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Apóstolos?
teologiacarismatica.com.br/qual-o-papel-do-espirito-santo-em-lucas-e-atos/
Embora estes assuntos sejam úteis, é lamentável que algumas vezes o debate tenha sido
conduzido de forma dividida e partidária, ao invés de focar em um esforço genuíno para
entender e apreciar as diferentes perspectivas dentro do corpo de Cristo. Em alguns
momentos, os frutos do Espírito foram negligenciados na tentativa daquilo que tendia a
forçar o Espirito a se adequar ao conjunto de pressupostos teológicos de cada grupo. O
conhecimento e a erudição fornecem uma solução para alguns destes desentendimentos.
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contexto neotestamentário, a divisão e os desencontros cessem, e a unidade e o poder
(sim, um novo Pentecostes) aconteçam. Somente assim a igreja será cheia do Espírito
para cumprir sua missão.
Muitos grupos não-carismáticos presumem que frases como “cheio com o Espírito Santo” e
outras paralelas em Lucas-Atos referem-se à conversão, enquanto que a maioria dos
Pentecostais presume a indicação de que algumas experiências extáticas, geralmente o
falar em línguas, deva ocorrer. Ambos os grupos estão parcialmente errados pois nenhum
deles percebe ou aprecia que existem diferentes ênfases sobre o papel do Espírito Santo
entre os autores do NT. Além disso, os estudos bíblicos têm mostrado uma renovação no
interesse em Lucas e Atos nas últimas décadas. Durante este período os estudiosos
desenvolveram uma nova forma de examinar o NT com respeito a cada perspectiva e
observações exclusivas dos escritores canônicos. Esta abordagem, chamada de crítica da
redação, oferece uma solução para o atual debate sobre o Espírito Santo.
A visão especial sobre o Espirito Santo, em Lucas, sofre severa negligência sob a
abordagem tradicional, enquanto muitas de suas mensagens distintamente importantes
são perdidas quando pedaços e partes da sua obra são desperdiçadas na tentativa de
harmonizar a mensagem global do NT. Isto é especialmente verdade quando a sua
pneumatologia, i.e., sua visão sobre o Espírito, é indiscriminadamente agrupada com as
pneumatologias Paulina e Joanina.
A Escritura
Com efeito, ouvir a ênfase comum nos quatro Evangelhos é como ouvir uma sinfonia. A
harmonia que eles produzem fornece uma forte mensagem, mas a música geralmente
inclui a participação de solistas também. É durante estas realizações dos solos que a
mensagem exclusiva de cada Evangelho se evidencia. Cada qual possuindo tons e
ênfases distintas. Assim, Mateus enfatiza a realeza de Jesus e o cumprimento profético;
Marcos fala de ação, conflito, e o papel da servidão; João, por sua vez, fala da divindade
de Jesus; enquanto Lucas fala da alegria, louvor, e do Espirito Santo. Estas mensagens
exclusivas frequentemente são perdidas quando todos os livros são tratados de maneira
unificada. A harmonização à custa dos temas individuais pode, na realidade, se tornar
(mudar a metáfora) homogeneização. A contribuição original de cada obra não é
respeitada, e é criado um novo produto não intencionado pelos escritores; assim o padrão
de identidade de cada Evangelho é perdido.
A Unidade
A Inspiração
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Para reconhecer as percepções exclusivas do Espírito no registro lucano, vamos começar
resumindo as apresentações do Espírito Santo nos outros Evangelhos Sinóticos e em
seguida em Lucas-Atos. Tal resumo fornecerá um contraste que nos permitirá ver mais
claramente a intenção teológica de Lucas. Após vermos as pneumatologias nos
Evangelhos e em Atos como sistemas teológicos separados, procederemos com as
comparações e contrastes em textos específicos de Lucas (Caps. 2-10) e em Atos (Cap.
11). Estas similaridades e diferenças demonstrarão que embora os escritores dos
Evangelhos concordem sobre os pontos essenciais das boas novas de Jesus, a
mensagem do Evangelho tem muitas distinções com muitas aplicações exclusivas para a
vida cristã.
