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Educação em aristóteles:

vida, estrutura política


e concepção educacional
Alessandro Barreta Garcia
Universidade Nove de Julho (LIPHIS)
Mestrando da Universidade Nove de Julho na Linha de Pesquisa em História
e Teoria do Trabalho Docente e do Educador Social.

Paolo Nosella
Universidade Nove de Julho (LIPHIS)
P
rofessor do Programa de Mestrado da Universidade Nove de Julho na Linha de Pesquisa
em História e Teoria do Trabalho Docente e do Educador Social.

Na intenção de contribuir para uma fundamentação do trabalho docente e do educador social, o


presente estudo tem por objetivo apresentar elementos relacionados com a vida, estrutura polí-
tica e concepção educacional de Aristóteles. No primeiro momento abordaremos o contexto da
política; e no segundo momento, discorreremos de forma inicial sobre a fundamentação da teoria
educacional de Aristóteles conforme sua obra política.
Palavras chaves: Aristóteles. Educação. História da Educação. Educação Ativa.

The intention of contributing to a statement of teaching and social educator, this study aims to
present aspects of the life, political structure and educational concept of Aristotle. At first discuss
the context of the policy, and the second time, we will discuss in a home on the grounds of the
educational theory of Aristotle as his political work.
Key words: Aristotle. Education. History of Education. Education. Active.

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1 Introdução mens para o âmbito educativo, em comparação
com a contribuição de Aristóteles” (p.10).
Na racionalidade crítica dos diálogos entre, Por conta desta problemática, pergunta-se:
os séculos V e IV a/C, a autonomia do homem podemos observar na vida e obra de Aristóteles,
se sobrepõe às explicações puramente religiosas especificamente na obra Política, uma estrutura
dos deuses, mas não se desvinculam totalmente e concepção educacional da cidade?
delas. Como resultado desses diálogos críticos Aristóteles, sendo freqüentemente rela-
e da oralidade e letramento, o homem livre as- cionado aos caminhos pelos quais se elabora o
simila ideias acerca de um ideal de educação, se conhecimento, conforme se observa na leitura
preparando não só para submeter-se ao destino, de Piletti e Piletti (p, 66, 2004) “O homem se
mas para influenciar e ser agente de transfor- educa na medida em que copia a forma de vida dos
mação, configurando-se, assim, a chamada vir- adultos” (PILETTI e PILETTI, 2004 - p. 66)
tude do guerreiro (JAEGER, 1936). nos faz pré-estabelecer como objeto as obras:
No pensamento crítico da Filosofia a Política (1985), Durant (1996) e Plutarco
Clássica, entre os séculos V e IV a/C, Sócrates, (2005), na expectativa de entender também,
Platão e Aristóteles, distanciavam-se dos pen- um Aristóteles sistematizador da educação.
samentos constitutivos do cosmo, se preocu- Mencionado como um dos primeiros gran-
pando mais com a formação do homem e com des cientistas, naturalistas, e nem sempre como
a formação de suas virtudes. As filosofias críti- um educador da antiguidade com ideias que se
cas, nascentes no período clássico, apresentam- relacionam a um sistema de educação, observa-
nos uma maior reflexão, propondo, a partir de se ainda conforme Aranha (2006), que pelo
cada filósofo, sugerir uma explicação diferente modelo teórico de Aristóteles, podem-se poten-
de educação, bem como caminhos diferentes na cializar as qualidades pessoais por meio de uma
busca da verdade, de uma metafísica. educação, que pretenda tornar a pessoa o que
Por meio de uma leitura previa da História ela é realmente, na sua essência.
da Educação antiga (LUZURIAGA, 1983; A fim de elucidar nossa problemática, o
ARANHA, 2006), observa-se que Aristóteles objetivo deste trabalho é demonstrar, por meio
não é descrito por desenvolver um sistema edu- das obras: Política (1985), Durant (1996) e
cacional, embora seja considerado um grande Plutarco (2005), a vida, estrutura e concepção
educador. Por outro lado, observa-se, também, educacional de Aristóteles. Enfim pretendemos
grande ênfase ao sistema educacional de Platão. demonstrar que Aristóteles pode ser entendido
Nesse sentido, buscamos saber um pouco mais como educador tanto quanto seu consagrado tí-
a respeito da vida, estrutura e concepção educa- tulo de mestre das ciências.
cional de Aristóteles. Nesse sentido, não é demais rediscutir te-
Conforme Hourdakis (1998) indica que mas da antiguidade grega, sempre que eles se
Aristóteles deve ser revisto como um educador apresentem na modernidade ou na contempo-
e não merece ser comparado ou desvalorizado raneidade, como fundamentais para uma didá-
em comparação a Platão e Isócrates. Ainda as- tica aprofundada ou mesmo para a própria me-
sim, Hourdakis (1998) explica que é nítida uma mória da História da Educação antiga. Temas
“supervalorização da contribuição desses dois ho- do passado se tornam essenciais, principalmen-

