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Guandu Petrolina dezembro/2001 Guandu Petrolina dezembro/2001

Carlos Antonio Fernandes Santos, Francisco Pinheiro de Araújo, Eduardo pluviométricas inferiores a 150 mm após crescimento lento nos primeiros dias
a semeadura das sementes. Quando após o plantio, sendo pouco competitivo
Assis Menezes e Josias Cavalcanti. Embrapa Semi-Árido. Caixa Postal 23.
comparado com outros materiais com as plantas daninhas. Por esta razão,
56302-970. Petrolina–PE. E-mail: sac@cpatsa.embrapa.br genéticos, o guandu Petrolina é mais deve-se manter a cultura livre da
No semi-árido, o guandu (Cajanus precoce e mais produtivo (Tabela 1). competição com invasoras,
Descrição do Guandu Petrolina
cajan (L.) Millspaugh) tem habilidade de principalmente até 30 dias após o plantio.
Essa variedade é do tipo anão, de Manejo Cultural Os cuidados com a cultura envolvem,
produzir em solos com déficits hídricos crescimento determinado, de menor Essa variedade deve ser plantada além das capinas, pulverizações, caso
e baixa fertilidade. O conteúdo protéico sensibilidade ao comprimento do dia, com
da semente varia entre 12% e 30%, após a ocorrência das primeiras chuvas, haja surgimento de alguma praga, embora
vagens em cachos no final dos ramos, o podendo ser cultivada tanto isolada esta variedade não tenha demonstrado
com média de 21%. Os grãos verdes que facilita a sua quanto consorciada. No sistema sofrer sérios ataques.
dessa leguminosa apresentam valor colheita manual. A
nutricional superior ao da ervilha, com consorciado, uma das culturas Preventivamente, e quando for
cor externa das recomendadas é o sorgo, no arranjo necessária a produção de sementes para
cinco vezes mais pró-vitamina A, que é pétalas é roxa, sendo espacial de quatro fileiras de guandu para armazenamento e plantio no ano seguinte,
essencial para a visão e bastante as pétalas internas
deficiente na dieta das populações do quatro fileiras de sorgo. Em ambos os sugere-se a pulverização com inseticidas
de cor amarela. A sistemas, pode ser utilizado o piretróides na floração, para o controle
Nordeste. altura média é de 64 espaçamento de 1m entre fileiras e 0,5 do caruncho. Alternativamente, os grãos
No Nordeste brasileiro, o guandu é cm, com o primeiro
mais cultivado em áreas de altitude m entre plantas, plantando-se quatro podem ser tratados contra o caruncho,
ramo a 5 cm do solo, sementes por cova, para se obter, em da mesma forma que se trata o caruncho
elevada, como Triunfo e Moreilândia, no sendo os ramos média, duas plantas, o que deverá resultar no feijão, com cal, cinzas, terra fina ou
Estado do Pernambuco, Crato e Juazeiro dispostos numa
do Norte, no Estado do Ceará e Irecê e numa população de 40.000 plantas/ha. óleo. A queima de algodões embebidos
posição semi- Recomenda-se, também, o plantio em com álcool para consumo do oxigênio,
Caraíbas, no Estado da Bahia. Contudo, estendida. A vagem
o material genético utilizado nessas sulcos e camalhões, para uma maior seguida do imediato fechamento da
apresenta 6,2 cm de retenção da umidade do solo. embalagem, funcionará como método de
áreas é pouco tolerante à seca, de ciclo comprimento, O consumo médio varia de 5,0 a 10,0 extração do ar, que concorrerá, também,
longo e porte semi-arbóreo, introduzido bastante superior ao kg de sementes para plantio de 1 ha, para a redução do ataque de caruncho.
no país no período colonial. comprimento da vagem do material dependendo do sistema de plantio e do
cultivado pelos agricultores nordestinos, espaçamento adotado. Fertilizantes Aproveitamento do Guandu Petrolina
Origem do guandu Petrolina
possuindo, em média, cinco sementes de químicos são raramente utilizados, sendo para alimentação animal
O Guandu Petrolina foi obtido após
cor branca. O peso de 100 sementes é recomendada, sempre que possível, a Recomenda-se o pastejo direto dos
três ciclos de seleção massal, numa
de 10,9g. adubação com esterco de curral, de animais logo após a colheita dos grãos,
mistura de grãos de cores branca e
acordo com recomendação do para aproveitamento dos restos
marrom do acesso UW 10, originalmente Características agronômicas
extensionista. Por ter ciclo anual nas culturais. Pode-se, também, proceder
desenvolvido pela Universidade das A maturação dos grãos ocorre, em
condições avaliadas, recomenda-se o seu a um corte para produção de feno e,
Índias Ocidentais, em Trinidad & Tobago. média, aos 103 dias após a semeadura.
plantio anualmente. após a rebrota, o uso para pastejo
A mistura varietal do UW 10 foi A produtividade média de grãos é de 555 direto. O potencial comparativo de
selecionada para cor branca do grão, kg/ha, atingindo em ano de maior
Tratos Culturais produção de forragem dessa variedade
precocidade e menor susceptibilidade ao precipitação 910 kg/ha. Esse material foi
O Guandu Petrolina apresenta pode ser observado na Tabela 1.
caruncho, nas condições de cultivo de avaliado em solo do tipo Argissolo
Petrolina-PE. amarelo, pH em torno de 5,0, onde o teor
Tabela 1. Médias de três anos de variáveis do Guandu Petrolina, Guandu Taipeiro (forragem)
A seleção dentro do UW 10, de fósforo era inferior a 2 ppm e o
e do material genético cultivado por agricultores de Juazeiro-BA, avaliados em Petrolina-PE.
caracterizada e avaliada por mais de seis percentual de matéria orgânica inferior a
anos na Estação Experimental da 1,0%. A produção média de matéria seca
Caatinga, da Embrapa Semi-Árido, e em foi de 1.334 kg/ha, atingindo 2.710 kg/
propriedades particulares, é recomendada ha em ano de maior precipitação. As
para as condições de cultivo do semi-árido produções de grãos e matéria seca
brasileiro, com a denominação de ocorreram com totais de precipitações
“Guandu Petrolina”.
Guandu Petrolina dezembro/2001

