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Em casa dos II nº fos

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Rua da Qu Landa. N º 77
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é º 3. e 4 2 (
BIBLIOTHE CA +

MAÇONNICA.

TOMO I.
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- PARIS. — NA OFFICINA TYPOGRAPHICA DE BEAULÉ,


Rue François Miron, 8.
BIBLIOTHECA
MAçorINICA,
OU

INSTRUCÇÃO COMPLETA
Do FRANC-MAÇON.
COMPRE HENDENDO

1- A Historia da Maçonnaria desde a mais alta antigui


dade até hoje;
2- O Ritual de todos os gráos da Maçonnaria;
3º A Guia do Architecto ;
4º A Maçonnaria d'Adopção;
5° Huma Collecção de Discursos para todos osgráos e fes
tas das ordens;
6* Os Estatutos geraes e particulares dos principaes Orien
tes da Europa;
7° Modelos de Correspondencia oficial e ceremonias;
8° Hum Vocabulario Maçonnico.
OBRA
*#

proicadº. Aos onmentes Lusitano e BRASILIENSE,


- POR UM CAV.". ROSA-CRUZ.

TOMO PRIMEIRO.
• /**

PARIS.

184 ().
ADVERTENCIA.

A ordem da Franc-Maçonnaria é uma


associação de homens sabios e virtuo
sos, cujo objecto é viver em uma per
feita igualdade, intimamente unidos
pelos laços da estima, da confiança
e da amizade, debaixo da denomina
ção de Irmãos, e o estimularem reci
procamente um aos outros á pratica das
virtudes.

Segundo esta definição, a pruden


cia e o interesse de todas as Lojas im
põe-lhes o rigoroso dever de não faze
rem participar dos nossos Mysterios senão
aquellas pessoas que, além de serem
dignas de todas estas vantagens, séjão
{
Ij ADvERTENCIA.

capazes de contribuir ao fim proposto,


e que não envergonhem, aos olhos dos
Mações todo o Universo, as Lojas que as
tiverem admittido.
Assim quando se trata da admissão
de um profano (*) a Loja, a que elle é
apresentado, deve considerar: que vai
dar um membro á associação geral, e
um Irmão a cada membro; que uma vez
admittido, os Maç... de todo universo,
de qualquer estado, qualidade e condi
ção que séjão, são obrigados a reconhecê
lo como tal; por consequencia que é
tanto da honra da Loja, como do inte
resse de que ella deve ser animada pela
gloria e prosperidade da Ordem, que

(*) Remontando á mais alta antiguidade, estapa


lavra nunca significou outra cousa mais que a inad
misso ao templo, aos mysterios. Profanum extra
templum: assim profano não significa senão aquelle
que ainda não está admittido, em opposição ao que
já o é, ao iniciado; e assim por nenhum motivo esta
palavra pode ser ofensiva,
ADVERTENCIA. Ilj
aquelle aspirante seja digno de ser apre
sentado a todos os Maç...; é preciso em
fim que, apoiado no testemunho da sua
Loja, elle mereça ser acolhido por todos
os Irmãos como um homem virtuoso,
como um Irmão que, em tal qualidade,
tem direito á sua amizade a mais intima,
visto que a Loja, pela admissão d'um
homem, torna-se, para com todos os
Maç..., garante das qualidades, que
essa admissão deve fazer presumir no =
iniciado.

Assim nunca se poderá criminar de


demasiado o escrupulo, exactidão e se
veridade das lojas nas informações, que
se houver de tomar, sobre os individuos
que lhes forem apresentados.
Um outro ponto, não menos impor
tante, é a uniformidade que deve reinar
na maneira de procederá iniciação.
Portão plausiveis motivos se proce
deu á redacção d'um protocolo de ini
IV ADVERTENCIA,

ciação não só aos tres primeiros gráos,


ou gráos symbolicos, mas tambem ás
quatro ordens superiores, ou gráos mys
terios, a fim de conseguir-se, sendo pos
sivel, a requerida uniformidade, e para
que a Maçonnaria sendo levada á pratica
de seus usos antigos, que alguns inno
vadores teem tentado alterar, visse res
tabelecidas essas primeiras e importantes
iniciações na sua antiga e respeitavel pu
TOZ3.

As Lojas devem pois conformar-se


com elle em todos os pontos, a fim de
não oferecerem mais aos Maç... via
jantes uma diversidade tão repugnante,
e contraria aos verdadeiros principios da
Maçonnaria.
INTRODUCÇÃO.

Antes de tratar de cada um dos gráos


do Rit.". Moderno, julgamos dever an
tepôr uma instrucção geral sobre a orga
nisação da L... e de seus empregados.
Serie dos Gr... e Ord.'. do Rit.".
Francez ou Moderno.

Gráos.

4º Aprendiz.
2º Companheiro, Maç.". Symb.".
3° Mestre.
Ordens.




Eleito secreto.
El.". Sub. "., ou Escocez.
Cavalleiro do Oriente. 3º
#

Maç.". Myst.".
7º Cavalleiro R.". Cruz. Aº

Analyse do Rit.". Moderno.


O 1º Gr.… É consagrado a virtude e á
beneficencia. -
vj INTRODUCÇAo.
O 2º Gr... É cons... ao trabalho e ás
artes mechanicas.
O 5° Gr... É cons,…, ao pundonor in
flexivel, e ás producções do
genio.
O 4° Gr... É cons... ao zelo virtuoso,
e á punição da perfidia.
O 5º Gr... É cons... á gratidão para
com os chefes da Ord..., e
ao perdão das injurias.
O 6° Gr... É cons... ao heroismo em
beneficio da patria.
O 7º Gr... É cons... ao triumpho das
luzes sobre as trevas, e ao da
virtude contra o vicio.

Oficiaes de uma L.'.

1º Veneravel.
2º Vigilante (1°).
5° Vigilante (2).
4º Orador.
5° Secretario.
6º Mest... de Cerem...
7º Archivista.
8º Thesoureiro.
ºº Experto (1).
10° Experto (2°).
INTRODUCÇÃO, vij
11º I.”. Terrivel.
##
12º I...Hospitaleiro.
15. I.”. Architecto.
14º Mest... dos Banq.'. (*).
Veneravel: é o primeiro empregado,
que examina, dirige, e preside os Trab.".
da L... Tem o direito de retirar a Pal.".
ao I... que se afastar da ordem da discus
são : de lhe fazer cobrir o Templo; e
mesmo, em caso grave, o Ven... pode
suspender e fechar os Trab... Como
chefe supremo, o Ven... assigna todas as
pranchas da L.'.: é presidente nato em
todas a commissões e deputações; final
mente o Ven... é quem só pode negar
ou dar a Pal... aos II.”., devendo ser
sempre igual e imparcial. O Ven... oc
cupa o lugar do Oriente.
Vigilantes: são dous empr."., que teem
a seu cargo o annunciar, cada um á sua
respectiva columna, os Trab... propostos
pelo Ven.'., conservão na L.". o silencio
e a ordem, e são os que obteem do Ven.'.
a Pal... para os II.". Os Vigil... substituem
o Ven.'. na sua falta; mas em todas as

(*) Além d’estes empregados pode haver outros


adjuntos, •
vnj rNTRODUCÇAo.
funções o primeiro Vig... prefere o se
gundo. Ambos assignão todas as pranchas
da L... O logar do primeiro é debaixo da
Col... B: e o do segundo da Col.". J."..
Orador: é o conservador nato dos esta
tutos geraes da Ord...; por isso deve op
por-se a toda e qualquer deliberação que
lhes seja contraria, e pedir acta da pro
testação; para ser transmettida ao Gr.--
Or...: pertence-lhe tambem a inspecção
dos regulamentos particulares da L.'., e
pode oppor-se á sua infracção; n’este ca
so a L.'. só delibéra na sessão seguinte
sobre o merito de tal opposição.
O Orad..., a pedido do Ven.'., e ha
vendo necessidade, resume tambem as
questões em discussão sem as motivar, e
pode adia-las, quando a discussão não
esteja suficientemente esclarecida. O
Orad... he especialmente encarregado :
1º d'explicar os symbolos aos iniciados :
2º de apresentar, em cada festa da Ord.'.,
a analyse dos Trab... da L.'.: 5º de cele
brar as festas e os funeraes com pranchas
de Arch.….: 4º em fim de assignar e con
ferir a redacção definitiva das pranchas
da L.'. •

O Orad... assenta-se no cimo da col.".


B.º., no Oriente.
INTRODUcção. jx
Secretario : é o Empr... encarregado
de fazer o traço do Trab... que deve ser
li lo antes do encerramento da L...) so
bre o qual será feita a prancha, que na
sessão seguinte deve ser submettida á ap
provação da L... É tambem encarregado
da correspondencia da L.'., e da expedi
ção dos diplomas.
Convoca os II... a convite do Ven.'.,
assiste aos escrutinios, e assigna todas as
Pranch... da L.'. O Secr.". assenta-se
no lado opposto ao Orad.
Mest... de Cerem...: É o Empr... que
prescreve e dirige o ceremonial das as
sembléas ordinarias e extraordinarias;
que introduz e accompanha os II... visi
tadores para os colocar segundo os seus
Gr...; faz correr o sacco das Prop.". e no
caso de necessidade dá os agradecimentos
em vez dos iniciados. Tambem é ele o que
distribue as espheras para os escrutinios,
e traz ao Ven... as Pal.'. de Ord... trans
mettidas sobre as Col.". O Mest de Ce
rem... assenta-se no cimo da Col.". J.
Archivista : he o depositario do sello da
L.'., e de todos e quaesquer papeis que
lhe pertencem, os ques sem deslocação,
podem ser communicados aos outros II...
Além d’isso, o Arhciv.". conserva um re
X INTRODUCÇÃO. •

gistro de todas as pranchas que lhe são


confiadas, e cada um de seus artigos deve
ser rubricado por elle e pelo Ven.. O
Arch. ". assenta-se ao lado do Orad.…..
Thesoureiro: é o encarregado de regis
trar as despezas e receitas da L.".; de ar
recadar a joia das iniciações, das filia
ções e das contribuições; e dá annual
mente as contas de sua administração. O
Thes.…. paga todos os bilhetes que forem
assignados pelo Ven... e pelo Archiv.". O
Thes.", assenta-se ao lado do I.". Secr.
Expertos : cobrem e vigião o Templo;
assegúrão-se das qualidades Maç.…. dos
II.". Visit..., e recolhem os escrutinios.
O 1º Exp.…. em caso d'ausencia, pode
substituir um e outro Vig..., e até mesmo
o Ven...; mas o 2º Exp... só pode substi
tuir o 1º, e fazer as vezes de I.”. Terrível.
O 1º Exp... assenta-se no cimo da Col...
B.º. e o segundo á porta no interior do
Templo.
I.". Terrivel : é o encarregado de con
duzir o Recip..., durante o tempo da recep
ção; e pode ser substituido pelo 2° Exp...
O I.”. Terrivel assenta-se entre as portas
exterior e interior do Templo.
I.". Hospitaleiro : tem a seu cargo o
exercicio da beneficencia; visista os II.".
INTRODUCÇÃo. xj
doentes ou desgraçados; e provoca em
seu favor os soccorros da L.'., e do Gr.".
Or... Havendo funeral, elle pode, com
o Secr..., convocar os 11... para assistirem
as ultimas honras do I... defunto. O I.".
Hosp.…. assenta-se ao lado 1º Exp.…..
I.". Architecto : é o encarregado de
tudo que diz respeito á decoração do Tem
plo Maçº... Assenta-se ao lado do Mest.".
dos Banq.'.
Mest... de Banquetes: é o encarregado
da direcção das festas solsticiaes da Ord.'.,
das quaes uma tem logar a 27 de dezem
bro, e a outra a 24 de junho. Assenta-se
ao lado do Mest... de Cerem.".
Os Aprend. . e Comp... assentão-se na
Col.". J."... Os Mest.º., El.". Esc.º., e
Cav.'. do Or..., assentão-se na Col.". B."..
Os R.'. cruz órnão o Oriente.
PROLOGO.

SENDo certo que, com o andar dos


tempos, a tradição tem podido introdu
zir na Maç... erros nimiamente damno
sos, pensámos que fazer uma obra, em
que s'apresentasse a verdadeira doctrina
Maç..., seria tão necessario para o bem
da Ord..., que gostoso tomámos essa
ardua tarefa.

He matural que alguns Maç... zelosos


taxem d’indiscrição a ingenuidade, com
que de certo modo revelamos alguns de
seus mysterios: entretanto, pareceo-nos
que a publicação de certas verdades seria
"j PROLOGO.

muito menos nociva á Ord.". Maç.'. do


que não tem sido o ridiculo, em que a
Maç.…. se tem deixado cair pela falta
d'instrucção, e de livros.
Alem d’isso, damos por certo que as
ideias, que qualquer Prof... pode tirar
d’este escrito, aonde não se achão nem
Sin.… nem Toq.'. nem Pal..., nunca
serão sufficientes para poder entrar n’uma
L.'. regular, comtanto que os seus Off...
fação o seu devêr.
Contribuirão para o total d’esta obra
quasi todos os escritos Maç... até 1833.
Poucas copias fizemos; mas a maior
parte das vezes recorremos a extratos;
por ser nosso fim o reunir em poucos
volumes o precioso, disperso em mui
tos, e d'um preço exorbitante.
Não se diga termos tido a pertenção
d'inculcar antes o Rit.". Maç. . Francez,
do que outro qualquer, mas bem pelo
contrario, nós solicitamos os Or... Lu
sit... e Brasil... a fazer um Rit... novo
PROLOGO. Ilj
e independente, que, tendo por baze os
3 Gr... Symb... e communs a todos os
Ritos, tenha comtudo os altos Gr.".
mysteriosos differentes, e nacionaes.
Convimos em que uma tal reforma he
contraria ao cosmopolismo e á tolerancia
Maç..., mas tambem he verdade que,
em quanto os Maç...forem bons patrio
tas, e os povos physicamente desiguaes,
a conservação d'um Rito universal nos
parece quasi impossivel: talvez que um
tão gigantesco projecto só poderá ter rea
lidade no vigesimo seculo.

VALE.
PRIMEIRA PAR" º :--

ENSAIO HISTORICO

SOBRE A FRANC - MA Ç.".


O REGULADOR
DO MAÇON.

ENSAIO HISTORICO

so B R E A FRAN C-MAÇ.".
----• O•- -

Preliminares.

Morro se tem escrito sobre a Maçº., e tão


pouco evidentemente se sabe. Os profanos,
ignorando seus Mysterios, fallárão quasisem
pre em seu desabono; e os Maçons, levados
pelo enthusiasmo, excedêrão os limites d'um
louvor rasoavel.
O chaos fatal, e a incerteza funesta, em
que uns e outros nos deixárão,parece vir, em
parte, da falta de documentos, que existerião
ainda hoje, se não fossem as catastrophes,
que sofreu a livraria dos Ptolomeos nas
guerras de Cezar et Omar : no entretanto,
privados d'esses mesmos materiaes, tão
precisos para o fim a que nos propomos,
ousamos pensar que, recalcando os pontos
mais notaveis da marcha do Espirito Hu.
mano, rasgaremos o denso véo que cobre
uma historia tão interessante,
— 4 —
Com efeito, sem aventurarmos idêa algu
ma sobre a formação do globo, nem darmos
ao mundo a idade d'alguns mil annos, como
fizérão os escritores profanos e sagrados,
poderiamos provar, que os terrenos Asianos,
pela influencia das agoas e do calor do Sol,
fôrão os primeiros, onde os corpos organi
sados tivérão uma formação espontanea.
Tambem, se livres de prejuizos applicar
mos o entendimento sobre a escala dos cor
pos naturaes, não será difficil conceber, que
todos elles parecem destinados a formar na
vida certas raças, que só estão em relação
com o seu modo d'organisação.
Postos taes principios, a boa philosophia
nos ensina, que os terrenos do Oriente, pela
natureza de seu clima, e talvez pelo inter
medio de successões progressivas, fôrão tam
bem os primeiros, onde as raças se aperfei
çoárão; e onde, por efeitos d’uma sympa
thia physica e moral, tivérão origem as So
ciedades humanas.
É natural que estes primeiros povos fos
sem, o que érão, ha quatro seculos, alguns
habitantes da Africa e da America, que, não
conhecendo senão a materia bruta, não po
dião ter sido grandes sabios, nem grandes
moralistas; mas he verdade historica, que,
passados os seculos d'ignorancia, apparecê
- 5 -
rão Asianos d’uma razão culta, que, separa
dos da multidão, dérão origem a muitas
seitas scientificas, religiosas e philosophicas,
das quaes a mais célebre tem sido a Inicia
ção, Mysterios, Maçonnaria, ou Franc
Maçonnaria.
Origem da Iniciação, symbolos, mysterios, e
sua definição.
A obscuridade, ácerca da origem da Ini
ciação primitiva, deve principalmente ser
attribuida á crença geral, de que seus diver
sos gráos fôrão todos estabelecidos n’uma
mesma epoca, e por uma reunião de philo
sophos, vivendo em commum.
Mas, se antes de considerar o systema da
Iniciação como homogeneo, se tivesse estu
dado primeiro cada uma das partes que o
constituem, facil seria achar, que os factos
e as sciencias, encerrados na maior parte
dos seus gráos, indicão que o systema da
Iniciação só podia ser creado successiva
mente, e segundo os progressos, mais ou
menos lentos, que fez a Civilisação do Mundo
primitivo : e esta nossa asserção é tanto
mais positiva, que os tres gráos symbolicos
da Iniciação represêntão separadamente o
elemento predominante do seculo que lhes
deu origem. Mas como o caracter distinctivo
da Iniciação tem sido a reunião dos symbolos
1"
— 6 —

e hiéroglyficos; e como estes representárão


sempre a industria e a religião dos pavos do
Oriente, taes como a Persia, a India e o
Egypto, segue-se que a Iniciação tirou tam
bem de lá a sua origem primitiva.
Deve entender-se por symbolos certas fi
guras ou imagens, que são allusivas a algum
sentido moral. O triangulo, esquadria, com
passo, regoa, Sol, Lua, estrellas, astros, es
tatuas, etc., são symbolos, de que usárão
os primeiros Sabios Persas para esconder o
sentido real de seus pensamentos.
Os Padres e primeiros legisladores do
Egypto adoptárão tambem esta linguagem
emblematica; mas depois Menes, o segundo
Mercurio, substituio os hiéroglyphicos aos
symbolos.
Hiéroglyphicos érão certos signaes ou ca
racteres, com que, sem o soccorro da pala
vra, os Padres do Egypto occultávão ao
vulgo os seus pensamentos. Os páos, pedras,
plantas, animaes, etc., erão outros tantos
enigmas, que symbolisávão factos sagrados
ou profanos. Assim, para representarem a
Natureza em hiéroglyphico, os Padres do
Egypto construião um homem alado, com o
rosto côr de fôgo, com cornos, barba, um
bastão na mão direita, e sete circulos na
esquerda.
A côr e os cornos ……… o Sol com
seus raios: a barba figurava os elementos:
o bastão era o symbolo do poder, que o Sol
exerce sobre os corpos: as coxas representá
vão a terra chea d'arvores e fructos: as agoas
sahião pelo embigo : o penis era o em
blema da reproducção : os joelhos indicávão
as montanhas : as azas o curso dos ventos;
e em fim os sete circulos érão o symbolo
dos sete planetas. Ora, por este exemplo,
que nós poderiamos multiplicar, se vê, que
os hiéroglyphicos érão na verdade ingenho
sos para representar qualquer cousa em
particular; e que para marcar uma epoca,
consignar um facto, ou uma sentença, era
preciso unir e acumular muitos hiérogly
phicos, que não podião estar ao alcance de
homens communs.
Esta grande difficuldade, junta a outros
motivos não menos poderosos, foi a origem
dos Pequenos e dos Grandes Mysterios.
Nos Pequenos Myst."., que érão popula
res, ensinava-se a moral, e todo o segredo
consistia em persuadir aos Iniciados, que o
Olympo era povoado por mortaes, que se
tínhão distinguido por virtudes patrias: nos
grandes Myst.º., que erão privativos aos
Iniciados, aprendião-se as sciencias, e os
erros da Metempsycose. D'onde se tira, que
— 8 —

os primeiros tinhão por objecto o fazer ci


dadãos virtuosos; e os segundos devião for
mar sabios e philosophos, que servissem de
farol á Civilisação.
Taes érão as vantagens da Iniciação pri
mitiva, e de seus Myst...; mas porque estas
vantagens não fôrão igualmente conhecidas
de todos os homens, a Iniciação ou Maç.'.,
tem tido, e terá ainda, seus inimigos, ca
lumniadores e perjuros.....
O traductor de Luciano ousa afirmar que
os Myst... antigos tínhão por fim o crime,
e o deboche: mas contra esta opinião apre
sentaremos as autoridades de Socrates, Pla
tão, Cicero, Plutarco, e até mesmo a do
jesuita Lafiteau, que define Iniciação, uma
escola pratica da religião, e da virtude.
Lemontey chama a Iniciação ou Maç.'.,
uma sublime futilidade, em que o crime de
seus partidarios consiste todo em jantar com
formalidades um pouco fastidiosas.
Mas esta definição ironica inculca, no seu
autor, não só uma profunda ignorancia dos
symbolos, mas tambem uma falta de senso
comum, para pertender, que a Maç.…., não
sendo mais do que uma frivolidade, tenha
podido propagar-se, e conservar-se por
tantos seculos.
Cadet-Gassicourt considera a Maç. . como
uma liga odiosa e bizarra contra os tronos e
altares. Este autor porém não só reconheceu
depois como calumnioso o escrito de sua in
fancia; mas, para maior prova, elle tambem
se fez colocar entre os pertendidos infames,
e veio a sêr successivamente Orador, e Vene
ravel d'uma das Lojas de Pariz. Basta d'inep
cias, e voltemos ao essencial.
A Maç.…. será por ventura uma instituição
puramente philantropica ?
No exame da chronologia dos tempos ob
serva-se uma infinidade d’estabelecimentos
de philantropia, fundados ora por governos,
ora por familias opulentas, que, a pezar de
sua reconhecida utilidade, cedo ou tarde
perecêrão : entretanto que a Maç.'., sendo
tão antiga, e tantas vezes perseguida, foi a
unica das instituições, que lhes sobreviveo;
conseguintemente a Maç. .. traz comsigo al
guma cousa mais além da Philantropia.
A Maç.…. será uma religião especial? Mas
ella não tem nem dogma, nem disciplina ex
clusivamente religiosa : a Iniciação encerra
a theogonia, o culto, a moral, a philantro
pia, as artes, e as sciencias do mundo pri
mitivo; mas ella não se importa com as leis
de Brama, Moisés, ou Mahomet, comtanto
que cada um de seus sectarios junte á sua
religião natalicia uma moral universal. Em
— 10 —

Maç.…. não ha pagãos nem infieis, todos são


Irmãos, sem prejuizos.
Guerin-Dumast define Maç. .. a união dos
povos. Esta definição, posto que eminente
mente philosophica, todavia não encerra se
não um dos resultados positivos da Iniciação.
Além d’isso a definição parece não exprimir
tudo o que a Maç.'. deve représentar.
o Dº Vassal define Maç.…. a Philosophia
Symbolica : porque diz elle, a Philosophia
positiva tem por missão o encarar as ab
stracções as mais subtis, debaixo de diffe
rentes fórmas, e de as patentear ao vulgo
como Verdades: pelo contrario a Philoso
phia symbolyca tem por objecto o encobrir
as mesmas Verdades d'um véo impenetra
vel, para não as mostrar senão aos Adeptos.
Esta definição, posto que he fundada sobre
um conhecimento perfeito dos symbolos,
com tudo ella tambem não caracterísa a
Iníciação inteira; pois que designa mais os
meios, do que os fins.
Nós definimos Iniciação, Maç..., ou Franc
Maçº. uma escola de Philosodhia, aonde, por
meio de Symbolos e hiéroglyphicos, o homem
se torna bom pai, bom amigo, e bom patriota.
A definicão que apresentamos, ainda que
laconica n'apparencia, he todavia d’uma
vasta extensão, pelas provas que exige a
— 14 —

sua exactidão; pois seria preciso mostrar um


paralelo entre a historia da Philosophia e
as historias dos diversos povos do mondo
priuitivo : porém semelhante trabalho não
só desarranjaria a ordem methodica da
Iniciação; mas anteciparia exposições, que
só pertencem aos diversos Myst.º., de que
Vam0S tTata T.

Myst... antigos e modernos.


Entre o numero prodigioso dos Mysterios,
encontrados na Historia das diversas idades
do mundo, uns érão puramente religiosos;
outros exprimião costumes populares, e
outros finalmente abraváção mysticamente
todos os conhecimentos moraes e scientifi
ces. São os emblemas d’estes ultimos Myst.º.,
que se áchão sementados nos diversos gráos
de Maç.". Moderna e Escoceza :
Mas os Myst. "., que parecem ter connexões
mais intimas com a Ord., Maç.…. do Rito
Moderno, são:
1º Myst.". Persas, ou dos Magos. . . 100,000
2º M.". Indios, ou dos Brachmanes. 5,000
3° M.'. Egypcios, ou d'Isis. . . . .
lº M.",

r, o AM e
c…)

(Cahyres de Samo
Thracia . . . . .
Orpheo em Eleusis.
de Salomão. . . .
2,900
1,950
1,330)-?|
1,018) --
{
"M.'. Judaicos) do Christianismo, 33 12
6º M. ". Francos
( Cavalleria . . . . 800 *
#
Or.'. do Templo. 1,118 ">

o AM • 12********* Corpor.". d'Arc. 287


7"M.'. Britanicos # 3" 1,7% G
— 12 —

1º Myts.…. dos Magos.


«Alguns sabios, Persas, Hebreos, e Chal
º deos, se reunirão, diz Vassal, 100,000
« annos antes da era vulgar, para formarem
« na Persia uma Associação mystica, de
«baixo do nome de Magos (do Caucasio
« Mágh, grandeza.) »
A instituição dos Magos tinha por objecto,
não só o conservar secretos os vestigios das
artes e das sciencias dos tempos primitivos;
mas tambem a formação d'um dogma reli
gioso, que, sem assombrar os espiritos fra
cos, podesse conter a força brutal dos pri
meiros homens.
D'esta sociedade em commum nasceu a
precisão de certos Symbolos, com que a
doutrina dos Magos se podesse propagar sem
risco. A luz dos Sabios foi então distribuida
com gradação; e seus iniciados nunca fôrão
accusados, nem de athéos, nem d’impos
tOTOS.

