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_T_T_T_——— ee 4 lrandé Antunes ANAUSEDETEXTOS fundamentos e praticas O que se ensina na escola acerca do texto? Muito pouco! S6 muito recentemente se vé uma ou outra mencio a questées da coesio, da coeréncia, da intertextualidade, da relevancia sociocomunicativa, da im- plicitude e de outras propriedades do texto. No momento, um dos desafios para os professores é descobrir o que incluir em seus programas de estudo da lingua, para além da simples repeticao das categorias da morfologia e da sintaxe. Sao bem oportunos todos os esforgos por orientar e apoiar o trabalho dos professores em torno das questGes textuais, sejam questdes de sua producio, sejam de sua compreensiao. A exploragdo dessas questées pode contribuir muito para que o professor va descobrindo como am- pliar seus programas de estudo da lingua e, melhor dizendo, como preencher suas previsées de estudo com questdes que sido, de fato, relevantes para a ampla e atuante educacao linguistica de seus alunos. E o que Irandé Antunes faz neste livro: explorar questées do texto coeso, coerente, relevante e adequado contextualmente. | | MWUOr Leni 788579"340222) ee Estratégias de Ensino 1. Qensino do espanhot no Brasil Joti Sedycias [org,| 2. Portugués no cxsino méaio e formagio do professor, Cleelo Bungen & Marcia Mendonea orgs.] ineros eatalfsadores — letranuenta formtaedo do professox Inds Signorink [org.| 4, A Jormeecio de professor de portugnes — que inguc vunos ensinar?, Paulo Coimbra Guedes 5. Muito alésn da gramétiea — por um ensino de tinguus sem pedbas no cesninh, irandé Antunes 6. Ensinar o brasileiro — respostas a 50 yeryuntes cle professores de lingua materna, Celso Perrarez] 2. Semdntica pera a edueagao bisiea, Celso Ferrarezi O professor pesyisador — introducco & pesquisa qualitative, Stella Maris Bortoni-Ricardo 9. Letramento emt ta, Maria Cecilia Mollica & Marisa Leal 10, Lingua, texto e ensino—~ outra escola possivel, trandé Anttes 11. Ensino e aprendiziagem de tinguut inglesa—conversas com espeetulistas, Didgenes Candido de Lima (ory,) 12. Da vedaedo escolar ao texto— 1am manual de retacdo, Paulo Coimbra Guedes 13, Letranrentos miiltiplos, escola v inetisio soetal, Roxane Rojo TA. Libras? Que lingua éessu2, Andrei Gesser 15. Dickética de Hinguas esirangvivas, Pierte Martine (6.4 pales ¢ a sontenga — estude introdutirio, Ronaldo de Oliveira Batista 17, Colsas que todo yrajessor de portugues previsa saber. Laciano Amaral Olivetra 18. Géneras testuais & ensino, A. Paiva Dionisio, A. R. Machaclo, M, A, Bezerra (orgs.) 19. As cadeias do texto — construinda sentidos, Chiudia Ronvarati 20, Prortvgao iextial na wniversidade, Désirée Motta-Roth, Gracicla Rabuske Henclzes 21, Anatise ie textos — fundamentos e priitieas, Irandé Antunes 22, Diviondrios eseolares —~ politica Marcos Bagno (orgs,) 23 Inglés em escotas pibticas nie funciona’, Diogenes Caradido de Lima (org) 24. Diciondrios na teorla e na prética— como ¢ para quem sito feitos, Claudia Xatara, Cleci Regitva Bevilacqua, Philippe René Marie Humblé 25, Génervs textuais— reflences eausing, Acie Mario Karwoskd, Beatriz Gaydecra, Karim Siebencicher Brito (orgs.) 26, Letranientos de eextstencia— poesia, graft, mvisien, dena: Jorinas & uses, Orlene Laicia de Sabéia Carvalho, ‘hop, Ana Liicia Silva Souza 27, Pesquisar no labivinto— a tese, um desafio possivel, Francisco Perujo Serrano re ae AG3bq andé Antunes ANALISE DETEXTOS fundamentos e praticas MN 124121211 | Camm neoroRneko: Andiéia Custodio Ruwsho: Marcos Bagno Eotron: Marcos Marcionilo © Eorrowat; Ana Stahl Zilles [Unisinos} Carlos Alberto Faraco [UFPRI Egon de Oliveira Range! [PUC-SP] Gilvan Muller de Oliveira [UFSC, Ipol] Henrique Monteaguco (Universidade de