_____ Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
Órgão : 3ª TURMA CÍVEL
Classe : APELAÇÃO N. Processo : 20140110083696APC (0001992-36.2014.8.07.0001) Apelante(s) : HUMANAS PRESTADORA DE SERVICOS LTDA Apelado(s) : BDI CONSULTORES ASSOCIADOS SS LTDA Relator : Desembargador FLAVIO ROSTIROLA Revisor : Desembargador GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA Acórdão N. : 884390
EMENTA
PROCESSO CIVIL, CIVIL E CONSUMIDOR. AÇÃO DE
REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E MATERIAIS. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PARA A AQUISIÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E POSTERIOR COMPENSAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. RELAÇÃO DE CONSUMO. TEORIA MAXIMALISTA. INADIMPLEMENTO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANOS MATERIAIS. DANOS MORAIS. OFENSA À HONRA OBJETIVA. 1. É remansosa a jurisprudência desta Corte no sentido de que a pessoa jurídica é considerada destinatária final, com base em uma interpretação extensiva do artigo 2º do CDC admitida pela teoria maximalista, se a sociedade empresária adquirir produto ou serviço, não para o fomento da atividade comercial, mas para a satisfação de uma necessidade decorrente do próprio negócio. 2. Constatando-se a falha na prestação do serviço, considerando-se que, ante a ausência de cumprimento da obrigação assumida por meio de contrato verbal de prestação de serviços, houve o pagamento em atraso dos débitos tributários que se tinha a intenção de compensar, acarretando a Código de Verificação :2015ACOHPUILT5GI61GTAAGOELC
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incidência de juros moratórios e multa, mostra-se patente o
dever de indenizar, uma vez que a responsabilidade da requerida é objetiva (Art.14 CDC). 3. Segundo o teor do Enunciado n.227 do c. Superior Tribunal de Justiça: "a pessoa jurídica pode sofrer dano moral". Entretanto, sua configuração depende da cabal demonstração de dano à sua honra objetiva, comprovada por meio da demonstração do abalo da imagem da parte supostamente ofendida no meio em que desempenha as suas atividades. Em outras palavras, mostra-se necessária a demonstração de que o seu "bom nome" restou negativamente afetado. 4. A razoabilidade apresenta-se como critério que deve imperar na fixação da quantia compensatória dos danos morais. Para além do postulado da razoabilidade, a jurisprudência, tradicionalmente, elegeu parâmetros (leia-se regras) para a determinação do valor indenizatório. Entre eles, encontram-se, por exemplo: (a) a forma como ocorreu o ato ilícito: com dolo ou com culpa (leve, grave ou gravíssima); (b) o tipo de bem jurídico lesado: honra, intimidade, integridade etc.; (c) além do bem que lhe foi afetado a repercussão do ato ofensivo no contexto pessoal e social; (d) a intensidade da alteração anímica verificada na vítima; (e) o antecedente do agressor e a reiteração da conduta; (f) a existência ou não de retratação por parte do ofensor. 5. Deu-se provimento ao apelo, para julgar procedentes os pedidos iniciais. Ante a novel sucumbência, condenou-se a ré ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 20, §3º, do Código de Processo Civil.
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ACÓRDÃO
Acordam os Senhores Desembargadores da 3ª TURMA CÍVEL do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, FLAVIO ROSTIROLA - Relator, GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA - Revisor, FÁTIMA RAFAEL - 1º Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador FLAVIO ROSTIROLA, em proferir a seguinte decisão: CONHECER E DAR PROVIMENTO, UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas. Brasilia(DF), 29 de Julho de 2015.
