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Rodada #1

Direito Administrativo
Professor Fabiano Pereira

Assuntos da rodada

DIREITO ADMINISTRATIVO

Observação: Conteúdo programático conforme ordem apresentada no Edital. A


ordem do conteúdo nas rodadas pode se alterar para melhor compreensão da
matéria. Bons estudos!

Direito Administrativo: 1 Introdução ao direito administrativo. 1.1 Os


diferentes critérios adotados para a conceituação do direito administrativo.
1.2 Objeto do direito administrativo. 1.3 Fontes do direito administrativo. 1.4
Regime jurídico-administrativo: princípios do direito administrativo. 1.5
Princípios da administração pública. 2 Administração pública. 2.1 Conceito de
administração pública sob os aspectos orgânico, formal e material. 2.2 Órgão público:
conceito e classificação. 2.3 Servidor: cargo e funções. 2.4 Atribuições. 2.5
Competência administrativa: conceito e critérios de distribuição. 2.6 Avocação e
delegação de competência. 2.7 Ausência de competência: agente de fato. 2.8
Administração direta e indireta. 2.9 Autarquias. 2.10 Fundações públicas. 2.11
Empresas públicas e privadas. 2.12 Sociedades de economia mista. 2.13 Entidades
paraestatais. 2.14 Dispositivos pertinentes contidos na Constituição Federal de 1988. 3
Atos administrativos. 3.1 Conceitos, requisitos, elementos, pressupostos e
classificação. 3.2 Fato e ato administrativo. 3.3 Atos administrativos em espécie. 3.4
Parecer: responsabilidade do emissor do parecer. 3.5 O silêncio no direito
administrativo. 3.6 Cassação. 3.7 Revogação e anulação. 3.8 Processo administrativo.
3.9 Lei nº 9.784/1999. 3.10 Fatos da administração pública: atos da administração
pública e fatos administrativos. 3.11 Formação do ato administrativo: elementos,
procedimento administrativo. 3.12 Validade, eficácia e autoexecutoriedade do ato
administrativo. 3.13 Atos administrativos simples, complexos e compostos. 3.14 Atos
administrativos unilaterais, bilaterais e multilaterais. 3.15 Atos administrativos gerais e
individuais. 3.16 Atos administrativos vinculados e discricionários. 3.17 Mérito do ato
administrativo, discricionariedade. 3.18 Ato administrativo inexistente. 3.19 Teoria das
nulidades no direito administrativo. 3.20 Atos administrativos nulos e anuláveis. 3.21
Vícios do ato administrativo. 3.22 Teoria dos motivos determinantes. 3.23 Revogação,
anulação e convalidação do ato administrativo. 4 Poderes da administração pública. 4.1
DIREITO ADMINISTRATIVO

Hierarquia: poder hierárquico e suas manifestações. 4.2 Poder disciplinar. 4.3 Poder de
polícia. 4.4 Polícia judiciária e polícia administrativa. 4.5 Liberdades públicas e poder de
polícia. 4.6 Principais setores de atuação da polícia administrativa. 5 Controle da
administração pública. 5.1 Conceito, tipos e formas de controle. 5.2 Controle interno e
externo. 5.3 Controle parlamentar. 5.4 Controle pelos tribunais de contas. 5.5 Controle
administrativo. 5.6 Recurso de administração. 5.7 Reclamação. 5.8 Lei nº 8.429/1992
e suas alterações (Lei de Improbidade Administrativa). 5.9 Sistemas de controle
jurisdicional da administração pública: contencioso administrativo e sistema da
jurisdição una. 5.10 Controle jurisdicional da administração pública no direito
brasileiro. 5.11 Controle da atividade financeira do Estado: espécies e sistemas. 5.12
Tribunal de Contas da União (TCU) e suas atribuições; entendimentos com caráter
normativo exarados pelo TCU. 5.13 Sistema de correição do poder executivo federal.
5.14 Pedido de reconsideração e recurso hierárquico próprio e impróprio. 5.15
Prescrição administrativa. 5.16 Representação e reclamação administrativas. 6 Agentes
públicos e servidores públicos. 6.1 Agentes públicos (servidor público e funcionário
público). 6.2 Natureza jurídica da relação de emprego público. 6.3 Preceitos
constitucionais. 6.4 Servidor efetivo e vitalício: garantias. 6.5 Estágio probatório. 6.6
Servidor ocupante de cargo em comissão. 6.7 Direitos, deveres e responsabilidades
dos servidores públicos civis. 6.8 Lei nº 8.112/1990 e suas alterações. 6.10 Regime
disciplinar e processo administrativo-disciplinar. 6.11 Improbidade administrativa. 6.12
Lei nº 8.429/1992 e suas alterações (Lei de Improbidade Administrativa). 6.13 Lei
Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). 6.14 Formas de
provimento e vacância dos cargos públicos. 6.15 Exigência constitucional de concurso
público para investidura em cargo ou emprego público. 7 Bens públicos. 7.1 Requisição
da propriedade privada. 7.2 Ocupação temporária. 8 Responsabilidade civil do Estado.
8.1 Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administração pública:
evolução histórica e fundamentos jurídicos. 8.2 Teorias subjetivas e objetivas da
responsabilidade patrimonial do Estado. 8.3 Responsabilidade patrimonial do Estado
por atos da administração pública no direito brasileiro. 9 Direito administrativo
disciplinar. 9.1 Fontes; princípios; ilícito de direito administrativo disciplinar;
procedimentos disciplinares da administração pública. 9.2 Lei nº 8.112/1990 e suas
alterações: regime disciplinar. 9.3 Lei nº 9.784/1999. 10 Lei nº 12.846/2013 (Lei
anticorrupção).

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DIREITO ADMINISTRATIVO

a. Teoria em Tópicos

O Direito Administrativo

1. O Direito Administrativo como sub-ramo do Direito Público


1.1. Para facilitar o estudo do Direito em geral, a doutrina costuma
desmembrá-lo em dois grandes ramos: direito público e direito privado.

1.1.1. Apesar da divisão dicotômica, deve ficar claro que o Direito é um só,
indivisível. O desmembramento é realizado apenas para fins didáticos,
permitindo um estudo mais eficiente e especializado dos vários sub-ramos
jurídicos (disciplinas) que o compõem.

1.1.2. Ao direito privado incumbe disciplinar as relações jurídicas em que


prevalecem os interesses dos particulares, sem a participação direta do
Estado na transação. Podemos incluir nesse ramo o Direito Civil e o Direito
Empresarial. Se o indivíduo A deseja comprar um veículo do indivíduo B, por
exemplo, a relação jurídica será regulada pelo Direito Civil, sub-ramo do direito
privado.

1.1.3. De outro lado, se é o Estado que deseja adquirir alguns veículos para
compor a sua frota, a relação jurídica será disciplinada pelo direito público,
mais precisamente pelo Direito Administrativo (Lei Geral de Licitação e
Contratos Administrativos – 8.666/1993, em regra).

1.2. Conceito de Direito Administrativo - Não existe uniformidade sobre a


conceituação do Direito Administrativo, que irá variar em razão do critério
adotado por cada autor.

1.2.1. Critério legalista ou exegético - De acordo com o critério legalista, o


direito administrativo compreende o conjunto de leis administrativas vigentes
no país. Em outras palavras, pode-se afirmar que os adeptos do critério
legalista ou exegético restringem o estudo do Direito Administrativo, ao
conceituá-lo, às leis e normas administrativas, excluindo a doutrina,
jurisprudência, costumes e princípios gerais do direito de sua abrangência.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Não é necessário muito esforço para constatar que, nos dias atuais, é
inconcebível estudar a legislação administrativa de forma isolada,
desconsiderando-se suas demais fontes.

1.2.2. Critério do Poder Executivo - Pelo critério do Poder Executivo,


inicialmente desenvolvido pela Escola Italiana, o Direito Administrativo se
restringe a estudar os atos editados pelo Poder Executivo, desconsiderando os
demais poderes.
Apesar de a atividade administrativa se manifestar predominantemente no
Poder Executivo, destaca-se que o Poder Judiciário e o Poder Legislativo
também estão autorizados a exercê-la. É o que ocorre, por exemplo, quando o
Supremo Tribunal Federal concede licença a um de seus servidores ou quando o
Senado Federal realiza licitação para a contratação de determinado serviço.

Nos dias atuais, não há como adotar o critério do Poder Executivo para
conceituar o Direito Administrativo, já que todos os poderes editam atos
administrativos.

1.2.3. Critério do serviço público - Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma que
o critério do serviço público desenvolveu-se na França, inspirado na
jurisprudência do Conselho de Estado, que, a partir do caso Blanco1, decidido
em 1873, passou a fixar a competência dos Tribunais Administrativos em
função da execução de serviços públicos.
O Direito Administrativo seria, então, nas palavras de Edmir Netto de Araújo, “o
conjunto de regras referentes ao serviço público, seja esta expressão
considerada em sentido amplo, seja no sentido estrito”.

Entretanto, é sabido que várias são as atividades finalísticas exercidas pela


Administração Pública, a exemplo do fomento, polícia administrativa e

1
Agnès Blanco, no ano de 1873 (na época com cinco anos de idade), ao atravessar uma rua na cidade de Bordeaux
acabou sendo atropelada por vagonete da Companhia Nacional de Manufatura de Fumo (empresa estatal). Após seu pai
ter proposto ação indenizatória contra o Estado Francês na justiça comum civil, surgiu um grande debate sobre a
competência para julgar o caso. Na oportunidade, discutiu-se se o caso deveria ser julgado em conformidade com as
regras do direito privado (na justiça comum civil) ou do direito público (jurisdição administrativa - Conselho de Estado),
prevalecendo, posteriormente, a segunda tese. A partir do caso Blanco passou-se a fixar a competência da jurisdição
administrativa em razão da prestação de serviços públicos, isto é, se algum dano fosse causado a particular em razão da
prestação de serviços públicos, a jurisdição administrativa é que deveria julgar eventual pedido de indenização.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

intervenção administrativa, o que tornou esse critério insuficiente para a


conceituação do Direito Administrativo, já que o restringia à prestação de
serviços públicos.

1.2.4. Critério das relações jurídicas - Consoante o critério das relações


jurídicas, o Direito Administrativo abrange o conjunto de normas jurídicas que
regulam as relações entre a administração pública e os administrados. Trata-se
de definição criticada por boa parte dos doutrinadores, que, embora não a
considerem errada, julgam-na insuficiente para especificar esse ramo do direito,
visto que esse tipo de relação entre administração pública e particulares,
também se faz presente em outros ramos.

É o que ocorre, por exemplo, com o Direito Tributário, Direito Penal, Direito
Constitucional, entre outros, que também regulam as relações jurídicas em que
estejam presentes o Estado, de um lado, e o administrado, de outro.

1.2.5. Critério teleológico ou finalístico - Pelo critério teleológico, define-se


o direito administrativo como o sistema dos princípios que regulam a atividade
do Estado para o cumprimento de seus fins.
Esse critério apresenta o Direito Administrativo como o conjunto de princípios e
regras que disciplina a atividade material do Estado (atividade administrativa)
voltada para o cumprimento de seus fins coletivos.

Em que pese ter sido defendido inclusive por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello
(com algumas ressalvas), esse critério associou o Direito Administrativo aos
fins do Estado, o que o tornou impróprio.

1.2.6. Critério negativista ou residual - Pelo critério em análise, define-se o


conceito de Direito Administrativo por exclusão. Nesse caso, o Direito
Administrativo teria por objeto todas as atividades estatais que não fossem
legislativas ou jurisdicionais.

1.2.7. Critério da Administração Pública - Na busca de conceituação do


Direito Administrativo encontra-se o critério da Administração Pública, segundo
o qual, sinteticamente, o Direito Administrativo deve ser concebido como o
conjunto de princípios que regem a Administração Pública.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Eis o critério mais explorado em provas de concursos públicos, tendo sido


adotado no Brasil por Hely Lopes Meirelles, que o utilizou na elaboração de seu
conceito de Direito Administrativo, conforme analisaremos na sequência.