Santiago de Compostela] Kanavilil Rajagopalan [UNICAMP] Marcos Bagno [UnB] Maria Marta Pereira Scherre [UFES) Rachel Gazolla de Andrade [PUC-5P] Roxane Rojo (LUNICAMP] Salma Tannius Muchail [PLIC-SP] Stella Maris Bortont Ricardo [UnB) ‘CHP-BRASIL. CATALOGACAO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 672 Antunes, taneé, 1937: Aaalise de textos :fundarentos e priticas/ ian Antunes. « Sie Paulo: Pardtsols Edcorial, 2010, (Cstratégias de ensino, 21) Inclu biog afia ISBN 978-85-7934-022-2 1. Lingua portuguesa~ Compusicao & exercicios-Estude ¢ ensino. 2.Andlise do discurso, 3. Linguagens e linguas- Estudoeensino 4. Linguistica -Estuco eensino, | Titulo. Il Série. 10-3916, cbo-4698 DU 811.134,3'42 Direitos reservados a Parébola Editorial Rua Dr, Métio Vicente, 394 | Ipiranga 04270.000 Sito Paulo, SP ppabx:[11] 5061-9262 | 5061-8075 | fax:{1 1] 2589-9263 home page: www,parabolzeditorial.com.br ‘e-mail: parabola@ parabolaeditorial com,bor Todos os direitos reservados, Nenhuma parte desta obra pode ser weproduzida ou transmitida por qualquer forma efou quaiquer ineios (cletronico ou mecanico, incluindo fotocopia © gravacde) ou arquivada {env clalquer sisterma ou bance de dados sem: perinissao por ecestte da Parabola Editorial Ltda ISBN:978-85-7934-022-2 Tedicae, 1 reimpressso:setembro de 2011 -conforme novo acordo e:togndfico da Lingua Portuguesa © do texto: trandé Antunes © da edi¢éo brasileira: Pardbola Editorial, S40 Paulo, setembro de 2010 A cada dia que vivo, mais me convenco de que o desperdicio da vida esti no amor que nio damos, as forgas que nao ssamos, na prudéncia eguisia que nada arrisca, ¢ que, esquivando-nos do sofrinento, perdemos também a jelicidade. (Drummond, Definitivo) A Joao Antunes Vietor, um pedacinho de vor que veio fazer parte da grande sinfonia do interdiscurso humano. Sumario Sobre peines ¢ linguagem Marcos Bagno Introdugao ... 3 Cartivi | Uma visio suméria das priticas pedagdgicas de andlise de textos... At Caritio 2 Nocées preliminarcs sobre o texto ¢ suas propriedades.. 2.1.0 conceito de texzualidade. 2.2. O conceito de texto wee WO Crphuto 3 Questies envolvidas na 3.1 Por que aalisar texto lise de textos. Ab 2.0 quie € que se fav quando se analisa um texto? . 49 33 Com que finalidades se deve fazer a andlise de textos? ... ses 50 3.4 Que textos analisar? 3.5 Que elementos analisar? 3.6 A Ina de que principios analisar? 3.7.0 que eyitar nossas atividades de anise de texto? 3.8 Como analisat textos ou que procedimentos de anilise adtar? sen 6 Carico 4 Fundamentos para a andlise de textos: 0 foco em aspectos plobatis.... 65 4.1 O universo de referéncin.. 66 2 A unidade semartica ses snme 67 43 A progressio do tema... se sone 68 4.4 O propésito comunicativo ee 6 4.5 Os esquemas de composicio: tipos e géneros sos 70 46 Arelevancia informativa ...... 4.7 As relagdes com outcos textos Cavin § Praticas de andilise de textos quanto a sua dimensio global ene 19 5.1 Andlise do comentario “A mereadoria alucinégena 80 5.2, Andlise da erdnica “Talver o dltimo deseio” 8 3. Anilise da fibula “Os urubus ¢ os sabias” ‘+ Anilbe do texto exposiivo “A geografa linguistica no Brasil™ 5. Anilise do poema A missa dos inocentes 103 109 5. 5 5. CaprTuLo 6 Fundamentos para a anilise de textos: 0 foco em aspectos de sua construgio 6.1 A Coesdo © COLTENEI a sreeseen 6.2. Os tipos de nexos textiais nace sos 118 6.3 Recursos de constituicdo dos nexos textuais. 121 Cavire.o ? Praticas de analises de textos quanto a aspectos de sua construgao.. 