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O CENOZÓICO COSTEIRO DO RIO GRANDE DO SUL

TOMAZELLI, L.J. & VILLWOCK, J.A. 2000. O Cenozóico Costeiro do Rio Grande do Sul. In: HOLZ, M & DE
ROS, L. F. (eds.). Geologia do Rio Grande do Sul. P. 375-406.

1. ABSTRACT
The Rio Grande do Sul Coastal Plain is an elongate (620 km) and wide (up to 100 km)
lowland underlain by the Pelotas Basin, where it onlaps the Precambian Sul-Rio-Grandense shield
and the Paleo-Mesozoic sedimentary and volcanic rocks of the Paraná Basin. The basin was
formed in the Early Cretaceous during the opening of the South Atlantic Ocean and contains the
most complete record of the Cenozoic in Rio Grande do Sul. The maximum thickness of coastal
plain sediments is around 1,500 m, near the shoreline, while offshore in depocenters the basin
contains almost 12,000 m of mainly shale and sandstone with minor carbonates and volcanics.
Two major depositional systems form nearly all the Cenozoic sediments of the coastal
plain: an alluvial fan system covering an almost continuous strip along the inner part of the coastal
plain, and a more extensive barrier-lagoon complex that consists of four distinctive transgressive-
regressive cycles. The sediments of the alluvial fan system were derived from the rocks of the
Precambrian shield and Paraná Basin and reworked by the transgressions and regressions.
Probably, each barrier of these systems originated at the landward limit of a transgression and was
preserved due to regression of the shoreline forced by glacio-eustatic sea level fall. These four
barrier-lagoon systems are believed to have formed during the last 400 ka assuming a correlation
with the highstands represented by the last major peaks on the oxygen isotopic record curve.
During the evolution of the coastal plain, important mineral resources have been formed
associated with the various coastal plain sedimentary environments and facies. These include
large accumulations of heavy minerals along the beach and coastal dunes (mainly ilmenite, rutile,
magnetite and zircon), sands for the building and glass industries, clays for ceramics, diatomite,
shells accumulations, and large peat deposits.

2. HISTÓRICO DO CONHECIMENTO
O registro sedimentar Cenozóico no Rio Grande do Sul encontra-se preservado, na sua
forma mais completa, na Bacia de Pelotas, uma bacia marginal aberta desenvolvida no extremo
sul da margem continental brasileira.
A porção mais superficial e proximal do pacote sedimentar da Bacia de Pelotas encontra-
se exposta na Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS), uma área de terras baixas que,
cobrindo cerca de 33.000 km2, se constitui na mais ampla planície litorânea do território brasileiro
(Fig. 1).
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Fig. 1 – Mapa de localização e mapa geológico simplificado da Planície Costeira do Rio Grande do
Sul (Modificado de Tomazelli & Villwock, 1996).

A PCRS vem sendo objeto de interesse científico geológico/geomorfológico desde o final


do século passado, quando por ela transitaram os primeiros pesquisadores que observaram e
descreveram aspectos diversos de sua paisagem.
Revisões detalhadas sobre trabalhos geológicos anteriores realizados na PCRS foram
feitas por Delaney (1965), Ornellas (1981), Villwock (1984) e Villwock & Tomazelli (1995). De
acordo com Villwock & Tomazelli (1995), a evolução dos conhecimentos sobre a área pode ser
caracterizada por duas fases distintas, uma compreendida entre os anos 1880 e 1950, a fase
antiga, e a outra, após 1950, a fase moderna.
A fase antiga envolveu principalmente trabalhos de cunho descritivo realizados por
naturalistas, geógrafos, historiadores e filósofos, abordando temas variados. Dentre eles se
destacam as contribuições de Backeuser (1918), Lamego (1940) e Rambo (1942).
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Durante essa fase foram realizadas as primeiras pesquisas geológicas em subsuperfície,


na parte emersa da Bacia de Pelotas, as quais foram referidas por White (1908), que descreveu
amostras de sondagens realizadas na cidade de Pelotas, entre os anos de 1856 e 1862. A
presença de areias esverdeadas e fósseis mal preservados levou o autor a atribuir-lhes idade
cretácea. Posteriormente, Martins (1952) referiu-se a essas mesmas sondagens e reestudando a
fauna de moluscos e braquiópodes atribuiu uma idade terciária aos sedimentos perfurados.
As pesquisas para petróleo na Bacia de Pelotas iniciaram em 1939 quando a primeira
sondagem realizada com este objetivo foi perfurada em Ponta Alegre, município de Arroio Grande.
Rheingantz (1955), concessionário da área, apresentou um relatório sobre as atividades ali
desenvolvidas.
A fase moderna é marcada pelos trabalhos desenvolvidos na área das universidades, de
modo especial na UFRGS, e na área das empresas, onde se destaca a Petróleo Brasileiro S.A.
(Petrobrás).
A partir da década de 50, a planície costeira foi alvo das atenções dos pesquisadores da
área de paleontologia do antigo Instituto de Ciências Naturais da então Faculdade de Filosofia da
UFRGS. Estas atenções foram redobradas com a criação da Escola de Geologia, no ano de 1957,
que proporcionou a vinda de professores do exterior para atuar nas áreas de geomorfologia,
estratigrafia, sedimentologia e geologia histórica, entre outras. Vários foram os trabalhos que
resultaram desta iniciativa. Dentre eles se destaca como um verdadeiro marco sobre o
conhecimento geológico da PCRS o traballho de Delaney (1965), que ofereceu a primeira visão de
conjunto sobre a geologia e geomorfologia da região e lançou os fundamentos para todos os
trabalhos que se seguiram. Esse autor apresentou pela primeira vez um mapa geológico da
planície costeira, propondo uma coluna estratigráfica para as unidades nela aflorantes (Fig. 2).

Fig. 2 – Coluna estratigráfica da Planície Costeira do Rio Grande do Sul, como publicada por
Delaney (1965).

Paralelamente à fundação da Escola de Geologia da UFRGS, a Petrobrás começava suas


atividades na Bacia de Pelotas. No início da década de 60, após levantamento de dados
geofísicos (gravimétricos e magnetométricos) iniciou-se a campanha de sondagens estratigráficas
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responsável pela primeira série de informações sistemáticas sobre as seqüências sedimentares


acumuladas nesta bacia marginal, sintetizada no trabalho de Gonçalves et al. (1979). Estudos
paleontológicos nas amostras coletadas em subsuperfície foram realizados, na universidade e na
empresa, produzindo trabalhos e teses como as de Daemon (1969), Closs (1970), Forti-Esteves
(1974), Sanguinetti (1974), Fernandes (1975) e Ornellas (1981). Novas informações sobre a Bacia
de Pelotas, incorporando dados de perfurações recentes realizadas pela Petrobrás, foram
apresentadas por Fontana (1990a, 1990b, 1996) e Dias et al. (1994).
No campo da sedimentologia, os trabalhos de Martins (1963, 1966) e Martins &
Gamermann (1967), sobre os sedimentos de fundo da Lagoa dos Patos e de Martins (1967) sobre
sedimentos praiais e eólicos, constituíram-se nos alicerces que viriam a sustentar a criação do
Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica (CECO) e da área de concentração em
Geologia Marinha do Curso de Pós-Graduação em Geociências da UFRGS – um novo marco para
o conhecimento geológico da planície costeira. A partir desse momento, a região passou a ser o
laboratório natural para o desenvolvimento dos programas de pesquisas da Instituição, fornecendo
os temas para Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado, tais como, Martins (1971, 1983),
Cunha (1971), Jost (1971), Villwock (1972, 1977), Soliani Jr. (1973), Godolphim (1976), Zeltzer
(1976), Silva (1976), Lehugeur (1977, 1992), Tomazelli (1977, 1990), Herz (1977), Krauspenhar
(1977), Fensterseifer (1979), Calliari (1980), Ayala (1977), Vieira (1982), Pereira (1983), Müller
(1985), Santos (1986), Arienti (1986), Horn Fº (1988), Bachi (1989), Ev (1989), Frank (1989),
Frantz (1989), Gonçalves (1989), Toldo Jr. (1989, 1994), Bittencourt (1993), Munaro (1994),
Tabajara (1994), Dillenburg (1994), Reginato (1996), Ortiz (1996), Weschenfelder (1996),
Giovannini (1996), Vieira (1995), Zomer (1997), Buchmann (1997) e Silva (1998). Muitos outros
trabalhos foram publicados e os mais significativos estão citados em sínteses mais recentes,
como as de Villwock (1984) e Villwock & Tomazelli (1995).
Em seu conjunto esses trabalhos publicados têm proporcionado um expressivo avanço no
conhecimento científico deste importante segmento da costa brasileira e constituem-se em fontes
de informações básicas utilizáveis, entre outras, nas atividades de prospecção de recursos
minerais, nas análises ambientais e nos programas de desenvolvimento e administração dos
recursos naturais de regiões costeiras.

3. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL

3.1. Introdução.
Cobrindo cerca de 33.000 km2 e alcançando, em alguns setores, mais de 100 km de
largura, a PCRS constitui-se na mais ampla planície costeira do país, o que lhe permitiu preservar
bastante bem o registro geológico e geomorfológico do Cenozóico e, em especial, do Quaternário.
Vários estudos têm demonstrado que a PCRS cresceu, durante o Quaternário, através do
desenvolvimento de um amplo sistema de leques aluviais, situado em sua parte mais interna,
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próximo às áreas-fonte, e do acréscimo lateral de quatro sistemas deposicionais do tipo “Laguna-


Barreira” (Villwock et al., 1986; Villwock & Tomazelli, 1995). Cada barreira se instalou,
provavelmente, nos máximos transgressivos alcançados durante os últimos maiores ciclos glácio-
eustáticos do Quaternário. As diversas gerações de barreiras foram responsáveis pela gênese dos
grandes corpos lagunares que caracterizam de forma muito singular a paisagem desta região
costeira, dentre os quais se destacam a Lagoa dos Patos, a Lagoa Mirim e a Lagoa Mangueira
(Fig. 1).
A atual linha de costa da PCRS, praticamente retilínea, possui uma orientação NE-SW e
estende-se por uma distância de cerca de 620 km, desde Torres, ao norte, até a desembocadura
do Arroio Chuí, ao sul.
A morfologia de praia arenosa baixa que caracteriza esta linha de costa é modificada
apenas em seu extremo norte, junto à cidade de Torres, onde afloram arenitos eólicos da
Formação Botucatu e rochas vulcânicas da Formação Serra Geral, ambas do Mesozóico da Bacia
do Paraná.
Desde Torres ao Chuí, a costa arenosa baixa somente é interrompida, de forma não
temporária, em dois locais mais importantes, correspondentes às desembocaduras da Laguna de
Tramandaí e da Lagoa dos Patos.
A plataforma continental adjacente à planície costeira possui uma largura média de 150 km
e é coberta principalmente por sedimentos clásticos terrígenos com algumas concentrações de
cascalho biodetrítico (Martins et al., 1967; Martins et al., 1972; Figueiredo Jr., 1975; Corrêa, 1987).
A plataforma interna mais rasa do que 20-30 m é, na sua maior parte, coberta por areia terrígena
de composição e textura muito semelhante aos sedimentos das praiais adjacentes (Martins et al.,
1967; Tomazelli, 1978).
Esta configuração geológica e geomorfológica atual da PCRS resulta da atuação de vários
processos – construtivos e destrutivos – que nela operaram em diferentes escalas de grandeza,
temporal e espacial. As feições mais modernas da região representam apenas os últimos
capítulos de uma longa história evolutiva e se encontram superimpostas a feições de escala
maior. Dentre estas se destacam as feições controladas basicamente por processos tectônicos e
que definem o arcabouço geológico-geomorfológico regional.

