Introdução

Infecções do trato urinário inferior afetam até 50% das mulheres em idade adulta e são
frequentemente atribuídas a agentes como E.coli. As ITUs também são frequentes em homens
e são recorrentes em indivíduos com anomalias do trato genital, bem como naqueles
submetidos a instrumentação da via urinaria (cateterismo vesical).

ITU recorrente é definida como três episódios de ITU em um ano ou dois episódios ou
mais em um período de seis meses. A itu recorrente representa uma importante fonte de
morbidade e custos em saúde. Antibioticoprofilaxia prolongada reduz a frequência de infecção
urinaria de repetição em mulheres. Entretanto, o uso a longo prazo de antibióticos aumentam
os custos de saúde e o risco de eventos adversos e ainda é capaz de selecionar germes multi
drogas resistentes, bem como alterar a flora intestinal. Até o momento não há recomendação
bem estabelecida como norma para tratamento de profilaxia com antibióticos nos casos de
infecção urinaria de repetição. Além disso, alguns sinais e sintomas de ITUs podem persistir
mesmo na ausência de envolvimento bacteriano, ou com concentração bacteriana na urina
mínima, quase fisiológica, uma vez que as infecções do trato urinário baixo, apresentam um
componente patológico não bacteriano, um componente inflamatório.

Recentemente, o extrato de cranberry foram testados como suplementação nutricional

na prevenção de infecção do trato urinario de repetição naqueles indivíduos de risco, tendo
apresentado resultados mistos. Contudo, as provas de eficácia devem ser consideradas apenas
para fins bem caracterizados e que apresentem resultados reprodutíveis.

As proantocianidinas (PACs) presentes nos cranberries podem bloquear a aderência das

fimbrias tipo P às células epiteliais evitando a colonização por parte da E. coli. As fimbrias-P
medeiam a adesão as celular uroepiteliais pela atividade do gene da adesina P (papG). Além
disso extratos de cranberry, bem como esta desidratada, contem altas concentrações de
polifenois que inibem a aderência da bactéria a mucosa e as células epiteliais no trato urinario
inferior. Alem disso, a bactéria infectante pode apresentar origem intestinal e o trato digestório
pode ser um sitio alternativo de atuação nos quais os componentes do cranberry poderiam
interafir com a E.coli e reduzir a infectividade. Resveratrol, presente nos extratos de cranberry,
diminuem a patogenicidade do agente Proteus Mirabilis por limitar a invasão celular. Em adição,
cranberry é capaz de promover os mecanismos de defesa humoral da mucosa contra os
uropatogenos.

Outras evidencias bem fundamentadas são necessárias para caracterizar melhor a

eficácia de extrato de cranberry na preveção de infecção do trato urinario inferior. O objetivo
deste estudo piloto foi avaliar os efeitos profiláticos da suplementação com um novo produto
(contendo proantocianidinas na faixa de 25-35%), reproduzindo o perfil natural de frutos de
cranyberry, em indivíduos com historia previa de ITU recorrente, tendo sido adotado um
período de seguimento de 2 meses.

Pacientes e Métodos

Este estudo foi registrado como estudo sobre saúde suplementar. Individuos com
historia de infecção urinaria de repetição ( pelo menos três infecção urinarias sintomáticas no
ano anterior ou duas ITUS nos últimos seis meses) foram escolhidos. Os critérios de exclusão
foram os seguintes: alguma condição clinica crônica ou fatores de risco, imunodeprimidos,
portadores de infecções concomitantes de qualquer natureza, hematúria, anibioticoterapia ou
corticoterapia por qualquer razão nos últimos 6 meses, alergia ou intolerância ao cranberry.
Intervenções.

Todos pacientes receberam fosfomicina por um dia. No quinto dia foi realizada coleta
de amostra urinaria , se negativa o sujeito era orientado a inferir uma capsula contendo o
altamente padronizado extrato de cranberry (anthocranTM) durante 60 dias. Todos os
indivíduos também receberam orientações sobre estilo de vida e higiene (lavagem precisa,
micção em momentos corretos, baixa ingesta de cafeína, álcool, especiarias e prática de
atividade física moderada).

Foram registradas as ocorrências de novas infecções do trato urinario durante o

seguimente que se deu por 2 meses. Um novo episodio era definido a partir da ocorrência de
sinais e sintomas de ITU, hematúria e a partir da necessidade da consulta de especialistas.