Também é necessário destacar o conceito de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, que


define o Direito Administrativo como “o ramo do direito público que tem por
objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a
Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os
bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”.

Perceba que Maria Sylvia Zanella Di Pietro exclui do âmbito do Direito


Administrativo a regência de atividades contenciosas (litigiosas) da
Administração Pública. Somente a atividade jurídica não contenciosa está
inserida em seu conceito de Direito Administrativo.

José dos Santos Carvalho Filho, por sua vez, afirma ser o Direito Administrativo
“o conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao interesse público,
regem as relações jurídicas entre as pessoas e os órgãos do Estado e entre este
e as coletividades a que devem servir”.

Por último, destaca-se o conceito de Direito Administrativo formulado por Hely


Lopes Meirelles, que, se valendo do critério da Administração Pública, o
define como o “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos,
os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e
imediatamente os fins desejados pelo Estado”.

Sobre o conceito apresentado pelo saudoso professor, grifei três expressões


que são de extrema importância para aqueles que estão se preparando para
concursos públicos: concreta, direta e imediatamente.

Primeiramente, destaca-se que não está inserida no âmbito do Direito


Administrativo a atividade legislativa do Estado, já que abstrata (tem por
objetivo regular uma quantidade indeterminada de situações futuras que se
enquadrem nos termos da lei). O Direito Administrativo restringe-se a
disciplinar atividades concretas (específicas), a exemplo da prestação de

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DIREITO ADMINISTRATIVO

serviços públicos, construção de escolas e hospitais, nomeação de aprovados


em concursos públicos, exercício de polícia administrativa etc.

A atividade administrativa é também atividade direta, pois a Administração


Pública é parte nas relações jurídicas de direito material e não precisa ser
provocada para agir (não precisa ser acionada por um particular para tapar
um buraco na rua, por exemplo). A Administração pode tapar o buraco
independentemente de solicitação do particular. Indireta é a atividade do
Poder Judiciário, que, em regra, somente pode agir mediante provocação do
interessado (terá que aguardar a propositura de ação judicial para atuar no
caso em concreto).

Ademais, lembre-se de que a atividade administrativa é imediata. Assim, de


sua atuação fica afastada a atividade mediata do Estado, que é a denominada
“ação social do Estado” (atividade de traçar as diretrizes sociais que devem
ser seguidas pelo Estado), pois esta incumbe ao Governo.

1.3. Função administrativa - Sem sombra de dúvidas, a função


administrativa (também denominada de atividade administrativa) é exercida
preponderantemente pelo Poder Executivo, que possui como função típica
(função principal) aplicar a lei de ofício, “provendo de maneira imediata e
concreta às exigências individuais ou coletivas para a satisfação dos interesses
públicos preestabelecidos em lei”. É o que acontece, por exemplo, quando a
Administração Pública está recolhendo o lixo gerado pelos indivíduos ou quando
realiza licitação para aquisição de material de escritório.

1.3.1. Todavia, não é correto afirmar que a função administrativa somente é


exercida pelo Poder Executivo, pois também se manifesta no âmbito do Poder
Legislativo e Poder Judiciário. Ao conceder licença, férias e outros afastamentos
a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente
vinculados (CF/1988, art. 96, I, f), por exemplo, os Tribunais do Poder
Judiciário exercem função administrativa. O mesmo ocorre quando a Câmara
dos Deputados dispõe sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,

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DIREITO ADMINISTRATIVO

transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços


(CF/1988, art. 51, IV).

1.3.2. Enquanto a função administrativa é exercida pela Administração


Pública, a função política é exercida pelo Governo.

1.3.2.1. A função de governo é responsável pelo estabelecimento de metas,


objetivos e diretrizes que devem orientar a atividade administrativa,
apresentando-se como soberana (porque somente se subordina ao texto
constitucional), de comando, coordenação, direção e planejamento.

1.3.2.2. A função política é exercida pelos poderes Executivo e Legislativo,


que, conjuntamente, são responsáveis pela elaboração das políticas públicas e
diretrizes que devem embasar a atuação da Administração Pública
(responsável pela execução das decisões tomadas pelo Governo). O Poder
Judiciário não exerce função de governo, apesar de possuir a prerrogativa de
controlá-la, quando forem violados os limites constitucionais.

2. Fontes do Direito Administrativo

2.1. Fontes primárias (diretas) e secundárias (indiretas)


2.1.1. Fontes primárias ou diretas - As fontes primárias, também denominadas
de diretas ou principais, são aquelas que primeiramente devem pautar as
condutas administrativas, legitimando as atividades exercidas pelas entidades,
agentes e órgãos públicos. Tanto a Constituição Federal como a lei em sentido
estrito constituem fontes primárias do Direito Administrativo.

2.1.1.1. Leis - Em decorrência do princípio da legalidade, a lei é a mais


importante de todas as fontes do direito administrativo, apresentando-se como
o único instrumento hábil a criar obrigações e deveres para a Administração
Pública e para os que com ela se relacionem juridicamente.

No âmbito da expressão “lei” devem ser incluídas as normas constitucionais e


os atos normativos primários previstos no artigo 59 da Constituição Federal
(emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, medidas
provisórias, leis delegadas, decretos legislativos e resoluções),

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DIREITO ADMINISTRATIVO

independentemente do ente estatal responsável pela edição (União, Estados,


Municípios e Distrito Federal).

A Administração Pública deve sempre observar os mandamentos previstos


nesses instrumentos normativos para exercer a atividade administrativa.
Qualquer conduta administrativa exercida sem amparo legal é, no mínimo,
ilegítima, ensejando, assim, a respectiva anulação pela própria Administração
ou pelo Poder Judiciário.

2.1.1.1.1. Tratados e acordos internacionais - Não restam dúvidas de que


os tratados e acordos internacionais, quando versarem sobre matérias afetas à
Administração Pública, também serão fontes do Direito Administrativo.

2.2. Fontes secundárias ou indiretas - As fontes secundárias, também


denominadas de indiretas, são responsáveis por auxiliar o administrador
público no exercício da atividade administrativa, porém, sempre devem ser
subordinar aos ditames da lei.

2.2.1. Jurisprudência - A jurisprudência pode ser definida como o conjunto


reiterado de decisões dos Tribunais, acerca de determinado assunto, no
mesmo sentido. É importante esclarecer que várias decisões monocráticas
(proferidas por juízes singulares de primeira instância, por exemplo) sobre um
mesmo assunto, ainda que proferidas no mesmo sentido, não constituem
jurisprudência. Para que tenhamos a formação de jurisprudência é necessário
que as decisões (várias) tenham sido proferidas por um Tribunal (STF, STJ,
TRF da 1ª Região, TRE/MG etc.).

2.2.1.1. Súmula vinculante - Considerada fonte secundária do direito


administrativo, a jurisprudência não tem força cogente de uma norma criada
pelo legislador, salvo no caso de súmula vinculante, cujo cumprimento é
obrigatório pela administração pública.

Enquanto a jurisprudência é considerada fonte secundária do Direito


Administrativo, a súmula vinculante apresenta-se como fonte primária
(direta ou principal), já que produz efeitos semelhantes ao da lei, obrigando

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DIREITO ADMINISTRATIVO

todos os órgãos inferiores do Poder Judiciário e da Administração Pública


brasileira.

2.2.2. Costumes - O costume pode ser entendido como o conjunto de regras


informais, não escritas, praticado habitualmente no interior da Administração
Pública (requisito objetivo) com a convicção generalizada de que é obrigatório
(requisito subjetivo). Os costumes são considerados fontes do Direito
Administrativo porque, em várias situações, proporcionam o suprimento de
lacunas ou deficiências existentes na legislação administrativa.

Se o costume estiver em desacordo com a legislação vigente (contra legem),


não poderá prevalecer. Sobre os costumes praeter legem (além da lei), ainda
que admitidos em algumas situações especiais com o objetivo de
complementar o sistema normativo, não criam normas impostas
obrigatoriamente aos agentes públicos. Ainda que determinada atividade
administrativa esteja atualmente sendo exercida com base em costume, não
existe a obrigatoriedade de sua manutenção para casos futuros, já que a lei
pode alterá-lo ou vedá-lo a qualquer momento.

2.2.3. Doutrina - A doutrina representa o estudo científico e sistematizado dos


juristas e professores em geral sobre a aplicabilidade e interpretação das
normas administrativas. Tem a função de esclarecer e explicar o correto
conteúdo das leis, bem como influenciar a criação de novas legislações através
de opiniões manifestadas em livros especializados, artigos, pareceres etc.

Trata-se de fonte secundária do Direito Administrativo, bastante utilizada


para suprir omissões ou deficiências legislativas que, não raramente,
apresentam alto grau de complexidade, principalmente se analisadas pelo
cidadão leigo.

2.2.4. Princípios gerais do Direito - Os princípios são postulados


fundamentais universalmente reconhecidos no mundo jurídico, sejam eles
expressos ou implícitos. Também são considerados fontes do Direito
Administrativo, já que servem de fundamento e base para a criação da própria
legislação administrativa, conforme estudaremos no próximo capítulo.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

3. Sistemas administrativos - Em termos gerais, afirma-se que os atos


editados pela Administração Pública podem ser submetidos a dois sistemas
distintos de controle jurisdicional, variando em razão do ordenamento jurídico
sob análise: o contencioso administrativo (também chamado de sistema
francês) e o sistema judiciário ou de jurisdição única (também conhecido como
sistema inglês).

3.1. Sistema do contencioso administrativo ou sistema francês - Como a


própria designação declara, o sistema do contencioso administrativo nasceu na
França, em 1790. À época, logo após a Revolução Francesa, chegou-se à
conclusão de que os órgãos do Poder Judiciário deveriam ser impedidos de
decidir questões que envolvessem a Administração Pública, já que os
magistrados eram nomeados pelo monarca, fato que poderia comprometer a
imparcialidade necessária aos julgamentos. Existia grande receio de que os
magistrados não proferissem decisões que pudessem contrariar os interesses
da Administração Pública.

3.1.1. Nesses termos, a jurisdição foi compartilhada entre o Poder Judiciário


(que ficou responsável pelo julgamento das causas comuns, que não
envolvessem a Administração Pública) e Tribunais Administrativos
(encarregados de solucionar as demandas de interesse da Administração
Pública). Se um indivíduo fosse atropelado por veículo prestador de serviços
públicos, por exemplo, eventual ação de reparação pelos danos sofridos deveria
ser julgada pela jurisdição administrativa. De outro lado, se o atropelamento
fosse ocasionado por veículo particular, a demanda seria analisada pelo Poder
Judiciário.

3.1.2. A principal característica do sistema denominado contencioso


administrativo é a de que os ordenamentos jurídicos que o adotam conferem a
determinadas decisões administrativas a natureza de coisa julgada oponível ao
próprio Poder Judiciário. Em outras palavras, as decisões proferidas pela
jurisdição administrativa não podem ser revistas pelo Poder Judiciário, fazendo
coisa julgada material.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

3.1.3. Na França, o órgão encarregado de decidir, em última instância, as


matérias administrativas que envolvem a Administração Pública francesa é o
Conselho de Estado. Apesar de não integrar a estrutura do Poder Judiciário,
este não poderá rever as decisões proferidas pelo Conselho de Estado, cujas
decisões também são consideradas definitivas.

3.1.4. No Brasil não existem órgãos administrativos dotados de competências


semelhantes às do Conselho de Estado Francês. Aqui, todas as decisões
provenientes dos órgãos e entidades administrativas podem ser revistas pelo
Poder Judiciário, ainda que proferidas por agências reguladoras (ANATEL, ANS,
ANVISA etc.).

