduzir o veículo sem estar devidamente licenciado:
Art. 230. Conduzir o veículo:
I - com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa ou qualquer outro
elemento de identificação do veículo violado ou falsificado;
II - transportando passageiros em compartimento de carga, salvo por
motivo de força maior, com permissão da autoridade competente e na
forma estabelecida pelo CONTRAN;
III - com dispositivo anti-radar;
IV - sem qualquer uma das placas de identificação;
V - que não esteja registrado e devidamente licenciado;
VI - com qualquer uma das placas de identificação sem condições de
legibilidade e visibilidade:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Também foi constatado conforme laudo pericial que o veículo do autor
estava com os faróis e lanternas traseiras apresentando defeito e não funcionavam no
momento do acidente fato esse que se agrava porque chovia muito e estava escuro
conforme as testemunhas confirmaram.
O Código de Trânsito Brasileiro em seu artigo 27 trata do dever do
condutor em verificar as condições e funcionamento dos equipamentos do veículo:
Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o
condutor deverá verificar a existência e as boas condições de
funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório, bem como
assegurar-se da existência de combustível suficiente para chegar ao
local de destino.
Sobre a reponsabilidade por danos causados no trânsito de veículos,
Arnaldo Rizzardo cita em sua doutrina que o condutor é responsável pela observância
das boas condições do veículo:
É dever do condutor assegurar o bom estado de conservação do seu veículo
para que possa circular com total segurança, principalmente no que diz respeito a existência e
ao perfeito funcionamento dos equipamentos obrigatórios, o que muito influirá para que a
circulação ocorra sem riscos.

Citam-se como equipamentos obrigatórios o cinto de segurança, o encosto da


cabeça, o triângulo luminoso, os espelhos retrovisores, os faróis e os componentes externos de
sinalização (pisca-pisca, luz indicadora da marcha a ré), o extintor de incêndio, a roda
sobressalente, além de outros componentes. (Responsabilidade Civil: revisada e atualizada. 7ª
ed. Rio de Janeiro: Editora Forense LTDA, 2015, p. 726)

Por outro lado, o réu conforme comprovado por laudo pericial, no


momento do acidente dirigia a velocidade de 60 km/h em uma via pública que o máximo
permitido é 70 km/h, demonstrando total responsabilidade e prudência no ato de
condução de um veículo automotor.
O réu também fora submetido a exame médico, sem ter sido constatado
qualquer sinal clinico de embriaguez.
Na doutrina de Roberto Senise Lisboa encontramos a culpa exclusiva da
vítima como forma de excludente de responsabilidade civil objetiva:
As excludentes de responsabilidade civil objetiva são:
a) a culpa exclusiva da vítima; e
b) a culpa exclusiva de terceiro. (Manual de Direito Civil: teoria geral do
direito civil. 7ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 416).
Sendo assim fica comprovado que o autor teve total culpa no ocorrido,
devendo este ser responsabilizado exclusivamente pelos danos causados.

III.II DA CULPA CONCORRENTE DA VÍTIMA

Todavia, caso Vossa Excelência não considere a culpa exclusiva da


vítima solicito que considere a culpa concorrente como base para fixação da
indenização, tendo em vista todos os pontos elencados anteriormente sobre a conduta
do autor que corroboraram para dar causa ao sinistro do caso em questão.
O Código Civil em seu artigo 945 trata sobre os casos em que a vítima
concorreu para o evento danoso:
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento
danoso, a sua indenização seria fixada, tendo-se em conta a gravidade
de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
A doutrina de Caio Mario da Silva Pereira, descreve sobre a culpa
concorrente da vítima nos casos do dever indenizar:
Com efeito, se a vítima contribui com ato seu na construção dos
elementos do dano, o direito não se pode conservar estranho a essa
circunstância. Da ideia de culpa exclusiva da vítima, chega-se à
concorrência de culpa, que se configura quando ela, sem ter sido a
causadora única do prejuízo, concorreu para o resultado. De qualquer
forma, argumenta-se que a culpa da vítima “excluí ou atenua a
responsabilidade, conforme seja exclusiva ou concorrente”.
Conseguintemente ao apurar-se a responsabilidade, deve ser levada
em consideração a parte que a vítima contribuiu, e na liquidação do
dano, calcular-se-á proporcionalmente a participação de cada um,
reduzindo em consequência o valor da indenização.(Responsabilidade
Civil, 11ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense LTDA, 2016 p. 388).
Desta forma, Vossa Excelência comprova-se que o autor ao menos
colaborou para o ocorrido, devendo este ser responsabilizado pelo menos
concorrentemente pelos danos causados
III.III DOS DANOS MATERIAIS

