Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
Descrevemos atéaqui 'a preparaç ã o dos supositó rios convencionais, isto é, aqueles que
sã o constituídos por misturas de fármacos e excipientes, moldados pêlos processos
correntes, e apresentados na sua forma mais simples. Entretanto, hádeterminadas circunstâ
ncias que podem obrigar à preparaç ã o de tipos especiais de supositó rios, ou porque a
estabilidade dos fármacos o exige, ou porque se torna necessário evitar incompatibilidades,
ou porque se pretende um efeito terapêutico determinado ou porque, finalmente, é importante
evitar a deformaç ã o do medicamento em climas quentes.
Assim, por uma ou outra razã o, têm-se procurado modificaç õ es mais ou menos engenhosas,
as quais permitem solucionar as dificuldades ou realizar os interesses do preparador. Estã o
neste caso os supositó rios ocos, estratificados, ã rageificados e de dupla camada, que nos
merecem referências pormenorizadas.
embalagem em placa
Flg. 16. Esquema que representa a série de operaç õ es necessárias para a obtenç ã o de supositó rios
preparados por fusã o.
Segundo A. Denoë l — ob. c/í (1971)
84
sua preparaç ã o pode fazer-se por fusã o e por compressã o, desde que durante a
moldagem se introduza uma peç a no molde, a qual evite o enchimento total do alvéolo. O
formato da cavidade obtida é, evidentemente, o da peç a que se colocou no molde. Em regra,
usam-se pequenas barras metálicas, que se mantêm durante a solidificaç ã o da massa (processo
de fusã o), ou estã o ligadas ao molde (processo de compressã o), e se retiram apó s a formaç ã o
do supositó rio.
A Fíg. 20 mostra, em esquema, os doís sistemas citados.
A B
Quando se trata de obter um pequeno número de supositó rios ocos pode, simplesmente,
partir-se de supositó rios de manteiga de cacau nos quais se fazem cavidades, por exemplo com
uma broca ou, até, com um canivete ou furador. Nas cavidades introduz-se o fármaco ou
fármacos pulverizados ou em soluç ã o, e tapa-se o orifício com um pouco de manteiga de cacau
fundida.
Quando haja necessidade de, urgentemente, se preparem supositó rios, o recurso a este tipo
de forma éútil, embora apresente a desvantagem de, fundido ou disperso o
85
85
excipiente no recto, haver um contacto muito íntimo entre a mucosa e os fármacos, que
eventualmente a podem irritar.
Entre os méritos do sistema figura a protecç ã o total dos fármacos em relaç ã o ao ar,
luz e humidade, podendo ainda considerar-se vantajoso para solucionar incompati-bilidades
entre dois fármacos. Com efeito, pode incorporar-se um dos fármacos no excipiente,
enquanto que o outro é introduzido na cavidade do supositó rio e, por isso, só muito
superficialmente contacta com o primeiro.
quantidades de fármacos de cada camada. No exemplo vertente, para 3 supositó rios de peso
individual de 2,7 g e admitindo a proporç ã o entre os princípios activos, vitamina B], vitamina
C e píramido, de 1:2:4, teremos que o peso das respectivas camadas seráde 1,16 g, 2,32 g e 4,64
g. Considerando que os factores de deslocamento sejam para qualquer dos fármacos citados
iguais a 0,7, viráque a quantidade de excipiente para cada uma daquelas camadas é,
respectivamente, de 1,125 g, 2,25 g e 4,50 g.
Transformando estes pesos nos volumes que devem ir ocupar no molde, e admitindo que a
densidade da massa éde cerca de 0,93, ter-se-áque para cada molde deve lanç ar-se um volume
de 0,40 ml da camada correspondente à vitamina B,, 0,80 ml da camada correspondente à
vitamina C e 1,60 mí da camada correspondente ao piramido.
Em escala laboratorial, os volumes de cada. camada podem medir-se com pipetas
(previamente aquecidas); em escala industrial utilízam-se máquinas dotadas de válvulas
doseadoras.
A Fig. 21 éuma representaç ã o esquemática de um supositó rio assim obtido.