Os grãos também podem ser dos mesmos. Em Semi-Árido


utilizados “in natura”, diretamente na algumas regiões
ISSN 1415-5095

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alimentação de galinhas caipiras e de do estado do
galinhas d’Angola, seja fornecendo o grão Ceará, o guandu é
colhido ou deixando as aves terem
acesso à área cultivada logo após a
usado para o
preparo do “baião-
Instruções Técnicas da
colheita de boa parte dos grãos. de-dois”, que leva
Pragas e Doenças
arroz, queijo e
pequi, enquanto
Embrapa Semi-Árido
Algumas pragas têm sido observadas
em outras regiões Petrolina, dezembro de 2001
atacando o guandu, tais como a lagarta
do Nordeste,
elasmo (Elasmopalpus lignosellus), o
prepara-se o
percevejo de renda (Gargaphia sp.) e a

GUANDU PETROLINA
guandu “tropeiro”
mosca branca (Bemisia argentifolii). A
com charque,
ocorrência da lagarta elasmo tem sido
farinha de
verificada quando há estiagem prolongada
mandioca e manteiga-de-garrafa.
logo após o plantio. Esta praga ataca o
colo da haste, levando a planta à morte. Considerações Finais OPÇÃO NA PRODUÇÃO DE GRÃOS
O percevejo de renda e a mosca branca A capacidade do guandu produzir
atacam as folhas, principalmente na fase grãos com 21% de proteína e grãos PARA A AGRICULTURA F
GRICULTURA AMILIAR
FAMILIAR
inicial de crescimento das plantas. O verdes com elevado conteúdo de pró-
controle deve ser feito quando a vitamina “A” em condições de estresse
infestação estiver elevada, porém antes hídrico, nas quais a maioria das culturas
que cause dano econômico à cultura. não sobrevive ou não produz, revela a
importância estratégica dessa cultura
Preparo dos grãos do Guandu Petrolina
para a região semi-árida.
para consumo humano
O Guandu Petrolina poderá tornar-se
Em termos de alimentação humana,
uma boa opção para a produção de grãos
a utilização do Guandu Petrolina é
em sistemas de agricultura de base
semelhante à do feijão-de-corda, podendo
familiar no semi-árido brasileiro.
ser usado seco ou verde. A prática de
Entretanto, vale ressaltar que somente o
descartar a água do primeiro cozimento,
uso combinado e estratégico de diversas
para eliminação do princípio amargo
alternativas para produção de grãos,
presente na casca do guandu tradicional,
forragens, criação de animais e
não é tão necessária no Guandu Petrolina.
aproveitamento das espécies nativas
Por apresentar vagem maior, que
poderá aumentar a eficiência produtiva
facilita a debulha, recomenda-se a
das propriedades agrícolas da região e
utilização de grãos verdes ou quase
garantir melhores condições de vida aos
maduros, de forma a reduzir o tempo de
produtores de base familiar.
cozimento e conservar o valor nutricional

Instruções Técnicas da Embrapa Semi-Árido são publicações com periodicidade irregular. Com
este tipo de publicações, pretende-se a divulgação das tecnologias agropecuárias apropriadas e
de interesse econômico para a região semi-árida do Nordeste brasileiro. Editoração: Eduardo
Assis Menezes. Diagramação: Nivaldo Torres dos Santos. Tiragem: 2000 exemplares.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,
PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

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