Documento Assinado Eletronicamente
FLAVIO ROSTIROLA Relator
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RELATÓRIO
APELANTE(S): HUMANAS PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA
APELADO(S): BDI CONSULTORES ASSOCIADOS SS LTDA
Cuida-se de apelação cível interposta por HUMANAS
PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA. contra a r. sentença de fls.216/224 que, em ação de reparação de danos morais e materiais ajuizada pela Apelante em desfavor de BDI CONSULTORES ASSOCIADOS SS LTDA. e de SEBASTIÃO BUIATI, julgou improcedentes os pedidos iniciais, nos termos do dispositivo a seguir transcrito (fl.224):
Ante o exposto JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO deduzido pela parte
autora, e assim o faço com resolução do mérito com suporte no art. 269, I do Código de Processo Civil. Por fim, em face da sucumbência, condeno a parte autora no pagamento das despesas processuais e dos honorários advocatícios, que ora arbitro em R$ 1.500,00 [Um mil e quinhentos reais], nos termos do art. 20, § 4º, do Código de Processo Civil. Oportunamente, transitada em julgado, não havendo outros requerimentos, intime-se para recolhimento das custas em aberto, e, após, dê-se baixa e arquivem-se, observando-se as normas do PGC. Publique-se. Intimem-se. Sentença registrada eletronicamente. Sentença proferida em atuação no Núcleo Permanente de Gestão de Metas do Primeiro Grau - NUPMETAS-1.
No recurso de fls.231/240, a parte autora, ora Apelante, sustenta
que haveria contratado os serviços da Requerida com o intuito de adquirir créditos judiciais para a liquidação de tributos federais, realizando, para tanto, o pagamento do valor de R$200.000,00 (duzentos mil reais). Argumenta que a Apelada não teria cumprido a obrigação contratada, acarretando prejuízos materiais e morais à Autora. Aduz que o contrato deveria ter sido cumprido pela Requerida no prazo de 60 (sessenta) dias, contudo, não teria havido compensação do crédito. Em razão da referida circunstância, a Requerida teria emitido 4 (quatro) cheques, cada um no
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valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais), em garantia do contrato. Informa que os
aludidos cheques não se mostrariam suficientes para sanar os prejuízos materiais sofridos e teriam sido devolvidos por insuficiência de fundos, circunstância essa que estaria sendo analisada em ação de execução. Quanto aos prejuízos materiais, acrescenta que teria ficado descapitalizada, compelida a negociar o débito fiscal de forma parcelada, com o acréscimo de juros e multa de 20% (vinte por cento), além de ter perdido contratos de prestação de serviços, em razão de não possuir certidão conjunta. Ressalta que teria sofrido danos morais, em razão do recebimento de correspondência eletrônica enviada pela Casa da Moeda, que seria sua cliente de vários anos, manifestando o seu descontentamento com a empresa, por conta da ausência de certidão, o que teria ensejado o abalo de sua reputação. Preparo recolhido à fl.241. Contrarrazões às fls.250/255, pelo não provimento do apelo. É o relatório.
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VOTOS
O Senhor Desembargador FLAVIO ROSTIROLA - Relator
CONHEÇO do apelo, porquanto satisfeitos os pressupostos de admissibilidade. Adoto, em parte, o relatório da r. sentença (fls.216/219):
Trata-se de AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS, sob a égide do rito
ordinário comum, ajuizada por HUMANAS PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA. em desfavor de BDI CONSULTORES ASSOCIADOS SS LTDA e SEBASTIÃO BUIATI, todos devidamente qualificados nos autos em epígrafe. Alega a parte autora que contratou os serviços da requerida para a aquisição de créditos judiciais para posterior liquidação de tributos federais de R$ 700.000,00 [setecentos mil reais], tendo pago para tanto o valor de R$ 200.000,00 [duzentos mil reais], representado pelas cópias das cártulas de cheque acostadas na inicial. Aduz que, após 8 meses da contratação dos serviços, não foi realizada nenhuma compensação dos débitos tributários em nome do autor e que, em razão disso, foi obrigado a parcelar os débitos tributários e a arcar com a multa pelo atraso do seu pagamento. Tece arrazoado jurídico e, ao final, requer a condenação do réu ao pagamento de R$ 184.240,00 a título de danos materiais e R$ 700.000,00 pelos danos morais que alega ter suportado. Instruem a inicial os documentos de fls. 19/45. Contestação às fls. 133/140. Em síntese, reconhece que realizou contrato verbal para a aquisição de créditos de IPI para a quitação de débitos tributários da Requerente e que não houve estipulação de prazo para tal homologação. Aduz que, em razão da demora da homologação, foram dados em garantia 4 cártulas de cheque, cada uma no valor de R$ 50.000,00 [cinquenta mil reais] até a data da homologação dos créditos e que 2 desses cheques foram depositados prematuramente e estão sendo executados em ação própria. Argumenta que a requerente descumpriu contrato verbalizado entre as partes quando depositou os cheques antes do prazo e que não houve descumprimento contratual pela ré. Assevera que não há relação de consumo entre as partes e que não há dano moral a ser indenizado. Requer a improcedência dos pedidos da inicial. Réplica às fls.