3.2. O Arcabouço Geológico-Geomorfológico


A PCRS corresponde a uma região onde estão expostos os depósitos mais superficiais e
proximais do pacote sedimentar acumulado em uma bacia marginal aberta – a Bacia de Pelotas.
Desenvolvida sobre um embasamento constituído pelo complexo cristalino pré-cambriano e pelas
seqüências sedimentares e vulcânicas, paleozóicas e mesozóicas, da Bacia do Paraná, esta bacia
sedimentar teve sua origem nos eventos geotectônicos que, a partir do Cretáceo inferior,
fragmentando o continente do Gonduana, conduziram à abertura do Atlântico Sul. Durante o
Cretáceo e, principalmente, durante o Cenozóico, os sedimentos erodidos das terras altas
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adjacentes acumularam-se nesta bacia marginal, em sistemas deposicionais continentais,


transicionais e marinhos.
As perfurações realizadas pela Petrobrás na planície costeira revelaram uma espessura
máxima de sedimentos de 1.515 m, valor registrado em um poço feito em Mostardas, próximo à
linha de costa atual, sendo que os sedimentos mais antigos perfurados apresentaram uma idade
miocênica (Closs, 1970). Já as perfurações efetuadas na plataforma continental aliadas à
interpretação dos dados sísmicos mostram que, em seus depocentros, a bacia pode apresentar
uma espessura da ordem de 12.000 m (Fontana, 1996). As rochas mais antigas até agora
perfuradas são de idade barremiana (Dias et al., 1994) e a seção sedimentar é formada
dominantemente por sedimentos clásticos terrígenos, com o predomínio de folhelhos e arenitos.
De forma subordinada aparecem conglomerados, carbonatos e rochas vulcânicas (Fontana,
1996).
Os estudos sismoestratigráficos realizados na bacia (Gonçalves et al., 1979; Ojeda, 1982;
Fontana, 1996) revelam que seu arcabouço estrutural é bastante simples: as linhas sísmicas
transversais (linhas “dip”) mostram camadas mergulhando suavemente para o interior da bacia,
formando uma cunha que se espessa nessa direção. O pacote sedimentar apresenta-se muito
pouco perturbado, com exceção de algumas áreas restritas que exibem estruturas resultantes de
movimentações adiastróficas (falhas de crescimento de pequeno rejeito). O embasamento destes
sedimentos revela um sistema de falhas subparalelas à atual linha de costa que, provavelmente,
resultou dos repetitivos processos de basculamento e ruptura da crosta que acompanharam a
evolução da margem continental como resposta a um progressivo resfriamento e subsidência da
crosta oceânica à medida que a mesma se afastava de seu centro de geração. É notória a
ausência de falhas normais ou outras estruturas tectônicas resultantes dos processos distensivos
que acompanharam a fragmentação crustal e que são tão comuns nas demais bacias da margem
continental brasileira.
A ausência de estruturas de origem tectônica, mostrada pelas seqüências mais antigas da
bacia, é revelada também pelas seqüências mais modernas que formam sua cobertura. Não se
encontrou, até o momento, nenhuma evidência que indicasse uma atividade tectônica mais
recente na parte emersa da bacia e que constitui a PCRS (Villwock, 1984). Assim, sob o ponto de
vista tectônico, a PCRS caracteriza-se por apresentar uma grande estabilidade, sendo submetida
somente a uma lenta subsidência, própria de uma bacia marginal aberta ainda em processo ativo
de sedimentação.
A carga sedimentar acumulada na bacia é proveniente da denudação de duas áreas-fonte
principais: na porção central e sul, as rochas ígneas e metamórficas do Escudo Uruguaio-Sul-Rio-
Grandense, de idade pré-cambriana, e, mais ao norte, as rochas sedimentares e vulcânicas da
Bacia do Paraná, de idade paleo/mesozóica. Além das grandes diferenças composicionais, estas
áreas-fonte apresentaram, nos últimos tempos geológicos, marcantes diferenças geomorfológicas,
o que, sem dúvida, ficou retratado nas características da carga detrítica fornecida à bacia.
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3.3. O Clima
A análise geológica-geomorfológica de uma determinada região requer um conhecimento
apropriado das condições de seu clima, pois este é um dos parâmetros básicos que governam os
processos sedimentares que nela se desenvolvem. De acordo com Nimer (1977), esta análise
climática envolve a avaliação dos diversos fatores – alguns de ordem estática, outros de ordem
dinâmica – que atuam na região de estudo em constante interação.
Os mais importantes fatores estáticos de controle do clima de uma região são a sua
posição geográfica e o seu relevo. Quanto à primeira, a situação latitudinal da PCRS –
aproximadamente entre os paralelos 29º e 43º de latitude sul – e a adjacência ao mar incluem-na
dentro da Zona Subtropical Sul sob o controle básico de massas de ar marítimas, de origem
tropical e polar (Hasenack & Ferraro, 1989). A influência do relevo se faz sentir principalmente no
setor norte da planície costeira, devido à presença do Planalto da Serra Geral. A escarpa do
planalto que, em certos locais, atinge quase 1000 m de altura, atua como um elemento estático de
considerável importância no controle de alguns parâmetros climáticos como, por exemplo, na
condensação das massas úmidas provenientes do oceano e sua conseqüente precipitação.
Devido à ação deste fator, a taxa de precipitação tende a ser maior na parte norte da planície
costeira (Hasenack & Ferraro, 1989). A presença desta escarpa afeta também o regime de ventos
da região, modificando o padrão de circulação proveniente tanto do mar quanto do continente.
Quanto aos fatores dinâmicos controladores do clima, a PCRS encontra-se influenciada
principalmente por dois poderosos centros de ação: o Anticiclone Semipermanente do Atlântico
Sul (Anticiclone de Santa Helena) e o Anticiclone Móvel Polar (Nimer, 1977; Hasenack & Ferraro,
1989).
O Anticiclone do Atlântico Sul, posicionado de maneira semifixa em uma faixa de latitudes
entre 18º e 35º, é um ativo centro de alta pressão formador de uma massa de ar tropical marítima
de temperatura elevada – devido à intensa radiação solar – e de elevado grau de umidade –
devido à intensa evaporação marítima. Em conseqüência, o seu predomínio na área de estudo
implica, normalmente, em condições de estabilidade do tempo com ocorrência de dias
ensolarados.
O Anticiclone Móvel Polar, posicionado ao sul da Argentina, é alimentado por massas frias
provenientes da Antártica e que se deslocam no sentido SW-NE, em direção ao território sul-
brasileiro. O deslocamento destas frentes frias implica no aparecimento de uma zona
depressionária (descontinuidade frontal) na região situada entre os dois centros de alta pressão
para a qual convergem os ventos provenientes desses centros. Tais ventos convergentes – ou
ciclônicos – normalmente são acompanhados da instabilidade do tempo e precipitação
pluviométrica (precipitação do tipo frontal).
O comportamento dinâmico das massas de ar provenientes destes dois Anticiclones
modifica-se ao longo das estações do ano. Durante os meses de primavera-verão, em função de
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uma maior insolação no Hemisfério Sul, o Anticiclone do Atlântico fortalece-se e desloca-se para
posições mais meridionais. O Anticiclone Móvel Polar, por sua vez, retrai-se e não apresenta o
mesmo poder de penetração. Em conseqüência, durante estes meses, o tempo da PCRS é,
normalmente, quente e ventoso, com ventos provenientes principalmente de NE e E, da borda do
Anticiclone do Atlântico. Durante o outono-inverno, devido à menor insolação, o Anticiclone do
Atlântico enfraquece e desloca-se para posições mais ao norte. O Anticiclone Móvel Polar passa
então a penetrar mais e o clima da área de estudo fica dominado pelas frentes frias que se
deslocam do rumo SW-NE, muitas vezes com grande regularidade (Nimer, 1977; Hasenack &
Ferraro, 1989).
Como conseqüência da interação dos fatores de controle acima descritos, o clima da
PCRS pode ser caracterizado como um clima mesotérmico brando, superúmido, sem estação
seca definida (Nimer, 1977). A temperatura média anual oscila entre 16º e 20ºC e a precipitação
pluviométrica anual varia entre 1000 e 1500 mm.