O certo é que a ação de reparação deve proporcionar a mais ampla


satisfação do dano possível, porém sem causar enriquecimento ilícito para a
vítima. Portanto, é de suma importância um ponto de equilíbrio para alcançar o
princípio da reparação integral do prejuízo material. Assim se refere o artigo 844
do código Civil sobre o enriquecimento ilícito.
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de
outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a
atualização dos valores monetários.
Assim fica evidente que o valor estipulado não coincide com dano
causado, assim caracterizando má fé e ocasionando o enriquecimento ilícito.
De tal forma o artigo 944 do código Civil deixa claro que a
indenização tem que ser do tamanho do dano.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade
da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a
indenização.
Assim fica evidente que a juntada de um só orçamento fragiliza a
posição do devedor e o sujeita ao pagamento de valores indevidos. O
recomendado é que quando não envolver seguradora, o autor apresente três
orçamentos para que se tenha um balizamento ao arbitramento do valor
indenizatório adequado assim evitando o enriquecimento ilícito e medindo a
indenização conforme o dano.
Neste sentido o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul TJ-RS:
ACIDENTE DE TRÂNSITO. VALOR DOS DANOS. AUSÊNCIA DE
TRÊS ORÇAMENTOS. VALOR NÃO IMPUGNADO PELO
RESPONSÁVEL PELO PAGAMENTO DO DANO. RECURSO
PROVIDO. UNÂNIME.
(Recurso Cível Nº 71000619643, Terceira Turma Recursal Cível,
Turmas Recursais, Relator: Eugênio Couto Terra, Julgado em
22/02/2005)
A Jurisprudência vem demonstrando que os (3) três orçamentos
não serão necessários quando ao autor conseguir comprovar a extensão dos
danos sofridos ou que seja avaliado por uma oficina credenciada à seguradora,
sendo assim se admiti apenas um único orçamento, por inexistir comprovação
da inidoneidade da oficina.
E neste caso o autor não apresentou os três orçamentos conforme
vem entendendo a jurisprudência, além do mais o valor de R$ 20.000,00 ( vinte
mil reais) não prova que tal dano tenha ocorrido ou coincide com o dano
causado, assim desta forma caracterizando má fé, por parte do autor.
III.IV DOS LUCROS CESSANTES