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144/149. Foram rechaçadas as alegações da defesa e repisados os
argumentos da inicial. Determinada a especificação de provas à fl. 151. As partes requereram a oitiva de testemunhas [fls. 153/155]. Decisão saneadora de fl. 157 excluiu o 2º réu do pólo passivo da ação e deferiu o depoimento pessoal das partes. Às fls. 168/177 foi interposto Agravo de Instrumento em face da decisão que excluiu o 2º réu do feito. Decisão de fls. 211/212 negou seguimento ao Agravo por ausência de documento exigível. Audiência de instrução conforme termo de audiência às fls. 192/196. Alegações finais às fls. 199/201 pela parte autora e, às fls. 204/210, pela parte ré.
Ao analisar a demanda, o douto magistrado de origem houve por
bem julgar improcedentes os pedidos iniciais (fls.216/224). No recurso de fls.231/240, a parte autora, ora Apelante, sustenta que haveria contratado os serviços da Requerida com o intuito de adquirir créditos judiciais para a liquidação de tributos federais, realizando, para tanto, o pagamento do valor de R$200.000,00 (duzentos mil reais). Argumenta que a Apelada não teria cumprido a obrigação contratada, acarretando prejuízos materiais e morais à Autora. Aduz que o contrato deveria ter sido cumprido pela Requerida no prazo de 60 (sessenta) dias, contudo, não teria havido compensação do crédito. Em razão da referida circunstância, a Requerida teria emitido 4 (quatro) cheques, cada um no valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais), em garantia do contrato. Informa que os aludidos cheques não se mostrariam suficientes para sanar os prejuízos materiais sofridos e teriam sido devolvidos por insuficiência de fundos, circunstância essa que estaria sendo analisada em ação de execução. Quanto aos prejuízos materiais, acrescenta que teria ficado descapitalizada, compelida a negociar o débito fiscal de forma parcelada, com o acréscimo de juros e multa de 20% (vinte por cento), além de ter perdido contratos de prestação de serviços, em razão de não possuir certidão conjunta. Ressalta que teria sofrido danos morais, em razão do recebimento de correspondência eletrônica enviada pela Casa da Moeda, que seria sua cliente de vários anos, manifestando o seu descontentamento com a empresa, por conta da ausência de certidão, o que teria ensejado o abalo de sua reputação. Da relação de consumo O Código de Defesa do Consumidor adota o conceito de consumidor levando em conta, exclusivamente, o caráter econômico. Para tanto, considera
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consumidor somente aquele que adquire bens ou contrata serviços como
destinatário final, com vistas ao atendimento de uma necessidade própria e não para o desenvolvimento de uma atividade negocial diversa (FILOMENO, José Geral Brito. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelo autores do anteprojeto. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2007. p.28). Sobre o que caracterizaria a pessoa jurídica como destinatária final, a jurisprudência desta Corte mostra-se remansosa no sentido de que, com base em uma interpretação extensiva do artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor, admitida pela teoria maximalista, o diploma consumerista mostra-se aplicável à sociedade empresária que adquire produto ou serviço, não para o fomento da atividade comercial, mas para a satisfação de uma necessidade decorrente do próprio negócio. Confira-se:
APELAÇÃO CÍVEL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE.