Os Magos, tendo Deos como incomprehen


sivel e inefavel, o propúnhão á adoração
dos povos, debaixo de dous emblemas: Sol
e Natureza. O primeiro era considerado
como o retrato do Creador, ou como o seu
mais bello producto, e o segundo era olhado
como a expressão de suas vontades, ou
— 13 —

como codigo personalisado das leis que re


gem o Universo.
Pelo andar dos tempos, e pelo abuso que
os Thaumaturgos fizérão da linguagem figu
rada dos Magos, os phenomenos naturaes dos
astros e da terra fôrão transformados em um
systema de fabulas ou mythes, com que os
povos depois se illudirão.
Tal foi a doutrina, que deu principio aos
erros do Paganismo; e tal he a origem do
grande deus Mithras, Osiris, Sésostris, Ba
chus, Chamos, Apollo, Minos, etc.; e a da
grande deosa Parachanti, Isis, Salambo,
Venus, Diana, Vesta, Ceres, etc., etc.
Buret de Lonchamps menciona 111 cul
tos diferentes, entre os quaes o culto do fogo
e do Sol se móstrão sempre debaixo de de
nominações diversas.
Mas um sentido physico interessante, diz
Cicero, está encerrado nas fabulas apparen
temente impias; e os verdadeiros successores
dos Magos, os Maçons, fôrão os unicos, que
não perdêrão de vista o motivo de sua origem.
Por muitos tempos, diz Eusebio Salverte,
a Magia, tida ao principio como um producto
da divindade, e até considerada pelos philo
sophos christãos como uma sciencia, que mos
tra sem reserva os productos da natureza,
governou o Mundo; mas 150 annos depois,
I• 2
— 44 -
quando uma multidão de charlatãos fez pro
fissão d'alguns dos seus segredos, para enga
nar os credulos povos, a Magia primitiva, não
só perdeu o mérito, mas até moveu a riso os
homens dos seculos modernos: entretanto,
em se estudando bem a historia da Magia,
vêr-se-ha o seu nome designar, umas vezes
a sciencia occulta ao vulgo, pela qual os Sa
bios explicávão os phenomenos naturaes; ou -
tras vezes uma arte d’operar physicamente as
maravilhas: mas aquelle que descobrir a
origem da Magia (conclue o mesmo autor)
terá descoberto tambem a origem das scien
cias humanas, e da Civilisação
Em huma palavra os Verdadeiros Magos
erão ainda, no seculo XVIº da nossa era, tão
afamados, que o grande Camões faz d'elles
assim fallar um Regedor de Malabar :
55

Os Portuguezes vendo estas memorias,


Dizia o catual ao capitão:
Tempo cedo virá, que outras victorias,
Estas que agora olhais abaterão:
Aqui se escreverão novas historias
Por gentes estrangeiras que virão ;
Que os nossos sabios Magos o alcançárão,
Quando o tempo futuro especulárão.
56

E diz-lhe mais a Magica sciencia,


Que para se evitar força tamanha,
Não valerá dos homens resistencia,
– 15 -
Que contra o céo não val da gente manha:
Mas tambem diz, que a bellica excellencia
Nas armas, e na paz, da gente estranha,
Será tal, que será no mundo ouvido
O vencedor por gloria do vencido.
CAMões, Canto 7º,

He pois preciso distinguir as epocas e os


homens.
1º Os Sabios ou Magos, ainda que reser
vados em communicar o deposito de seus
conhecimentos scientificos, soubérão com
tudo governar, e conter as cohortes salva
gens do mundo primitivo.
Balbeck, situada nos confins da Persia e
da Judêa, era o centro da Iniciação e da re
ligião dos Magos, como Jerusalem, e Roma
fôrão o centro da religião Judaica, e Chris
tãa. O primeiro Zoroastres não foi o seu
fundador, mas sim o seu reformador, 2164
annos antes era vulgar.
2º Os Philosophos Grecos, que começárão
a apparecer 500 annos antes de Christo, tivé
rão tambem talentos e virtudes, como os Ma
gos seus antepassados. Mas a maior parte de
seus livros systematicos, aonde, segundo Ci
cero, não ha um absurdo, que não esteja sus
tentado, valerão, para o genero humano, as
doutrinas solidas e consolantes da Iniciação
dos primeiros Sabios? «Os antigos, diz Buf
» fon, convertião todas as sciencias em uti
— 16 —

º lidade..... Tudo o que não era interessante


» á sociedade ou ás artes era desprezado,
» Elles referião tudo ao homem moral, e não
º julgávão, que as cousas inutis fossem dig
» nas de o occupar. Pelo contrario, os phi
» losophos Gregos trabalhárão por deixar á
» posteridade algumas Constituições poli
» ticas, que posto serem bem feitas em
» theoria, como a Republica de Platão, e a
» Politica d'Aristoteles, todavia nunca po
» dérão pôr-se em pratica. »
5º No principio do christianismo, quando
os Thaumaturgos, pela perseguição dos Ma
gos, s'apoderárão d'alguns de seus segredos
praticos, a sciencia Magia se degradou de
todo; porque, para chegar ao seu fim, que
era o vil interesse, e uma admiração abso
luta, os Thaumaturgos servirão-se do char
latanismo, estilo figurado, prodigios, e ha
bilidades; de modo que, nos ultimos seculos
recebêrão o bem merecido nome defeiticeiros.
« Entre os povos do novo e velho mundo,
» acrescenta Salverte, ainda ha hoje muitos
» d’estes pelotiqueiros, que esgótão, com a
» sua impostura, a bolça e a vida de muitos
» miseraveis! Uma imagem em Portugal,
» achada num buraco, servio a alguns Thau
» maturgos Portuguezes, para, em 1825,
» perseguirem homens, que não tinhão ou
» tro crime, senão o de haverem convidado o
» povo a deixar a escravidão, e o fanatismo!
» E n'America, alguns ha, que, abusando da
» maldade ou da crença d'aquelle que os con
» sulta, entregão á morte um negro, como
» cumplice do crime, real ou imaginario, de
» que o seu senhor procura os autores! E fi
º nalmente a Inglaterra e a França, que se
» ólhão como o prototypo da civilisação Eu
º ropêa, ainda consérvão, em seu seio, uma
» turba-multa d'impostores iguaes!!! »
Mas felizmente para a humanidade, desde
que a maior parte dos homens começou a
perder de vista os conhecimentos e as ver
dades primitivas, para se lançar nas trevas
da superstição, tambem por toda a parte do
mundo tem apparecido os discipulos dos
primeiros Magos, que conservárão, e trans
mittirão, sem interrupção, as suas maxi
mas doces e liberaes....
O segredo dos Myst.". dos Magos nunca se
perdeu; sómente o nome lhe foi mudado...
e seu edificio, que tem por base o Patriotis
mo, e por vertice o Cosmopolismo, deverá
ter a duração do mundo..... Taes fôrão os
primeiros fundadores da Maç.….... (1)

(1) V. les Sciences occultes, par Eusèbe Salverte,


e o Cours complet de Maç.'., par le docteur:Vassal.
2"
— 18 —
« Dans le Midi naquit toute erreur mensongère,
* Au Nord, la barbarie et toutes sesfureurs;
» Em Occident, le crime étala ses horreurs,
» Mais c'est de l'Orient que nous vintlalumiere.

2º Myst.'. dos Brachmanes.


Os Myst... da India são d’uma antiguidade
tão remota, que Buret de Longchamps a leva
a cincoenta seculos antes da era vulgar, para
estabelecer a Historia geral do mundo. O
Schasta, primeiro livro indio escrito, ha ho
je (1855) 4959 annos, parece ter sido o seu
verdadeiro ritual (1).
Os Myst.", dos Brachmanes consistião na
Iniciação dos Padres, que, sendo ao princi
pio meritoria e electiva, se tornou depois
em casta priviligiada.
A doutrina d’estes Myst... era toda theo
gonica; e suas experiencias physicas, se
gundo o I. . Vassal, se aproximávão das da
Maçonaria. A theogonia dos Brachmanes,
que se acha consignada no Schasta, ou Ve
dam em linguagem Sanskrit, admitte Para
Brachma, como deus, que creou Brahma,
autor do mundo; e lhe deu dous anjos
Wishnu e Schiva: o primeiro encarregava-se
da conservação do mundo, e o segundo de

(1) Voltaire, Dic, , phil, ., e Ensaio sobre os


Cost, "., cap, 1-6,
— 19 —
sua destruição. De maneira que Brahma,
Wishnu, e Schiva fórmão a trindade dos
Indios, que, posto ser mythologica, acha-se
todavia conforme á dos Hebreos.
Os Brahmanes, sendo os unicos litteratos
da India, tivérão tambem o conhecimento
da Iniciação primitiva dos Magos; porque
antes d’elles, diz Vassal, os Myst.". Indios
erão exclusivamente religiosos.
Os Brachmanes, querendo dar uma idêa
sublime de sua doutrina, fizérão gravar no
frontispicio do Templo da Natureza a ins
cripção seguinte: Fui, sou, e serei, e nenhum
mortal me descobrirá. •

He, sem duvida, d'estes ultimos Brach


manes que Voltaire diz terem sido os primei
ros theologos, os primeiros philosophos, e os
primeiros legisladores. Entre elles o sacer
docio não era senão a magistratura, e sua
religião a justiça.
Taes fôrão os segundos fundadores da
Maç.…., de quem o Poema Maç. .. diz:
« Parells aux nénuphars, purs ausein de la fange,
» Quelques sages, épars sur les rives du Gange,
» Déploraient devant Dieu les erreurs des mortels;
» Et leurs coeurs sans reproche étaient sesseuls autels,
» lls s'unirent enfim. A leur maissante ligue,
• A leurstravaux constans, mous devons cette digue
* Dont l'effort de la haine et le fleuve des ans
º N’ont jamais ébranlé les larges fondemens, º
— 20 —

Mas o nosso illustre Camões, que n'esta


materia tem maior voto do que o mesmo
Voltaire e o mesmo Dumast, no Canto 7º
do seu Poema se exprime assim:
40

Brachmanes são os seus religiosos,


Nome antigo, e de grande preeminencia:
1) Obsérvão os Preceitos tão famosos
De hum, que primeiro poz nome á sciencia:
Não matão cousa viva, e temerosos,
Das carnes tem grandissima abstinencia:
Sómente no venereo ajuntamento
Tem mais licença, e menos regimento.

5º Myst.". Egypcios.
Os Padres do Egypto, sendo iniciados nos
Myst... dos Brachmanes, trouxérão para o
seu paiz a Iniciação primitiva dos Magos.
Segundo Strabon, os Padres do Egypto re
cebêrão dos Brachmanes a primeira idêa
dos Myst.".; e Pythagoras, que, muitos se
culos depois, foi á India consulta-los, trouxe
tambem comsigo luzes semelhantes, que em
mui pouco differem da Iniciação de Mem
phis et de Samothracia.
A Iniciação dos Egypcios, conhecida pelo
nome de Myst.". d'Isis e Osiris, remonta,
segundo Vassal, a 2900 antes da era vulgar.
Sua doutrina tinha por fim, d'um lado o
&
— 21 —

culto Egypcio ou a Metempsycose, d’outro


os conhecimentos humanos.
A Iniciação Egypcia era dividida em pe
quenos e grandes Myst.". Os primeiros érão
religiosos e publicos; e os segundos scien
tificos e privados.
Mas quando os Iniciados reunirão em col
legio todas as artes e todas as sciencias do
Oriente, a Iniciação foi dividida em setegráos
Era no alto Egypto que os Iniciados, suc
cessores de Sésostris, exercião, senão a so
berania, ao menos os privilegios suzeranos
dos reinos Memphis, This, etc., etc.: e posto
que sua instituição fez a gloria do Egypto,
comtudo autores injustos dissérão d'elles o
seguinte:
• • • • • • Or notez bien qu'em fait d’allégorie

» Tout, de la part du prêtre, est censé fourberie, º

Mas semdo superior ás considerações do


momento, e sem que nossa opinião favora
vel ou desfavoravel ao culto religioso, sirva
de nada na balança da justiça, nós devemos
julgar os Padres d'antiguidade, como se elles
não tivessem tido successores.... He ver
dade que os Padres do Egypto, a exemplo}
de seus maiores, cuidárão não dever esclai.
recer o povo, reservando as luzes para um
pequeno numero de adeptos escolhidos:mas~
- 22 =

n'isto mesmo os Padres julgárão obrar em


beneficio geral; pois pensárão que a Socie
dade seria melhor governada, se os conhe
cimentos scientificos fossem confiados só
mente a corações generosos et sublimes. Con
seguintemente sua conducta, mais desinte
ressada do que parece, teve por base duas
maximas reinantes no tempo de Voltaire:
« Tout pour le peuple, rien par le peuple, Il me
» faut dire la vérité qu'aux gens de bien. »

Ora pois se os Padres do Egypto se enga


nárão na maneira de dirigir os povos, tam
bem Socrates e Confucius fôrão seus com
panheiros; pois formalmente approvárão o
seu duplicado methodo: e o sabio Boulan
ger, ardente inimigo do fanatismo e da hy
pocrisia, confessa que os antigos Myst.". fô
rão inventados mais em favôr dos povos, do
que dos Padres.
He verdade que depois de 5000 ou 4000
annos a face do mundo moral está inteira
mente mudada: as artes e as sciencias estão
hoje ao alcance de todos; mas se nos ele
varmos aos seculos remotos, e nos fizermos
cidadãos do mundo primitivo, reconhece
remos não só a extensão das vistas dos pri
meiros legisladores; mas tambem que a
Instituição dos Padres do Egypto, bem longe
— 23 —

d'um egoismo calculado, tinha por motivo


a utilidade geral.
E com efeito, os Padres do Egypto, reti
rados no recinto de seus templos e occupa
dos unicamente no culto e nas sciencias, se
mostrárão sempre amigos de todos os ho
mens do globo, e fizérão uma amigavel troca
de conhecimentos com os Magos, como os
Brachmanes e com os philosophos Gregos.
Cosmopolitas no tempo de sua gloria, cida
dãos nas desgraças de sua patria, os Padres
do Egypto tivérão igualmente uma con
ducta nobre.
Foi nos seus Myst.'. que os reis legisla
dores, os Sabios, e os Grandes do Egypto ad
querirão os profundos conhecimentos por
que se tornárão tão recommendaveis á pos
teridade; e os Egypcios não fôrão felizes
senão em quanto fôrão governados por Ini
ciados. «Felizes os povos, diz Guerin-Du
» mast, onde o herdeiro do throno, isolado
» das lisonjas de sua côrte, acha por mestre
» um Amédes, ou um Fenelon; que o in
» strua, a respeito dos dêveres dos reis....»
Taes fôrão os mais respeitaveis fundado
res da Maç.…., ácerca dos quaes o famoso
Poema Maç.", diz:
« Je l'y suis….. que aspect vient enchanter mes yeux?
»IC'est laterredes arts, rÉgypte primitive,
— 24 —
Non, comme de nos jours, ignorante et captive,
Mais telle qu’autre fois Minos la visita.
••
• • • • • • • •

Salut prêtres d'Égypte, o vous dontle savoir,


Dont l'amour des humains formaitle seul pouvoir,
Et qui régniez pourtant par des chaines plus fortes
Que les fiers souverains de la ville aux cent portes !
Jamais vous me formiez de factieux projets;
Mais sans vous écarter du rang de leurs sujets,
A ces rois dont l'orgueil fressa des pyramides
Vous portiez les soupirs de leurs peuples timides,
Et près du lac fatal votre doigt leur montrait
La justice dictant som inflexible arrêt.

» Mais pour en écarter la foule téméraire,


» Pour n'admettre que l'homme au-dessas du vulgaire,
* Vous saviez déployer une utile rigueur.

4º Myst.". Gregos.

. A Grecia parece ter sido o templo com


mum de todos os Myst... d'antiguidade:
entretanto os que mais relação teem com a
Ord.". Maç.". são:
1º Os Myst... dos Cabyres de Samothra
cia. Foi, segundo Vassal, em 1950 antes da
era vulgar que os Myst.". Egypcios passárão
á Grecia; e os primeiros fôrão os dos Caby
res estabelecidos na ilha de Samothracia,
hoje Samandraki, no Archipelago.
N’estes Myst.". havia oito deoses Caby
res, quatro dos quaes érão: Oxierés, Axio
kersa, Axiokersos a Casmilos.
— 25 —

Os Myst.". dos Cabyres, diz A. Boileau,


levados á Phrigia por Dardanus, passárão de
pois á Italia, onde fôrão confiados ás Vestaes.
O I.". Vassal pensa que os Pelasgios, que
instituirão estes Myst.º., não tinhão sido
iniciados senão aos pequenos Myst.". Egyp
cios; pois que a principal sciencia de Sa
mothracia fora strategia; e entre os Athe
mienses os oficiaes militares se chamávão
strategios.
Voltaire, conhecendo mal os Myst.". Maç.'.,
deixou escapar, no seu Dicc. Phil., algu
mas blasphemias contra os Iniciados de Sa
mothracia; entretanto, seguindo a opinião
dos melhores autores, somos obrigados a con
fessar, que os Myst.". de Samothracia fôrão
na realidade uma escola militar e scientifica,
d'onde sahirão os maiores capitães da Gre
cia (V. as obras de M. Sainte-Croix) (1).
2º Os Myst.". de Céres ou d’Eleusis. Estes
Myst.'., segundo uns, fôrão estabelecidos
por Triptolemo; e segundo outros por Erec
teo, primeiro rei de Athenas, 1575 annos
antes da era vulgar.
Os Myst.". de Céres fôrão, como os do

(1) Voltaire só em 1778 se fez Maç.'., tendo 84


nmos de idade; e morreu 6 mezes depois, sem ter
tempo de corregir suas obras!
lº 3
— 26 —

Egypto, divididos em pequenos e grandes


Myst.º., e seus Iniciados se chamávão Eu
molpides, por ser a familia d'Eumolpo a que
conservou, durante 1200 annos, a digni
dade d'Hiérophante.
O Dº Vassal, assim como Buret de Long
champs, são da opinião, de que a sciencia
dos Myst.". de Céres se reduzia unicamente
á Mythologia, e ao charlatanismo; porque
os seus Iniciados chegárão a persuadir-se,
que não só na vida tudo lhes deveria suc
ceder bem; mas que depois da morte, elles
sós occuparião os Campos-Elysios, ficando
o Tartaro para os profanos. Esta asserção
parece tanto mais fundada, que a maior
parte dos philosophos esclarecidos da Gre
cia, pouco satisfeitos da instrucção que of
ferecião então os Myst.". de Céres, fôrão
procurar conhecimentos positivos aos Myst.".
de Memphis e de Heliopolis: taes como Or
pheo Pythagoras, Platão, Thales, Minos, etc.
Orpheo, principe dos Sicyonios em Thra
cia, depois de ter adquerido os conheci
mentos scientificos do collegio de Memphis,
veio para a Grecia; e em 1550 antes da era
vulgar regularisou os Myst.'. d'Eleusis, e
destruio os erros que até ali tínhão servido
de base aos Myst.". de Céres. Orpheo, que
rendo respeitar, d'algum modo, os prejui
— 27 –
zos populares, estabeleceu sobre bases me
nos supersticiosas as mesmas festas, que
os Gregos tínhão ja; mas que elle teve o
cuidado de fazer verter em favor do espirito
nacional, e da segurança do Estado. Todo
o corpo de doutrina dos Myst... d’Orpheo
era dividido em dous gráos. No primeiro se
desenvolvia a Theogonia egypcia com seus
emblemas, e a moral, no segundo, que era
puramente scientifico, se expúnhão, não só
o systema physico da Natureza, mas tam
bem todos os conhecimentos que podião in
fluir directamente na civilisação dos povos.
Orpheo deu á primeira doutrina o nome
d'exoterica (publica), e á segunda o de eso
terica (particular aos Iniciados), imitando
assim os seus mestres do Egypto.
As experiencias physicas, pelas quaes o
Iniciado aos Myst... d’Orpheo tinha de pas
sar, érão mais rigorosas, que os mesmos
Adeptos não podião falar entre si de seus
Myst...; porque tanto aquelle que fallasse,
como aquelle que tivesse a fraqueza de os
ouvir, érão ambos expulsos do Templo, e
até da sociedade.

« Foi nos Myst.". reformados por Orpheo,


º diz Vassal, que todos os legisladores gre
» gos aprendêrão o uso da dupla doutrina,
— 28 —

« de que fizérão o parte mais essencial de


« seus estabelecimentos politicos. »
Mas, antes de deixarmos a Grecia, falle
mos d’uma instituição philosophica: que se
liga muito de perto com Franc-Maç.….: tal
he a Escola de Pythagoras. Nihil mirabitur
Eleusinia haec Pythagorae decretisfuisse adfi
nia, qui ex eodem fonte derivata meminerit :
diz o sabio Rhoer.
Para bem entender esta passagem he pre
ciso lembrarmo-nos que Pytagoras, consi
derado por alguns autores como instituidor
da Franc Maç.'., foi buscar os principios de
sua doutrina philosophica á India, ao Egyp
to, e aos Myst.". Gregos.
Com efeito, Pythagoras, natural da ilha
de Samos, e nascido nos fins do VI° seculo
antes de Christo, depois de ter sido iniciado
aos Myst.º., acima referidos, e depois de ter
conhecido Solon , Pittacus, Zoroastre e ou
tros, veio para a sua Patria; mas não po
dendo viver debaixo das leis d'um tyrano e
usurpador, Pytagoras deixou a Grecia, e veio
fundar em Crotona a celeberrima escola Ita
liana, onde tantos homens se fizérão illus
tres. Pytagoras, imitando tambem seus mes
tres, julgou dever encubrir o facho de sua
philosophia com um veo mysterioso. Um
cuidado escrupuloso o dirigia sempre na
— 29 —

escolha de seus discipulos, e diversas ex


periencias o assegurávão de sua vocação.
Seus Myst... érão divididos em tres classes:
Na primeira demorava-se o candidato tres
annos. Antes de sua admissão o néophyto
devia pôr todos os seus bens nas mãos do
thesoureiro.
Se estes primeiros tres annos d'experien
cia correspondião aos desejos do mestre, o
discipulo passava á segunda classe. Durante
cinco annos o néophyto era condemnado a
um profundo silencio; e a voz de Pythagoras
não chegava a seus ouvidos, senão através
do veo que occultava a entrada do Santuario.
Finalmente o néophyto era admittido ao
perfeito conhecimento da doutrina sagrada,
e trabalhava com o mestre, para a instruc
ção dos novos iniciados.
« Os filhos desta grande familia, dizem
» Jamblique e Barthélemy, espalhados por
» muitos climas, e sem nunca se terem vis
»to, se reconhecião por certos signaes, e se
» tratávão como se sempre se tivessem co
» nhecido.»
Qual será em nossos dias o Maç.". in
struido, que, lendo estas linhas, não veja
pontos de contacto entre a Iniciação de Py
thagoras, e o 2° e 5º G.'. do Rit.". Maç.".
Moderno?
Mas a celebridade dos philosophos da es
cola de Pythagoras devia armar contra esta
a ignorancia e a maldade! A calumnia apre
sentou estas reuniões sabias e virtuosas co
mo tantes focos de conspiração; e o despo
tismo, firme na cega multidão, lançou nas
chammas quasi todos os discipulos de Py—
thagoras! Entretanto os deploraveis restos
de sua escola não acabárão de todo... Elles
se reunirão alguns tempos depois; e conti
nuárão a formar reuniões ora toleradas, ora
SCCTGtaS....

