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12. O Sistema Unico DE SAUDE — SUS José Carvalho de Noronha Luciana Dias de Lima Cristiani Vieira Machado O Sistema Unico de Satide (SUS) conforma o modelo ptiblico de agoes e servicos de satide no Brasil. Orientado por um conjunto de principios e diretrizes validos para todo 0 territ6rio nacional, parte de uma concepgio ampla do direitca satide e do papel do Estado na garantia desse direito, incorporando, em sua estrutura institucional e deciséria, espagos € instrumentos para democratizago e compartilhamento da gestao do sistema de sade. A implantacio do SUS tem inicio no inicio da década de 1990, apés a promulgagao da Lei Organica da Sade (lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, complementada pela lei n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990). Posteriormente, reformulam-se os papéis dos entes governamentais na prestacio de servicos ¢ na gestio do sistema de satide, adotam-se novos critérios de tansferéncia de recursos financeiros destinados & satide, criam-se € ampliam-se as instancias colegiadas de negociacao, integragao e deciséo, envolvendo a participagdo dos gestores, prestadores, profissionais de satide e usuarios. Neste capitulo, sdo tratados os principais aspectos que orientam ¢ influenciam a implantagio do SUS até meados da década de 2000. Inicialmente, s4o identificados os marcos legais ¢ normativos para a conformacao do sistema, ressaltando a abrangéncia e a profundidade das mudancas propostas na Constituicao de 1988 ¢ na Lei Organica da Satide. Em seguida, apresentam-se a diversidade de ages e servigos que compoem o sistema, bem como suas formas de organizagio e descreve-se o arcabougo institucional do SUS, incluindo sua estrutura de gestio ¢ insténcias 435 98 Penne € Sean o¢ Sado decis6rias, destacando-se 0 papel das trés esferas de governo, das denominadas comissdes intergestores na Satide ¢ das conferéncias ¢ dos conselhos de Satide. Na secao seguinte, discute-se a importancia do Ministério da fide na regulamentacao especifica do processo de descentraliza- cao de responsabilidades e funcdes para os municipios ¢ estados brasileiros. Enfatizam-se, ainda, alguns fatores estruturais ¢ con- junturais que condicionam a politica de satide desde 0 inicio dos anos 90. A luz desses fatores, na parte final é feito um breve balango dos avancos ¢ das dificuldades enfrentadas em diferentes ambitos estratégicos para a implementagio do SUS, destacando-se desafios existentes. PRINCIPIOS E DIRETRIZES DQ SUS Desde a derrocada do regime militar, 0 Brasil vive uma extra- ria experiéncia de reformas ¢ redefinigao do seu sistema pé- ordin blico de saiide. O marco desse novo tempo foi a 8* Conferéncia Na- cional de Saude, realizada em 1986, em torno dos temas da satide como direito de cidadania, da reformulacao do sistema nacional de satide € do financiamento do setor, que alimentaram um intenso debate travado até a aprovacio da Constituicao de 1988. De certa forma, os temas € diretivas centrais dessa conferéncia persistirao, por um bom tempo, na agenda dos desafios a serem enfrentados na politica de satide brasileira. 8? Conferéncia Nacional de Saiide A origem das conferéncias de Satide precede a publi Savide em 1990, Instituidas pela lein. 378, de 18 de janeiro de 1937, elas tinhiam como principal objetivo propiciar @articulacio do governo federal com os governos estaduais, dotando-o de informacées para formulacao de politcas, paraa concess4o de auxilios e subvenges financeiras. Desde que foram instituidas, as conferéncias sofreram profundas mudangas, mas todas, com maior ou menor intensidade, interferiram nas politicas de satide (Escorel & Bloch, 2005). Assim, a 8 Conferéncia Nacional de Satide é considerada um marco de transformagio desses foruns, sendo fundamental para o processo da