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Direito Tributário para XXII Exame da OAB

Curso de Teoria e Questões


Prof. Fábio Dutra - Aula 10

1.2 – Universalidade da cobrança do crédito tributário

O art. 184 do CTN estabelece o seguinte:

Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre


determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo
pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das
rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu
espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real
ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for
a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente
os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis.

O dispositivo em análise teve por objetivo favorecer o Fisco, em


relação aos bens e rendas suscetíveis de cobrança. Assim, respondem pelo
pagamento do crédito tributário todos os bens e rendas do sujeito passivo,
espólio ou massa falida.

Nessa linha, se o sujeito passivo possui um imóvel urbano, com dívidas


de IPTU que superem o valor do respectivo imóvel (embora seja de difícil
aplicação prática, serve-nos como exemplo), pode ter de cumprir a obrigação
com outros bens que possua. Por isso é que se diz que a responsabilidade é
pessoal, respondendo pela dívida a totalidade dos bens do devedor.

Portanto, ainda que os bens tenham sido gravados por ônus real
(hipoteca, por exemplo) ou tenham sido declarados impenhoráveis ou
inalienáveis, por ato de vontade do particular, respondem pelo crédito
tributário. Ou seja, até mesmo aqueles bens que não podem ser objeto
de cobrança de créditos de outra natureza, ficam submetidos à
cobrança do crédito tributário.

A exceção diz respeito aos bens e rendas declarados pela lei como
absolutamente impenhoráveis. Sendo assim, os bens voluntariamente
declarados como impenhoráveis continuam sujeitos ao crédito tributário. Em
outros termos, o que restringe o acesso do fisco aos é a disposição legal
no sentido da absoluta impenhorabilidade.

Cabe destacar que até mesmo o bem de família é penhorável para a


cobrança de tributos, desde que relativos ao próprio bem imóvel
familiar (Lei 8.009/1990, art. 3º, IV).

Bens e rendas absolutamente impenhoráveis por


disposição legal  Não respondem pelo crédito
tributário.

Bens e rendas declarados impenhoráveis por ato


voluntário  Respondem pelo crédito tributário.

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I – o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às


importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar,
nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado;
(Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

II – a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos


créditos decorrentes da legislação do trabalho; e (Incluído pela Lcp nº
118, de 2005)

III – a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados.


(Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

Em primeiro lugar, saiba que, mesmo nos processos de falência, os


créditos trabalhistas e acidentários precedem ao crédito tributário.

Além dessa prioridade, outras foram incluídas pelo par. único do art.
186. Assim, pode-se dizer que o crédito tributário perdeu espaço na
preferência entre os demais, nos processos de falência. Ou seja, além
da preferência dos créditos trabalhistas e acidentários, precedem ao
crédito tributário os créditos extraconcursais, as importâncias passíveis
de restituição e os créditos com garantia real (penhor, hipoteca).

Quando não se tratar de processo de falência, os


créditos com garantia real não possuem prioridade
sobre o crédito tributário.

Os créditos extraconcursais são aqueles cujos fatos geradores


ocorrem após a decretação da falência, como fruto da administração da
massa falida. Podem ser de várias espécies, inclusive tributária (quando
os fatos geradores ocorrerem após a decretação falência), ou trabalhista
(quando os serviços tiverem sido prestados após a decretação da falência).

Nesse contexto, vejamos a redação do art. 188 do CTN:

Art. 188. São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos


geradores ocorridos no curso do processo de falência. (Redação dada
pela Lcp nº 118, de 2005)

Portanto, podemos dizer que os créditos tributários extraconcursais


preferem aos créditos tributários não extraconcursais, cujos fatos
geradores tenham ocorrido antes da falência. Recomendo a leitura do art. 84
da Lei 11.101/2005 (Lei de Falências).

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No que concerne às importâncias passíveis de restituição, são


aqueles bens ou valores que pertencem a terceiros, e que na data da
decretação da falência estavam em poder do devedor falido.

É também passível de restituição os bens vendidos a crédito e entregues


ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se
ainda não alienada. O objetivo dessa prioridade é proteger aqueles que, de
boa-fé, vendem a prazo aos devedores, desconhecendo a crítica situação
financeira destes.

Relativamente aos créditos com garantia real, há que se destacar


que preferem ao crédito tributário, até o limite de valor do bem gravado
com garantia real. O “valor do bem” é aquele efetivamente arrecadado com
a sua venda.