3.4. O Regime de Ventos


A situação geográfica da PCRS submetida à ação dos centros de alta pressão acima
discutidos tem conferido ao vento um papel de fundamental importância na morfogênese regional,
tanto atual como pretérita. Além de formar extensos campos de dunas, o vento, gerando ondas e
correntes, é o fator básico de controle da hidrodinâmica oceânica e dos corpos lagunares da
região.
Tomazelli (1990, 1993) analisou os dados de ventos registrados em três estações
meteorológicas situadas nas cidades litorâneas de Torres, Imbé e Rio Grande. O autor trabalhou
com uma série de dados de 13 anos: de janeiro de 1970 a dezembro de 1982. Foram analisados
os dados de velocidade (m/s) e direção de proveniência (8 setores direcionais) dos ventos
superficiais. A Figura 3 apresenta, sob a forma de diagrama de rosa, os dados referentes à
freqüência total para cada direção de proveniência dos ventos.
A análise dos dados mostra claramente que, nas três estações meteorológicas, o vento
mais freqüente provém do NE. Embora exista uma boa consistência no registro dos ventos das
três estações, é possível observar algumas diferenças significativas que podem ser atribuídas não
somente à separação geográfica entre as estações, mas também a efeitos topográficos locais. Por
exemplo, a baixa freqüência de ventos de W na estação de Torres reflete de forma clara sua
posição protegida, em relação a estes ventos, pelo planalto da Serra Geral.
De acordo com Tomazelli (1993), a PCRS está submetida a um regime de ventos bimodal
de alta energia. O vento dominante, originado no Anticiclone do Atlântico Sul, é proveniente do NE
e sopra ao longo de todo ano, embora seja mais intenso durante os meses de primavera-verão. O
vento secundário, associado ao Anticiclone Móvel Polar, é proveniente de W-SW e torna-se mais
importante nos meses de outono-inverno. Em resposta à ação desses ventos, as dunas eólicas
migram no sentido SW. A determinação em fotografias aéreas da taxa média de migração de
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dunas situadas entre Cidreira e Pinhal revelou valores entre 10 e 38 m/ano. O monitoramento
direto no terreno, feito em dunas de 8 a 10 m de altura e realizado durante o intervalo de tempo de
3 anos, revelou uma migração média de 26 m/ano. Estes valores, bastante elevados quando
comparados com os dados da literatura, refletem a grande eficiência do vento como agente
transportador de areia na região costeira estudada.

Fig. 3 – Diagrama das freqüências percentuais das direções de proveniência dos ventos nas
estações meteorológicas de Torres, Imbé e Rio Grande (Tomazelli, 1993).

3.5. O Regime Hidrodinâmico (Ondas, Marés e Correntes)


A costa do RS está submetida a um regime de micromarés controlado por uma maré
astronômica cuja amplitude média situa-se em torno de 0,5 m. Em conseqüência, o transporte e
deposição de sedimentos é francamente dominado pela ação das ondas e das correntes a elas
associadas. O regime de ondas é caracterizado pela ocorrência de uma ondulação (“swell waves”)
de longo período proveniente do SE e por vagas locais (“sea waves”) provenientes principalmente
do E-NE (Motta, 1967; Tomazelli & Villwock, 1992). Especialmente durante os meses de outono e
inverno, o regime normal de ondas é episodicamente perturbado pela ocorrência de ondas de
tempestade (“storm waves”) associadas à passagem de frentes frias provenientes do sul. Estas
ondas de alta energia são responsáveis pelos impactos erosivos mais visíveis ao longo da linha
de costa (Tomazelli, 1990; Calliari et al., 1996).
As ondas e correntes associadas provocam o deslocamento das areias ao longo da linha
de costa, um processo denominado de "deriva litorânea de sedimentos". Esta transferência lateral
de sedimentos, promovida basicamente pela atividade das ondas que incidem obliquamente à
linha de costa, há muitos anos é reconhecida como um dos mais importantes fatores responsáveis
pela configuração das praias. Ela deve, necessariamente, ser avaliada em qualquer estudo que se
faça a respeito do balanço sedimentar de um segmento praial e suas correspondentes taxas de
erosão/deposição.
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São muito raros os estudos realizados na costa do Rio Grande do Sul que se ocuparam da
deriva litorânea de sedimentos e, em especial, de sua determinação quantitativa, reduzindo-se
estes, praticamente, às contribuições dadas pelos pesquisadores do Instituto de Pesquisas
Hidráulicas da UFRGS, como os trabalhos de Motta (1967, 1969) e Pitombeira (1975).
Embora a determinação quantitativa de deriva, envolvendo medidas diretas no terreno ou
cálculos a partir do registro de ondas, não seja uma tarefa muito fácil ou precisa, é possível fazer
importantes observações qualitativas a partir da análise de indicadores geomorfológicos na costa
e de considerações genéricas sobre o regime de ondas. Muitos estudiosos consideram, inclusive,
que esta abordagem da deriva litorânea através de indicadores geomorfológicos é mais vantajosa
e precisa, na avaliação da deriva resultante, do que deduções feitas a partir de medidas diretas no
terreno (Jacobsen & Schwartz, 1981; Schwartz, 1990).
No caso do Rio Grande do Sul, como concluiu Motta (1967), a deriva processa-se em
ambos os sentidos da linha de costa, mas com predominância final no sentido NE. Tal situação
reflete a dominância de uma ondulação proveniente do SE e que incide obliquamente uma costa
de configuração retilínea, sem reentrâncias maiores que poderiam fazer divergir as direções de
deriva (Motta, 1967; Tomazelli & Villwock, 1992).
Vários indicadores geomorfológicos confirmam esta deriva resultante em direção NE ao
longo de toda a costa do Rio Grande do Sul (Tomazelli & Villwock, 1992). Dentre eles, os mais
evidentes associam-se às desembocaduras não estabilizadas dos rios, arroios e lagunas que,
invariavelmente, se deslocam no sentido desta deriva resultante. Assim, antes de ser fixada, a
migração no sentido NE da barra livre do Arroio Chuí, no extremo sul do País, ocasionou alguns
problemas nas questões limítrofes entre Brasil e Uruguai. Os molhes construídos para fixar a
barra de Rio Grande, na desembocadura da Lagoa dos Patos, promoveram uma acentuada
deposição de areia no seu lado W, enquanto que o lado E encontra-se submetido à erosão. O
rápido deslocamento da desembocadura da Laguna de Tramandaí no sentido NE somente foi
bloqueado em 1960/61, quando foi construído um guia de correntes ao longo de sua margem NE.
Há registros de que antes de sua fixação a desembocadura migrava, em média, cerca de 200 m
por ano. A desembocadura livre da Lagoa do Peixe, próximo a Mostardas, migra constantemente
em direção NE, inclusive fechando completamente a barra nos períodos de estiagem. No extremo
norte, a desembocadura do Rio Mampituba também ilustra de maneira muito clara esta migração
para NE.

4. SISTEMAS DEPOSICIONAIS DA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL

4.1. Introdução.
A coluna estratigráfica proposta por Delaney (1965) para as litologias aflorantes na PCRS
foi adotada na maioria dos trabalhos subseqüentes realizados na região (Fig. 2). Com o passar do
tempo e com o aumento do conhecimento da área, vários autores propuseram modificações e
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complementações ao quadro estratigráfico original (Bigarella & Andrade, 1965; Jost, 1971; Jost et
al., 1971; Villwock, 1972; Soliani Jr., 1973; Godolphim, 1976; Jost & Soliani Jr., 1976; Zeltzer,
1976; Villwock,1984). Como resultado, as sucessivas modificações propostas deformaram as
descrições originais das unidades estratigráficas e dificultaram a compreensão de sua distribuição
espacial e temporal (Villwock, 1984).
O programa de mapeamento geológico da PCRS desenvolvido na década de 80 pelos
pesquisadores do Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica (CECO), do Instituto de
Geociências da UFRGS, levantou novos dados e mostrou que a utilização dos quadros
estratigráficos até então existentes não permitia efetuar um mapeamento que conduzisse a uma
melhor compreensão da história evolutiva da região. Como resposta a esta constatação, esses
pesquisadores apresentaram uma nova proposta de mapeamento, abandonando as
denominações estratigráficas formais e passando a reconhecer e a mapear os depósitos da PCRS
como Fácies Sedimentares agrupadas em Sistemas Deposicionais (Villwock et al., 1986). O
procedimento deu ótimos resultados e permitiu a concretização de mapas geológicos mais
coerentes e que melhor retratam a história geológica da região e, em conseqüência, permitem
uma melhor compreensão da distribuição dos diferentes depósitos e dos recursos econômicos
associados.
Na nova abordagem, os autores utilizaram o conceito abrangente de “sistema
deposicional” na acepção original de Fisher & McGowen (1967): sistema deposicional é uma
assembléia tridimensional de litofácies interligadas geneticamente por processos e ambientes
ativos (sistemas deposicionais modernos) ou inferidos (sistemas deposicionais antigos).
Nessa ótica, as fácies sedimentares da PCRS passaram a ser entendidas como produtos
de processos de acumulação desenvolvidos em ambientes pertencentes, basicamente, a dois
tipos de sistemas deposicionais siliciclásticos: (1) Sistema de Leques Aluviais e (2) Sistema Tipo
Laguna-Barreira (Fig. 1).
A natureza das litofácies acumuladas nestes dois sistemas deposicionais foi moldada, por
um lado, pelos processos internos, específicos a cada sistema e, por outro, pelos processos
externos representados basicamente pelas variações climáticas e pelas flutuações do nível
relativo do mar (NRM) que atuaram nesta região costeira durante o Cenozóico.

4.2. Sistema de Leques Aluviais


O Sistema de Leques Aluviais engloba o conjunto de fácies sedimentares resultantes de
processos de transporte associados aos ambientes de encosta das terras altas adjacentes à
planície costeira. Elas incluem, na sua parte mais proximal, depósitos resultantes de processos
dominantemente gravitacionais, como a queda livre de blocos, o rastejamento e o fluxo de detritos
(talus, eluviões e coluviões), e que graduam, na sua porção distal, para depósitos transportados e
depositados em meio aquoso (aluviões).
12

É importante observar que, de acordo com a acepção acima, a conotação puramente


geomorfológica do termo “leque aluvial” torna-se secundária, uma vez que na maior parte da
região a geometria de “leque” nem sempre é reconhecida. Embora em terrenos mais recentes
(holocênicos) associados a pontos mais ou menos fixos de aporte sedimentar seja ainda possível
reconhecer uma morfologia de “leque”, na maior parte das vezes esta geometria é obscurecida e
as fácies distribuem-se em forma de rampa suave desde a região proximal até a distal. Esta
morfologia de rampa pode ser atribuída em parte à existência de vários pontos de afluxo
sedimentar favorecendo a coalescência dos leques e aos efeitos de retrabalhamento e erosão
posterior, incluindo-se aqui os entalhamentos fluviais e os terraceamentos marinhos e lagunares
que afetaram as partes distais dos leques como resultado das oscilações do nível relativo do mar.
O Sistema de Leques Aluviais ainda pode ser considerado como parcialmente ativo no
presente, uma vez que seus processos de transporte, mesmo que em pouca intensidade, ainda
são observados hoje em dia. Sua implantação, no entanto, deu-se, nesta parte interna e rasa da
Bacia de Pelotas, provavelmente no final do Terciário e, ao longo do tempo, a intensidade dos
processos variou muito, controlada que foi, em grande parte, pelas variações climáticas com suas
implicações nas taxas de precipitação e no desenvolvimento da cobertura vegetal. Há fortes
evidências de que as flutuações entre climas áridos e úmidos que ocorreram no Terciário Superior
e Quaternário tiveram grande influência no desenvolvimento deste sistema deposicional.
As características composicionais, texturais e estruturais das fácies geradas no Sistema de
Leques Aluviais dependem, em grande parte, da natureza da área-fonte submetida à erosão,
incluindo-se aí, principalmente, a composição das rochas e a energia de relevo. Adotando-se este
critério de observação, foi possível subdividir o Sistema de Leques Aluviais da área em estudo em
dois subsistemas principais: (1) leques alimentados pelo escudo pré-cambriano; (2) leques
alimentados pelo planalto.

