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1. INTRODUÇÃO
A utilização de combustíveis fósseis libera gases que contribuem para efeito estufa,
apontado como causador do aquecimento global. Um dos principais gases responsáveis por esse
acontecimento é o dióxido de carbono (CO2), presente na fumaça dos motores (SILVA, 2007).
Dentre os biocombustíveis, pode-se citar o aumento no incentivo governamental ao uso do
biodiesel derivado de óleos animais e vegetais, devido aos benefícios ambientais associados a
eles, tais como: é livre de enxofre; não tóxico; é biodegradável; reduz emissão de gases
poluentes; reduz o aquecimento global; é economicamente competitivo; pode ser produzido por
pequenas empresas; sua produção pode ser regionalizada e favorecer economicamente as
pequenas comunidades (GIRAÇOL et al., 2011).
O biodiesel substitui o óleo diesel mineral nos motores de ciclo diesel com a vantagem de
não requererem adaptações mecânicas, enquanto o uso de outros combustíveis limpos, como o
gás natural ou o biogás e o álcool etílico, requerem adaptação (VOLPATO et al., 2009).
Desta forma, o biodiesel vem sendo inserido no mercado através da mistura obrigatória
com o diesel para comercialização nos postos de combustíveis. A iniciativa caracteriza-se pela
melhoria em fatores econômicos e ambientais. Além de ser uma alternativa energética que
substitui o diesel derivado do petróleo, a utilização de biodiesel é uma forma de manter motores
ciclo diesel em pleno funcionamento com menores índices de poluição atmosférica conforme
(CHAVES et. al., 2012). Assim, este trabalho objetivou avaliar a eficiência energética de um
gerador usando biodiesel a partir da mistura de óleos de fritura usados nos restaurantes da cidade
de São Paulo, como forma de reutilizar este rejeito de uma forma ambientalmente correta.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Para os ensaios de geração de energia, usou-se o óleo diesel S-10, comercializado na época
com 6% de biodiesel (B6) como a amostra controle, chamada de B6. A partir da mistura do B6
com os biodiesel puro (B100) chegou-se às amostras com 10 (B10), 20 (B20), 30 (B30), 40
(B40), 50 (B50), 75% (B75) de biodiesel, as quais foram estudadas neste trabalho.
V .I
η= (2)
E.I
Consumo ( L / h) Pr eçoCombust ível ( R$ / L)
Custo( R$ / kW .h) = (3)
Potencia no período ( kW )
Utilizou-se nos experimentos como registrador de grandezas de emissão de gases, o
instrumento denominado de analisador de gases, modelo BEA 724, fabricado pela BOSCH Ltda.
Este instrumento trata-se de um registrador de emissão de gases com classificação internacional
OIML CLASSE 1 e BR90, que é atribuído a equipamentos com altos níveis de precisão,
reprodutibilidade e confiabilidade dos dados gerados. Um software de operação e registro,
denominado de EasyGas foi acoplado ao registrador de emissões. Durante a etapa de medição das
emissões gasosas (CO e CO2), o sensor do analisador de gases foi inserido no duto de saída de
gases do gerador e calibrou-se o equipamento para emitir resultado a cada 2 s, os quais eram
capturados pelo Software EasyGas para análise posterior. Optou-se por tais gases, pois a medida
que se reduz o CO tende-se à uma combustão perfeita, o que é uma forma de avaliar a eficiência
e o CO2 por sua influência no efeito estufa e a diminuição de sua emissão indica uma redução nos
impactos ambientais.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Uma ampliação de escala foi realizada para verificar se as condições experimentais seriam
mantidas. Como boa parte das referencia indicam a temperatura de 60°C, já que boa parte da
referencia citam esta temperatura como sendo a mais indicada para a transesterificação do óleo,
esta foi usada em 12 ensaios com um volume total de 3 L. A Figura 2 mostra uma foto de duas
algumas amostras de biodiesel obtidas neste trabalho (B50 e B100). Como se nota, as amostras à
esquerda contêm uma quantidade significativa de farinha em fase de decantação, a qual deixa os
biodieseis turvos, decantando (a esquerda) com o tempo (em dias). Como os geradores são
sistema estático, que entram eventualmente em operação, em situações emergenciais, acredita-se
na possibilidade da decantação da farinha do biodiesel no tanque possa entupir o dispositivo de
liberação de passagem de combustível para a bomba injetora, ocasionando a interrupção ou
danificação do equipamento. Além disto, como a presença de farinha no combustível pode
significar a perda de poder calorífico e a possibilidade de entupimento dos bicos injetores e
conseqüentemente, o mau funcionamento dos motores. No intuito de mitigar esta situação, uma
etapa de filtrou-se o biodiesel (B100) antes de preparar as blendas.