reforma do sistema de satide brasileiro desembocado nna Constituigio de 1988. Convocada pelo presidente José Sarney, 2 88 Conferéncia reuniu mais de quatro rill pessoas ¢ contou, pela primeira ver, com ampla participacio das organizagies da sociedade civil de todo 0 pais como delegados eleitos, incluindo as representaces sindicais, das associagées de profissionais de satide, de movimentos populares em © Sita Unica de Side sus satide, do Centro Brasileiro de Estudos de Satide (Cebes), da Associacio Brasileira de P6s-Graduagao em Satide Coletiva (Abrasco). Os principais temas tratados des- dobraram-se nas seguintes diretivas centrais, cujos requisitos continuam validos ainda hoje: 1)a busca da eqiidade; 2) a garantia de acesso universal as ages € aos servigos de saide; 3) 0 aumento do financiamento piiblico do setor satide; 4) a unificagio ea integragio dasacées, do ponte de vista de seu contetido - preventivas, carativas e de reabilitagio—e do ponto de vista de sua gestao, integracao entre os niveis federal, estadiial e municipal de governo e unicidade das estruturas gestoras em cada nivel; ¢5) a atribuigio de maiores poderes & populacio para participar ativamente na formulacio, na implementagio e no controle das agées de satide. Fonte: Escorel & Bloch, 2005. Durante 0 processo constituinte, a grande pressio da sociedade civil e dos movimentos democraticos de esquerda logrou uma coalizio parlamentar suficientemente forte para introduzir no “Titulo VIII ~ Da Ordem Social” um capitulo (II) especifico sobre a seguridade socia! (Brasil, 1988). O contetido ideolégico deste capitulo demonstra a preocupagao com o bem-estar, a igualdade ¢ a justica na sociedade, concretizados com 0 exercicio dos direitos sociais. Seguridade social Modalidade de intervengao especifica do Estado na area social adotada em varios paises desentvolvidos, principalmente no pés-guerra, caracterizada pela distribuicao de beneficios, agGes e servigos a todos os cidados de uma nagio, abrangendo previdéncia, satide, assisténcia social, educaco e outros direitos sociais (Viana & Leveovitz, 2005). No Brasil, a seguridade social foi instituida na Constituigao de 1988 abrangendo a previdéneia, a satide e a assisténcia social. (Para conhecer os modelos de protecio social em satide, leia 0 capitulo 1.) Fonte: Viana & Levcovitz, 2005. No artigo 194, a Constituicio conceitua ¢ estabelece os princfpios da seguridade social. Ela “compreende um conjunto integrado de aces de iniciativa dos poderes publicos e da sociedade, destinadas a assegurar 05 direitos relativos a savide, & previdéncia e A assisténcia social”. Compete a0 Poder Puiblico organizé-la em uma légica universalista ¢ eqiitativa, financiada por fontes diversificadas de receitas de impostos ¢ contribuigoes sociais, dos orcamentos da Unido, dos estados e dos municipios. Nesse contexto, de articulacio e integragio das politicas sociais, foram estabelecidos os fundamentos que, pela primeira vez em nossa histéria, orientaram a inscrigao da satide como direito de todos 0s cidat 437 438 | Pouncas¢ Sous 0¢SaUOE no Beas brasileiros ¢ obrigacao do Estado. Cabe destacar a concepgio ampla da satide adotada na Constituicao de 1988, garantida mediante “politicas sociais € econémicas abrangentes que reduzam o risco de doengas € ou- tros agravos e ao acesso universal € igualitério as ages e servicos para sua promogio, protecao e recuperagéo” (Brasil/1988). Para dar materialidade a politica de saxide, a Constituigio instituiu 0 Sistema Unico de Satide (SUS), definido na lei n. 8.080, de 1990, come: “o conjunto de acées e servicos puiblicos de satide, prestados por érgiios ¢ instituigdes puiblicas federais, estaduais e municipais, da administracio direta ¢ indireta ¢ das fundagées mantidas pelo Poder Piiblico”, Estio incluidos nesta definigao: 1) atividades dirigidas