Leques Alimentados Pelo Escudo Pré-cambriano


Corresponde ao mais importante subsistema dentro do Sistema de Leques Aluviais.
Compreende as fácies que se acumularam ao longo de toda a margem oeste da planície costeira
situada aproximadamente ao sul da latitude de Porto Alegre, e que tiveram como área-fonte as
rochas ígneas e metamórficas do Escudo Sul-Rio-Grandense (Fig. 1).
Como conseqüência do predomínio de rochas fontes graníticas e da curta duração e
distância de transporte, as fácies deste subsistema têm como característica a imaturidade textural
e mineralógica, exibindo uma composição essencialmente arcoseana. As fácies proximais
englobam os produtos de remobilização gravitacional de mantos de alteração das rochas
graníticas, envolvendo elúvios e colúvios. Os episódios deposicionais são normalmente bem
delimitados pela presença comum de pavimentos pedregosos (“linhas de pedra”) formados
principalmente por seixos de quartzo provenientes dos inúmeros veios que cortam as rochas
fontes. Estas fácies proximais podem apresentar unidades de diamictitos em que o arcabouço,
13

constituído por grânulos de quartzo e feldspato, encontra-se sustentado por uma matriz lamítica
maciça, sugerindo uma gênese a partir de processos do tipo fluxo de detritos. Já as fácies médias
e distais são geralmente bem estratificadas e refletem deposição a partir de fluxos torrenciais
canalizados e não-canalizados. A presença comum de corpos de arenitos e conglomerados com
geometria lenticular apresentando internamente cruzadas de médio porte do tipo planar/tabular e
acanalada reflete a migração de formas de leito (2 D e 3 D) associadas, provavelmente, a canais
fluviais do tipo entrelaçado (“braided”) desenvolvidos nas partes médias e distais dos sistemas de
leques (Fig. 4).

Fig. 4 – Fácies do sistema de leques alimentado pelo escudo. Areias grossas, feldspáticas, e
cascalhos com estratificação cruzada acanalada. Deposição associada à migração de formas de
leito em canais entrelaçados (“braided”) em uma posição média a distal no sistema de leques.

Sob o ponto de vista petrográfico, as fácies incluem diamictitos, conglomerados, arenitos e


lamitos e caracterizam-se por serem friáveis e apresentarem um elevado conteúdo em feldspato.
Os conglomerados são, em geral, sustentados pelo arcabouço que, por sua vez, é composto por
pequenos seixos e grânulos de quartzo leitoso, feldspato (principalmente microclínio) e, mais
raramente, fragmentos de riolitos. Os arenitos, do tipo arcósio, apresentam-se em camadas
intercaladas aleatoriamente com os conglomerados ou então representam a parte de topo de
camadas com gradação normal que desenvolvem junto à base níveis conglomeráticos. Os lamitos
são fácies bem mais raras e que ocorrem, em geral, como corpos lenticulares restritos, com pouca
continuidade lateral. Sua gênese pode estar ligada ao preenchimento de depressões e trechos de
canais abandonados dentro do sistema de leques e que foram alimentados durante períodos de
enxurradas. As argilas componentes destas fácies lamíticas ou mesmo da matriz das fácies
arenosas e conglomeráticas são formadas basicamente por caolinita (Fig. 5).
14

Fig. 5 – Fotomicrografia das areias do sistema de leques aluviais alimentado pelo escudo
mostrando a grande imaturidade textural e composicional da rocha. Entre os grãos ocorre argila
infiltrada mecanicamente (Foto de Gerson S. Terra).

Icnofósseis de mamíferos pleistocênicos (crotovinas) foram recentemente descritos por


Bergqvist & Maciel (1994) em sedimentos deste sistema deposicional. Segundo esses autores, as
cavidades circulares fósseis, com diâmetro de até 100 cm, foram construídas por mamíferos da
Fauna Pampeana, provavelmente da família Dasypodidae, como o Pampatherium, Holmesina e
Propraopus (Fig. 6).
Durante boa parte de sua evolução, o sistema de leques alimentados pelo escudo atuou
como um sistema do tipo leque deltaico (“fan-delta”), uma vez que suas partes distais eram
retrabalhadas em ambiente marinho e, posteriormente, lagunar. Os dados de subsuperfície
provenientes principalmente de furos de sondagem realizados pela Petrobrás revelam claramente
que, durante o Mioceno superior, o sistema de leques aluviais passava diretamente para o
ambiente marinho, o que se refletiu, estratigraficamente, numa interdigitação das fácies
continentais e marinhas (Delaney, 1965; Closs, 1970; Jost, 1971; Sanguinetti, 1980).
No decorrer do Quaternário, após a individualização das lagoas Patos e Mirim, as fácies
distais do sistema de leques passaram a ser retrabalhadas pelos agentes hidrodinâmicos do
ambiente lagunar. A expressão geomorfológica mais importante deste retrabalhamento foi a
formação de terraços escalonados ao longo da rampa deposicional dos leques aluviais. Este
terraceamento marca claramente uma resposta às variações de nível dos corpos lagunares como
conseqüência das flutuações quaternárias do nível relativo do mar.
15

Fig. 6 – Icnofósseis de mamíferos pleistocênicos em fácies do sistema de leques aluviais


alimentados pelo escudo e da Barreira I. A: Fácies de fluxos de detritos do sistema de leques; B:
Fácies eólica da Barreira I; C: Crotovina – cavidade circular preenchida por argila laminada.

Sob o ponto de vista geométrico, o sistema deposicional de leques aluviais alimentados


pelo escudo pode ser visto como uma cunha de clásticos que se espessa no sentido do interior da
Bacia de Pelotas (Fig. 7). Esta geometria fica clara ao se observar as espessuras destes
sedimentos nas perfurações que a Petrobrás realizou na parte emersa da bacia. A maior
espessura foi encontrada próximo à linha de costa atual, no município de Mostardas (Poço 2-MO-
1-RS), onde se registraram 270 m de sedimentos correspondentes ao sistema de leques.

Fig. 7– Modelo da geometria dos depósitos do sistema de leques aluviais alimentados pelo
escudo. A espessura das fácies aumenta no sentido da bacia, revelando a erosão e recuo
progressivo da área fonte (Modelo baseado em Bull, 1972).

As fácies englobadas neste trabalho como pertencentes ao Sistema de Leques Aluviais


alimentados pelo escudo correspondem aos depósitos definidos e mapeados por Delaney (1965)
como integrantes da Formação Graxaim e Laterita Serra de Tapes.
16

Dentre os principais trabalhos que se ocuparam do estudo das fácies pertencentes ao


sistema de leques alimentados pelo escudo podem ser destacadas as contribuições de Delaney
(1965), Ayala (1977), Lehugeur (1992) e Bittencourt (1993).

Leques Alimentados Pelo Planalto


O subsistema de leques aluviais associado às encostas do Planalto da Serra Geral ocupa
a parte interna da PCRS na sua porção norte, a partir, aproximadamente, da latitude de Porto
Alegre. Quando comparado com o subsistema ao sul, observa-se uma notória diferença nas fácies
como reflexo da diferença composicional das rochas fontes e da energia do relevo: as fontes são
constituídas pelas rochas sedimentares e vulcânicas da Bacia do Paraná e o relevo é bem mais
acentuado, atingindo, em certos locais, altitude da ordem de 1000 m.
Como resultado, as fácies geradas são de natureza dominantemente lítica e de
granulometria mais grossa, refletindo um predomínio de processos deposicionais gravitacionais
subaéreos sobre os processos subaquosos. Como produto destes processos gravitacionais,
especialmente o fluxo de detritos, é comum a ocorrência de conglomerados suportados por uma
matriz lamítica e que, não raro, envolve clastos de rochas sedimentares, principalmente arenitos
da Formação Botucatu, e vulcânicas da Formação Serra Geral, com diâmetros superiores a 1 m
(Fig. 8).

Fig. 8 – Fácies de fluxos gravitacionais de sedimentos associadas à porção proximal do sistema


de leques alimentado pelo planalto.

À semelhança do subsistema de leques alimentados pelo escudo, estes depósitos grossos


e imaturos iniciaram provavelmente ainda no Terciário e evoluíram, ao longo do Quaternário,
numa taxa controlada em grande parte pelas oscilações climáticas que ocorreram nesse intervalo
de tempo. Os mais importantes episódios deposicionais transcorreram, provavelmente, durante
fases climáticas mais áridas, quando o pouco desenvolvimento da cobertura vegetal favorecia a
ocorrência, ao longo das encostas, de processos do tipo fluxo de detritos. Durante os períodos
climáticos mais úmidos, as formas originais dos leques aluviais foram suavizadas e obscurecidas,
17

resultando, no final, na formação de uma rampa que ficou bordejando as formações sedimentares
e vulcânicas da Bacia do Paraná. Episódios de fluxos de detritos continuam ocorrendo na região,
alguns deles de proporções catastróficas, como os de 1974, registrados por Gomes (1976), e,
mais recentemente, os que ocorreram em 1995.
As fácies aqui mapeadas como pertencentes ao sistema de leques aluviais alimentado
pelo planalto correspondem, em parte, aos depósitos reconhecidos em trabalhos anteriores como
integrantes da Formação Gravataí (Morris, 1963). Dentre os principais trabalhos que se ocuparam
da descrição destes depósitos podem ser citadas as contribuições de Morris (1963), Fensterseifer
(1979), Arienti (1986) e Frank (1989).