A eficácia clínica na prevenção de ITUs foi determinada de acordo com três parâmetros:

(I) comparação dos episódios de ITU que ocorriam antes da inclusão no estudo com os que
ocorreram durante o período de registro; (2) Número de indivíduos assintomáticos durante este
períodos, duração do episódios e necessidade de avaliação medica; (3) urinálise normal no final
do período de registro. Todos os parâmetros foram calculados para indivíduos que optaram pelo
uso de extratos de cranberry para e aqueles que optaram pelo não uso desta suplementação.
Também foram realizadas considerações sobre segurança .Todos os dados foram analisados por
estatística descritiva.

Todos os dados foram analisadas foram analisados por estáticas descritivas com base
no estudo modele de Burleigh et al. Foi estimado que seriam necessários 20 individuos por
grupo para avaliar as diferenças dos três parâmetros elencados nos dois grupo ( aqueles que
usaram a suplementação por 60 dias e aqueles que optaram por não fazer o uso). As
diferenças estatísticas foram avaliadas por intermédio do t studente ou Mann-Whitney U-test,
quando necessário. Um valor de p<0,05 foi considerado com significância estatística.

Resultados

No total, 22 pacientes completaram o período de estudo em cada um dois hripos,

constituindo um total de 44 pacientes. A tabela I mostras as características destes grupos. Os
dois grupos foram mostraram-se similares no que tange aos aspcetos idade, gênero e numero
de ITU de repetição antes do inicio do estudo.

A tabela II demonstra o numero de infecções do trato urinario para cada indiviuos. No

grupo dos que fizeram uso do cranberry, foram reportados 75 episodios de ITU nos dois
meses anteriores ao inicio do estudo, comparados com 20 episodios durante o estudo: . A
redução da frequência de episódios de ITU foi 73.3% (p<0,05). Por sua vez, esta redução no
grupo dos que não fizeram uso de tal suplementação foi de 15,4%, logo, tendo sido essa
diferença significativamente estatística (p=0.0012).

Sete dos 22 indiviuos (31,8%) que fazia parte do grupo cranberry não apresenataram
sintomas durante o período do estudo, ao passo que no grupo controle nenhum individuo foi
livre de sintomas (p<0,05). Além disso. A duração dos sintomas no grupo cranberry foi de 2.5
+/- 1.3 dias , enqunado que no grupo controle foi de 3,6 +/- 1,7 dias no grupo controle. 3
paciantes (13,6%) no grupo cranberry e 8 (36,3%) no grupo controle apresentaram
necessidade de consulta médica por sintamas de ITU (p<0,05)
 Nenhum evento adverso foi identificado em nenhum dos grupos. A condormidade com
o cranberyy foi ótima com mais de 95% das doses corretamente usada.

Discussão

Infecções do trato urinario baixo é uma entidade clincia que muitas veze3s não chega
à atenção dos clínicos gerais ou especialistas, mas é manejada pelo sujeitos através da auto-
medicação.

Dentre as terapêuticas de venda sem prescrição o cranberry é particularmente usado,

uma vez que uma serie de componentes do cranberry afeta a evolução patológica da ITU ou da
ITU de repetição. Um aspecto importante é o de que a o cranberry é capaz de minimizar o
componente inflamatório da ITU, ação esta que não é efetivamente combatida pelo uso de
antibióticos.

Os resultados do presente estudos acrescetam mais evidencias a eficácia e segurança

dos extratos de cranberry em indivíduos com historia de infecção urinaria de repetição. Os
sujeitos que fizem o uso correto do extrato de cranberry associado a mudanças de estilo de
vida tiveram resultados clínicos melhores do que aquelas que fizeram apenas mudanças do
estilo de vida. Esta vantagem foi obervada através dos parâmetros de numero de episódios de
ITU, sua duração e sua necessidade de atenção medica. Curiosamente, os sujeitos que
optararam apenas por mudança no estilo de vida desfrutaram de benefícios, demonstrando a
importação destes hábitos na prevenção de ITU.

A necessidade de extratos que reproduzam o perfil natrual da fruta cranyberry é

validada pelos recentes estudos de faramcocinetica que evidenciam ácidos fenólicos e
flavonoides quantificáveis na urina humana após a ingesta de suco de cranberry.

Conclusão.

Devido ao numero global limitado de indivíduos e ao curto período de seguimento dos

mesmos neste estudo, os resultados devem ser considerados preliminares. Grandes estudos
caso-controle com um período de seguimento marioe devem ser realizados também para
investigar o efeito desta formula padronizada de extrato de cranberry na abordagem de outros
agravos (ex. prostatite e ITUs em crianças).

Embora estajamos ainda no aguardo destes novos estudos, as evidencias demonstram

que o extrato de cranberry tem papel na prevenção de episódios de ITU baixa naqueles
indivíduos com história de infecção urinaria de repetição.