Está en la página 1de 13

Prof.

 Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
TJ /SP ESCREVENTE 
Aulas 01 A 13 
 
 

Apresentação

 Promotor de Justiça na área criminal no Estado de Minas Gerais; Mestre em Direito;


Professor em diversos cursos preparatórios para ingressos em cargos públicos;
Professor convidado da Fundação Escola Superior do Ministério Público do Estado
de Minas Gerais; Professor Licenciado na graduação e pós-graduação na
Faculdade de Direito Milton Campos em Minas Gerais; Ex-Defensor Público do
Estado de Minas Gerais.

 Estimados alunos, estaremos juntos nessa caminhada! Sei o tanto que é árduo o
caminho, pois eu passei por ele depois de anos tropeçando. Mas, eu não desisti!
Estaremos firmes e fortes para conseguir alcançar o seu sonho! Contem sempre
comigo!
 
 Facebook (página): Christiano Gonzaga Gomes
 
 E-mail: chrisleo12@hotmail.com
 
 Twitter: @christianoprof

 Instagram: chrisgonzaga

 You Tube (canal): Christiano Gonzaga

 Apostilas: www.estudotop.com.br/loja/desktops/direito-penal

Crimes contra a fé pública

Objeto jurídico é a fé pública.

Necessitam da potencialidade lesiva da falsificação, que é a possibilidade de


dano. Elemento implícito do tipo penal. O falso deve ser capaz de iludir a vítima e
causar-lhe um dano. A potencialidade lesiva deve ser aferida por meio de
laudo pericial, uma vez que os crimes contra a fé pública são não-transeuntes
(deixam vestígios) e exigem prova pericial (CC 84475, STJ).

Moeda falsa

Prof.  Christiano  Leonardo  Gonzaga  Gomes                                                                                                      www.aprovaconcursos.com.br                                    


Página 1 de 13 
 
 
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
TJ /SP ESCREVENTE 
Aulas 01 A 13 
 
 

Objeto jurídico é a fé pública.

Objeto material é o papel-moeda ou a moeda metálica, nacional ou estrangeira.


Cuidado: aqui podem encaixar-se dólar, euro e etc.

Verbos: fabricar, que significa criar uma moeda falsa, ou alterar, que significa
acrescentar algo na moeda verdadeira, como aumentando o valor da moeda.

Crime formal, inexistindo a necessidade de a moeda ser colocada em


circulação e trazer prejuízo a terceiros, bastando a fabricação ou alteração da
moeda. Lembrar que cabe a tentativa em tais crimes, consubstanciada na hipótese
em que o agente é pego quando ia apostar os caracteres identificadores de uma
moeda no papel em branco destinado a isso.

Falsificação de documento

Esse é o ponto mais cobrado em concursos públicos da área federal, pois é um dos
crimes que também mais ocorrem. Por isso, deve ser destrinchado tal tópico.
Antes, deve ser feita a diferença básica entre falsidade ideológica e material,
correspondentes às falsidades que mais são cobradas e que gera muita confusão.

Falsidade ideológica- art. 299, CP. O mesmo tipo penal conjuga tanto o
documento público quanto o documento particular falsificados. Chamada também
de falsidade pessoal. Agente falsifica o conteúdo das ideias. Há um vício sobre
as declarações constantes do documento. Materialmente o documento é
verdadeiro. Não há como provar tal falso por perícia, pois esta não conseguirá
descobrir qual deveria ser a verdadeira ideia lançada no documento, sendo
por isso que deve ser provado o falso por meio de prova testemunhal ou
depoimento do ofendido.

Falsidade material- art. 297 (público) e art. 298 (particular). Cada espécie de falso
tem um tipo penal específico. Agente modifica as características originais do
documento, por meio de rasuras, borrões, emendas, substituição de palavras ou
letras. Chamada também de falsidade externa. O aspecto externo do documento
é modificado, ou seja na forma em que ele se apresenta. O falso é provado por
perícia, pois um expert deverá analisar quais pontos do documento não
correspondem ao original.

