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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA, TURISMO E HUMANIDADES


LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

Roberta Suélen Rodrigues Alves 728483

PERIODIZAÇÃO DO SETOR ECONÔMICO PRIMÁRIO-EXPORTADOR


BRASILEIRO (1530-1930).

SOROCABA
2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA, TURISMO E HUMANIDADES
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

Roberta Suélen Rodrigues Alves 728483

PERIODIZAÇÃO DO SETOR ECONÔMICO PRIMÁRIO-EXPORTADOR


BRASILEIRO (1530-1930).

Trabalho acadêmico científico


apresentado ao curso de licenciatura em
Geografia para a disciplina Geografia
Humana do Brasil, Universidade Federal
de São Carlos.

Orientação: Prof. Dr. Fernando Campos


Mesquita.

SOROCABA
2017

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ÍNDICE

1. ESCOLHA DA PERIODIZAÇÃO ----------------------------------------------------------4


2. DAS GRANDES NAVEGAÇÕES À DESCOBERTA DAS AMÉRICAS ......... 4
3. A ECONOMIA PRIMÁRIA-EXPORTADORA BRASILEIRA (1530-1930)------6
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ----------------------------------------------------- 14

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1. ESCOLHA DA PERIODIZAÇÃO
A dimensão escolhida para a análise histórica do Brasil foi a
Econômica. Nesse sentido, a periodização pauta-se no setor primário-
exportador brasileiro no interim de 1530 e 1930, para isso, os principais
momentos explorados, tendo em vista a fundamentação utilizada por Celso
Furtado na obra “Formação Econômica do Brasil”, foram, principalmente, o
descobrimento da América a partir das grandes navegações, o ciclo econômico
açucareiro, a expansão mineradora, bem como o ciclo cafeeiro e suas
implicações até o final do século XIX.
Nesse sentido, ao analisar a constituição da economia brasileira, Celso
Furtado parte do plano internacional estabelecendo a oposição entre colônia de
povoamento e de exportação, pois, sem uma adequação da profundidade de
perspectiva, torna-se impossível captar as inter-relações e as cadeias de
causalidade que constituem a os processos econômicos.
Dentro desse aspecto, buscando compreender os processos que
levaram o Brasil a se voltar, primordialmente, ao mercado externo, tornar-se-ia
necessário analisar o modo como foi colonizado e povoado, bem como os
movimentos de expansão e retração de seu mercado produtor relacionados às
demandas e interesses do comércio internacional, levando-o,
consequentemente, a um novo movimento interno na tentativa de estabilizar
sua economia.

2. DAS GRANDES NAVEGAÇÕES À DESCOBERTA DAS AMÉRICAS


Planejando refazer a rota marítima feita por Vasco da Gama em direção
as Índias, os portugueses transpuseram o Oceano Atlântico e, no entanto,
acabaram atracando na região em que, atualmente, situa-se a Bahia. Atrelado
a isso, segundo Sousa (2008, p.1), “quando as naus portuguesas chegaram à
costa brasileira e ancoraram em frente à boca de um rio, deu-se início a
colonização portuguesa no Brasil”.
Partindo-se desse pressuposto, em busca de meios para impulsionar o
seu enriquecimento estatal e com a unificação política ocorrida no final do
século XV, a Espanha, com o intuito de equiparar-se aos portugueses, lançou-
se além-mar. Em uma dessas viagens, Cristóvão Colombo chegou a terras até

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então inexploradas que, posteriormente, receberam o nome de “continente
Americano”. Dentro desse aspecto, segundo Furtado (2007, p.25),
A ocupação econômica das terras americanas constitui um
episódio da expansão comercial da Europa. Não se trata de
deslocamentos de população provocados por pressão
demográfica - como fora o caso da Grécia - ou de grandes
movimentos de povos determinados pela ruptura de um
sistema cujo equilíbrio se mantivesse pela força - caso das
migrações germânicas em direção ao ocidente e sul da Europa.
O comércio interno europeu, em intenso crescimento a partir do
século XI, havia alcançado um elevado grau de
desenvolvimento no século XV, quando as invasões turcas
começaram a criar dificuldades crescentes às linhas orientais
de abastecimento de produtos de alta qualidade, inclusive
manufaturas.