Lembre-se de que a oneração de bens (garantia real, por exemplo) após


a inscrição do crédito tributário, desde que não tenham sido reservados bens
suficientes para a quitação do crédito inscrito, é considerada fraudulenta (CTN,
art. 185), não gozando da preferência estabelecida no CTN.

Outro aspecto a ser destacado é o art. 186, II, do CTN, o qual afirma que
a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos
créditos decorrentes da legislação do trabalho. Foi nesse rumo que a Lei
11.101/2005 estipulou como limite o valor de 150 salários-mínimos por
credor. Destaque-se que esse limite não se aplica aos créditos
decorrentes de acidentes de trabalho.

Ademais, prescreve o art. 186, III, do CTN, que, na falência, a multa


tributária não tem a mesma preferência do crédito tributário,
preferindo apenas aos créditos subordinados. O objetivo é que, se as
multas tivessem maior prioridade, muitos credores deixariam de receber seus
créditos, havendo verdadeira punição aos credores, pela infração cometida
pelos devedores (afinal, quem fez surgir a penalidade foram estes).

Vamos resumir a classificação dos créditos na falência:

(continua na próxima página)

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Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a


concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial,
concordata, inventário ou arrolamento. (Redação dada pela Lcp nº 118,
de 2005)

Portanto, a execução fiscal não é obrigatoriamente habilitada no


juízo universal (onde estão os demais credores). No entanto, nada impede
que a cobrança do crédito tributário seja feita juntamente aos demais
credores.

A ação de execução fiscal não está sujeita ao


concurso de credores.

Neste ponto, pode suscitar algumas dúvidas, como a seguinte: se o


crédito tributário não possui prioridade absoluta (sobre todos os demais), será
respeitada a preferência dos demais créditos (como os trabalhistas, por
exemplo), se a ação é ajuizada individualmente?

Sim, será! Se houver, por exemplo, penhora de bem na ação de


execução fiscal, o montante arrecadado com a alienação do referido bem deve
ser remetido ao juízo falimentar (onde estão os demais credores), para que
seja distribuído conforme a ordem.

Destaque-se que, na hipótese da cobrança do crédito tributário ser feita


no juízo universal, se houver contestação do devedor acerca da legitimidade do
crédito tributário, não compete ao juiz da falência decidir sobre o
assunto. Neste caso, a controvérsia deverá ser remetida ao juízo
competente:

Art. 188 - (...):

§ 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao


processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção
total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a
garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor
dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada.

Por fim, destaque-se que as mesmas regras previstas no art. 188 são
aplicáveis aos processos de concordada, conforme preceitua o § 2º, do art.
188, do CTN. Embora não tenha aplicação prática, o dispositivo deve estar
sempre na memória dos candidatos que se preparam para provas de
Direito Tributário.

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Contudo, o CTN prevê o concurso de preferência entre as pessoas jurídicas de


direito público, quando mais de uma for credora:

Art. 187 - (...):

Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica


entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem:

I - União;

II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata;

III - Municípios, conjuntamente e pró rata.

Isso significa que, ao realizar o pagamento dos créditos, segue-se a


ordem que aprendemos, partindo-se da primeira classe, em direção às demais,
assim que for esgotado o crédito daquela.

Ao chegar a vez do crédito tributário, deve-se analisar o concurso de


preferência entre as pessoas jurídicas de direito público. Primeiramente,
procede-se ao pagamento dos créditos da União. Somente são pagos os
créditos tributários dos Estados e DF, se for possível quitar todos os de
competência da União. O mesmo raciocínio se aplica aos créditos tributários
dos Municípios.

Se, porventura, o montante a ser distribuído não for suficiente para


quitar os créditos dos vários Estados interessados (ou Municípios), deve-se
fazer o rateio proporcionalmente ao valor total dos créditos de cada
ente federativo.

Vamos exemplificar?

Imagine que em um processo de falência todos os credores com


preferência sobre o crédito tributário já tenham sido pagos, cabendo ao Fisco o
recebimento de seus créditos de natureza tributária.

O montante a ser distribuído é de R$ 200.000,00.