GEMEU e SUNE, talvez baseados na preparaç ã o de supositó rios ocos, tiveram a ideia de
revestir supositó rios preparados com excipientes lipossolúveis por uma camada de intermédio
hidrodispersível (PEG 1540 e misturas de PEG 1500 + PEG 4000, a 20:80). Tais supositó rios
continham os fármacos incorporados na camada interna (excipiente lipossolúvel), a qual era
protegida do calor ambiente pela película hidró fila, que só fundia a temperaturas mais altas,
sendo por isso aconselháveis para utilizar em climas quentes. Por outro lado, este tipo de
supositó rios poderia ser recomendado sempre que os fármacos diminuíssem acentuadamente a
consistência dos excipientes gordos, já que a cobertura externa conferiria a dureza adequada aos
supositó rios.
Na prática, este processo, além de demorado, tem o inconveniente de provocar atrasos na
cedência dos fármacos, pois a libertaç ã o destes só se verifica apó s dissoluç ã o da cobertura
polietilénica externa. Entretanto, e por isso mesmo, parece-nos que o processo pode servir para
preparar supositó rios de acç ã o prolongada.
O método de fabrico pode ser variado:
Preparar supositó rios ocos de polietilenoglicó is, para o que, antes da massa
solidificar, se mergulham nos moldes hastes ou punç õ es metálicos lubrificados.
Nas cavidades obtidas nos supositó rios lanç ar, entã o, a massa fundida do excipiente
gordo com os fármacos. Obturar, finalmente, a parte superior do supositó rio com excipiente
hidrodispersível fundido;
b} Preparar pequenos supositó rios constituídos por excipiente gordo, no qual se
incorporaram os fármacos. Suspender esses supositó rios dentro de moldes maiores e encher os
alvéolos com polietilenoglicó is fundidos.
Para suspender os supositó rios pode recorrer-se ao uso de alfinetes que se lhes espetam,
segurando-os por aí atéque solidifique toda a massa externa. Este segundo
87
processo pode originar supositó rios em que o exctpiente gordo funde, parcialmente, quando
imerso na massa hidrodispersível, que se encontra a temperatura mais elevada. Por outro lado a
dilataç ã o da parte oleossolúvel pode originar o aparecimento de fendas na cobertura dos
polietilenoglícó is.
Como se compreende, e por razõ es diversas da apontada, pode haver vantagem em
preparar supositó rios de dupla camada, sendo a cobertura constituída por exci-piente
lipossolúvel e o supositó rio nuclear formado por intermédio hidrodispersível. É o caso, por
exemplo, de desejarmos supositó rios de acç ã o prolongada, destinando-se a camada externa a
conter os fármacos para efeito imediato, o qual seria sustentado pela cedência mais lenta, devido
à sua libertaç ã o da camada interna. Assim, suponhamos uns supositó rios cuja camada externa
fosse constituída por manteiga de cacau tendo incorporado luminal só dico (fármaco em
suspensã o, para cedência imediata), apresentando o núcleo formado por polietilenoglicó is onde
se encontrasse dissolvido o luminal. Esses supositó rios teriam probabilidades de originar efeito
hipnó tico imediato, o qual seria mantido, devido à cedência mais lenta do barbitúrico pela
camada interna.
PRISTA e colaboradores (1976) prepararam supositó rios de dupla camada, contendo
metapirona e/ou píramido, para se obter uma acç ã o imediata e sustentada. Os resultados que
obtiveram só proporcionaram, no entanto, uma libertaç ã o prolongada atél hora e 30 minutos, o
que leva a considerar que o método nã o éaconselhável para aquela finalidade.
Tal como para os comprimidos ou para as cápsulas, podem preparar-se supositó rios
contendo os princípios activos sob a forma de granulados revestidos. O processo tem sido
ensaiado para evitar a alteraç ã o de determinados fármacos (como as vitaminas A e D, que
podem apresentar-se microencapsuladas), para impedir o aparecimento de
incompatibilidades entre princípios activos ou a reacç ã o destes com os excipientes, e,
ainda, para obter supositó rios de acç ã o prolongada. CONCILIO et ai. trabalharam no
primeiro aspecto do problema, utilizando acetato de vitamina A revestido com gelatina e aç
úcar, e FUMANERI sugeriu o emprego de grâ nulos desigualmente revestidos, de modo a
que a cedência dos princípios medicamentosos se processasse de forma regular e mantida,
permitindo que os supositó rios desenvolvessem um efeito farmacoló gico prolongado.
(L) Segundo SULLY, índice de peró xidos éo número de miliequivalentes de oxigénio fixado sob a forma de peró
xidos por um quilograma tie corpo gordo. Esta definiç ã o tem sido adoptada por alguns fabricantes de excipientes.