Nessa perspectiva, a descoberta das terras americanas, em seu


prelúdio, se deu de forma secundária para os portugueses, já aos espanhóis, a
exploração de metais preciosos como o ouro e a prata acumulados pelas
civilizações existentes no território em que chegara, representou, a princípio,
uma forma imediata de desenvolver suas riquezas, desse modo, tratou de
“transformar os seus domínios numa imensa cidadela” (FURTADO, 2007, p.26)
logo que pisaram em tal região.
Subsequentemente, a expansão espanhola gerou conflitos com a coroa
portuguesa, desse modo, as disputas marítimas e territoriais foram
parcialmente solucionadas pelo Tratado de Tordesilhas (1494) que, por sua
vez, dividia “o mundo não cristão entre os dois países com base em um
meridiano traçado a 370 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde” (COTRIM,
2005, p.185). Porém, outros países europeus como a Inglaterra, França e
Holanda, discordavam deste acordo e alegavam falta de legitimidade na divisão
estabelecida no “Novo Mundo”.
Nesse sentido, tais nações europeias passaram a apoiar atos de
corsários e diversas expedições contra as descobertas americanas de Portugal
e Espanha, portanto, “a ocupação da América deixa de ser um problema
exclusivamente comercial: intervém nele importantes fatores políticos”
(FURTADO, 2007, p.26). Por conseguinte, a gênese da ocupação econômica
do Brasil se deu mediante pressão política exercida sobre portugueses e
espanhóis, pois, de acordo com os interesses europeus, esses dois países só
tinham direito às terras que, efetivamente, haviam ocupado, dessa forma,

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Quando, por motivos religiosos, mas com apoio governamental,
os franceses organizam sua primeira expedição para criar uma
colônia de povoamento nas novas terras - aliás a primeira
colônia de povoamento do continente -, é para a costa
setentrional do Brasil que voltam as vistas. (FURTADO, 2007,
p.27).

Perante tal ameaça, a solução encontrada pelo rei de Portugal para


ocupar o solo brasileiro foi a exploração agrícola que, com a implantação do
sistema de capitanias hereditárias, passou a constituir parte da economia
reprodutiva europeia, cujos capitais nela aplicados tinham o intuito de criar
bens destinados a fomentação de um modelo primário-exportador.

3. A ECONOMIA PRIMÁRIA-EXPORTADORA BRASILEIRA (1530-1930)


Para proteger das ameaças de invasão o território que descobrira, o rei
de Portugal decidiu ocupá-lo através do povoamento e da colonização, no
entanto, ninguém tinha interesse pelas terras brasileiras, visto que,
Todas as atenções de Portugal estavam voltadas para o
Oriente, cujo comércio chegara neste momento ao apogeu.
Nem o Reino contava com população suficiente para sofrer
novas sangrias; os seus parcos habitantes, que não chegavam
a dois milhões, já suportavam com grande sacrifício as
expedições orientais (JÚNIOR, 2012, p.18).

Dentro desse aspecto, com o intuito de compensar às dificuldades


enfrentadas por aqueles que se propuseram a fazer parte da colonização
brasileira, algumas vantagens lhes eram concedidas, isto é, dividiu-se a costa
brasileira em doze setores lineares, denominadas “capitanias” que, abrindo
mão dos privilégios sobre estas, o rei as doava, com poder soberano, a
titulares que se dispusessem a deixar Portugal e habitar os solos do Brasil
(SOUSA, 2008).
Nesse sentido, no entanto, ao rei português restava a posse sobre tais
terras, o que impedia a compra ou venda das capitanias pelos donatários que,
por sua vez, poderiam repassar o uso do território sob seu comando para seus
respectivos herdeiros e deveriam arcar com todas as despesas de transporte e
estabelecimento de povoadores na área que lhe pertencia.
Visto isso, grandes quantias foram gastas nas primeiras empresas
colonizadoras do Brasil, pois,