TEMPESTIVIDADE. INTERPOSIÇÃO. JUÍZO INCOMPETENTE. MERO EQUÍVOCO. PESSOA JURÍDICA. CONSUMIDOR. DESTINATÁRIO FINAL. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. TEORIA MAXIMALISTA. APLICAÇÃO DO CDC. TELEFONIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NÃO SOLICITADOS. PRÁTICA ABUSIVA. COBRANÇA INDEVIDA. REPETIÇÃO EM DOBRO DO INDÉBITO. 1. Restando demonstrada a intenção de recorrer da sentença de primeiro grau, não se considera intempestivo o apelo que, por mero equívoco do advogado, foi interposto tempestivamente perante Juízo diverso do que tramitara a ação. 2. Admite- se a aplicação do CDC para a sociedade empresária que adquire produto ou serviço não para fomento da atividade comercial, mas para a satisfação de uma necessidade decorrente do próprio negócio, inserindo-se, numa interpretação extensiva do art. 2º do CDC admitida pela teoria maximalista, na condição de destinatária final dos serviços. 3. A alteração de plano de telefonia constituiu prática abusiva se implementada sem a aquiescência da sociedade empresária consumidora, mas também por ter-lhe sido cobrada e, mais ainda, permanecida a cobrança mesmo diante da declaração da empresa consumidora de que não tinha interesse no serviço disponibilizado. 4. Diante da caracterização de abusividade na conduta praticada pela empresa de telefonia, o que, por si só, pressupõe a má-fé no seu cometimento, a repetição do indébito em
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dobro, nos termos previstos no parágrafo único do art. 42 do CDC, é medida
que se impõe. 5. Recurso conhecido e não provido. (20090110283960APC, Relator SANDOVAL OLIVEIRA, 1ª Turma Cível, julgado em 23/03/2011, DJ 31/03/2011 p. 124).
PROCESSUAL CIVIL. CIVIL E CONSUMIDOR. SERVIÇOS DE
TELEFONIA. RELAÇÃO DE CONSUMO. TEORIA MAXIMALISTA. PESSOA JURÍDICA. TRANSFERÊNCIA DE ENDEREÇO PELO PRÓPRIO TITULAR. INEXISTÊNCIA DE DEFEITO NO SERVIÇO. EX-SÓCIO NO EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. ATO ILÍCITO. NÃO OCORRÊNCIA. 1. É remansosa a jurisprudência desta Corte no sentido de que a pessoa jurídica é considerada destinatária final, com base em uma interpretação extensiva do artigo 2º do CDC admitida pela teoria maximalista, se a sociedade empresária adquirir produto ou serviço, não para o fomento da atividade comercial, mas para a satisfação de uma necessidade decorrente do próprio negócio. 2. A inversão do onus probandi não se dá de forma automática - ou, ainda, pelo simples fato de se estar diante de uma relação de consumo -, dependendo do preenchimento de um dos requisitos alternativos insertos no artigo 6.º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, a saber: verossimilhança da alegação ou hipossuficiência do consumidor. 3. Nas relações consumeristas, dispensa- se a comprovação da culpa ou do dolo, em se tratando de apuração de responsabilidade por danos causados a consumidores. O fornecedor de serviços somente não será responsabilizado quando provar culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, o que restou evidenciado no caso. 4. No âmbito cível, aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito (CC, art. 186). Todavia, não constituem atos ilícitos aqueles praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido (CC, art. 188). 5. Ausente comprovação de que o ex-sócio teria agido de má-fé, ao transferir as linhas telefônicas referentes a contrato no qual figurava na qualidade de titular, inviável a pretensão de condenação por danos materiais e morais. 6.Negou- se provimento ao apelo. (Acórdão n.865886, 20130111690223APC, Relator: FLAVIO ROSTIROLA, Revisor: GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA, 3ª Turma Cível, Data de Julgamento: 06/05/2015, Publicado no DJE: 12/05/2015. Pág.: 267).