Das Fraudes em certames de interesse público

Tipo penal recentíssimo e que foi criado em virtude das inúmeras fraudes a
certames públicos que ocorrem no Brasil. Como antes não existia uma
tipificação para o fato, era difícil a sua inserção em outra figura penal. Agora,
inexiste qualquer óbice para a configuração do delito.

Pela leitura do novel tipo, percebe-se que o legislador cuidou de punir qualquer
fraude a certame público, inclusive para ingresso em universidades

Prof.  Christiano  Leonardo  Gonzaga  Gomes                                                                                                      www.aprovaconcursos.com.br                                    


Página 2 de 13 
 
 
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
TJ /SP ESCREVENTE 
Aulas 01 A 13 
 
 

(vestibulares e ENEM). Ao final, para evitar de ficar de fora qualquer tipo de


processo seletivo em que pode ocorrer a fraude, o legislador usou a expressão
“exame ou processo seletivo previsto em lei”. Esta expressão evita que fique
impunível qualquer tipo de seleção pública ou particular.

Objeto jurídico. Fé pública, como todo crime previsto neste Título.

Objeto material. São as informações sigilosas acessadas pelo sujeito ativo para
beneficiar terceiro ou a si mesmo.

Sujeito ativo. Qualquer pessoa, não se exigindo que seja funcionário público. Se
este praticar o crime, incide uma causa de aumento de pena.

Sujeito passivo. É o Estado enquanto detentor da fé pública, mas também todos


aqueles candidatos que participaram do certame e foram prejudicados por meio da
fraude perpetrada.

Consumação. Crime formal. Basta que o agente divulgue ou utilize o conteúdo


sigilo, sendo desnecessário que alguém seja beneficiado para falar-se em crime. O
benefício obtido por terceiro ensejará o mero exaurimento do tipo penal. A tentativa
é possível no caso concreto, uma vez que o iter criminis é fracionável.

Pena. Cumpre ressaltar que a pena mínima prevista para tal tipo penal possibilita a
aplicação da suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9099/95).

Concurso de crimes. Perfeitamente possível que coexista o tipo penal em tela


com o art. 317 e 333, CP. Ora, se o candidato paga propina para o funcionário
público que tem acesso à prova fornecer-lhe o gabarito, aquele que paga a propina
responde pelo tipo do art. 333 em concurso material com o crime do art. 311-A; já o
funcionário que recebeu a propina responde pelo art. 317 em concurso material
com o art. 311-A. Não há que se falar em conflito aparente de normas, aplicando-
se o princípio da subsidiariedade em relação ao crime mais grave e menos grave,
porque tais condutas ofendem bens jurídicos diversos, ou seja, previstos em títulos
(fé pública e administração pública) diferentes do Código Penal, ocorrendo o
concurso material de delitos (art. 69, CP). Também não há que se falar no princípio
da consunção, pois a ideia de crime-fim absorver crime-meio só se faz presente
quando para o agente chegar ao crime-fim ele tem que passar, necessariamente,
pelo crime-meio, o que inocorre no caso em tela, pois para praticar o art. 311-A,
CP, ele não precisa passar pelos art. 317 e art. 333, CP.

Crimes contra a administração pública

Antes de mais nada, deve ser lembrado o conceito específico de funcionário


público previsto no art. 327, CP. Expressão funcionário público é elemento
normativo do tipo, pois depende de complementação legal para entender o seu
significado. O conceito que deve ser usado é aquele previsto no caput do art. 327,

Prof.  Christiano  Leonardo  Gonzaga  Gomes                                                                                                      www.aprovaconcursos.com.br                                    


Página 3 de 13 
 
 
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
TJ /SP ESCREVENTE 
Aulas 01 A 13 
 
 

CP, não sendo possível usar o conceito cunhado pelo Direito Administrativo, pois o
CP possui conceito próprio para tanto.

No conceito de funcionário público insere-se aquele que exerce alguma atividade


na administração pública sem qualquer remuneração ou até mesmo de forma
transitória. Ex: estagiários e voluntários. São considerados funcionários públicos
para fins penais.

Art. 327, parágrafo 1o. Compreendem-se também no conceito de funcionário


público aqueles que estão equiparados, pois exercem uma atividade típica da
administração pública, apesar de não estar dentro da administração pública em si.