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Os donatários que, em regra, não dispunham de grandes
recursos próprios, levantaram fundos tanto em Portugal como
na Holanda, tendo contribuído em boa parte banqueiros e
negociantes judeus. A perspectiva principal do negócio está na
cultura da cana-de-açúcar. [Pois] tratava-se de um produto de
grande valor comercial na Europa. Forneciam-no, mas em
pequena quantidade, a Sicília, as ilhas do Atlântico ocupadas e
exploradas pelos portugueses desde o século anterior
(Madeira, Cabo Verde), e o Oriente de onde chegava por
intermédio dos árabes e dos traficantes italianos do
Mediterrâneo. O volume deste fornecimento era, contudo, tão
reduzido que o açúcar se vendia em boticas, pesado aos
gramas (JÚNIOR, 2012, p.19).

Partindo-se desse pressuposto, ao longo da antiguidade, o açúcar era


uma especiaria exótica utilizada ocasionalmente como tempero, pois, “o
preparo de alimentos adocicados era feito com mel de abelha” (SILVA; SILVA;
2012, p.15). Não se sabe ao certo sobre a origem exata da cana-de-açúcar,
ainda assim, a teoria mais aceita sugere que ela seja nativa das ilhas do
arquipélago da Polinésia e, posteriormente, fora levada para o sul da Ásia.
Subsequentemente, os árabes disseminaram tal cultura canavieira pelo norte
da África e sul da Europa. Contudo, por serem típicas de climas tropicais,
A planta não correspondeu às expectativas em terras
europeias. Com a região mediterrânea constantemente em
guerra, procurou-se dessa planta em outros lugares. Daí viera
culturas nas ilhas da Madeira, implantadas pelos portugueses e
nas Canárias, pelos espanhóis (SILVA; SILVA; 2012, p.15).

Por conseguinte, foi em território brasileiro que o cultivo da cana


encontrou melhores condições de desenvolvimento visto que, o clima quente e
úmido de sua costa litorânea era altamente favorável ao seu crescimento e,
atrelado a isso, a qualidade do solo “revelar-se-ia surpreendentemente
propício” (JÚNIOR, 2012, p.19).
Além disso, tendo, outrora, dado início a produção açucareira em suas
colônias nas ilhas atlânticas, Portugal possuía conhecimento sobre as técnicas
necessárias para consolidar o cultivo, em larga escala, da cana-de-açúcar,
desse modo, “ficou mais fácil implantar esta cultura nas terras brasileiras”
(SITIMA, 2014, p.12). Nesse aspecto, em 1533, Martim Afonso de Souza
fundou, na capitania de São Vicente, o primeiro engenho para produzir açúcar.
Em seguida,

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Novas pequenas plantações de cana foram introduzidas em
várias regiões do litoral brasileiro, passando o açúcar a ser
produzido nos Estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia,
Espírito Santo, Sergipe e Alagoas. De todas essas regiões, a
que mais se desenvolveu foi a de Pernambuco, chegando a ter,
em fins do século XVI, cerca de 66 engenhos. Nessa época, na
Europa, o açúcar era um produto tão cobiçado que foi
apelidado de “ouro branco”, tal era a riqueza que gerava
(SILVA; SILVA; 2012, p.16).