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Nessas condições, tendo em vista que a Autora revela-se sociedade
atuante no ramo de "seleção e treinamento e desenvolvimento de pessoal, avaliação de desempenho, gestão de processos administrativos, de RH, terceirização de mão de obra temporário e efetiva, fornecimento de lanches, cursos de informática e profissionalizantes e administração" (fl.21), observa-se que o contrato de prestação de serviços entabulado com a Requerida para a aquisição de créditos judiciais para posterior compensação de débitos tributários federais já existentes em nome da Autora, trata-se de necessidade decorrente do próprio negócio, como destinatária final, enquadrando-se tal situação como de consumo, o que impõe a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Dos danos materiais Tratando-se de relação de consumo, aplicável ao caso os termos do artigo 14, caput, do CDC, "o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos". Percebe-se, pois, que eventual responsabilidade da Requerida prescinde da comprovação de que essa teria agido com culpa lato sensu - elemento central da responsabilidade subjetiva. Deveras, na hipótese em tela, cuida-se de típica responsabilidade objetiva (ex lege), cujos requisitos são: o exercício de certa atividade, o dano e o nexo de causalidade entre o dano e a atividade (TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Heloisa Helena; MORAES, Maria Celina Bodin de. Código Civil interpretado conforme a Constituição da República. vol. II. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 805). De maneira mais específica, por estarmos no campo da responsabilidade por dano provocado a "consumidor" em razão da má prestação de serviço (art. 14 do CDC), tais elementos da responsabilidade objetiva podem ser redigidos, como oportunamente observou Zelmo Denari, da seguinte forma: defeito do serviço, evento danoso e relação de causalidade entre o defeito do serviço e o dano (GRINOVER, Ada Pellegrini [et al.]. Código brasileiro de defesa do consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007, p. 202). No caso concreto, tenho como clara a ocorrência dos três elementos da responsabilidade objetiva.
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Na espécie, mostra-se incontroverso que as partes entabularam
contrato verbal de prestação de serviços, objetivando a aquisição de créditos judiciais para posterior compensação de débitos tributários federais já existentes em nome da Autora, ora Apelante, havendo a Requerente realizado, para tanto, o pagamento de R$200.000,00 (duzentos mil reais) à parte ré. De acordo com a Ata de Audiência de Instrução e Julgamento ocorrida em 27/11/2014, realizou-se o depoimento pessoal do representante legal parte autora, o depoimento pessoal do representante parte ré, bem como o depoimento de duas testemunhas da Requerente, os quais passo a transcrever (fls.193/196):
DEPOIMENTO PESSOAL DA PARTE AUTORA (...) que Sr. Buiati
informou que precisava de um deferimento do Juiz para que enviasse a carta à Receita Federal sobre a habilitação do crédito; que Sr. Buiati requereu prazo de 60 dias, prazo igual ao que venceria a certidão do depoente junto à Receita (...)
DEPOIMENTO PESSOAL DO REQUERIDO: (...) que os créditos não
foram homologados até hoje e, por isso, a compensação não foi realizada; que quando vendeu os créditos para Leandro sabia que eles ainda não haviam sido homologados, pensava que estava prestes a serem compensados; que não é proprietário dos créditos e não sabe informar porque eles não foram homologados; que começou a demorar muito e Leandro, com toda razão, reclamou; que passou 4 cheques de 50 mil reais para Leandro, em garantia; que esse valor seria, no mínimo, a devolução dos valores pagos por Leandro; que os cheques foram apresentados e voltaram, tendo o depoente seu nome inscrito nos cadastros de inadimplentes; que não conseguiu pagar a Leandro o valor, tendo em vista que diminuiu muito sua atividade, estando, atualmente, em tratamento contra um câncer; (...) Às perguntas do Autor, respondeu: que no início da negociação não foi estabelecido um prazo para compensação dos tributos; que fez mais de uma previsão para Leandro, não se recordando as datas; que o dono do crédito era quem passava essas previsões ao depoente; que informou a Leandro o que os donos do credito tinham-lhe informado, dando conta de que os créditos estavam em processo
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de habilitação e que tal seria tranqüilo; que Leandro esteve presente em
reunião juntamente com os donos dos créditos em escritório do depoente (...)
