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Embora se considerem elementos não estruturais o dimensionamento dos painéis de fachada requer algumas
considerações estruturais, não só para a resistência às ações que lhes estão diretamente aplicadas (peso próprio e
vento, por exemplo) mas também pela necessidade de comprovar a segurança estrutural dos dispositivos de
fixação à estrutura. Estes dispositivos têm que assegurar a transmissão das cargas à estrutura de suporte e, no
caso sísmico, deverão permitir acomodar os deslocamentos entre pisos apresentados pela estrutura principal.
2
Podem ainda referir-se as soluções híbridas nas quais os elementos lineares (pilares e vigas) coexistem com os
elementos laminares verticais (paredes resistentes), pré-fabricadas ou moldadas no local
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Pré-fabricação em Estruturas – Mestrado em Engenharia de Estruturas 2011/2012
Figura 1: Segmentação da estrutura em elementos lineares (extraído de Pompeu dos Santos [2]).
Dentro das estratégias de segmentação ilustradas na figura 1 deve referir-se que a segmentação da
estrutura em pilares inteiros (que vencem a totalidade da altura do edifício, solução d), embora
estruturalmente muito interessante, está geralmente limitada à construção de edifícios até 4 pisos.
Referem-se ainda variantes (não ilustradas) das soluções b, c e d, nas quais as ligações pilar-viga se
encontram ligeiramente deslocadas para o vão. Estas variantes apresentam a vantagem estrutural de
minimizar a interferência com os nós viga-pilar, aspeto que se poderá revelar crítico em zonas sísmicas.
Outra forma, menos comum, de segmentação da estrutura consiste na decomposição da mesma em
elementos não lineares (constituídos simultaneamente por pilares e vigas), conforme exemplificado na
figura 2.
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Figura 2: Segmentação da estrutura em elementos não lineares (extraído de Pompeu dos Santos [2]).
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Figura 3: Tipos de ligações existentes em estruturas reticuladas pré-fabricadas de betão armado (extraído de Elliott[6]).
No que respeita a classificação das ligações, Pompeu dos Santos [1], refere quatro tipos de classificações
de acordo com os seguintes critérios:
Quanto ao tipo de elementos ligados. Distinguem-se as ligações pilar-fundação, pilar-pilar, viga-pilar,
viga-viga e laje-viga.
Quanto aos esforços transmitidos. Ligações de compressão, de tração, de flexão e de corte.
Quanto ao processo de execução. Ligações aparafusadas, ligações soldadas, ligações pré-esforçadas,
ligações de continuidade betonadas em obra, ligações coladas e ligações de atrito.
Quanto ao comportamento em flexão. Consoante a possibilidade de transmitirem esforços de flexão
distinguem-se as seguintes três situações: (i) ligações articuladas; (ii) ligações de continuidade total
(quando apresentam resistência e deformabilidade comparáveis a das estruturas moldadas em
obra); e (iii) as ligações de continuidade parcial (quando apresentam uma deformabilidade
significativamente superior a das estruturas moldadas em obra). Os dois últimos tipos de ligações
são também referenciados como ligações rígidas e ligações semi-rígidas, respetivamente.
0 PCI [3] partilha da classificação das ligações de acordo como tipo de elementos que se pretende ligar,
alargando o âmbito referido por Pompeu dos Santos [1] para as seguintes situações: (i) ligação pilar-
fundação (CF); (ii) ligação pilar-pilar (CC); (iii) ligação viga primária-pilar (GC); (iv) ligação viga secundária-
viga primária (BG); (v) ligação entre vigas secundárias (BB); (vi) ligação laje-viga secundária (SB); (vii)
ligação laje-laje (SS); (viii) ligação laje-parede (SW); (ix) ligação viga secundária-parede (BW); (x) ligação
parede-parede (WW); (xi) ligação parede-fundação (WF); e (xii) ligação escada-patamar (SL).