Dentro dessa perspectiva, com o crescimento na demanda externa,


tornou-se necessário explorar e, consequentemente, aumentar a produção
açucareira, por esse motivo o plantio da cana, no Brasil, se dava,
exclusivamente, em regime de monocultura ocupando, por sua vez, grandes
extensões territoriais (COTRIM, 2005).
Nesse aspecto, a mão-de-obra utilizada em tal cultivo foi, inicialmente, a
indígena e, a partir de meados do século XVI, passou a ser de escravizados
vindos da África, pois,
Não somente Portugal não contava com população bastante
para abastecer sua colônia de mão-de-obra suficiente, como
também [...]o português, como qualquer outro colono europeu,
não emigra para os trópicos, em princípio, para se engajar
como simples trabalhador assalariado do campo. A escravidão
torna-se assim uma necessidade (JÚNIOR, 2012, p.21).

Desse modo, além do cultivo açucareiro, desde princípios do século


XVIII, começar-se-ia a produção, em menor escala, do tabaco, pois, tratava-se
de um produto com crescente aceitação europeia e, ademais, segundo Júnior
(2012, p.25), o tabaco era utilizado na aquisição de escravizados por meio do
Escambo na costa da África, e será em grande parte em
função deste negócio que se desenvolverá a cultura brasileira.
Quando em princípios do séc. XIX começam a se estabelecer
restrições ao tráfico, a produção entrará paralelamente em
crise. Mas até esta época será próspera, e embora de segundo
plano e muito inferior à do açúcar, merece algum destaque.

Visto isso, a economia colonial brasileira era baseada, sobretudo, em


dois aspectos. O principal girava em torno dos produtos de exportação, como o
açúcar e o tabaco; o secundário constituía-se pelos produtos acessórios, ou de
subsistência, o qual objetivava “manter em funcionamento aquela economia de
exportação” (JÚNIOR, 2012, p.26). Nesse intento, como a colonização
brasileira destinava-se, primordialmente, ao mercado externo, sua produção e
economia, subordinar-se-iam inteiramente a tal fim.
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Simultaneamente, quando, em 1580, D. Henrique, rei de Portugal,
morreu sem deixar herdeiros, Felipe II, rei da Espanha, invadiu e conquistou o
território português, estabelecendo assim a União Ibérica que, por sua vez,
perdurou até 1640. Com o fim dessa União, desencadeou-se, em Portugal,
uma austera crise econômica, pois, ele dependia, em sua maioria, do comércio
de produtos coloniais para manter sua riqueza e, enquanto esteve sob domínio
espanhol, perdera parte de suas colônias, principalmente, para os holandeses.
De acordo com Cotrim (2005, p.227),
As relações comerciais entre Portugal e Holanda foram
afetadas pelo conflito aberto entre o governo da Espanha e
suas antigas possessões. Como represália à independência
das Províncias Unidas, Felipe II proibiu os produtores e
comerciantes das colônias pertencentes ao império espanhol
de negociar com os holandeses, pretendendo, assim, impor-
lhes um bloqueio econômico que, por sua vez, representou
prejuízo aos holandeses que participavam do negócio do
açúcar colonial brasileiro. Na época, eram os holandeses que
controlavam a lucrativa operação de transporte, refino e
distribuição comercial do açúcar brasileiro, por isso não
queriam perder a fonte fornecedora desse produto: os
engenhos do nordeste da colônia.

Movidos, nesse intento, pela perspectiva do lucro e da necessidade de


dissolver o embargo espanhol, a Companhia das Índias Ocidentais, fundada
em 1621 pelos holandeses, invadiu o litoral pernambucano e, durante cinco
anos, permanecera sob seu comando administrativo. Contudo, insatisfeitos
com as pressões econômicas dos dirigentes desta Companhia, grupos luso-
brasileiros iniciaram, em 1645, uma luta pela expulsão holandesa de tal região.
Após sucessivas derrotas, Portugal e Holanda assinaram acordos que
consolidaram a rendição holandesa (JÚNIOR, 2012).
Nessas condições, durante um século e meio, a produção de açúcar
brasileira representou a única base da econômica primária-exportadora do país
e, até meados do século XVII, o Brasil era o maior produtor mundial deste
produto, somente após tal período é que outras colônias, principalmente a das
Antilhas, figurar-se-iam como sua principal concorrente. Posto isso, segundo
Furtado (2007, p.27),