As pessoas, individual ou coletivamente, voltadas par’ promogao da satide e prevengio, diagnéstico, tratamento reabilitagao de agravos e doencas; 2) servigos prestados no ‘imbito ambulatorial, hospitalar e nas unidades de apoio diagnéstico ¢ terapéutico geridos pelos governos (quer seja pelo governo federal, quer seja pelos governos estaduais ou municipais), bem como em outros espacos, especialmente no domiciliar; 3) acées de distintas complexidades € custos, que variam desde aplicagao de vacinas ¢ consultas médicas nas clinicas basicas (clinica , pediatria e ginecologia-obstetricia) até cirurgias diovasculares € wansplantes; méd 4) intervengées ambientais no seu sentido mais amplo, incluindo as condigées produgio ¢ circulacao de bens e servicos, 0 controle de vetores € hospedeiros e a operacio de sistemas de saneamento ambiental; irias nos ambientes onde se vive ¢ se trabalha, na 5) instituig6es piiblicas voltadas para o controle de qualidade, pesquisa ¢ produgao de insumos, medicamentos, sangue ¢ hemoderivados ¢ equipamentos para a satide. Explicita-se que, quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura assistencial & populagio de uma determinada Area, 0 SUS poderd recorrer aos servicos prestados pela ativa privada. A participa¢io complementar dos servigos privados deve s, sendo ser realizada mediante o estabelecimento de contratos ¢ convéni observadas as normas de direito piiblico, os principios éticos © a regulamentagéo expedida pelos érgéos de directo do SUS quanto as condigées para seu funcionamento, controle ¢ fiscalizagao. O SUS, portanto, nao € composto somente por servicos piiblicos, mas também por uma ampla rede de servicos privados, principalmente © Sistema Unico de hospitais e unidades de diagnose e terapia, que s4o remunerados com recursos ptiblicos destinados a saiide. O financiamento oriundo de receitas arrecadadas pelo Estado permite que a totalidade de agdes € servigos prestados no ambito do SUS seja oferecida de forma gratuita, sem que os usuérios tenham que comprovar qualquer forma de contribuicao financeira prévia Os principais princfpios ¢ diretrizes do SUS estabelecidos na Lei Organica da Satide sio: 1) Universalidade de acesso em todos os niveis de assisténcia © acesso universal €a expresso de que todos tém 0 mesmo direito de obter as agées e os servigos de que necessitam, independentemente de complexidade, custo natureza dos servigos envolvidos. Ele implica a substituig¢ao do modelo contributivo de seguro social que vigorou por um longo periodo no Brasil € condicionava 0 acesso dos contribuintes da Previdéncia Social — inicialmente compostos por determinadas categorias profissionais e, posteriormente, pelos trabalhadores inseridos formalmente no mercado de trabalho ~ aos servigos pablicos e privados credenciados ao sistema previdenciario. Com a universalidade, as condigdes socioeconémicas da populacao ¢ a insergao no mercado de trabalho nao devem implicar acesso diferenciado a determinados tipos de servigos, pois os riscos de adoe¢imento e o financiamento passam a ser repartidos de forma solidéria, sendo de responsabilidade de toda a sociedade. 2) Igualdade na assisténcia a satide, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie Este principio reitera que nao pode existir discriminagao no acesso aos servigos de satide, ou seja, nao é aceitavel que somente alguns grupos, por motives relacionados a renda, cor, género ou religiao, tenham acesso a determinados servicos e outros no. Somente razdes relacionadas as necessidades diferenciadas de satide devem orientar 0 acesso ao SUS ¢ a escola das técnicas a serem empregadas no cuidado das pessoas. 