« Ainsi de l'art-royalles préceptes parfaits


Firent au genre humain ressentir leurs effets.
Sempressant aux leçons d'une sagesse orale,
Les savans à Memphis apprenaient la morale,
Et de leurs devanciers devemus les rivaux,
Couraient la propager chez des peuples nouveaux.
Ouí, des Égyptiens le secret salutaire,
Sous desnoms différens civilisa la terre.
Un grand législateur, long-temps instruitpar eux,
Rassembla, défendit, gouverna les Hébreux;
Le Thrace, le Gélon, des sommets du Riphée
Descenditaux accens de Linus et d'Orphée ;
Triptolème déjà, chez les Grecs retiré,
Les avait appelés à ce dépôt sacré;
Aux remparts de Tarente on le retrouve encore
Dans l'art silencieux qu'enseignait Pythagora,
Tal he a admiravel maneira, com que se
exprime o Poem.". Maç. ..., a respeito dos
Myst.". Gregos.
— 31 —

5º Myst.". Judaicos.
Os Myst.". Judaicos, ainda que menos ce.
lebres que os Myst.". Gregos, não são por
isso menos interessantes a conhecer; por
que, segundo a opinião de muitos eruditos,
elles servem de tronco á Maçº. Moderna.
Alguns Israelitas,tendo habitado o Egypto,
e voltado depois á Judêa, fundárão, em 1550
antes da era vulgar, as tres seitas Ciniana,
Recabites, e Essénia. Mas de todas a ultima,
que tambem foi a fonte do Christianismo,
he a que mais relação tem com a Iniciação.
1º Myst.". Essénios : os iniciados a estes
Myst... vivião como Irmãos; e a iniciação
a seus myst.". não era facilmente concedida.
Quando um Candidato se appresentava,
elles o experimentavão tres annos; e antes
d'admittido era preciso fazer o juramento
de servir Deus, amar e proteger os homens
bons, e finalmente guardar os segredos da
Ord... com o perigo de vida. Os symbolos,
as parabolas, e as allegorias érão para elles
de uso familiar. Tal he a opinião de Philon,
Joseph e Plinio. *

Dom Calmet admira-se, de que nenhum


dos Evangelistas fallasse d’esta seita tão
celebre entre os Judeos, e que fazia tanta
honra á sua religião. Mas em resposta al
— 32 —

guns Allemães pertendem, que a doctrina


de Christo he uma simples revelação da
Iniciação Essenia; e que o Cap. 14 de
S. Lucas, e 17 de S. Matheos, São uma ma
nifestação completa dos seus segredos e ex
periencias, que Christo só ensinou a disci
pulos escolhidos: de modo que os primeiros
Christãos, segundo estes autores, tinhão sido
todos Iniciados Essénios.
« Estes documentos historicos, diz o
» D.Vassal, não deixão duvida alguma sobre
» a existencia dos Myst.". Essenios, cuja in
º stituição precedeu de quatro seculos os de
» Salomão, que, tendo pãssado por funda
» dor, não foi realmente senão o seu res
º taurador.»
2º Salomão, tendo sido iniciado nos Myst.º.
de Eleusis, fundados por Orpheo, veio, no
undecimo seculo antes da era vulgar, reor
ganisar em Jerusalem novos Myst.". Esse
nios.
A Biblia e a Historia nos ensinão, que
David, fatigado de lutar contra as conspira
ções, tramadas entre seus filhos Absalão e
Adonisa, e o general Achitophel, fizéra ungir
seu filho Salomão, e o proclamára rei de
Jerusalem. Eleito rei, Salomão, assustado
pelos progressos do Polytheismo e da Idola
tria, que muitas tribus d'Israel então pro
fessávão tentou restabelecer a Theogonia
dos primeiros Hebreos, que era a mesma
dos antigos Magos, e que, 1600 annos antes
de Christo, ja Moisés tinha exposto no seu
Decalogo. Para alcançar tão justo fim, Sa
lomão fez construir não só o singular Tem
plo material de Jerusalem, fazendo tratados
com Hiram II, rei de Tyro, e Hiram, o ar
chitecto; mas tambem fundou um Templo
allegorico para a Iniciação, tomando por
modelo a construcção do primeiro, á qual
se deu o nome mystico de Maçonnaria;
(denominação, que, segundo Vassal et Du
mast, não vem da Inglaterra, como quer
Thory.)
A Iniciação de Salomão teve por objecto
um triplicado fim : a tolerancia: a philan
tropia : e a civilisação dos Israelitas. E é
depois d'esta epoca que os Essénios fôrão
considerados como homens esclarecidos no
meio d'um povo avaro, e tolerantes no meio
d'um povo fanatico. Tal é opinião de muitos
Sabios.
Mas em 604 antes da era vulgar Nabu
chodonsor, rei de Babylonia, entrou em Je
rusalem, destruio o Templo de Salomão, e
levou em cativeiro um grande numero de
Iniciados, entre os quaes se achava Jecho
nias, pai de Zorobabel.
— 34 —
Durante o cativeiro de setenta annos, os
Iniciados Israelitas, suspendendo suas lyras
nos salgueiros do Euphrates,não só choravão
amargamente a saudade de sua patria; mas
tinhão tambem a esperança de tornar um
dia a construir o Templo de Salomão!
Esta idêa, a mais grata de suas illusões, foi
introduzida nos seus Myst.º., onde procura
vão consolações reciprocas contra as penas
da escravidão,
O dissoluto Nabuchodonosor morreu; e o
clemente Cyrus lhe succedeu 538 antes da
era Vulgar. Este ultimo rei, compadecendo
se do povo Hebreo, e attendendo ás suppli
cas de Zorobabel, fez publicar um decreto,
pelo qual os Israelitas fôrão postos em liber
dade para irem de novo construir o Templo
de Jerusalem.
20robabel, partindo como chefe de seus
7000 Irmâos, e derrotando os inimigos, que
lhe disputárão a passagem do Euphrates, en
trou em Jerusalem, no anno 556 antes da
era vulgar. •

Lançados os alicerces do novo Templo,


cuja construcção durou vinte annos, um
schisma religioso se declarou entre as tribus
d'Israel, e produzio a sua separação ! As
tribus de Juda, e Benjamin ficárão firmes
em Jerusalem; e as outras déz fôrão para
— 35 —

Samaria. Estas ultimas tribus fizérão algu


mas baldadas guerras contra as duas pri
meiras. •

Construido o novo Templo, a Ord.'. dos


novos Architectos teve novo brilho: mas o
tempo de sua gloria foi muito curto! Titus,
o Vespasiano; saqueando Jerusalem, em 70
depois de Christo, queimou o Templo de
Salomão. e aniquilou inteiramente a Judêa.
Entretanto os Iniciados Essénios, espalhados
pela superficie do globo, continuárão a
transmittir os seus Myst.". : « e o Templo
» de Salomão, diz Vassal, sobre a construc
» ;ão do qual se calcou depois toda a Maç. ...,
« he uma ficção engenhosa, que indica os
» incriveis esforços que sustentárão os Sa
» bios e os Philosophos de todos os tempos,
» para elevar o Templo da Verdade.» Mas
he principalmente depois do estabelecimento
dos Barbaros na Europa, que os Judeos,então
os unicos viajantes, necessitados d’uma pro
tecção cosmopolita, entrárão em grande
numero de Lojas, e lá fizérão prevalecer
seus usos e costumes. As insignias Maçoni
cas fizérão cahir em desuso as da Iniciação
primitiva; e a Iniciação mesma perdeu e
trocou seu nome pelo de Maçonaria. « A
» epoca d’esta mudança, diz G. Dumast, que
» foi antes parcial e successiva, do que
– 36 —

» geral e instantanea, pode collocar-se entre


» o 6° e o 10" seculo da era vulgar. »
Muito mais se poderia dizer ácerca dos
Myst...Essénios; pois que sua doutrina abran
ge a maior parte dos altos Gr. .. dos Rit. .
Maç... ; entretanto, para não transpormos
os limites, nós terminaremos com o celebre
Poema Maç. ". :
« Mais quel dieu me découvre un tableau plus riant ?
» Ce feu qui semble éteint brillait dans l'Orient.
Dès long-temps Salomon, des princes le modèle,
En avait ranimé la mourante étincelle :
Salomon qui, cherchant la gloire dans la paix,
Du sceptre de David soutint le noble faix, .
Et ni voir aux mortels l'union peu commune
Des dons de la sagesse aux dons de la fortune.
A sa voix s'éleva ce temple si vanté
De qui la renommée atteste la beauté.
Dans l'aride Sion tous les arts se rendirent ;
Des neiges du Liban les cèdres descendirent ;
Le marbre façonné s'élança dans les airs ;
Surpris par le chasseur, l'éléphant des déserts
Livra pour ces travaux sa dent éblouissante,
Cependant que du roi la flotte obéissante
Rapportait dans Joppé, sous l'aile du zéphir,
Les largesses d'Hiram, et l'or lointain d'Ophir.
Un édifice altier, que le jaspe décore,
Aux vœux de Salomon me peut suffire encore ;
Il offre à Jéhova, sa force et son appui,
Un temple plus auguste et plus digne de lui.
Des secrets de Moïse héritier dès l'enfance,
Plus riche encor des fruits de son étude immense,
Par cent mille artisans, semant la vérité,
Il lègue ses bienfaits à la postérité,
Et fait remonter l'homme à sa grandeur première.
I)1> Mais, envers le profane avare de lumière,
— 37 —
Même à ses ouvriers il la cache long-temps.
L'accordant par degrés à leurs efforts constans,
Sa sagesse aux travaux mesure le salaire,
Environne le but d'une ombre tutélaire,
Et par un doute habile ép ouve leurs esprits.
Pour eux de la vertu la science est le prix.
Aux desseins du grand roi, pendant quarante années ;
Israël applaudit ; et quand les destinées
Eurent compté les jours de ce règne adoré,
La mort n'atteignit point son chef-d'œuvre sacré ;
#! Les guerriers d'Assyrie et les armes romaines
Deux fois à la Judée imposèrent des chaînes ;
» Deux fois de Salomon le tem le et les remparts
Semèrent Josaphat de leurs débris épars ;
Mais son temple moral, édifice sublime,
Respecté des vainqueurs, survécut à Solyme :
Rien ne put l'ébranler; ce monument divin
J>
Sur qui la faux du 1emps s'est émoussée en vain,
-
Dont nul n'a mesuré la hauteur infinie,
Porte encore aujourd'hui le sceau de son génie.

5° Myst.'. do Christianismo. O homem


Deus, afflicto pelas doutrinas erroneas, que
os doutores da lei professávão, e instruido
no abuso do poder sacerdotal e das castas
privilegiadas, resolveu, em sua alta sabe
doria, o substituir novos Myst. ". aos anti
gos Essénios.
Em trinta da era vulgar Christo formou
o seu Apostolado; e foi morto em trinta e
tres : até quarenta e cinco a sua lniciação
foi secreta, e passou a Roma; mas foi nos
dous seculos seguintes que ella se fez no
4
— 38 —

tavel pela sua rapida propagação, e pelas


onze Perseguições que sofreu.
Como conceber, diz Vassal, que intenções
tão louvaveis, que uma moral tão pura, e
que uma doutrina tão sublime podessem
ter feito condemnar Christo a um supplicio
ignominioso? Tantas perfeições só deman -
dávão respeito e veneração do povo de Je
rusalem ... Mas, em qualidade d'Iniciado,
Christo estava ligado por um juramento so
lemne e terrivel: e os Padres que então
dirigião os Myst.'., humilhados pela refor
ma de Christo, devião ligar-se para amoti
nar o povo, que sem discernimento pedio
a morte do reformador ! ....
Tres grandes principios constituião a dou
trina dos Myst.". do Christianismo primi
tivo: A unidade de Deus; a liberdade do
homem; e a igualdade entre os homens da mes
ma familia. Christo se apresentou, é verda
de, como um mandatario de seu pai (Deus);
mas nunca falou da Trindade Christãa,
que de resto não seria mais do que uma
imitação da Trindade dos Indios, dos Chal
deos, ou dos Egypcios. A Trindade Christãa
he um invento sacerdotal; e os Padres teem
sido forçados a reconhecer a unidade de
Deus, posto que apparentemente seja com
posta de tres essencias diferentes. Isto, se
— 39 —

gundo Vassal, he uma alegoria, mas não


uma realidade.
Os Myst... do Christianismo primitivo
fôrão; durante quasi dous seculos, pratica
dos em lugares subterraneos e retirados; e
foi sómente em 221 que Alexandre Severo,
setimo imperador romano, permittio aos
Iniciados Christãos a construcção do pri
meiro templo. Mas em 512, Constantino o
Grande, tendo sido por seus crimes repel
lido dos Myst... de Memphis, como 242 an
nos antes o tinha sido Néro, veio a Roma,
e abraçou o Christianismo catholico: a dou
trina de Christo, de exoterica, que era, foi
transformada pelo Sacerdocio em esoterica
ou secreta: e depois d'esta epoca o despo
tismo sacerdotal começou a perseguir toda
a sorte d'iniciados sem distincção alguma
de myst.".
Depois de Constantino até ás Cruzadas
seguirão-se os seculos da Barbaria; « mas
» tambem he depois desta epoca notavel,
» diz Valleteau de Chabrey, que os Ceno
º bitas Christãos (Templarios) nos trans
º mittirão fielmente o deposito das sciencias
» Mysticas. »
Christo tinha posto em pratica as tres vir
tudestheologaes; mas elle principiava pelo
amor do proximo, chamando a todos irmãos;
— 60 —
pela applicação do trabalho e das sciencias,
fazendo ter esperança n'outra vida melhor;
e finalmente pelos bons resultados de sua
doutrina, que produzia confiança e fé mutua
entre todos os homens: e quando ja não
houvesse necessidades a satisfazer, então
teria lugar o consumatum est.
Pelo contrario os Padres catholicos trans
tornárão toda a doutrina de Christo: vio
lárão o preceito da tolerancia, que formava
a sua essencia: substituirão o fanatismo á
razão esclarecida; a escravidão á liberdade;
as prerogativas á igualdade; a ambição do
poder ao desinteresse; ao titulo d'Irmão o
de senhor absoluto, e finalmente substituí
rão as penas eternas a uma immortalidade
promettida.....
Ah! se o Catholicismo intolerante qui
zesse proclamar a verdade, que dentro em
si concentra, elle nos diria, que os Padres
Catholicos fôrão os unicos, que obstárão a
que o Christianismo primitivo não seja hoje
a religião universal... Christo confiou ao
Sacerdocio o Cordeiro sem mancha, como
symbolo expressivo de sua doutrina pura;
mas o Sacerdocio maculou a candura de sua
lãa...
Entre os Myst... exclusivamente religio
sos os do Christianismo são, sem duvida, os
— 41 —
mais simples e os mais sublimes; mas he
preciso ter o cuidado de os não confundir
com o Catholicismo. Se a Verdade tivesse
tido altares por toda a parte, o despotismo
sacerdotal teria desapparecido, e as dissen
sões religiosas, que tem feito correr tantos
rios de sangue, nunca terião existido. Eis
porque a construcção do Templo da Verdade
tem sido, e he tão dificil!.... Mas,
« O surprise! arrivé sur cenouveau théâtre,
J'aperçois de la croix le signe respecté,
Symbole de douleurs et d'immortalité.
Au centre, dégagé des voiles de la fable,
Rayonnait du Très-Haut le nom pur, ineffable,
Tel qu'à Jérusalem le pontife em secret
Aufond du Saint des saints tous les ans l'adorait,
Ou tel que sous son dieu, vaincue, anéantie,
Dans Claros autrefois l'annonçait la Pythie.
PoE.M. ". MAç.".

6º Myst.". Francos.
A maior parte dos Escritores Francezes
pretendem, que os antigos Gallos fôrão os
primeiros povos da Europa, que tivérão
dogmas Maç.". Os mais notaveis fôrão os
Mys... dos Druidas: os dos Cavalleiros: e os
dos Templarios.
1° Os Druidas, padres dos antigos Gallos,
habitárão, em 600 antes de Christo, os bos
ques glaceaes do Norte; e pelas relações in
timas que tivérão com os padres do Egypto,
elles se tornárão, como estes ultimos, os
A*
1
senhores e legisladores de quasi todos os
povos do Occidente.
Os Druidas érão divididos em tres clas
ses, debaixo d'um chefe commum: os Va
cies, depositarios dos dogmas e da philoso
phia, exercião as funcções de padres e juizes:
os Bardes cantávão hymnos religiosos, e ce
lebrávão as acções dos grandes homens: os
Eubages érão os aruspices.
Os Druidas, perseguidos pelos Romanos,
e obrigados a refugiar-se na Albion, fôrão
cultivar a sua doutrina nos brancos roche
dos da ilha Mona. « Esta celebre ilha, diz
» A. Boilleau, conservou, durante um se
» culo, em suas florestas impenetraveis, o
» altar triangular, o cofre mystico, e a es
» pada de Belinus.» E Leonard Gallois af
firma que os Druidas não só tinhão recebido
dos Persas o deus Mithra, emblema do Sol;
mas que o Egypto tambem lhes tinha feito
conhecer Isis que, como Céres, coberta de
mam mas representava a fecundidade.
Mas de que servio que os Druidas conhe
cessem Mithra, Isis, e o Gui, e barbaros,
como erão, conservárão os horrorosos sacri
ficios humanos, e não entendêrão da Inicia
ção senão alguns factos uteis á sua prepon
derancia, prototypo do egoismo sacerdotal?
Mais dignos de louvôr que os Druidas,
— 43 —
dizem G.". Dumast e Vassal, e mais amigos
da tolerancia, os Padres d'Herta, nos pri
meiros seculos do christianismo, conser
várão fielmente na Dinamarca, Suecia e
Norwega a Iniciação primitiva, que, vinda
directamente do Oriente, sem passar por
Eleusis, nem Samotrhacia, era a primeira
destinada a florecer na Europa ainda bar
bara.
« Com effeito a gloria dos myst. ", diz
» Court-de-Gebelin, nunca teve maior brilho,
» senão quando os Romanos subjugárão as
» Nações, e se vírão eles mesmos vis escra
» vos de monarchas insensatos: é nos Myst.".
» que a sua liberdade expirante veio pro
º curar um asylo: e he por eles que a ord...,
» bannida de toda a parte, procurou sus
» tentar-se e restabelecer-se. Embalados
» com esta doce esperança, e penetrados das
º vantagens da iniciação, muitos Iniciados,
º tomando o apostolado, deixárão a Grecia
º moderna, e fôrão refugiar-se na Scandi
» navia.» Foi desde esta epoca que os ini
ciados ou Adeptos guardárão para si as Pal...
e os Sim... de fraternidade que, tendo vindo
do Nilo ao Euxino, passárão do Euxino ao
Baltico. Eis como o Poem.". Maç. .. descreve
esta valei osa emigração:
» Aussi, lorsque pliant sousles coups d'Attila,
- 44 -
» Le colosse romaain à son tour s'écroula,
» Quand la ville de Mars eut perdu sa puissance,
» Et que, foulant aux pieds la pourpre de Byzance, " ^
» D'avides conquérans, assis sur des tombeaux,
» De l'empire affaibli s'arrachaient les lambeaux,
» Le lien étermel de la Maçonnerie
» Des tyrans et du sort défiant la furie,
» Sut encor réunir les mortels éclairés,
» Par la langue et les lois vainement séparés.
» Tel un chêne aux cent bras, dont l'immense feuillage
» Prête aux oiseaux du ciel son favorable ombroge,
» Debout sur les débris d'un antique manoir,
» Des autans conjurés méprise le pouvcir,
» Et semble, autour de soi prolongeant ses racines,
» De réseaux protecteurs enlacer les ruines.
» Les frères dispersés, vainqueurs des élémens,
» D'un bout du monde àl'autre échangeaient leurs sermens,
S'encourageaient sans cesse aux vertus les plus rares,
Ou, portant la lumière à des peuples barbares,
La faisaient rayonner jusqu'aux mers de Thulé.
Par leur culte fleurit ce climat reculé
Où les fils'à'Ossian, sur la harpe sonore,
Aux forêts de Morven, aux rochers d'Inistore,
Aux échos que sa voix si souvent anima,
» Redisaient la splendeur des fêtes de Selma. »
2° Cavalleria. Longo tempo concentrada
nas praias do Baltico, a Iniciação fez pro
gressos, graças aos reinados d'Egbred em
Inglaterra, e de Carlos Magno em França :
mas, em despeito da autoridade legal , a
anarchia feodal violava todas as leis, e abria
caminho ás rapinas da idade media !.....
Para obstar a tanta desordem appareceu a
Ord. .. dos Cavalleiros no oitavo seculo da
era vulgar; e fazendo-se campeóes da hu
— 45 —
manidade, os Cavalleiros se mostrárāo no
vos Theseos contra novos Scyrons.
A devisa d'esta nobre Cavalleria era soc
corro ā desgraça; e o ceremonial de suas re
cepçôes foi uma pura imitação dos Myst. .
d'Eleusis. « Todos os fundadores das Ord. ..
» de Cavalleria, diz G. .. Dumast, imitárāo,
» quanto podérāo, a Ord.'. Maç.'« porque a
» aguia negra, a aguia de duas cabeças, ophe
» nix, etc. etc.; que se áchão na Cavalleria,
» são emblemas Maç,°. e proprios do Magis
» mo Oriental. »
Eis como um Cavalleiro s'exprimiria, es
crevendo á sua Dama :
« Passe dans les mains de Glycère,
» Heureux symbole de candeur ;
» Aux profanes regards oppose une barrière,
» Et tombe quelquefois au gré de mon ardeur.
» Ce don, belle Glycère, est pur comme ton cœur ;
» J'en atteste un serment que la sagesse avoue,
» J'en jure par mon tablier :
» Qu'avec horreur on le dénoue,
» Si je puis jamais t'oublier !
» Oui, ces gants ont un prix que le vulgaire ignore;
» Ce gage sacré de ma foi
» N'est dû qu'à la beauté que la vertu décore ;
» Je couraisgrand risque, sans toi,
» De le garder long-temps encore. »
M. DE LA LoUPTIÈRE.

É verdade que Ch.°. Dupontés, compa


rando as leis, fórmas, e fim da Ord...Maç..
e da Cavalleria, foi levado « a concluir que
» a Maç. ". era um ramo da Cavalleria, ou
— 16 —
º antes que a Maç.…. era mesma Cavalleria
» aperfeiçoada e polida. » Mas se Dupontés,
na sua Encyclopedia Maç. ..., não tivesse to —
mado o efeito pela causa, teria com mais
razão concluido que a Cavalleria era um ra
mo da Maç.".
Portugal deu tambem valerosos e illus
tres Cavalleiros. Os doze de Inglaterra, ácerca
de quem o nosso abalisado Camões nos of
ferece um Episodio, no Canto 6º do seu fa
moso Poema, são dignos de memoria eterna
na Maçº. Lusitana.... |

5º Ordem do Templo. Todo o mundo co


nhece a historia tragica d’esta Ord... militar
e monastica, da qual os membros érão cha
mados Pobres Cavalleiros da Cidade Santa;
Soldados de Christo; Milicia de Salomão; ou
commummente Templarios.
Em 1118 Hugues de Paganis, Geofroy de
Saint-Aumer, e mais sete outros Cavalleiros
fundárão esta Ord... celebre, na intenção
d'ajudarem á conquista da Palestina, e de
se reunirem à Cruzada de Godefroy dê
Bouillon.
Estes Cruzados Francezes consagrávão-se
á pratica das virtudes Christãas e mili
tares, e principalmente a defender, con
tra os ataques dos Musulmanos, os pere
grinos que, de todos os pontos da Euro
— 47 —
pa, ião a Jerusalem para adorar os lugares
santos. Em mui pouco tempo o numero de
seus membros se tornou consideravel; e em
1128 o Concilio de Troyes approvou a sua
instituição.
Os templarios fizerão-se notaveis nas ba
talhas por uma bravura pouco commum;
em premio de suas façanhas recebêrão dos
reis e dos grandes immensas riquezas, e nu
merosas herbades: fôrão tantos bens, que
mais tarde causárão a sua ruina!... Quando
os Soberanos e os Padres observárão que a
Ord. . do Templo commeçava a exercer uma
grande influencia moral e politica sobre o
globo, os Templarios fôrão accusados de he
resia, de sodomia, de rebellião, etc. « Mas
» na realidade, os dous crimes, porque os
» condemnárão no seculo quatorze, diz a
» Revista Maç. ..., fôrão a sua riqueza, que
» os tornava temiveis aos reis, e suas dou
º trinas, que se afastavão das da Igreja, e
» tinhão irritado o Pontifice romano. »
Os crimes absurdos, de que os Templa
rios fôrão accusados, e os supplicios crueis,
que lhes fizérão sofrer Philippe o Bello, e
o Papa Clemente V, excitárão tão justain
dignação, que a maior parte dos escritores
modernos, para melhor rehabilitarem a sua
memoria, avançárão que os Templarios nun
— 48 —
ca tivérão praticas secretas. Mas faltárão á
verdade.....
Ninguem nega a bravura, a generosidade
e a caridade dos Templarios; mas não se
pode contestar que elles não tivessem tido
assembleas mysticas,
herança da antiga aonde conservárão a
Iniciação. •

Nos fins do seculo dezasete achou se n'Al


lemanha, no tumulo d'um Templario, morto
antes da perseguição da Ord "., uma especie
de talisman que tinha, além de muitos ou
ti os sinaes proprios da sua Ord. "., os se
guintes: o compasso : a esquadria: a es
phera: o pentagono de Pythagoras; e o ogdoado
Gnostico, que symbolisa os oito Cabyres de
Samothracia, os oito principios Egypcios e
Phenicios, os oito deoses de Xenocrates, e os
oito angulos da pedra cubica.
De mais, os Templarios recebião, como
marca de sua Cavalleria secreta, uma cin
tura, ulteriormente mudada em charpa, da
qual se derivárão os cordões modernos, e
as insignias, que hoje se úsão em toda a
parte. Tal he a opinião de G. Dumast, e
OutTOS.

« Conseguinteménte, a Ord", do Templo,


» á cerca de quem tão diversamente se tem
» fallado, não era, diz Vassal, senão um an
» nel da grande cadêia da Iniciação mysti
» ca, colocada entre os tempos antigos e os
» tempos modernos. »
Com efeito Ilugues de Paganis, principal
fundador da Ord.'. do Templo, quiz reunir
n’ella todas as vantagens, obtidas até então
por meio da Iniciação e da Cavalleria : elle
pertendia que a milicia fosse util á Patria pe
lo braço, e que os chefes o fossem pela liber
dade de suas idêas. Os preceitos fundamen
taes da associação érão a Beneficencia e a
Tolerancia. A primeira se mostra pelas
abundates esmolas que, tres vezes por se
mana, érão distribuidas á porta de sens nu
merosos mosterios; e a seguuda se deixa vêr
pelo amor, com que tratavávão os prisio
neiros nas guerras da Palestina.
A denominação de Cavalleiros do Templo
não se refere, como muitos júlgão, á igreja
do Santo Sepulcro ou ao Templo de Salomão;
« porque os chefes da Ord. .. tinhão em vis
» ta, diz G. Dumast, um outro Templo
» mais digno da Divindade, o mundo intei
» ro, povoado de homens livres e virtuosos. »
Era na construcção d’este ultimo Templo,
continua o mesmo autor, que a Ord.". tra
balhava, e o de Salomão não lhe servia se
não de symbolo; e supposto o nome de
Templarios ter prevalecido, todavia nunca
perdêrão o d'Iniciados ou de Maçons.
5
- 50 —

Quando, no seculo quatorze, teve lugar a


perseguição d'esta illustre Ord. ., a maior
parte de seus membros entrárāo de novo na
grande familia Maç. "., a que, ha muito ,
pertençiâo, : mas é principalmente depois
d'esta aglomeração que Barruel, Gassicourt,
e outros calumniadores da Iniciação, com
meçárāo a fazer sentir aos Soberanos me
drosos, que os Maç. *. não érão senão os
proprios vingadores de Jacques Molay e de
seus companheiros. Entre tanto o autor do
Mysterium Baphometi revelatum prova que os
Maçons Europêos são muito anteriores aos
Templario3.
« Cherchons aux bords glacés où mugit la Baltique.
De la gloire des preux le berceau poétique.
Parlez, donjons déserts ! Pouvez-vous oublier
Quels périls votre enceinte offrait au chevalier,
Quand pour briguer ce titre environné d'obstacles,
D'un art pour lui magique bravait les miracles,
Et, comme un autre Ajax, incapable de peur,
N'accusait que la nuit et son voile trompeur !
» Al'erreur, aux forfaits, l'Europe était livrée :

Le maçon, de sa dame arborant la livrée,
Pressa les flancs poudreux d'un noble palefroi,
Fut le soutien des bons, et des méchans l'effroi.
Pour punir l'oppresseur et sauver la victime,
Pour prêter son secours au prince légitime
Qui, par la trahison conduit vers le malheur,
D'une élite intrépide empruntait la valeur,
Pour venger la beauté qui gémissait esclave,
Le plus doux des mortels en devint le plus brave.
» Tels étaient ces héros, défenseurs du Jourdain,
» Qu'aux murs de Césarée admira Saladin ;
— 51 -
"Ce formidable corps des chevaliers du Temple,
Leur chúte à l'Univers offrit un grand exemple.
Nourris de leurs trésors, protégés par leurs bras,
Les peuples d'Occident, servilement ingrats,
N’osèrent démentir d'atroces impostures.
Proclamés criminels sur la foi des tortures,
Cessages méconnus, em marchant au búcher,
Firent couler des pleurs que l’on voulait cacher.
Carle soupçon veillait, et, fils de l'ignorance,
Le fanatisme aveugle éPouvantait la France. »

