Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
SOROCABA
2017
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA, TURISMO E HUMANIDADES
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
SOROCABA
2017
2
ÍNDICE
3
1. ESCOLHA DA PERIODIZAÇÃO
A dimensão escolhida para a análise histórica do Brasil foi a
Econômica. Nesse sentido, a periodização pauta-se no setor primário-
exportador brasileiro no interim de 1530 e 1930, para isso, os principais
momentos explorados, tendo em vista a fundamentação utilizada por Celso
Furtado na obra “Formação Econômica do Brasil”, foram, principalmente, o
descobrimento da América a partir das grandes navegações, o ciclo econômico
açucareiro, a expansão mineradora, bem como o ciclo cafeeiro e suas
implicações até o final do século XIX.
Nesse sentido, ao analisar a constituição da economia brasileira, Celso
Furtado parte do plano internacional estabelecendo a oposição entre colônia de
povoamento e de exportação, pois, sem uma adequação da profundidade de
perspectiva, torna-se impossível captar as inter-relações e as cadeias de
causalidade que constituem a os processos econômicos.
Dentro desse aspecto, buscando compreender os processos que
levaram o Brasil a se voltar, primordialmente, ao mercado externo, tornar-se-ia
necessário analisar o modo como foi colonizado e povoado, bem como os
movimentos de expansão e retração de seu mercado produtor relacionados às
demandas e interesses do comércio internacional, levando-o,
consequentemente, a um novo movimento interno na tentativa de estabilizar
sua economia.
4
então inexploradas que, posteriormente, receberam o nome de “continente
Americano”. Dentro desse aspecto, segundo Furtado (2007, p.25),
A ocupação econômica das terras americanas constitui um
episódio da expansão comercial da Europa. Não se trata de
deslocamentos de população provocados por pressão
demográfica - como fora o caso da Grécia - ou de grandes
movimentos de povos determinados pela ruptura de um
sistema cujo equilíbrio se mantivesse pela força - caso das
migrações germânicas em direção ao ocidente e sul da Europa.
O comércio interno europeu, em intenso crescimento a partir do
século XI, havia alcançado um elevado grau de
desenvolvimento no século XV, quando as invasões turcas
começaram a criar dificuldades crescentes às linhas orientais
de abastecimento de produtos de alta qualidade, inclusive
manufaturas.
5
Quando, por motivos religiosos, mas com apoio governamental,
os franceses organizam sua primeira expedição para criar uma
colônia de povoamento nas novas terras - aliás a primeira
colônia de povoamento do continente -, é para a costa
setentrional do Brasil que voltam as vistas. (FURTADO, 2007,
p.27).
6
Os donatários que, em regra, não dispunham de grandes
recursos próprios, levantaram fundos tanto em Portugal como
na Holanda, tendo contribuído em boa parte banqueiros e
negociantes judeus. A perspectiva principal do negócio está na
cultura da cana-de-açúcar. [Pois] tratava-se de um produto de
grande valor comercial na Europa. Forneciam-no, mas em
pequena quantidade, a Sicília, as ilhas do Atlântico ocupadas e
exploradas pelos portugueses desde o século anterior
(Madeira, Cabo Verde), e o Oriente de onde chegava por
intermédio dos árabes e dos traficantes italianos do
Mediterrâneo. O volume deste fornecimento era, contudo, tão
reduzido que o açúcar se vendia em boticas, pesado aos
gramas (JÚNIOR, 2012, p.19).
7
Novas pequenas plantações de cana foram introduzidas em
várias regiões do litoral brasileiro, passando o açúcar a ser
produzido nos Estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia,
Espírito Santo, Sergipe e Alagoas. De todas essas regiões, a
que mais se desenvolveu foi a de Pernambuco, chegando a ter,
em fins do século XVI, cerca de 66 engenhos. Nessa época, na
Europa, o açúcar era um produto tão cobiçado que foi
apelidado de “ouro branco”, tal era a riqueza que gerava
(SILVA; SILVA; 2012, p.16).