O valor dos créditos tributários de cada ente federativo são os seguintes:

 União: R$ 100.000,00
 Estado de Minas Gerais: R$ 400.000,00
 Estado de São Paulo: R$ 600.000,00
 Município de Belo Horizonte: R$ 100,000,00

Fazendo os cálculos, conforme explicado acima:

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execução fiscal, em termos de data de alienação.


A) 21 de janeiro de 2014
B) 02 de junho de 2014
C) 02 de março de 2015
D) 21 de outubro de 2014

Comentário: O marco temporal para caracterizar a fraude à execução fiscal é


a data de inscrição em dívida ativa. Se neste momento, o devedor tiver
alienado os seus bens, não reservando bens ou rendas suficientes ao
pagamento de toda dívida tributária, fica caracterizada a fraude. Portanto, a
data é 02 de junho de 2014.

Gabarito: Letra B

2 – ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

A partir do art. 194, o CTN cuidou do tema “Administração Tributária”.


Foram estabelecidas algumas regras para nortear os procedimentos a serem
adotados pelos órgãos e agentes fazendários.

Conforme foi visto no início do nosso curso, os tributos são a principal


fonte de receita do Estado. É por isso que a administração tributária é, em
termos simples, a sustentação do Estado, conforme está previsto no art. 37,
XXII, da CF/88:

XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do
Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão
recursos prioritários para a realização de suas atividades e
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.

Destaque-se que, em compatibilidade com a previsão acima no sentido


de que as administrações tributárias terão recursos prioritários, o art. 167, IV,
da própria CF/88, permitiu a excepcional vinculação da receita dos
impostos para realização das atividades da administração tributária.

Em suma, o que nos importa nesse momento é saber que o CTN dividiu
o tema em três capítulos, quais sejam: Fiscalização, Dívida Ativa e Certidões
Negativas.

Vamos estudar cada um deles a partir de agora!

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2.1 - Fiscalização

O capítulo que trata da fiscalização diz respeito aos poderes e deveres


das autoridades administrativas. Também trata das restrições quanto à
divulgação de informações relativas à situação econômica dos contribuintes.

2.1.1 – Poderes das autoridades administrativas

Em primeiro lugar, cabe relembrar que o CTN é uma norma geral em


matéria tributária. Por conseguinte, há outras regras atinentes à fiscalização
tributária, previstas em leis ordinárias de cada ente federativo.

Sendo assim, em cada esfera podem ser criadas normas


regulamentando as prerrogativas das autoridades fiscais a ela
vinculadas. Tais normas podem ser tanto em caráter geral, aplicando-se à
fiscalização de todos os tributos de competência do ente, ou em caráter
especial, aplicando-se a um tributo especificamente.

Vejamos o que estabelece o art. 194 do CTN:

Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei,


regulará, em caráter geral, ou especificamente em função da
natureza do tributo de que se tratar, a competência e os poderes
das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da
sua aplicação.

Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às


pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que
gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal.

Neste ponto, é muito importante que o aluno perceba que, ainda que o
contribuinte esteja imune ou isento, deve ser fiscalizado. Isso ocorre porque a
imunidade e a isenção exoneram o contribuinte da obrigação de pagar,
mas não da possibilidade de vir a ser fiscalizado.

Ademais, há casos de imunidade ou isenção em que o contribuinte fica


sujeito a alguns requisitos, e só há um meio de verificar se estão sendo
realmente cumpridos: fiscalização.

Nesse rumo, o art. 195 dispõe sobre os poderes das autoridades fiscais:

Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação


quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito
de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos
comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da
obrigação destes de exibi-los.

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Sendo assim, as autoridades fiscais têm o direito de examinar os livros,


arquivos e documentos do sujeito passivo, e este tem o dever de exibi-los,
ainda que haja lei excluindo ou limitando essa prerrogativa fiscal. É
claro que a fiscalização deve se limitar ao objeto da investigação, conforme se
extrai do entendimento sumulado do STF:

Súmula STF 439 - Estão sujeitos a fiscalização tributária ou previdenciária


quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da
investigação.

Repare que o STF deixa claro que quaisquer livros comerciais estão
submetidos à fiscalização tributária ou previdenciária. O que isso quer dizer?
Ora, até mesmo aqueles livros que não são de escrituração obrigatória
(não constituem obrigações acessórias) submetem-se ao exame do Fisco.