3.1.5. Fique atento ao responder às questões de concursos. Classificar um


sistema de controle jurisdicional da administração pública como sistema
contencioso ou sistema de jurisdição única não implica afirmar a exclusividade
da jurisdição comum ou especial, mas a predominância de uma delas. Hely
Lopes Meirelles afirma que mesmo no contencioso administrativo existem certas
demandas de interesse da Administração que ficam sujeitas à justiça comum, a
saber: a) litígios decorrentes de atividades públicas com caráter privado; b)
litígios que envolvam questões de estado e capacidade das pessoas e de
repressão penal; c) litígios que se refiram à propriedade privada.

O sistema do contencioso administrativo não é adotado no Brasil.

3.2. Sistema de jurisdição única (una) ou sistema inglês - Também


conhecido como sistema judicial, impõe que todos os litígios surgidos no âmbito
social, de interesse da Administração Pública ou exclusivamente de
particulares, sejam solucionados pela jurisdição comum (Poder Judiciário).
Trata-se de sistema que possui forte influência inglesa e americana.

No Brasil é adotado o sistema anglo-americano de unidade de jurisdição para o


controle jurisdicional da Administração Pública.

3.2.1. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, XXXV, declara


expressamente que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito”. Assim, mesmo que a Administração Pública tenha

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DIREITO ADMINISTRATIVO

proferido decisão sobre determinada matéria (aplicação de penalidade a


servidor público, imposição de multa a particular, revisão de processo
administrativo etc.), assegura-se àquele que se sentir prejudicado recorrer ao
Poder Judiciário para discutir novamente a questão.

3.2.2. Se o particular é multado por eventual infração de trânsito, por exemplo,


poderá recorrer diretamente à Administração Pública para tentar anulá-la, ou,
se preferir, propor ação judicial com o esse objetivo. Se optar pela primeira
hipótese, ainda que seu recurso administrativo seja indeferido poderá acionar o
Poder Judiciário pleiteando a anulação da decisão administrativa.

3.2.3. Em nosso ordenamento jurídico, apenas o Poder Judiciário possui a


prerrogativa de proferir decisões com força de coisa julgada material (que
não pode ser alterada), por isso se fala em jurisdição única. Nenhuma decisão
proferida pela Administração Pública possui caráter definitivo em relação aos
administrados, que podem ainda provocar o judiciário com o objetivo de alterar
a decisão administrativa que não lhes tenha sido favorável.

3.2.4. Em provas de concursos públicos, fique atento ao se deparar com a


expressão coisa julgada administrativa. Para José dos Santos Carvalho Filho,
“significa tão somente que determinado assunto decidido na via administrativa
não mais poderá sofrer alteração nessa mesma via administrativa, embora
possa sê-lo na via judicial”. Se não é mais cabível recurso na esfera
administrativa para impugnar decisão desfavorável ao administrado, fala-se em
coisa julgada administrativa.

4. Regime jurídico-administrativo - A expressão regime jurídico da


Administração Pública é utilizada para designar, em sentido amplo, os regimes
de direito público e de direito privado a que pode submeter-se a
Administração Pública.

4.1. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 173, caput, preceitua que
ressalvados os casos previstos em seu texto, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos

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DIREITO ADMINISTRATIVO

da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme


definidos em lei.

4.2. Apenas em situações excepcionais o Estado irá explorar atividade


econômica, valendo-se, nessas hipóteses, de empresas públicas e sociedades
de economia mista. Ademais, caso isso ocorra, ficará sujeito ao regime jurídico
de direito privado próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos
direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.

4.3. Nesse caso, o Estado não gozará de prerrogativas especiais em suas


transações com os particulares, pois será estabelecida uma relação jurídica
horizontal. E não poderia ser diferente. Se o Estado está atuando em setor
inicialmente reservado à iniciativa privada, seria injusto que pudesse usufruir de
“vantagens” não outorgadas aos seus concorrentes. Assim, será nivelado aos
particulares.

4.4. As empresas públicas (Caixa Econômica Federal e Correios, por


exemplo) e as sociedades de economia mista (Banco do Brasil, Banco do
Nordeste, Petrobrás etc.), que atuam na exploração de atividades
econômicas, reger-se-ão pelas mesmas regras impostas às demais empresa
que atuam em seus respectivos mercados, isto é, normas de direito privado.

4.5. Lembre-se: o Estado não possui a faculdade de optar pelo regime jurídico
que melhor atenda às suas necessidades. Caso esteja atuando na exploração de
atividade econômica, submeter-se-á obrigatoriamente às regras de direito
privado, nos termos do art. 173, § 1º, II, da CF/1988.

4.6. Entretanto, são frequentes as questões de concursos afirmando que o


regime jurídico a que se sujeitam as empresas públicas e as sociedades de
economia mista é de natureza híbrida, pois, mesmo quando explorando
atividades econômicas, não serão submetidas apenas às regras de direito
privado.

4.7. A afirmação é correta e deriva do fato de que as empresas públicas e


sociedades de economia mista também devem obediência aos princípios
insculpidos no art. 37 da CF/1988 e vários outros preceitos de direito público.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Para contratar seus empregados, por exemplo, estão obrigadas a realizar


concurso público. Antes de contratar serviços, adquirir bens ou realizar obras
devem se submeter às regras licitatórias, nos termos da Lei 8.666/1993.

4.8. Além de submissão às normas de direito privado, as empresas públicas e


sociedades de economia mista também estão obrigadas a observar várias
sujeições impostas pelo direito público, por isso afirmamos que tais entidades
são regidas por regime jurídico híbrido.

4.9. De outro lado, se a entidade pública exerce atividade típica de Estado, a


exemplo do poder de polícia administrativa, segurança pública, atividade
jurisdicional, entre outras, será regida pelas regras do direito público, isto é,
pelo denominado regime jurídico-administrativo.

4.10. Maria Sylvia Zanella Di Pietro conceitua o regime jurídico-administrativo


como “o conjunto das prerrogativas e restrições a que está sujeita a
Administração e que não se encontram nas relações entre particulares”.

4.11. Nesse caso, o Estado se apresentará em situação de superioridade em


relação aos particulares, sendo estabelecida uma relação vertical entre a
Administração Pública e os administrados, fato que lhe outorgará diversas
prerrogativas necessárias à satisfação do interesse público.

4.12. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, as “pedras de toque” do regime


jurídico-administrativo são os princípios da supremacia do interesse púbico
sobre o privado e indisponibilidade, pela Administração, dos interesses
púbicos.

4.13. O princípio da supremacia do interesse púbico sobre o privado


assegura à Administração Pública uma série de prerrogativas, que podem ser
entendidas como “vantagens” ou “privilégios” necessários para se atingir o
interesse da coletividade, estabelecendo uma relação jurídica vertical,
desigual, portanto, em face dos administrados. Compreende, em face da sua
desigualdade, a possibilidade, em favor da Administração, de constituir os
privados em obrigações por meio de ato unilateral daquela. Implica, outrossim,

16
DIREITO ADMINISTRATIVO

muitas vezes, o direito de modificar, também unilateralmente, relações já


estabelecidas.

4.14. Como exemplos dessas prerrogativas (ou vantagens), podemos citar a


existência de cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos,
possibilitando à Administração, por exemplo, alterar ou rescindir
unilateralmente um contrato administrativo; a concessão de prazos
diferenciados nos processos em que for parte no Poder Judiciário (prazo em
dobro para contestar e recorrer – Código de Processo Civil); presunção de
legitimidade e veracidade dos atos administrativos, entre outras.

4.15. Sob uma primeira análise, pode parecer que as prerrogativas


asseguradas à Administração Pública são descabidas, desprovidas de qualquer
razoabilidade, pois colocam o particular em situação jurídica desfavorável.
Todavia, destaca-se que quem exerce “função administrativa” está adstrito a
satisfazer interesses públicos, ou seja, interesses de outrem: a coletividade. Por
isso, o uso das prerrogativas da Administração é legítimo se, quando e na
medida dispensável ao atendimento dos interesses públicos; vale dizer, do
povo, porquanto nos Estados Democráticos o poder emana do povo e em seu
proveito terá de ser exercido.

4.16. A atuação da Administração Pública seria praticamente inviabilizada se,


antes de retirar os moradores de imóvel particular prestes a desabar, por
exemplo, tivesse que propor ação judicial pleiteando autorização para assim
proceder. Até que fosse deferida a autorização judicial, provavelmente, o imóvel
já teria desabado e morrido todos os seus moradores.

4.17. Em razão da supremacia do interesse público, os atos administrativos


gozam do atributo da autoexecutoriedade, portanto, a Administração Pública
não precisa de autorização judicial para executar as suas próprias decisões em
situações de emergência. No exemplo citado, os moradores poderiam ser
retirados do imóvel inclusive com a utilização de força policial, se necessário,
independentemente de autorização judicial.

17
DIREITO ADMINISTRATIVO

4.18. Se o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado


assegura “privilégios” (prerrogativas) para a Administração Pública, de outro
lado, o princípio da indisponibilidade do interesse público impõe
restrições, isto é, sujeições ou limitações à atividade administrativa,
gerando a responsabilização civil, penal e administrativa dos agentes que as
desrespeitarem. Dentre tais restrições, citem-se a observância da finalidade
pública, bem como os princípios da moralidade administrativa e da legalidade, a
obrigatoriedade de dar publicidade aos atos administrativos e, como
decorrência dos mesmos, a sujeição à realização de concursos para seleção de
pessoal e de concorrência pública para a elaboração de acordos com
particulares.

4.19. A obrigatoriedade de licitação para a contratação de serviços, aquisição


de bens ou realização de obras fundamenta-se no interesse público, que
impõe a seleção da proposta mais vantajosa dentre aquelas que foram
apresentadas. Assim, o Prefeito de determinado município não poderá adquirir
1.000 (mil) computadores para os órgãos públicos municipais sem realizar
licitação (essa é a regra). Caso isso ocorra, estará dispondo do interesse
público, que exige licitação.

4.20. Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma que “ao mesmo tempo em que as
prerrogativas colocam a Administração Pública em posição de supremacia
perante o particular, sempre com o objetivo de atingir o benefício da
coletividade, as restrições a que está sujeita limitam a sua atividade a
determinados fins e princípios que, se não observados, implicam desvio de
poder e consequente nulidade dos atos da Administração”.

4.21. O regime jurídico-administrativo deve pautar a elaboração de atos


normativos administrativos, a execução de atos administrativos e, ainda, a sua
respectiva interpretação.

Princípios do Direito Administrativo

18
DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Os princípios são os preceitos básicos, os fundamentos, os pilares sobre os


quais se sustentam o ordenamento jurídico. Correspondem a mandamentos
com maior grau de abstração, já que não especificam ou detalham as condutas
que devem ser seguidas pela Administração Pública e pelos administrados. No
momento de criação da lei, o legislador deve observar os princípios
informadores do Direito, sob pena de criar lei desconexa com o sentimento de
justiça e os valores que norteiam a sociedade. Os princípios básicos da
Administração Pública visam estabelecer um equilíbrio entre os direitos
individuais dos cidadãos e as prerrogativas e poderes da Administração Pública.

1.1. Princípios expressos e implícitos – Os princípios da Administração


Pública que estão elencados no art. 37, caput, da Constituição são chamados de
“expressos” (Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência) e
os demais se denominam “implícitos” ou “reconhecidos”.

1.1.1. Princípios expressos são aqueles taxativamente previstos em uma


norma jurídica de caráter geral, obrigatória para todos os Entes Políticos
(União, Estados, Municípios, e o Distrito Federal), bem como para as entidades
administrativas (autarquias, fundações públicas de direito público, empresas
públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito
privado).

1.1.2. Princípios implícitos ou “reconhecidos” são aqueles que não estão


previstos expressamente em uma norma jurídica de caráter geral. Decorrem do
reconhecimento oriundo de estudos doutrinários e jurisprudenciais, a exemplo
do princípio da razoabilidade. São princípios cujos nomes não irão constar
claramente no texto constitucional ou legal, mas que também determinam,
norteiam, orientam as condutas e os atos praticados pela Administração
Pública.