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Também Bruggeling e Huyghe [4] procedem, embora de uma forma implícita, à classificação das ligações
de acordo com o tipo de elementos ligados.
Considerando o conjunto de ligações representado anteriormente na figura 3, excluem-se do presente
documento as ligações articuladas viga-pilar, cobertas num módulo posterior. As ligações pilar-pilar,
intermédias ou nas extremidades, também não são aqui consideradas por poder ser considerado
desaconselhável o seu recurso em zonas sísmicas.
Pelo exposto anteriormente, os estudos apresentados no presente documento focalizam-se
consequentemente nas ligações pilar-viga e pilar-fundação. Apresentam-se, de seguida, alguns
exemplos representativos das ligações pilar-fundação (referenciados por PF) e das ligações viga-pilar
(referenciadas por VP). Para uma apresentação exaustiva dos sistemas de pré-fabricação, classificados
de acordo com o presente critério, poderá consultar-se o PCI [3] ou documentos mais recentes.
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Embora não seja muito frequente, pode recorrer-se a sapatas pré-fabricadas, como ilustrado na figura 5.
Sem abordar os modelos de dimensionamento deste tipo de ligação (assunto tratado mais adiante) há
algumas recomendações relativamente à sua execução, de que se referem:
A profundidade da cavidade D deverá ser proporcionada à maior dimensão transversal do pilar.
Bruggeling e Huyghe [4] propõem (M e N são o momento flector e o esforço normal na base do
pilar):
e M / N 0,15h D 1,2h
e M / N 2,00h D 2,0h
No Eurocódigo 2 refere-se que D>1,2h quando o cálice apresentar uma superfície interior lisa (sem
indentações). No manual PCI [3] refere-se uma profundidade de 1,5h. A altura da cavidade pode
ainda ser determinada pela necessidade de amarrar as armaduras longitudinais dos pilares, quando
estas se encontram tracionadas (situação mais comum).
O espaço existente lateralmente entre a cavidade e o pilar deve ser suficiente para a colocação do
material de preenchimento. Elliott refere que a medida superior desse espaço deve ser pelo menos
de 75mm e a medida inferior de 50mm. A forma do cálice geralmente conduz a uma redução em
profundidade desse espaço (até para facilitar o processo de descofragem), sendo comum, de
acordo com Elliott, adotar uma inclinação de 5º relativamente à vertical. Há variantes desta ligação
nas quais a superfície interior do cálice é indentada, promovendo a transferência de cargas verticais
mais acima (beneficiando a verificação ao punçoamento).
O material de preenchimento (argamassa ou betão, não rectrácteis) deve apresentar uma
resistência mínima (à compressão). Elliott [6] refere uma resistência mínima de f’cu=40 MPa.
Trata-se duma ligação simples de executar uma vez que permite dispensar o escoramento provisório
permitindo, ainda, a absorção de consideráveis desvios dimensionais dos elementos pré-fabricados
assim como do seu posicionamento em obra. Não havendo elementos metálicos expostos dispensa
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cuidados especiais na proteção contra os efeitos dos agentes ambientais e do fogo. Em termos do
comportamento estrutural esta ligação conduz, para valores apropriados da profundidade da cavidade
(dependente das dimensões transversais do pilar), a elevados valores de rigidez, permitindo uma
continuidade total dos momentos flectores na base do pilar. Apresenta como inconvenientes a
dificuldade em garantir o conveniente preenchimento da cavidade (particularmente no espaço
compreendido entre a face inferior do pilar e o fundo da cavidade) e o facto de obrigar a cavidades
muito profundas quando se trate de pilares de grandes dimensões.