Taes são os sentimentos do Poema Maç... a


respeito dos Antigos Templarios, que se não
devem confundir com os TemplariosModernos
Templarios Modernos ou Joanitas. Em
1804, um Medico, Bernard Raimond Fabré
Palaprat, julgando devêr aproveitar-se da
illustre memoria dos antigos Templarios,
conseguio, entre alguns amigos, o organisar
uma nova seita Templaria, a qual se dis
sesse ser uma successão verdadeira da pri
meira Ord.'. do Templo. Os novos Templa
rios, temendo encontrar algumas difficul
dades em tão alto projecto, encobrirão suas
primeiras reuniões com a capa da Maç.".
Com efeito esta nova Ord.'., em 1805,
obteve do Gr.". Or.'. de França as Constitui
ções para formar a L.'. dos Chevalier de la
Croix, que mais tarde deu tambem erigem a
um Cap.'. de R.'. --.".
Mas foi só em 1806 que a Ord.". revelou
a sua existencia Templaria. Pela occasião
do casamento de Napoleão com Maria Luiza,
em 1810, esta Ord.'. deu na capital uma
festa brilhante, que foi terminada por uma
grande distribuição de esmolas a probes.
Mas o G.". O.". de França, ignorando ainda
as pretenções da nova Ord.'., e receando
que esta viesse a ser uma autoridade rival,
convidou, em 1811, tres de seus nombros a
dar conta de suas doutrinas perante o Con
sistorio dos Ritos Maç.".
A doutrina dos novos Templarios consiste,
segundo a Revue Maç.…. nº 6, no Evangelho
de S. João Baptista, sem os milagres. A res
peito de Christo, o Joanismo não tem idêas
fixas sobre sua natureza: umas vezes é con
siderado como um homem superior, que
vai buscar a Iniciação ao Egypto, para a
transmittir aos profanos; outras vezes é o
filho de Deus, parte essencial da suprema
Intelligencia.
O Gr.". Or.'. de França, plenamente sa
tisfeito com as vistas puramente religiosas da
nova Ord.". Templaria, não lhe disputou
mais a sua independencia; e desde então ella
ficou fazendo corpo á parte da Maç... Seja
porém como fôr, he certo que a nova Ord.".
Templaria, em 15 de Janeiro 1855, inaugu
rou a sua igreja, por um acto do culto pu
blico em Pariz, e supposto que alguns ho
mens respeitaveis pertênção a este nova
Sociedade, que se afasta muito da doutri
na dos antigos Templarios, todavia seja nos
licito relatar um facto historico. Um dos
chefes da nova Ord.'., recrutando para
membros quantos homens encontrava, e
sendo reprehendido pela sua má escolha,
respondeu: Qu'il fallait de la tapisserie, et
qu'il faisait des hommes avec de la boue...
CH, DUPONTÉs.
4º Maçonnaria em França. Antes do se
culo dezasete não havia em França senão
Maç. .. isolados; mas em 1725, alguns In
glezes, entre os quaes se contão os Lords
Dervent-Water, e Harnwester, fôrão os pri
meiros, que em Pariz, estabelecêrão algu
mas LL... nacionaes. Tres Gr.". (Apr.".,
Comp.º., e Mest.".) compúnhão toda a Maçº.
quando foi introduzida em Franç; mas, em
1728, um Escocez; o Dº Ramsay, imagi
nando que a Maç... tinha tido origem nos
campos das Cruzadas, lhe acrescentou mais
tres Gr... de Cavalleria, com a denomina
ção geral d'Escocismo. Esta fatal inovação
fez nascer muitas outras; e a Escocia, In
glaterra, Allemanha, etc. tivérão tambem
seus Gr.". d'Escocismo, mas a França pos
suio um rito de vinte e cinco Gr."., que
mais tarde foi elevado a trinta e tres!!!
5*
— 54 —
Em 1786, o Gr.". Or.'. de França, que
rendo simplificar os trinta e tres Gr.-- do
Escocismo, organisou quatro ordens, (El."»
Secr.'., El.". Esc.". Cav.". do Or."., e R.",
Cruz) que, juntas aos tres primeiros Gr.". »
fórmão o Rito Moderno Francez. É depois
d’esta epoca que uma luta vergonhosa se
declarou entre os dous Ritos; e os damnos
que uma preeminencia mal entendida tem
causado á Maç. . Franceza são incalcula
veis! Entre tanto que o seu encarniçado
inimigo, (a reunião de duas seitas também
mysticas) marcha a passos lentos e tranquil
los, para o dominio universal!!! A lerta
Maçons-Francezes ! deixai vossos Ritos, e
reuni vossas columnas..... Olhai que o he
diondo monstro se desenfrêa,e vossos glorio
sos dias de Julho não lhe fizérão recuar se
não um pequeno passo !!..... Seja-nos per
mittido fazer uma observação, que o amor
da Patria e da Ord.". exige.
Portugal et Brazil não conhecêrão tambem
ao principio senão os tres primeiros Gr.'. da
Maç.". Symbolica; mas ha hoje quem diga
que alguns.Maçons pertendem estabelecer o
Escosimo em ambos os Paizes : entretanto
nós esperamos que tal projecto não serealise.
O systema do Escocismo foi um aborto
arbitrario, e não o fruto d'um pacto una
– 55 —
nime entre todos os povos, como foi o da
Maç.". Symbolica. A os tres primeiros Gr.",
de Maç. -- Symbolica todo o mundo he ad
mittido, nacionaes ou estrangeiros; e é n'isto
que realmente consiste a fraternidade uni
versal; mas pelo que respeita a altos Gr.".
ou Mysteriosos, cada nação quer, pode, e
deve ter os seus em particular; pois que só
devem ser fundados sobre a historia, costu
mes, e necessidades de cada um dos paizes :
sirvão d'exemplo a Inglaterra, Prusia, Alle
manha, e ultimamente a Belgica. Mas querer
adoptar um Rito estrangeiro, que, além
d’estar vulgarisado, tem produzido a discor
dia e a zizania entre os II, …. do mesmo
|
reino, se não fôr especulação, tambem de
certo não he pensar decoração nobre e inde
pendente..... Todos ambiciónão a Maçº. re
formada; mas para isso não precisamos
d’esmola estrangeira.
5" Maç. .. d'Adopção. A França he, sem
duvida, o berço da Maç.'. d'Adopção ou
das Damas. Foi em 1774 que o Gr.". Or.'. de
França tomou debaixo de seu patronato al

|
|
gumas LL.'. d'Adopção, que d'antes exis
tião, com a condição expressa de que seus
trabalhos serião presididos por um Ven.'.
Maç.". Depois d'esta epoca a M.'. d'Adopção
se espalhou rapidamente na Allemanha, na
— 56 —

Italia, na Hollanda, e na Russia; mas não


em Inglaterra. •

Em 1775 a duqueza de Bourbon foi eleita


Gr.". Mest.". de todas as LL.". Francezas; e
em 1777 ella mesma presidio a L.". Can
deur, que se distinguio sempre por muitos
actos de philantropia. Foi em 1779 que
a L... Candeur estabeleceo um premio
em favor d’aquella memoria, que trastasse
melhor a questão seguinte : Qual será a
maneira, a mais economica, a mais sã, e a
mais util & Sociedade para educar os en
jeitados, desde o nascimento até á idade de
sete annos ?
Mas foi principalmente depois de 1805
até 1827 que o numero das LL.'. d'Adop
ção s'augmentou consideravelmente em
França; e todas as suas festas da Ord.".
fôrão notaveis por abundates esmolas, feitas
já eu favor dos desgraçados, já em favor
dos Gregos opprimidos.....
Prisioneiros libertos; familias indigentes
consoladas; bellas acções recompensadas;
festas augustas, e o triumpho dos principios
Maçonnicos, taes teem sido em França os
admiraveis e patheticos resultados do con
curso de ambos os sexos, debaixo do estan
darte sagrado da Maç.…......
Por que razão as Portuguezas e as Brasi
— 57 —

leiras, aonde se encontra principalmente o


germe da innocentia e da virtude, perma
necerão por mais tempo indifferentes ao
beneficio de taes associações?
Tº Mysl... Britannicos.
Os Druidas e o Padres d'Herta, havendo
tido nos primeiros seculos do Christianismo
communicações intimas com os povos da
antiga Albion, podérão semear a Iniciação
nas Ilhas Britannicas.
Ja em 287, Cauracius reconhecido impe
rador, animou as artes, e promoveu parti
cularmente a Instituição Maç.". Mas foi
principalmente desde 880 até 900, durante
os reinados d'Alfredo o grande, d'Eduardo,
a d'Athlestan, que a Corporação dos Maç.….
Architectos tomou fórmas regulares. O
principe Edwin foi eleito Gr.". Mest.".
d’esta Corporação em 925 ou 926.
Esta singular Corporação d'Architectos se
dividia em reuniões parciaes, que se chamá
vão Loges; e todas érão dependentes d'um
corpo central, ou G.". L.'., especie de Dieta,
que teve seu local em Yorck. O objecto
d’esta Associação era construcção em com
mum d'edificios publicos; e todas as antigas
cathedraes do pais lhe devem ser attribuidas.
Em 1451 o marquez Pembroke foi eleito
— 58 —

Gr.". Mest...; e foi debaixo d'este patrono


que a Maç.". Escoceza appareceo, e seus
membros edificárão a abbadia de Kilwin
ning: mas foi só em 1515, epoca da des
truição apparente dos Templarios, que Ro
berto 1º, rei de Escocia, fundou a Gr.".
L.'. d'Heredon de Kilwinning.
Desde o reinado d'Henrique 6° até ao
d'Henrique 7º (1495-1501) a Corporação
Maç. . sofreo funestos golpes, e teria aca
bado inteiramente, a não se declararem seus
protectores, o Gr.". Mest.". da Ord.'. de
Malta, e seus Cavalleiros.
Em 1562, a rainha Elisabeth, d'um carac
ter desconfiado e suspeitoso, quiz tambem
perseguir a Ord.'. dos Maç. . Arch.….; mas
em compensação, Jacques 1º, Carlos 1",
Guilherme 5°, e outros, lhe mostrárão e dê
rão provas d’uma protecção generosa.
Mas o mais digno de notar-se, arespeito
d’esta Ord.". celebre, vem a ser a exposição
d'um Sabio antiquario Inglez : « Que, des
de 1641, a Corporação Maç.…. aggregou a si,
como membros externos, as pessoas estra
nhas á arte de construir, das quaes ella es
perava tirar alguma utilidade ou reatce,
e a quem ella deu o titulo de Free accepted
Masons (Maç.…. livres e aceites) para os dis
— 59 —

tinguir dos Maç. .. de pratica. (Journal d'Elie


Ashmole.)
Depois d'esta epoca a Corporação Maçº.
se conservou por muitos tempos brilhante;
mas, á medida que a instrucção, se espa
lhou, e que o individualismo prevaleceo ao
espirito d'associação, a Ord... foi decli
mando a tal ponto, que no principio do se
culo 18° muito poucas LL... havia nos con
dados, e Londres mesmo não tinha senão
quatro, das quaes a mais singular era a L.".
Antiguidade, que construio a ingreja de
S. Paulo.
Mas ou fosse com vistas de perpetuar os
Mys.". Maç.…. na occasião proxima de se per
derem, ou fosse por uma feliz inspiração, a
L.'. Antiguidade tomou, em 1705, uma de
cisão, que produzio os mais importantes
resultados.
Segundo Preston, que foi Mest... e Ven.'.
da mesma L.'., e a quem nós pedimos este
facto, ignorado de quasi todos os Maç.…. dos
dous mundos, a L.". Antiguidade ordenou,
Que: d'hoje em diante os privilegios da Maç.".
não serião mais a repartição exclusiva dos
Maç.". Constructores, e que os homens de
todas as profissões serião chamados a gozar
d’ella, com tanto que tivessem sido regular
mente approvados e iniciados na Ord, ".
— 60 —

Esta sabia deliberação, que constitue uma


verdadeira reforma na Maç."., fez entrar
na Ord... es pessoas da mais alta distincção,
e particularmente litteratos e sabios, que,
tornados zelosos partidarios, viérão a sêr os
propagadores da Ord. .. os mais infatigaveis.
Feito este primeiro passo, a L.". Antigui
dade lhe ajuntou outras innovações não me
nos interessantes : ella renunciou total —
mente ao abjecto material da antiga Confra
ternidade, e modificou todas as suas formas
e cerimonias para seu uso interno. Tal foi a
origem do Rito Moderno Inglez.
É depois d'esta epoca notavel que a Ord..
Maç. .. tem sido florecente em Inglaterra :
e é depois d’ella tambem que a Maçº. Re
formada tem estendido seus braços pater
naes pelas cinco partes do mundo; de ma
neira que, no curto espaço de 127 annos, a
Acacia foi plantada em setenta e nove es
tados do globo, debaixo do titulo explicito
de Franc-Maç.".
- 64 —

TABOA CHRONOLOGICA DA MAÇ..


OU

Introdução da Franc-Maç. .. nos diversos


Estados do globo, desde a sua reforma até
1850.

EURO PA.

Inglaterra
Escocia .
Irlanda ,
França .
Hespanha
Suecia . • • • • 2 4 750
Napoles. • • • • 1731
Hollanda • • • • 1731
Russia . • • • . 4 731
Toscana • • • • • 1 755

Portugal • • . . . 1755
Hamburgo
Suissa .
Sardenha
Saxonia.
Baviera. 4757

Prussia. 175S
1758
Austria.
1758
Turquia •

Polonia. 4759

Malta 174 O

Dinamarca. 4742
Bohemia 1744
1744
Hungria
4 747
Norwega
1755
Guernesey
1755
Jersey
HanOVer 4.754

1728
Bengala.
4758
Turquia
Madrasta 4752
Ceilão . 4771

Surate . 1776
1780
Ilha do Principe de Galle
Persia 4812

Pondicheri. 4820

Bombain •
1820

A FRICA.

Cabo Costa. •

1lha Bourbon
— 63 —

Ilha de França. . . . . . . 1778


Cabo de Boa Esperança . . . . 1781
S. Helena . . . . . . . . 1798
Serra-Leôa. . . . . . . . 1819
Senegal. . . . . . . . . 1822
Ilhas Canarias. . . . . . . 1825

A M E RICA,

Canadá. . . . . . . . . 1721
Massachussett . . . . . . . 1755
Georgia. . . . . . . . . 1755
Carolina do Sul . . . . . . 1759
New-Yorck. . . . . . . . 1757
S. Christóvão . . . . . . . 1175
Martinica . . . . . . . . 1758
Antigoa. . . . . . . . . 1742
Jamaica. . . . . . . . . 1745
Ilha-Real . . . . . . . . 1745
S. Domingos . . . . . . . 1749
Pensilvania. . . . . . . . 1755
Barbada . . . . . . . . 1754
Guadelupe . . . . . . - . 1754
S. Eustachio . . . . . . . 1754
Nova Escocia . . . . . . . 1762
Grenada. . . . . . . . . 1764
Virginia. . . . . . . . . 1765
Terra-Nova . . . . . . . 1765
Guiana Hollandeza . . . . . 1771
Bermudas . . . 1774
Lusiana. . 1784

S, Thomaz. . . 4818 -
Honduras . . . 1819
S. Vincente . . 1819
Cuba . . . . 1821
Dominica . . . . 4825
Brasil . . . . . 1825
Columbia . . . • 4824
Mexico . . . . . 1824
Guiana-Franceza . . 1827

O CEANIA.

Java. - - - - . 1769
Sumatra . . . - 1 772
Nova Galles do Sul 1828 (1)

(1) Extracto da Revue Maç.". Nº 1-1830.


- 65 —

R I TU A L

DOS MYSTERIOS,

DO EGYPTO E DA GRECIA,

A maior parte dos autores, que viajárão


pelos terrenos do Oriente, afirmão que as
grandes Pyramides do Egypto dávão entra
da a longos subterraneos, onde se fazião as
Iniciações. Mas como expor factos, que se
não podérão testemunhar? A historia dos
povos Orientaes não tendo sido consignada,
senão em symbolos e allegorias, sómente as
tradições oraes ou escritas poderão em tal
caso servir de bussola ao historiador. Ora
a Crata Repoa, escrita em alemão em 1770,
e traduzida em francez pelo I.". Bailleul em
1821, é de todas as obras, a que melhor
descreve as experiencias da antiga Inicia
ção. Por consequencia, para que o nosso
trabalho seja o mais completo possivel, nós
exporemos em summa o systema da Crata
Repoa, que nos parece tanto mais positivo
6*
— Gö —

e real, quanto he provavel que, na deca


dencia do Imperio Romano, os Iniciados,
expatriados que implantárão a iniciação
na Scandinavia, podérão levar comsigo, e
communicar aos novos Adeptos o mesmo
Ritual, que servia nos diversos Myst... an
tigos.
— 67 - -

PRIMEIRO GRAO.

P A S T O P H O R I Se

A terra, o fogo, a agoa, e o ar érão os


quatro elementos que constituião as gran
des experiencias physicas de Memphis.
O ultimo Iniciado era quem conduzia o
Néophyto até á entrata dos subterraneos, e
lhe dava uma alampada accesa para lhe ser
vir de guia. O Néophyto marchava depois
sósinho, atravessando corredores de tal ma
neira baixos, que era obrigado a enga
tinhar. Passados estes primeiros obstaculos,
o Néoph.º. encontrava uma cisterna im
mensa, a que se achava firme uma escada
de ferro polido, por onde devia descer até
sessenta pés de fundo: mas não podendo
continuar a marcha por falta de degrãos,
elle tornava a subir, e via um pequeno bu
raco, (não observado na descida) que dava
entrada a um caminho espiral, e se termi
nava em um grande poço.
— 68 —

Chegando ao fundo do poço mystico, o


Néoph... via duas grades, uma de ferro ao
meiodia, e outra de bronze ao norte, a qual
deixava vêr um largo corredor, que era al
lumiado por tochas e alampadas, e ador
nado nos lados por arcadas successivas.
(Tal era a experiencia, que symbolisava o
chaos da natureza inerte.)
Apenas o Néoph.º. entrava no corredor, e
passava a porta de bronze, esta repentina -
mente se fechava per si mesmo, e produzia
um grande ruido que, junto ao echo das ar
cadas, se tornava horroroso. O Néoph.º., de
pois de ter feito cincoenta passos no corre
dor, encontrava uma abobada cheia de fogo,
que elle devia atraversar; e a qual, segundo
Terrasson, imitava uma fornalha ardente de
cem pés de longo. (Tal era a experiencia do
fogo.) … "

Depois da fornalha seguia-se um canal, de


cincoenta pés de largo, do qual a agoa, vinda
do Nilo, entrava por um lado no subterra
neo, e sahia por outro, com estrondo e ra
pidez assombrosa: era preciso queo Néoph...,
com a alampada na mão, passasse a nado
este canal. (Eis a experiencia da agoa.)
O Néoph..., tendo atravessado o canal,
encontrava uma grande arcada, no interior
da qual havia alguns degráos, que o con
— 69 —

duzião a uma ponte levadiça, e d'um me


canismo complicado. Na extremidade d’esta
ponte havia uma porta de marfim, que o
Néoph... de balde tentava abrir: mas no
momento, em que elle lançava mão de duas
argolas, fixas nas umbreiras da porta, uma
mola real, que fazia mover muitas rodas,
abalava a ponte levadiça , e fazia asoprar
um vento impetuoso, que lhe apagava a
alampada. -

O Néoph..., depois de ter estado dous mi


nutes n'esta cruel posição, que lhe deixava
ver um precipio immenso, tornava a descer
para o mesmo lugar, por efeito d'um con
trapreso, e achava-se colocado defronte
da porta de marfim, que sabria rapida
mente. (Tal era a experiencia do ar. (1)
Passadas as quatro provas preparatorias,
o Thesmophores (introductor) vendava o Can
didato, e o conduzia pela mão até á porta
dos homens que era exteriormente guardada
pelo ultimo iniciado (Pastophoris).
O introductor batia sobre o hombro do

(1) Estas quatro Exp.". , que a Crata repoa não


descreve, achão-se perfeitamente representadas na
estampa de Moreau, e nas obras de Lenoir, Ter
rasson, Vassal, e outros.
— 70 —

guarda exterior; e este batia á porta do


Templo, para annunciar a presença do
Cand... Este, satisfazendo ás questões, que
então lhe erão feitas, entrava no Templo
pela porta dos homens, e lá ouvia lêr toda a
sua vida profana, que d'antemão os Padres
sabião cuidadosamente espionar.
O Hiérophante (presidente) fazia novas
questões sobre objectos diversos, a que o
Cand.…. devia categoricamente responder.
O Cand. ". era depois obrigado a fazer
uma viagem no circuito de Birantha, (que
era o recinto exterior do Templo) durante a
qual os Padres, fingindo borrascas e tro
voadas, procurávão assustar o Cand... que,
firme, afouto e resoluto, tornava a entrar no
Templo, e promettia de se conformar aos
estatutos da Ord..., que anteriormente lhe
tinhão sidolidos por Menies (leitor das leis).
Depois d'esta adhesão, que era puramente
voluntaria, o Cand.". ajoelhava perante o
presidente, o qual, pondo-lhe uma cimi
tarra ou alfange sobre o pescoço, lhe fazia
prestar o juramento de fidelidade e discrição,
tomando por testemunhas o Sol, a Lua, e
OS AstrOS.

O Cand... era depois situado entre as


duas columnas (Betilies): a venda lhe era
tirada aprendia a Pal.'. d’Ord.'. que era
— 71 —

Amoun (séde discreto): e recebia um bar


rete pyramidal; um toque manual; e um
avental chamado Xylon.
Quanto ao mais, o Cand... era obrigado
a estudar a theologia, a physica, a medici
na, e a linguagem symbolica. Tambem de
via guardar a porta dos homens.
— 73 —

SEGUNDO GRÁo.

NEOCORIS•

Se o Pastophoris, durante um amo d'es


tudos, tinha dado provas d'intelligencia,
um jejum severo lhe era recommendado,
para se preparar a receber o Gr.". Neocoris.
Acabado o jejum, que durava doze ou
quinze dias, o iniciado era posto n’uma ca
mara escura, chamada Endimion; aonde
bellas mulheres ião reanimar-lhe as forças
com iguarias delicadas, e provocá-lo com
estimulos d'amor (1). … "

O iniciado, para provar o imperio que ti


nha sobre si, devia triumfar d’esta expe

(1) Estas mulheres, segundo a Crata Repoa,


érão as esposas dos padres; e na Grecia erão as
mesmas virgens consagradas a Diana...
I» 7
— 74 —
riencia difficil. O … interrogava
o iniciado sobre as sciencias do Gr... prece
dente, e depois de ter respondido a diver
sas questões e a proposito, este era introdu
zido nassemblêa. O Stolista (hysopista)
espargia agoa sobre o iniciado para o puri
ficar, e este era obrigado a afirmar que sua
conducta tinha sido casta.
Depois d'esta declaração, o Presidente,
com uma serpente artificial na mão, corria
ao iniciado, que, enleado com ella, era e
vado a um logar cheio de bichos. (Tanto o
iniciado mostrava valor n’esta experiencia,
quanto depois era elogiado).
O iniciado era depois colocado entre duas
altas columnas, que representavão o Oriente
e o Occidente. Entre estas havia um gry
pho (emblema do Sol) que empurrava uma
roda de quatro raios (emblema das quatro
estações):
O Néocoris tomava por insignia um bas
tão, circundado por uma serpente, como o
caduceo de Mercurio. O Presidente lhe dava
a Pal... d’Ord.c., que era Eva, e lhe contava
a historia mythologica da ruina do genero
humano. Encruzar os braços sobre o peito
era o Sin.'. de reconhecimento; e o novo
emprego do Iniciado o de lavar as columnas.
Os estudos d’este Gr.", erão a architec
tura, a arithmetica, a geometria e a hygro
metria, para conhecer as inundações do
Nilo. Estas sciencias, diz a Crata Repoa,
constituião o grande segredo, que não era
communicado ao povo.
– 77 —

TERCEIRO GRAO.

PORTA DA MORTE,
OU

MELANEPHORIS.

A iniciação a este gráo dependia dos pro


gressos mais ou menos rapidos do Néoph...
mas sciencias, e da continuação de sua boa
conducta. Quando os padres o julgávão di
gno, o Néoph... era denominado Melane
phoris, e conduzido a um portico, aonde se
via escrito Porta da morte. Esta dava en
trada a um edificio, cheio de mumias e tum
bas figuradas, aonde o Iniciado encontrava
os Paraskistes e os Heroi (os que abrem e
embalsámão cadaveres). No centro do local
achava-se o tumulo de Osiris, que, por causa
de seu assassinio, supposto recente, mos
trava ainda vestigios de sangue. Era n’este
lugar da morte que se perguntava ao inicia
do, se tinha ou não tomado parte no assas
sinio de seu Mestre? Depois da sua resposta
7"
– 78 —

megativa, dous Tapixeytes (coveiros) o con—


duzião para uma sala, aonde se achávão
todos os Melanephoris vestidos de preto.
O rei, que, segundo a Crata Repou, assis
tia a esta scena, se aproximava do Inicia
do, e com ár gracioso lhe oferecia uma corôa
d'ouro a fim de melhor vencer os obstacu
los: Tertuliano assevera que o Cand.'., in
struido d'antemão, rejeitava, e pisava a co
rôa com os pés. Era n’este instante que o
rei exclamava ultraje ! vingança! e tomando
o machado dos sacrificios tocava levemente
com ele a cabeça do Inic..
Os dous Tapixeytes lançávão por terra o
Inic...; e os Parakistes o envolvião em fa
chas de mumia. Durante esta scena, os as
sistentes gemião em redor do Inic."., que
era depois conduzido até a porto do Sanc
tuario dos Espiritos. Apuleo afirma que,
quando esta porta se abria, trovões e re
lampagos cercávão o presumido morto,
Caron, agarrando o Cand.". o descia ao
Sanctuario, aonde se achávão os juizes das
sombrias praias: Pluton, segundo Diodoro
de Sicilia, estava assentado na sua cadeira,
tendo a seu lado Rhadamanto, Minos, Alec
ton, A laster, e Orpheo. Este tribunal terrivel,
depois de haver questionado o Cand.". so
– 79 —
bre as sciencias e a moral, devia condemna
lo a errar nas galarias subterraneas.
Tirávão depois as faxas ao Cand.'., e lhe
recommendávão as tres maximas ou sen
tenças:
1º Não ser sanguinario; e não deixar de
soccorrer o seu semelhante, quando em perigo.
2º Outorgar sepultura aos mortos.
5º Esperar uma resurreição.
O Sin.'. d’este Gr... era um abraço parti
cular, que exprimia o poder da morte. As
Pal... érão Monach Caron Mini (passo os dias
da colera). As artes que se aprendião neste
Gr.". érão o desenho, a rhetorica e a escrita
chamada hiero-grammatical, para entender
a geographia, a astronomia, e a historia do
Egypto.
— 81 –

QUARTO GRÁO.

BATALHA DAS SOMBRAS

OU

CHRISTOPHORIS.

O tempo empregado nos estudos do Gr...


anterior, e que se chamava tempo da colera,
durava dezoito mezes. Se o Cand... tinha
feito progressos, o Thesmosphores ia ter
com elle, entregava-lhe uma cimitarra e
um escudo, e marchávão ambos por gala
rias escuras. Aqui homens armados e hor
rendamente mascarados atacávão de subito
o Cand..., e exclamávão Panis! O Cand..., a
convite do Themosphores, se defendia com
valor; mas a final succumbia ao numero.
As sombras, ou os homens armados, ven
dávão então o Cand.::, e lhe lançávão uma
corda ao pescoço, com que era arrastado
— 82 –

até á sala, aonde devia receber o novo gráo.