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te quando são reescritos a partir de releituras grande e posteriormente inaugurou uma esco-
sistemáticas, rigorosas e específicas. la denominada de Liceu. Acreditava-se ainda,
Ainda assim, salienta-se que o entendi- que Aristóteles teria feito parte de um grupo de
mento de personagens da antiguidade no âmbi- médicos, conhecido como a fraternidade médi-
to da educação grega é importante para se com- ca de Asclepíades.
preender os posteriores períodos da história da Aristóteles é conhecido por criar a ciência
educação. E notadamente uma interpretação da lógica. Uma de suas obras em destaque, in-
parcial ou mesmo a falta de informações pode- titulada de Organom, foi traduzida por Boécio
ria de algum modo repercutir nas interpreta- passando a ser largamente utilizada como refe-
ções futuras da educação mundial. rencial na Idade Média (DURANT, 1996).
Sua formação se iniciou por uma educação
médica, posteriormente por seus estudos com
2 O estado e o indivíduo o mestre Platão. Subsidiado por seu impor-
na educação e na política tante aluno Alexandre o Grande, Aristóteles
de aristóteles se tornou um perito nas classificações. Durant
(1996) cita:
Ao iniciar uma observação a respeito
dos pensamentos políticos e educacionais de Aristóteles responde que toda boa de-
Aristóteles é preciso nos situar ao seu redor, finição tem duas partes, afirma-se so-
ao redor de sua vida. Aristóteles foi um dos bre dois sólidos pés: primeiro encaixa
mais importantes filósofos da antiguidade gre- o objeto em questão numa classe ou
ga e continua sendo na contemporaneidade. grupo cujas características gerais são
Conforme a apresentação de Mário da Gama também as dele – assim, o homem é,
Kury, no livro Política de Aristóteles, esse filó- antes de tudo, um animal; segundo,
sofo é considerado um pensador da antiguidade indica os pontos em que o objeto dife-
com ideias modernas (ARISTÓTELES, 1985). re de todos os outros membros de sua
Aristóteles não era um grego. Nasceu classe – por isso, o homem, no siste-
em Estágira cidade-estado que pertencia à ma aristotélico, é um animal racional
Macedônia, que na época era uma colônia grega, (DURANT, 1996 p. 77).
que se configurava como uma cidade de grande
expressão. Segundo Plutarco (2005), Estágira Aristóteles é um universalista, portan-
havia sido destruída pelos exércitos macedôni- to, suas observações a partir do real servem
cos e posteriormente restaurada por Felipe (Rei para generalizar suas classificações. Estes
da Macedônia) a pedido de Aristóteles. dados iniciais nos trazem uma primeira ob-
Filho de Médico, Aristóteles fora influen- servação acerca do pensamento científico de
ciado por seu pai Nicômaco a ter um gosto Aristóteles. Posteriormente, poderemos iden-
apurado pela Natureza que faria parte de suas tificar a repercussão dessa visão na Política e,
características metodológicas. Segundo Durant assim, entendermos seu ideal de Educação, a
(1996), Aristóteles se especializou em Biologia, partir de uma triangulação: realismo, observa-
foi aluno de Platão, preceptor de Alexandre o ção e classificação.