1.2. Ponderação de princípios - não há hierarquia entre os princípios


administrativos, apesar de vários autores afirmarem que o princípio da
supremacia do interesse público sobre o interesse privado ser uma espécie de
paradigma fundamental do Direito Administrativo. Os princípios devem ser

19
DIREITO ADMINISTRATIVO

interpretados no caso concreto, atribuindo-se lhes maior ou menor peso,


conforme necessário ao equilíbrio entre as garantias fundamentais e a
supremacia dos interesses públicos.

1.3 Funções dos princípios – A Doutrina aponta pelo menos duas funções dos
princípios em nosso ordenamento jurídico:

1.3.1 Função fundamentadora - Que pode ser traduzida como a sustentação


fundamental do ordenamento jurídico. Representarem os pilares, os valores
supremos da sociedade sob os quais devem se erguer todas as outras normas.

1.3.2 Função interpretativa – Os princípios orientam o operador do Direito na


interpretação das normas. Também suplementam a ordem jurídica quando há
lacunas das normas positivadas.

2. Princípios constitucionais expressos

2.1. Princípio da legalidade - o princípio da legalidade pode ser


interpretado sob dois enfoques distintos: em relação aos particulares e em
relação à Administração Pública.

2.1.1. Em relação aos particulares, o princípio da legalidade está consagrado


no inciso II, artigo 5º, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual
"ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude da lei". Isso significa que, em regra, somente uma lei (ato emanado do
Poder Legislativo) pode impor obrigações aos particulares. Segundo o autor
Hely Lopes Meirelles:

“enquanto os indivíduos, no campo privado, podem fazer tudo o que a lei não
veda, o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza”.

2.1.2. Em relação à Administração, o princípio da legalidade assume um


enfoque diferente. Nesse caso, está previsto expressamente no caput, do artigo
37, da Constituição Federal de 1988, significando que a Administração Pública
somente pode agir se existir uma norma legal autorizando. Conforme o autor
Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da legalidade:

20
DIREITO ADMINISTRATIVO

“implica subordinação completa do administrador à lei. Todos os agentes


públicos, desde o que ocupe a cúspide até o mais modesto deles, devem ser
instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades normativas”.

2.1.3. Celso Antônio Bandeira de Mello afirma, ainda, que o princípio da


legalidade (entendido em seu sentido formal – edição de leis em sentido estrito)
pode sofrer constrições (restrições) em função de circunstâncias excepcionais,
mencionadas expressamente no texto constitucional, como no caso da edição
de medidas provisórias, decretação de estado de defesa e, ainda, a decretação
de estado de sítio pelo Presidente da República.

2.2. Princípio da impessoalidade - o princípio da impessoalidade pode ser


analisado sob vários aspectos complementares, a saber: 1º) dever de
tratamento isonômico a todos os administrados; 2º) imputação dos atos
praticados pelos agentes públicos diretamente às pessoas jurídicas em que
atuam, vedada promoção pessoal; 3º) dever de sempre agir com o intuito de
satisfazer o interesse público.

2.2.1. Sob o primeiro aspecto, o princípio da impessoalidade impõe à


Administração Pública a obrigação de conceder tratamento isonômico a todos os
administrados que se encontrarem em idêntica situação jurídica. Assim, fica
vedado o tratamento privilegiado a um ou alguns indivíduos em função de
amizade, parentesco ou troca de favores. Da mesma forma, o princípio também
veda aos administradores que pratiquem atos prejudiciais ao particular em
razão de inimizade ou perseguição política, por exemplo.

2.2.2. Em relação ao segundo aspecto, o princípio da impessoalidade afirma


que os atos praticados pela Administração Pública não podem ser utilizados
para a promoção pessoal de agente público, mandamento expresso na segunda
parte, do § 1º, artigo 37, da Constituição Federal de 1988, assim redigido:

“§ 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos


órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.”

21
DIREITO ADMINISTRATIVO

2.2.3. Sob um terceiro aspecto, o princípio da impessoalidade pode ser


estudado como uma aplicação do princípio da finalidade, pois o objetivo maior
da Administração deve ser sempre a satisfação do interesse público. A
finalidade deve ser observada tanto em sentido amplo quanto em sentido
estrito. Em sentido amplo, a finalidade dos atos editados pela Administração
Pública sempre será a satisfação imediata do interesse público. Em sentido
estrito, é necessário que se observe também a finalidade específica de todo ato
praticado pela Administração, sempre prevista em lei.

2.3. Princípio da moralidade - o princípio da moralidade, também previsto


expressamente no artigo 37, caput, da Constituição Federal de 1988, determina
que os atos e atividades da Administração devem obedecer não só à lei, mas
também à própria moral, pois nem tudo que é legal é honesto. Como
consequência do princípio da moralidade, os agentes públicos devem agir com
honestidade, boa-fé e lealdade, respeitando a isonomia e demais preceitos
éticos.

2.3.1. É válido destacar que a moral administrativa é diferente da moral


comum, pois, conforme o autor francês HAURIOU (pronuncia-se Urriú), a moral
comum é imposta ao homem para a sua conduta externa, enquanto a moral
administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo
as exigências da instituição a que serve e a finalidade de sua ação, que é a
satisfação do interesse público.

2.3.2. Vedação ao nepotismo (Súmula vinculante nº 13 do STF) - com o


intuito de impedir a prática do nepotismo no âmbito da Administração Pública
Brasileira, o Supremo Tribunal Federal, em 29/08/2008, publicou a Súmula
Vinculante nº 13, que assim dispõe:

“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou


por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou,
ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em

22
DIREITO ADMINISTRATIVO

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.”

Analisando-se o texto da citada súmula vinculante, constata-se que estão


impedidos de exercer cargos ou funções de confiança na Administração Pública
os seguintes parentes de autoridades administrativas com poder de nomeação,
além do cônjuge e companheiro:

Parentes em linha reta

GRAU DE Consanguinidade Afinidade


PARENTESCO

1º Pais e filhos Sogro e sogra; genro e nora;


madrasta e padrasto; enteado e
enteada.

2º Avós e netos Avós e netos do cônjuge ou


companheiro

3º Bisavós e bisnetos Bisavós e bisnetos do cônjuge


ou companheiro.

Parentes em linha colateral

GRAU DE Consanguinidade Afinidade


PARENTESCO

1º Não há Não há

2º Irmãos Cunhado e cunhada

3º Tios e sobrinhos Tios e sobrinhos do cônjuge ou


companheiro.

23
DIREITO ADMINISTRATIVO

2.3.2.1. Exceção ao nepotismo: cargos políticos - ao proferir o seu voto no


julgamento do recurso extraordinário nº 579.951-4/RN, o Ministro Carlos Ayres
Britto, do Supremo Tribunal, afirmou que devem ser excluídos da abrangência
da súmula vinculante nº 13 os denominados cargos políticos, a exemplo dos
Ministros, Secretários Estaduais e Secretários municipais. Sendo assim, não há
qualquer ilegitimidade se o Prefeito nomear a sua irmã como Secretária
Municipal de Saúde, desde que atenda aos requisitos exigidos pelo cargo. No
mesmo sentido, é lícita a nomeação do pai do Governador para o cargo político
de Secretário Estadual de Obras.

2.4. Princípio da publicidade - impõe que a Administração Pública conceda


aos seus atos a mais ampla divulgação possível entre os administrados, pois só
assim estes poderão fiscalizar e controlar a legitimidade das condutas
praticadas pelos agentes públicos. Ademais, a publicidade de atos, programas,
obras e serviços dos órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo
ou de orientação social.

2.4.1. Nem toda informação de interesse particular ou de interesse coletivo ou


geral serão disponibilizadas aos interessados, pois foram ressalvadas aquelas
que coloquem em risco a segurança da sociedade e do Estado.

2.4.2. É importante destacar também que a divulgação oficial dos atos


praticados pela Administração ocorre, em regra, mediante publicação no Diário
Oficial, isso em relação à União, aos Estados e ao Distrito Federal. Em relação
aos Municípios, pode ser que algum não possua órgão oficial de publicação de
seus atos (Diário Oficial). Nesse caso, a divulgação poderá ocorrer mediante
afixação do ato na sede do órgão ou entidade que os tenha produzido.

2.4.3. Para as questões de concursos públicos, é importante destacar ainda que


a publicação do ato administrativo em órgão oficial de imprensa não é condição
de sua validade ou forma, mas sim condição de eficácia e moralidade.

2.5. Princípio da eficiência - somente foi introduzido no texto constitucional


em 1998, com a promulgação da Emenda Constitucional nº. 19. Antes disso,
ele era considerado um princípio implícito. O professor Diógenes Gasparini

24
DIREITO ADMINISTRATIVO

informa que esse princípio é conhecido entre os italianos como “dever de boa
administração” e impõe à Administração Pública direta e indireta a obrigação de
realizar suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento.

2.5.1. A administração gerencial, consequência do princípio da eficiência,


relaciona-se com os conceitos de boa administração, flexibilização, controle
finalístico, contrato de gestão, qualidade e cidadão-cliente, voltando-se para as
necessidades da sociedade, enfatizando mais os resultados que os próprios
meios para alcançá-los.

3. Princípios implícitos

3.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse


privado - apesar de não estar previsto de forma expressa no texto
constitucional, o princípio da supremacia do interesse público perante o
interesse privado pode ser encontrado no artigo 2º da Lei 9.784/99. Assim,
como a citada lei é federal, esse princípio somente pode ser considerado
expresso na legislação infraconstitucional para a Administração Pública Federal.

3.1.1. Respaldada pelo princípio da supremacia do interesse público, a


Administração Pública irá atuar com superioridade em relação aos demais
interesses existentes na sociedade. Isso significa que será estabelecida uma
relação jurídica “vertical” entre o particular e a Administração, já que esta se
encontra em situação de superioridade. Apesar de tal supremacia, o interesse
público não se sobrepõe de forma absoluta ao interesse privado, pois o próprio
texto constitucional assegura a necessidade de obediência ao direito adquirido,
ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada (artigo 5º, XXXVI).

3.1.2. É possível concluir que o princípio da supremacia do interesse público


sobre o interesse privado consiste, basicamente, no exercício de prerrogativas
públicas (vantagens) que afastam ou prevalecem sobre os interesses
particulares, em regra.

3.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público - pode ser


estudado sob vários aspectos, mas todos eles estabelecendo restrições e
limitações à disponibilidade do interesse público. São as denominadas sujeições

25
DIREITO ADMINISTRATIVO

administrativas. Como os bens e interesses públicos não pertencem à


Administração nem aos seus agentes, mas sim à coletividade, criam-se
instrumentos (sujeições) que tenham por fim resguardá-los, permitindo-se que
tais bens e interesses sejam apenas gerenciados e conservados pelo Poder
Público.

3.2.1. A obrigatoriedade de realização de licitação e concursos públicos são


exemplos de instrumentos criados com o objetivo de evitar que os agentes
públicos, cujas condutas são imputadas ao Estado, disponham do interesse
público. Com tais sujeições o administrador público fica impedido, por exemplo,
de contratar os “colegas” e “indicados” para exercer funções inerentes a
titulares de cargos de provimento efetivo, sem a realização de concurso público.
A obrigatoriedade de realização de concurso público é uma sujeição, uma
restrição que se impõe à Administração Pública.

3.3. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade - grande parte da


doutrina afirma que os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade são
sinônimos. Outra parte afirma que tais princípios são autônomos, apesar do
fato de a proporcionalidade ser um dos elementos da razoabilidade.

3.3.1. O princípio da razoabilidade está diretamente relacionado ao senso


comum do homem médio, do aceitável, do justo, do mediano. Em respeito a tal
princípio, as condutas administrativas devem pautar-se no bom senso, na
sensatez que guia a atuação do homem mediano, pois, caso contrário, serão
invalidadas. Violará o princípio da razoabilidade, por exemplo, a edição de um
decreto, por Prefeito de um determinado município, que proíba as servidoras de
trabalharem de vestido.