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Durante sua permanência no Brasil, os holandeses adquiriram
o conhecimento de todos os aspectos técnicos e
organizacionais da indústria açucareira. Esses conhecimentos
vão constituir a base para a implantação e desenvolvimento de
uma indústria concorrente, de grande escala, na região do
Caribe. A partir desse momento, estaria perdido o monopólio,
que nos três quartos de século anteriores se assentara na
identidade de interesse entre os produtores portugueses e os
grupos financeiros holandeses que controlavam o comércio
europeu. No terceiro quartel do século XVII os preços do
açúcar estarão reduzidos à metade e persistirão nesse nível
relativamente baixo durante todo o século seguinte.

Partindo-se desse pressuposto, o ciclo econômico do açúcar estendeu-


se desde o início da colonização em 1530 até o ano de 1760 incluindo, tal
período, o “século do açúcar”, isto é, o interim de 1570 e 1670, que marcaram a
intensa produção e lucratividade do negócio açucareiro. A partir de 1670, de
acordo com Simonsen (1977)
O valor exportado sofreu quedas acentuadas e, em 1760, no
auge do ciclo do ouro, iniciou-se uma fase de expressiva
decadência da cana. Em meados do século XVIII, o valor total
das exportações representavam apenas 60% do que havia sido
no auge do ciclo. Evidenciando-se assim, um movimento de
ascensão, auge e declínio do açúcar entre 1530 e 1760.

Não dispondo, nessa perspectiva, de meios para defender o que lhe


sobrara das colônias quando reconquistou sua independência da Espanha,
Portugal compreendeu que, para permanecer como uma metrópole colonial,
deveria ligar-se “a uma grande potência” (FURTADO, 2007, p.42) firmando,
nesse intento, aliança política e econômica com a Inglaterra. Tal pacto
consistia, primordialmente, entre os portugueses fazendo “concessões
econômicas e a Inglaterra [pagando] com promessas ou garantias políticas”
(FURTADO, 2007, p.43).
Contudo, os ajustes firmados com os ingleses não dissolviam a queda
nos lucros coloniais que a desorganização no mercado do açúcar causara.
Nessa perspectiva, a administração portuguesa iniciou uma busca por novas
fontes de riqueza, reacendendo assim, “o antigo sonho de encontrar ouro no
Brasil” (COTRIM, 2005, p.246). Não obstante, foi somente no final do século
XVII que, em longas jornadas desbravadoras, os bandeirantes encontraram as
primeiras jazidas desta gema no estado de Minas Gerais. A partir disso,
segundo Cotrim (2005, p. 249),

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A produção aurífera brasileira foi bastante significativa nos
primeiros 70 anos do século XVIII. Nesse período, o Brasil
produziu mais ouro do que toda a América espanhola em 357
anos; a quantidade extraída da colônia correspondeu a 50% de
toda a produção mundial entre os séculos XV e XVIII.

Na mesma época, além do ouro, explorou-se, no Brasil, as minas de


diamantes. Desse modo, no século XVIII, a produção brasileira desta gema
consolidou o monopólio exportador colonial português, pois, somente no final
do século XVIII as jazidas minerais africanas foram descobertas (JÚNIOR,
2012). Todavia, a mineração brasileira, ao longo do século XVIII, fora se
esgotando e, consequentemente, a produção desses materiais caíram
brutalmente. Ainda assim, tal atividade produtiva desempenhou, na colônia
brasileira, um importante papel, tendo em vista que,
A sua significação econômica pode ser avaliada pela
dificuldade que representa estabelecer-se um sistema de
transportes eficiente e econômico em região tão irregularmente
ocupada. As transformações provocadas pela mineração
deram como resultado final o deslocamento do eixo econômico
da colônia, antes localizado nos grandes centros açucareiros
do Nordeste (Pernambuco e Bahia). A própria capital da
colônia transfere-se em 1763 da Bahia para o Rio de Janeiro
(JÚNIOR, 2012, p.43).