3) Integralidade da assisténcia A integralidade é entendida, nos termos da lei, como um conjunto articulado ¢ continuo de ages e servicos preventivos ¢ curativos, individuais ¢ coletivos, exigidos para cada caso em todos os niveis de complexidade do sistema. A idéia é que as acées voltadas para a promogio da satide e a prevengio de agravos ¢ doencas nao sejam dissociadas da assisténcia ambulatorial hospitalar voltadas para o diagndstico, 0 tratamento ¢ a reabilitacdo. Por isso, os profissionais de satide ¢ os gestores do SUS devem empenhar-se em organizar as praticas dos servicos, de modo a permitir que essa integracao ocorra. No ambito mais geral da resus 439 Gestores do SUS No US, definite que ts gestore to or representantes na dos estados, do Dist ‘ito, Federal eda Unito dexignados para o desenvolvimento das fungbes de competéncia do Poder Executvo ma fread snide: Cada ui, Gas estrtaras que tompoem a directo do SUS nos diferentes eis de governo poss tia orgenlagao props Independentemente da cxistencn de wa totoridade sonaria dennistr ou scretérios de Snide), cme estrus tm Ogos gestores, com diferentes fargo: de diresao © Glicia, que partepam ¢ so co-esponsives pla gestio do SUS, em fimces que thes foram aurbuidas em Fegulamentagdo tspectcn, Vocé pade saber mais sobre a participagio social no sistema de satide no capitulo 28, mors € Sst oe Swloe wo Baas 5 politica de satide, a integralidade também remete & articulagio necesséria entre as politicas de cunho econdmico e social no sentido de atuar sobre os determinantes do processo satide doenca ¢ garantir as condig6es satisfatérias de satide da populacio. 4) Participacio da comunidade A participago da comunidade ¢ a garantia de que a populagio, por intermédio de suas entidades representativas, possa participar do processo de formulacao de diretrizes e prioridades para a politica de satide, da fiscalizacio do cumprimento dos dispositivos legais ¢ normativos do SUS e do controle ¢ avaliagéo de agdes e servigos de satide executados nos diferentes niveis de governo. A materializagio desse principio se mbito do SUS pela constituigio dos conselhos de Satide ¢ “io das conferéncias de Satide, que representam um canal permanente de didlogo ¢ interagao entre os gestores, os profissionais de satide € a popula: 5) Descentralizacao politico-administrativa, com diregio tinica em cada esfera de governo, com: a) énfase na descentralizacio dos servicos para os municipios; b) rej da rede de jonalizacio e hierarquiza servigos de satide A descentralizacéo com comando tinico implica que governos estaduais e, principalmente, 0s municipais tenham maior respon- sabilidade e autonomia para decidir ¢ implementar acées ¢ servicos de satide. Ela tem como propésito promover a democratizagao do processo decis6rio © aumentar a capacidade de resposta dos governos em relagao aos problemas de satide de uma dada comunidade, No entanto, visto que os problemas de saiide nao se distribuem uniformemente na Populacio, no territ6rio ¢ no tempo, e envolvem tecnologias de diferentes niveis de especializagao, complexidade custo, faz-se necessirio organizar a rede de servicos do SUS de modo que ela ofereca os sidade. Para isso, € preciso definir os servicos por niveis de atencio (hicrarquizacio) ¢ distribui-los geograficamente (regionalizacao). Em um nivel mais bésico, estariam os servicos dotados de tecnologias ¢ profissionais para realizar os procedimentos mais freqtientemente necessarios (ex.: vacinas, consultas em clinica médica e pediatria, parto normal). Esses servicos deveriam se distribuir o mais amplamente possivel em todo o territério nacional. Em um nivel mais especializado ou complexo, estariam situados os hospitais, os ambulatérios ¢ as unidades de diagnose © terapia capazes de realizar aqueles procedimentos menos freqiientemente necessarios, para os quais nao procedimentos necessarios sem o © Sitems Unico de Saddle - sus € aceitavel ociosidade dadas as implicagées nos custos crescentes so- bre o sistema (ex.: cirurgia