3.3.2. O princípio da razoabilidade, assim como o da proporcionalidade, é


considerado implícito, já que não está previsto em uma norma jurídica de
caráter geral. Entretanto, é válido destacar que ambos os princípios estão
previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99, sendo considerados expressos para a
Administração Pública Federal.

26
DIREITO ADMINISTRATIVO

3.3.3. A professora Lúcia Valle Figueiredo, na tentativa de distinguir a


proporcionalidade da razoabilidade, informa que a proporcionalidade pressupõe
a adequação entre os atos e as necessidades, ou seja, “só se sacrificam
interesses individuais em função dos interesses coletivos, de interesses
primários, na medida da estrita necessidade, não se desbordando que seja
realmente indispensável para a implementação da necessidade pública2”.

3.3.4. O princípio da proporcionalidade também pode ser entendido como


princípio da “proibição de excesso”, já que o fim a que se destina é justamente
limitar as ações administrativas que ultrapassem os limites adequados. Em
outras palavras, significa dizer que tal princípio impõe à Administração Pública a
necessidade de adequação entre meios e fins, sendo vedada a imposição de
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente
necessárias ao atendimento do interesse público (inciso VI, artigo 2º, da Lei
9.784/99).

3.4. Princípio da autotutela - a Administração Pública, no exercício de suas


atividades, frequentemente pratica atos contrários à lei e lesivos aos
particulares (o que não é desejável, claro!). Entretanto, na maioria das vezes, a
ilegalidade somente é detectada pela Administração depois que o ato
administrativo já iniciou a produção de seus efeitos, mediante provocação do
particular.

3.4.1. Apesar de ser comum o fato de o particular provocar a Administração


para informá-la sobre a prática de um ato ilegal, exigindo a decretação de sua
nulidade, tal revisão também pode ser efetuada de ofício, pela própria
Administração, independentemente de provocação.

3.4.2. A possibilidade de a Administração controlar a legalidade de seus


próprios atos não afasta a atuação do Poder Judiciário. Caso a Administração se
depare com uma situação de ilegalidade e não adote as providências cabíveis,
poderá o particular ingressar com uma ação judicial para pleitear a anulação da
situação de ilegalidade, se for de seu interesse.

2
FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2008.

27
DIREITO ADMINISTRATIVO

3.4.3. Não são somente os atos ilegais que podem ser revistos pela
Administração, mas também os atos legais, quando forem inoportunos e
inconvenientes. Neste último caso, o ato está em perfeita conformidade com a
lei, mas a Administração decide revogá-lo, pois a sua manutenção não atende
mais ao interesse público.

3.4.4. Sobre o princípio da autotutela, é imprescindível que você memorize o


inteiro teor da súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, pois é muito cobrada
em provas: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.

3.5. Princípio da tutela ou controle - também conhecido como “princípio do


controle”, permite à Administração Pública Direta (União, Estados, Municípios e
Distrito Federal) controlar a legalidade dos atos praticados pelas entidades
integrantes da Administração Pública Indireta (autarquias, fundações públicas,
sociedades de economia mista e empresas públicas).

Distinção entre os princípios da autotutela e da tutela

PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA PRINCÍPIO DA TUTELA


A autotutela, uma decorrência do Também conhecido como “princípio do
princípio constitucional da legalidade, écontrole”, permite à Administração
o controle que a administração exerce Pública Direta (União, Estados,
sobre os seus próprios atos, o que lhe Municípios e Distrito Federal) controlar
confere a prerrogativa de anulá-los ou a legalidade dos atos praticados pelas
revogá-los, sem necessidade deentidades integrantes da
intervenção do Poder Judiciário. Administração Pública Indireta
(autarquias, fundações públicas,
sociedades de economia mista e
empresas públicas).
Permite o controle (revogação ∕ Não possui fundamento hierárquico, já
anulação) da Administração Pública que não há subordinação entre a
sobre todos os atos editados, sejam eles entidade controladora (Administração
discricionários ou vinculados. Direta) e a controlada (Administração
Indireta).

28
DIREITO ADMINISTRATIVO

3.6. Princípio da segurança jurídica - conforme nos informa a professora


Maria Sylvia Zanella Di Pietro, é muito comum, na esfera administrativa, haver
mudança de interpretação de determinadas normas legais, com a consequente
mudança de orientação, em caráter normativo, afetando situações já
reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação anterior. Essa
possibilidade de mudança de orientação é inevitável, porém, gera uma grande
insegurança jurídica, pois os interessados nunca sabem quando a sua situação
será passível de contestação pela própria Administração Pública.

Daí a regra que proíbe a aplicação retroativa de nova interpretação, prevista no


artigo 2º, XIII, da Lei 9.784/99:

Art. 2º, parágrafo único: Nos processos administrativos, serão observados,


entre outros, os critérios de:

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o


atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação.

Desse modo, a nova interpretação somente poderá ser aplicada a casos futuros,
não prejudicando situações que já estavam consolidadas com base na
interpretação anterior.

3.6.1 Princípio da proteção à confiança - pode-se dizer que o princípio da


boa-fé deve estar presente do lado da Administração e do lado do administrado.
Ambos devem agir com lealdade, com correção. O princípio da proteção à
confiança protege a boa-fé do administrado; por outras palavras, a confiança
que se protege é aquela que o particular deposita na Administração Pública. O
particular confia em que a conduta da Administração esteja correta, de acordo
com a lei e com o direito. É o que ocorre, por exemplo, quando se mantêm atos
ilegais ou se regulam os efeitos pretéritos de atos inválidos.

3.7. Princípio da continuidade dos serviços públicos – o princípio em


estudo declara que o serviço público deve ser prestado de maneira contínua, o
que significa dizer que, em regra, não é passível de interrupção, em virtude de
sua alta relevância para toda a coletividade. Podemos citar como exemplo de

29
DIREITO ADMINISTRATIVO

serviços públicos que não podem ser interrompidos a segurança pública, os


serviços de saúde, transporte, abastecimento de água, entre outros.

3.7.1. Apesar da obrigatoriedade de prestação contínua, é válido ressaltar que


os serviços públicos podem sofrer paralisações ou suspensões, conforme
previsto no § 3º, artigo 6º, da Lei 8.987/1995, em situações excepcionais:

§ 3º. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em


situação de emergência ou após prévio aviso, quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,

II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

3.8. Princípio da motivação - impõe à Administração Pública a obrigação de


apresentar as razões de fato (o acontecimento, a circunstância real) e as razões
de direito (o dispositivo legal) que a levaram a praticar determinado ato.

3.8.1. Para que o administrado ou mesmo os agentes públicos (nos casos em


que estiverem respondendo a um processo administrativo, por exemplo)
possam contestar ou defender-se dos atos administrativos praticados pela
Administração, é necessário que tenham pleno conhecimento de seu conteúdo.
Sendo assim, no momento de motivar o ato, o administrador não pode limitar-
se a indicar o dispositivo legal que serviu de base para a sua edição. É
essencial ainda que o administrador apresente, detalhadamente, todo o
caminho que percorreu para chegar a tal conclusão, bem como o objetivo que
deseja alcançar com a prática do ato. Agindo dessa maneira, o administrador
estará permitindo que os interessados possam exercer um controle efetivo
sobre o ato praticado, que deve respeitar as diretrizes do Estado Democrático
de Direito, o princípio da legalidade, da razoabilidade, proporcionalidade, do
devido processo legal, entre outros.

3.8.2. Embora renomados professores como Diógenes Gasparini e Maria Sylvia


Zanella Di Pietro, por exemplo, entendam que todos os atos administrativos
devam ser motivados, sejam eles vinculados ou discricionários, é válido
destacar que existe uma exceção muito cobrada em concursos públicos: a

30
DIREITO ADMINISTRATIVO

nomeação e exoneração de servidores ocupantes de cargos em comissão


(cargos de confiança).

3.9. Princípio da especialidade - ao criar ou autorizar a criação de uma


entidade administrativa, a lei estabelece previamente a sua área de atuação (a
sua finalidade), isto é, a sua especialidade. Sendo assim, como a capacidade
específica da entidade administrativa foi determinada por lei, somente esta
pode alterá-la. Caso os administradores decidam alterar, por conta própria, a
especialidade da entidade administrativa na qual atuam, poderão ser
responsabilizados nos termos da lei.

31
DIREITO ADMINISTRATIVO

b. Mapas mentais

PRINCÍPIOS EXPRESSOS

Legalidade em
• "agir
sentido
formal
autorizado
por lei"

• agir em
Legalidade em
sentido
conformidade
material com o Direito
= legitimidade

• "o cidadão
não se
confunde com pode fazer
a Legalidade
comum tudo que não
é proibido"

=
• Ex: concurso
IGUALDADE público,
/ ISONOMIA
licitação

• proibição de
VEDAÇÃO
DE uso privado da
PROVEITO
PESSOAL
máquina
pública

• vedação de
= INTERESSE
PÚBLICO desvio de
finalidade

32
DIREITO ADMINISTRATIVO

• probidade,
CONDUTA
ÉTICA honestidade,
boa-fé

VEDAÇÃO
• Súmula
DE Vinculante n.
NEPOTISMO
13 do STF

EXTRAÍDO
• Não se
DOS confunde com
COSTUMES
a Legalidade

TRANSPA- • divulgação dos atos


RÊNCIA da Administração

• permite o
CONTROLE controle da
Administração

• garantia da
privacidade,
SIGILO segurança,
informações
estratégicas

33
DIREITO ADMINISTRATIVO

RESULTA • METAS DE
DOS DESEMPENH0

ADMIN. • BOA
GERENCIAL ADMINISTRAÇÃO

• EQUILÍBRIO
ECONOMI-
CIDADE ENTRE CUSTO E
BENEFÍCIO

SUPREMA-
CIA DO
INTERESSE
PUBLICO

INDISPONI-
BILIDADE

RAZOABILI-
DADE

MOTIVAÇÃO

34
DIREITO ADMINISTRATIVO

35
DIREITO ADMINISTRATIVO

c. Revisão 1

QUESTÃO 01. CESPE - Professor da Educação Básica - SEDF – 2017

A respeito dos princípios da administração pública e da organização


administrativa, julgue o item a seguir.

Se uma autoridade pública, ao dar publicidade a determinado programa de


governo, fizer constar seu nome de modo a caracterizar promoção pessoal,
então, nesse caso, haverá, pela autoridade, violação de preceito relacionado ao
princípio da impessoalidade.

QUESTÃO 02 – CESPE – Nível Médio – SEDF – 2017

Em relação aos princípios da administração pública e à organização


administrativa, julgue o item que se segue.

O administrador, quando gere a coisa pública conforme o que na lei estiver


determinado, ciente de que desempenha o papel de mero gestor de coisa que
não é sua, observa o princípio da indisponibilidade do interesse público.

QUESTÃO 03 – CESPE - Auditor de Controle Externo – TCE/PA – 2016

Acerca dos servidores públicos, dos poderes da administração pública e do


regime jurídico-administrativo, julgue o item que se segue.

A supremacia do interesse público sobre o interesse particular, embora consista


em um princípio implícito na Constituição Federal de 1988, possui a mesma
força dos princípios que estão explícitos no referido texto, como o princípio da
moralidade e o princípio da legalidade.

36
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 04 – CESPE - Auditor de Controle Externo – TCE/PA – 2016

Acerca de função administrativa e atos administrativos, julgue o item a seguir.

Em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público, o Estado


somente poderá exercer sua função administrativa sob o regime de direito
público.

QUESTÃO 05 – CESPE – Escrivão de Polícia Civil – PC/PE – 2016

Julgue o item a seguir:

A possibilidade que tem a administração pública de, nos termos da lei,


constituir terceiros em obrigações mediante atos unilaterais constitui aplicação
do princípio da supremacia do interesse público.