9
Durante sua permanência no Brasil, os holandeses adquiriram
o conhecimento de todos os aspectos técnicos e
organizacionais da indústria açucareira. Esses conhecimentos
vão constituir a base para a implantação e desenvolvimento de
uma indústria concorrente, de grande escala, na região do
Caribe. A partir desse momento, estaria perdido o monopólio,
que nos três quartos de século anteriores se assentara na
identidade de interesse entre os produtores portugueses e os
grupos financeiros holandeses que controlavam o comércio
europeu. No terceiro quartel do século XVII os preços do
açúcar estarão reduzidos à metade e persistirão nesse nível
relativamente baixo durante todo o século seguinte.
10
A produção aurífera brasileira foi bastante significativa nos
primeiros 70 anos do século XVIII. Nesse período, o Brasil
produziu mais ouro do que toda a América espanhola em 357
anos; a quantidade extraída da colônia correspondeu a 50% de
toda a produção mundial entre os séculos XV e XVIII.
11
Assim, perante tal déficit econômico,
O café começa a surgir como nova fonte de riqueza para o
país. Já nos anos 30 esse produto se firma como principal
elemento da exportação brasileira e sua progressão é firme.
Graças a essa nova riqueza forma-se um sólido núcleo de
estabilidade na região central mais próxima da capital do
país[...] (FURTADO, 2007, p.98).
12
Nesse sentido, “do capital acumulado na cafeicultura seria possível
fomentar a indústria brasileira” (JUNIOR, 1992, p. 46-47). Sendo assim, mesmo
com o fomento de outras industrias, até o final de 1929, a economia brasileira
ainda era caracterizada como um modelo agrário-exportador que, como
produto principal, baseava-se na produção cafeeira. Assim, de acordo com
Rezende (apud, ARAÚJO; SANTOS, 2009, p. 128), o Brasil “nada mais era do
que um exportador de commodities e importador de produtos industrializados”,
tendo em vista que, vendia matéria-prima e gêneros tropicais para países
europeus e comprava deles seus produtos manufaturados.
Subsequentemente, no início do século XX, a produção cafeeira entrou
em crise de superprodução e, pressionado pelos cafeicultores, o governo foi
forçado a adotar uma política intervencionista de modo a assegurar a
lucratividade deste produto. Perante recursos decorrentes de empréstimos
externos, o Estado passar-se-ia a adquirir e armazenar os excedentes
cafeeiros (MAY, 2009).
Além disso, em 1929, com a quebra da bolsa de valores em Nova
Iorque, tal sistema agrário-exportador entrou em decadência, na medida em
que, perante a crise econômica ocorrida em seu país, os Estados Unidos
diminuiu as importações cafeeiras do Brasil e, consequentemente, as sacas
deste produto caíram de 200 para 21 mil réis (MAY, 2009).
Partindo-se desse pressuposto, a crise na superprodução cafeeira,
sucedida pela Grande Depressão Econômica de 1929, deu início a uma nova
fase na economia brasileira já que, “o governo passou a intervir diretamente no
mercado cafeeiro, adotando o plano de sustentação do preço do café, em
1931” (FURTADO, apud MAY, 2009, p.25). Assim, o volume de café exportado
pouco diminuiu com as sucessivas crises pelas quais passou, no entanto,
houve acentuada queda no preço internacional deste produto. Diante disso, a
primeira metade do século XX marcar-se-ia pela crescente necessidade de
fomentação de um sistema cujo primordial “centro dinâmico é o mercado
interno” (FURTADO, 2007, p.228).
13
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COTRIM, G. História Global: Brasil e geral. 8. ed. São Paulo: Editora Saraiva.
608 p. 2005.
JÚNIOR, C.P. História Econômica do Brasil. 43. ed. São Paulo: Editora
Brasiliense. 280 p. 2012.
JUNIOR, R.C. Brasil: do café à indústria. 9. ed. 300 p. São Paulo: Brasiliense,
1992.
14