4.3. Sistemas Deposicionais do Tipo “Laguna-Barreira”


Além do sistema deposicional de leques aluviais desenvolvido a oeste, no contato com as
terras altas, a PCRS progradou para leste através da coalescência lateral de quatro sistemas
deposicionais do tipo “laguna-barreira”. Cada um destes sistemas registra o pico de uma
transgressão, seguida de um evento regressivo (Fig. 9).
A idade relativa dos diversos sistemas laguna-barreira fica bastante clara em sua
disposição espacial: o sistema mais antigo (Sistema Laguna-Barreira I) é o mais interiorizado e a
idade decresce no sentido do sistema mais externo (Sistema Laguna-Barreira IV). Já a idade
absoluta, especialmente dos dois sistemas mais antigos (I e II), é difícil de determinar, tendo em
vista a escassez ou mesmo inexistência de materiais apropriados a datações geocronológicas.
Tudo indica, no entanto, que os eventos transgressivos-regressivos responsáveis pela geração
destes diversos sistemas tenham sido controlados, basicamente, pela glácio-eustasia, o que
possibilita sua correlação com os eventos registrados nas curvas isotópicas de oxigênio
desenvolvidas para o Pleistoceno, como as apresentadas por Shackleton & Opdyke (1973) e
Imbrie et al. (1984). Assim, é provável que os quatro sistemas deposicionais tenham-se formado
nos últimos 400 ka, sendo que a instalação de cada sistema corresponderia a um pico na curva
isotópica, como ilustra a Figura 9.
18

Fig. 9 – Perfil esquemático, transversal aos sistemas laguna-barreira, aproximadamente na


latitude de Porto Alegre. A curva isotópica de oxigênio (Imbrie et al., 1984) inserida no desenho
correlaciona, tentativamente, as barreiras com os últimos picos da curva.

4.3.1. Sistema Laguna-Barreira I


O mais antigo sistema deposicional do tipo “laguna-barreira” da PCRS desenvolveu-se
como resultado de um primeiro evento transgressivo-regressivo pleistocênico. De acordo com a
curva isotópica de oxigênio (Fig. 9) é provável que este sistema corresponda ao estágio isotópico
11, o que lhe conferiria uma idade absoluta de aproximadamente 400 ka.
Embora a distribuição espacial original do Sistema Laguna-Barreira I provavelmente tenha
sido mais ampla, hoje em dia sua preservação limita-se, praticamente, à porção noroeste da
planície costeira. Nesta região, a Barreira I (também conhecida como “Barreira das Lombas”)
ocupa uma faixa com orientação NE-SW, com cerca de 250 km de extensão e uma largura média
entre 5 e 10 km. Seu desenvolvimento deu-se principalmente a partir da acumulação de
sedimentos eólicos que se ancoraram de preferência sobre altos do embasamento. Em sua
extremidade NE, estes altos são representados pelas rochas sedimentares e vulcânicas da Bacia
do Paraná e, na parte central e SW, pelas rochas cristalinas do Escudo Pré-Cambriano.
Remanescentes de sedimentos correlativos à Barreira I ocorrem também a oeste da Lagoa Mirim.
As fácies sedimentares da Barreira I correspondem a areias quartzo-feldspáticas
avermelhadas, de granulação fina a média, muito bem arredondadas, semiconsolidadas e que,
19

normalmente, apresentam um elevado conteúdo em matriz síltico-argilosa de origem diagenética


(Fig. 10). Crostas e nódulos ferruginosos encontram-se disseminados nos sedimentos. Os
intensos processos pós-deposicionais que afetaram esta unidade foram responsáveis pela
destruição quase que total de suas estruturas sedimentares primárias. Em conseqüência, a
maioria dos afloramentos apresentam-se maciços, sendo raros os locais em que feições
deposicionais compatíveis com uma deposição eólica podem ainda ser observadas.

Fig. 10 – Fotomicrografia das areias eólicas da Barreira I. Areias bem selecionadas, bem
arredondadas, com bimodalidade textural. Espaço intergranular ocupado por material
argilo/ferruginoso infiltrado mecanicamente (Foto de Gerson S. Terra).

O elevado conteúdo em matriz síltico-argilosa (às vezes superior a 15%) é uma das
características marcantes dos sedimentos da Barreira I. Sua origem, claramente pós-deposicional,
parece estar associada à alteração diagenética dos minerais, especialmente dos feldspatos, e a
processos de infiltração (iluviação) das argilas. Arienti (1986) demonstrou claramente este
comportamento verificando um aumento progressivo do conteúdo de argilas com a profundidade.
Os solos dos altos do embasamento sobre os quais as dunas se ancoraram provavelmente
contribuíram no fornecimento do material síltico-argiloso constituinte da matriz. A mistura de areias
eólicas com grânulos do embasamento envoltos numa matriz siltico-argilosa maciça indica que
muitas vezes houve um processo de redeposição dos sedimentos eólicos que, misturados aos
solos locais, foram retransportados ao longo das encostas do embasamento.
Composicionalmente as argilas constituintes da matriz dos sedimentos da Barreira I
revelaram pertencer quase que exclusivamente à família das caolinitas (Arienti, 1986).
Embora na maior parte dos afloramentos as estruturas sedimentares primárias tenham
sido destruídas, é possível observar, em muitos locais, a ocorrência de estruturas biogênicas
(traços fósseis), especialmente aquelas associadas ao crescimento de raízes. As feições
aparecem como tubos verticalizados de coloração esbranquiçada, devido à redução local do óxido
de ferro. A concentração destas estruturas em determinados níveis dos afloramentos pode ser
indicativa de paleossolos e sua recorrência nos afloramentos seria mais um registro das
20

oscilações climáticas cíclicas que atingiram a região durante o Pleistoceno, induzidas,


provavelmente, pelas variáveis orbitais de Milankovitch. Os paleossolos representam uma fácies
sedimentar que pode refletir os ciclos de Milankovitch, uma vez que a formação dos solos é
extremamente sensível às variações climáticas, especialmente as relacionadas às taxas de
precipitação e evaporação. Assim, em períodos de climas mais úmidos, as dunas da Barreira I
ficariam estabilizadas pela vegetação. Em fases climáticas mais áridas, a vegetação seria
destruída e a atividade eólica seria retomada.
O Sistema Lagunar I ocupou as terras baixas situadas entre a Barreira I e os terrenos mais
antigos formados principalmente pelas rochas sedimentares paleozóicas e mesozóicas da Bacia
do Paraná e pelos terrenos pré-cambrianos da região de Porto Alegre, Viamão e Guaíba. A região
abrange boa parte das bacias do Rio Gravataí e do complexo fluvial do Guaíba.
A carga sedimentar trazida pelos rios que drenam as terras altas adjacentes acumulou-se,
dentro do Sistema Lagunar I, em ambientes de sedimentação lagunar, fluvial e paludial. A região
ocupada pelo Sistema Lagunar I sofreu a influência dos vários eventos transgressivos-regressivos
que se sucederam durante o Quaternário. A cada nova ingressão marinha parte da região era
afogada, retrabalhando os depósitos ali existentes. Assim, o pacote sedimentar que se acumulou
no espaço geomorfológico do Sistema Lagunar I reflete estes diferentes eventos envolvendo
depósitos aluviais, lagunares, lacustres e paludiais de diversas idades. Em boa parte da região, a
sucessão vertical de fácies encerra com espessas camadas de turfa, de idade holocênica, como
as descritas por Villwock et al. (1980).
Em trabalhos anteriores, os sedimentos eólicos aqui entendidos como pertencentes à
Barreira I foram mapeados como integrantes da Formação Itapoã de Delaney (1965). Importantes
trabalhos que abordaram a descrição destes depósitos incluem as contribuições de Delaney
(1965), Jost (1971) e Arienti (1986). As fácies turfáceas inseridas no Sistema Lagunar I foram
estudadas principalmente por Villwock et al.(1980), enquanto a evolução paleogeográfica do
Sistema Laguna-Barreira I durante o Quaternário foi apresentada por Jost (1971) e Arienti (1986).

4.3.2. Sistema Laguna-Barreira II


O Sistema Deposicional Laguna-Barreira II resultou de um segundo evento transgressivo-
regressivo pleistocênico cujo pico transgressivo pode ser tentativamente correlacionado com o
estágio isotópico de oxigênio 9, o que corresponderia a uma idade absoluta de aproximadamente
325 ka (Fig. 9). Este sistema corresponde ao primeiro estágio na evolução da “Barreira Múltipla
Complexa” descrita por Villwock (1977, 1984), cuja individualização foi responsável pelo
isolamento de um gigantesco corpo lagunar representado, hoje em dia, pela Lagoa dos Patos e
pela Lagoa Mirim e que esse autor denominou de “Sistema Lagunar Patos-Mirim”.
As fácies praiais e eólicas da Barreira II ficaram preservadas ao norte como um grande
pontal arenoso desenvolvido ao leste da Lagoa dos Barros e ao sul como um antigo sistema de
ilhas-barreira, responsável pelo primeiro isolamento da Lagoa Mirim. Litologicamente,
21

correspondem a areias quartzo-feldspáticas, castanho-amareladas, bem arredondadas, envoltas


em uma matriz síltico-argilosa de natureza diagenética. As estruturas sedimentares primárias
foram em grande parte destruídas pelos processos pedogenéticos que afetaram profundamente
estes sedimentos.
As fácies acumuladas no Sistema Lagunar II refletem a sedimentação nos ambientes
deposicionais que se desenvolveram nesta região de retrobarreira não só durante o tempo em que
o Sistema Laguna-Barreira II permaneceu ativo, bem como durante os eventos transgressivos-
regressivos posteriores. Durante a rápida transgressão do Sistema II, as águas do corpo lagunar
avançaram sobre os sedimentos do Sistema de Leques Aluviais, retrabalhando-os e esculpindo
um terraço de abrasão que se estende por boa parte da margem oeste da planície costeira. Este
terraço, situado entre 18-24 m de altitude, marca a superfície transgressiva deste corpo lagunar.
As características litológicas dos sedimentos acumulados no Sistema Lagunar II são muito
semelhantes às do Sistema Lagunar III, descritas abaixo.