O autor afirma que em função do acidente sofreu graves


ferimentos que lhe deixaram por 10 (dez) dias na UTI, e lhe afastaram de suas
atividades laborativas por mais de 6 (seis) meses, desta forma vem o autor
pedir indenização de lucros cessantes no valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco
mil reais) decorrentes do período que ficou afastado da sua atividade
laborativa.
O Código Civil em seu artigo 402 assim dispõe sobre a reparação
de danos:
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as
perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
A reparação de lucros cessantes se refere aos danos materiais
efetivos sofridos por alguém, em função de culpa, omissão, negligência, dolo,
imperícia de outrem. Para caracterização do pleito, há necessidade de efetiva
comprovação dos lucros cessantes não basta argumentar que existiram, devem
ser provados.
Neste caso não temos como saber o valor do lucro cessante, pois
o autor não apresentou nenhum documento probatório.
Quanto à atividade Autônoma verifica-se que o autor não
apresentou nenhuma comprovação cabal da sua atividade. Aliás, a parte
Autora sequer comprovou, nos autos, os seus rendimentos como autônomo e
muito menos os possíveis valores que poderia ter ganhado, caso não estivesse
enfermo como alegado.
Neste mesmo sentido o artigo 949 do Código Civil nos reforça que
o ofendido tem a obrigação de provar os lucros cessantes:
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor
indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros
cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo
que o ofendido prove haver sofrido.
Portanto, os lucros cessantes não podem ser presumidos tem que
serem provados.
Em seu livro Curso de Direito Civil Brasileiro, a ilustre professora
Maria Helena Diniz no vol.7, pagina 55 editora Saraiva de 1999, utiliza uma
definição para o dano:
“O dano é um dos pressupostos da responsabilidade civil, contratual
ou extracontratual, visto que não poderá haver ação de indenização
sem a existência de um prejuízo”. Só haverá responsabilidade civil se
houver um dano a reparar, sendo imprescindível a prova real e
concreta dessa lesão.
Para que haja pagamento da indenização pleiteada é necessário
comprovar a ocorrência do dano, fundados não na índole dos direitos subjetivos
afetados, mas nos efeitos da lesão jurídica.
Oque nos deixa claro é que os lucros cessantes devem ser
comprovados pelo autor, conforme nos traz a jurisprudência do Tribunal de
Justiça de Minas Gerais:
APELAÇÃO CÍVEL - INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS -
MATERIAIS - LUCROS CESSANTES - VENDA PRECIPITADA DE
BEM - AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO EXTINTA - DEVER DE
INDENIZAR CARACTERIZADO. - Quanto ao dever de indenizar, é
necessário que existam três elementos essenciais: a ofensa a uma
norma preexistente ou um erro de conduta; um dano; e o nexo de
causalidade entre uma e outra. - A venda de bem objeto de ação de
Busca e Apreensão antes do trânsito em julgado da sentença é
considerada precipitada e ilegal, caracterizando o ato ilícito. - Aquele
que se vê privado de seu instrumento de trabalho utilizado como meio
de sobrevivência própria e sustento de família é assaz, por si só, a
ensejar dano de ordem moral a qualquer ser humano. - O dano
material é aquele que atinge o patrimônio da parte, capaz de ser
mensurado financeiramente e indenizado. Portanto, é devido ao autor
tão-somente aquilo que comprova que efetivamente pagou. - Os
lucros cessantes não podem ser presumidos ou imaginários. Ao
contrário, dependem da prova cabal da existência do dano efetivo.
Tal prova não se faz por meio de depoimentos testemunhais. A prova
hábil a apurar valores percebidos é documental ou pericial, o que não
há nos autos. Decisão
DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO.(TJ-MG - AC:
10145120335289001 MG, Relator: Alexandre Santiago, Data de
Julgamento: 21/05/2014, Câmaras Cíveis / 11ª CÂMARA CÍVEL, Data
de Publicação: 26/05/2014)
Assim sendo, não deverá o réu ser condenados ao pagamento de
indenização por lucros cessantes, uma vez que o autor não apresentou
documentos probatórios de sua renda ou o que deixou de ganhar no período
que estava enfermo. Neste sentido não há de se falar em lucros cessantes,
pois os lucros cessantes não são presumidos ou imaginados.

IV. DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer a Vossa Excelência:


a) A apreciação das preliminares arguidas;
1) Para declarar a incompetência relativa do juízo;
2) Para declarar a inépcia da inicial, com extinção sem julgamento
de mérito;
3) A inclusão da seguradora ALMIRSEGUROS S.A., CNPJ
11.333.555/0001-33, empresa localizada na Rua das
Seguradoras, 123, Bairro Seguro, São Paulo/SC;
4) Para declarar a ilegitimidade passiva dos Requeridos AIRTON
PENA e PAULINHO CINTURA.
b) A improcedência da presente demanda, eis que a culpa foi
exclusiva da vítima;
c) Caso não seja reconhecida a culpa exclusiva da vítima, o
reconhecimento de culpa concorrente;
d) A improcedência do pedido de danos materiais, visto que o
Autor não solicitou três orçamentos;
e) A improcedência do pedido de lucros cessantes, uma vez que
não foram comprovados pelo Autor;
f) A improcedência do pedido de dano moral, tendo em vista que
foi pleiteado de forma indeterminada;
g) Seja o autor condenado ao pagamento de custas processuais
e honorários advocatícios.

Nesses termos, requer deferimento.


Tubarão, 19 de março de 2018.
ADVOGADO DA PARTE
OAB-SC Nº.

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