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Esta última forma de transferência é que nos interessará mais profundamente para
realizar este estudo. Para podermos estudar a contratação de serviços de empresas
estrangeiras, é preciso identificar a origem e a natureza das solicitações do sistema
produtivo, bem como os fatores responsáveis pelo seu não atendimento através da
produção científica e tecnológica interna de cada país. O processo de tecnologia
envolve tanto um polo interno, o do know-how, como um polo externo, que reúne
aqueles que vendem tecnologia. A transferência de tecnologia tem relação direta com os
fluxos financeiros criados entre países como também as exportações e importações, os
investimentos e financiamentos externos e a propriedade estrangeira de empresas
instaladas no País.
O Brasil, muitas vezes não tinha recursos internos suficientes capazes de realizar os
investimentos necessários para a busca de tecnologia no exterior. Assim sendo, o país
muitas vezes buscava além da tecnologia e bens de capital mais adequados, o próprio
capital que tornava possível o empreendimento.
Era mais conveniente ao produtor nacional acrescer seu custo para incluir à compra de
tecnologia do exterior, do que realizar gastos de inversão em pesquisa tecnológica, de
elevadíssimo custo. O consumidor, portanto, foi quem arcou com os custos decorrentes
da compra de tecnologia.
O Brasil tem diversos obstáculos internos que contribuem para dificultar ainda mais o
desenvolvimento tecnológico no país. O fato das empresas determinarem a importação
de tecnologia como alternativa mais “rentável” é um deles. O modesto potencial de
pesquisa do Brasil se manifesta na carência de infra-estrutura tecnológica, na escassez e
inadequada distribuição de recursos e de pessoal de nível médio e superior dedicado ás
atividades de pesquisa. Essa reduzida capacidade de pesquisa reflete na inexistência de
economias externas para sua realização. Outra característica típica do país é a
participação crescente das empresas estrangeiras nos setores mais dinâmicos do sistema
produtivo desempenhando um papel inibidor do desenvolvimento tecnológico
autônomo.
Os acordos de licença podem ser estabelecidos tanto entre empresas de um mesmo país,
como entre empresas de países distintos. Nestes últimos o acordo se reverte em maior
complexidade, tanto nos aspectos jurídicos, quanto econômico e financeiro. Os acordos
de licença são, em muitos países, o instrumento principal para a transferência de
tecnologia. Freqüentes acordos de assistência técnica podem ser: a aquisição de know-
how sem intervenção de um acordo de licença, caso em que a tecnologia correspondente
transmite-se mediante uma simples prestação de serviços; aquisição de know-how
mediante acordo de licença que representa uma simples compra, sem continuidade no
fornecimento de dados e informações técnicas; e aquisição de tecnologia mediante
acordo de licença que inclui o fornecimento continuado de informações sobre inovações
ou aperfeiçoamentos futuros.
Pode ser objeto de acordo, segundo a prática internacional, os patentes, aonde o
proprietário da patente geralmente concede com ou sem exclusividade, de manufaturar,
usar ou vender os produtos ou processos patenteados; conhecimentos técnicos, é o
acordo de cessão de conhecimento técnico que pode constituir em desenhos, fórmulas,
instruções de fabricação, etc.; invenções, que podem ser objeto de acordos de licença
tanto patenteadas quanto não patenteadas; marcas comerciais, uma vez registrada a
marca num país estrangeiro, ela poderá ser utilizada.
As principais cláusulas que devem ser tratadas num contrato de transferência são: objeto
contratual, a definição da tecnologia a ser transferida, os melhoramentos tecnológicos e
as garantias do resultado. Quanto a exploração de tecnologia deve-se utilizar as
cláusulas de território, sublicenciamento, assistência técnica e exploração mínima. Há
também as cláusulas consideradas complementares e usuais que são: exclusividade,
licença mais favorita ao licenciado, remuneração, e confidencialidade.
Não obstante tal multiplicidade normativa, são três os aspectos principais devem
ser levados em conta na aquisição de tecnologia do exterior. Em primeiro lugar, a
legislação tributária, em especial do imposto de renda e da recente Contribuição de
Intervenção sobre o Domínio Econômico (CIDE); em segundo lugar a legislação
cambial, especialmente no que toca às remessas contratuais ao exterior; e, finalmente,
as normas e práticas dos órgãos governamentais de controle e intervenção no domínio
econômico, no caso presente, o INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) e o
CADE.
Por disposição legal devem ser averbados/registrados pelo INPI todos os contratos que
impliquem transferência de tecnologia, sejam entre empresas nacionais, ou entre
empresas nacionais e sediadas ou domiciliadas no exterior.
As cláusulas do contrato de tecnologia eram impostas pelo INPI, mas com a Resolução
nº 21/91, do próprio INPI, ficaram as partes contratantes liberadas para a forma
contratual que melhor lhes convier, exigindo-se apenas a averbação do contrato no
próprio INPI que deverá fiscalizar a transferência de tecnologia como também registrará
os contratos de franquia e similares para produzirem efeitos perante terceiros. Além de
produzir efeitos em relação à terceiros, a averbação permite legitimar remessas de
divisas ao exterior, como pagamento pela tecnologia negociada, através da
dedutibilidade fiscal para a empresa receptora da tecnologia pelos pagamentos
contratuais efetuados.
BIBLIOGRAFIA