cardfaca, ressonncia nuclear magnética, twansplantes de medula dssea). A regionalizacio ¢ a hierarquizacao exigem que os usuarios se- jam encaminhados para unidades mais complexas do sistema quando necessdrio € que possam retornar A sua unidade de origem (correspondente 2 um nivel mais basico do sistema) para acompanhamento (mecanismo de referéncia e contra-referéncia). Isso implica um fluxo adequado de informagées entre as unidades que compéem 0 sistema, sejam elas hospitais, postos de satide, unidades piblicas ou privadas credenciadas ao SUS, situadas em diferentes municipios ou estados. A articulacao de diferentes gestores para promover a integragao da rede de servigos do SUS que transcenda 0 espaco politico-administrativo de um municipio ou estado € uma questio bastante complexa € esbarra em uma série de dificuldades politicas ¢ operacionais. Essa questao voltaré a ser abordada adiante. Para refletir Quais os desafios associados regionalizagio e hierarquizagio do SUS consideran- do-se as desigualdades na distribuicio ferritorial dos servicos de satide no Brasil? Quais as implicagbes das diferengas observadas na oferta de servigos para a conc tizacao dos prineipios do SUS? A titulo de exercicio, acesse 0 site do Datasus do Ministério da Savide () etente organizar algumas infor mages sobre o ntimero de leitos de UTI cadastrados ao SUS conforme a regio e o estado. Reflita sobre as implicagdes da desigualdade na distribuicio desses servigos para garantia do direito, universal ¢ para a equidade e a integralidade da assisténcia & savide no Brasil Dada a abrangéncia das agoes e dos servicos previstos no SUS, as determinagées legais relativas ao ambito de atuacao do Estado na satide sao também bastante amplas. Além da organizagao da rede de assisténcia a satide, compete ao Poder Piblico: a execugio de agées de vigilancia sanitdria, epidemioldgica, satide do trabalhador; a ordenagao de recursos humanos para a satide ¢ a participagio na producao de insumos para a satide e em outras politicas relevantes, como a de saneamento basico, fiscalizagao de produtos ¢ protegio ao meio ambiente. Ressalte-se que varias responsabilidades do Estado na area da satide implicam parceria com outros setores de governo, como o desenvolvimento cientifico € tecnol6gico, a formagao de recursos humanos, a provisio ¢ regulacio de insumos para a satide, a politica industrial, de urbanizacio, saneamento e educagao, por exemple. aa As atribuigaes do Sistema Nacional de Vigilancia Sanitéria sto discutidas no capitulo em detalhes as agdes de vigilincia epidemiologien no capitulo 22 3. Comhega ase EN HENNE pn Os dispositivos mencionados tém as seguintes implicagées para a insergao do SUS como uma politica de Estado: 1) a responsabilidade pela situacao de satide nao é apenas setorial; 2) as politicas econdmicas e sociais devem estar orientadas para a climinagao ou redugio de riscos para a satide; 3) a imtegragao das politicas de satide com as demais politicas ptiblicas é fundamental; 4) a atuacio integrada das trés esferas de governo no Ambito do SUS faz-se necessiria. © Quadro 1 resume os prineipios € diretrizes do SUS como eitos dos cidadaos brasileiros ¢ deveres do Estado. expressiio dos Quadro I ~ Sintese dos principais princfpios e diretrizes do SUS Prinefpios Direitos dos cidadaos Deveres do Estado diretrizes do SUS * Igualdade de todos as agéese aos * Garantia de agdes ¢ servicos necessirios a toda a populacio, sem Universalidade no acesso e igualdade _servicos necessérios para na assisténcia promogio, protecio ¢ recuperacio | da satide. preconceitos ou privilégios de qualquer espécie, independentemente da natureza das goes envolvidas, da complexidade e do custo do atendimento. i * Acesso a um conjunto articulado * Garantia de condigées de atendimento adequadas a0 individuo ¢ a coletividade, de