A variante desta ligação ilustrada na figura 6 apresenta os chumbadouros no interior do pilar (o que
poderá conduzir a uma redução local da resistência do mesmo). Nestas circunstâncias será preferível
que os chumbadouros se encontrem ancorados a uma chapa de base, que se projeta para fora da zona
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do pilar em duas, três ou nas quatro faces. Nesse caso recomenda-se que a projeção da chapa de base
seja da ordem de 100mm (Elliott [6]). Esse autor propõe ainda uma pormenorização tipo, em termos da
classe dos varões de arranque dos pilares (soldadas à chapa de base), das características e
pormenorização dos chumbadouros.
Figura 7: Chapa de base projetada com soldaduras dos varões de arranque dos pilares (extraído de Elliott [6])
Esta ligação apresenta vantagens no que se refere a simplicidade de montagem uma vez que é realizada
por aparafusamento e dispensa o escoramento.
Entre as desvantagens avultam o facto de requerer, no caso geral, uma proteção adicional contra os
agentes ambientais e contra o fogo, assim como o facto de apresentar uma rigidez significativamente
inferior à de uma ligação monolítica. Esta última limitação pode, contudo, ser minimizada através da
rigidificação da chapa de apoio. Apresenta, ainda, uma reduzida capacidade de acomodar os desvios
dimensionais decorrentes do posicionamento dos furos ou dos chumbadouros.
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Figura 8: Ligação por meio de armaduras salientes a fundação (extraído de Chastre Rodriges et al [7])
Esta solução é designada por “columns on grouted sleeves” por Elliott [6]. Esse autor recomenda que o
material de preenchimento do espaço entre os orifícios e as armaduras seja preenchido com um grout
fluido com uma resistência à compressão superior à do betão do pilar e a 40 MPa. Esse autor
recomenda ainda que esses orifícios sejam realizados com mangas de bainha de pré-esforço e que o
espaço livre tenha uma dimensão nominal de pelo menos 6mm, para grout injetado, ou de 10-15mm
para grout vertido por gravidade. Quanto à argamassa ou betão existente na base do pilar, recomenda-
se que este apresente uma resistência igual ou superior à do betão dos pilares.
Entre as vantagens deste tipo de ligação avultam: (i) a ligação não é aparente (o que, para além de
dispensar proteções adicionais contra a ação dos agentes ambientais e do fogo, confere à ligação uma
qualidade estética idêntica à das estruturas moldadas em obra, satisfazendo assim as exigências de
aspeto); e (ii) envolve procedimentos de escoramento limitados. Apresenta contudo algumas
desvantagens como sejam: (i) os varões salientes têm tendência a dobrar durante as operações de
transporte e de manuseamento em obra; e (ii) as tolerâncias dimensionais na colocação dos varões e
posicionamento dos furos ou mangas são apertadas. Elliott [6] refere ainda o facto das armaduras
longitudinais dos pilares terem que ser colocadas mais para dentro do que o habitual, o que poderá
tornar crítica a secção em que são interrompidas as armaduras de arranque.
Refira-se, por fim, que existe uma variação menos frequente deste tipo de ligação em que os varões (de
arranque) são salientes do pilar, apresentando a sapata furos circulares (mediante bainhas de pré-
esforço, por exemplo) cujo espaço remanescente é selado por uma argamassa fluida após o
posicionamento do pilar.
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Contrariamente ao verificado nas ligações pilar-fundação as soluções de ligações viga-pilar não são
tipificáveis, havendo uma muito maior diversidade de variantes.
Ainda assim, reconhecem-se como importantes as seguintes distinções:
Situações em que a ligação ocorre na interface viga-pilar daquelas em que a ligação ocorre já no vão
da viga.
Situações em que a ligação viga pilar, na interface, corresponde também a uma ligação pilar-pilar,
envolvendo a betonagem do nó no local. Na figura 9 apresentam-se duas variantes possíveis do caso
em que a ligação envolve a betonagem do nó.
Figura 9: Exemplos de ligações viga-pilar que envolvem a betonagem do nó (extraído de Pompeu dos Santos, [2])
Situações em que existe betonagem da ligação – ligações húmidas – e aquelas em que a ligação
envolve apenas a selagem de juntas – ligações secas. Neste último caso a continuidade entre
armaduras é geralmente estabelecida mediante a soldadura o aparafusamento indireto das
mesmas.