Chegadas a este lugar as sombras, gritando
muito, desapparecião.
O Cand.'., depois de tirada a venda, ob—
servava n’esta rica e majestosa sala uma
reunião brilhante: taes como o rei, assen
tado ao lado do Demiurgos (inspector da
Ord...): o Odus (orador): o Stolista (hyso
pista): o Hiérostalista (secretario): o Zacoris
(thesoureiro): e o Komastis (M.'. de ban
quete). Todos érão condecorados com a
Alydea (decoração egypcia que symbolisa a
Verdade).
Depois d'uma allocução do orador, ten
dente a dar valor ao Cand..., este bebia um
licor amargo, chamado Cice; e ornava-se
com o escudo d'Isis, com a capa d'Orei, e
com o capacete d'Anubis.
Armado d'esta sorte, o Cand... recebia a
ordem de cortar a cabeça d'um individuo,
que deveria achar-se n’uma caverna, e de a
trazer ao rei. Os membros do collegio gri
távão todos Niobel (eis a caverna do inimi
go). Entrando na caverna o Cand... encon
trava uma bella mulher, arranjada de modo
que parecia viva; tomava-a pelos cabellos,
e lhe cortava a cabeça. Depois de ter sido
louvada a sua acção heroica, o Cand...
prendia que a cabeça cortada era a ca
— 83 —

beça de Gorgo, esposa de Typhom, que ha


via occasionado o assassinio d’Osiris (1).
O nome do Inic.". era depois escrito no
livro, onde se achávão os nomes de todos
os juizes do pays: davão-lhe, com o co
digo das leis, uma insignia, representando
Isis em forma de mocho, da qual elle não
podia servir-se senão no acto de recepção
ou na villa de Sais: explicavão-lhe depois
as allegorias do Gr... e se lhe recommen
dava por estudo a linguagem amunica, e a
legislação.
Diodoro de Sicilia affirma que, neste gráo,
o Inic... aprendia tambem o nome do gran
de legislador, que era Jaob. Esta servia de
Pal... de Ord.". O capitulo dos Christopho
ris chamase Pixon (tribunal de justiça.) A
Pal... em uso nas sessões era Sasychis (no
me d'um antigo Egypcio muito virtuoso).

(1) Esta fabula parece ter servido de base ao 4º


e 7º gr.", do R, M., e ao 9º e 15º do R, Esc.".
— 85 —

QUINTO GRÁo.

B A L A H A T E•

O Christophoris tinha o direito de pedir


este gráo sem que o Demiurgos lh'o podesse
recusar. O Cand... era introduzido n’uma
sala em forma theatral, aonde cada um dos
membros fazir seu papel, á excepção do
Inic..., que era o unico espèctador. Huma
personagem, chamada Horus, e seguida por
muitos Balahates com archotes, marchava
na sala e parecia buscar alguma cousa.
Chegando a uma caverna, aonde se achava
o assassino Typhon, (de braços longos, corpo
d'escamas, e de cem cabeças) Horus desen
bainhava o alfange, ou cimitarra; cortava
o pescoço ao monstro; e sem se proferir pa
lavra, acabeça era mostrada a todos os mem
bros. Esta scena mythologica, que, segundo
Vassal, servio de base ao undecimo Gr.'. do
R. Esc.'., era terminada por uma explica
ção alegorica, pela qual o Inic... aprendia
I• 8
— 86 —

que Typhon representava o fogo, agente


terrivel e ao mesmo tempo necessario; e
que Horus era o emblema da industria e da
razão, com que o genio do homem pqdia
obrar maravilhas.
O estudo, n’este Gr.'., era especialmente
a Alchimia, e não a chimica, como diz a
Crata Repoa; porque a ultima he uma scien
cia moderna, entretanto que a alchimia foi
cultivada pelos Egypcios, e fundada por
Hermes. A Pal.'. de Ord.". era Alchimia. Tal
he a opinião de Vassal.
— 87 —

SEXTO GRÁO.

A ST R ON OM O
DEFRONTE DA PORTA DOS DEOSES,
• --******

Quando o Inic.". estava sufficentemente


instruido n’alchimia, o Thesmosphores o
conduzia algemado até á porta da morte, de
pois da qual se encontrava uma caverna
chêa d’agoa, aonde vogava a barca de Caron.
Nos lados da caverna havia muitas tum
bas, que se suppunha encerrarem as cinzas
dos que tinhão trahido a Sociedade. O Inic.".
era ameaçado da mesma pena, se um dia
cometesse o mesmo delicto.
Sendo depois introduzido na assemblêa
dos Padres, o Cand.…. prestava um novo ju
ramento, e ouvia a explicação da origem
dos deoses populares. Era n’este lugar que
os padres fazião sentir ao Cand... não só a
necessidade de conservar o polytheismo
entre o povo, mas tambem, que a doutrina
— 88 —
do 1º Gr... tinha por objecto o Ente Su
premo, que rege o systema do Universo.
O Cand.'., depois de ter passado a Porta
dos Deoses, era introduzido n’um magnifico
Templo (Pantheon entre os Gregos e Roma
nos), aonde se achávão representados todos
os Deoses até então adorados.
Era lá que o Demiurgos mostrava sem
reserva, a verdadeira causa do polytheismo;
assim como se mostrava tambem ao Cand. ".
uma lista chronologica, que continha os
nomes dos membros do Ord."., que se
achávão espalhados pela superficie do globo.
O Iniciado... neste gráo era obrigado a
fazer observações astronomicas com os mais
membros, e aprendia uma dança particular,
que figurava o curso dos astros.
A Pal... de Ord.". era Ibis (vigilancia): e
o Gr... era inteiramente consagrado ao es
tudo theorico e pratico d'astronomia (1).

(1) Este gr. "., segundo Vassal, deu motivo à


doutrina dos gr.'. 21, 22, 23 e 24 do R. Esc.".
— 89 —

s ETIM o GRÁO.

PROPHETA,
O U S A PH EN NAT PANCA H ,

HOMEM QUE CONECE OS MYST.",

----• @***

Este Gr.". era o ultimo e o mais eminente,


aonde se dava a explicação completa de to
dos os Myst.". O Astronomo não podia obter
este Gr... (que o habilitava a todos os em
pregos mesmo publicos e politicos) sem o
consentimento do Hierophante, do Demiur
gos, e dos outros socios.
O Cand. "., depois de approvado e in
struido nos verdadeiros fins dos Myst.'.,
dava motivo a uma procissão publica, cha
mada Pamylach, (circoncisão da lingua, pois
que o Inic... tinha o direito de fallar e en
sinar sobre tudo) na qual todos os objectos
sagrados érão expostos ao publico.
Concluida a procissão, todos os Prophetas,
durante a noite, sahião da villa, e ião clan
destinamente reunir-se num vasto e rico

— 90 –
edificio, perto de Memphis, que chamávão
Maneras; porque o povo julgava ser ali,
aonde os Inic... communicávão com as almas
dos mortos.
Este edificio era quadrado, e ornando com
muitas columnas, entre as quaes se figurá
vão tumbas, sphynges, e outras pinturas,
que representávão todos os trances da vida
humana.
Apenas o Cand... entrava no Maneras se
lhe dava uma bebida feita de vinho e mel,
que se chamava Oimellas : e se lhe dizia
« que o termo de suas experiencias era che
» gado, e que a doçura da bebida exprimia
* a recompensa de seus longos estudos. »
O novo Propheta tomava por decoração
constante uma cruz tautica, da qual a signi
ficação era só conhecida pelos Inic... deste
Gr.". : cobria-se com um vestido branco,
que se chamava Etangi ; e além de ser ton
surado, trazia na cabeça um toucado de
fórma quadrada. O Sin... principal era d’en
cruzar os braços, e metter as mãos nas lon
gas mangas de vestido. A Pal.'. de Ord.".
era Adon (senhor, Sol).
Estes Inic.". tinhão a prerogativa de con
correr á eleição do rei, e de possuir a viga
ou chave-real, para poderem ler todos os
documentos mysticos em linguagem amon
— 91 —
nica. Cada umidos empregados tinha seus
habitos differentes; e sua reunião era ter
minada por uma cêa mystica.
* Este Gr..., diz o I. vassal, tem grande
* analogia com a consecração do Sacerdo
5 cio, e com a ordenação do Catholicismo;
» por isso ele não era conferido senão aos
» que se destinávão a ser Padres nos Tem
* plos egypcios: Moysés parece ser o unico,
* que, por excepção, recebeu este gráo, e o
» conferido depois a seu irmão Aaron,
º quando hierophante do culto hebreo:
» entretanto, conclue o mesmo author, nós
» não pensamos que a maior parte dos an
»tigos philosophos fossem n’elle iniciados.»
RITUAL DOS MYST... MODERNOS.
Para se apreciar melhor a analogia ou
diferença que existe entre a Inic.". antiga
e a moderna, talvez devessemos expôr
n'este logar o Ritual da Franc-Maçº.; mas
tendo sido forçados a traduzir litteralmente
os Cadernos da instrucção, que o Gr.". Or.".
de França manda seguir nas LL.'. de sua
correspondencia, nós convidamos o Leitor a
ir consultar os tomos 2° e 5", aonde se acha
o Ritual fiel do Rito Moderno.
— 92 —

Objecto dos diversos Myst.


Todas as instituições recebérão mais ou
menos o espirito geral dos tempos que atra
vessárão, e principalemente dos que as virão
nascer : ora, os diversos Myst.º., tendo
existido nos seculos da ignorancia, nos se
culos da barbaria, e nos seculos das luzes,
deverião tambem ter fins differentes » COn
forme os homens e as necessidades de cada
pays; mas he certo que, abstracção feita de
bagatelas, quasi todos os Myst.'., sobre que
a Franc-Maç. .. tem assentado, tivérão sem
pre em vista, não o interesse exclusivo e
especial, mas sim a utilidade geral.
Ant. Christ. 100,000. Os Myst... dos
Magos tivérão em vista dous fins : o pri
meiro era a conservação dos conhecimentos
uteis e scientificos; e o segundo foi a união
da theogonia ás sciencias. Para o bom exito
do primeiro, os Magos só tomávão por Adep
tos homens profundamente instruidos; e
para firmar a crença do segundo, usávão
de symbolos, que o povo adorava, mas que
não entendia.
Este methodo, improprio talvez dos se
culos modernos, era rasoavel e necessario
nos seculos remotos; porque, quer o Sol se
considere como o retrato do Creador, quer
— 93 —

como o Creador mesmo, nem por isso a sua


essencia deixa de escapar ás investigações
humanas; e quando o erro tentasse atacar o
seu culto, lá se achávão as sciencias para
dissipar os desvarios.
He forçoso confessar que o duplicado fim
dos Magos era sabio e generoso; pois que
tendia a lançar as bases da civilisação, e a
prevenir os résultados atrozes das guerras
religiosas.
5,000.—Os Myst.'. dos Brachmanes tivé.
rão por objecto: 1º, a theogonia do Vedan:
2º a ambição do poder. He verdade que
mais tarde os Brach... conhecêrão tambem
a Iniciação dos Magos; mas só parece ter
lhes servido para melhor sustentar o seu
egoismo. A India tendo entorpecido debaixo
do dominio sacerdotal, que se oppõe con
stantemente a toda sorte de progresso, he
prova incontestavel do que avançamos.
2,900, —Os Myst... dos Padres do Egypto,
ou d'Isis, mais vastos do que os antece
dentes, tivérão em vista tres objectos diffe
rentes: o primeiro era a instrucção publica
e privada; o segundo a industria e a pros
peridade dos Egypcios; e o terceiro foi pu
ramente politico. Os Padres tivérão a pru
dencia d'estabelecer dous cultos e duas dou
trinas : um era secreto e comprehendia a
— 94 --
doutrina dos Magos; outro era popular, e
tinha por base a Metempsycose, que pro
mette um porvir mais consolador do que as
chammas eternas, que devem sempre quei
mar, sem consumir.....
Os annaes do Egypto próvão de sobejo
que os Padres d'Isis fôrão os primeiros ho
mens, que realmente se occupárão da feli
cidade publica. O fim politico d'estes Myst.".
consistio na formação de algumas leis, nas
verdades pouco numerosas, mas proporcio
nadas aos costumes do Egypto; em uma pa
lavra os Myst.'. d'Isis fôrão tão sublimes,
que o Égypto foi, e he ainda hoje conside
rado por muitos sabios como berço da civi
lisação primitiva.
1,950. — Os Myst.". dos Cabyres da ilha
de Samothracia tivérão por fim a coragem
e o patriotismo. Os homens que se distin
guião por qualquer acção brilhante em be
neficio da Patria érão annualmente coroados
na celebração publica d’estes Myst.".
1,550. — Os Myst... de Orpheo tivérão
em vista dous fins louvaveis, e igualmente
avantajosos : o primeiro he a abolição do
charlatanismo dos Myst.". de Céres; e o se
gundo foi a instituição d'um collegio scien
tifico, aonde as sciencias érão dadas segundo
a capacidade de cada Iniciado. Orpheo, esta
— 95 —
belecendo a doutrina dupla, reformou os
Myst... gregos, e tornou-os todos em bene
ficio da Grecia.
4,018. – Os Myst.". Essénios tivérão por
fim : 1º a abolição da idolatria: 2° a bene
volencia e a philantropia : 3" o amor da
Patria. Os Inic.", dos Myst.". de Salomão
observárão a doutrina dos Magos, e sua mo
ral foi sempre austera. Finalmente os Essé
nios soccorrêrão todos os homens virtuosos,
fosse qual fosse a sua crença; e quando a
maior parte dos israelitas érão vagabundos,
os Essénios adoptárão, e defeudêrão uma
Patria.
Post Christ. 55. – Os Myst.". do Christia
nismo tivérão por fim o estabelecimento
d’uma religião nova e sublime, que tinha
por base, a igualdade, a liberdade politica e
religiosa, e a abolição completa das castas
privilegiadas. A doutrina de Christo, sendo
parabolica, era propria para unir os homens
entre si; e a não serem os abusos do Catho
licismo, ella seria hoje universal, e teria
feito talvez a felicidade do genero humano,
800. — Os Myst.". des Francos, á excep
ção dos Druidas, tivérão todos por fim, não
só a tolerencia e a philantropia; mas tam
bem a prosperidade e a independencia da pa
tria. A abolição dos Feudos, as guerras da
Palestina, e o estado progressivo da civilisa
ção não os desmentem.
1705. — Os Myst.". Britanicos tivérão e
teem tido por objecto : 1º a gloria nacional:
2º uma generosa philantropia : 5º o amor
das sciencias e das idéas liberaes. Os me
lhores e mais antigos edificios da Inglaterra;
os numerosos estabelecimento d'educação
publica; os primeiros livros scientificos pu
blicos; e finalmente os beneficios, que a
Maç.…. tem feito mas cinco partes do mundo,
fôrão obra dos Myst.". Britanicos.
Conclusão. — D'estas considerações geraes
se colhe, que a maior parte dos Myst... fó
rão estabelecidos não só por motivos louvaveis
mas que cada um d'elles tem tido seus fins
uteis, já geraes, já locaes.
Mas, se isto he verdade, por que razão a
Maç.…., e seus Adeptos teem sido tantas vezes
perseguidos? Necessario he respondermos a
esta questão; porque homens ha, a quena é
preciso mostrar com o dedo a verdade.
He indubitavel que a Maç.…. tem sido em
differentes epocas, e he ainda hoje perse
guida em alguns estados da Europa: mas
esta perseguição tem sempre por motivo a
fraqueza d'alguns principes, que, embala
dos n’uma religião dominante, se deixão
alliciar por uma seita de egoistas, que, com
— 97 —

o manto sagrado da religião, perpétrão cri


mes os mais horrosos..... A Russia, Italia,
Hespanha, Portugal, são ainda hoje victima
innocente d’estes infames monstros, que, a
troco d'uma sordida ambição, não poupão
nem a honra de seus amigos, nem a vida
de seus proprios irmãos!!!
Pelo contrario, nos paizes civilisados,
onde existe realmente a tolerancia religiosa,
e onde não ha nem o dominio papal, nem
o fanatismo do clero, a Maç... não só he res
peitada, mas até tem sido protegida pelos
princepes e pelos governos.....
Assim, em 1757, Frederico nº prohibio
as reuniões Maç.". em Suecia; mas, no mes
mo anno, esse mesmo decreto foi revogado.
Desde então a Maç... não só tem sido favo
recida n'aquelle reino, mas até seus reis
teem sido Gr.". Mest...; e Carlos XIII insti
tuio em favor dos Franc-Maç.…. uma Ord.".
civil de Cavalleria.
Em 1757 os Estados Geraes suprimirão
na Hollanda as assemblêas Maç..., em decla…
rando que elles nada tinhão descoberto, que
fosse contrario á boa ordem. Depois d'escu
tada a defeza dos Maç..., os Estados Geraes
não só revogárão a mesma ordenança; mas
accordárão protecção á Franc-Maç..
Em 1745 os Magistrado de Berna, fun
Iº 9
— 98 –
dados méramente em suspeitas, prohibirão
o exercicio da Maç.….; mas os Maçº., fazendo
imprimir em Francfort uma memoria que
refutava as imputações allegadas contra a
Ordº, obtivérão dos Magistrados uma tole
rancia absoluta.
Em 1764 a imperatriz Maria-Theresa
proscreveu a Maçº., unicamente porque os
Ven.'. de Vienna recusávão descobrir ao go
verno os segredos da Ord... Elisabeth, rai
nha d'Inglaterra, quiz tambem conhecer os
mesmos, segredos; mas, a pezar de não sa
tisfazer a sua curiosidade, ella não inquie
tou mais os Maçº. e ficou convencida de
que o fim de taes reuniões era louvavel.
Em França, os Maçons teem sido algumas
vezes perseguidos, ja por bispos, ja pela po
licia; mas nunca fôrão accusados de faccio
sos nem d’intrigantes.
Os Franc-Maçº. érão suspeitos a Guilher
me 1", rei de Prussia; mas Federico 11°, e
seus successores os protegêrão d’uma ma
neira especial. Por um decreto de 1800 o
governo prussiano prohibio as sociedades
secretas; mas elle não comprehendeu n’este
numero as Sociedades Maç.".
Em uma palavra muitos outros principes
temêrão, não as reuniões Maç. "., porque
bem conhecêrão a pureza de suas vistas,
– 99 –

mas outras sociedades secretas, que pode


rião tomar as suas formas e espalhar prin
cipios mui diferentes.
Ora, a Maç.…., pelo que respeita á reli
gião, pode desagradar ao Clero que, por toda
a parte e em todas as religiões considéra a
tolerancia como deismo ou indiferentismo. A
Maçº. pelo que respeita á politica, pode
tambem, em momentos criticos, produzir
inquietação, por causa do véo mystico, que
a encobre: mas pelos exemplos, que cita
mos, claramente se mostra, que a Maç...,
bem longe de declarar guerra aos reis e aos
governos, não faz mais do que ajudá-los e
sustentá-los. He verdade que a conducta
d'alguns Adeptos da Maç.…. tem sido escan
dalosa; mas a Maç.'., tendo por fim a pra
tica das virtudes, não tem o direito de cor
recção pelas faltas commettidas fóra de seio.
Se um membro se torna culpavel por uma
falta grave, ella pode exclui-lo, e já o tem
feito mais d’uma vez: mas uma Sociedade,
principalmente quando he numerosa, nunca
deve ser julgada pela conducta d'alguns
membros em particular.
A Maç.…. só combate a ambição, o fanatis
mo e a superstição; porque são os tres ini
migos implacaveis da ordem, e do genro
humano. He por theoria que os Maç.…. com
— 100 —

batem. A Maç.'., sendo a escola da Philo


sophia, lembra aos homens seus direitos e
seus devêres: dá aos fortes, quando são jus
tos, o appoio de sua opinião; e inspira aos
fracos, quando timidos, a energia d’uma
resistencia legal: conseguintemente a Maç.'.,
por meio de suas lições e de seus exemplos,
sabe conservar e distribuir os direitos civis
e religiosos. Tal he o seu fim; tal he a sua
gloria; e tal he a sua recompensa....
– 104 —

ESTATUTOS GERAES•

1º Constit.". dos Magos (Ant de Christ.)

Art. 1º Não ha mais do que um só Deus


que coordenou dous principios para con
servação e perpetuidade do Universo; a luz
e as trevas, fonte da vida e causa da morte.
Art. 2º Todos os homens sem distincção
são filhos e creaturas de Deus; por conse
quencia todos são Irmãos; deste principio
nasce o amor do proximo, laço de toda a
sociedade civil, e que se explica em mão fa
gendo aos outros o que se não deseja para
si proprio.
Art. 3º Os homens, elevados a condições
e gráos superiores aos outros, nunca devem
considerar-se como sahidos do circulo da
igualdade natural, estabelecida por Deus
ImCSIDO,

Art. 4º O dogma tem tres gráos ou Or


dens: 1º o de Crente: 2º o d’Eleito: 3º C de
Perfeito. Estas ordens são conferidas pelos
Magos superiores e respectivos.
9*
— 102 —
Art. 5º A iniciação aos mysterios será
precedida pela Purificação dos quatro ele
mentos; a admissão só terá lugar depois
que os Magos estiverem seguros da morali
dade do candidato e de seus progressos nas
sciencias.
Art. 6º Os gráos se distinguem entre si
por um sinal, um toque, e uma palavra.
Art. 7º A instrucção dos néophitos per
tence aos Magos das Ord.c. relativas; esta
se exerce sobre a physica, a geometria, e a
astronomia, como sciencias as mais uteis á
humanidade,
Os Magos superiores são encarregados não
só de culto, mas tambem da policia interior
dos Templos e da explicação dos emble
mas, que só devem lembrar a unidade de
Deus, a luz e as trevas, ou os seus efeitos, a
geração, a destruição e a regeneração, de
baixo dos emblemas dos Sol, das Estrel
las, da Lua, e do Fogo (1).
2° Const... antiga (idade Med...)
Art. 1º Não podendo validamente obri
gar-se por cousas que não conhece, ne

(1) A conformidade d’estes dogmas he provada


por S. Augustinho, por Baronio, por Fleury, e por
Reghelini de Schio,
— 103 —

nhum profano sera admittido, sem que an


tes tenha sido prevenido, de que na Ord.".
Maçº. nada ha contrario a Deus, á religião,
ao principe, ao estado, e aos bons costu
mes: a palavra d'honra do introductor lhe
será dada por garante, sem que por isso fi
que responsavel para o futuro.
Art. 2° Se algum, depois d'admittido,
commette faltas graves, que não tenhão
palliativo toleravel, será degradado em L.'.,
despojado das distincções Maç..., e será
ignominiosamente expulso para sempre.
Art. 5º O espirito d'união e boa intelli
gencia devendo sêr constantemente o nos -
so, se fará sentir ao Card... que a discussão
ou disputa sobre politica, a murmuração,
colloquios esquivocos, etc., são prohibidas
em L.'., sob pena de uma muleta.
Art. 4º Sendo todos os homens iguaes por
nascimento, não deverá sofrer-se, em L.'.,
distincção alguma, ou preeminencia que
tenha a menor apparencia de superioridade
odiosa, sob pena de Humiliação.
Art. 5º O nome de I.º., e o idioma habi
tual do paiz, são os unicos recebidos em
L.. Sendo bom o reprimir tudo que se
aproxima do estylo dos profanos, as asser
ções com juramento são banidas d’entre nós.
Art. 6º O juramento do segredo he rigu
— 104 —
roso a tal ponto, que, em caso de perjurio,
o I... não poderá obter graça alguma, nem
confiança. He pela necessidade absolutas do
segredo, que as mulheres são excluidas das
LL.'., e não podem, debaixo de qualquer
pretexto, ser admittidas n’ellas.
Art. 7º A caridade sendo o nosso princi
pal dever, toda a L.'. deverá soccorrer um
I.". em necessidade urgente. Se fôr um I.”.
da L.'., não se deverá esperar que elle péça
esse soccorro: ho preciso preveni-lo. E para
que não faltem os recursos, em taes circuns
tancias, as despezas da L.'. devem ser sem
pre mediocres. -

Art. 8° Se um I. . cahir em desgraça im


prevista, déve-se, sem humilhá-lo, fazer
um esforço extraordinario, sangrar a bolsa
dos particulares, e esgotar os fundos da
L...; porque he melhor reparar a desgraça
por uma vez e de repente, do que ajudá-lo
parcamente, sobre tudo se he um I.". res
peitavel.
Art. 9º A respeito dos II... estrangeiros,
dever-se-ha ser mais circumspecto, todavia
serão soccorridos; mas neste caso, os fun
dos da L.'. não serão desarranjados; os
11. .. mais ricos se cotisarão entre si; e a
L.'. examinará se o I. . supplicante he mu
mido d'um certificado autentico, que teste
– 105 —
munhe de seus bons costumes e de sua mo
ralidade....
Art. 10" Nenhum I... poderá mudar, in
novar, e explicar arbitrariamente as questões
Maç. ..., sob pena de não ser promovido aos
altos Gr..., e de ser expulso, no caso de
pertinacia.
Art. 11° No caso d'um I.". ser expulso,
o Ven.'. da L.'., onde o delicto tiver succe
dido, dará parte a todas as LL... sobre a su
perficie da terra, por uma carta circular e
assignada pelo secretario, com ordem ex
pressa de não receber em seus Myst.". o
profanador, que será designado pelo nome,
sobrenome, e qualidades.
Art. 12° As bebidas espirituosas não ex
cúsão os defeitos d'um I.”. em L.'., nem a
sua indiscrição fóra d’ella; pelo contrario,
ellas aggrávão a falta; por que um Maç.".
deve ser sempre sobrio, e tranquillo. Em
geral, como a expulsão d'um membro he
cousa odiosa, será melhor examinar escru
pulosamente o profano, antes da sua ad
missão.
Art. 15º Cada L.'. deverá receber gratui
tamente, até ao Gr.". de Mest.º., um medico
e um chirurgião, que por isso serão obri
gados a visitar gratuitamente os II.…. doen
tes. Os remedios serão fornecidos pelo cofre
— 106 —

da L.", e pelo soccorro de todos os II.".


Art. 14º Haverá sempre em cada Gr.".,
tres II.…. enfermeiros para assistir de noite
e dia ao I.”. doente; mas elles terão o cui
dado de não se intrometterem com os ne
gocios da familia, nem de lhe darem algum
conselho que possa ser-lhe prejudicial.
Art. 15º So o I.'. doente morre, o Ven. ".
irá ou mandará comprimentar os parentes, e
oferecer-lhes todos os soccorros da L.".
Chegado o funeral os II.”., de luvas bran
cas e de fumo em charpa, accompanharão
o morto; e o orador em L.'. recitará um
discurso em elogio do defunto.
Art. 16° Pelo casamento d'um I..., a L.".
testemunhará seu jubilo por uma deputa
ção á esposa, em lhe oferecendo um par
de luvas e um presente conveniente, etc. (1)
3º Const.". moderna.

Art. 1º A Ordem dos Franc-Maçons tem


por objecto o exercicio da benevolencia, o
estudo da moral universal, das sciencias e
das artes, e a pratica de todas as virtudes.
Art. 2º Ella he composta d'homens livres

(1) L'Étoile Flamboyante par Tschoudy, t. v.