Figura 2. Presença de farinha em amostras de biodieseis obtidas a partir do óleo de restaurantes a
60°C e 0,1% da NaOH.
A Tabela 1 mostra os resultados para o biodiesel obtido neste trabalho, após a ampliação da
escala para um volume total de 3 L. Como se nota, o rendimento médio, na escala ampliada, foi
de 86,91%, que se encontra dentro da faixa de conversão (55-90 %) citada por Diya’uddeen et al.
(2012). Após as filtrações, notaram-se as perdas de massa e de volume das amostras de biodiesel,
as quais tiveram uma media de 1,18 mL/100 mL e 0,4916 g/100 mL de biodiesel, o que reduziu o
rendimento ao se comparar com os obtidos na fase de estudo cinético. Estas perdas também
influenciaram no aumento na densidade do biodiesel, já que a massa retida foi de farinha que
possui densidade menor do que o biodiesel puro.
Tabela 1. Resultados para o biodiesel obtido na escala ampliada antes e depois da filtragem.
Figura 3. Comparação das potencias geradas pelas amostras de combustível com a do gerador.
Após os cálculos, usando a Equação 3 chegou-se a 1,30 R$/kW.h para o óleo diesel. Notou-
se que entre o B10 e o B30 o custo da energia eleva-se entre 10-14% com relação ao diesel
comercializado. Já para a blenda B40, o custo elevou a 36%, alcançando os 90-100% do valor do
para as blendas seguintes. Desta forma, comprova-se a viabilidade econômica das três primeiras
blendas (B10 a B30) dentre às demais estudadas. Para Volpato et al. (2009) a utilização de
biodiesel pode configurar-se em uma alternativa técnica capaz de atender a toda a frota já
existente movida a óleo diesel mineral, além de apresentar alto rendimento energético, já que,
para Lima et al. (2012), o biodiesel também é totalmente miscível ao óleo diesel, podendo ser
utilizado puro em misturas sem a necessidade de qualquer adaptação nos motores. Tais
conclusões foram evidenciadas também em nosso trabalho.
A relação CO2/CO para o diesel comercial (B6) ficou em 45:1, enquanto que na faixa
indicada pelo custo, como sendo a mais indicada comercialmente ficou entre 47:1-50:1,
demonstrando que esta faixa também aumenta a eficiência de combustão dos óleos. Isto também
foi evidenciado por Silva (2007), que relata que a utilização de combustíveis fósseis libera gases
que contribuem para efeito estufa, principalmente o CO2, e a sua substituição pelo biodiesel
diminui a emissão de CO2 em 46% e de material particulado em 68%, e colabora para diminuir
da poluição.
4. CONCLUSÕES
O estudo cinético de conversão de óleo à biodiesel mostraram que o rendimento da
conversão ficou entre 88-89% e verificou-se que quando se aumentava em 10°C a temperatura de
reação, diminuía em 10 min o tempo final da reação, entretanto, após a ampliação da escala
verificou-se que há uma grande volume de farinha no biodiesel, obrigando ao uso de um processo
de separação antes da preparação das blenda e uma redução de 2-4% no rendimento.
5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq e a UNINOVE pela bolsa e auxilio à pesquisa.
6. REFERÊNCIAS
AOCS – American Oil Chemists Society. Official and Tentative Methods. 3ª ed., Chicago, vol.1,
1985.
CHAVES, L. I. et al. Variação da potência de saída de um gerador em função da utilização de
biodiesel de crambe e soja. Acta Iguazu, v. 1, n.1, p. 1-8, 2012.
DIYA’UDDEEN B. H., ABDUL AZIZ A. R., DAUD W.M.A.W., CHAKRABARTI M. H.
Performance evaluation of biodiesel from used domestic waste oils: A review. Process Safety
Environ. Protec. v.90, p.164–179, 2012.
GIRAÇOL, J. et al. Reduction in ecological cost through biofuel production from cooking oils:
an ecological solution for the city of Campinas, Brazil. J. Clean. Prod. v.19, p.1324-1329, 2011.
LIN, C.-Y.; LIN, H.-A. Engine performance and emission characteristics of a three-phase
emulsion of biodiesel produced by peroxidation. Fuel Proces. Technol. v.88, p.35–41, 2007.
SILVA, M. F. Emissão de metais por veículos automotores e efeitos à saúde pública. 2007. 157f.
Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São
Paulo, São Paulo/SP, 2007.
VOLPATO, C. E. S.; CONDE, A. P.; BARBOZA, J. A.; SALVADOR, N. Desempenho de motor
diesel quatro tempos alimentados com biodiesel de soja (B100). Revista Ciência
Agrotecnológica, v. 33, n. 4, p. 1125-1130, 2009.