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A EDUCAÇÃO PARA ALÉM DO CAPITAL – ISTVÁN MÉSZÁROS

O texto de Mészáros (2004) aborda algumas questões ligadas à lógica


do capital e o seu impacto sobre a educação, realizando um paralelo entre o
quadro social, especialmente dos últimos cento e cinquenta anos, pautado no
sistema capitalista e o seu reflexo na educação. Oferece, também, a partir de
exemplos críticos sobre esse sistema, o quanto a lógica do capital está
arraigada no dia a dia dos cidadãos, subjugando-os às suas determinações,
fazendo-os acreditar numa ordem fixa e imutável, uma vez que essa lógica vem
sendo propagada segundo um único ponto de vista: o da elite dominante.
Sobre isso, o autor propõe que

a história tem então que ser reescrita e propagandeada de uma


forma ainda mais distorcida não só nos órgãos amplamente
difundidos de formação da opinião pública, desde os jornais de
massas aos canais de rádio e de televisão, mas até nas
supostamente teorias acadêmicas objetivas. (MÉSZÁROS,
2004, p. 8).

Para reescrever esta história segundo outro ponto de vista é, portanto,


necessário romper com a lógica do capital se o objetivo for uma alternativa
educacional significativamente diferente e humanizadora. Sem esse objetivo,
qualquer tentativa estará pautada nos próprios interesses do sistema
capitalista, continuando a sua reprodução. É fundamental, assim, a construção
de caminhos que vão contra a lógica alienante do sistema, possibilitando a
consciência do seu papel reprodutor e mantenedor dessa ordem social injusta,
de ideologia dominante.

Romper com essa lógica no campo da educação é, portanto, “sinônimo


de substituir as formas omnipresentes e profundamente enraizadas de
interiorização mistificante por uma alternativa positiva abrangente”.
(MÉSZÁROS, 2004, p. 8). Trata-se da necessidade da criação de
confrontações hegemônicas antagonistas, capazes de ir contra os princípios do
capital, ao buscar

o conhecimento necessário para transformar em realidade


o ideal de emancipação humana, em conjunto com a
determinação sustentada e a dedicação dos indivíduos
para conduzir a auto-emancipação da humanidade até à
sua conclusão com êxito, apesar de todas as
adversidades. (MÉSZÁROS, 2004, p. 13).

Desta forma, o caminho pode ser através do diálogo e da comunicação


para se reconstruir o papel da educação, ao fomentar a pedagogia da
desopressão, da libertação dos oprimidos pelo sistema que é também
reproduzido pelas escolas. Nesse modelo, o professor exerce sua capacidade
política, ao perceber que ensinando também aprende com seus alunos, cujo
contexto social, econômico e cultural traz dados e informações que devem ter
espaço na escola, valorizando-os enquanto seres humanos, que podem
potencializar suas competências e habilidades, bem como seu poder de
transformação, se tiverem esse espaço de reflexão democrática na escola,
através da “escutatória” e do diálogo. É como se observa nas palavras de
Paulo Freire (1987, p. 17), ao salientar a importância da “pedagogia da
desopressão”:

Aquela que tem de ser forjada com ele, não para ele, enquanto homens
ou povos, na luta incessante de recuperação de sua humanidade. Pedagogia
que faça da opressão e de suas causas objeto de reflexão dos oprimidos, de
que resultará o seu engajamento necessário na luta por sua libertação, em que
esta pedagogia se fará e refará.

Sobre isso, é importante mencionar alguns exemplos de práticas que


buscam promover o diálogo, a reflexão e dar voz aos excluídos pelo sistema,
desenvolvendo a autonomia e protagonismo dos cidadãos.

É o caso do movimento Capital Juvenil, na cidade de São Miguel Arcanjo


– SP, criado a partir da articulação entre a “Rede de Solidariedade de Atores
Sociais e Culturais da Juventude” que age através de ações específicas com a
pretensão de subverter as mais graves mazelas ocorridas no município, como
o trabalho infanto-juvenil semi-escravo, a prostituição infantil e de jovens e o
aumento constante do consumo de crack e demais drogas entre crianças e
adolescentes, em uma vida mais justa.
Sobre esse trabalho, a equipe do Capital Juvenil, em parceria com as
instituições educacionais da cidade e seus membros, cidadãos comuns,
desenvolveu um diagnóstico da realidade social do município, organizado em
documento e exposto em Audiência Pública, sob o título “Políticas Públicas
Para a Juventude”, com mais de mil propostas, desejos, interesses,
necessidades e denúncias produzidos por boa parte da juventude
sãomiguelense. Esse documento foi entregue ao Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, ao Poder Executivo e ao Poder
Judiciário. Trata-se de um trabalho essencial e necessário para a compreensão
dos direitos e deveres do cidadão, que reflete, participa, dialoga e promove
transformações em sua realidade social.

Trata-se, portanto, de um processo de desalienação, buscando resgatar


a humanidade de cada sujeito, embrutecido pelas desigualdades que
permeiam as ações e os discursos sociais, lutando por uma educação
emancipadora, criadora de espaços comunitários e dialógicos e, portanto,
democráticos, onde cada sujeito tenha direito a voz e a ser agente de
mudanças, para o início da construção de uma sociedade mais justa.

Referências

MÉSZÁROS, istván. Intervenção na abertura no fórum mundial de


educação. Porto Alegre, Brasil, 28/jul./2004. Tradução de T. Brito. Disponível
em:<https://resistir.infor/> Acesso em 27 de jun. 2016.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

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