Art. 327, parágrafo 2º. Estão aqui inseridos na majorante os prefeitos,


governadores e presidentes da República (STF Inq. 1769/PA). Chegou-se ao
absurdo de questionar se os chefes dos Poderes Executivos seriam considerados
dentro do conceito “ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou
assessoramento”, para fins de aplicar-se a causa de aumento de pena. Ora, se o
Prefeito nomeia um diretor qualquer e este comete um crime próprio do
funcionalismo público, não seria justo que este último respondesse com a causa de
aumento de pena e aquele que o nomeou também não fosse punido mais
severamente. Esse foi o pensamento do STF no julgado acima citado, como
não poderia deixar de ser. Ainda quanto à causa de aumento em epígrafe,
entendeu-se que inexiste incompatibilidade (“bis in idem”) em aplicá-la em
conjunto com a agravante do art. 61, II, g, CP (“com abuso de poder ou
violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão”), uma vez
que esta agravante refere-se ao ABUSO das funçōes públicas, enquanto que
a causa de aumento do art. 327 relaciona-se apenas à condição de ser
funcionário público (inf. 692/STF).

Médico conveniado pelo SUS é equiparado a funcionário público (Informativo 624,


STF). Ex: aqueles médicos que não são concursados, mas que prestam
serviço mediante convênios para auxiliar a saúde pública.

Advogado conveniado da Prefeitura que presta serviços de advocacia para


pessoas mais humildes, em locais onde não existe a Defensoria Pública também é
considerado funcionário público (REsp 902037/SP).

Súmula 330, STJ. Nos casos de funcionário público, existe a necessidade de


notificação prévia para a apresentação de defesa. Todavia, quando a ação
penal estiver instruída com o inquérito policial (e não com peças de
informação), desnecessária tal resposta preliminar.

Peculato

Crime próprio. Cabe concurso de pessoas em tal tipo penal, nas modalidades
participação e coautoria, uma vez que a circunstância subjetiva “funcionário
público” é elementar do tipo penal, aplicando-se o art. 30, CP, ocorrendo a

Prof.  Christiano  Leonardo  Gonzaga  Gomes                                                                                                      www.aprovaconcursos.com.br                                    


Página 4 de 13 
 
 
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
TJ /SP ESCREVENTE 
Aulas 01 A 13 
 
 

comunicabilidade de tal elemento ao partícipe ou coautor. Ex: estagiário (que é


funcionário público pelo conceito legal) chama um amigo, pessoa comum, para
juntos subtraírem vários computadores da Promotoria de Justiça em que o primeiro
trabalha. Importante ressaltar que o amigo, pessoa comum, sabe da condição de
estagiário do outro (necessidade do elemento subjetivo, sob pena de ocorrer a
responsabilização penal objetiva, apenas baseada no nexo causal, o que é
vedado). Ultimada a subtração, ambos respondem pelo crime de peculato (na
modalidade furto, art. 312, parágrafo 1o, CP), pois houve liame subjetivo,
pluralidade de pessoas, identidade de fato e relevância causal de cada conduta
para a consecução final do resultado (HC 97281/MA, STJ).

Cuidado- se for Prefeito o sujeito ativo, ocorre o crime do art. 1º, Decreto-Lei
201/67. Este Decreto-Lei trata dos crimes cometidos pelo Prefeito, em
redação idêntica aos crimes previstos no CP. Logo, pelo princípio da
especialidade, aplica-se a referida legislação ao Prefeito.

Peculato-uso. Analogicamente, aplica-se aqui a ideia do “furto para uso não é


crime”. Se funcionário público usa a coisa e depois devolve, não ocorre o crime,
salvo quando quem faz o uso é o Prefeito, que incide no art. 1º, II, Decreto-Lei
201/67.

Concussão

É a EXIGENCIA de vantagem indevida. Há a coerção, intimidação ou ordem


(coação psicológica). É algo que causa temor incutido pelo funcionário público (HC
16779/SP, STJ). Crime formal, não se exigindo que o funcionário público de fato
receba a vantagem indevida (REsp 215459/MG). Se isso ocorrer, configura-se
mero exaurimento.