Encyclopédie Maç.… par Ch.", Dupontés, tom.". 1º,
— 107 —
que, submissos ás leis, se reunem em So
ciedade constituida segundo os statutos ge
T3GS.

Art. 5º Ninguem pode vir a ser Maçº. e


gozar dos direitos d’este titulo se não tem:
1º vinteoito annos d'idade, e bons costu
mes; 2° se não tem uma profissão livre e
honrosa; 5° se não está legalmente domici
liado depois d'um anno; 4º se não tem o
gráo d'instrucção necessario para cultivar
sua razão ; 5º se não he admittido segundo
as fórmas determinadas pelos regulamentos
e estatutos geraes.
Art. 4º Os direitos de Maç.…. se perdem:
1º por uma acção indecorosa, provada ci
vil ou Maçonicamente; 2º pelo exeroicio
d'um officio servil, ou notoriamente des
prezivel na ordem social; 5" pela violação
dos juramentos de fidelidade á Ord... Maç.".
ou aos estatutos presentes.
Art. 5º Os Maçons podem seguir, em seus
trabalhos, ritos diferentes; mas o fim he
sempre o mesmo (1).
A divulgação simples que, a exemplo dos
Maç.". respeitiveis, nos permettimos de fa
zer dos Estatutos antigos e modernos, fór

(1) Abeille Maçº", nº 49 (1830).


— 108 —
ma per si só, sem outras exposições, o
elogio o mais eloquente da Maçº.
« Ha poucas Sociedades, diz o barão
» Tschoudy, aonde as maximas parêção
» mais conformes ás virtudes essenciaes,
» que podem ornar a humanidade, e fazer a
} sua felicidade. »

.("
— 109 —

NOT I C I A
SOBRE OS

RITOS MAÇ... MAIS USADOS.


*-*>•99•=

A Franc-Maç.'., sendo uma doutrina uni


versal, deveria existir sempre uniforme, e
sem ritos; mas não tem succedido assim!...
A Maç..., posto que uniforme em seus
principios, dogmas e moral, tem todavia
muitos ritos diferentes. Esta diferença é,
sem duvida, pouco importante; mas ella |
tem podido produzir alguns schismas fu
nestos!! Os ritos mais usados hoje no Globo
são cinco (1).

1º RIT.". SYMB.º.

Este rito he o primitivo na Europa, e


existe em toda a parte do globo, Seus mo

(1)A nomenclatura dos Gr.'., de que se compõe


alguns d'estes Ritos, vai no Vocabulario.
I» 10
— 410 —
destos fundadores julgárão não dever dar
lhe senão tres G.'., nos quaes se acha a tri
plicada força de bem pensar, de bem dizer,
e de bem fazer..... Estes tres G.". servem de
base fundamental a todos os outros Ritos,
salvo a transposição insignificante d'alguma
palavra, ou algumas variantes nas batterias.

2º RIT.". ESCOCEZ...

Este rito foi fundado por um Barão Es


cocez : no principio era composto de sete
G.'., que depois fôrão elevados a vinte e
cinco; mas hoje só tem por cortejo trinta e
tres G.'....
O Rit.". Escocez divide-se em sete classes:
a primeira comprehende os tres primeiros
Gr.". : a segunda desde o 4º até o 8º : a
terceira desde o 9" até o 41": a quarta desde
o 12º até o 14º : a quinta desde o 15º até
o 18º : a sexta desde o 19º até o 27º: e a
septima finalmente compõe-se de o 28º até
o 55° Gr.". Mas entre todos apenas ha sete
Gr."., que se conferem; e dos outros só se
consérvão os nomes.
— 114 —

Recapitulação analytica dos trinta e tres


Gr., do R.". Esc... (1).

O 1º Gr.". é consagrado ao desenvolvi


mento dos principios fundamentaes da
Maç..., e ao ensino de suas leis e usos; en
cerra-se todo nestas tres Pal.". Deus, Bene
ficencia, e Fraternidade. •

O 2° Gr.". é consagrado á direcção da


mocidade á felicidade possivel, por meio
do trabalho, da virtude, e das sciencias que
lhe são recommendadas.
O 5º Gr... é consagrado ao pundonor in
flexivel que não transige com o devêr, e
aos grandes homens, que se sacrificárão
pelo bem e segurança publica.
O 4° Gr... é consagrado á discrição do
sabio, e á vigilancia do bom obreiro.
O 5º Gr.". é consagrado á perfeição do
espirito e do coração, a todas as grandes
verdades, e a todos os conhecimentos uteis
enumerados sobre a pedra cubica,
O 6° Gr.…. é ao mesmo tempo consagrado
á necessidade de aprender, que produzio

(1) Abeille Mac,…, nº 67 (20 de Sept ", 1830),


- 142 -
descobertas preciosas, e aos perigos d'uma
vā curiosidade.
O Tº Gr. -. consagrado á equidade severa
com que devemos julgar nossas acções.
0 8º Gr... é consagrado ao espirito de or
dem, e de analyse.
0 9º Gr. -. é consagrado ao zelo virtuoso
ao talento esclarecido, que, par bons exem
plos e generosos esforços, vingão a verdade
e a virtude contre o erro e o vicio.
0 10º Gr. -. é consagrado á extincção de
todas as paixões, e de todas as inclinações
culpaveis.
0 11º Gr.…. é consagrado á regeneração
dos costumes, das sciencias e das artes.
0 12º Gr. -. é consagrado á curagem per
severante.

O 13º Gr. -. é consagrado á memoria dos


primeiros instituidores da Or..., os Magos,
os pontifices de Misraim e de Jerusalem.
O 44º Gr... é especialmente consagrado
ao Gr...". Arch.*. do Un. *. debaixo do sym
bolo sagrado Delta.
0 45º Gr... é consagrado aos heróes li
bertadores da sua patria.
0 16º Gr. -. é consagrado ao jubilo de seu
triumpho.
0 17º Gr... é consagrado ao desenvolvi
mento das avantagens de Maç.".
— 413 —
O 18° Gr... é consagrado ao triumpho da
luz sobre as trevas, isto é, ao culto evange
lico.
O 19º Gr... é consagrado ao pontificado
da religião universal, e regenerada.
O 20° Gr... é consagrado aos deveres dos
Chefes das LL.'. Maç.".
O 21º Gr... é consagrado aos perigos da
ambição, e ao arrependimento sincero.
O 22º Gr... é consagrado á gloria da an
tiga Cavalleria, propagadora dos sentimentos
nobres e generosos; e ao sacrificio pela Ord.".
O 25" Gr.". é consagrado á activa vigi
lancia dos conservadores da Ord.".

O 24° Gr... é consagrado á conservação


das doutrinas Maç.".
O 25º Gr... é consagrado á emulação,
que produzio planos uteis.
O 26º Gr.". é consagrado á estima e à
recompensa devidas ao genio.
O 27° Gr... é consagrado á superioridade
e á independencia que dão os talentos e a
virtude.
O 28 Gr... é consagrado á verdade nua
sobre tudo que interesssa a felicidade dos
homens.
O 29° Gr... é consagrado á antiga Maç.….
da Escocia.
10*
— 114 —
O 50° Gr.". é consagrado ao fim mesmo
da Maç. .. em todos os seus gráos.
O 51 Gr... é consagrado á alta justiça de
Ord.".
O 52° Gr.". é consagrado ao commando
militar da Ord.".
O 55° Gr... é consagrado á administração
suprema do Rito Escocez (1).

3. RITO MODERNO OU FRANCEZ.

Alguns membros do Gr.". Oriº. de França»


fatigados pelas rixas que produzirão os al
tos Gr.'. de Escocismo, organizárão o Rito
Moderno francez. Este compõe-se de sete
Gr., em duas Series. A primeira, designada
pelo titulo de Maç.". Symb.". ou azul, com
prehende os tres primeiros Gr...: a segunda
chamada Maç.…. dos altos Gr..., ou Maç.….

(1) O sentido dado a cada um d’estes Gr.". re


sulta naturalmente do ceremonial e dos symbolos
designados nos cadernos da Instrucção; mas he for
çoso convir que entre todos elles não ha senão os
primeiros tres que são rasoaveis, tudo o mais he
superfluo.
— 115 —

vermelha, encerra quatro Ordens ou Gr.".


Mysticos (1).

Analyse dos sete Gr... do Rit.". Mod.".

Os tres primeiros Gr... do Rit.". Moderno


podem comprehender a mesma moral, e a
mesma doutrina, que os tres primeiros
Gr.", do Rit.". Escocez.
O 4° Gr... do Rit.". Moderno corresponde
ao 9º do Rit.". Escocez.
O 5° Gr... do Rit.". Moderno corresponde
ao 14° do Rit.". Escocez :
O 6° G.'. do Rit.". moderno Corresponde
ao 15º do Rit.". Escocez:
E finalmente o 7° Gr.". do Rito Moderno
ou Francez tem a mesma doutrina, e a
mesma moral, que o 18º do Rit.". Escocez.

(1) Como este Rito he hoje o mais usado em Por


tugal e no Brasil, nós reservamos a sua exposição
para o tomo 2° e 3º.
— 116 —

Aº RIT... DE MISRAIM, OU EGYPCIO.

Este Rit.". compõe-se da noventa Gr.".»


dividios em quatro series : 4" Serie Symbo
lica, que comprehende trinta e tres Gr. ".,
em seis classes : Serie Philosophica, que
abrange trinta e tres Gr.". em quatro clas
ses: 5" Serie Mystica; tem onze Gr.". em
quatro classes: 4° finalmente é a Serie Ca
balistica, e comprehende doze Gr.". em tres
classes.
Parece que os fundadores d’este Rit.".,
em multiplicando assim os Gr. "., quizé
ão reunir nas primeiras duas Series os
conhecimentos Maç.'. de todos os outros
Rit. --, e deixar nas duas ultimas a chave
dos Myst.". Eypcios, e a explicação dos em
blemas Maç.".
Entretanto, tres negociantes do mesmo
nome, Bédarrides, de quem as operações
commerciaes não fôrão mais feliz do que as
suas especulações Maç.'., parece terem sido
os que indroduzirão em França o Rit.".
Misraim. Tambem s'affirma que a Potencia
suprema d’este Rit.". viéra do Or.'. de Na
poles para Pariz em 1814.
Mas he certo que em 1816 os Iniciados
— 117 —
de Misraim fundárão em Pariz uma L.".
mãi (l'Arc-en-ciel); e que em 1827 o Gr.".
Or... de França declarou que o Rit... Egypcio
náo era reconhecido nem tolerado : com tudo
sabe-se que depois de 1850 algumas LL.'.
do Rit...". Misraim teem continuado seus
trabalhos: a Inglaterra nunca quiz acceita
lo; e nós esperamos que, a seu exemplo,
Portugal e o Brasil recusarão sempre tama
nha praga,
5º Rit... d'Adopção. —- É debaixo d'este
nome, que as LL.'. das Damas são designa
das. As Damas tambem formárão sociedades,
á maneira das LL.'. Maç.". E qual he a
virtude que lhe se deve ser estranha? Na
Maç. ..., trata-se dos actos de Beneficencia; e
seu coração sensivel, não podendo resistir
por mais tempo á tão doce inclinação, quiz
tambem cultivar os Myst. Affirma-se que
o marquez de Saisseval, adjudado por alguns
II... igualmente illustres, fôra o verdadeiro
fundador do Rit.", d'Adopção em Pariz.
Seja como for, o Rito das Damas será
extensamente apresentendo no tomo IV
d’este Obra.
Ha muitos outros Ritos, que julgamos
não dever analysar, para não engrossar o
volume sem utilidade : sómente diremos
que o Rito Escocez tem sido refomardo n
— 118 —

Allemanha, e reduzido a um mais pequeno


numero de Gr.". O Cav.'. de Saint-Martin
fez dez Gr.", dos trinta e tres dos Rit.".
Escocez; e dividio-o em duas series, de
baixo do nome de primairo, e segundo
Templo,
Tão pouco não fallaremos d'outras Ord.".
Maç. . , taes como : a dos Martinistas; dos
Cabalistas; dos Somnambulistas; dos Iniciados
de Cagliostro; dos Jesuitas; dos Cav... do
S. Sepulcro; dos Cav.". de Christo; dos
Illuminados d'Allemanha; dos Carbonaros
da Italia, etc.; porque algumas ja não exis
tem, e as outras estão fóra do systema ge
ral da Franc-Maç.…. e só são conhecidas em
alguns lugares.
– 119 —

A NA LOGIA

MYST.". ANTIGOS COM os MODERNOS.

Do que temos dito até a qui se colhe que


o dogma da Franc-Maç.". se deriva evidente
mente do dogma dos antigos Magos, dos
Egypcios, dos Judeos, e dos Christãos.
Lenoir estabeleceo e demonstrou que as
Iniciações Maç. .. érão identicas ás do
Egypto, e que tinhão por fim os conheci
mentos originaes do mundo, a introducção,
do bem e do mal physico, o systema astro
nomico, e as instituições d’uma são moral.
Noel offereceo ao Gr.". Or.". de França
um manustrito em que se mostra a relação
que existe entre a theologia e a Maç.".
Robelot fez ver que os Myst.". Maç.…. sahi
rão do Oriente, e do codigo de Zoroastre.
Delaunay prouvou que os Myst.". Maç.".
érão originaes do Egypto, e que fôrão tra
zidos para a Europa pelos Judeos.
Tschudy, a quem o Gr.". Or... de França
— 120 —

deve uma parte de suas reformas, sustenta


que o dogma Maç. .. tira a sua origem dos
Padies do Egypto, e que fôra introduzido na
Europa pelas Cruzadas.
Os Cavalleiros das Cruzadas trouxérão
comsigo o Christianismo, despido do mate
rialismo e da idolatria, e plantárão a arvore
evangelica, que os Maç.…. cuidadosamente
cultivão, a fim de que a superstição não
possa contaminá-la.
Se a opinião de tanto sabios, se a explica
ção dos emblemas do Egypto, do templo de
Salomão, e dos Myst.". do christianismo,
não estão assás demonstrados, nós vamos
apresentar em summa todas as provas de
que os Myst.". Maç.…. são o resultado do
culto e da moral das regiliões antigas as
mais celebres.
1° Iniciação. A doutrina da Iniciação dos
Magos consistia nas sciencias, e moral;
assim como a dos Myst... de Isis tinha por
base o systema das leis physicas da natu
reza. As experiencias para a admissão a seus
Myst.". érão feitas pelos quatro elementos;
estas ainda hoje se consérvão entre os Maçº.
Na Iniciação egypcia érão precisas certas
condições, Pythagoras mesmo soffreu a cir
cumcisão, ceremonia então usada entre os
Judeos e até mesmo entre os Ecclesiasticos.
— 121 —

Hoje em alguns Ritos Maç.". esta expe


riencia he substituida por uma sangria ou
um sello quente, que se finge applicar ao
neophito.
Entre os Egypcios, Judeos, e Christãos,
os Iniciados obrigávão-se a guardar segredo
sobre os seus Myst.". Hoje entre os Maç.".
exige-se do neophito, a promessa, sob pa
lavra de honra, de não revelar os segredos
da Iniciação.
Tanto nos Myst. ". antigos como nos mo
dernos se acha sempre figurado um roman
ce, cujo heróe he a luz; e suas sentenças
fazem allusão ao systema da geração, da
destruição e da regeneração dos entes.
As Ordens da Cavalleria seguirão na Eu
ropa o formulario das Iniciações Christãas,
que se áchão ainda hoje em muitos Rit.".
Maç.".
Pelo que respeita á Maç.…. de Adopção,
he constante que ella foi tambem praticada
no Egypto, na Grecia, e na Judêa.
2º Allegorias. As allegorias dos heróes da
antiguidade, como de Baccho, d'Hercu
les, etc., representárão sempre o Sol; mas
ellas fórão confundidas pelos povos da an
tiguidade até a decadencia do imperio ro
II1311O.

A allegoria do Gr.". Arch.'. do Un.'., co


Ie MA
– 122 —

mo a do bom e máo principio, passou dos


Indios aos Mithriacos, e destes aos Judeos
Christãos, que a transmittirão aos Cav. --
das Cruzadas e é d’estes ultimos que os Maçº.
a recebêrão.
A allegoria do Sol personalisado era a
mais usada nos Myst.". entre as Romanos,
Gregos, Phenicios, Egypcios, Indios, Ju
deos e Christãos. A morte d'Adonis era
chorada pelas sacerdotizas, assim como os
Christãos chorárão a morte do deus Luz: os
Maç. -- chórão tambem a morte d'Hiram,
que tem uma analogia manifesta com todos
os heróes da antiguidade. « Os Christãos
» (diz Reghelini de Schio) adaptárão esta
º allegoria a Jezus, como os Maç.…. a adap
» tárão a Hiram. Huma parte destes mes
» mos emblemas serve ainda hoje entre os
» Maç.…. para explicar os dogmas antigos
» dos Magos e dos Cophtas. »
A allegoria da pedra bruta existio em
quasi todos os Myst.". antigos, assim como
existe ainda hoje na Maç. "..
» Muitos povos diz R. de Schio) venerá
» rão as pedras, taes como os Egypcios, os
» Judeos, os Christãos, os Musulmanos, os
» Asiaticos, os Africanos, etc., etc. d'onde
» se tira que esta allegoria se refere ás ver
» dades egypcias, seguidas pelos Maç.'.,
— 123 —

» ácerca da geração, destruição, e regene


» ração. »
5º Decorações. Em todas as celebrações dos
Myst... antigos os Iniciados tínhão certas in
signias, que se referião todas aos signos do
Zodiaco, ás quatro estações e ás virtudes
moraes. A imitação destas decorações ainda
existem hoje na Maçº. No Egypto o Hieropha
te trazia no peito uma lamina com as pala
vras Verdade, Prudencia, e Sabedoria. Os Ju
deos, os Christãos, e ultimamente os Maçº.,
adoptárão tambem o mesmo costume; em
uma palavra, os Maç.…. teem de commum
com os antigos padres e patriarchas o uso
das tunicas, das estolas, das mitras, dos
candelabros triangulares, etc., etc. O hahito
que o papa Honorio II deo aos Cav... das
Cruzadas, ornado d’uma cruz vermelha, he
- ainda hoje o mesmo que decora os Templa
rios e os Rosa-Cruz de todos os Ritos e dou
trinas.
4º Emblemas. « Os emblemas egypcios,
» que passárão aos Judeos, fôrão (diz R. de
» Schio) adoptados tambem pelos primeiros
» christãos, e d’estes passárãos aos Caval
º leiros e aos Maç.…. para lhes lembrar que
» a religião he fundada na astronomia, e
» que este segredo he conhecido sómente
º por alguns Iniciados estudiosos, º
— 424 —
Além de muitos outros emblemas oon
servados na Maç.…., áchão-se as duas colum
mas, emblema do fogo e do vento, as quaes
tinhão servido ás religiões antigas, e ante
riores ás de Moyses et de Salomão. S. Paulo
chamava Jacques, Cephas e João as tres co
lumnas da nova igreja: conseguintemente
este emblema era tambem proprio dos pri
meiros Christãos. A estrella rutilante, que
guiou os Magos na busca do verbo e da ver
dade, serve tambem d’emblema em muitos
gráos dos diversos Ritos Maç.".
O cordeiro, a lyra, a serpente, a cruz, a
rosa, o pelicano e a aguia, emblemas que
represêntão o sol, a harmonia, os combates,
a immortalidade, o segredo, a caridade e a
sabedoria, érão usados entre os primeiros
christãos, e passando aos Maç. .. servem pa
ra explicar as doutrinas as mais uteis.
O triple triangulo dos Maç.…. he um em
blema que, segundo R. de Schio, contém
tres unidades iguaes, symbolo da trindade
philosophica, a geração, destruição e rege
neração. A regua, a esquadria, e o poço
mystico, usado ainda hoje em alguns Ri
tos Maç,"., érão emblemas egypcios que pas
sárão dos Judeos aos christãos e d’estes aos
Maçons.
Se os Maç.…. consérvão ainda hoje o aven
— 125 —

tal, he porque os Iniciados do Egypto, da


Judêa, e até mesmo o Christo, usárão do
mesmo emblema da igualdade. A serpente
servio tambem d'emblema em muitas reli
giões antigas, para designar o Sol. O ramo
mystico da acacia, que serve á manifesta
ção de Hiram, era um emblema commum
aos Romanos, aos Egypcios, aos Phenicios,
aos Druidas, e aos Christãos.
5° Sinaes. Os Egypcios, os Christãos, os
Judeos, os Gnosticos, e os discipulos de
Pythagoras, tivérão palavras e signaes, as
sim como teem hoje os Maç. ..., para se re
conhecerem. « Christo (diz R. de Schio) fez
» se reconhecer por sinaes a dous de seus
» discipulos. »
6º Doctrina. Já dissemos que a doutrina
das diferentes seitas antigas era relativa
aos elementos, e ao culto do Sol; os Ophytas,
os Essénios, os Cabalistas e os Gnosticos
honrávão o Sol, como a mais bella imagem
do creador, o que se acha ainda hoje na
Maç.". « Estas doutrinas, conservadas na
» Asia, fôrão trazidas (diz R. de Schio) para
» a Europa pelos Cav.". das Cruzadas, e
» adoptadas pelas differentes sociedades se
º cretas. Note-se que a doutrina dos ele
» mentos se acha tambem na Biblia. Pelo
» que respeita a Mithras, os Persas pensá
11°
— 126 —

», vão que ele tinha morrido para salvar


* os homens: o mesmo julgávão os Egyp
» cios a respeito do seu Osiris, os Gregos a
» respeito de Prometheo, os Romanos a res
» peito dos filhos de Jupiter, os Phenicios a
º respeito d'Adonis, os Indios a respeito de
» Chrishna, e os Judeos Christãos a respeito
» de Christo. Muitos Ritos Maç.…. consérvão
» ainda esta mesma doutrina. »
Os Egypcios ensinávão que a destruição
succedia á geração, e que a regeneração
restabelecia debaixo d'outras formas tudo
aquillo que se destruia. Esta doutrina, con
tinua o mesmo autor, foi adoptada por
muitas Ord.". Maç.…. e particularmente pelos
Rosa - Cruz. As doutrinas scientificas dos
Gnosticos, as moraes dos Essenios, as na
turaes d'Haken, e as verdadeiras dos Car
pocracios, que ensinão que a Verdade deve
ter-se secreta entre os bons, são as que
ainda hoje se consérvão em diversos Ritos
Maç.…. Mas é só pela meditação dos emble
mas visiveis, que órnão os templos Maç.".,
taes como o sol, a lua, os astros, os instru
mentos, etc., que se pode vir a ter um ca
bal conhecimento de sua doutrina e do seu
autOr.
7º Historia. A historia dos Hebreos nos
ensina que os doze Patriarchas vivérão des
– 127 –

prezados no Egypto, ao mesmo passo que


Joseph ali era respeitado; este respeito nos
faz crer, diz R. de Schio, que Joseph era
iniciado nos Myst.'. de Heliopolis; e he
provavel que não o sendo ele não poderia
obter em casamento a filha do Hierophante
Egypcio. Moysés teve tambem a felicidade
de ser iniciado, e R. de Schio affirma ter sido
elle quem fez passar para a Judêa os dog
mas e os emblemas do Egypto.
O Antigo Testamento, reformado por Es
dras, foi o Codigo das leis religiosas e civis
dos Judeos: assim como o Novo Testamento,
redigido pelo concilio de Nicêa, se tornou
tambem o codigo religioso dos Christãos.
« Os Maç. . (continua o mesmo autor) para
º viverem em paz com as diversas seitas
» religiosas extrahirão de ambos os Codigos
º tudo aquilo que se achava em relação com
» a civilisação da sua epoca, dando todavia
» uma certa preferencia á nova lei, que
» estabelece a igualdade de direito no sa
» cerdocio. »
A religião christãa na Europa, até ao se
culo dezaseis, esteve em contradição con—
tinua comsigo mesmo : a sua anarchia
trouxe todas as guerras religiosas, e com
ellas o abuso do poder dos padres. Pelo
contrario nos povos da Asia e do Egypto,
— 128 —

aonde os padres christãos estavão sujeitos


a governos de diferentes religiões, o chris
tianismo, tolerado mas sem influencia, sou
be conservar-se, e transmittir-se do Oriente
ao Occidente por meio das Crusadas.
Pelos tempos do feudalismo em França
houve tão grande confusão no culto, e tão
grande perversidade nos costumes do cléro,
que o christianismo oriental, e os principios
Gnosticos fizérão progressos espantosos. Foi
então que os Cavaleiros formárão e estabe
lecêrão na Europa diversas ordens e socie
dades secretas, cujas formalidades imitávão
as Iniciações de Thebas, d'Eleusis, e do
Christianismo. É destas ultimas sociedades
que a Maç.…. se deriva.
Conseguintemente, a Maç. .. apresen
tando hoje tantos pontos de contacto com os
antigos Myst.º., se pode, com razão, afir
mar terem sido uns e outros a mesma So
ciedade.
– 129 –

CONCLUSÃO GERAL,
OU

Influencia que a Iniciação tem exercido sobre


a civilisação dos povos.