143 7.1 Andlise da fabula “Os nrubus e os sabis 44 7.2. Anilise do texto expositivo “Quinhentos anos de histra inguistica” 7.3, Anlise da erOnica *Nés, 08 brasileit0s” snes nee 164 7.4. Andlise do comentario “O maiti 170 174 7.5 Ea gramética na eonstrngio desses textos: culo € 0 miniscule” srs Carituto & Fundamentos para a andlise de textos: 0 foco em aspectas da adequagio vocabular....177 8.1 A relevancia da adequagéo vocabular 1 8.2 Uma questio fundamental: o critétio da associacio semSntica entre as palavras do texto . 8.3 As. palavras e suits combin ages ‘prelerenciais . UT LeXCO 179 180 8.4 O uso de sinénimos vase 181 8.5. O so de hipordnimos.... 183 6 A questdn dos vocabularies téenicos 134 8.7 Os efeitos de sentido pretendidos por meio de recursos morfossintatioos... 185 CarrmuLo 9 cas de anilises de textos quanto a aspectos de sua adequacéo vocabular wae.. 87 A. Ancilise do comentario “A liberdade ¢ & consumo Passes 187 9.2 Analise da anedota “Boateiro” beset 198 9.3. Analise do comentario “A geracio digital entra em cena” 200 9.4, A titulo de sugestio: a andlise do voeabulirio de um poema 206 9,5, Anilise de algumas “escolhas ao contratio” eceaneees 208 Cartruno 10 Uma espécie de sintese: como no final de uma longa conversa sess 213 Quanto as priticas de andlise Quanto aos critérivs de anilise Quanto aos textos Quanto a aspects do léxico em uso nos textos. Quanto a exploragio dos fatos gramaticais.. Referéncias bibliogeaticas Roferéncias bibliograficas dos textos analisados .. ssreesessssseee 223, Sobre peixes e linguagem Marcos Bagno ¢ ocorre frequentemente a idcia de que nds nos relacionamos com a linguagem assim como os peixes se relacionam com a Agua. Fora da gua, 0 enho, peixe nao existe, toda a sua natureza, seu de seu organismo, seu modo de ser esto indissociavelmente vincula- dos & Agua. Outros animais até conseguem sobreviver na agua ou se adaptar a ela, como focas, pinguins, sapos ¢ salamandras, que levam uma existéncia anfibia. Mas os peixes nao: ser peixe ¢ ser na dgua. Com os seres humanos é a mesma coisa: nado existimos fora da linguagem, nao conseguimos sequer imaginar o que € nao ter linguagem — nosso acesso a realidade é mediado por ela de forma tao absoluta que podemos dizer que para nds a realidade ‘0 que dela nos faz a linguagem, nao existe, o que existe é a tradu: implantada em nos de forma tio intrinseca ¢ essencial quanto nos- sas células ¢ nosso cédigo genético. Ser humano é ser linguagem. Mas a comparagio com 0 peixe também pode se aplicar a uma outra dimensado da linguagem, que é a Gnica forma como a linguagem realmente adquire existéncia: a dimensio texmal. Abrir a boca para falar, empunhar um instrumento para grafar o que quer que seja, ativar a meméria, raciocinar, sonhar, esquecer, todas essas atividades humanas s6 se realizam como textos. SO tem linguagem onde tem texto, No entanto, por alguma miste- ), os estudos linguisticos durante quase dois milénios ¢ cardter essencialmente textual da linguagem hu- riosa i: desprezaram ess mana. ‘Talvez justamente por ele ser tao intimo ¢ inevitavel quan to respirar, algo que fazemos tio intuitivamente que nunca nos detemos refletir sobre isso, é que o carater textual de toda - ? manifestagao da linguagem tenha sofrido esse soberano desprezo. Fas consequéncias desse desprezo, para a educacio, contiguram a tragédia pedagdgica que tao bem conhecemos: a reducao do es tudo da lingua, na escola, & palavra solta ¢ a frase isolada. Uma palavra solta, uma frase isolada sio um peixe fora agua, Q texto é 0 ambiente natural para qualquer palayra, qualquer frase. Fora do texto, a palavra sufoca, a frase estrebu- cha e morre E como pode 0 peixe vivo viver fora da agua fria? Aideia de que uma frase se sustenta sozinha é uma das inimeras herancas que recebemos da Antiguidade classica, Mas sabemos que 08 primeiros estudos sobre a linguagem tinham um cardter emi nentemente filosstico, mevatisica mesmo, pois os filésofos gregos nao tinham preocupagées