Cuidado: Tal tipo penal possui o preceito primário (caput) mais grave que o crime
de corrupção passiva (Art. 317, CP), mas sua pena (preceito secundário) é
menor. Muito candidato se confunde na hora da prova e confunde essas
questões, mas tudo isso por culpa do legislador que errou ao alterar a pena
dos art. 317 e 333, CP, para 2 a 12 anos e se esqueceu de alterar também a do
delito de concussão, que ficou em 2 a 8 anos.

Corrupção passiva

Art. 317. Lembrar que corruptor enquadra-se no art. 333, sendo exceção
pluralística à teoria monista ou unitária do concurso de pessoas, uma vez que
há concurso de pessoas, mas cada agente enquadra-se num tipo penal diverso.
Lembrar que não se necessita da bilateralidade necessária em tal tipo, ou seja,
para haver a corrupção passiva não deverá existir a corrupção ativa, podendo
subsistir um sem o outro. Ex: policial militar solicita certa quantia para não multar o
motorista, mas este não aceita o pedido de propina. Ocorre, assim, apenas o tipo
do art. 317, CP (Apn 224/SP, STJ).

Prof.  Christiano  Leonardo  Gonzaga  Gomes                                                                                                      www.aprovaconcursos.com.br                                    


Página 5 de 13 
 
 
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
TJ /SP ESCREVENTE 
Aulas 01 A 13 
 
 

Obs: Para que ocorra o crime em tela, necessário se faz que haja correlação entre
o ato almejado pelo corruptor e a função que o funcionário público “comprado”
exerça, isto é, de fato o corrupto possua competência para praticar o ato de
ofÍcio almejado pelo corruptor (REsp 825340/MG).

Verbos:

Solicitar- Diferente da concussão em que o agente exige. Crime formal. Não


exige o recebimento da propina, consumando-se com a simples solicitação.
O recebimento constitui mero exaurimento.

Receber- O corruptor entrega a vantagem sem que o funcionário solicite,


apropriando este da vantagem e praticando o ato de ofício correspondente. Crime
material, devendo ocorrer o recebimento da propina. Tal verbo absorve os
outros dois verbos “solicitar ou aceitar promessa”, caso ocorram no mesmo
momento, em virtude do princípio da absorção. Importante ressaltar também
que a ocorrência do verbo “receber” constitui mero exaurimento do crime do
art. 317, CP, uma que tal fato não é necessário para falar-se em crime.

Aqui é a única hipótese em que se exige a necessidade de bilateralidade da


corrupção, pois se tem alguém recebendo é porque existe alguém que está
dando.

Aceitar promessa de vantagem- O funcionário público consente em praticar o ato


de ofício sem receber a vantagem de imediato, vindo a recebê-la posteriormente.
Crime formal. Não exige o recebimento da propina.

Corrupção própria- agente solicita, recebe ou aceita a vantagem para a prática de


ato ilícito. Recebe propina para aceitar numa licitação um licitante que não tem as
condições necessárias para ganhar o certame.

Corrupção imprópria- agente solicita, recebe ou aceita a vantagem para a prática


de ato lícito. Recebe propina para acelerar um procedimento que está parado na
comissão de licitação, não havendo a prática de nenhum ato ilícito, pois a demora
no procedimento é algo que normalmente não poderia acontecer.

Natureza da vantagem indevida. A lei não afirma ser necessária a vantagem de


natureza econômica, pois usa o termo “indevida”. Assim, a maioria da doutrina
entende que a vantagem quase sempre será de natureza econômica, mas isso
não impede vantagens de outras naturezas como sexual, vingança ou por
vaidade (mostrar que consegue comprar o funcionário público apenas).
Ademais, quando a lei exige vantagem de natureza econômica, ela usa
expressão nesse sentido como no art. 158, CP.

Parágrafo 1º. Exaurimento penalizado. O agente cumpre o prometido (pratica ato


de ofício) e por isso recebe uma reprimenda com a pena aumentada. O STF já
decidiu que a prática do ato de ofício que se almeja constitui também

Prof.  Christiano  Leonardo  Gonzaga  Gomes                                                                                                      www.aprovaconcursos.com.br                                    


Página 6 de 13 
 
 
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
TJ /SP ESCREVENTE 
Aulas 01 A 13 
 
 

exaurimento, uma vez que ele não é exigido para falar-se em consumação do
crime. Inf. 690/STF.