Em quanto o Maç. .. vulgar, satisfeito com


uma apparencia mystica, se contenta de
saber pronunciar algumas palavras, de que
ignora o verdadeiro sentido, o Maç.…. philo
sopho se lança aos seculos passados, e lá vê
as causas primeiras e os fins reaes da In
stituição Maç. ... Fracos restos da antiga
Africa, onde em outros tempos a Virtude
desenrolava a sua bandeira triumfante, são
os que se offecerem em L. ". ao Maç.…. in
struido... Pára, imprudente, lhe diz o Phe
nix, contempla de longe estas ruinas res
peitaveis, mas não toques esses marmores que
brados.... As columnas que vês, estão hoje
privadas dos ornamentos, que outr’ora érão
admirados; e as suas doces inscripções, que
fizérão a felicidade do mundo primitivo, tem
sido disfiguradas pela fria mão do tempo, e
pelo ferro da barbaria !! Medita; mas não
toques.
Mas seja qual for a opinião que se queira
adoptar ácerca dos primeiros Sabios da An
– 130 —

tiguidade, he indubitavel que os primeiros


conhecimentos scientificos estivérão encer
rados nos Templos dos Myst.'. do Oriente.
Ora se a Civilisação primitiva consistio
na instrução mais ou menos completa de
alguns individuos que, reunidos, sentirão a
necessidade d’estabelecer regras para conter
a força brutal dos primeiros homens, ga
rantir a liberdade individual, propagar a
instrucção com discernimento, recompensar
a virtude e punir o vicio, forçoso he convir
que a Iniciaçã5 primitiva foi a causa me
diata e immediata da Civilisação de todo os
povos.
É certo que a incommensuravel questão
de que vamos tratar, estaria muito acima
de nossas forças, se fosse preciso exporto
dos os commentos relativos ás artes, ás leis
e ás religiões de todos os povos do Oriente;
mas a natureza desse escrito nos violenta a
resumi-la em generalidades, que só podem
oferecer uma exposição summaria ácerca
dos povos, que gozárão dos Myst.". Ma5.….;
e comoa Persia, a India e o Egypto servirão
de berço á Iniciação, será tambem de lá
que nós partiremos.
Alguns homens instruidos, Persas, Chal
deos, Hebreos e Sidonios, formárão em tem
pos remotos uma associação sabia, que teve
– 131 —

o nome de Magos. Estes creárão a navega


ção, a astronomia, o culto do fogo, e as pri
meiras leis sociaes: de modo que os Magos
são os que devem ser considerados como os
primeiros fundadores da Civilisação: esta
origem, posto que incerta ainda, nos parece
a mais provavel, posto que outros preten
dão encontrá-la nos Brachmanes da India,
cuja seiencia parece só ter consistido em
uma theogonia conjectural, impropria para
o desenvolvimento da Civilisação. Alguns
escritores attribuem aos Indios muitas des
cobertas astronomicas; mas devião lembrar
se que todas ellas fôrão posteriores ás dos
Magos, primeiros homens do Oriente, que
tivérão conhecimentos positivos. E se é ver
dade, como diz Vassal, que os Magos forão
encarregados da instrucção dos Grandes que
occupávão os empregos importantes do Es
tado, não se poderá negar a influencia que
a sua Iniciação devia ter produzido sobre a
Civilisação primitiva dos povos da Asia
oriental, que devião ser mais bem gover
nados, do que os povos da India, que tivé
rão por chefes os Padres que, não obstante
serem Iniciados, érão com tudo homens ex
clusivos é absolutos.
O Egypto foi tambem uma das regiões,
que possuio primeiro as artes da lavoura,
— 132 —

da architectura, da navegação e da astro


nomia; os monumentos colossaes do Egypto,
e as observações que Calhistene enviou a
Aristoteles são provas de subejo. Foi nos
Myst... Egypcios que os reis aprendião os
conhecimentos necessarios para reger os
povos.
Menés, appellidado o Trimegisto (por ser
ao mesmo tempo, philosopho, padre e le
gislador) fez leis, com que os Egypcios se
governárão: e para que as luzes fossem pro
porcionadas elle empregou todos os meios
para espalhar a instrucção. Os Scythas, os
Chinas, os Babylonios e os Assyrios fôrão
tambem regidos por leis que sahirão dos
Myst.'. de Isis. O primeiro Zoroastre intro
duzio a mesma legislação entre as Bactria
nos. D'onde se tira que estes diversos povos
gozárão da civilisação, cuja fonte érão a Ini
ciação e os Myst.“.: é verdade que se com
pararmos a sua philosophia (que era toda
misturada de theogonia) com a sua indus
tria, artes e sciencias, poder-se-ha crer que
a sua civilisação estava pouco avançada;
mas se reflectirmos que nos Myst.". de Isis
a philosophia era o ultimo Gr..., que mui
poucos Iniciados o recebião, e que este lhes
conferia o direito do ensino publico, nin
guem duvidará de que a Civilisação deveria
— 133 —
fazer progressos, lentos he verdade, mas so
lidos e regulares: e a maior prova he que
depois de Menés as descobertas se succe
dêrão (1).
Mas quando e como passárão os Myst.". da
Asia e do Egypto para a Grecia e para a Eu
ropa? Os Myst... passárão: 1º pela commu
nicação habitual dos Gregos com os successo
res dos Magos, que depois da morte Smerdis
se tinhão espalhado na Asia : 2º pela deca
dencia do Egypto, depois da conquista dos
Romanos, a qual chamou a Roma alguns
Padres de gráos inferiores, que degenerados
traficárão ali a pratica secreta dos Templos;
mas foi principalmente nos principios do
Christianismo, que os restos da sciencia se
creta se concentrárão, parte nas escolas dos
philosophos Theurgistas, e parte nas da
mais baixa classe dos Padres do Egypto.
« Ora pode-se, sem inverosimilhança (diz
• Salverte), assignar por successores aos pri
» meiros as sociedades secretas da Europa;
» e aos segundos os feiticeiros modernos ou
» Thaumaturgos. »

(1) Os Chinas estabelêcerão pontes: cunhárão


moeda: inventárão a bussola : e fundarão hospi
taes, escolas e academias. A rainha Nictoris fez
elevar a 1º pyramide. Fez-se um canal para receber
as agoas do Nilo; e principiou-se o labyrintho, que
foi obra de doze reis do Egypto, etc., etc.
Iº 42
— 134 —
Os Myst... dos Cabires da ilha de Samo
thracia, não sendo senão uma translação
dos do Egypto, deverião tambem exercer
uma grande influencia sobre a civilisação
da Gracia : a strategia, e o amor absoluto
dos Iniciados de Samothracia para com a
causa da patria attéstão o gráo da sua civi
lisação.
Os Myst... d'Eleusis, consagrados primei
ramente ao culto de Céres, longe d'exerce
rem alguma influencia sobre a civilisação
creárão o fanatismo, e a superstição que en
riqueceu os Padres; mas, meio seculo de
pois de sua instituição, Orpheo os reorgani
sou, e a sua influencia não só se mostrou em
todas as classes da sociedade, mas preparou
a brilhante epoca da Grecia, que foi o proto
typo da civilisação a mais perfeita.
Os Romanos, diz Vassal, devêrão á Ini
ciação dos Myst... a maior parte de sua ci
vilisação: elles fôrão um povo livre, porque
érão um povo de Iniciados; e no tempo de
sua escravidão não se indemnisárão da perda
de sua liberdade, senão no seio dos Myst.".
A Grecia, que possuio mais Myst.". do
que outra qualquer região, não desdenhou
de n’elles fazer entra tambem as mulheres.
Sacerdotizas fôrão aggregadas aos Templos
de Diana d’Ephéso, e de Céres Eleusina ; e
— 135 —
suas Iniciadas forão inspiradas de tanto pa
triotismo, que, para sustentar a indepen
dencia da Grecia, não só sacrificárão seus
bens e seus enfeites; mas inspirárão a seus
maridos tanto amor pela gloria, que todos se
tornárão heróes famosos. Os Myst.'. da Boa
Deosa em Roma, aonde só entrávão as mu
lheres, tambem produzirão resultados se
melhantes.
Mas se os Myst.". Gregos e os Myst.". Ro
manos influírão tão podorosamente na civi
lisação respectiva dos dous povos, he por
que (conclue Vassal) os seus Myst... fôrão
estabelecidos com as vistas da utilidade ge
ral, em que o amor da patria era uma das
principaes bases.
Entre os Gallos, muito antes dos Gregos e
dos Romanos, os Druidas fôrão os unicos
que gozárão das vantagens da Iniciação. A'
imitação dos Brachmanes da India, os Drui
das não instruirão senão os homens que se
destimávão ao Sacerdocio.
O estabelecimento dos Druidas na Gallia
deve ter sido o resultado dos missionarios,
que os Sacerdotes da antiguidade mandávão
pelas diversas partes do mundo, para sub
metter o Universo ao seu egoismo insaciavel.
Os Druidas, pelo que respeita ás sciencias,
parecem ter sido os primeiros philosophos
— 136 —

do Occidente, assim como os Magos fôrão


os primeiros philosophos do Oriente; mas
elevados no egoismo sacerdotal, a sua dou
trina ficou sepultada nos seus bosques sa
grados, e o Occidente, privado de instrucção
não teve aquellas vantagens que só a Ini
ciação poderia offerecer a povos ainda bar
baros.
Os Myst.". Essénios, posto que exclusiva -
mente religiosos e moraes, exercêrão com
tudo uma poderosa influencia na Civilisação
dos Israelitas; porque, além de estabelece
rem a philantropia que tende a reunir, e
amar todos os homens, os Iniciodos Essénios
estabelecêrão a tolerencia, virtude essential
mento necessaria a um povo egoista e exclu
sivo. A suave legislação de Salomão foi
aprendida nos Myst.'. de Orpheo; e a civili
sação das tribus d'Israel não foi senão um
efeito immediato da Iniciação.
Os Myst... do Christianismo primitivo
érão destinados a exercer uma grande in
fluencia na Civilisação do globo : quando
porém Constantino illustrou estes Myst.º.,
ja a doutrina primativa de Christo estava
alterada pelo Sacerdocio, que a tinha divi
dido em publica e secreta. Foi pela Iniciação
Secreta que o Sacerdocio apropriou para si
só a doutrina admiravel de Christo, a qual,
— 137 —

segundo Vassal, encerrava o republicanismo


puro e virginal, pois que a igualdade C à

liberdade érão as suas verdadeiras bases.


Por esta transformação dos Myst... do
Christianismo o despotismo Sacerdotal cor
roborou a ignorancia e a superstição: estes
dous monstros alimentárão as guerras reli
giosas, que levárão ao supplicio milhares de
victimas innocentes: e graças ao Sacerdocio,
a civilisação recuou em vez d'avançar.
O Catholicismo, diz Vassal, não se con—
tentou com o invadir a Grecia, e a soberba
Roma que tinha sido a senhora do mundo
enteiro, mas tambem perseguio e Iniciação
que, longe de esmorecer, redobrou de cora
gem na adversidade, e foi refugiar-se na
Scandinavia. Desde então a influencia e os
progressos da Iniciação fôrão tão grandes
entre as tribus errantes do Norte (cuja lei
tinha sido até então a força brutal) que as
guerras intestinas diminuirão, e os povos
inimigos viérão submeter-se ás leis da Ini
ciação, cujos orgãos érão os Padres da Deosa
Herta.

Tendo levado as suas conquistas mais


longe do que os Romanos levárão o seu im
perio, o Christianismo, de seis seculos de
existencia, parecia nada ter a receas, a não
serem as dissensões frequentes entre os seus
12"
— 138 —

aproprios adeptos: quando, Mahomet, es


tranho nas sciencias occultas da Iniciação,
appareceu no mundo, e teve o animo de
fundar o Islamismo, et de fazer crêr uma
revelação sua: a civilisação da Persia, da
Syria e do Egypto foi destruida pelo fana
tismo dos seus conquistadores, e um golpe
fatal cahio sobre os Magos, então quasi os
unicos depositarios da Iniciação primitiva.
No seculo oitavo surgio a util instituição
da Cavalleria, a qual, em soccorrendo os
opprimidos, pertendeo enfrear o despotismo
da horrorosa feudalidade. Ora não se pode
duvidar, diz Vassal, de que esta instituição
deixasse de ser a obra de qualquer Inicia
do; porque as suas recepções érão uma imi
tação das Iniciações militares dos Myst.".
de Samothracia; e posto serem secretas e
mysteriosas, com tudo ellas fizérão appare
cer no Occidente os primeiros germes da ci
vilisação.
No seculo onze quando os Musulmanos
erão já um pouco civilisados, as relações
dos Europeos com os Arabes e com os Mou
ros, tornárão-se mais faceis e frequentes; e
as sciencias, ainda que infectas de super
stições magicas, começárão a ser ensinadas
nas escolas de Toledo, de Sevilha, e de Sa
lamanca: « mas fôrão as Sociedades occultas
— 139 —
» da Europa (diz Salverte) que tomárão a
» parte mais essencial n’estas communica
» cões; e he pelos Iniciados, de que ellas se
» compúnhão, que nós tivémos o conheci
» mento das descobertas physicas e chymi
» cas dos Arabes. »
No começo do seculo doze Huguo de Pa
ganis, em reunindo as vantagens da pri
meira Cavalleria , instituio a Ord. .. do
Templarios ás Crusadas produzio homens
profondamente instruidos, que juntárão ao
saber uma independencia a mais esclarecida.
« Da Syria, da Arabia, da Persia, e do Egyp
» to os Templarios trouxérão para a Eu
» ropa (diz Reghelini de Schio) o espirito
» do tolerancia religiosa, com as sensatas
» doutrinas da lei natural, que he esta mo
» ral sublime o simples, que a Divindade
» inspirou no coracão de todos os homens.»
A Ord.'. dos templarios propagou-se quasi
por todo o globo; e a sua doutrina prepa
rou a civilisação dos Europeos, que então
não tardaria a mostrar-se, se o poder sa
cerdotal de Roma não a tivesse forçado a
cobrir a Iniciação com o manto da religião
dominante.
Foi no seculo dezoito que alguns Inglezes
distinctos plantárão Iniciação reformada na
França, aonde o gosto das lettras tinha ja
— 140 —
supplantado uma parte da influencia sacer
dotal.
Quantos litteratos (exclama Vassal), quan
tos sabios, e quantas familias illustres cor
rêrão então para se submeterem ao estan
darte da Iniciação! Nobres, Sabios, Sacer
dotes e proprietarios, arranjados debaixo
do nivel Maç. ..., concorrêrão todos junta
mente para expulsar da França o fanatismo
e a superstição.... O Marte dos tempos mo
dernos, Napoleão, depois de ter consultado
as pyramides do Egypto, deo novo esplen
dor á oriflama da Iniciação: mas o despo
tismo, invejoso da prosperidade humana, e
receando o gosto da liberdade, que a Inicia
ção inspirava aos diversos povos, formou a
liga geral, e suas phalanges lançárão por
terra o grande homem; mas a civilisação
marchou.
Finalmente a Maç. ..., cujo centro era ha
muitos annos a Inglaterra, depois de ter
triumfado dos terrores frivolos de Elizabeth
e do Parlamento, e de ter obtido a protec
ção d'Eduardo III e de Henrique VI, pro
pagou as artes e as sciencias debaixo d'uma
forma symbolica, e a Europa recebeu o vi
goroso impulso do seculo dezaseis: é da
Companhia dos R.'.-Cruz que sahirão todos
os primeiros livros de chymica: é da Reu
— 141 — •

nião dos Masons-House que dimanou a So


ciedade real de Londres: é finalmente da
Maç.". Ingleza que sahirão os modelos de
todos os estabelecimentos de beneficencia e
de utilidade publica.
Com efeito, foi na Inglaterra, e no prin
cipio do seculo dezoito, que a Maç. . rece
beu a ultima reforma; e de là a Maç.…. es
tendeu o seu dominio pelas cinco partes do
mundo.
Desde 1705 até 1830 o ramo da Acacia e
o Pelicano fôrão introduzidos em setenta e
nove Estados do globo; e se é licito ajuizar
do futuro pelo passado, os Iniciados não
devem desesperar; porque cedo o tarde a
Acacia juncará a terra, e tomando a força
do cavalho, os seus ramos poderão dar um
asilo seguro aos povos opprimidos.
Tal é em summa a historia da Maç.….: tal
é em summa a influencia que elle teve na
civilisação dos diferentes povos.
Mas não se diga que a Maç. -- tem termi
mado a sua carreira, só porque certos po
vos gózão de mais ou menos instrucção, e
de mais ou menos liberdade, ganhada á
força de sangue!
Não imitemos a antiga Grecia, nem a or
gulhosa Roma, que embaladas na liberdade
e fartas d’ella, deixárão perder a Iniciação,
— 142 —
e tomárão em troco ferros vergonhosos, que
ainda dúrão! O jesuitismo no seculo deza
seis, e a Santa-Alliança no seculo dezano—
ve, arvorárão o estandarte da rebellião para
fazer retrogradar os povos; é preciso não nos
escondermos para os fazer avançar.
Soccorrer os miseraveis: recompensar a
virtude e a amor da patria: espalhar a in
strucção em todas as classes da sociedade;
e manter as instituições nacionaes: tal é a
nobre e grande missão que a Maç.…. e seus
Iniciados teem por ora a preencher.
Tempo virá em que os homens, forman
do um só corpo de Cosmopolitas, elevarão
no centro do mundo um Templo universal,
donde possa partir a direcção ao progresso.
« O Templo de Salomão (diz um velho
» Maç. ...) só será definitivamente acabado
º quando a Verdade fôr a Soberana de to
» dos povos da terra. »
— 143 —

ESTATUTOS,
OU

LEIS GERAES DA FRANC-MAÇ..


->O+

A Franc-Maç. "., tendo commeçado com a


sociedade humana, deveria ter existido am
tes de dar ou receber leis; mas o progresso
do corpo Maç.". e a experiencia de tantos
seculos fizérão em fim conhecer a necessi
dade de certas normas para a sua conserva
ção. Estas leis teem sido diversas em cada
nação, e cada uma tem o direito de as pôr
a pár do progresso de sua civilisação. En
tretanto a nossa obra seria incompleta se
não tratasse de tal materia. Nós não expo
remos as leis que regem a Maç. . Port.". e
Brasil...; mas sim as que se execútão em
alguns povos, aonde a Maç. .. he tolerada e
protegida, a fim de que póssão ao menos
servir de modelo. Esta parte será estrahida
do Codigo dos Franc-Maç.…. por Bazot.
.……--•
— 145 —

1º ESTATUTOS,
OU

LEIS GERAES DA FRANC-MAÇ...

EM INGLATERRA.

Art. unico.

Um Maç.…. he obrigado, segundo a sua or


dem, a obedecer á lei moral; e se percebe
bem a arte, elle nunca será um atheo estu
pido nem um libertino profano.
Posto que, nos tempos remotos, os Maçº.
fossem obrigados a ser da religião de cada
paiz que habitávão; todavia julgou-se re
centemente que era mais conveniente o per
mittir de abraçar as opiniões que cada um
julgar mais honestas e mais rasoaveis; estas
opiniões, que podem tornar um homem bou,
recto, sincero e humano para com os seus
semelhantes, seja qual for a sua crença.
De sorte que, por um principio tão excel
lente, a Maçonnaria torna-se o centro da
uniãolºentre os homens, e o unico meio
• 13
d’es
tabelecer uma estreita e solida amizade entre
pessoas que não poderião ser sociaveis, pela
diferença de seus sentimentos religiosos.
Um Maçon he um pacifico subdito das au
toridades civis do paiz, aonde reside e tra
balha.
D'esta sorte elle deve abster-se d’entrar
em tramas e conspirações contrarias á paz e
á prosperidade de sua nação, e não obrar
como homem desobediente aos magistrados
inferiores, para que os princepes, observando
a innocencia e a fidelidade da Ord.'., póssão
animá-la e defendê-la das más intenções de
seus adversarios. De maneira que s'um I.".
se revolta contra o Estado, elle não deve ser
sustentado em sua rebelião, posto que
d'elle se tenha piadade; e não deverá ser
admittido nas LL... para não causar ciume
ao governo.
Os membros d’uma L.". devem ser bons
e sinceros, livres de nascimento, e d’uma
idade madura : não se admitte nem es
cravos, nem dissolutos e libertinos, nem
mulheres, mas sim homens respeitaveis de
bom caracter.
— 147 —

2° ESTATUTOS,
OU

LEIS GERAES E PARTICULARES

DA FRANC – MAÇ.". EM FRANÇA.

CAP. Iº.

Das sociedades Maç.".

Art.". 1º Associedades Maç.º., differentes


por seus trab..., mas tendendo ao mesmo
fim, distinctas pelos ritos, e collectiva ou
isoladamente por Officinas, são chamadas
Loges, Capitulos, Conselhos, e Consistorios.
Art.". 2º Uma L.'. é a base de toda a
officina superior que toma o seu nome, e só
se forma por seu consentimento. O Cap.".
se estabelece pelo consentimento da L...;
o Conselho pelo consentimento do Cap.….; e
o Consist... pelo consentimento do Conselh...
Art.". 5º A cessação d’uma L.", traz com
sigo de direito a interrupção de toda e qual
quer Officina de que ella é a base.
Art.". 4º A organisação, os direitos e os
deveres de cada Officina são determinados
pelos estatutos geraes.
Art.". 5° Não existe em França, para to
das as Officinas senão um centro de unidade
e de autoridade Maç.'., debaixo da denomi
nação de Grande Oriente.

CAP. II.

Do Grande Oriente.

Art.". 1º O Gr.". Or... he composto de


um Gr.". Mest.º., dos presidentes das diffe
rentes Officinas, ou de seus representantes
regularmente eleitos, e admittidos segundo
os estatutos geraes.
Art.". 2º A administração é confiada a cen
to e cinco Expertos, escolhidos entre os de
putados eleitos das differentes Officinas da
França: trinta e cinco teem a direcção da
camera de correspondencia e das finanças;
trinta e cinco a da Camera symbolica; e
trinta e cinco a do supr... Conselh... dos
Rit.". Suas funcções dúrão tres annos, e
céssão n'esta epoca se não são reeleitos.
Art.". 5º O Gr.". Or... tem tambem Off.".
d'honr.'., e Off. ". Honor.".
Art. 4º O Gr.". Or... he o legislador e o
— 149 —
regulador da Ord.". Elle reune os poderes, e
exerceo-os directamente, ou os delega a ca
meras creadas no seu seio.
Art.". 5º Só o Gr...". Or... tem o direito de
conhecer e de consagrar todos os Rit.", em
harmonia com as leis do Estado, os bons cos
tumes e os principios Maç.".
Art.". 6 O Gr.". Or.". não dá titulos cons
titutivos ás Officinas de paizes estrangeiros,
nos quaes existe uma autoridade Maç.…. su
perior.
Art.". 7º O Gr.". Or.". não reconhece as
Officinas constituidas em França par auto- .
ridades Maç.…. estrangeiras, seja immediata
mente, seja por seus delegados.
Art.". 8º A séde do Gr.". Or. ". he invaria
velmente fixa no Or.". de Pariz.
Art.". 9º He no Gr.". Or.'. que são dadas
a Pal.". Sym.". para as LL.'., e a Pal. ".
Ant.". para os Cap. -. e para os Conselh.".
Art.". 10° O Gr.". Or.". he composto de
cinco cameras, a saber :
Cam.". de correspondencia e de finanças:
trinta e cinco Off... ou Exp.". Ella conhece
de tudo que é relativo á administração e ás
finanças. É n'esta Cam.". que se fazem a re
partição e a remessa ás outras Cam.". do
Gr.". Or.'. dos diversos negocios que lhes
pertencem especialmente.
13"
— 150 —

Cam.". Symb.". Trinta e cinco Off.…. ou


Exp.". Ella pronuncia sobre todas as ques
tões de Rit... e de Trab. .; outorga as cons
tituições ás LL... em instancia; expede os
diplomas aos Maçº. regulares do Gr... de
Mest.'., tendo sido pedidos na fórma dos
estatutos geraes; toma conhecimento dos li
tigiosos entre as LL.'., e de todos os objec
tos que lhes interêssão.
Cam.". dos altos Gr.'., ou Supr.". Con
selh... dos Rit.". Trinta e cinco Off. ". ou
Exp... Suas attribuições são as mesmas
para os altos Gr..., que as da Cam.". Sym.".
para os tres primeiros Gr... da Maç.".
Cam.". do Conselho e de Appellação. Ella
compõe-se de trinta e seis membros das tres
Cam.". precedentes, nomeando cada uma
doze. Ella tem voto em todos os negocios
que interéssão a existencia dos corpos Maç.".
e sobre os quaes só pertence ao Gr.". Or... o
decedir definitivamente. Ella julga em ul
tima instancia todos os outros negocios de
que se appella. Esta Cam.". não se intro
mette nos Trab.". administrativos ou dog
maticos, que são da attribuição das outras
Cam.".
Commissão central e de Eleição. É com
posta das tres primeiras Cam."., e não se in
tromette nas attribuições das outras quatro.
— 151 —

A commissão central occupa-se especial


mente de todas as eleições do Gr... Or...; da
apresentação dos candidatos feita por cada
uma das tres primeiras Cam..., e de tudo
aquilo que diz respeito á ordem interior do
Gr.". Or.", ou de suas Cam.".
Todos as suas decisões devem ser sanccio
nadas pelo Gr.". Or.", em assemblêa geral
ordinaria ou extraordinaria. Os Trab. .. da
Commissão central são dirigidos, em cada
sessão, por cada uma das tres primeiras
Cam."., e por turno.
Art.". 11" Ha no seio do Gr.". Or... um
grande Collegio de Rit. --, aonde se conferem
os altos Gr.". Maç. . (51, 52 e 55, ou outros
analogos).
Art.". 12° 0 grande collegio de Rit.". he
uma Officina superior dos altos Gr...; mas
não faz parte do Gr.". Or...; todavia, os
membros que o compõe devem ser Off... do
Gr.". Or.'., e Grand.'. Inspectores-geraes
(52 Gr...).
Art.'. 15º Os membrostitulares de grande
collegio de Rit.". são trinta e seis; todos os
de mais são simplesmente membros aggre
gados.
– 452 —

CAP. III.

Das officinas.
Art. 1º Para formar uma L.'. he preciso
que sete Mest.". regulares se reúnão no mes
mo Oriente.
Art. 2º Elles se constituem em L.", pro
visoria de baixo da presidencia d'um d'elles,
que toma o titulo de Ven... Os outros Off.….
ou Dignit... são: 1º Vig...,2º Vig..., Orad...,
Secr..., Thes... e Hosp.….; se são mais de sete
elles nomêão 1º Exp..., Arch.'., Mest.". de
Cerim.". e o I.”. Cobridor.
Art. 5º A L.'. escolhe para si um titulo
distinctivo, alheio a toda e qualquer idêa po
litica ou religiosa. Este titulo torna-se defi
nitivo, quando o Gr.". Or.". o tenha sanc
cicnado.
Art. 4º Os primeiros Trab.'. d’esta L.".
provisoria são o dirigir ao Gr.". Or... uma
petição de Constituição, assignada pelos
cinco primeiros dignitarios.
Art. 5º Esta L.'. ajunta á sua petição, e
em dupla expedição, um quadro de seus
membros, indicando os seus nomes, preno
mes, qualidades civis e Maç.…., o lugar e
data do nascimento, a designação das LL.…..
— 153 — •

aonde fôrão recebidos ou de que fazem ainda


parte; e assignada por todos os membros
inscritos, manu propria.
Art. 6º A sua petição deve ser referen
dada pelas duas LL. ". as mais visinhas do
Or.'. que elles habitão. Se a distancia he
consideravel, elles suprem esta formalidade
pela remessa de seus diplomas ao Gr.". Or.".
Art. 7º A nova L.". remette ao Gr.".
Ord.'., com os documentos acima indicados,
uma somma determinada pelos estatutos
geraes para o direito de constituição, e para
as custas dos cadernos dos Gr. "., e d'um
exemplar d’estes estatutos necessario á L.'.
em instancia.
Art. 8º Uma L.". em instancia não pode
fazer recepção alguma.
Art. 9º A L.", tendo sido installada, todos
os Trab. . precedentes são regulares.
Art. 10 A.L.'. tendo-se tornado regular
pela sua instalação, escolhe um I... do Or...
de Pariz, a quem remette um poder especial
para representa-la no Gr.". Or.".
Art. 11 Para formar um Cap. ". a L.".
deve escolher ao menos sete de seus mem
bros, que tênhão o Gr... e o diploma de
R.". Cruz.
Art. 12 Ella toma uma deliberação para
pedir ao Gr.". Or.…. a creação de um Cap...,
— 154 —

que toma o nome da L.'.; porque um Cap.".


não pode ser constituido nem existir se não
tem uma L. . por tronco.
Art. 15. O novo Cap.". em instancia no
mêa, como a L."., seus Off. "., e, como ella
faz ao Gr.". Or.". um requerimento de cartas
capitulares. As formalidades a preencher são
as mesmas que as da L.". (V.art. 5° e 6°).
Art. 14. O custo das cartas Capitul...,
cadernos, etc., é determinado pelos estatu
tos geraes.
Art. 15. Para formar um Conselh.…. de
GG.". Cav.". El.". Kal... he preciso preen
cher as formalidades prescritas para as duas
Officinas precedentes.
Art. 16. O Conselh... não pode ser esta
belecido se não pelo consentimento da L... e
do Cap..., de quem elle deve tomar o nome.
Art. 17. Todo o Conselh... paga um di
reito de patentes constitutivas, etc., etc.,
igualmente determinado nos estatutos geraes.
Art. 18. Para formar um Consist.". de
Princep.". do Réal Segr... (52° Gr. “.) he pre
ciso tambem seguir as formalidades prece
dentemente indicadas.
Art. 19. O custo das patentes constituti
vas do 52° Gr... he tambem determinado
nos estatutos geraes.
Art. 20. Não ha em França senão um
— 155 —
Conselho de G ". I.”. G. . (55º Gr..); que
he o Gr.". Collegio dos Rit.". estabelecido no
seio do Gr.". Or.'. de França (V. Cap.". 2",
art. 11, 12, 15).