1. Jesus é descrito como aquele que batiza no Espírito Santo para indicar que o
ministério de Jesus é maior que o ministério de João. O escritor de Marcos está sem
dúvidas ciente do fenômeno carismático atribuído ao Espírito Santo durante a era
apostólica. Além disso, na versão final de Marcos as línguas e os milagres aparecem
em um final mais longo (16:17-18). Entretanto, Marcos não apresenta explicitamente
a profecia de João concernente a Jesus – o que batiza no Espírito – cumprida no
Pentecostes. Parece que a referência ao Espirito Santo (Mc 1:4-14) mostra
principalmente a superioridade do ministério de Jesus sobre o de João e identifica
Jesus como sendo o Filho de Deus. A função das principais referências não é afirmar
que o Espírito Santo capacitou Jesus no batismo. Além disso, as manifestações em
16:17-18 não são especificamente atribuídas ao Espírito Santo. Por isso, Marcos
está contente em apresentar a profecia do Espírito Santo concernente a Jesus
através da perspectiva temporariamente limitada de João Batista, e ele não antecipa
o entendimento da igreja da profecia após o Pentecostes.
2. Jesus estava em algum grau subordinado ao Espírito Santo. Após o batismo o
Espírito impulsionou Jesus a uma confrontação com o tentador (Mc 1:12-13).
3. As obras de Jesus foram as obras do Espírito Santo, aqueles que falavam contra os
exorcismos realizados por Jesus estavam blasfemando contra o Espirito Santo (Mc
3:22-30). No verso 30, Marcos implica que o Espírito Santo estava em Jesus;
entretanto, isto é parentético e não parece ser um de seus maiores interesses.
4. A antiga profecia foi proferida por meio do Espírito Santo, especialmente profecias a
respeito de Jesus (Mc 12:35-36).
5. O Espírito Santo falou especialmente através dos crentes quando eles foram
confrontados pelas autoridades (Mc 13:11).
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O material sobre o Espírito Santo em Marcos é mínimo comparado aos outros Evangelhos.
O público e os objetivos de Marcos podem não ter exigido registros sobre o
relacionamento do Espírito Santo com Jesus e os crentes, mas ainda em comparação com
o que Mateus, Lucas, João e Paulo explicitamente dizem sobre o Espírito, Marcos é de fato
enfraquecido. Quando Marcos não menciona o Espírito Santo, ele o faz principalmente
para identificar Jesus como o Messias, o Filho de Deus.
3. Como em Marcos, a cena do batismo identifica Jesus como aquele que está
associado com o Espírito Santo e, portanto, como o grande batizador. Isso
providencia uma ocasião para uma voz do céu identificar Jesus como o Messias
(3:16-17);
7. O Espírito do Pai fala através dos crentes quando confrontados pelas autoridades
(Mt 10:19-20);
8. Falar contra as palavras de Jesus é falar contra o Espírito Santo, que é um pecado
capital (12:22-32);
11. Os batismos realizados pelos discípulos devem ser feitos em nome do Pai, do Filho,
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e do Espírito Santo. Toda autoridade foi dada a Jesus. Aparentemente, anterior a
ressurreição, Jesus opera pela autoridade do Espirito Santo. Jesus dá poder
(implícito) aos discípulos na comissão (28:18-20);
O material de Mateus está mais detalhado que o de Marcos. Isto poderia muito bem indicar
uma expansão das tradições do Espírito na igreja. Mas esta não é uma conclusão
necessária. Para supor isso, o material de Marcos teria que ser identificado como uma das
fontes mais antigas disponíveis para a pneumatologia cristã nos textos existentes. O
interesse de Marcos na Cristologia e Paixão podem ter minimizado seu interesse no
relacionamento do Espírito com Jesus e a igreja. O entendimento da obra do Espírito
Santo comum para o material Paulino e Joanino e para Lucas e Mateus indica uma
pneumatologia básica e difusa que excede o conteúdo apresentado em Marcos.
O material de Mateus sobre o Espírito Santo serve bem dois de seus interesses distintos: o
papel da igreja (eclesiologia) e a identificação de Jesus (Cristologia). Mateus
frequentemente fala dos afazeres da igreja quando os outros escritores não o fazem (por
exemplo, Mt 16:17-19; 18:15-20; 20:1-16; 28:18-20). Mateus vê o Espírito Santo como a
fonte da inspiração e autoridade para a igreja (10:19-20; 28:18-20). Seguindo a direção de
Marcos, Mateus também enfatiza a ligação de Jesus com o Espírito Santo para demonstrar
a sua filiação. Mateus enfatiza que embora Jesus tenha se humilhado aceitando o batismo
das mãos de João, ele é maior do que João Batista. A descida do Espírito Santo como um
resultado do batismo de Jesus prova a profecia de João: Aquele que viria depois seria
maior no Espírito. Este é um ponto importante que Mateus define para um púbico
decididamente judaico.