90
Recentemente, CESCHEL et ai. retomaram este assunto, sugerindo o emprego do Sudã o III
que, pelas suas propriedades lipó filas, serve de índice para apreciaç ã o da estabilidade da emulsã o
formada.
O teor de água absorvido por 100 g de excipiente é outra das determinaç õ es que há interesse
em efectuar. Denomina-se índice de água e a técnica seguida é idêntica à que descrevemos a propó
sito das Pomadas (ver pág. 309, 2.° volume).
Uma vez que a consistência dos intermédios para supositó rios nã o permite, como no
caso das pomadas, trabalhar a 20° C, é prática corrente, defendida por MÜ HLEMANN e
NEUF.NSCHWANDER, fundir 10 g do excipiente em causa atéfusã o cremosa e, de uma bureta,
adicionar-lhe água, gota a gota, atéque nã o seja possível a incorporaç ã o de mais líquido. O
volume de água gasto, multiplicado por 10, indica o índice de água do excipiente.
Como se compreende, a capacidade de absorç ã o da água é funç ã o da existência de
substâ ncias hidró filas no excipiente, tendo excepcional importâ ncia a presenç a de
agentes emulsivos de A/O. Assim, nos gliceridos semi-sintéticos, o teor de mono e
diésteres condiciona o índice de água, sendo aceitável que o aumento de acidez de um
intermédio possa explicar uma elevaç ã o daquele índice.
Dado que é vantajoso que as massas usadas como excipientes devam contrair-se
suficientemente para que os supositó rios se destaquem dos moldes sem necessidade do recurso a
lubrificantes, tem interesse proceder-se à determinaç ã o do coeficiente de retracç ã o. Este
representa a contracç ã o de volume operada por solidificaç ã o da massa, e exprime-se em
percentagem. Para o calcular procede-se à determinaç ã o dos volumes de dado peso de excipiente,
quando aquecido a uma temperatura superior em 2° C ao ponto de fusã o (V) e quando à temperatura
a que a massa solidificou (V). Sejam d' e d as densidades da massa a cada uma dessas temperaturas.
•
Entã o, poderemos escrever:
^_ = A v
~ d'
— —
donde V = V X — , ou, se considerarmos V igual a 100, V = 100 X —
d d
A contracç ã o de volume (V-V), expressa em percentagem, será:
raç ã o nos seus constituíres, devem ser ensaiados com o f i m de se apreciar a capacidade
de proliferaç ã o de determinadas espécies, mais correntemente contaminantes. Como
norma é desejável que todos esses excipientes nã o favoreç am o crescimento microbiano,
mesmo quando contenham um teor de água de pelo menos 10%.
BUDDA, em 1927, referiu-se à inquinaç ã o da manteiga de cacau e, posteriormente,
GROSSE e BECKER propuseram o estudo dos excipientes gordos depois de semeados com
Escherichia coli, Bacillus subtillis, Aspergtlltíí niger, Saccaromyces cere-vistae e várias
espécies do género Mucor. Estes ensaios devem fazer-se sobre o excipíente que se vazou em
tubos ou placas, tendo-se previamente incorporado cerca de 10% de água estéril.
Pode dizer-se que érelativamente escassa a literatura a respeito do ensaio das massas
hidrodispersíveis. Por um lado, tal aparente desinteresse deriva do facto de se tratar de uma
classe de excipientes quimicamente melhor definidos do que os intermédios gordos, pois,
mesmo quando nã o sã o puros, correspondem a misturas, em determinadas proporç õ es, de
substâ ncias que apresentam certo grau de pureza. Em segundo lugar, a maioria dos ensaios
que devem realizar-se com estes excipientes é comum à s verificaç õ es a efectuar com as
massas lipossolúveis.
Há, porém, um certo número de determinaç õ es a que convém dar especial relevo. É o
caso da densidade, índice de refracç ao, viscosidade, (empo de dissoluç ã o a 370C, pH das
dispersõ es aquosas, acidez e avaliaç ã o do peso molecular médio, o que pode ter interesse,
por exemplo, quando se utilizam polietilenoglicó is.
A densidade é, em regra, referida a 20° C, importando, também, o seu valor quando à
temperatura de fusã o das massas. O tempo de dissoluç ã o deve ser o mais baixo possível,
nã o se tolerando, em nenhum caso, que ultrapasse os 60 minutos.