linguisticas. propriamente ditas, muito a desco- brir de que maneira (e se é que) a linguagem refletia o funcionamen- to da alma, que por stia vez (e se é que) refletia 0 funcionamento do menos preocupagoes didaticas: o que interessava a eles mundo natural, que por sua vez {e sc € que) refletia a organizacao do universo, Para is ‘0, bastava a frase, a sentenca isolada, 0 auto: telos logos, ou seja, 0 enunciado completo em si mesmo, porque sua estrutura minima servia aos propdsitos da investigacdo metafisi O de isolada ¢ transferida para os estudos da lingua em si mesma ¢, pior a. astre se opera quando essa autossuficiéncia (suposta) da frase ainda, para o ensino da lingua. O peixe morto, que pode ser aberto € estripado para se saber 0 que tem Lg dentro, se tornou 0 objeto do ensino de linguas, quando esse objeto deveria ser 0 peixe vivo ¢ bulindo, em cardume, dentro de s eu ambiente natural, liquido, aquos: lago, lagoa, riacho, rio, praia, alto-mar — a agua-texto lrandé Antunes, incansdvel defensora dos peixes vivos, Prosscgue aqui em sua luta contra o uso do peixe mot to, estripa do e malcheiroso, que ainda infecta o nosso ensino de linguas, em pleno século XXL E, com ela que aprendemos o que deveria ser Obvio: que ensinar linguas no € pescar, mas mergulhar na égua do texto e nadar entre os peixes. Deveria ser Gbvio, mas no é, Por isso, 86 podemos comemorar, aplaudir ¢ agradecer mais esse manifesto em defesa da linguayem, da lingua e do texto que, na agua vivificada pelo espirito humano, sao uma coisa sé! Introdugao enso em quem quando escrevo sm livro como este? Penso nos professores de portugués do ensino fun damental e médio; penso nos alunos de letras ou de a0 pedagogia, que se preparam para assumir a fun de professor ou de orientador na lidas do ensino de Hinguas, Penso, na verdade, em trazer uma espécie de reforgo a& pratt ca da andlise de textos, privilegiando, é claro, aspectos da sua textiralidade. Pretendo, portanto, apoiar aqueles que desejam “fazer mo- rada” no dominio amplo e complexo das questdes textuais; pre- tendo trazer-lhes algumas pistas para a caminhada no meio do c de texto enquanto atividade pedagégica. labitinto que é a andli Nao cabe, pois, descer a especulagies mais aprofundadas, a deti niges € metalinguagens mais apuradas, Com o cuidado de fazer recortes, sem abrir mao da consisténcia tedrica e da seriedade me- todoldgica, pretendo apenas mostrar um pouco de como se pode fazer andlises de textos centradas cm elemerttos que, de fato, sio determinantes para a construgdo de sua textualidade e de sua acional. funcao in Vamos la. Facilmente se pode comprovar a dificuldade de alguns pro- fessores para fazer esse tipo de andlisc. Submetidos durante anos, desde alunos ¢ depois como professores, a uma pritiea de andli- se que se esgotava na identificagdo de categorias gramaticais ou sintaticas, eles deixam de perceber 0s aspectos mais relevantes de construgéo da textualidade. Além dos limites de experiéncias reducionistas, muitos professores nado tiveram oportunidade, em ao, de entrar em contato com teorias sobre seus cursos de forma eee TRADE ANTONES: © texto € suas propriedades ou nado souberam encontrar nessas teorias implicagées para futuras anélises, De fato, a competéncia para a exploragao da linguagem, em eventos da comunicagao oral e crita, sup6e, por um lado, uma fundamentacao teérica ampla, consistente e suficientemente clara, que contemple aspectos fundamentais de sua construgao e de seu funcionamento, As conexdes que podem ser criadas em um texto € que apoiam sua interpretagio ultrapassam aquelas previstas pe- las determinagdes morfossintaticas. Ultrapassam porque o desti natario vai sendo instruido para estabelecer diferentes NexXos entre diferentes