1. João, filho de Zacarias, é cheio com o Espírito Santo no ventre de sua mãe. Portanto
ele é grande perante o Senhor, Ele é cheio com o Espírito Santo aparentemente para
ser capacitado a fim de realizar a tarefa de proclamar o Reino e o evangelho e para
testemunhar o Messias (1:15,17,41; 3:2).
2. O Espírito é responsável pela concepção de Jesus. Por isso Jesus é santo. Além
disso, por causa da atividade do Espírito Santo, Jesus é chamado o Filho de Deus
(1:35). Pode também ser dito que o Espírito é o meio pelo qual o Messias vem, e
todo o ministério de Jesus descrito em 1:32-33 pode ser atribuído, pelo menos
inicialmente, à agência do Espírito Santo (i.e., chamado de o Filho do Altíssimo,
acessão ao trono de Davi, reino sobre a casa de Jacó com um reino que não teria
fim).
3. O Espírito Santo revela coisas às pessoas e as capacita a falar com autoridade em
profecia, tanto anunciado quanto predizendo. Isso frequentemente ocorre quando o
autor percebe que Espírito Santo vem sobre ou enche as pessoas tal como Isabel,
Zacarias, Simeão, João, e até mesmo Jesus (1:15, 17, 41s.; 2:25ss.; 3:2, 22; 4:1, 14,
18).
4. O enchimento do Espírito Santo e sua permanência em alguém funciona de duas
maneiras: Primeiro, o enchimento pode ser visto como um estado de permanência,
por exemplo em João, Jesus, e possivelmente Simeão (1:15 com 1:41, e 3:2; 4: l, 14;
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2:25.). Segundo, Lucas também usa isso para expressar a dotação especifica pelo
Espírito Santo para uma ocasião determinada. Tal dotação geralmente capacita
aquele que recebe a testemunhar com autoridade sobre Jesus ou a história da
salvação, interpretar adequadamente as sagradas escrituras, falar da natureza do
Reino do Messias, ou confrontar e derrotar os inimigos do verdadeiro Israel. O uso
parece ser o tema dominante mesmo nas passagens onde “plenitude” como um
estado de permanência pode ser inferido.
5. Embora tenha um relacionamento especial com o Espírito Santo como indicado no
aviso para Maria, ele recebe poder do Espírito Santo no batismo para começar seu
ministério (4:l, 14, 18);
6. Jesus está associado com o Espírito Santo na Profecia de João Batista sobre aquele
que batiza no Espírito Santo (3:16);
7. Em Lucas, o batismo no Espírito Santo não é principalmente um batismo de
julgamento, mas um batismo de capacitação (3:16 com Atos 2:3; perceba também a
falta de referência à vingança ou a arrependimento em Lucas 4:18);
8. O Espírito Santo guia as pessoas de um lugar para outro, como no caso de Simeão
no Templo e Jesus no deserto da tentação (Lucas 2:27;4:1). (Isto pode ser um pouco
paralelo ao relato em Atos da transposição sobrenatural de Felipe para Gaza em
8:39);
9. De acordo com a introdução de Lucas do ministério de Jesus na Galileia na sinagoga
de Nazaré, o Espírito Santo desce e unge Jesus para proclamar o cumprimento da
Escritura, para interpretar com autoridade, para recontar a história da salvação de
Israel, para libertar os cativos do maligno, para confrontar e derrotar o mal, para
curar, para pregar as boas novas, e para fazer maravilhas em geral (4:14,18).
10. A blasfêmia contra o Espírito Santo não é para fornecer uma testemunha para Jesus
quando o Espírito Santo fornece a habilidade de fazê-lo (12:10-12).
11. Jesus dá o poder do Espírito a seus discípulos (9:1 implícito e 24:49). A fonte do
poder para fazer maravilhas é atribuída ao Senhor (5:17), ao nome de Jesus (em
Atos 3:6, 16; 4:7, 10, 17-18, 30), e ao Espírito Santo (4:18). Esta sobreposição
continua em Atos;
12. A atividade do Espírito Santo é vista como um evento na salvação da história de
Israel. O Espírito Santo é fonte e direção para a história da salvação, e em certa
medida o advento do Espírito Santo é o cumprimento do eschaton (Lucas 3:16 com
Atos 2:3; Lucas 1 [variante]; Lucas 24:49 com Atos 1:6-8).
O Espírito Santo e Jesus: 1. O Espírito Santo capacita Jesus para dar ordens a seus
apóstolos (Atos 1:2).