A viscosidade pode determínar-se no produto fundido (por vezes mantendo a
temperatura a 100° C, como acontece com os PEG 1540 e 4000) ou até nas soluç õ es
aquosas do excipiente, em determinada concentraç ã o.
Para alguns excipientes hidrodispersíveis, como a gelatína-glicerinada e outros geles,
pode apreciar-se indirectamente a viscosidade com aparelhos como o geló metro ou o
malacímetro, jáanteriormente descritos (ver pág. 54 deste volume).
O pH é, habitualmente, determinado em soluç õ es aquosas, a l: 10 ou l :20, do excipiente.
Finalmente, outras determinaç õ es, como os pontos de fusã o e de solidificaç ã o e os
ensaios de consistência, serã o referidos a propó sito do controlo comum aos excipientes e
supositó rios.
O controlo dos supositó rios deve ser efectuado na altura do seu fabrico e ao f i m de
certo tempo de armazenagem, pois háque considerar que para estes, como para outros
medicamentos, o farmacêutico preparador ignora o momento em que se utilizarã o.
93
Os supositó rios devem apresentar-se perfeitos, sem deformaç õ es na base, que será plana, sem
fissuras ou chaminés. Quando obtidos por fusã o em moldes de material plástico nã o deve observar-
se, nitidamente, a separaç ã o da sua parte apical, que é feita na secç ã o inferior do molde, que
encaixa na porç ã o restante. Assim, a superfície serálisa, brilhante e homogénea, com cor igualmente
distribuída e sem modificaç ã o da tonalidade ou manchas.
Sã o também de rejeitar os supositó rios que apresentem inquinaç ã o fúngica, o que pode
suspeitar-se a olho nu e confirmar-se mediante raspagem da superfície e observaç ã o ao microscó
pio ou, eventualmente, por cultura em meios apropriados.
Do mesmo modo, nã o devem notar-se cristalizaç õ es superficiais dos princípios activos, nem
exsudatos de líquidos ou transformaç õ es cristalinas dos excipientes. Por vezes, os exsudatos
líquidos sã o de natureza gorda, e noutros casos observam-se manchas brancas ou enrugamentos e
formaç ã o de excrescências superficiais, resultantes da cristalizaç ã o dos constituintes do
intermédio, à volta de núcleos de cristalizaç ã o. A exsudaç ã o de líquidos gordurosos deve-se à
contracç ã o da rede cristalina da massa, durante as transformaç õ es polimó ríicas que sofre quando
existem formas metastáveis líquidas à temperatura de armazenagem. E um fenó meno que aparece
com a manteiga de cacau, geralmente quando os supositó rios sã o conservados a temperaturas
elevadas. A armazenagem a temperatura alta é também aconselhável pelo embranquecimento dos
supositó rios e formaç ã o de excrescências e enrugamentos na sua superfície. A literatura anglo-saxó
nka dáa esta classe de acidentes a designaç ã o de fat-bloom.
A superfície interna dos supositó rios também interessa, devendo, para observaç ã o, proceder-
se ao corte longitudinal e transversal daqueles. Uns supositó rios satisfazem ao'ensaio quando as
duas secç õ es obtidas sã o homogéneas e nã o se apresentam marmoreadas, com grumos ou bolsas
de ar.
Esta verificaç ã o é indispensável, pelo menos quando se trabalha em escala industrial, devendo
ter-se empregado, no fabrico, moldes perfeitamente calibrados.
Nas condiç õ es assinaladas, énorma pesar-se, com aproximaç ã o atéao mg, um número de
supositó rios suficientemente representativo (em geral 20 supositó rios), determinando-se o peso
individual e o peso médio, o que permite calcular o afastamento padrã o, a partir do qual se
deduzem os limites de tolerâ ncia. A mecâ nica operacional é idêntica à que indicámos para os
comprimidos (ver volume l, pág. 890).
94
Em regra, épossível obter menor variaç ã o de peso em supositó rios do que em cápsulas
ou comprimidos. Assim, a tolerâ ncia habitualmente aceite pelo produtor é de ± 5 % em relaç ã
o ao peso médio. A Farmacopeia Belga manda pesar 20 supositó rios e estipula que 90% (isto
é, 18 supositó rios) nã o apresentem desvios, em relaç ã o ao peso médio, superiores a 5%; 10%
dos supositó rios (2 supositó rios) podem, contudo, apresentar um afastamento compreendido
entre ± 5 e ± 10% do peso médio.