4.3.3. Sistema Laguna-Barreira III


A Barreira III, associada a um terceiro evento transgressivo-regressivo pleistocênico,
encontra-se muito bem preservada no presente e seu desenvolvimento, responsável pela
implantação final do Sistema Lagunar Patos-Mirim, foi de fundamental importância na evolução
geológica da PCRS.
Os depósitos correlacionáveis à Barreira III estendem-se, de maneira quase contínua, ao
longo de toda a planície costeira, desde Torres até o Chuí. Na parte setentrional da planície, ao
norte da região de Osório, estes depósitos encontram-se apoiados na base da escarpa da Serra
Geral onde, inclusive, se interdigitam com tálus e outros depósitos de encosta pertencentes ao
Sistema de Leques Aluviais. Tal fato indica que no pico transgressivo relativo à Barreira III a linha
de costa atingia diretamente a escarpa da Serra Geral, o que possibilitou, em locais mais
propícios, a formação de cavernas de erosão marinha, como as existentes próximo à Lagoa
Itapeva, ao sul de Torres, e à Lagoa de Sombrio em Santa Catarina, todas elas escavadas nos
arenitos eólicos da Formação Botucatu (Ab’Sáber & Gomes, 1969).
Na porção média da planície costeira, entre Osório e Rio Grande, os depósitos associados
a este evento transgressivo-regressivo pleistocênico atuaram como uma verdadeira barreira,
isolando do lado do continente, na região retrobarreira, um importante sistema lagunar (Sistema
Lagunar III) hoje em dia ocupado, em sua maior parte, pela Lagoa dos Patos.
Na porção meridional da planície, entre Rio Grande e Chuí, os depósitos correspondentes
à Barreira III estendem-se igualmente de forma contínua, inicialmente ancorados nos depósitos da
Barreira II e, mais ao sul, isolando um estreito sistema lagunar posicionado entre as duas
barreiras onde, hoje em dia, nasce e corre o Arroio Chuí.
A natureza estratigráfica da Barreira III foi estudada com maior detalhe por Tomazelli et al.
(1982) e Tomazelli (1985). Os estudos mostraram que a barreira é constituída por fácies arenosas
22

interpretadas como sendo de origem praial e marinho raso, recobertas por depósitos eólicos,
dispostas numa sucessão vertical claramente indicativa de um processo progradante (regressivo).
Os sedimentos praiais são compostos por areias quartzosas claras, finas, bem selecionadas, com
estratificações bem desenvolvidas que incluem, entre outros tipos, a laminação plano-paralela
com truncamentos de baixo ângulo e as cruzadas planar, acanalada e “hummocky” (Fig. 11). Em
muitos afloramentos é notável a ocorrência de uma grande quantidade de icnofósseis
representados por tubos de ophiomorpha (Callichirus sp.), além de moldes de conchas de
moluscos (Fig. 12).

Fig. 11 – Areias finas, quartzosas, da Barreira III. Presença de estratificação plano-paralela,


cruzada planar e acanalada e tubos fósseis de ophiomorpha (Callichirus sp.).

As areias eólicas de cobertura apresentam, em geral, uma coloração mais avermelhada e


um aspecto maciço. Algumas vezes apresentam-se bioturbadas por raízes e, comumente,
intercalam níveis centimétricos de paleossolos. Em vários locais ao longo da Barreira III a
remoção da cobertura vegetal - por processos naturais ou antrópicos - possibilitou a reativação
dos processos eólicos. Estas areias, reativadas pelo vento dominante proveniente do NE, migram
no sentido SW, em geral sob a forma de dunas parabólicas.
O estudo detalhado das estruturas sedimentares e a distribuição vertical das fáceis da
Barreira III evidenciam claramente que a mesma constitui uma sucessão praial progradante
(regressiva). O nível de maior concentração dos tubos de Callichirus sp., correspondente a um
antigo nível médio do mar, situa-se cerca de 8 m acima do nível atual.
As características gerais dos sedimentos da Barreira III (idade, litologias, estruturas
sedimentares físicas e biogênicas, continuidade lateral, altitude média) permitem correlacioná-los
aos depósitos arenosos marinhos descritos em outra partes do litoral brasileiro e relacionados
com a chamada “Penúltima Transgressão” (Bittencourt et al., 1979) ou “Transgressão Cananéia”
(Suguio & Martin, 1978). Baseados em datações radiométricas da série do Urânio realizadas em
amostras de corais, Martin et al. (1982) atribuíram a estes depósitos uma idade de cerca de 120
ka. Uma idade semelhante foi encontrada por Poupeau et al. (1985) na datação das areias eólicas
23

da Barreira III pelo método da termoluminescência. Portanto, os sedimentos da Barreira III podem,
com grande segurança, ser correlacionados com os depósitos marinhos reconhecidos em muitas
das regiões costeiras do mundo e identificados com o evento de mar alto correspondente ao
subestágio isotópico de oxigênio 5e, ou seja, com o último pico interglacial pleistocênico (Fig. 9).

Fig. 12 – Areias praiais da Barreira III, com a presença de tubo fóssil de Callichirus sp. Nesta
ocorrência, a complexa construção biogênica atinge 1,15 m de altura e apresenta várias
ramificações laterais (Foto de Gerson S. Terra).

O Sistema Lagunar III envolveu um complexo de ambientes deposicionais instalados na


região de retrobarreira. Os depósitos ali acumulados são representados principalmente por areias
finas, síltico-argilosas, pobremente selecionadas, de coloração creme, com laminação plano-
paralela e, freqüentemente, incluindo concreções carbonáticas e ferruginosas. As concreções
carbonáticas de formas nodulares ou irregulares são especialmente comuns na região meridional
da planície costeira onde, em certos locais, formam importantes concentrações no horizonte B dos
solos, constituindo-se num calcrete pedogenético. Este calcrete - também descrito como “Caliche
Cordão” (Delaney, 1965) - é um importante indicador paleoclimático assinalando fases com
deficiência em umidade (fases áridas) que possibilitaram a saturação e precipitação do carbonato
de cálcio no perfil de solo.
Fósseis de mamíferos, de idade pleistocênica, têm sido encontrados em vários locais
associados aos sedimentos do Sistema Lagunar III (Paula Couto, 1953; Cunha, 1959; Soliani Jr.,
1973).
A maior parte do Sistema Lagunar III foi ocupada por gigantescos corpos lagunares,
precursores do atual Sistema Patos-Mirim. Em sua margem oeste, à semelhança do que ocorreu
24

com o Sistema Lagunar II, a transgressão rápida das águas lagunares foi responsável pela
elaboração de um terraço de abrasão (superfície transgressiva) nos depósitos do Sistema de
Leques Aluviais, posicionado entre 8-15 m de altitude.
Em trabalhos anteriores, as fácies arenosas das barreiras II e III e as fácies areno-síltico-
argilosas dos correspondentes sistemas lagunares foram mapeadas como pertencentes,
respectivamente, ao Membro Taim e ao Membro Santa Vitória, ambos pertencentes à Formação
Chuí (Soliani Jr., 1973).

4.3.4. Sistema Laguna-Barreira IV


O mais recente sistema deposicional do tipo “laguna-barreira” da PCRS desenvolveu-se
durante o Holoceno, como conseqüência da última grande Transgressão Pós-Glacial (estágio
isotópico de oxigênio 1).
Tendo em vista a maior complexidade deste sistema deposicional será feita uma descrição
mais detalhada de seus subsistemas componentes.

Barreira IV
No máximo da última Transgressão Pós-Glacial, atingido há cerca de 5 ka, o nível do mar
alcançou, na região costeira em estudo, aproximadamente 4 a 5 m acima do nível atual (Villwock
& Tomazelli, 1989, 1998) e possibilitou a formação de uma barreira transgressiva que progradou
durante a fase regressiva que se seguiu. Esta progradação desenvolveu-se principalmente
através da construção de cordões litorâneos regressivos (“beach ridges”) cujas características
ainda podem ser observadas ao norte de Tramandaí e ao sul da cidade de Rio Grande.
As areias praiais da Barreira IV são quartzosas, de granulação fina a muito fina (Martins,
1967; Villwock, 1972) e, em certos locais, apresentam elevadas concentrações de minerais
pesados (Villwock et al., 1979; Munaro, 1994). Areias e cascalhos bioclásticos, formados
basicamente por conchas de moluscos, aparecem como importantes constituintes dos sedimentos
da praia atual no trecho situado entre Rio Grande e Chuí (Calliari & Klein, 1993).
O campo de dunas eólicas da Barreira IV mostra uma largura variável entre 2 e 8 km e
estende-se praticamente ao longo de toda a linha de costa. Em resposta a um regime de ventos
de alta energia proveniente do NE, as dunas livres - predominantemente do tipo barcanóide -
migram no sentido SW, transgredindo terrenos mais antigos e avançando para dentro dos corpos
lagunares adjacentes (Tomazelli, 1990, 1993) (Fig. 13).
Nos últimos anos, vários trabalhos sobre características morfodinâmicas da praia oceânica
da Barreira IV têm sido desenvolvidos como, por exemplo, os estudos de Calliari & Klein (1993),
Toldo Jr. et al. (1993) e Weschenfelder (1996). O campo eólico da Barreira IV foi estudado
principalmente por Martins (1967), Tomazelli (1990, 1993, 1994) e Zomer (1997).
25

Fig. 13 – Sistema eólico ativo da Barreira IV. Dunas transgressivas, do tipo barcanóide, migrando
sobre terreno vegetado mais antigo. Campo de dunas entre Pinhal e Cidreira.