QUESTÃO 06 – CESPE - Auditor – FUB – 2015

No que concerne ao regime jurídico-administrativo, julgue o item


subsequente.

A proteção da confiança, desdobramento do princípio da segurança jurídica,


impede a administração de adotar posturas manifestadamente contraditórias,
ou seja, externando posicionamento em determinado sentido, para, em
seguida, ignorá-lo, frustrando a expectativa dos cidadãos de boa-fé.

QUESTÃO 07 – CESPE - Auditor – FUB – 2015

O princípio da segurança jurídica não se sobrepõe ao da legalidade, devendo os


atos administrativos praticados em violação à lei, em todo caso, ser anulados, a
qualquer tempo.

37
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 08 – CESPE – Assistente em administração – FUB – 2015

A administração pública é regida por princípios fundamentais que atingem todos


os entes da Federação: União, estados, municípios e o Distrito Federal. Com
relação a esse assunto, julgue o item subsecutivo.

A pretexto de atuar eficientemente, é possível que a administração pratique


atos não previstos na legislação.

QUESTÃO 09 – CESPE – Assistente em administração – FUB – 2015

O princípio da legalidade limita a atuação do Estado à legislação existente.

QUESTÃO 10 – CESPE – Assistente em administração – FUB – 2015

De acordo com o princípio da moralidade, os agentes públicos devem atuar de


forma neutra, sendo proibida a atuação pautada pela promoção pessoal.

38
DIREITO ADMINISTRATIVO

d. Revisão 2

QUESTÃO 11 – CESPE – Assistente em administração – FUB – 2015

Apesar de o princípio da moralidade exigir que os atos da administração pública


sejam de ampla divulgação, veda-se a publicidade de atos que violem a vida
privada do cidadão.

QUESTÃO 12 – CESPE – Assistente em administração – FUB – 2015

Na hierarquia dos princípios da administração pública, o mais importante é o


princípio da legalidade, o primeiro a ser citado na CF.

QUESTÃO 13 – CESPE – Técnico – MPU – 2015

O servidor responsável pela segurança da portaria de um órgão público


desentendeu-se com a autoridade superior desse órgão. Para se vingar do
servidor, a autoridade determinou que, a partir daquele dia, ele anotasse os
dados completos de todas as pessoas que entrassem e saíssem do imóvel.

Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue.

O ato praticado pela autoridade superior, como todos os atos da administração


pública, está submetido ao princípio da moralidade, entretanto, considerações
de cunho ético não são suficientes para invalidar ato que tenha sido praticado
de acordo com o princípio da legalidade.

QUESTÃO 14 - CESPE/Nível Superior – FUB/2015

Com base no que dispõem a Lei n.º 9.784/1999, o Estatuto e o Regimento


Geral da UnB, julgue os itens que se seguem.

Como decorrência dos princípios da legalidade e da segurança jurídica, é


correto afirmar que os processos administrativos regidos pela Lei n.º
9.784/1999 devem, em regra, guardar estrita correspondência com as formas
estabelecidas para cada espécie processual, podendo a lei, em determinadas
hipóteses, dispensar essa exigência.

39
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 15 – CESPE - Técnico Judiciário – TRE/GO – 2015

No que se refere ao regime jurídico-administrativo brasileiro e aos princípios


regentes da administração pública, julgue o próximo item.

Por força do princípio da legalidade, o administrador público tem sua atuação


limitada ao que estabelece a lei, aspecto que o difere do particular, a quem
tudo se permite se não houver proibição legal.

QUESTÃO 16 – CESPE - Técnico Judiciário – TRE/GO – 2015

Em decorrência do princípio da impessoalidade, previsto expressamente na


Constituição Federal, a administração pública deve agir sem discriminações, de
modo a atender a todos os administrados e não a certos membros em
detrimento de outros.

QUESTÃO 17 – CESPE - Técnico Judiciário – TRE/GO – 2015


O princípio da eficiência está previsto no texto constitucional de forma explícita.

QUESTÃO 18 – CESPE - Técnico Judiciário – TRE/GO – 2015


O regime jurídico-administrativo brasileiro está fundamentado em dois
princípios dos quais todos os demais decorrem, a saber: o princípio da
supremacia do interesse público sobre o privado e o princípio da
indisponibilidade do interesse público.

QUESTÃO 19 – CESPE – Técnico Federal de Controle Externo –


TCU/2015 Se for imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, será
permitido o sigilo dos atos administrativos.

40
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 20 – CESPE - Analista Judiciário – Direito – TJ/SE – 2014

No que se refere aos princípios que regem a administração pública, julgue o


seguinte item.

Em consonância com os princípios constitucionais da impessoalidade e da


moralidade, o STF, por meio da Súmula Vinculante n.º 13, considerou proibida
a prática de nepotismo na administração pública, inclusive a efetuada mediante
designações recíprocas — nepotismo cruzado.

41
DIREITO ADMINISTRATIVO

e. Revisão 3

QUESTÃO 21 – CESPE – Juiz de Direito Substituto – TJ-DFT/2014 -


Adaptada

Considerando a relevância dos princípios do direito administrativo para


atividade de administrador público, julgue os itens seguintes:

Estando o administrador diante de ato administrativo viciado, o princípio da


segurança jurídica lhe confere a opção, observado o critério de conveniência e
oportunidade, de convalidar o ato se o vício for sanável, reconhecer a sua
estabilização pelo decurso do tempo, modular os efeitos da anulação ou, ainda,
invalidar o ato, com efeitos ex tunc.

QUESTÃO 22 – CESPE – Juiz de Direito Substituto – TJ-DFT/2014 -


Adaptada

O princípio da supremacia do interesse público vem sendo questionado pela


doutrina, em especial, após a CF, que estabeleceu o Estado democrático de
direito e assegurou direitos e garantias individuais acima dos interesses do
Estado, não existindo, por outro lado, norma constitucional que respalde a
permanência de tal princípio no ordenamento jurídico.

QUESTÃO 23 – CESPE – Juiz de Direito Substituto – TJ-DFT/2014 -


Adaptada

O princípio da eficiência funciona como diretriz a ser seguida pelo


administrador, mas não pode ser utilizado como parâmetro de controle externo
pelo tribunal de contas para fins de verificação de regularidade dos atos e
contratos celebrados pelos administradores públicos.

42
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 24 – CESPE – Juiz de Direito Substituto – TJ-DFT/2014 -


Adaptada

A violação de princípios da administração pública, tais como da moralidade, da


impessoalidade e da eficiência, caracteriza ato de improbidade administrativa,
desde que comprovado o dolo, ainda que genérico, do agente.

QUESTÃO 25 – CESPE – Juiz de Direito Substituto – TJ-DFT/2014 -


Adaptada

Na esfera de atuação do poder de polícia, não pode a administração pública


efetuar a demolição de obra irregular de forma sumária, sem observar os
princípios do contraditório e da ampla defesa, devendo haver a oitiva prévia do
interessado.

QUESTÃO 26 – CESPE – Técnico - ANTAQ/2014

Com relação à administração pública e seus princípios fundamentais, julgue os


próximos itens.

O princípio da publicidade está relacionado à exigência de ampla divulgação dos


atos administrativos e de transparência da administração pública, condições
asseguradas, sem exceção, ao cidadão.

QUESTÃO 27 – CESPE/ Titular de Serviços de Notas e de Registros - TJ-


SE/2014 – Adaptada

Considerando os conceitos do direito administrativo e os princípios do regime


jurídico-administrativo, julgue o item seguinte:

São fontes primárias do direito administrativo os regulamentos, a doutrina e os


costumes.

43
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 28 – CESPE/ Titular de Serviços de Notas e de Registros - TJ-


SE/2014 – Adaptada

O princípio da proteção à confiança legitima a possibilidade de manutenção de


atos administrativos inválidos.

QUESTÃO 29 – CESPE/ Titular de Serviços de Notas e de Registros - TJ-


SE/2014 – Adaptada

Consoante o critério da administração pública, o direito administrativo é o ramo


do direito que tem por objeto as atividades desenvolvidas para a consecução
dos fins estatais, excluídas a legislação e a jurisdição.

QUESTÃO 30 – CESPE/ Titular de Serviços de Notas e de Registros - TJ-


SE/2014 – Adaptada

Adotando-se o critério do serviço público, define-se direito administrativo como


o conjunto de princípios jurídicos que disciplinam a organização e a atividade do
Poder Executivo e de órgãos descentralizados, além das atividades tipicamente
administrativas exercidas pelos outros poderes.

44
DIREITO ADMINISTRATIVO

f. Normas

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

Art. 37, § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas


dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. (princípio da
impessoalidade)

LEI FEDERAL N. 9.784/99

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da


legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros,


os critérios de:

I - atuação conforme a lei e o Direito; LEGALIDADE

II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de


poderes ou competências, salvo autorização em lei; INDISPONIBILIDADE

III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção


pessoal de agentes ou autoridades; IMPESSOALIDADE

IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;


MORALIDADE

45
DIREITO ADMINISTRATIVO

V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de


sigilo previstas na Constituição; PUBLICIDADE

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações,


restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao
atendimento do interesse público; RAZOABILIDADE / PROPORCIONALIDADE

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a


decisão; MOTIVAÇÃO

VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos


administrados; DEVIDO PROCESSO LEGAL

IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de


certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; FORMALISMO
MODERADO OU INFORMALISMO

X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à


produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam
resultar sanções e nas situações de litígio; AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO

XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas


em lei; GRATUIDADE

XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação


dos interessados; OFICIALIDADE

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o


atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação. SEGURANÇA JURÍDICA

.................................

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

46
DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de


pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato


administrativo.

§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em


declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do
ato.

§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio


mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não
prejudique direito ou garantia dos interessados.

§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões


orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.

....................................

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de
vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que


decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados
da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. CONVALIDAÇÃO
TEMPORAL – DECORRE DA SEGURANÇA JURÍDICA

§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-


se-á da percepção do primeiro pagamento.

§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade


administrativa que importe impugnação à validade do ato.

47
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse


público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
poderão ser convalidados pela própria Administração. CONVALIDAÇÃO, PELA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DE ATOS ADMINISTRATIVOS ANULÁVEIS.

SÚMULA 473 – STF - PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA

“A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”

SÚMULA VINCULANTE N. 13 – STF PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE NEPOTISMO

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou


por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou,
ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.

48
DIREITO ADMINISTRATIVO

g. GABARITO

1 2 3 4 5

C C C E C

6 7 8 9 10

C E E C E

11 12 13 14 15

E E E E C

16 17 18 19 20

C C C C C

21 22 23 24 25

E E E C E

26 27 28 29 30

E E C E E

49
DIREITO ADMINISTRATIVO

h. Questões comentadas

QUESTÃO 01. CESPE - Professor da Educação Básica - SEDF – 2017

A respeito dos princípios da administração pública e da organização


administrativa, julgue o item a seguir.

Se uma autoridade pública, ao dar publicidade a determinado programa de


governo, fizer constar seu nome de modo a caracterizar promoção pessoal,
então, nesse caso, haverá, pela autoridade, violação de preceito relacionado ao
princípio da impessoalidade.

Comentários

A CF/1988, em seu art. 37, § 1º, dispõe que “a publicidade dos atos,
programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos”.

Ao realizar a divulgação dos atos, programas, obras e serviços executados pela


Administração Pública, o gestor público não pode se valer da oportunidade
para promover o seu nome ou imagem perante a sociedade, apresentando-
se como se fosse o único responsável pelos feitos administrativos. Também não
pode ser aproveitar do fato de exercer função pública (o que lhe garante
respeito e prestígio perante outras autoridades) para atribuir o seu nome ou de
parentes vivos a bens públicos. Assertiva correta.