Relativamente aos livros obrigatórios de escrituração comercial e


fiscal e aos comprovantes dos lançamentos neles efetuados, o par.
único do art. 195, do CTN, assevera que devem ser conservados até que
ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações
a que se refiram.

Tenha muito cuidado em relação a esse dispositivo. O legislador não


previu um prazo fixo (5 anos, por exemplo), até porque o prazo
prescricional, como foi visto no nosso curso, está submetido à interrupção,
hipótese em que é reiniciado. Sendo assim, o prazo para ocorrer a prescrição
do crédito tributário pode ser bastante superior aos 5 anos.

Conservação de livros obrigatórios e comprovantes


de lançamentos = até ocorrer prescrição.

A autoridade fiscal ainda tem a prerrogativa de requisitar informações a


terceiros, no interesse da fiscalização, conforme se expõe a seguir:

Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à


autoridade administrativa todas as informações de que disponham
com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros:

I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício;

II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições


financeiras;

III - as empresas de administração de bens;

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IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais;

V - os inventariantes;

VI - os síndicos, comissários e liquidatários;

VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em


razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão.

Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a


prestação de informações quanto a fatos sobre os quais o
informante esteja legalmente obrigado a observar segredo em
razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão.

Deve ficar claro que não são apenas as pessoas listadas no art. 197
do CTN que estão obrigadas a prestar informações ao Fisco. Veja que o
inciso VII abrange quaisquer outras pessoas ou entidades que a lei designe. O
objetivo é abranger todas as pessoas que de alguma forma possam ter
conhecimento de informações necessárias à atividade de fiscalização.

A lista prevista no CTN de pessoas obrigadas a prestar


informações sobre bens, negócios ou atividades de
terceiros não é taxativa. Lei ordinária pode estendê-
la.

As pessoas já citadas nos incisos I a VI do art. 197, do


CTN, não dependem de lei ordinária para estarem
obrigadas a prestar informações, por já se encontrar
expresso no próprio CTN.

Fica ressalvado, no entanto, os casos em que a lei reguladora da


profissão determine o dever de sigilo. Por exemplo, se o advogado impedido
de prestar informações relativas aos seus clientes, em decorrência da lei
regulamentadora da sua profissão, não fica obrigado a fornecê-las, diante da
intimação recebida.

Destaque-se que a autoridade administrativa também possui o poder de


requisitar (e não apenas solicitar) o auxílio da força pública, ou seja, das
autoridades policiais, quando vítimas de embaraço ou desacato no
exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação de
medida prevista na legislação aduaneira, conforme prevê o art. 200, do
CTN:

Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão requisitar o


auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente,
quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções,
ou quando necessário à efetivação dê medida prevista na legislação

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Vamos ver o que está previsto no art. 196 do CTN:

Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a


quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários
para que se documente o início do procedimento, na forma da
legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão
daquelas.

Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados,


sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando
lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita à fiscalização,
cópia autenticada pela autoridade a que se refere este artigo.

Basicamente, o Termo de Início de Fiscalização possui três efeitos


relevantes: determina a data inicial para contagem do prazo máximo
para conclusão das diligências, antecipa a contagem do prazo
decadencial e afasta a espontaneidade do sujeito passivo.

O Termo de Início de Fiscalização estabelece a data em que a atividade


fiscalizatória teve início. Com isso, é possível fixar o prazo máximo para a
conclusão das diligências de fiscalização.

Ademais, nós aprendemos que a regra geral de contagem do prazo


decadencial ocorre no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado, correto?

Vimos também que, se entre a data do fato gerador e o primeiro dia do


exercício seguinte, houver a notificação do sujeito passivo de qualquer
procedimento de fiscalização, antecipa-se o início da contagem do prazo
decadencial para este dia (data do Termo de Início de Fiscalização). Este é,
portanto, o segundo efeito da lavratura do referido termo.

Responda-me, então: sempre há antecipação do prazo de contagem do


prazo decadencial? Não! Se o procedimento de fiscalização for iniciado após o
primeiro dia do exercício seguinte à data do fato gerador, o prazo decadencial
já teria iniciado o seu curso, não havendo qualquer impacto na sua
contagem.

Se a notificação do início de procedimento fiscal ocorrer


após o “primeiro dia do exercício seguinte”, não haverá
impacto sobre o curso do prazo decadencial.