Posto isso, durante setenta e cinco anos a mineração concentrou todas


as atenções do país e desenvolveu-se mediante a decadência das demais
atividades agrícolas com as quais, outrora, o setor primário-exportador da
colônia brasileira se mantinha. Além disso, no entanto,
O impulso desencadeado pela descoberta das minas permitiu à
colonização portuguesa ocupar todo o centro do continente sul-
americano. É este mais um fato que precisa ser contado na
explicação da atual área imensa do Brasil (JÚNIOR, 2012,
p.44).

Nesse seguimento, até a metade do século XIX, a estrutura econômica


brasileira não diferia do que fora nos seus três séculos anteriores. Com a
ausência de desenvolvimento tecnológico e ainda baseado na mão-de-obra
escrava, a economia do Brasil se manteve imóvel tanto nas etapas de
expansão quanto nas de decadência. Dentro desse aspecto, a carência de
“tensões internas, resultante dessa imutabilidade, é responsável pelo atraso
relativo da industrialização” (FURTADO, 2007, p.48) que, por sua vez, ocorreria
somente na segunda metade do século XIX com a produção cafeeira.

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Assim, perante tal déficit econômico,
O café começa a surgir como nova fonte de riqueza para o
país. Já nos anos 30 esse produto se firma como principal
elemento da exportação brasileira e sua progressão é firme.
Graças a essa nova riqueza forma-se um sólido núcleo de
estabilidade na região central mais próxima da capital do
país[...] (FURTADO, 2007, p.98).

Dentro desse aspecto, o café, introduzido em território brasileiro desde o


começo do século XVIII, era cultivado em muitas regiões, todavia, até tal
período, destinava-se apenas ao consumo local. Sendo assim, com a alta nos
preços ocasionados pela desorganização do “grande produtor que era a
colônia francesa no Haiti” (FURTADO, 2007, p.115), no final deste período, a
produção cafeeira, no Brasil, assumiu demasiada importância comercial.
Partindo-se desse pressuposto, o desenvolvimento do cultivo cafeeiro
ocorreu, inicialmente, na região montanhosa do Vale do Paraíba, pois, existia
ali “relativa abundância de mão-de-obra, em consequência da desagregação
da economia mineira” (FURTADO, 2007, p.116), ademais, por ser uma área
próxima de portos, facilitava o seu escoamento além-mar para o mercado
internacional, desse modo, “a primeira fase da expansão cafeeira se realiza
com base num aproveitamento de recursos preexistentes e subutilizados”
(FURTADO, 2007, p.116).
Nesse sentido, a única semelhança entre a economia do café e do
açúcar era a mão-de-obra, pois, em larga escala, ambas utilizavam-se dos
escravizados africanos. Porém, ao mesmo tempo em que se expandia, a mão-
de-obra empregada no cultivo cafeeiro carecia de soluções, tendo em vista a
proibição do tráfico internacional de escravos em 1850. Dentro dessa
perspectiva, iniciou-se “o movimento de transição do trabalho escravo para o
trabalho livre” (ARAÚJO; SANTOS, 2009, p.127), posto que, havia um grande
contingente de pessoas pobres e livres pelo nordeste brasileiro. Contudo, tais
indivíduos “não tinham interesse em se integrar ao sistema cafeeiro[...] na
medida em que tinham sua subsistência garantida explorando o sistema de
roças” (ARAÚJO; SANTOS, 2009, p.127). Desse modo, a solução encontrada
para resolver a escassez de mão-de-obra foi através do imigrante europeu que,
vindo ao Brasil, trabalharia em regime de assalariamento.