2. Deus unge Jesus com o Espírito Santo e poder no seu batismo, capacitando-lhe a
fazer o bem, curar, e a confrontar subjugando o mal. Jesus, por quem a paz é
pregada a todos, que é Senhor de tudo, que por meio de sua morte ressurreição se
tornou juiz de tudo, e que tornou disponível o perdão dos pecados para todos, é
ungido com o Espírito Santo e poder. Ele, em troca, manda o Espírito e poder
derivativo para seus discípulos e seguidores (2:23; 10:36-38). A obra de Jesus
certifica o poder de Deus operando através dele (2:22).
3. O Espírito e as Escrituras. O Espírito Santo inspira e fala através dos escritores
passados (4:25; 28:25). O Espírito Santo, ou o estado de estar cheio com o Espírito
Santo, aparentemente permite a interpretação adequada das Escrituras. Ser cheio
com o Espirito Santo está relacionado ao relato da história da salvação. (Veja os
sermões de Pedro e Estevão – 2:14, 4:8; 6:10).
4. O Espírito e os crentes. a) O Espírito Santo guia e capacita os crentes em uma
maneira similar à forma que ele guia a capacita Jesus (15,8; 2:23, 38; 10:37; e
frequentemente em Lucas e Atos).
5. b) O Espírito Santo fala aos crentes (13:2; 20:23; 21:11; 28:25).
6. c) O Espírito Santo miraculosamente transporta as pessoas (8:39).
7. d) Existe uma relação direta entre o Espírito Santo e, os sinais, maravilhas, curas
(10:38; 5:32; 13:9-10); entretanto, os sinais e as maravilhas são também feitos no
nome de Jesus.
8. e) O poder recebido após o Espírito Santo vir sobre o crente e principalmente para o
testemunho de Jesus (2:4ss.; 4:8, 31; 6:5 ss.; 9:17ss.; 13:9, 48-49, 52; e outras
passagens).
9. f) O batismo dos crentes e a recepção do Espírito Santo estão intimamente
associados, se não sinônimos (2:38 ss.; 8:39 [variante]; 19:2 ss.).
10. g) O Espírito é a fonte da profecia e discernimento para os crentes (2:17 ss.; 16:6;
20:23; 21:10 ss.).
“Cheio com o Espírito Santo” 1. A frase é usada em conjunto com a recepção do Espírito
Santo como em 2:4 ss. e 10 ss. (na última citação, embora a frase não seja
especificamente usada, o contexto identifica-a como sinônimo com o relato de Atos 2:4ss.).
2. Lucas emprega esta frase quando uma dispensação especial do Espírito é manifestada
ou quando os leitores devem lembrar do poder por trás da pessoa que estava falando com
autoridade (e.g. Atos 4:8, 31; 6:3, 5; 7:55; 13:9). O uso da frase em conexão com
declarações distintas, interpretação da Escritura, atos de discernimento, visões, e
revelações, mostra que Lucas entende que estas manifestações e percepções vieram
diretamente do Espírito Santo; portanto, estes atos proclamam verdades divinas. Lucas
acredita que está descrevendo manifestações, interpretações, e entendimentos inspirados
pelo Espírito Santo.
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Os sermões em Atos que são dirigidos aos Judeus e à casa de Cornélio, o falante é muitas
vezes percebido por estar cheio do Espírito Santo, ou cheio com o Espírito Santo, ao
mesmo tempo que fala. Além disso, estes discursos geralmente contêm algumas formas
de relatar a história da salvação relatadas no Antigo Testamento em relação a Jesus e/ou
à igreja primitiva. Ao reconstruir os discursos desta maneira, Lucas está declarando que o
Espírito que incitou os escritores de outrora e provocaram as maravilhas de Deus no AT é
o mesmo Espírito que agora fala através da igreja. Lucas faz um esforço consciente para
ligar os eventos da igreja com os eventos da redenção de Deus no passado. Pelo mesmo
Espirito que tinha inspirado os profetas de outrora. a igreja reconhece que estes eventos
tanto passados quanto atuais são partes de um e do mesmo plano de Deus.
O Espírito Santo como um “Evento”. Às vezes Lucas trata o Espírito Santo como um
“evento” que valida as reivindicações de Jesus e sua igreja. Assim, o advento do Espírito
Santo na vida da igreja é visto como um ato da história da salvação e, de acordo com o
sermão de Pentecostes, é, em certa medida, o cumprimento da história da salvação.