pontos do texto — Por vezes, pontos aré distantes —, hexos qe no se devem apenas a elementos de ordem morfolégi- ca ou sin Em outras palavras, a construgao dos sentidos se deve a outros elementos para além daqueles de ordem gramatical. Em geral, os estudos linguisticos que integram os curriculos dos cursos de letras ainda incidem muito sobre aspectos da mor- fossintaxe das linguas, em detrimento de questSes sobre a cons Tucao ¢ a circulagio das agdes de linguagem. Consequentemen- te, o olhar de professor 10 do texto ainda é um olhar quase exclusivamente gramatical. Ainda falta, ‘se alunos sobre a constr em muitos cursos, uma abordagem consistente de teorias sobre a textualidade, 0 que poderia ser possivel pela exploracio dos principios da linguistica de texto. : Por outro lado, falta ao professor uma pratica continua de andlise, que possibilite o desenvolvimento da capacidade de en- xergar os elementos que, para além do gramatical, si0 centrais Para o entendimento do texto, Nao por acaso, se formou nos professores ¢ nos alunos uma visdo de anilise presa exclusiva: mente a0 que aparecia na superticie do texto. Mesmo depois de tantos apelos a favor de aniilises de carater textual, ainda vigora, na maioria das escolas — concretamente entre professores, coor- denadores de ensino e gestores — e entre os alunos, uma pratica fe ai a identificaco de categorias grama- ticais. Para alunos ¢ professores, até mesmo o sentido do termo ‘andlise’ remete somente para essa identificagao. de anilise que equivale & me TRTRODU CAG A superagao desse problema, consequentemente, também re- quer, por um lado, o estudo das questdes eminentemente textuais, como aquelas relativas aos critérios da coesio, da coeréncia, da relevancia informativa, da intertextualidade e de tantas outras, presas as condigdes contextuais em que acontecem as ages de linguagem. Por outro lado, exige que se instaure na escola, com ‘a da andlise dessas questées textuais em regularidade, a pré exemplares reais, orais ¢ escritos, que circulam ou circularam em nossas atividades sociais. Esse prisma de andlise das regula ridades textuais faria com que se obscurecesse aquele outro viés em nia escol com que se costuma analisar 0 que os alunos ese o vies da corregao gramatical, segundo o qual “basta 0 texto nao ter erros gramaticais para estar bom’” A teoria apenas, sem a pratica da analise, pode representar uma abstragdo, um conjunto de hipéteses, de suposigées, sim- plesmente. Em termos de linguagem, pode parecer uma referencia a algo que nfo pertence A nossa experiéneia concreta de falantes ¢ ouvintes. Por sua vez, a andlise, apenas, nao se desenvolve sem os fundamentos de prinespios te6ricos consistentes. Teoria e analise se alimentam mutuamente. Pareceu-me oportuno, entao, oferecer aos professores © alu- hos, a partir de um conjunto de ‘lembretes’ tedricos, algumas in- dicagdes ¢ alguns exemplos de como se pode pereeber em textos elementos d de como se pode ultrapassar, nas atividades de andlise, a simples identificacdo de elementos de sua superficie. quanto os sentidos e intengGes expressos Je sua construgio, de sua relevancia comunicativa ¢ Sabemos no que dizemos sdo resultado de determinagées contextuais, textuais. lexicais € gramaticais, que atuam para além do que aparece na superficie. Cada um desses conjuntos de determinagdes promo- ve a instauragdo daqueles sentidos e intengdes, de mancira que wn undo pode prescindir dos outros. As determinagdes grama- ticais, por cxemplo, isoladamente, sao insuficientes, Ou seja, © linguistica nao se faz apenas com gramatica, ou ape uma ag nas com léxico, embora gramitiea ¢ léxico renham uma fungio UFMG - Faculdade de Letras BIBLIOTECA

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