Parágrafo 2º. Tipo penal privilegiado em que inexiste a citada vantagem indevida.
São os chamados “favores” administrativos, que não deixam de constituir
crime. Cede a pedido ou influência de terceiros, sem que receba qualquer
vantagem.

Muito importante: Como o crime é formal e consuma-se com a mera solicitação


da vantagem indevida, restando a entrega efetiva desta como exaurimento do
crime, seria lícito aqueles casos em que o agente é preso quando está recebendo a
vantagem? A resposta negativa se impõe, pois a prisão somente pode ser
feita no momento da consumação do crime, que foi lá atrás quando o agente
solicitou a vantagem, restando a prisão feita no momento do exaurimento
como ilegal e passível de relaxamento (RHC 8735/BA, STJ).

“Caixa dois” e art. 317, CP. No julgamento do Mensalão, AP 470/STF, também


se discutiu a possibilidade de ser ou não crime na forma do art. 317, CP, o
fato de um funcionário público receber verba indevida, alegando que era para
o “caixa dois” de sua campanha política. Ora, de forma magistral, o STF
entendeu que (Inf. 681/STF) qualquer vantagem que o funcionário público
receba constitui a expressão “vantagem indevida” prevista no art. 317, CP,
caindo por terra a alegação da defesa criminal de que o “caixa dois” seria um
crime menos grave.

Violação de sigilo funcional

Art. 325. Trata-se de qualquer violação de sigilo praticada pelo funcionário


público (crime próprio) no exercício da função e que deveria ficar em segredo.
O tipo é bem amplo e permite a punição, inclusive, daqueles que violam dados
sigilosos relativos a inquéritos arquivados e sentenças absolutórias emitidos contra
terceiros e que deveriam ser mantidos de forma sigilosa nos registros criminais
apenas, sem divulgação a terceiros (Informativo 409, STJ).

Lembrete: O fornecimento de senha para acesso a banco de dados da


Administração Pública também configura o crime, como está previsto no parágrafo
1o. Essa questão já foi muito cobrada em provas de 1a etapa, porque é difícil de o
candidato lembrar-se dessa hipótese específica prevista neste artigo.

Tráfico de influência

Crime comum. Até funcionário público pode praticá-lo.

A influência é fraudulenta (simulada), porque se for real ocorre o crime de


corrupção ativa e/ou passiva. No presente tipo, o terceiro que se diz influente, na
verdade não o é. Ele apenas usa de um falso prestígio que goza perante algum
funcionário público para influenciar no ato a ser praticado por ele. Ex: um

Prof.  Christiano  Leonardo  Gonzaga  Gomes                                                                                                      www.aprovaconcursos.com.br                                    


Página 7 de 13 
 
 
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
TJ /SP ESCREVENTE 
Aulas 01 A 13 
 
 

empresário necessita de ganhar uma licitação que está participando em


determinada Prefeitura. Todavia, ele não conhece o Prefeito daquela cidade para
tentar algum tipo de pagamento de propina ou vantagem junto a ele. Nessa
intermediação, surge a figura de um terceiro que se diz influente e que pode
influenciar na conduta daquele Prefeito, sendo que tal influência, na verdade, trata-
se de uma fraude.

Obs: Caso o funcionário público, sabendo dessa intermediação que estava sendo
feito nas suas costas, passe a querer a vantagem, ocorre o crime de corrupção
passiva por parte dele e a tipificação de todos modificará para corrupção
ativa.

Crime formal nas modalidades solicitar, exigir e cobrar, inexistindo a


necessidade da prática do ato de ofício que se almeja ou da entrega da vantagem
indevida. Caso ocorram estas hipóteses, será mero exaurimento. Na modalidade
obter, é crime material, pois supõe que o agente recebeu a vantagem.

Obs: Quem dá a vantagem não responde por nada, pois é delito putativo
(imaginário), uma vez que ele pensa que está praticando o crime de
corrupção ativa, enquanto na verdade tudo não passa de uma verdadeira fraude.
Apenas aquele que solicita, exige, cobra ou obtém a vantagem é que responde por
tal tipo penal.