DEPOIMENTO TESTEMUNHA- Parte Autora: (...) única coisa que sabe é
que estava presente no momento da negociação entre as partes; que, no dia, era negociação de crédito, mas não sabe informar o tipo do crédito; que a negociação se deu no Escritório da BDI; que estavam presentes o Sr. Buaiti, Leandro e o depoente; que trabalhava como segurança na empresa de Leandro; que sabe que eram créditos tributários, não sabendo informar muito bem; que era uma compra de créditos; que o Sr. Buiati era quem vendia os créditos; que o Sr. Buiati disse que se Leandro pagasse o valor, conseguiria quitar toda a dívida que Leandro tinha em 60 dias; que acompanhou o Leandro outras vezes no escritório e o Sr. Buiati sempre dizia que ia conseguir, mas que ainda precisava de algumas assinaturas, da Receita ou algo do tipo; que Leandro pagou por esses créditos, sendo que o depoente estava presente nesse momento.
DEPOIMENTO TESTEMUNHA- Parte Autora: (...) Às perguntas do Autor,
respondeu: que a empresa de Leandro perdeu, salvo engano, 3 contratos, pois precisava das certidões da Receita Federal para comprovar que estava em dia; que sabe que foi dado um prazo por Buiati a Leandro; que foi comentado ao depoente que esse prazo seria de 90 dias; que conhece a existência desse tipo de negócio de compra e venda de créditos tributários; que esses negócios dão certo na prática. Às perguntas do Réu, respondeu: que não viu contrato referente a essa negociação, mas viu e-mails trocados entre Leandro e Buiati, pois sempre iam com cópia para o depoente; que Leandro foi quem comentou a respeito do prazo de 90 dias e que nos e-mails também era possível aferí-lo; que não participou de nenhuma reunião entre as partes; que se recorda do contrato do STJ que foi perdido, porque era um valor alto; que dos demais não se recorda, pois são muitos contratos; que não se recorda a data em que foi feito o parcelamento.
De acordo com o depoimento pessoal do representante legal da
parte autora, a obrigação assumida pela Requerida no contrato verbal, acerca da
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realização da compensação dos créditos, deveria ter ocorrido no prazo de 60
(sessenta) dias. O depoimento pessoal da primeira testemunha da parte autora confirma que o cumprimento da obrigação deveria ocorrer no prazo de 60 (sessenta) dias. O depoimento pessoal da segunda testemunha da parte requerente, por sua vez, indica que o prazo para o cumprimento da obrigação seria de 90 (noventa) dias. Ainda, na correspondência eletrônica de fl.38, enviada pelo representante legal da Requerida ao representante da Autora, no dia 22/10/2013 - 8 (oito) meses após o contrato - o representante da Ré esclareceu que estaria finalizando o processo, pleiteando o prazo de uma semana para conclusão. Aduziu, ainda, que repararia todos os prejuízos eventualmente sofridos. Analisando-se os depoimentos prestados, bem como a correspondência eletrônica de fl.38, ao que tudo indica, o contrato verbal entabulado entre as partes deveria ter sido cumprido em prazo determinado, em 60 (sessenta) ou 90 (noventa) dias, contudo, não houve o cumprimento da obrigação assumida na avença. No depoimento pessoal de fl.194, o representante da Requerida reconhece que houve demora para o cumprimento do contrato, ensejando a emissão de cártulas no montante pago pela Demandante, com o intuito de ressarci-la. Houve, portanto, falha na prestação do serviço, mostrando-se evidente o dano, bem como o nexo de causalidade, considerando-se que, ante a ausência de cumprimento da obrigação assumida por meio de contrato verbal de prestação de serviços, houve o pagamento em atraso dos débitos tributários que se tinha a intenção de compensar, acarretando a incidência de juros moratórios e multa. Dessa forma, deve a Requerida ressarcir os danos materiais sofridos pela Autora, relativos aos juros e multas incidentes sobre os tributos pagos em atraso, no montante de R$184.240,00 (cento e oitenta e quatro mil duzentos e quarenta reais), consoante documento de fl.40, não impugnado em sede de contestação. Quanto aos consectários legais, nota-se que a correção monetária deve incidir desde o desembolso e aos juros de mora desde a citação, nos termos do artigo 405 do Código Civil. Dos danos morais Segundo o teor do Enunciado n.227 do c. Superior Tribunal de Justiça: "a pessoa jurídica pode sofrer dano moral". Entretanto, sua configuração depende da cabal demonstração de dano à sua honra objetiva, comprovada por meio da demonstração do abalo da imagem da parte supostamente ofendida no
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meio em que desempenha as suas atividades. Em outras palavras, mostra-se
necessária a demonstração de que o seu "bom nome" restou negativamente afetado. Nesse sentido, aliás, é o posicionamento deste Egrégio. Confira-se:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. PROTESTO. CARTA DE ANUÊNCIA. PRAZO
RAZOÁVEL. DANO MORAL. PESSOA JURÍDICA. I- O lapso temporal ocorrido entre o pagamento da dívida e a entrega da carta de anuência para baixa do protesto não foi excessivo a ponto de causar dano moral à empresa-autora. II - O dano moral indenizável da pessoa jurídica é aquele passível de atingir sua honra objetiva, representada pela credibilidade e bom nome na praça comercial, o que não ficou configurado. III - Apelação desprovida. (Acórdão n.872202, 20140111266698APC, Relator: VERA ANDRIGHI, Revisor: ESDRAS NEVES, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 27/05/2015, Publicado no DJE: 09/06/2015. Pág.: 356).