O terceiro efeito está relacionado ao estudo da responsabilidade


tributária. Você se lembra quando estudamos a denúncia espontânea? Naquele
momento, foi dito que o sujeito passivo só fica livre das penalidades, se agir
espontaneamente, antes de qualquer procedimento de fiscalização.

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Art. 198 - (...):

§ 1o Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no


art. 199, os seguintes: (Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

I – requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça;


(Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da


Administração Pública, desde que seja comprovada a instauração
regular de processo administrativo, no órgão ou na entidade
respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se
refere a informação, por prática de infração administrativa.
(Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

Desse modo, o juiz pode requisitar as informações de que o Fisco dispõe,


para instruir processos judiciais, sejam eles de natureza civil ou penal. A
requisição é feita no interesse da justiça.

Destaque-se que as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs)


também podem solicitar informações ao Fisco, já que a CF/88 conferiu
àquelas poderes de investigação próprios das autoridades judiciais
(CF/88, art. 58, § 3º).

No que se refere às solicitações administrativas, a transferência das


informações é mais restrita, já que se exige, no momento da solicitação,
processo administrativo regularmente instaurado no âmbito do órgão ou
entidade solicitante, com o objetivo de investigar sujeito passivo por
prática de infração administrativa.

Vale ressaltar que sempre deve ser considerado os procedimentos


previstos no § 2º, do art. 198:

Art. 198 - (...):

§ 2o O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Administração


Pública, será realizado mediante processo regularmente
instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à autoridade
solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência e
assegure a preservação do sigilo. (Incluído pela Lcp nº 104, de
10.1.2001)

Pela redação do dispositivo, percebe-se que o objetivo é sempre


preservar o sigilo fiscal. Por isso, lembre-se que as requisições promovidas
pelo Judiciário e as solicitações administrativas não autorizam a
divulgação de informações, mas apenas o seu uso no interesse da justiça
ou da Administração Pública, respectivamente.

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condicionada à existência do crédito tributário. Se não há crédito


tributário, não há crime.

O grande problema é que, com o lançamento, o crédito tributário está


constituído, mas não definitivamente constituído, pois pode ser impugnado
pelo sujeito passivo. Está lembrado?

Sendo assim, só temos certeza da existência do crédito tributário,


quando este estiver definitivamente constituído, isto é, após proferida a
decisão final na esfera administrativa. Portanto, é somente a partir de então
que pode ser formulada a representação fiscal para fins penais (RFFP),
a ser encaminhada ao Ministério Público.

Nessa linha, é válido citar o art. 83 da Lei 9.430/1996:

Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes
contra a ordem tributária previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137,
de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes contra a Previdência
Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei no 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), será encaminhada ao
Ministério Público depois de proferida a decisão final, na esfera
administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário
correspondente. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010)

Demonstrando entendimento nessa mesma linha, o STF editou a


seguinte súmula vinculante:

Súmula Vinculante 24 – Não se tipifica crime material contra a ordem


tributária, previsto no art. 1.º, incisos I a IV, da Lei n.º 8.137/90, antes do
lançamento definitivo do tributo.

Saiba que, após a constituição definitiva do crédito tributário, o MP pode


oferecer a denúncia (propor a ação penal), independentemente do recebimento
da RFFP.

Somente com a constituição definitiva do crédito


tributário é que se configura os crimes acima estudados.

O MP não depende de RFFP para oferecer a


denúncia.

Deve-se destacar também que em casos excepcionais, o STF (HC


95.443/SC) permite a instauração de inquérito policial antes do
encerramento do processo administrativo fiscal, quando for
imprescindível para viabilizar a fiscalização.

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A possibilidade de permuta de informações prevista no


art. 199 do CTN é norma de eficácia limitada.

Do mesmo modo, a Fazenda Pública da União também está autorizada a


firmar tratados, acordos ou convênios, com o intuito de permutar
informações com Estados estrangeiros, sempre no interesse da
arrecadação e da fiscalização dos tributos.

2.2 – Dívida Ativa

Para entender com clareza o que será visto neste tópico, é importante
relembrarmos como ocorre a constituição definitiva do crédito tributário.
Vamos lá: ao ser notificado do lançamento, o sujeito passivo tem um prazo
fixado em lei para pagar ou impugnar o lançamento.