Corrupção ativa

Primeira observação que muitos se esquecem é de que tal crime é praticado pelo
particular (crime comum) que quer comprar um ato de ofício do funcionário
público.

Lembrete: Trata-se de exceção à teoria monista, pois cada participante da trama


criminosa responderá por um tipo penal diferente (art. 317 e 333, CP) Todavia, a
bilateralidade (concurso de pessoas) não será sempre exigível, uma vez que já se
viu quando do estudo do art. 317 que um tipo pode existir sem a presença do outro.

Prof.  Christiano  Leonardo  Gonzaga  Gomes                                                                                                      www.aprovaconcursos.com.br                                    


Página 8 de 13 
 
 
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
TJ /SP ESCREVENTE 
Aulas 01 A 13 
 
 

O verbo “dar” não foi previsto, sendo isso uma omissão do legislador. Na
prática, quando ocorrer o “dar”, o agente responde porque, em última análise, teve
que antes passar pelo verbo “oferecer”. Tal correção foi feita no tipo penal do art.
337-B, CP, em que se previu o verbo “dar”. Caso seja cobrado em concurso
público, cuidado se na questão estiver falando que o tipo penal do art. 333 previu a
figura do verbo “dar”, pois tal assertiva, de forma abstrata, estará incorreta.

Crime formal, sendo que a consumação não exige a entrega efetiva da vantagem
ou a prática do ato de ofício que se almeja.

Vantagem tem que ser oferecida antes da prática do ato. Depois não é crime,
podendo ser mero presente dado a funcionário público, respondendo este por
eventual ato de improbidade administrativa em virtude de presentes recebidos.

Natureza da vantagem indevida. A lei não afirma ser necessária a vantagem de


natureza econômica, pois usa o termo “indevida”. Assim, a maioria da doutrina
entende que a vantagem quase sempre será de natureza econômica, mas isso
não impede vantagens de outras naturezas como sexual, vingança ou por
vaidade (mostrar que consegue comprar o funcionário público apenas).
Ademais, quando a lei exige vantagem de natureza econômica, ela usa
expressão nesse sentido como no art. 158, CP.

Obs: Também não é crime quando o sujeito ativo oferece vantagem para evitar
que o funcionário público pratique algum ato ilegal contra ele, uma vez que o tipo
penal exige que o ato seja de ofício, supondo, por óbvio, que este seja lícito. Ex:
oferecer dinheiro para o Policial Militar não prendê-lo, sendo que esta prisão era
motivada pelo fato de o P.M. ter “plantado” uma droga dentro de seu carro. Fato
atípico.

Flagrante esperado. Caso o funcionário público que se almeja comprar já sabe de


antemão que os corruptores irão entrar em contato para oferecer a propina, o
flagrante feito no momento do oferecimento da vantagem é considerado
válido, pois o que houve foi mero flagrante esperado e traduz-se em possibilidade
lícita pelo ordenamento jurídico (HC 2467/RJ, STJ), não devendo ser confundido
com o chamado flagrante preparado (súmula 145, STF), que é diferente e não
pode ser aplicado.

Parágrafo único. Exaurimento penalizado. O agente cumpre o prometido (pratica


ato de ofício) e por isso recebe uma reprimenda com a pena aumentada.

Pena. É mesma prevista para o crime de corrupção passiva, uma vez que, por
questões lógicas, não seria proporcional que o corruptor tivesse uma pena
diferente do corrupto. Lembrar que a pena desses dois tipos é maior que a do
crime do art. 316, CP, concussão, que é mais grave apenas no preceito primário.