QUESTÃO 02 – CESPE – Nível Médio – SEDF – 2017

Em relação aos princípios da administração pública e à organização


administrativa, julgue o item que se segue.

50
DIREITO ADMINISTRATIVO

O administrador, quando gere a coisa pública conforme o que na lei estiver


determinado, ciente de que desempenha o papel de mero gestor de coisa que
não é sua, observa o princípio da indisponibilidade do interesse público.

Comentários

De acordo com o princípio da indisponibilidade do interesse público, os bens e


interesses públicos não pertencem ao administrador, cabe aos agentes
administrativos apenas geri-los e conservá-los em prol da coletividade.

Para evitar que abram mão do interesse público para beneficiarem a si próprios
ou a terceiros, os agentes públicos estão obrigados a observar diversas
restrições (também denominadas de sujeições) impostas pelo princípio da
indisponibilidade. Como atuam apenas como administradores dos bens e
interesses comuns (considerados inalienáveis), não podem praticar atos sem
que exista autorização legal, principalmente se onerosos à coletividade.
Assertiva correta.

QUESTÃO 03 – CESPE - Auditor de Controle Externo – TCE/PA – 2016

Acerca dos servidores públicos, dos poderes da administração pública e do


regime jurídico-administrativo, julgue o item que se segue.

A supremacia do interesse público sobre o interesse particular, embora consista


em um princípio implícito na Constituição Federal de 1988, possui a mesma
força dos princípios que estão explícitos no referido texto, como o princípio da
moralidade e o princípio da legalidade.

Comentários

Os princípios da Administração Pública se aplicam, em igual medida e de


acordo com as ponderações determinadas pela situação concreta, a todas as
entidades integrantes da Administração direta e indireta.

51
DIREITO ADMINISTRATIVO

Não há hierarquia entre princípios, apesar de ser comum em provas de


concursos questões afirmando que o princípio da supremacia do interesse
público sobre o privado é superior aos demais (assertivas incorretas,
obviamente!). Também costumam fazem essa afirmação em relação ao
princípio da legalidade e ao princípio da moralidade, o que não é verdade, os
princípios (implícitos ou explícitos na CF) possuem a mesma força.
Assertiva correta.

QUESTÃO 04 – CESPE - Auditor de Controle Externo – TCE/PA – 2016

Acerca de função administrativa e atos administrativos, julgue o item a seguir.

Em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público, o Estado


somente poderá exercer sua função administrativa sob o regime de direito
público.

Comentários

De acordo com o princípio da indisponibilidade do interesse público, os bens e


interesses públicos não pertencem ao administrador, cabendo aos
agentes administrativos apenas geri-los e conservá-los em prol da
coletividade.

Esse princípio não exige que o Estado só possa exercer sua função
administrativa sob o regime de direito público. Tanto é verdade que em
diversas situações o Estado deve exercer a sua função administrativa sob
o regime de direito privado, sem que isso signifique agressão ao princípio da
indisponibilidade do interesse público, a exemplo do que ocorre nas atividades
exercidas pelas empresas públicas e sociedades de economia mista. Assertiva
incorreta.

52
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 05 – CESPE – Escrivão de Polícia Civil – PC/PE – 2016

Julgue o item a seguir:

A possibilidade que tem a administração pública de, nos termos da lei,


constituir terceiros em obrigações mediante atos unilaterais constitui aplicação
do princípio da supremacia do interesse público.

Comentários

O princípio da supremacia do interesse púbico sobre o privado assegura


à Administração Pública uma série de prerrogativas, que podem ser
entendidas como “vantagens” ou “privilégios” necessários para se atingir o
interesse da coletividade, estabelecendo uma relação jurídica vertical, desigual,
portanto, em face dos administrados. Compreende, em face da sua
desigualdade, a possibilidade, em favor da Administração, de constituir
os privados em obrigações por meio de ato unilateral daquela. Implica,
outrossim, muitas vezes, o direito de modificar, também unilateralmente,
relações já estabelecidas.

Como exemplo dessa prerrogativa podemos citar a existência de cláusulas


exorbitantes nos contratos administrativos, possibilitando à Administração, por
exemplo, alterar ou rescindir unilateralmente um contrato
administrativo. Assertiva correta.

QUESTÃO 06 – CESPE - Auditor – FUB – 2015

No que concerne ao regime jurídico-administrativo, julgue o item


subsequente.

A proteção da confiança, desdobramento do princípio da segurança jurídica,


impede a administração de adotar posturas manifestadamente contraditórias,
ou seja, externando posicionamento em determinado sentido, para, em
seguida, ignorá-lo, frustrando a expectativa dos cidadãos de boa-fé.

53
DIREITO ADMINISTRATIVO

Comentários

O princípio da proteção à confiança não possui previsão expressa no


ordenamento jurídico brasileiro. Para a doutrina majoritária, trata-se de
princípio que corresponde ao aspecto subjetivo da segurança jurídica. A
atividade administrativa deve ser pautada na estabilidade e previsibilidade,
prestigiando-se a confiança depositada pelo administrado de boa-fé e que o
levou a usufruir dos direitos concedidos pelo respectivo ato. Assim, não deve
ser surpreendido e prejudicado futuramente por eventual decisão administrativa
de extinção de seus efeitos sob a alegação de equivocada ou má interpretação
da legislação vigente. Assertiva correta.

QUESTÃO 07 – CESPE - Auditor – FUB – 2015

O princípio da segurança jurídica não se sobrepõe ao da legalidade, devendo os


atos administrativos praticados em violação à lei, em todo caso, ser anulados, a
qualquer tempo.

Comentários

Não há hierarquia entre princípios, apesar de ser muito comum em provas de


concursos questões afirmando que o princípio da supremacia do interesse
público sobre o privado é superior aos demais (assertivas incorretas,
obviamente!). Também costumam fazem essa afirmação em relação ao
princípio da legalidade e ao da segurança jurídica, o que não é verdade.

Ademais, deve ficar claro que nem todo ato administrativo contrário à lei deve
ser anulado. Caso o vício de ilegalidade esteja presente nos requisitos forma
ou competência, admitir-se-á a convalidação em alguns casos (quando não se
tratar de competência exclusiva, por exemplo). Assertiva incorreta.

54
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 08 – CESPE – Assistente em administração – FUB – 2015

A administração pública é regida por princípios fundamentais que atingem todos


os entes da Federação: União, estados, municípios e o Distrito Federal. Com
relação a esse assunto, julgue o item subsecutivo.

A pretexto de atuar eficientemente, é possível que a administração pratique


atos não previstos na legislação.

Comentários

A busca pela eficiência, princípio previsto expressamente no art. 37, caput, da


CF, não pode servir de pretexto para que a Administração Pública pratique atos
não previstos na legislação. O administrador somente pode agir quando
autorizado pela lei ou quando houver determinação legal. Assertiva
incorreta.

QUESTÃO 09 – CESPE – Assistente em administração – FUB – 2015

O princípio da legalidade limita a atuação do Estado à legislação existente.

Comentários

Por força do princípio da legalidade, o administrador público tem sua atuação


limitada ao que estabelece a lei, aspecto que o difere do particular, a quem
tudo se permite se não houver proibição legal.

Todavia, penso que a questão é passível de recurso, pois, pela forma que o
enunciado foi apresentado, excluiu-se a necessidade de observância aos
princípios administrativos. Assertiva correta.

55
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 10 – CESPE – Assistente em administração – FUB – 2015

De acordo com o princípio da moralidade, os agentes públicos devem atuar de


forma neutra, sendo proibida a atuação pautada pela promoção pessoal.

Comentários

É o princípio da impessoalidade que impõe que o agente público atue de forma


neutra, deixando de privilegiar os amigos ou prejudicar os inimigos. Ademais,
impõe que os cargos ou atividades administrativas não sejam utilizados para a
promoção pessoal do agente. Assertiva incorreta.

QUESTÃO 11 – CESPE – Assistente em administração – FUB – 2015

Apesar de o princípio da moralidade exigir que os atos da administração pública


sejam de ampla divulgação, veda-se a publicidade de atos que violem a vida
privada do cidadão.

Comentários
É o princípio da publicidade que impõe que a Administração Pública conceda aos
seus atos a mais ampla divulgação possível entre os administrados, pois só
assim estes poderão fiscalizar e controlar a legitimidade das condutas
praticadas pelos agentes públicos. Assertiva incorreta.

QUESTÃO 12 – CESPE – Assistente em administração – FUB – 2015

Na hierarquia dos princípios da administração pública, o mais importante é o


princípio da legalidade, o primeiro a ser citado na CF.

Comentários
Não há hierarquia entre princípios, apesar de ser muito comum em provas de
concursos questões afirmando que o princípio da supremacia do interesse
público sobre o privado é superior aos demais (assertivas incorretas,
obviamente!). Também costumam fazem essa afirmação em relação ao
princípio da legalidade, o que não é verdade. Assertiva incorreta.

56
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 13 – CESPE – Técnico – MPU – 2015

O servidor responsável pela segurança da portaria de um órgão público


desentendeu-se com a autoridade superior desse órgão. Para se vingar do
servidor, a autoridade determinou que, a partir daquele dia, ele anotasse os
dados completos de todas as pessoas que entrassem e saíssem do imóvel.

Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue.

O ato praticado pela autoridade superior, como todos os atos da administração


pública, está submetido ao princípio da moralidade, entretanto, considerações
de cunho ético não são suficientes para invalidar ato que tenha sido praticado
de acordo com o princípio da legalidade.

Comentários

Nem tudo que é legal é moral. Assim, atos praticados em conformidade com a
legislação vigente podem ser posteriormente anulados, caso fique demonstrada
expressa violação ao princípio da moralidade. Assertiva incorreta.

QUESTÃO 14 - CESPE/Nível Superior – FUB/2015

Com base no que dispõem a Lei n.º 9.784/1999, o Estatuto e o Regimento


Geral da UnB, julgue os itens que se seguem.

Como decorrência dos princípios da legalidade e da segurança jurídica, é


correto afirmar que os processos administrativos regidos pela Lei n.º
9.784/1999 devem, em regra, guardar estrita correspondência com as formas
estabelecidas para cada espécie processual, podendo a lei, em determinadas
hipóteses, dispensar essa exigência.

57
DIREITO ADMINISTRATIVO

Comentários

A Lei 9.784/99, em seu art. 22, dispõe que “os atos do processo administrativo
não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a
exigir”. Sendo assim, pode-se concluir que existe uma regra e a exceção. A
regra é a de que os atos do processo administrativo não dependem de forma
determinada, consequência do princípio do informalismo. Todavia, em
caráter excepcional, deve ficar claro que pode ocorrer de a lei estabelecer uma
forma específica para a realização dos respectivos atos.

Perceba que o enunciado simplesmente inverteu as informações contidas no


art. 22 da Lei 9.784/1999, portanto, deve ser considerado incorreto.

QUESTÃO 15 – CESPE - Técnico Judiciário – TRE/GO – 2015

No que se refere ao regime jurídico-administrativo brasileiro e aos princípios


regentes da administração pública, julgue o próximo item.

Por força do princípio da legalidade, o administrador público tem sua atuação


limitada ao que estabelece a lei, aspecto que o difere do particular, a quem
tudo se permite se não houver proibição legal.

Comentários

Segundo Hely Lopes Meirelles, “enquanto os indivíduos, no campo privado,


podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador público só pode
atuar onde a lei autoriza”. Assertiva correta.

QUESTÃO 16 – CESPE - Técnico Judiciário – TRE/GO – 2015

Em decorrência do princípio da impessoalidade, previsto expressamente na


Constituição Federal, a administração pública deve agir sem discriminações, de
modo a atender a todos os administrados e não a certos membros em
detrimento de outros.