Caso o sujeito passivo cumpra com a obrigação tributária, pagando o


tributo contra ele lançado, o crédito tributário é extinto pelo próprio
pagamento (CTN, art. 156, I).

Se, por outro lado, o sujeito passivo impugnar o lançamento, instaura-se


um litígio entre a Fazenda Pública e o contribuinte ou responsável, em que se
discute o crédito tributário. Ao final, caso a decisão seja desfavorável ao
sujeito passivo, mantendo o crédito lançado, ocorre a constituição
definitiva do crédito tributário.

No curso do processo administrativo instaurado a partir


da impugnação do contribuinte, a Administração
Tributária exerce controle interno de legalidade.

Imaginemos, ainda, que o sujeito passivo, notificado do lançamento, não


toma qualquer medida para efetuar o pagamento ou impugnar o lançamento.
Nesse caso, também haverá a constituição definitiva do crédito
tributário.

Nesse sentido, estabelece o art. 201 do CTN o seguinte:

Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa


natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente,
depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou
por decisão final proferida em processo regular.

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Veja, então, que a após a constituição definitiva do crédito tributário, e


não havendo pagamento por parte do sujeito passivo ou qualquer
medida judicial que suspenda a exigibilidade do crédito tributário, cabe
à Fazenda Pública proceder à inscrição do crédito tributário em dívida ativa.
Em se tratando de tributos de competência da União, a inscrição compete à
Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN).

É de se destacar que, embora já possa ter havido controle de legalidade


pela Fazenda Pública (no curso do processo administrativo), em face do
julgamento em processo administrativo, a inscrição em dívida ativa é o último
controle de legalidade do crédito tributário constituído. Podemos dizer, ainda,
que é o único controle de legalidade realizado pela apreciação crítica de
profissionais legalmente competentes 1 : os Procuradores da Fazenda
Nacional, relativamente aos tributos federais.

Nesse sentido, acrescentamos as lições de Geraldo Ataliba e Cleber


Giardino2:

“A inscrição evita a propositura pela Fazenda de execuções indevidas,


resguarda os direitos individuais, protege o cidadão; faz valer o princípio
da reserva legal e da propriedade privada. Instituída a inscrição como
controle de legalidade, fundamentalmente com essas qualidades,
apresenta ainda várias vantagens marginais, tais como desonerar o
judiciário de causas temerárias e livrar a administração de condenações
moral e patrimonialmente lesivas”.

Mas, afinal de contas, em que consiste a inscrição em dívida ativa?


Trata-se de inclusão do nome do sujeito passivo no cadastro de
devedores inadimplentes, mediante a lavratura de termo no livro da dívida
ativa do respectivo ente federado. Atualmente, tal procedimento é realizado de
forma eletrônica.

O objetivo da inscrição do crédito tributário em dívida ativa é


extrair a Certidão de Dívida Ativa (CDA), título executivo extrajudicial, que
viabiliza a posterior propositura da ação de execução fiscal.

Como a inscrição ocorre após a constituição definitiva do


crédito tributário, o sujeito passivo não possui o
direito de ser notificado da inscrição e da extração
da CDA.

1
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª Edição. 2013 Pág. 534.

2
ATALIBA, Geraldo. GIARDINO, Cleber. Inscrição de dívida ativa Função Privativa dos Advogados
Públicos. Revista de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Jul/Set. de 1982, p. 340.

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Estando a dívida regularmente inscrita, goza de presunção relativa de


certeza e liquidez, admitindo, obviamente, prova em contrário por parte do
sujeito passivo:

Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e


liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída.

Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e


pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou
do terceiro a que aproveite.

Como exemplo, se o contribuinte realizar o pagamento de determinado


tributo, como o IR, por exemplo, e o sistema da RFB não detectá-lo,
certamente o contribuinte terá o seu débito inscrito em dívida ativa. Tomando
ciência do fato, pode imediatamente apresentar suas provas inequívocas de
que houve o correto pagamento.

Destaque-se que o par. único do art. 201, do CTN, estabelece que a


fluência de juros de mora não exclui a liquidez do crédito. Portanto,
ainda que os juros de mora sejam acrescentados ao valor total da dívida, a
liquidez (o valor exato) do crédito tributário não deixa de existir, pois sempre
será possível calcular o montante devido, a título de tributo.