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Nesse sentido, “do capital acumulado na cafeicultura seria possível
fomentar a indústria brasileira” (JUNIOR, 1992, p. 46-47). Sendo assim, mesmo
com o fomento de outras industrias, até o final de 1929, a economia brasileira
ainda era caracterizada como um modelo agrário-exportador que, como
produto principal, baseava-se na produção cafeeira. Assim, de acordo com
Rezende (apud, ARAÚJO; SANTOS, 2009, p. 128), o Brasil “nada mais era do
que um exportador de commodities e importador de produtos industrializados”,
tendo em vista que, vendia matéria-prima e gêneros tropicais para países
europeus e comprava deles seus produtos manufaturados.
Subsequentemente, no início do século XX, a produção cafeeira entrou
em crise de superprodução e, pressionado pelos cafeicultores, o governo foi
forçado a adotar uma política intervencionista de modo a assegurar a
lucratividade deste produto. Perante recursos decorrentes de empréstimos
externos, o Estado passar-se-ia a adquirir e armazenar os excedentes
cafeeiros (MAY, 2009).
Além disso, em 1929, com a quebra da bolsa de valores em Nova
Iorque, tal sistema agrário-exportador entrou em decadência, na medida em
que, perante a crise econômica ocorrida em seu país, os Estados Unidos
diminuiu as importações cafeeiras do Brasil e, consequentemente, as sacas
deste produto caíram de 200 para 21 mil réis (MAY, 2009).
Partindo-se desse pressuposto, a crise na superprodução cafeeira,
sucedida pela Grande Depressão Econômica de 1929, deu início a uma nova
fase na economia brasileira já que, “o governo passou a intervir diretamente no
mercado cafeeiro, adotando o plano de sustentação do preço do café, em
1931” (FURTADO, apud MAY, 2009, p.25). Assim, o volume de café exportado
pouco diminuiu com as sucessivas crises pelas quais passou, no entanto,
houve acentuada queda no preço internacional deste produto. Diante disso, a
primeira metade do século XX marcar-se-ia pela crescente necessidade de
fomentação de um sistema cujo primordial “centro dinâmico é o mercado
interno” (FURTADO, 2007, p.228).

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, R.B; SANTOS, L.S. Café e a industrialização brasileira. 7. ed. São


Paulo: Companhia das Letras. 250 p. 2009.

COSTA, W.C. Celso Furtado e a Formação Econômica do Brasil: uma


interpretação. 2010. 17 p. Mestrado em História – Instituto de Filosofia e
Ciências Humana, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

COTRIM, G. História Global: Brasil e geral. 8. ed. São Paulo: Editora Saraiva.
608 p. 2005.

FURTADO, C. Formação Econômica do Brasil. 34. ed. São Paulo: Companhia


das Letras. 351 p. 2007.

JÚNIOR, C.P. História Econômica do Brasil. 43. ed. São Paulo: Editora
Brasiliense. 280 p. 2012.

JUNIOR, R.C. Brasil: do café à indústria. 9. ed. 300 p. São Paulo: Brasiliense,
1992.

MAY, C.B. A industrialização no Brasil: uma análise histórica e econômica de


suas origens. 2009. 50 p. Monografia em Ciências Econômicas – Centro Sócio-
Econômico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.

SILVA, J.P.N.; SILVA, M.R.N. Noções da cultura da cana-de-açúcar. Goiás: e-


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SIMONSEN, R. C. História econômica do Brasil: 1500/1820. 7. ed. 287 p. São


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SITIMA, M.V.C. Formação Econômica do Brasil: uma resenha da obra de Celso


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Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2014.

SOUSA, M.G. Re-visitando a história: colonização portuguesa e subordinação


cultural. In: ENCONTRO DE ESTUDOS MULTIDISCIPLINARES EM
CULTURA. Bahia: Ed. Universitária UFBA, 15 p., 2008.

REZENDE, C. Economia brasileira contemporânea. 2. ed. 360 p. São Paulo:


Contexto, 1999.

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