58
DIREITO ADMINISTRATIVO

Comentários
O princípio da impessoalidade impõe à Administração Pública a obrigação de
conceder tratamento isonômico a todos os administrados que se
encontrarem em idêntica situação jurídica. Assim, fica vedado o tratamento
privilegiado a um ou alguns indivíduos em função de amizade, parentesco ou
troca de favores. Da mesma forma, o princípio também veda aos
administradores que pratiquem atos prejudiciais ao particular em razão de
inimizade ou perseguição política, por exemplo. Assertiva correta.

QUESTÃO 17 – CESPE - Técnico Judiciário – TRE/GO – 2015


O princípio da eficiência está previsto no texto constitucional de forma explícita.

Comentários
O princípio da eficiência somente foi introduzido no texto constitucional em
1998, com a promulgação da Emenda Constitucional nº. 19. Antes disso, ele
era considerado um princípio implícito, porém, atualmente consta na
CF/1988 de forma explícita. Assertiva correta.

QUESTÃO 18 – CESPE - Técnico Judiciário – TRE/GO – 2015


O regime jurídico-administrativo brasileiro está fundamentado em dois
princípios dos quais todos os demais decorrem, a saber: o princípio da
supremacia do interesse público sobre o privado e o princípio da
indisponibilidade do interesse público.

Comentários
O regime jurídico-administrativo pauta-se sobre os princípios da supremacia do
interesse público sobre o particular e o da indisponibilidade do interesse público
pela administração, ou seja, erige-se sobre o binômio “prerrogativas da
administração — direitos dos administrados”. O princípio da indisponibilidade do
interesse público impõe para a Administração Pública uma série de limitações
ou restrições denominadas “sujeições”, que realmente têm o objetivo de
resguardar o interesse público. Assertiva correta.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 19 – CESPE – Técnico Federal de Controle Externo –


TCU/2015 Se for imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, será
permitido o sigilo dos atos administrativos.

Comentários

O art. 5º, XXXIII, da CF/1988, prevê duas hipóteses de restrição à publicidade


dos atos da Administração Pública: a) quando for imprescindível à segurança
da sociedade, a exemplo das informações que possam colocar em risco a vida,
a segurança ou a saúde da população; b) se necessário à segurança do
Estado, a exemplo das informações sobre a defesa nacional, que podem pôr
em risco a defesa e a soberania nacional ou a integridade do território nacional.
Assertiva correta.

QUESTÃO 20 – CESPE - Analista Judiciário – Direito – TJ/SE – 2014

No que se refere aos princípios que regem a administração pública, julgue o


seguinte item.

Em consonância com os princípios constitucionais da impessoalidade e da


moralidade, o STF, por meio da Súmula Vinculante n.º 13, considerou proibida
a prática de nepotismo na administração pública, inclusive a efetuada mediante
designações recíprocas — nepotismo cruzado.

Comentários

O texto da súmula vinculante nº 13 também veda a prática do nepotismo


cruzado, isto é, o ajuste mediante designações recíprocas realizadas por
autoridades públicas distintas. É o que ocorre, por exemplo, quando o Juiz da
1ª Vara Cível da comarca de Montes Claros/MG nomeia como sua assessora a
esposa do Juiz da 2ª Vara Criminal da cidade de Sete Lagoas/MG. De outro
lado, este decide nomear como assessor o irmão daquele. Enfim, nada mais do
que uma “troca de favores”. Assertiva correta.

60
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 21 – CESPE – Juiz de Direito Substituto – TJ-DFT/2014 -


Adaptada

Considerando a relevância dos princípios do direito administrativo para


atividade de administrador público, julgue os itens seguintes:

Estando o administrador diante de ato administrativo viciado, o princípio da


segurança jurídica lhe confere a opção, observado o critério de conveniência e
oportunidade, de convalidar o ato se o vício for sanável, reconhecer a sua
estabilização pelo decurso do tempo, modular os efeitos da anulação ou, ainda,
invalidar o ato, com efeitos ex tunc.

Comentários

O erro do enunciado está no fato de ter afirmado ser possível “modular os


efeitos da anulação” do ato administrativo, o que não é verdade. Quando um
ato administrativo é anulado, os efeitos serão sempre ex tunc, não se admitindo
a respectiva modulação (anulação com efeitos ex nunc, por exemplo). Assertiva
incorreta.

QUESTÃO 22 – CESPE – Juiz de Direito Substituto – TJ-DFT/2014 -


Adaptada

O princípio da supremacia do interesse público vem sendo questionado pela


doutrina, em especial, após a CF, que estabeleceu o Estado democrático de
direito e assegurou direitos e garantias individuais acima dos interesses do
Estado, não existindo, por outro lado, norma constitucional que respalde a
permanência de tal princípio no ordenamento jurídico.

61
DIREITO ADMINISTRATIVO

Comentários

Podemos considerar correta a afirmação de que o princípio da supremacia do


interesse público vem sendo questionado pela doutrina (parte dela, mais
precisamente). Todavia, a segunda parte do enunciado afirma que não existe
norma constitucional que respalde a permanência de tal princípio no
ordenamento jurídico, o que não é verdade. A título de exemplo, podemos citar
o art. 5º, XXIV, da CF/1988, que se refere ao procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social.
Assertiva incorreta.

QUESTÃO 23 – CESPE – Juiz de Direito Substituto – TJ-DFT/2014 -


Adaptada

O princípio da eficiência funciona como diretriz a ser seguida pelo


administrador, mas não pode ser utilizado como parâmetro de controle externo
pelo tribunal de contas para fins de verificação de regularidade dos atos e
contratos celebrados pelos administradores públicos.

Comentários

O art. 74, II, da CF/1988, dispõe que os Poderes Legislativo, Executivo e


Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a
finalidade de comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado. No mesmo sentido, o princípio da
eficiência também pode (e deve) ser utilizado pelo tribunal de contas para fins
de verificação de regularidade dos atos e contratos celebrados pelos
administradores públicos. Assertiva incorreta.

62
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 24 – CESPE – Juiz de Direito Substituto – TJ-DFT/2014 -


Adaptada

A violação de princípios da administração pública, tais como da moralidade, da


impessoalidade e da eficiência, caracteriza ato de improbidade administrativa,
desde que comprovado o dolo, ainda que genérico, do agente.

Comentários

No julgamento do Recurso Especial 997.564/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves,


DJe 17∕11∕2010, o Superior Tribunal de Justiça ratificou o entendimento de que
“se faz necessária a comprovação dos elementos subjetivos para que se repute
uma conduta como ímproba (dolo, nos casos dos artigos 11 e 9º e, ao menos,
culpa, nos casos do artigo 10), afastando-se a possibilidade de punição com
base tão somente na atuação do mal administrador ou em supostas
contrariedades aos ditames legais referentes à licitação, visto que nosso
ordenamento jurídico não admite a responsabilização objetiva dos agentes
públicos”. Assertiva correta.

QUESTÃO 25 – CESPE – Juiz de Direito Substituto – TJ-DFT/2014 -


Adaptada

Na esfera de atuação do poder de polícia, não pode a administração pública


efetuar a demolição de obra irregular de forma sumária, sem observar os
princípios do contraditório e da ampla defesa, devendo haver a oitiva prévia do
interessado.

Comentários

Um dos atributos do poder de polícia é a autoexecutoriedade, que assegura à


Administração Pública a prerrogativa de executar as suas próprias decisões sem
a necessidade de autorização do Poder Judiciário ou oitiva do interessado,
principalmente em situações de urgência/emergência. Assertiva incorreta.

63
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 26 – CESPE – Técnico - ANTAQ/2014

Com relação à administração pública e seus princípios fundamentais, julgue os


próximos itens.

O princípio da publicidade está relacionado à exigência de ampla divulgação dos


atos administrativos e de transparência da administração pública, condições
asseguradas, sem exceção, ao cidadão.

Comentários

Assim como ocorre na esfera judicial, em que certos atos podem ter sua
publicidade restrita em virtude da preservação da intimidade das partes, alguns
atos administrativos também poderão ter sua publicidade restrita com amparo
em dispositivo da Constituição Federal, o que invalida o enunciado.

O art. 5º, XXXIII, da CF/1988, prevê duas hipóteses de restrição à publicidade


dos atos da Administração Pública:

a) quando for imprescindível à segurança da sociedade, a exemplo das


informações que possam colocar em risco a vida, a segurança ou a saúde da
população;

b) se necessário à segurança do Estado, a exemplo das informações sobre a


defesa nacional, que podem pôr em risco a defesa e a soberania nacional ou a
integridade do território nacional.

QUESTÃO 27 – CESPE/ Titular de Serviços de Notas e de Registros - TJ-


SE/2014 – Adaptada

Considerando os conceitos do direito administrativo e os princípios do regime


jurídico-administrativo, julgue o item seguinte:

São fontes primárias do direito administrativo os regulamentos, a doutrina e os


costumes.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Comentários

As fontes primárias, também denominadas de diretas ou principais, são aquelas


que primeiramente devem pautar as condutas administrativas, legitimando as
atividades exercidas pelas entidades, agentes e órgãos públicos. Tanto a
Constituição Federal como a lei em sentido estrito constituem fontes
primárias do Direito Administrativo. Por sua vez, a doutrina e os costumes são
denominadas fontes secundárias do Direito Administrativo. Assertiva
incorreta.

QUESTÃO 28 – CESPE/ Titular de Serviços de Notas e de Registros - TJ-


SE/2014 – Adaptada

O princípio da proteção à confiança legitima a possibilidade de manutenção de


atos administrativos inválidos.

Comentários

Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma que, “na realidade, o princípio da proteção
à confiança leva em conta a boa-fé do cidadão, que acredita e espera que os
atos praticados pelo Poder Público sejam lícitos e, nessa qualidade, serão
mantidos e respeitados pela própria Administração e por terceiros”. A atividade
administrativa deve ser pautada na estabilidade e previsibilidade,
prestigiando-se a confiança depositada pelo administrado de boa-fé e que o
levou a usufruir dos direitos concedidos pelo respectivo ato. Assim, não deve
ser surpreendido e prejudicado futuramente por eventual decisão administrativa
de extinção de seus efeitos sob a alegação de equivocada ou má interpretação
da legislação vigente. Assertiva correta.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 29 – CESPE/ Titular de Serviços de Notas e de Registros - TJ-


SE/2014 – Adaptada

Consoante o critério da administração pública, o direito administrativo é o ramo


do direito que tem por objeto as atividades desenvolvidas para a consecução
dos fins estatais, excluídas a legislação e a jurisdição.

Comentários

Na busca de conceituação do Direito Administrativo encontra-se o critério da


Administração Pública, segundo o qual, sinteticamente, o Direito
Administrativo deve ser concebido como “o conjunto de princípios que regem a
Administração Pública”. O critério a que se refere o enunciado é o residual,
portanto, assertiva incorreta.

QUESTÃO 30 – CESPE/ Titular de Serviços de Notas e de Registros - TJ-


SE/2014 – Adaptada

Adotando-se o critério do serviço público, define-se direito administrativo como


o conjunto de princípios jurídicos que disciplinam a organização e a atividade do
Poder Executivo e de órgãos descentralizados, além das atividades tipicamente
administrativas exercidas pelos outros poderes.

Comentários
O erro do enunciado está no fato de ter citado o "critério do serviço público"
mas ter utilizado informações sobre o "critério do Poder Executivo" para
conceituá-lo.

Seguido por Duguit, Bonnard e Gastón Jèze, o critério do serviço


público restringia o Direito Administrativo à organização e prestação
de serviços públicos, não fazendo nenhuma distinção entre a atividade
jurídica do Estado e o serviço público, que é atividade material.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Entretanto, é sabido que várias são as atividades finalísticas exercidas pela


Administração Pública, a exemplo do fomento, polícia administrativa e
intervenção administrativa, o que tornou esse critério insuficiente para a
conceituação do Direito Administrativo.

Por sua vez, segundo o critério do Poder Executivo, o Direito Administrativo


pode ser conceituado como o conjunto de princípios e regras que disciplina a
organização e o funcionamento do Poder Executivo. Assertiva incorreta.

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