Assim, o Espírito Santo fala, guia e edifica a igreja, assim como falou através dos profetas
de outrora. Ele também capacita a igreja, mas aqui Lucas identifica a obra do Espírito e o
nome de Jesus juntos como a fonte do poder para os crentes em Atos. O Espírito Santo
não é apenas um nome para a divindade, mas é também um evento – um ato na história
da salvação. Manifestações do Espírito Santo testemunham a Jesus e a igreja. Entretanto,
em Atos, a função mais frequente do Espírito Santo é testemunhar Jesus, capacitando os
crentes a falarem com autoridade a respeito do Filho de Deus. Em Atos, Lucas mantém a
pneumatologia que apresenta em seu Evangelho. Inspirados pelo Espírito Santo, os
crentes relacionam a história da salvação de outrora a Jesus, cumprem a profecia,
interpretam corretamente as Escrituras e confrontam os poderes de Satanás. Assim, os
discursos (ou as referências a discursos) em Atos são frequentemente prefaciados com
algum comentário sobre a relação do orador com o Espírito Santo. Esta é em geral uma
explicação que indica que o orador está especialmente capacitado para falar nessa
ocasião (geralmente sinalizado por “cheio” ou “foi cheio com o Espírito Santo”), ou que o
orador está cheio do Espírito Santo em um sentido contínuo, ou até ambos. Este não é o
uso exclusivo de “cheio com” ou “cheio do Espírito Santo”, mas é o uso dominante e
consistente (Atos 2: 4ss., 4:8, 31, 6: 3, 5; 7:54 ss; 11:24; 13:9; 19:6).
Esta função especial do Espírito Santo em Atos serve ao propósito geral do livro. Encher-
se do Espírito Santo significa primeiramente ser uma testemunha de Jesus e de suas
obras. O Espírito que causou os eventos passados de libertação e que falou através dos
profetas é o mesmo Espírito que dá poder a Jesus e que faz com que os apóstolos e
discípulos proclamem a verdadeira história da salvação, assim como trabalhem as
maravilhas que Lucas relatou a Teófilo.
Plano de Estudo
Este estudo de Lucas-Atos demonstrará que Lucas enfatiza o papel do Espírito Santo tanto
nos milagres quanto na proclamação da Igreja. O papel que mais atrai a atenção de Lucas,
porém, é o do testemunho inspirado pelo Espírito. Primeiro, examinaremos as referências
de Lucas ao Espírito Santo em seu Evangelho. Comparando e contrastando a maneira
como os escritores do Evangelho lidam com passagens que têm em comum, notaremos o
realçado interesse de Lucas no Espírito Santo. Quando analisamos as passagens que
somente Lucas dispõe (o que é chamado de material L), veremos que o Espírito Santo e o
testemunho são o cerne da teologia lucana. Identificar o vocabulário distintivo de Lucas
mostrará como ele ajustou suas fontes do evangelho para enfatizar o papel do Espírito
Santo. Finalmente, veremos a pneumatologia de Lucas florescer e proliferar nos Atos dos
Apóstolos, onde ela não é mais dependente das fontes dos Evangelhos Sinópticos que ele
trata tão diferencialmente. Veremos que na mão de Lucas, o testemunho inspirado pelo
Espírito Santo dominam um quarto dos documentos neotestamentários que chamamos de
Lucas e Atos. Espero que através deste estudo a Igreja escute mais claramente a
mensagem que Lucas proclamou há quase 2000 anos: “Cheio do Espírito Santo … fala
a palavra de Deus com ousadia”.
[1] Este “novo” material não significa que seja espúrio; ele também poderia ter origem
apostólica. Nenhum escritor do Evangelho nos disse tudo que poderia ser dito sobre Jesus
(João 20:30; 21:25)
[2] Perceba que gramaticalmente Efésios 5:18—6:9 é uma unidade. Paulo descreve o que
significa ser cheio com o Espírito pela frase com uma sequência de particípios: “falando
entre vós em salmos, e hinos e cânticos espirituais … dando sempre graças, e “sujeitando-
vos uns aos outros no temos em Cristo”. Esta descrição da vida cheia do Espírito envolve
adoração cooperativa, vida familiar e serviço.
[3] Para um tratamento da pneumatologia de Marcos ver M. Robert Mansfield, Spirit &
Gospel in Mark (Peabody: Hendrickson, 1987), 18—19, pp. 164-65.
[4] I. H. Marshall, Luke: Historian and Theologian (Grand Rapids: Zondervan, 1970), 1-
16ss.
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