Além da farmacopeia referida estabelecem limites para a variaç ã o do peso as
Farmacopeías Alemã e Russa (tolerâ ncia de ± 5 % ) e a Farmacopeia Nó rdica (tolerâ ncia de ±
10% para 90% dos supositó rios e ± 20% para 10% dos supositó rios).
SETNIKAR e PIETRA estudaram este assunto, propondo coeficientes de variaç ã o a
adoptar para o controlo do peso dos supositó rios e importando-se com os graus de exigência do
produtor e do consumidor.
A F.P. V inscreve um ensaio geral para as preparaç õ es unitárias só lidas, o qual designa
por "Uniformidade de massa".
Para a sua realizaç ã o manda pesar 20 unidades retiradas ao acaso do mesmo lote,
determinando a massa média. Nã o mais de 2 das 20 unidades poderã o diferir da massa média
encontrada em percentagem superior a 5% e em nenhum caso poderáa diferenç a exceder o
dobro dessa percentagem.
De uma maneira geral, para se fazer a identificaç ã o e dosagem dos princípios activos
torna-se necessário separá-los do excipiente que os veicula, o que é muitas vezes possível,
mediante o emprego de solventes adequados. Estã o neste caso os fármacos lípossolúveis
suspensos em excipientes hidró filos.
A situaç ã o referida nã o é das mais vulgares, havendo, em geral, que jogar nã o só com as
características de solubilidade, mas também, com as de íusïbilidade e volatilidade dos fármacos
e intermédios. Noutros casos, pode recorrer-se à adsorç ã o selectiva dos excipientes ou das
substâ ncias medicamentosas em adsorventes como a alumina. Este produto, depois de activado,
fixa por cada 15 g, cerca de 0,055 g de PEG 4000, 0,850 g de polissorbato 80, 0,5 g de ó leos
hidrogenados, 0,6 g de lanolina, etc. As substâ ncias adsorvidas nã o sã o eluidas com
tricloroetíleno, o que permite a separaç ã o e, principalmente, a purificaç ã o dos fármacos a
identificar ou dosear.
Actualmente, as titulaç õ es por complexometria e em meio anidro vieram simplificar
extraordinariamente o problema da dosagem de muitos fármacos administrados na forma de
supositó rio.
Como norma, aceitam-se desvios do teor em princípios activos em relaç ã o à quantidade
teó rica de ± 10%. As variaç õ es maiores do que estas podem atribuir-se ou ao cálculo errado
dos factores de deslocamento ou à fraca viscosidade das massas à temperatura de fusã o, muito
especialmente se o ponto de solidificaç ã o estádemasiado afastado daquela.
Ao lado destes ensaios, queremos referir o teste de uniformidade na distribuiç ã o dos
princípios activos no excipiente. FONTANI e SETNIKAR efectuaram um estudo
95
sobre este assunto, doseando os fármacos distribuídos em 10 porç õ es (cada uma com o peso
aproximado de um supositó rio), separadas de uma massa que obtiveram homogeneizando 30
supositó rios do mesmo lote de fabrico.
A homogeneizaç ã o nã o se consegue fundindo e misturando os 30 supositó rios, mas apenas
misturando a sua massa, que deve raspar-se previamente.
Os autores deste ensaio concluem que o produtor é, em regra, bastante mais exigente que os
textos oficiais das farmacopeias ou formulários, cuja tolerâ ncia ésuperior à que se permite numa
fabricaç ã o correctamente conduzida.
Na F.P. V menciona-se para os supositó rios o ensaio designado por uniformidade de
teor:
Salvo indicaç ã o contrária ou excepç ã o justificada e autorizada, os supositó rios em que o teor
de princípios activos seja inferior a 2 mg ou aqueles em que o princípio activo represente menos de 2
por cento da massa total devem satisfazer ao ensaio de uniformidade de teor das preparaç õ es
apresentadas em doses unitárias. Se a preparaç ã o contém vários princípios activos, o ensaio nã o se
aplica senã o à queles que correspondem
s condiç õ es indicadas. Quando o ensaio de uniformidade de teor éprescrito para todos os
princípios activos, o ensaio de uniformidade de massa nã o deve ser exigido.