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Figura 10: Exemplos de ligações viga-pilar do tipo seco (extraído de Pompeu dos Santos, COMPLETAR [2])
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II.2.1 Ligação realizada através da introdução e selagem do troço inferior do pilar em cavidade
existente na fundação
Conforme ilustrado na figura 11, neste tipo de ligação o modo de rotura poderá envolver o
desenvolvimento de fendas a partir da face comprimida da zona superior da cavidade, conjuntamente
com o esmagamento do material de preenchimento na mesma zona.
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Concepção sismo-resistente de estruturas pré-fabricadas de betão armado. Particularidades e casos.
Apresentação do curso FUNDEC Seminário Especializado sobre Estruturas Pré-fabricadas de Betão. Novembro de
2006.
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Apresenta-se de seguida um modelo de dimensionamento proposto por Elliott [6]. Esse modelo de
dimensionamento encontra-se baseado nas seguintes considerações:
Os esforços transmitidos pelo pilar são sobre a forma de esforço axial (N) e momento flector
(M=N e), não se considerando o esforço transverso4.
Despreza-se a reação proporcionada pelo material de preenchimento na parte superior (0,1D ou
recobrimento) da cavidade.
Na restante profundidade da cavidade (0,9D) mobilizam-se reações em sentidos (e faces)
opostos na sua parte superior e inferior. A resultante de cada uma destas reações é identificada
por F. A distância entre as linhas de ação do binário assim constituído é identificado5 por z.
Considera-se as forças de atrito que se desenvolvem nas faces da cavidade, mediante um
coeficiente de atrito (sugere-se um valor de 0,7).
O momento flector origina um binário constituído pelas reações laterais sobre a cavidade, em
faces opostas da cavidade
O modelo de dimensionamento correspondente encontra-se representado na figura 12.
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Numa outra publicação de Elliott [5] apresenta-se uma variante do modelo que considera o efeito do esforço
transverso. No entanto, o algoritmo apresentado não é de aplicação imediata.
5
O que, conjugando com a consideração anterior, conduziria a z=0,45D.
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M 0 F z F h N e 0
Admitindo z=0,45D e explicitando a equação anterior em função de F, ter-se-ia:
Ne
F
0 ,45D h
A verificação da adequabilidade do dimensionamento pode então realizada determinando a tensão
média induzida no material de preenchimento e limitando-a a um valor adequado. Elliott [6] sugere que
a tensão média deve ser inferior a 0,4 f’cu , pelo que:
Ne
F 0,4 f 'cu b 0,45D
0,45D h
A verificação anterior serve de confirmação da adequabilidade das dimensões da cavidade pré-
dimensionada por um qualquer processo, como seja, por exemplo, de acordo com as expressões
propostas por Bruggeling e Huyghe [4].
Ainda no âmbito das verificações da geometria das fundações, Elliott [6] considera que o punçoamento
não é condicionante, pois, para a situação definitiva (após o endurecimento do material de
preenchimento), deverá considerar-se que o esforço normal é distribuído gradualmente ao longo da
altura da cavidade (não sendo realista admitir que este apenas é transmitido “de ponta”, sobre o pinto
inferior da sapata). Sugerem-se assim algumas considerações geométricas relativamente à altura do
plinto e à altura total da sapata que aqui se resumem:
O plinto deverá apresentar uma altura da ordem da menor das dimensões transversais do pilar,
não devendo ser superior a 400mm.
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A altura total da sapata deverá ser proporcionada à sua dimensão em planta (B), de forma a que
seja da ordem de (B-b)/2 (b corresponde à dimensão transversal do pilar na direção
correspondente à dimensão B).
H F N tan
Em que designa a inclinação das faces da cavidade (geralmente considerada igual a 5º).
COMPLETAR
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