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA
DE DÉBITO. REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. PESSOA JURÍDICA. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. SENTENÇA MANTIDA. 1. Apesar de ser possível a pessoa jurídica sofrer dano moral, nos termos da Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça, ela deve demonstrar a ocorrência de dano à sua honra objetiva, pois esta não se presume. 2. No caso dos autos, não se demonstrou de forma cabal, dano a honra objetiva ou efetivo prejuízo causados à empresa autora, sendo que os transtornos por que passou, não são suficientes para ensejar reparação por danos morais, não se desincumbindo de provar o fato constitutivo do seu direito (art. 333, I do CPC). 3. Se a verba honorária foi bem fixada, quando da apreciação do juiz sentenciante, que observou a proporcionalidade na forma do art. 21 do CPC, deve ser mantida. 4. Recurso conhecido e desprovido. (Acórdão n.862424, 20110111293100APC, Relator: SEBASTIÃO COELHO, Revisor: MARIA DE LOURDES ABREU, 5ª Turma Cível, Data de Julgamento: 22/04/2015, Publicado no DJE: 27/04/2015. Pág.: 321).
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Analisando-se a documentação coligida aos autos, observa-se que a
Autora recebeu correspondências eletrônicas colacionadas às fls.43/44, havendo a Casa da Moeda do Brasil solicitado a regularização de certidão conjunta de tributos federais e dívida ativa, que se encontrava em atraso e estando sujeita a penalidades. Com efeito, em decorrência na falha de prestação de serviço, ante a ausência de compensação dos débitos tributários, mostrou-se inviável que a Requerente emitisse certidão conjunta de débitos relativos aos tributos federais e à dívida ativa, com a qual demonstraria a sua regularidade fiscal, consoante se observa à fl.37. De tal sorte, não há dúvidas de que parte autora sofreu graves prejuízos, com o abalo da sua imagem perante o mercado, ante a impossibilidade de demonstração da sua regularidade fiscal. No particular, tenho como caracterizado o nexo de causalidade entre a conduta praticada pela Requerida, ora Apelada, e o dano experimentado pela Demandante, ora Apelante, devendo esta ser indenizada pelos danos morais experimentados pela conduta abusiva praticada pela Ré. Do quantum indenizatório No tocante ao quantum indenizatório, vale frisar que a fixação dessa verba não pode promover o enriquecimento ilícito da parte, cujos danos morais restarem reconhecidos. A quantia arbitrada deve reparar o prejuízo sem proporcionar o locupletamento do ofendido. No caso, entendo que o valor de R$20.000,00 (vinte mil reais) mostra-se razoável, pelas razões que passo a expor. Boris Padron Kauffmann, após analisar precedentes do STJ, menciona alguns critérios que devem nortear a fixação do valor da indenização: "em relação ao autor do ato danoso, o grau de sua culpa e o seu porte econômico; em relação ao ofendido, o nível socioeconômico; em relação ao ato, a sua potencialidade danosa. Tudo temperado com a moderação". Ao concluir a obra, afirma: "não deve se transformar em causa de enriquecimento, e nem desestimular a atividade lícita. A palavra chave é, sem dúvida, a 'razoabilidade', critério que deve imperar na fixação da quantia compensatória dos danos morais" (O dano moral e a fixação do valor indenizatório. Revista de Direito do Consumidor. vol. 39, p. 75, jul. 2001). Para além do postulado da razoabilidade, a jurisprudência,
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tradicionalmente, elegeu parâmetros (leia-se regras) para a determinação do valor