Pena de 2 a 12 anos. Tal reprimenda foi exarcebada pela Lei 10.763/03, então a
dúvida seria a partir de quando ela deve ser aplicada. Ora, pelo princípio da

Prof.  Christiano  Leonardo  Gonzaga  Gomes                                                                                                      www.aprovaconcursos.com.br                                    


Página 9 de 13 
 
 
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
TJ /SP ESCREVENTE 
Aulas 01 A 13 
 
 

irretroatividade da lei penal mais grave, somente se aplica a partir de sua


vigência, não operando a retroatividade. Porém, muito cuidado para os casos
de crimes continuado e permanente, como ocorreu na AP 470/STF
(Mensalão), pois se o crime começou a ser praticado sob a égide da lei
anterior menos grave e houve o aumento da pena para 2 a 12 anos, mas o
agente continuou praticando tal crime, aplica-se a lei posterior ainda que
mais grave, em virtude da redação da súmula 711/STF (Inf. 685/STF).

Aspecto processual penal. Se o Ministério Público quiser denunciar apenas o


corruptor, isso é possível, não estando obrigado a promover a ação penal contra
corruptor e corrompido, uma vez que o princípio da indivisibilidade da ação
penal somente se aplica à ação penal privada. Informativo 689/STF.

Contrabando e descaminho

NOVIDADE: Lembrar que o legislador separou o descaminho do contrabando


em dois artigos diferentes, tendo também penas diversas. O descaminho
ficou no art. 334 cuja pena é de 1 a 4 anos de reclusão, enquanto que o crime
de contrabando está no artigo 334-A cuja pena de reclusão varia de 2 a 5
anos de reclusão.

Contrabando refere-se à mercadoria proibida. Descaminho refere-se a imposto


(delito tributário). São coisas distintas.

O contrabando tutela o prestígio da Administração Pública, a saúde e a


segurança.

O descaminho tutela o prestígio da Administração Pública e o interesse fiscal do


Estado.

Sujeito ativo é qualquer pessoa. Se for funcionário público que auxilia o particular
em tal crime, há o art. 318.

Sujeito passivo é União apenas no crime de contrabando, porque fala nos verbos
exportar e importar. Já no descaminho pode ser sujeito passivo União (Imposto de
Exportação ou Importação), Estados (ICMS) e Municípios (ISS).

Tipo penal em branco, pois Portaria do Ministério da Fazenda é que diz qual
mercadoria é proibida.

Se o contrabando for de arma de fogo, princípio da especialidade e aplica art. 18,


Lei 10826/03. Mesmo pensamento se o contrabando (importação ou exportação)
for de drogas, em que se aplica o art. 33, Lei 11343/06.

Parágrafo 2º: lembrar que também são punidas as pessoas que fazem
contrabando ou descaminho em sua própria residência.

Prof.  Christiano  Leonardo  Gonzaga  Gomes                                                                                                      www.aprovaconcursos.com.br                                    


Página 10 de 13 
 
 
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
TJ /SP ESCREVENTE 
Aulas 01 A 13 
 
 

Parágrafo 3o: pessoas que possuem aviões particulares ou fretados e praticam


descaminho ou contrabando recebem causa de aumento de pena.

Todo o pensamento aqui externado pode ser aplicado ao art. 318, CP, com a única
ressalva de que neste último que o comete é funcionário público.

Princípio da absorção. Informativo 523/STJ. No caso de agente que pratica


falsidade ideológica (art. 299, CP) com o intuito de evitar o pagamento de tributo
devido pela entrada de produto no país (art. 334, CP), aplica-se a ideia de crime-
fim absorvendo o crime-meio, respondendo o agente apenas pelo crime de
descaminho. Ainda nessa mesma linha, se houver a extinção da punibilidade por
qualquer forma (pagamento do tributo, por exemplo) do crime-fim, impossível de se
continuar o processo quanto ao crime-meio, uma vez que inexistirá autonomia
deste último em relação àquele.

Art. 337-A. Sonegação de contribuição previdenciária

Não se confunde com o art. 168-A, CP, pois neste o agente desconta a
contribuição previdenciária devida pelo empregado, mas a embolsa (apropriação).
No art. 337-A, CP, o agente simplesmente deixa de pagar a contribuição
previdenciária devida (sonegação), por meio das condutas suprimir ou reduzir.

Crime contra o INSS e União, daí a competência ser federal.

Extinção da punibilidade. O parágrafo 1o do art. 337-A, CP, afirma que se o


agente declara e confessa (não é pagamento!) que deve tais contribuições
previdenciárias, até o início da ação fiscal, extingue-se a punibilidade. De outra
feita, se já houver ação fiscal em andamento, pode ensejar a errônea interpretação
que não caberia mais a aludida extinção da punibilidade.