acordo Jades de satide, tendo Integralidade na assisténcia € continuo de acées e servicos | resolutivos, preventivos ¢ curativos, individuais e coletivos, de com as neces’ em vista diferentes complexidades e custos, que reduzam o risco de doengas ¢ agravos € proporcionem o cuidado asatide, integracio das acbes de promocio da savide, a prevengio de doencas e agravos, 0 diagnéstico, 0 tratamento e a reabilitacao. + Articulagao da politica de saiide com outras politicas pablicas, como forma de assegurar uma atuacio intersetorial entre as diferentes areas ‘cujas agdes tenham repercussio na satide e na qualidade de vida das pessoas. © Sitems Unico de Suid Quadro 1 - Sintese dos principais principios e diretrizes do SUS (continuagao) _ Prineipios es. _diretrizes do SUS 5: Direitos dos cidadiios ‘Deveres do Estado Sets Participagao da comunidade + Participagao na formulacio, na fiscalizagio e no acompanhamento a implantagao de politicas de satide nos diferentes niveis de governo, * Garantia de espagos que permitam a participagio da sociedade no proceso de formulagao € implantacio da politica de satide. + Transparéncia no planejamento € na prestagao de contas das aces piiblicas desenvolvidas. Descentralizacio, regionalizacio hierarquizacto de ages ¢ servicas de satide + Acesso a um conjunto de acées e servigos, localizados em seu municipio ¢ préximos & sua residéncia ou ao seu trabalho, condizentes com as necessidades de satide. + Atendimento em unidades de satide mais distantes, situadas em ‘outros municipios ou estados, caso isso seja necéssério para o cuidado asatide. + Garantia de um conjunto de acdes ce servicos que supram as necessi- dades de satide da populacio e apresentem clevada capacidade de resposta 20s problemas apresen- tados, organizados e geridos pelos diversos municipios ¢ estados brasieiros. * Anticulagio e integragio de um conjunto de agies € servigos, de distintas naturezas, complexidades e custos,situados em diferentes tervt6rios poltico-administrativos._| CONFIGURACAO INSTITUCIONAL DO SUS: INSTANCIAS DECISORIAS & ESTRUTURA DE GESTAO © modelo institucional proposto para SUS é ousado no que concerne a tentativa de concretizar o acordo entre os diferentes niveis gestores do sistema e fortalecer © controle social sobre as politicas de satide. Tal arranjo permite que varios atores sociais, mesmo os nao diretamente responsaveis pelo desempenho de fungoes tipicas da gestao dos sistemas ¢ servicos, participem do proceso decisério sobre a politica de satide. ho processo de consulte 0 capitulo: de satide, No Diagrama 1, encontra-se sistematizado 0 arcabougo institucional e decisério vigente no SUS. Para saber mais sobre a participagio dos atores formulacio de politicas, sobre anslise de politicas us Diagrama 1 ~ Arcabougo institucional e decisério do SUS Colegiado aes _ Comissies Representacées participative intergestores de gestores oe in “Estados: Nacional’ Conselho, Ministério da Comissio Gonass_ _Nacional___Saide__ Tripartite _‘wftnicipios Conasems “ Conselhe ‘Secretarias Tomissio Municipios: Esadual peradual Estaduais ___Bipartite _Cosems Conselho Secretarias Municipal Municipal Municipais Fonte: SAS/MS, 2002, Esse modelo pressupde uma articulagéo estreita entre a atuacio de: 1) gestores do sistema em cada nivel de govern decisdo envolvendo a participagéo das diferentes esferas de governo, a Comissio Intergestores Tripartite as comissdes Intergestores Bipartites (uma por estado); 3) conselhos de secretirios de Satide nos fimbitos nacional cestadual; 4) conselhos de Satide nos ambitos nacional, estadual e municipal, além da realizagéo periédica de conferéncias de Satide. No presente capitulo, sto abordados de forma sintética alguns aspectos referentes a0 papel dos gestores ¢ das instancias de negociagao e decisiio do SUS. incias de negociagio e © papel das