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A preocupação de Aristóteles com a cida- As classificações de Aristóteles são bem
de-estado está relacionada à ideia de felicidade, caracterizadas pelas suas divisões entre o meio
proporcionando aos seus cidadãos uma convi- social. Quando se fala de locais para uma práti-
vência justa e organizada, que deveria ser uma ca esportiva, Aristóteles menciona que:
das metas de um bom governante. Deve-se,
então, ter uma organização social para que tal O lugar será ainda mais agradável se nele
cidade se torne feliz. Uma cidade justa e mo- forem construídos os recintos para a gi-
ral se encontram nos principais objetivos de nástica dos cidadãos mais idosos (convém
Aristóteles ao falar de Cidade. que esta instituição também seja separa-
Nesse sentido, Aristóteles diz: da de acordo com as faixas etárias, e que
“Evidentemente a melhor forma de gover- alguns altos funcionários permaneçam
no é aquela em que qualquer pessoa, seja entre os meninos, em quanto os cidadãos
ela quem for, pode agir melhor e viver feliz” mais idosos fiquem entre os altos funcio-
(ARISTÓTELES, 1985, p. 223- 1324a). nários, pois a presença dos altos funcio-
Um bom governo para Aristóteles é aque- nários gera a verdadeira modéstia e o res-
le que proporciona aos seus cidadãos uma vida peito dos homens) (ARISTÓTELES,
justa, boa, bela e feliz. E a primeira micro-es- 1985, p. 247-1331b).
trutura dessa organização governamental é a
família. Segundo Aristóteles: “A função do bom Aristóteles é um especialista nas classifi-
legislador é estudar a maneira de uma cidade, ou cações, elas lhe serviriam para separar grupos
uma raça de homens, ou qualquer outra comuni- e estudar profundamente suas organizações,
dade, participar de uma vida melhor e da felicida- tanto no âmbito político, como no educacional.
de ao seu alcance” (ARISTÓTELES, 1985, p. Sua cidade ideal, e seu governo ideal primavam
225- 1325a). por uma organização e categorização dos gover-
Para tanto, uma cidade governável só pode nos e grupos. Nesse caso Aristóteles esclarece:
ser auto-suficiente quando não tem um número
excessivo de cidadãos. É óbvio para Aristóteles A esta altura deve estar claro, então,
que uma cidade extremamente populosa é qua- que todos os homens aspiram a uma
se impossível de ser governada, dificultando o vida melhor e à felicidade, mas embora
alcance a uma vida justa e feliz. Por outro lado, tenha condição de atingir esses objeti-
uma cidade-estado muito aquém das expectati- vos, outros não as têm. Por uma ques-
vas habitacionais, não seria auto-suficiente. A tão de má sorte ou de natureza (de fato,
auto-suficiência nesse sentido seria um fator de- a vida melhor requer alguns recursos,
terminante no governo de uma cidade-estado. embora estes sejam menos necessários
Certamente essa é uma preocupação a homens de melhor disposição natural
Política de Aristóteles e, para tal formulação e mais necessários aos de pior dispo-
geral, sua base científica é a realidade, observa- sição); outros, apesar de terem condi-
ção e classificação. A partir de uma observação ções, não tomam o caminho certo em
do real, poder-se-ia classificar os fenômenos e busca da felicidade (ARISTÓTELES,
posteriormente generalizá-los. 1985, p. 249- 1332a).