A eficácia terapêutica dos supositó rios de determinados fármacos pode apreciar-se mediante a
realizaç ã o de provas in -vivo praticadas sobre o homem ou animais de experiência, ou métodos in
vitro, que consistem no estudo da difusã o dos princípios activos a partir dos excipientes, e que, só
em certa medida, podem ajudar o farmacêutico a tirar ilaç õ es correctas.
Fig. 22. Radiografias do homem, mostrando as fases que precedem a absorçã o dos princípios
medicamentosos veiculados em excipientes gordos.
Os ensaios in vivo praticam-se em cobaios, coelhos, cã es, macacos e homens, podendo ser
conduzidos de modo a determinarem-se as concentraç õ es medicamentosa
96
Fig. 23. Representaç ã o esquemática da aparelhagem utilizada por IKONOMIDIS ef aí (m Recta! Therapy. Ed. B.
Glas e C. J. de Blaey, St. Rémy de Provence, 1983) para estudar absorç ã o rectal
97
Mais rigorosas que as anteriores e com aplicaç ã o também maíj geral sã o as técnicas de
difusã o através de membranas de víscose e de celofane. O método foi inicialmente proposto
por CEMELI e DEL POZO e tem sido aplicado com algumas modificaç õ es devidas a MÜ
HLEMANN et ai., PLAXCO et ai. e KERKHOFFS e HUIZINGA.
A técnica inicial consiste em introduzir o supositó rio num saco de viscose ou de celofane,
que se mergulha num litro de água mantida a 38° C, O banho de água possui um agitador que
favorece a renovaç ã o das camadas líquidas em contacto com o supositó rio. Ao f i m de 10, 20,
40 e 80 minutos de ensaio, retíram-se amostras da água, as quais sã o analisadas. Como nos
processos precedentes, podem construir-se gráficos relacionando quantidades cedidas e tempos.
As Fig, 24 e 25 sã o, respectivamente, um esquema da aparelhagem necessária, segundo
CEMELI, e uma curva de cedência obtida com supositó rios de excipiente lipossolúvel,
contendo salicilato de só dio como único fármaco incorporado.
MÜ HLEMANN e NEUENSCHWANDER empregaram porç õ es de ± 2 g de supositó
rios raspados, que introduziam num tubo dializador, corno o que estárepresentado na Fig. 26.
Aos 15, 30, 45 e 60 minutos retiravam amostras de 10 ml do tubo exterior, substituindo-as por
igual volume de água aquecida a 37° C. Nas amostras retiradas procediam à dosagem dos
princípios activos.
Mais recentemente. KERKHOFFS e HUIZINGA propuseram uma técnica de difusã o,
semelhante à s anteriores, mas cuja eficácia foi comparada com ensaios conduzidos in vivo. O
processo consiste no emprego de uma célula de diáü se., de forma cilíndrica,
99
A célula de diálise (C ) tem 3 orifícios, um dos quais serve para inserir um termó metro
(D), outro para fixar um saco de celofane de 18 mm de diâ metro por 25/i de espessura ( A ) ,
onde se coloca o supositó rio (B ), e um terceiro destinado à recolha do líquido, durante o
ensaio. O saco de celofane deve Ímergir-se na água do banho 15 minutos antes da introduç ã o
do supositó rio; as recolhas do líquido para análise fazem-se ao fim de 30, 60, 90, 120, 150,
180, 210 e 240 minutos, apó s início do ensaio.
Fig. 27. Dispositivo para estudar a cedê ncia in vitro segundo Kerkhoffs e Huizínga
Na célula de diálise, como líquido ao qual o supositó rio cederáos seus princípios
activos, lanç am-se 350 ml da seguinte soluç ã o, que apresenta pH 7,38:
Entre os ensaios que se executam nã o só com os supositó rios, mas que também
apresentam grande interesse quando realizados com os excipientes, citamos as determinaç õ es
do ponto de fusã o, dos tempos de liquefacç ã o, dos pontos de solidificaç ã o, da consistência e
da tolerâ ncia in vivo.