Sistema Lagunar IV
O espaço de retrobarreira, situado entre a Barreira IV e os sedimentos pleistocênicos da
Barreira III, foi ocupado, no pico transgressivo holocênico, por grandes corpos lagunares que,
acompanhando a posterior progradação da barreira, evoluíram para um complexo de ambientes
deposicionais. Dentro deste conjunto podem ser destacadas a Lagoa Mangueira, na região sul da
planície costeira, a Lagoa do Peixe, na parte média, e o rosário de lagoas interligadas existentes
no Litoral Norte do Estado. Além disso, a ingressão marinha no máximo transgressivo estendeu-
se pelos terrenos baixos situados entre os depósitos das barreiras pleistocênicas e o sistema de
leques aluviais, restabelecendo mais uma vez o Sistema Lagunar Patos-Mirim, como definido por
Villwock (1984).
O Sistema Lagunar IV do Litoral Norte do Estado foi descrito com maiores detalhes por
Tomazelli (1990) e Tomazelli & Villwock (1991). Esses autores mostraram que, nessa região, o
sistema é constituído por um conjunto complexo de ambientes e subambientes deposicionais que
incluem: corpos aquosos costeiros (lagos e lagunas), sistemas aluviais (rios meandrantes e
canais interlagunares), sistemas deltaicos (deltas flúvio-lagunares e deltas de “maré lagunar”) e
sistemas paludiais (pântanos, alagadiços e turfeiras). Ao longo do tempo de existência do sistema
deposicional, estes ambientes coexistiram, lado a lado, ou então gradaram temporal e/ou
espacialmente uns nos outros. De modo especial a passagem temporal gradativa “laguna-lago-
pântano costeiro” parece marcar uma clara tendência evolutiva entre estes importantes
componentes do sistema. Tais transformações são controladas basicamente por quatro
mecanismos principais: (1) as variações do nível de base regional, incluindo o lençol freático, que
acompanharam as flutuações holocênicas do NRM; (2) o progressivo avanço da vegetação
marginal dos corpos aquosos; (3) o aporte de sedimentos clásticos trazidos pelos cursos fluviais e
(4) a migração das dunas eólicas livres que avançam pelo flanco leste destes ambientes. Estes
mecanismos controlam não somente a velocidade em que transcorrem os processos evolutivos,
26

mas também a natureza textural e composicional das fácies que se acumulam nos diversos
ambientes deposicionais.
A Lagoa dos Patos, com 10.360 km2, se destaca como o mais importante corpo lagunar da
PCRS. Seus sedimentos de fundo têm sido tema de estudo de diversos autores. De um modo
geral, ao analisar-se a variação dos teores de areia, silte e argila, observa-se que os sedimentos
apresentam uma distribuição que não se afasta muito dos padrões apresentados por outros
corpos lagunares. As fácies arenosas ocupam as partes mais rasas (0,0 a 4,0 m). As fácies
sílticas distribuem-se pelas partes centrais e mais profundas (4,0 a 10,0 m) ocorrendo também ao
longo dos canais de acesso ao porto de Rio Grande. Fácies argilosas ocorrem em pequenas
áreas nas zonas mais profundas e ainda numa ampla zona situada em frente ao delta do Rio
Camaquã. Fácies mistas, areno-silto-argilosas, têm ocorrência restrita nas partes mais profundas
das baías que se situam na porção mais meridional do corpo lagunar.
A análise da fração grossa destes sedimentos mostra que nas fácies arenosas, quartzo e
fragmentos de conchas de moluscos são os constituintes essenciais, ocorrendo ainda, em
pequenas quantidades, minerais pesados, mica, fragmentos de madeira, foraminíferos,
concreções ferruginosas e fragmentos de rocha. Nas fácies sílticas e argilosas predominam os
fragmentos de conchas e o quartzo, ocorrendo os demais componentes em pequenas
proporções. Os maiores teores em matéria orgânica são encontrados nas imediações do delta do
Rio Camaquã, o mesmo acontecendo com a quantidade de minerais pesados. No que diz
respeito aos argilo-minerais presentes nas fácies finas, ocorrem, em ordem de abundância,
esmectitas, caulinita, interestratificados do tipo illita-esmectita e clorita. É uma assembléia
detrítica, herdada das áreas-fonte.
A carga de material em suspensão oscila entre 70 a 30 mg/l na parte norte, influenciada
pelas maiores descargas fluviais, passando por 15 mg/l na porção média e por fim, na parte
estuarina, ocorrem variações entre 4 mg/l na superfície e 32 mg/l junto ao fundo, condicionadas,
ali, pelos processos de floculação. Avaliações das taxas de sedimentação mostram resultados
que oscilam entre 5 e 8 mm/ano.
De um modo geral, os sedimentos que estão sendo acumulados na laguna têm sua fonte
nas rochas polimetamórficas, ígneas e sedimentares, pré-cambrianas e paleozóicas do
embasamento cristalino, além das seqüências sedimentares e ígneas, paleozóicas e mesozóicas,
da Bacia do Paraná, todas constituintes do embasamento da Bacia de Pelotas. Uma importante
contribuição surge do retrabalhamento dos depósitos do Sistema de Leques Aluviais, a oeste, e
da Barreira III, ao leste, que constituem os terrenos cenozóicos das margens do corpo lagunar.
Dentre os principais trabalhos voltados à geologia, geomorfologia e sedimentologia da
Lagoa dos Patos podem ser destacadas as contribuições de Martins (1963, 1966), Martins &
Gamermann (1967), Martins (1971), Villwock (1977), Herz (1977), Calliari (1980), Martins et al.
(1983) e Toldo Jr. (1989, 1994).
27

Outros importantes corpos lagunares da PCRS, como a Lagoa Mirim e a Lagoa Mangueira,
são praticamente desconhecidos do ponto de vista geológico/geomorfológico. O trabalho de Vieira
(1995) sobre a sedimentologia da Lagoa Mirim é um dos raros estudos efetuados neste importante
corpo lagunar.
Corpos lagunares menores, especialmente os situados no Litoral Norte do Estado, têm
sido objeto de estudo de vários pesquisadores, como Delaney (1960), Schwarzbold (1982),
Santos (1986), Dillenburg (1994) e Tabajara (1994).

5. A EVOLUÇÃO PALEOGEOGRÁFICA
Apesar da escassez de dados geocronológicos e da baixa fidelidade dos dados
altimétricos existentes na área, razão da não elaboração de curvas de variação de nível do mar
ali aplicáveis, a análise da sedimentação e da edificação geomorfológica da PCRS permite
retratar os principais momentos de sua evolução. O modelo evolutivo proposto se encontra
sintetizado em um conjunto de mapas paleogeográficos apresentados por Villwock & Tomazelli
(1995).
De acordo com este modelo, um pacote de sedimentos clásticos terrígenos se acumulou,
a partir do final do Terciário, em um sistema de leques aluviais coalescentes desenvolvido ao
longo da margem oeste da planície, na base das terras altas. Estes depósitos foram
retrabalhados, em suas porções distais, por no mínimo quatro ciclos transgressivos-regressivos,
os quais podem ser correlacionáveis aos quatro últimos eventos glaciais que caracterizaram o
final do Cenozóico.

5.1. A Evolução Paleogeográfica Pré-Holocênica


A porção superior do Sistema de Leques Aluviais, aflorante na parte interna da planície
costeira, assenta sobre camadas marinhas miocênicas e teve o apogeu de seu desenvolvimento
durante o evento regressivo que se estima, estendeu-se do Plioceno ao Pleistoceno Inferior.
Naquele tempo, o panorama era de uma grande planície construída por leques deltaicos
coalescentes alimentados por fluxos torrenciais provenientes das terras altas submetidas a um
clima semi-árido.
O primeiro ciclo transgressivo-regressivo de que se tem registro retrabalhou a porção
distal dos leques deltaicos e deu origem a um sistema laguna-barreira que ficou bem preservado
na parte NW da planície costeira. Esta antiga linha de costa pleistocênica é provavelmente
correlacionável ao estágio isotópico de oxigênio 11, aproximadamente 400 ka.
O segundo ciclo foi responsável pelo início da construção da barreira arenosa que isolou a
Lagoa dos Patos e a Lagoa Mirim e que Villwock (1984) denominou de “Barreira Múltipla
Complexa”. O máximo da transgressão esculpiu uma escarpa erosiva na superfície dos leques
aluviais, construiu alguns pontais arenosos, marcando uma segunda linha de costa pleistocênica
provavelmente correlacionável ao estágio isotópico de oxigênio 9, aproximadamente 325 ka. Na
28

margem oceânica, ao sul, uma barreira arenosa isolou a Lagoa Mirim e, ao norte, um pontal
arenoso recurvado, ancorado na base das encostas do planalto da Serra Geral, começou a isolar
a área que viria a ser ocupada pela Lagoa dos Patos.
O terceiro ciclo adicionou mais um sistema do tipo laguna-barreira, fazendo progradar a
Barreira Múltipla Complexa, completando o fechamento da Lagoa dos Patos. Pertence a este
evento a depressão lagunar que hoje é drenada pelo Arroio Chuí e onde são encontrados os
mamíferos fósseis da Fauna Pampeana. No interior do Sistema Lagunar Patos-Mirim, a terceira
linha de costa pleistocênica está muito bem preservada sob a forma de uma escarpa, limite
interno de um terraço (15 - 8 m), cristas de praia e pontais arenosos. A barreira que continuou a
desenvolver-se na fase regressiva é a que melhor se preserva na região, mostrando depósitos
praiais e marinhos rasos contendo tubos fósseis de Callichirus sp., cobertos por um manto de
areias eólicas. Correlacionável a depósitos muito semelhantes que ocorrem ao longo de quase
toda a costa brasileira, a idade deste sistema tem sido considerada como de 120 ka, subestágio
isotópico de oxigênio 5e.
A fase regressiva que se seguiu atingiu seu máximo há aproximadamente 17 ka. Uma
ampla planície costeira ocupava o que hoje é a plataforma continental e o Sistema Lagunar
Patos-Mirim estava transformado numa grande planície fluvial, área de passagem dos cursos de
água que erodindo depósitos antigos aprofundavam seus vales até chegar à linha de costa
situada a aproximadamente 120 m abaixo do atual nível do mar.