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Muitas são as divisões entre os tipos de indi- criança. Esta criança é incompleta e se deve ter
víduos que para Aristóteles, são por natureza in- cuidado ao educá-la. Seu desenvolvimento é
cluída ou excluída em um tipo de grupo, podendo ainda prematuro e precisa-se de uma formação
ser escravo, estrangeiro, cidadão, mulher, criança, contínua para que se torne apta a governar.
jovem, adulto e idoso. A partir desses tipos de in- Não se pode deixar de lado, a preocupa-
divíduo a cidade-estado deve se organizar. ção educacional de Aristóteles quanto à for-
Classificando os diferentes grupos, mação do político ideal como observaremos
Aristóteles permite discutir a preocupação que abaixo. Porém, é a partir dessa política que se
se tem com certos tipos de indivíduos. No uni- deve pensar a formação da criança e evidenciar
verso de uma Educação ideal, os integrantes como ela ocorre: “Evidentemente a melhor for-
dessa cidade-estado devem procurar o ótimo, ma de governo é aquela em que qualquer pessoa,
que para Aristóteles é a busca pelo lazer. Certo seja ela quem for, pode agir melhor e viver feliz”
dessa afirmação diz, “A vida como um todo tam- (ARISTÓTELES, 1985, p. 223 – 1324a).
bém é dividida em negócios e lazer, e em guerra Ainda assim, “A função do bom legislador é
e paz, e de nossas ações algumas visam às coisas estudar a maneira de uma cidade, ou uma raça de
úteis, enquanto outras visam às coisas ótimas” homens, ou qualquer outra comunidade, partici-
(ARISTÓTELES, 1985, p. 254- 1333). par de uma vida melhor e da felicidade ao seu al-
A preocupação educacional que circunda a cance” (ARISTÓTELES, 1985, p. 225 - 1325).
obra Política de Aristóteles ainda é influência Pensando na formação do político,
na Educação de hoje, pois, suas ideias parecem Aristóteles estabelece regras para o funciona-
ser extremamente atuais. Ao classificar idades, mento das cidades-estado. A partir de regras
estabelecer normas, leis de conduta e organi- universalizadas na comunidade, pode-se a par-
zação minuciosa da cidade-estado, suas ideias tir de uma unificação básica, pode-se poten-
transcendem a antiguidade grega do século IV cializar as individualidades de cada educando,
a/C. Porém, como já foi dito anteriormente, com o fim em uma sociedade feliz e justa.
muito pouco crédito lhe é atribuído na contem-
poraneidade quando se descrevem as preocupa-
ções educacionais com a cidade-estado. 3 Considerações finais
Segundo Aristóteles (1985):
Certamente, que a concepção educacional
A criança ainda não é completamen- através de uma cidade feliz e justa é uma grande
te desenvolvida, e portanto suas qua- característica a ser observada na obra Política
lidades obviamente não podem ser de Aristóteles. Não obstante, não é possível
consideradas apenas em relação a ela mensurar totalmente o impacto que Aristóteles
mesma, e sim ao homem inteiramente exerce na modernidade e na atualidade (pois
desenvolvido, ou seja, à pessoa que tem seus conceitos são muitas vezes excluídos por
autoridade sobre ela (p. 33-1260b). parte da historiografia) é possível perceber ou
mesmo interpretar e identificar que a atualida-
Aristóteles, ao fazer essa afirmação, asse- de de sua obra é um elemento historiográfico de
gura uma consciência acerca das limitações da importância ainda pouco percebida.

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JAEGER. W. Paidéia: a formação do homem grego.
Referências Trad. Artur M. Parreira – Editora Áster, 1936, 1343p.
ARANHA, M. L. A. História da Educação e da LUZURIAGA, L. História da Educação e da
Pedagogia Geral e do Brasil. 3ª. Edição. – São Paulo, Pedagogia. Trad. Luiz Damasco Penna e J.B. Damasco
Moderna. 2006. 384p. Penna – São Paulo, Companhia Editora Nacional,
ARISTÓTELES. Política. Trad. De Mário da Gama 1983, 292p.
Cury – Brasília, Editora Universidade de Brasília, PILETTI, C, PILETTI, N. Filosofia e História da
1985, 317p. Educação. 15 Edição – São Paulo, Editora Ática, 2004,
CAMBI, F. História da pedagogia. Tradução de Álvaro 264p.
Lorencini – São Paulo, Fundação Editora da UNESP PLUTARCO. Vidas paralelas: Alexandre e César.
(FEU), 1999. Apresentação de Voltaire Schilling; Trad. Júlia da Rosa
DURANT. W. A História da Filosofia. Trad. Luiz Simões – Porto Alegre, RS: L&PM, 2005, 183p.
Carlos do Nascimento Silva – Rio de Janeiro, Editora
Nova Cultura Ltda. 1996. 480p.

HOURDAKIS, A. Aristóteles e a Educação. Tradução


de Albertina Pereira Leite Piva – São Paulo. Edições
Loyola, 1998, 151p.

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