Tubos capitares
JÜ1
O processo mais simples para avaliar os tempos de liquefacç ã o de supositó rios consiste em
imergi-los num banho de água a 37° C, determinando o tempo que levam a liquefazer-se. Se, para
massas densas, como as que têm por base os polietilenogli-có is, o supositó rio nã o tende a vir à
superfície da água durante o ensaio, jápara os supositó rios preparados com os excipientes gordos
hánecessidade de improvisaç õ es que evitem a tendência para a flutuaç ã o. Entre essas improvisaç õ
es citaremos a fixaç ã o do supositó rio ao reservató rio do termó metro, por meio de um elástico,
processo que tem o inconveniente de se exercer sobre o medicamento uma compressã o desigual, e a
utilizaç ã o de uma espécie de cesto (espiral de vidro, rede de aç o inoxidável, gaze, etc), onde o
supositó rio estácontido e que o impede de flutuar. A fábrica Erweka produz um aparelho deste
último tipo (Fíg. 31), que é constituído por um tubo (4) cheio de água a temperatura constante (37°
C), graduado na parte superior, e de uma espiral de vidro ( 3 ) destinada a manter o supositó rio (1)
abaixo do nível de água. A espiral ( 3 ) é fechada, depois da introduç ã o do supositó rio, por meio de
um fino tubo de vidro oco (8) em forma de báculo, que perfura uma rolha ( 7 ) adaptada na parte
inferior do tubo principal. Todo o conjunto é introduzido num cilindro de vidro (6) que é percorrido
por uma corrente de água tépida, de tal modo que o zero da escala do tubo graduado coincida com o
nível da água. Nestas circunstâ ncias, a água circula e contacta com o supositó rio, podendo
determinar-se o tempo que aquele leva a liquefazer-se. Convém ter um termostato acopulado ao
sistema para que a temperatura da água seja de 37° C.
Para certos supositó rios que se nã o liquefazem nas condiç õ es da experiência pode
determinar-se o tempo necessário para o seu amolecimento (tempo de deformaç ã o), o que se
aprecia por toque com uma vareta metálica.
103
Mais de acordo do que os anteriores com o que se passa em condiç õ es fisioló gicas, estes
métodos foram propostos por SETNIKAR e FANTELLI em 1962, tendo aparecido desde entã o
numerosas modificaç õ es à técnica primitiva.
Aqueles autores sugeriram o emprego de um sistema constituído por um tubo de vidro onde
circula água a 37° C. No seu interior existe uma espécie de manga díaü sa-dora, feita de
celofane e tendo cerca de 3 cm de diâ metro. O supositó rio em ensaio é colocado no tubo
dialisador, a uma altura, em relaç ã o ao banho, tal que a meio da manga exista uma pressã o de
cerca de 40 cm de água.
A Fig. 32 reproduz um esquema do aparelho de SFTNIKAR e FANTELLI.
O método em causa, além de proporcionar uma pressã o sobre o supositó rio semelhante à
exercida pela parede do recto, permite trabalhar apenas com uma certa quantidade de água que
se difunde por osmose.
104
260
TUBO DE -
CELOFANE
Fig. 32. Aparelho de Setnikar e Fantelli para a determinaç ã o dos tempos de liquefacç ã o.
CD
ooo ooo
Fig. 33. Aparelho de marca Erweka para determinar o tempo de liquefacç ã o de supositó rios
105
sã o imersos em banho de água, a 37° C, sendo movimentados por meio de um sistema que os faz
mergulhar a diferentes profundidades. Nas circunstâ ncias referidas, os supositó rios, além de
contactarem com um pequeno volume de água e de serem aquecidos a 37° C, suportam uma
pressã o hidrostática que pretende estabelecer condiç õ es de paralelismo com o que ocorre
quando administrados no recto.
KROWCZYNSKI propô s, também, um sistema para apreciaç ã o dos tempos de liquefacç ã
o ou de deformaç ã o, o qual foi adoptado pelas Farmacopeia» Polaca (Suplemento III, 1962) e
Húngara. Posteriormente, FAULÍ introduziu algumas modificaç õ es no aparelho descrito por
KROWCZYNSKI. ALBUQUERQUE, por seu turno, idealizou um sistema que consiste numa
modificaç ã o do clássico aparelho de Erweka para determinar os tempos de desagregaç ã o de
comprimidos. A Fig. 34 mostra um pormenor da referida improvisaç ã o.
Roda de ressaltos
— Substituiç ã o da roda de ressaltos por outra que permite um movimento constante, mais
lento (12 oscilaç õ es por minuto), sem golpes bruscos, e mais profundo
{12 mm de amplitude);
— Substituiç ã o do calcador original por uma rede com o peso total de 15 g;
— Adaptaç ã o de um sistema de agitaç ã o da água do copo constituído por um agitador de argola que se
desloca verticalmente com uma frequência de 30 movimentos por minuto