CAP. IV.

Da irregularidade dos Maç.'., e das


Officinas.

Art. 1. São Maç.…. irregulares: 1º os que


fôrão recebidos n’uma L.'. não reconhecida
pelo Gr.". Or.'., ou por Maçº. que não tinhão
a qualidade para conferir este titulo : 2º os
Maç. . promovidos da mesma maneira aos
Gr... superiores: 5º aquelles que, perten
cendo a uma Officina regular, se associão a
uma outra, que o não é, ou que deixou de
o ser : 4" os Maç. .. que sem missão, outor
gárão a iniciação a profanos, ou que confe
rirão os Gr... superiores: 5º os que, sem
motivos legitimos, não teem satisfeito para
com a sua L.", as obrigações pecuniarias :
6º os que teem revelado os segredos da
Franc-Maç.'., ou escrito contra ella; 7º em
fim aquelles que, por uma decisão especial
— 156 —
são excluidos das Officinas da corresponden
cia do Gr.". Or.".
Art. 2. São Officinas irregulares : as que
teem sido constituidas por uma associação
Maç. .. não reconhecida pelo Gr.". Or... :
2º as que durante tres annos em França, e
cinco no ultra-mar, teem cessado a sua cor
respondencia com o Gr.". Or.". : 5º as que,
sendo regulares, se associarem a uma Offi
cina Maç.…. qualquer irregular : 4" as que
consérvão em seu seio os Maç. .. irregulares,
isto he, pertencendo associações Maç. .. irre
gulares: 5º as que sem a autorisação do Gr...
Or.". entrégão a trab. . d’uma ordem supe
rior ás em que fôrão constituidas, ou que
ajúntão a seus trab... outros d'um Rit. ".
não reconhecido pelo Gr.". Or...: 6º as que
teem as suas sessões, ou celébrão as festas
Maç. . em locaes não reconhecidos pelo
Gr.". Or...; 7" finalmente as que são decla
radas pelo Gr.". Or.". refractarias aos esta
tutos geraes da Ord.". -
3° ESTATUTOS,
OU

LEIS GERAES DA FRANC-MAÇ..


NA BELGICA.

->•• .

Aquelles que são admittidos membros


d’uma L.'. devem ser homens d'honra, de
probidade e de boa reputação, de uma idade
madura e discreta, evitando a devassidão, a
libertinagem e o escandalo.
Toda e qualquer promoção entre os Maç.".
deve ser fundada unicamente sobre o valor
real e o merito pessoal, para que a obra se
faça beem; que os II.". séjão isentos de cem
sura, para que a arte real não cáia em des
prezo. Além d’isso he preciso que um I.”.
seja descendente de paes honestos; de ma
neira que, tendo as mais qualidades reque
ridas, elle possa depois vir a ser uma auto
ridade Maç.'., segundo o seu merito.
Todos os Maç.…. trabalharão honestamen
te, para poderem viver da mesma maneira.
Nenhum Maç. .. invejará a prosperidade
I• 14
- 158 —

d'um I.'., nem procurará supplantá-lo.»


quando está em estado de acabar a obra.
Os II."., que se áchão em uma L. . for
mada, não farão entre si conventiculos pri
vados, nem conversações separadas, nem
fallarão sem a permissão do Mest.".: não se
deverá interromper o discurso d'um I.".,
nem zombar ou gracejar, quando a L.". se
occupa de negocios serios e solemnes: é
prohibido o servir-se de termos indecentes
ou injuriosos; e ter seha, mutua e recipro
camente uns para com os outros, o respeito
que convém entre II.".

**********-*****-* #4•••º
-- 159 —

4° ESTATUTOS,
OU

LEIS GERAES DA FRANC-MAÇ...

NA HOLLANDA,

Antes de se entrar na L.'., é preciso deixar


todas as rixas e todas as dissenções; tanto
mais se ellas teem por objecto a religião ou
o merito das nações, ou dos governos.
Vós sereis circonspectos nos termos e nas
maneiras, a fim de que o estrangeiro o mais
astuto não possa descobrir nem penetrar
aquillo que não nos convém divulgar...
Vós obrareis da maneira que convém a
um homem de bem e prudente; particular
mente em occultando os negocios da L.", á
vossa familia, visinhos e visinhas, etc.
Vós deveis examinar escrupulosamente
um I.". estrangeiro... Mas se conhecerdes que
elle é um verdadeiro I. "., vós sois obrigado
á respeitá-lo; se ella este em necessidade
vós deveis soccorre-lo, podendo; e quando
— 160 —

não, será preciso indicar-lhe os meios com


que possa ser alliviado: vós deveis empre
ga-lo, durante alguns dias, ou recommenda
lo para que o seja, mas não estais encarre
gado de fazer mais do que não podeis; pois
sómente um I.". pobre, que he verdadeiro
homem de bem, he preferivel a outro qual
quer pobre nas mesmas circunstancias. Fi
nalmente vós deveis observar todos estes
deveres, e tambem aquelles que vos forem
communicados por outra via. Em evitando
todos os odios, todas as disputas, e todas as
calumnias, defendei sempre a reputação
de nossos II.", para que todos véjão quanto
é doce e benigna a influencia da Maç.º., e
como os verdadeiros Maç. -- teem feito de
pois do começo do mundo, e farão até ao fim.
— 161 —

MODELO
PARA

OS ESTATUTOS PARTICULARES.

DA L.'. (1).

CAP, I.

Organisação da L.'."

Art. 1º A L.'. tem o nome de....


Art. 2º A L. '. deve ter pelo menos os
seguintes empregados dignitarios:
Veneravel,

(1) Note-se que ha na Maç.…. tres especies de


Esta.". : 1º Esta.". Ger.'. da Ord.". Maç."., que
são communs e os mesmos em todos os paizes, e
dos quaes ja tratamos no 1º tomo: 2º Esta.",
Geraes da Ord."., que são diversos nos diferentes
paízes, e dos quaes fallamos ha pouco : 3º Estat.".
particulares das LL.'., que são feitos por cada L.".
em particular; os que apresentamos por modelo
são approvados pela experiencia.
14"
– 162 —

1° e 2° Vigil...,
Orador,
Secretario,
Thesoureiro,
Mest... de Cerem.".,
1° e 2° Expertos,
Havendo II.'. de Gr... competente a L.".
poderá nomear :
I.". Hospitaleiro,
I.". Archivista,
I.". Terrivel,
II. . Adjunctos.
Art. 5° Todos estes empregados serão
eleitos pela ordem acima indicada; com
tanto que o Ven... tenha o Gr... de R.".
Cru, e os outros o de Mest.º., pelo menos.
Art. 4º As funcções dos empregados du
rarão um anno; e não é prohibida a sua
reeleição.
Art. 5° Todas as eleições serão feitas á
pluralidade absoluta de votos, e por escru
tinio secreto. No caso de empate far-se-ha
um segundo escrutinio sobre os II.…. em
que houve empate: e se este ainda não de
cedir, será preferido: 1º o que tiver maior
idade Maç.….; aº o que tiver maior idade
civil.
— 163 —

CAP, II.

Da ordem dos Trab, ",

Art. 6º Aberta a L. '. nenhum I.". po


derá pedir a Pal. ". antes que se tenha lido
a prancha dos Trab. ". antecedantes.
Art. 7° Discutida e approvada a prancha,
seguir-se-hão:
1° O parecer das Commissões.
2º Correr o sacco das Prop.".
5º Passar á Ord.'. do dia.
Art. 8º Nenhum I.…. poderá fallar, mes
mo a bem da ordem, sem ter obtido pri
meiro a Pal. ". do Ven.". se o I.". estiver no
Or. "., e dos Vig... se estiver nas colum.".
Art. 9º Nenhum I. . poderá fallar mais
do que tres vezes sobre a mesma questão,
excepto o relator de alguma das Commis
sões.
Art. 10° Qualquer I.”. tem o direito de
chamar outro á ordem sobre a discussão;
mas, se o que falla se julgar n’ella, poderá
continuar o discurso até que um terço dos
II. ". a reclame.
Art. 11. Nenhuma Prop. -. ou emenda
poderá entrar em discussão sem que seja
feita por escrito, assignada pelo autor, e to
mada em consideração pela L.".
Art. 12. Havendo duas ou mais Prop.".
para se discutirem, o Ven.". porá primeiro
á votação a que a L.". julgar mas interes
sante, devendo seguir, quando for possivel,
a ordem de sua apresentação.
Art. 15. Todas as votações da L.". são
feitas á pluralidade relativa de votos, ex
cepto as mencionadas nos Art.19 e 20. Ha
vendo empate a L.'. decide se o caso he ou
não grave. Sendo grave a L.". elegerá uma
commissão de tres membros, pela maneira
do Art. 5°, para decedir a questão: e não
sendo grave, esta poderá ser decedida pelas
tres primeiras luzes da L.'. reunida.
Art. 14. Tiradas as conclusões pelo
Orad..., nenhum I. . poderá falar sobre o
objecto discutido; mas poderão admittir-se
as respostas a factos pessoaes.
Art. 15. Concluida a discussão sobre os
trab. . do dia, o Ven.'. mandará correr
o sacco das Prop. "., indicará a ordem do
dia para a sessão subsequente, e fará ler a
minuta dos Trab.". d'esse dia.
— 165 —

CAP. III.

Das Iniciações.

Art. 16. Profano algum será iniciado, sem


que tenha vinte e um annos de idade, bons
costumes, boa reputação, e uma subsisten
cia decente e honesta.
Art. 17. O indiscreto, o pusilanime, o
egoista e o inimigo de instituições liberaes
não poderão ser recebidos Maç.'., seja qual
for a sua jerarchia profana.
Art. 18. Nenhum Prof.". poderá ser ini
ciado Maç. .. sem que se apresente em L.".
o parecer d'uma Commissão de tres mem
bros sobre as qualidades do Asp..., a qual
deve ser nomeada pelo Ven... e em segredo.
Art. 19. A votação para a admissão do
Prof.". deve ser por escrutinio secreto. Se
houver unanimidade de votos, o Prof.".
será recebido com distincção; e se houver
tres contra, o Prof.". será recusado.
Se houver um ou dous votos contra, o
Prof.". tornará a ser proposto com o inter
vallo de tres mezes; e se então houver um
só voto contra, o Prof.…. poderá ser recebido.
Art. 20. Qualquer Prof... que for iniciado
— 166 –

Maç.…. deverá pagar uma joia, que não será


menos de...., nem mais de...

CAP. IV.

Das filiações.

Art. 21. Todo e qualquer Maç.…. poderá


ser filiado n’esta L.'., huma vez que tenha
as qualidades exigidas nos Art. 16, 17, 18
e 19, e que renoncie pertenecer a outra L.".
do mesmo Oriente.
Art. 22. O Maç.". filiado pagará tambem
uma joia, que não será menos de..., nem
mais de.....

CAP. V.

Determinações geraes.

Art. 25. A L.'..... exerce dentro em si


os tres poderes, legislativo, executivo, e
judiciario; e suas deliberações tem força
de soberania.
Art. 24. São deveres de todo o I.". o ser
– 467 —
docil, benevolo, tolerante, e o trabalhar na
illustração do genero humano. Fica guar
dado o sigillo Maç.…. não só para com os
Prof..., mas ainda para com os Maç. .. que
não pertencerem a este quadro.
Art. 25. Todo o I.…. tem o direito de vo
tar, querendo, excepto em negocios que lhe
dizem respeito, ou a Gr.'. que elle não
tenha.
Art. 26. Nenhum I. . poderá ter aug
mento de paga sem um anno d'exercicio no
Gr... que tem, salvo havendo serviços á pa
tria, ou á Ord.".
Art. 27. As despezas da L.". serão tiradas
do producto das joias e das contribuições
mensaes dos II."., a qual por ora he de....
— 468 —

INSTRUCÇÃO GERAL
PARA OS MAÇ.". EM L.".

Os Maç.'. devem sempre apresentar-se


com um trajo decente, e guardar na L.". o
mais profundo silencio.
Ninguem, salvo os Vig... e o Or..., pode
fallar em L. “.. sem ter obtido a Pal.'. do
Ven...; para o que se eleva a mão.
Quando se entrar em L. “., dá-se ao I.".
Exp.…. a Pal.'. de passe, e o toque: poe-se
á Ord.'., e executa se a marcha, segundo o
Gr... em que a L.'. trabalha; faz se o Sin.".
e busca-se o lugar que pertence a cada um.
Sendo I.'. visitador, além das formalida
des acima ditas, he preciso tambem que
leve comsigo o seu diploma, e que va pre
parado para agradecer ás felicitações da
L.·., pouco mais ou menos nos termos se
guintes.
— 169 —

Agradecimento d'um I.". Visit.".

« Ven.'. Mest.". I.”. primeiro e segundo


» Vig..., e vós todos meus II..., o acolhi
º mento favoravel que me fazeis, e as mar
» cas d’estima que vós me dais, me movem
» ao mais vivo reconhecimento. Mas como
» as expressões me faltão para o exprimir,
» permitti que eu recorra ao Sin. -. e á Bat. --
» dos verdadeiros Maç.…., a fim de vos tes
» temunhar os meus sentimentos. »
Se o agradecimento porém tiver lugar em
Banq.. então se agradecerá da seguinte
maneira.
« Ven.'. Mest.º., e vós meus II..., em
» todos vossos Gr... e qualidades, eu vos peço
» d'acceitar a expressão de minha gratidão
» pelas marcas d’estima e d'amizade com
» que vós me honrais. Para esse efeito, eu
» vou atirar uma salva em vossa saude com
» polvora vermelha, e em fazendo fogo, bom
» fogo, e perfeito fogo.» (Faz com o Mest.".
de Cerem... o exercicio do Costume, e be
bem.)
— 470 —

Agradecimento d'um I. "., que acaba de


ser iniciado.

« Ven.'. Mest.º., II... primeiro e segundo


» Vig..., e vós todos meus II.'., ha muito
º tempo que eu aspirava a ser admittido na
» vossa respeitavel sociedade. Agora, sendo
» ja vosso I. “., nada mais me resta do que
» a marchar sobre vossas pisadas, e a pra
» ticar as virtudes com o vosso exemplo, A
» minha vida se passará toda inteira a tra
» balhar, para me tornar digno do alto fa
» vor que me fazeis, e para ter occasiões de
» mostrar-vos a minha gratidão. I.”. Mest.".
» de Cerem.". tende a bondade de me guiar
» para agradecer maçonicamente aos nossos
» II.…. as tocantes provas de amizade, com
» que me honrárão, etc. (1) »

(1) Estamos mui longe de pretender que qual


quer não saiba fazer um discurso para taes oc
curencias ; mas são tantos os embaraçados, que
julgamos necessario expor não discursos, mas sim
ples minutas"
— 171 —

MODELO

DO

PRocEsso.VERBAL DA 1- SESSÃo.

A GL. ". Do GR.". ARCH.". Do UN.".

Em nome e debaixo dos auspicios do Gr.".


Or.'. de.....

Os abaixo assignados, desejando elevar


um Templo á Virtude, se reunirão em um
logar coberto, aonde reinava a paz e o si
lencio; e depois do reconhecimento de suas
qualidades Maç.…., decidirão todos de se en
dereçar ao Gr.". Or... de...., a fim de obter
uma Constit.'. que podesse regularisar os
seus Trab.".
Em consequencia, procedêrão logo á no
minação dos Empr.'. necessarios, por meio
do escrutinio. A maioria de votos deu para
Ven.'. o I. “.....
1º Vigº, o I.”....
2º Vig... o I.….....
etc., etc.
– 172 —

Todos estes Empr..., depois de prestado


o juramento, tomárão posse de seus logares
respectivos..
O Ven.". propoz para titulo distinctivo
d’esta L.". o de...., o que foi sanccionado.
Tambem se escolheu o I. "..... para ser o
Representante d’esta L. ". no Gr.". Or, "., o
que igualmente foi sanccionado.
Duas Commissões fôrão depois nomeadas:
uma para redigir os regulamentos da L.".;
e outra par apresentar o quadro dos II.".
que compõe a R.'.L.'..... ao Or.". de....
Neuhum I... tendo pedido a Pal..., o
Ven.'. fechou os Trab. . na maneira costu
mada, e cada um dos II... se retirou em paz.
— 173 —

MODELO

DO QUADRO DA D...

Quadro dos II.…. (sello) que compõe a


L.'..... ao O.'. de.....

An.'. da V... L.". 58.....

ASSIGNATURA,
NOMES, QUALIDADES, NASCIMENTO, •

propria manu.

(O sello, e as assignaturas das P.…. tres


luzes da L...) 15"
— 474 —

MfDDELO

PARA

CR>
oRTER Do GR.". oa... UMA consTITUIÇAo.

Petição de Constit.".

(Sello da L.".)
Em nome e debaixo dos auspicios do Gr...
Or.'. de

A L. ". S. - JOAO.

Debaixo do titulo distinctivo de....


AO GR.". OR.". DE...

Saude ! Força ! União !


M.". RR.". 1.".

Animados pelo desejo de trabalhar regu


larmente para gloria da Maç.…., e bem geral
da humanidade, nós vos pedimos nossa reu
nião ao centro commum de todos os Maç.".,
em nos outorgando a Constit.". que regula
rise a L.". erigida no Or.'. de...., debaixo
— 175 —
do titulo distinctivo de...., conforme a de
liberação tomada no dia.... mez da V.". L. '.
58.... cujo extracto remettemos junto.
Unidos a vós pelos laços da fraternidade,
nos empenharemos em merecer a vossa ami
zade, e desde ja nos obrigamos a dar a con
tribuição que exigem os vossos regulamen
tos. Ao Or.'. de..... dia..... do mez..., do
anno 58.....
Nós somos P.". N.'.M.'.
Vossos afeiçõados II.".
(Assign.'. das tres Pr... Luzes da L.".
- (Sello)
(Assign.", Arch,", e Secr...)
do
— 176 –

M O D E L O
ÇN3
DE AUTORISAÇAo

PARA O REPRRS.". DE UMAL.'., OU CAP.º.


--•+>++>

Extracto do livro (sello) do Arch.". da L.".


(o Cap...) debaixo do titulo distinctivo
de.....

No dia do.…. mez..., An.….... o I...or...,


para satisfazer aos Estat.'. do Gr.". O.º.,
pedio que se nomeasse um deputado ou
Repres... juntô do Gr.". O."
Esta materia sendo posta em deliberação,
o scrutinio deu para Representante d’esta
L.'. (ou Cap.".) o I.…..... Em consequencia
a L.'. ou (ou Cap...) deu e dá ao I. “.....
plenos poderes para obrar em seu nome,
junto do Gr.". Or... de....; em promettendo
d’approvar tudo que em seu nome elle tiver
promettido ao Gr.". Or.".
(Assign.'. das tres luzes da L.".)
(Sello.)
(Assign. do Secr...)
— 177 —

MODELO

PARA

PEDIR DIPLOMAS OU BREVES.

A” Gl.'. do Gr.". Arch... do Un.".

(O mesmo preambulo das Const...)


O M.'. C.". I.…...., desejando participar
aos Trab.'. da LL.". (ou Cap...) regulares,
nos roga de vos pedir para elle um Certifi
cado, que constate a sua qualidade de Maçº.
regular. Nós aproveitamo-nos d’esta occa
sião para lhe testimunhar nossa amizade, e
vos pedimos que concedais este Certificado
ao I.”. (nome, qualidade, nascimento, e idade)
recebido membro de nossa L.". ao G.'.
de.... no dia.... mez.... anno.....
Nós somos (como no Modelo para as Cons
tit.".)
— 178 —

CEREMONIA FUNEBRE e
++@•

Quando uma L.'. tiver de honrar a me


moria d'um I.'. defunto, o Ven.'. deve, por
uma circular, prevenir e convidar os mais
II... a assistirem ao enterro. Além d’isso, o
Ven.'. deverá traçar e endereçar uma pran
cha a viuva ou parentes do defunto, na
qual exprima o profundo pezar de todos os
II. . por causa de tão grande perda,
A cabado o funeral Prof.". deve seguir-se
o Maç.". Para isso, o Ven... endereçará uma
nova circular aos II.…., em que lhes indi
que o dia e hora da pompa funebre.
Além do Templo, são necessarias duas
salas para esta ceremonia.
A 1° terá armação preta, e serve para re
ceber todos os II..., que tambem devem es
tar vestidos de preto.
O Ven... fará distribuir os fumos para o
luto de cada um dos II.'., e uma espada
igualmente ornada com uma garça da mes
ma côr.
Quando convier entrar no Templo o Ven.'.
o fará annunciar por tres grandes martella
das sobre a lamina de bronze.
Todos os II.…. se levántão logo; desen
bainhão as espadas: dirigem as pontas para
— 179 —
a terra; arránjão-se em duas Columnas, e
seguem o Ven.'., que he precedido por dous
Mest.". de Cerem.".
Este cortejo se arranjará em redor do tu
mulo, colocado no meio do Templo, o
qual, n'esse dia, deve ser allumiado por
tres alampadas. No Oriente pôr-se-hão tres
urnas chêas de alcohol, que o Ven... accen
de, sendo accompanhado pelos Vig...
Sobre o tumulo estarão postos os attri
butos e as insignias do Gr... do defunto; e
seus despojos profanos pôr-se hão no as
sento que este costumava occupar durante a
vida. O Ven... entre os Vig..., e defronte dos
degráos do tumulo, bate tres martelladas
com grandes intervallos sobre o bronze, e
lembra aos II... por um pathetico discurso
o motivo penivel de sua reunião. O I.”.
Orad.". pronunciará uma oração funebre,
na qual deverá traçar as virtudes profanas
e Maç."., que illustrárão o I.…. defunto.
Cada um dos II... tem direito a dissertar
sobre o mesmo objecto. Depois dos discur
sos os II.". farão, na mesma ordem, tres
voltas em roda do tumulo, sobre o qual
vão deitando algumas flores (esta ceremonia
he tambem annunciada por tres outras mar
telladas).
Todos os II..., a convite do Ven.'., pas
— 180 —

sarão em procissão para a 2° sala. (Dous


11..., do mesmo gr... que o morto, levarão
sobre uma almofada preta as insignias Maç. .
do 1. .. defunto, e fecharão o cortejo).
N’esta 2° sala estará colocada uma eça;
esta será assombrada por cyprestes, cho
rões e acacias, e construida de maneira a .
poder abrir-se, para se introduizirem n’ella
as insignias dos II.". defuntos. Nos muros
da sala e em roda da eça pôr-se-hão algu
mas inscripções moraes. O Ven.'. termi
nará por uma invocação ao Gr.". Arch.".
do Un.'., para que elle se digne lançar so—
bre o I.”. todos os seus beneficios do novo
mundo.
Os II.…. serão convivados depois pelo
Vem... a entrar no Templo, aonde por um
novo discurso lhes lembrará: que o homem
sensato deve habituar-se ás privações, e en
carar a morte sem susto, quando deixa de
pois de si os exemplos de virtude.
N. B. Os despojos profanos do I.'. defunto
occupão ordinariamente o seu lugar acostu
mado até ás primeiras eleições. Tambem,
durante a ceremonia da segunda sala, o tu
mulo desapparecerá do Templo, que deve
ser mais luzes para o encerramento dos
Trab. ".
FIM DO TOMO PRIMEIRO.
TABOA

# DAS MATERIAS DO TOMO PRIMEIRO,

Pag.

Ensaio historico sobre a Franc-Maçº... , , , , 3


Taboa chronologica da Maç."... . . . . . . . . . . 61
Primeiro gráo... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . - 67
Pastophoris........................... Ibid.
Segundo grºo........…....…......…. 78
Neocoris.............................. Ibid.
Terceiro grºo.......................... 77
Porta da morte, ou melanephoris......... Ibid.
Quarto grºo........................... 81
Batalha das sombras, ou christophoris..... Ibid.
Is 16

{
— 182 —
Pag.
Quinto gráo.......................…... 85
Balahate............................. - Ibid.
Sexto grá0.......…...…...…......... 87
Astronomo defronte da porta dos deoses.... Ibid.
Setimo gráo........................... 89
Propheta, ou saphennatpancah, homem que
conhece os Myst.…................... 89
Estatutos geraes........................ 101
Noticia sobre os ritos Maç.", mais usados... 109
1° Rit.".Symb......................... Ibid.
2º Rit.". Escocez....................... 110
3º Rito moderno ou francez............... 114
lº Rit.". de Misraim, ou Egypcio.......... 116
Analogia dos Myst.". antigos com os moder
nos - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 419
Conclusão geral... .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Estatutos, ou leis geraes da Franc-Maç.".... 143
1º Estatutos, ou leis geraes da Franc-Maç.",
em Inglaterra........................ 145
2º Estatutos, ou leis geraes e particulares da
Franc-Maç.". em França............... 147
3º Estatutos, ou leis geraes da Franc-Maç.".
na Belgica...................…..... 457
Aº Estatutos, ou leis geraes da Franc-Maç.".
na Hollanda......................... 159
Modelo para os estatutos particulares da L.'. 161
Instrucção geral para os Maç.". em L."...... 168
Modelo do processo-verbal da 1° sessão..... 171
Modelo do *#
quadro da L….................478 ••

#
— 183 –
Pag.
Modelo para obter do Gr.". Or.", uma consti
tuição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174
Modelo de autorisação para a repres.", de uma
L.'., ou cap. "..................... . . . 176
Modelo para pedir diplomas ou breves..... 177
Ceremonia Funebre,, , , , , , , , , , , , , , , . . . . . 178
|

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