5.2. A Evolução Paleogeográfica Holocênica


Em decorrência do degelo das grandes massas glaciais formadas principalmente no
Hemisfério Norte, a última grande transgressão, iniciada no final do Pleistoceno, avançou
rapidamente pela planície costeira que ocupava a atual plataforma continental. A transgressão
atingiu seu máximo há cerca de 5 ka, quando o NRM alcançou, na área de estudo, em torno de 4
a 5 m acima do nível atual (Villwock & Tomazelli, 1989). Uma falésia, muito bem preservada,
esculpida nos depósitos das barreiras e dos terraços lagunares pleistocênicos, é testemunha da
posição alcançada por esta linha de costa no máximo transgressivo (Villwock, 1972, 1977;
Vilwock & Tomazelli, 1998).
A desaceleração na taxa de subida do NRM e a estabilização temporária no final do evento
transgressivo (“highstand”) foram responsáveis pela implantação de uma barreira transgressiva
que, provavelmente, possuía dimensões reduzidas tendo em vista o limitado suprimento de areia
fornecido pelos poucos rios que alcançavam a praia. A maior parte da carga arenosa transportada
pelos principais rios que chegavam à planície costeira ficava retida nos ambientes lagunares
reinstalados nos espaços de retrobarreira associados às barreiras pleistocênicas (Lagoa dos
Patos e Lagoa Mirim).
A queda do NRM que se seguiu ao máximo transgressivo de 5 ka estimulou a formação de
uma barreira progradante, que teve seu maior desenvolvimento no interior de suaves
29

reentrâncias da linha de costa, como os trechos costeiros entre Torres e Tramandaí e na


reentrância de Rio Grande (Dillenburg et al., 1998; Tomazelli & Dillenburg, 1998).
Face à deficiência de suprimento de areia fluvial, é provável que a maior parte das areias
responsáveis pela progradação da barreira holocênica tenha sido fornecida pela antepraia inferior
e pela plataforma continental interna. Este mecanismo de suprimento, já sugerido por Dominguez
et al. (1987) para a gênese dos depósitos regressivos holocênicos da costa leste e sudeste
brasileira, atuaria como um corolário da “Regra de Bruun”. De acordo com este princípio, na busca
do estabelecimento de um novo perfil de equilíbrio adaptado às condições de NRM em queda, as
ondas normais promoveriam uma erosão da antepraia inferior e plataforma continental interna
transferindo as areias para a praia.
Dillenburg et al. (1998) mostram que a barreira holocênica apresenta uma variabilidade
morfológica ao longo da costa devido à influência exercida pela topografia antecedente à última
transgressão (morfologia da superfície pré-holocênica). Os autores reconhecem quatro tipos
principais de barreiras holocênicas desenvolvidas ao longo da costa da PCRS: barreiras
progradantes, de dunas transgressivas, retrogradantes e acopladas.
Vários indicadores geológicos e geomorfológicos (por exemplo, o afloramento, na praia, de
extensos depósitos de turfas e outros sedimentos de retrobarreira de idade holocênica e a
existência de uma escarpa praticamente contínua ao longo das dunas frontais) revelam que a
maior parte da linha de costa da PCRS ao invés de progradar está sofrendo erosão e retração nos
dias atuais (Tomazelli & Villwock, 1989; Tomazelli et al., 1997, 1998). Além disso, os indicadores
mostram que o processo erosivo parece não ser um fenômeno que iniciou recentemente, mas,
tudo indica, representa uma tendência de longa duração (Tomazelli & Dillenburg, 1998; Tomazelli
et al., 1998).
Embora a erosão seja praticamente generalizada, alguns setores da linha de costa
apresentam uma retração mais acentuada e evidente. Estes setores situam-se próximos ao
Jardim do Éden, logo ao sul de Tramandaí (Litoral Norte), ao Farol da Conceição (Litoral Médio) e
ao Hermenegildo (Litoral Sul). Em todos estes locais, a recessão da linha de costa permitiu a
exposição, na praia intermarés e na base das dunas frontais, de extensos depósitos lagunares e
paludiais (turfas, argilas orgânicas, camadas de conchas de moluscos estuarino-lagunares) de
idade holocênica.
No Litoral Médio do RS, uma região remota que se caracteriza pela total ausência de
urbanização, a continuidade lateral das turfas expostas na praia pode ser seguida por uma
distância em torno de 100 km, revelando a expressiva dimensão da antiga turfeira. Nessa região,
junto ao Farol da Conceição, a linha de costa recuou cerca de 50 m no intervalo de tempo de 20
anos, determinando uma taxa de retração média de 2,5 m/ano (Tomazelli et al., 1997). Este
processo de retração não foi gradual mas sim episódico, controlado basicamente pelos eventos de
tempestade.
30

Referindo-se ao Farol da Conceição e à casa do faroleiro, Tomazelli (1990, p. 234) alertou


que “A se manter esta tendência recessiva é de se esperar que, em poucos anos, tanto o farol
como a casa serão destruídos pela ação das ondas”. Esta previsão foi confirmada três anos
depois, com a queda do farol, ocorrida durante um evento de tempestade no ano de 1993, e com
a queda da casa do faroleiro em 1999. A mesma previsão pode ser feita em relação ao novo farol
recentemente construído (Fig. 14).

Fig. 14 – Erosão praial junto ao Farol da Conceição, Litoral Médio do RS. A linha de costa recuou
mais de 50 m no período coberto pelas fotos. Observe-se a presença de uma camada contínua de
turfa ao longo da praia, na base da escarpa erosiva, que pode ser acompanhada lateralmente por
uma distância de cerca de 100 km.
31

A erosão severa que atinge a maior parte da costa do Rio Grande do Sul foi descrita pela
primeira vez por Tomazelli & Villwock (1989) e Tomazelli (1990) e registrada em vários trabalhos
posteriores (Tomazelli & Villwock, 1992; Martins et al., 1993; Tomazelli et al., 1995,1997,1998;
Tomazelli & Dillenburg, 1998; Calliari et al., 1996,1998). Várias causas têm sido postuladas para
explicar o processo erosivo, como: (1) elevação atual do nível relativo do mar (Tomazelli &
Villwock, 1989; Tomazelli, 1990; Tomazelli et al., 1995, 1997, 1998; Villwock & Tomazelli, 1998);
(2) efeito das marés meteorológicas associadas a eventos de tempestades (Calliari et al, 1996);
(3) concentração de energia de ondas devido à refração em feições morfológicas submersas
(Calliari et al., 1998); e (4) concentração de energia de ondas controlada por feições morfológicas
de grande escala associadas à topografia pleistocênica precedente à última grande transgressão
(Dillenburg et al., 1998). As causas apontadas não são excludentes e é possível, inclusive, que o
fenômeno erosivo resulte da superposição das mesmas. Na realidade, com exceção das causas
3 e 4, atribuídas à topografia submarina e, portanto, desempenhando um papel “passivo” no
fenômeno, as duas primeiras podem estar controladas por um mesmo fator que é a variação
climática que atinge o planeta nos dias de hoje e que está levando ao seu aquecimento. O
aumento da temperatura média global pode ser responsável tanto pela elevação do nível do mar
(por efeito glácio-eustático e de variação térmica de volume) como pelo aumento da freqüência
e/ou magnitude das tempestades.

6. RECURSOS MINERAIS
A ocorrência de recursos minerais de importância econômica em uma determinada região
depende diretamente de sua origem e evolução geológica. Deste modo, ao caracterizar-se a
PCRS como pertencente a uma bacia marginal preenchida por seqüências sedimentares detríticas
terrígenas acumuladas sobre um embasamento mais antigo constituído em parte por terrenos
cristalinos, em parte por terrenos sedimentares e vulcânicos, define-se o seu potencial em
recursos minerais.
Nas áreas onde aflora o embasamento cristalino, muitas de suas litologias são utilizadas
como materiais para a indústria da construção civil. Granitos de diversos tipos fornecem brita,
pedras de cantaria em estado bruto ou beneficiadas para uso como revestimentos e peças de
arte. Quase o mesmo emprego têm os basaltos da Bacia do Paraná e os arenitos da formação
Botucatu. Eluviões, coluviões e aluviões derivados das seqüências do embasamento fornecem
argilas para cerâmica, areias e cascalhos para produção de agregados.
Não se pode deixar de mencionar as grandes jazidas de carvão que são conhecidas no
substrato da região nordeste da planície costeira, incluídas na formação Rio Bonito, cujas
características são apresentadas por Bortoluzzi et al. (1980) e Camozzato et al. (1982).
Na planície costeira propriamente dita, os recursos minerais são de natureza terrígena
(cascalhos, areias e lamas) e organógena (turfas, diatomitos e biodetritos carbonáticos).
32

Efetivamente, as planícies aluviais dos principais rios que chegam à região costeira, os
terraços e praias lagunares, os terraços marinhos e os depósitos eólicos têm sido explotados de
modo intenso nas proximidades de todas as concentrações urbanas, fornecendo-lhes diversos
materiais para a indústria da construção civil. Neste contexto destacam-se em importância as
areias praiais e marinho-raso da Barreira III.
Areias para a indústria do vidro têm sido explotadas ao longo das praias de lagunas e
lagos costeiros.
Apesar da pobreza em acumulações carbonáticas que ali se observa, são conhecidas
importantes concentrações de conchas calcárias de moluscos, como as que ocorrem na Praia dos
Concheiros, ao sul de Rio Grande (Calliari & Klein, 1993) e nas margens da Lagoa Mirim (Ponta
Alegre e Ponta dos Latinos). Entretanto, é na Plataforma Continental que se encontram os
maiores volumes de carbonatos biodetríticos, conforme se depreende das descrições de
Figueiredo Jr. (1975) e Corrêa & Ponzi (1978).
Ocorrências de diatomitos foram mencionadas por Delaney (1965) e Villwock et al. (1980).
A presença de concreções fosfáticas na plataforma continental foi reportada por Klein et al.
(1992).
Grandes depósitos de turfas, ocupando zonas paludiais que evoluíram a partir do
assoreamento de antigas lagoas costeiras foram descritas por Villwock et al. (1980). O seu
aproveitamento como fonte energética alternativa e como recondicionador de solos para uso
agrícola foi discutido por Villwock et al. (1983 a, 1983b). Wildner et al. (1988) apresentam um
levantamento sobre as ocorrências de turfa ao longo de toda a planície costeira.
Pláceres praiais e eólicos, contendo elevadas concentrações de ilmenita (Ti), rutilo (Ti),
magnetita (Fe) e zircão (Zr) ocorrem ao longo da linha de costa atual. Eles foram estudados por
Silva (1976), Villwock et al. (1978, 1979), Loss & Dehnhardt (1983) e Munaro (1994).
Água para abastecimento de pequenas populações tem sido obtida de aqüíferos
subterrâneos armazenados nas formações arenosas. Nem sempre ela é de boa qualidade. Por
outro lado, rios e corpos lacustres são responsáveis pelo abastecimento das grandes
concentrações urbanas e centros industriais, como é o caso da região metropolitana de Porto
Alegre, das cidades de Pelotas e Rio Grande e dos balneários do Litoral Norte.

7. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e à Fundação de
Amparo à Pesquisa do Esdado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) pelo apoio financeiro recebido.

8. LEITURA RECOMENDADA
Delaney, P.J.V. 1965. Fisiografia e geologia da superfície da planície costeira do Rio Grande do
Sul. Publicação Especial da Escola de Geologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 6:1-195.
33

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Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica, UFRGS. Porto Alegre, 8: 1-45.

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