Crimes praticados por particular contra Administração Pública Estrangeira

Todas as observações feitas referentes aos crimes de corrupção ativa e tráfico de


influência são aqui aplicadas, sendo que a única diferença é que o funcionário
público em tela pertence a uma entidade pública estrangeira. Inclusive, há definição
específica do que vem a ser tal funcionário no art. 337-D, CP.

Além disso, lembrar a observação feita de que o crime do art. 337-B, CP,
possui previsão do verbo “dar”, hipótese esta que não está prevista no art.
333, CP.

Falso testemunho ou falsa perícia

Prof.  Christiano  Leonardo  Gonzaga  Gomes                                                                                                      www.aprovaconcursos.com.br                                    


Página 11 de 13 
 
 
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
TJ /SP ESCREVENTE 
Aulas 01 A 13 
 
 

Art. 342, CP.

NOVIDADE: A pena de reclusão de 1 a 3 anos foi alterada para 2 a 4 anos.


Assim, cuidado, pois antes cabia o benefício da suspensão condicional do
processo (art. 89, Lei 9099/95), em virtude de a pena mínima ser igual a 1 ano,
não cabendo mais tal benefício.

Crime de mão própria. Só caberia, em tese, participação, uma vez que nos crimes
de mão própria somente o sujeito ativo em si é que poderia praticá-lo, sendo
impossível, assim, dividir as tarefas com outra pessoa não qualificada para tanto.
Isso para a doutrina dominante. Todavia, STF pensa que pode haver sim
coautoria quando o outro coautor for advogado, uma vez que este possui o
chamado domínio final do fato e não pode ser apenado como simples partícipe
(HC 75037/SP, STF). Tal questão pensada apenas pelo STF já foi cobrada em
muitos concursos públicos e muitos se esquecem, pois estudam apenas doutrina,
enquanto que o pensamento dos Tribunais Superiores é que fazem a diferença.

Obs: Testemunha que se recusa a depor responde pelo crime de desobediência, e


não pelo crime em epígrafe. Réu em processo não responde por tal tipo penal, uma
vez que o crime é expresso para as pessoas elencadas no tipo, inexistindo a figura
do acusado (No Brasil, não se pune o perjúrio).

Desnecessidade do compromisso legal de dizer a verdade ser tomado para


fins de configurar-se o crime, uma vez que tal elemento não está previsto
expressamente no tipo penal (princípio da taxatividade). Logo, mesmo aquele que
depõe sem prestar o aludido compromisso de dizer a verdade responde pelo crime
(HC 66511/RS e HC 73035/DF, ambos do STF).

Consuma-se com o encerramento e assinatura do depoimento falsamente


prestado (HC 73059/SP, STJ).

Teoricamente, cabe tentativa, mas será difícil a sua ocorrência, diante do


parágrafo 2º, que permite a retratação. Esta deve ser feita perante o mesmo órgão
em que foi dado o depoimento falso e antes da sentença (1º grau). Se feita a
retratação depois, pode ter uma atenuante (Art. 65, III, b, CP).

Parágrafo 1º- suborno só se aplica se o perito for nomeado pelo Juiz, ou seja,
tratar-se de perito não-oficial ou particular. CUIDADO: Se for perito oficial
(funcionário público) responde por corrupção passiva (art. 317, CP), caso
receba o aludido suborno, sendo que aquele que ofereceu o suborno responderá
pelo delito de corrupção ativa (art. 333, CP).

Prof.  Christiano  Leonardo  Gonzaga  Gomes                                                                                                      www.aprovaconcursos.com.br                                    


Página 12 de 13 
 
 
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
TJ /SP ESCREVENTE 
Aulas 01 A 13 
 
 

Mensagem final: Sigam firmes no propósito de lograr êxito profissional e sempre


protegidos por Deus.

Prof.  Christiano  Leonardo  Gonzaga  Gomes                                                                                                      www.aprovaconcursos.com.br                                    


Página 13 de 13 
 
 

También podría gustarte