trés esferas de governo na gestao do SUS A lei n. 8.080, de 1990, define as atribuigées de cada esfera de governo no desenvolvimento das fungées de competéncia do Poder Executivo na satide. A diregio do SUS é nica nos niveis nacional, estadual ¢ municipal, sendo exercida, respectivamente, pelo Ministério da Satide € pelas secretarias de Satide ou érgaos equivalentes. De forma geral, pode-se dizer que os gestores no SUS atuam em dois Ambitos bastante imbricados: 0 politico e o técnico. O ambito politico se expressa no relacionamento constante dos gestores do SUS com outros atores sociais, nos diferentes espagos de negociacio e decisio existentes. O proprio desempenho das fungdes do Poder Executivo, em um sistema politico republicano e democratico como o Brasil, ¢ os objetivos a serem perseguidos na Area da satide exigem a interagio do gestor com os demais drgaos de representagio ¢ atuagio do governo e da sociedade civil organizada Como no SUS existem instancias de negociagao e decisio, envol- vendo a participacao dos diferentes niveis gestores do sistema ¢ de diver- sos segmentos representativos dos interesses da sociedade, destaca-se a Participacdo dos gestores nos conselhos de Satide, nos conselhos de re- Presentagio dos secretarios de Satide (Conselho Nacional de Secretirios de Saiide ~ Conass; Conselho Nacional dos Secretrios Municipais de Satide — Conasems; Conselho dos Secretirios Municipais de Satide dos Estados ~ Cosems), na ‘0 Intergestores Tripartite (CIT) e nas Comissées Intergestores Bipartites (CIBs). Os gestores, portanto, exercem suas fungdes e cumprem com suas responsabilidades na érea da savide de forma compartilhada. A gestio publica da satide é exercida por diversos entes governamentais ¢ nao governamentais e exige a valorizacao e 0 fancionamento adequado dos espacos de representacio € negociacao dos interesses da sociedade. Cabe aos gestores assumirem a lideranga da negoc ao politica voltada para o proceso decis6rio, caracteristica das sociedades democraticas, em defesa da implementagio dos prineipios e diretrizes do SUS. No ambito técnico, a atuagao do gestor do SUS, permanentemente permeada por varjéveis politicas, se consubstancia por meio do exercicio das fungdes gestoras na satide, Tais fungées podem ser definidas como um conjunto articulado de saberes e praticas de gestéo necessérios para a implementagao de politicas na area da satide, exercidas de forma coerente com 0s principios do sistema piiblico de satide ¢ da gestao publica Simplificadamente, podem-se identificar quatro grandes grupos de fungoes ou 'macrofungées’ gestoras nos diferentes campos da atengio a satide, que englobam: I) formulacdo de politicas e planejamento; 2) financiamento; 8) regulacio; 4) prestagio direta de acées ¢ servigos de sade. Regulacio © termo regulagao € bastante genérico, existindo diferentes concepgoes a seu respeito, assim como sobre a regulagéo do Estado na area da saiide. A regulacio no SUS envolve quatro ambitos principais: 1) a regulacio sobre prestadores de servigos: 2)a regulagio de sistemas de satide; 8) a regulagio sanitaria; 4) regulacio de mercados em saide. Nestes ambitos, incluia adocio de um conjunto de estratégias voltadas para a regulamentacio, a coordenacio e aavaliagao de acoes, bens, servicos e sistemas de satide, visando controlar procedimentos e processos, induzir ¢ assegurar determinadas caracteristicas comuns e resultados mais uniformes. Fonte: Machado, 2002. ——— SSS Cada uma dessas funcées compreende uma série de atividades especificas, sendo exercidas de forma diferenciada pelos trés niveis gestores, conforme a definicio da regulamentagao especifica. Dentro da macrofungao As macrofuncoes sgestoras esto relacionadas aos componentes e dos sistemas de savide descritos no capitula 3

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