indenizatório. Entre eles, encontram-se, por exemplo: (a) a forma como ocorreu o ato ilícito: com dolo ou com culpa (leve, grave ou gravíssima); (b) o tipo de bem jurídico lesado: honra, intimidade, integridade etc.; (c) além do bem que lhe foi afetado a repercussão do ato ofensivo no contexto pessoal e social; (d) a intensidade da alteração anímica verificada na vítima; (e) o antecedente do agressor e a reiteração da conduta; (f) a existência ou não de retratação por parte do ofensor. Antes de fixar o quantum, oportuno mencionar Cláudio Roberto Kobayashi que, ao definir o alcance e a extensão do procedimento da responsabilidade objetiva do fornecedor - para o caso do direito consumerista -, assinala: "... a responsabilidade do fornecedor é objetiva, e, portanto, a vítima não tem a necessidade de comprová-lo, contudo o juiz deverá observar o grau de culpa do fornecedor, quanto estiver na eminência de estipular o valor do montante indenizatório" (KOBAYASHI, Cláudio Roberto dos Santos. A fixação do valor da indenização por danos morais nas relações de consumo: um estudo das sentenças do Tribunal de Justiça de Goiás de 2009 a 2010. Revista de direito privado. v. 13, n. 49, p. 189-224, jan./mar. 2012). Vejamos alguns elementos extraídos dos autos que, aliados a esses critérios traçados pela jurisprudência e pela doutrina, auxiliam na fixação do quantum indenizatório. Quanto à forma como ocorreu o ato ilícito, constato culpa grave da Requerida, haja vista que a falha na prestação do serviço decorreu da ausência de cumprimento de prazo previsto pela própria Demandada para o cumprimento da obrigação assumida no contrato de prestação de serviço. Não houve retratação por parte do ofensor, considerando-se que a Ré apresentou contestação às fls.133/138, sustentando que não teria havido estipulação de prazo para a realização da compensação do débito tributário. Ainda, quanto à repercussão do ato ofensivo no contexto pessoal, nota-se que a ausência do cumprimento da obrigação de compensação dos débitos tributários acarretou a perda de contratos de prestação de serviço pela parte autora, ante a inviabilidade de emissão de certidão conjunta, com o intuito de demonstrar a sua regularidade fiscal, bem como o pagamento do débito em atraso, com a incidência de multa e juros. Partindo da premissa levantada e considerando a conduta praticada pela Ré, bem como levando em conta os demais critérios para o arbitramento do valor da condenação, incluindo-se a capacidade econômica do ofensor e a função desestimulante para a não reiteração do ilícito, tenho como razoável o valor de
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R$20.000,00 (vinte mil reais), em atenção às particularidades do caso.
Forte nessas razões, DOU PROVIMENTO ao recurso de apelação , para julgar procedentes os pedidos iniciais, condenando a Requerida ao pagamento de R$184.240,00 (cento e oitenta e quatro mil duzentos e quarenta reais) a título de danos materiais, com a incidência de correção monetária desde o desembolso e juros de mora desde a citação; bem como condená-la ao pagamento de danos morais, no importe de R$20.000,00 (vinte mil reais). Ante a novel sucumbência, condeno a Ré ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 20, §3º, do Código de Processo Civil. É o meu voto.
O Senhor Desembargador GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA - Revisor
Com o relator.
A Senhora Desembargadora FÁTIMA RAFAEL - Vogal
Com o relator.
DECISÃO
CONHECER E DAR PROVIMENTO, UNÂNIME
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