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MONODIA PROFANA
A história faz parecer que a música, durante alguns séculos, permaneceu propriedade exclusiva
da igreja.
Com toda a certeza, música e dança faziam parte das festas profanas em todas as classes sociais,
embora a informação que nos chega acerca destas diversões seja rara antes do ano 1000. O que
quer que tenha havido antes disso perdeu-se nos tempos sem deixar rasto.
Só a partir do séc.XI houve condições favoráveis para o desenvolvimento e preservação das
canções profanas devido a um renascimento da civilização europeia.
Um espírito tendencialmente cada vez mais profano surge nesta altura e vai estimular a criação
da poesia e da canção, contribuindo assim para o desenvolvimento da música monódica profana.
Os escribas passam a ter mais atividade em relação à cópia de documentos literários e musicais
mas, no caso das canções, tinham o hábito de copiar a poesia sem a música.
É no séc.XI que se inicia o grande desenvolvimento da poesia latina profana para cantar. O
espírito profano começa a crescer nas escolas dos mosteiros e das catedrais devido ao estudo
dos poetas pagãos, como Virgílio, Horácio, etc., com o propósito de se aprender a escrever
dentro dos cânones clássicos.
Mas o conteúdo da poesia dos poetas pagãos começa a influenciar o pensamento e levam os
homens da igreja a misturar o sagrado e o profano, criando uma poesia transversal a todas as
classes sociais.
Uma das mais antigas colecções de canções em Latim foi encontrada num manuscrito do séc.XI,
que se encontra na Universidade de Cambridge e que se compõe de cerca de 40 poemas e
apenas 2 melodias (as restantes perderam-se). Os temas vão desde poemas religiosos a canções
de louvor a reis e bispos, contos cómicos populares e poemas eróticos.
Quando as classes sociais mais altas começam a fazer a canção profana, as formas musicais
tornaram-se mais variadas e complexas.
Não sabemos exatamente quem terá composto a lírica latina até finais da Idade Média, pois a
maioria dos poemas são anónimos. Quando aparecem assinados, usam termos vagos, como
“sábio vadio” ou “goliardo”.
Aparecem então alguns grupos que se dedicam à escrita e à música, mas que não são aceites
socialmente por se terem excluído da sua classe. São eles:
Sábios Vadios – clérigos que abandonavam a vida religiosa por terem falhado na procura
de uma posição na Igreja e que optavam por uma vida independente e
vagabunda. Eram escritores autónomos.
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Até ao séc.XIII o termo foi usado com sentido de censura e desprezo, mas não
era aplicado aos grandes poetas do séc.XII.
Documentos da época
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Cerca de 55 são de sátira, 35 canções de vagabundo, 131 canções de amor e 6 peças religiosas,
entre outras. Destas, 48 são em alemão em dialeto bavariano. Existem também cópias de
algumas canções em inglês e francês.
As poesias das canções estão bem definidas mas sabe-se pouco das melodias pois algumas estão
notadas com neumas indecifráveis. Felizmente, um bom número de poemas tem notação clara.