O CTN também previu os requisitos do termo de inscrição da dívida


ativa:

Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela


autoridade competente, indicará obrigatoriamente:

I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem


como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de
outros;

II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora


acrescidos;

III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a


disposição da lei em que seja fundado;

IV - a data em que foi inscrita;

V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se


originar o crédito.

Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste


artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição.

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B) poderá participar da licitação, pois o crédito tributário está com a


exigibilidade suspensa.
C) poderá participar da licitação somente após a defesa administrativa ser
analisada.
D) somente poderá participar da licitação se depositar o valor do crédito
tributário.

Comentário: O fato de o crédito tributário estar com sua exigibilidade


suspensa (pendência de decisão administrativa relativa ao recurso interposto
pelo sujeito passivo) enseja a emissão de certidão positiva com efeito de
negativa, o que não impede o empresário de participar da referida licitação.

Gabarito: Letra B

3 – SIMPLES NACIONAL

Em relação ao Simples Nacional, eu tenho uma boa notícia para você:


este assunto só caiu uma vez nas provas da OAB! Fizemos uma análise das
questões anteriores sobre o tema, e vamos trabalhar em cima do que é
importante e mais provável de ser cobrado em prova.

Não faz muito sentido ficarmos nos aprofundando em detalhes que têm
poucas chances de serem cobrados na sua prova. A minha dica é que você
foque em outros pontos mais importantes da matéria, como o estudo do
crédito tributário, por exemplo.

Vamos começar?

Em decorrência do princípio da isonomia, cuja essência consiste em


tratar desigualmente os desiguais, não seria justo que as pequenas empresas,
ao iniciar suas atividades, se submeterem à mesma carga tributária das
grandes empresas.

O mesmo raciocínio se aplica em relação ao cumprimento das obrigações


acessórias, já que não se compara a estrutura administrativa de uma
multinacional com o boteco do Seu João, correto?

Desse modo, existe previsão constitucional (desde a sua promulgação


em 1988) para que se institua tratamento diferenciado às microempresas
(ME) e às empresas de pequeno porte (EPP), em seu art. 179 (no capítulo que
cuida dos princípios gerais da atividade econômica):

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte,
assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a

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incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas,


tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou
redução destas por meio de lei.

De acordo com o STF (ADI 1.643/UF), “não há ofensa ao princípio da


isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento
desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade
contributiva distinta (...)”. Percebe-se, portanto, que o tratamento
diferenciado para as ME e EPPs já foi chancelado pelo STF.

Vamos sintetizar isso pra fins de prova? Guarde assim:

 Todos os entes federativos dispensarão tratamento diferenciado;


 A lei definirá o conceito de ME e EPP;
 Tratamento jurídico diferenciado: simplificação, eliminação ou redução.

Palavras-chave: simplificação, eliminação ou


redução.

O problema é que cada ente federativo criou um sistema próprio,


concedendo tratamento diferenciado às MEs e EPPs, de forma que não havia
qualquer uniformidade nas normas. Ou seja, a simplificação acabou se
tornando uma “bagunça”.

Diante disso, o legislador constituinte providenciou alteração no texto


constitucional, por intermédio da Emenda Constitucional 42/2003, incluindo a
alínea “d” ao art. 146, III, cuja redação é a seguinte:

Art. 146. Cabe à lei complementar:

(...)

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,


especialmente sobre:

(...)

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as


microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive
regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art.
155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da
contribuição a que se refere o art. 239.

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Somente alguns impostos e contribuições estão


incluídos na sistemática do Simples Nacional.

Não se inclui nesse regime as demais espécies


tributárias.

É importante salientar também que, muito embora os cálculos dos


tributos sejam feitos com base na receita auferida no mês (regime de
competência), a LC 123/06 permite, na forma regulamentada pelo
Comitê Gestor, que a empresa opte do cálculo pelo regime de caixa,
considerando as receitas efetivamente recebidas no mês.

Outro detalhe a ser destacado é que, em cumprimento ao postulado da


isonomia, as alíquotas são progressivas, diretamente em função do volume de
receitas. Ou seja, aqueles que vendem mais, possuem incidência mais
gravosa.

Ademais, também em decorrência do princípio da isonomia, há


distinção entre as alíquotas, conforme a atividade exercida pela
empresa.

Vamos ver, então, quais são os tributos incluídos na sistemática do


Simples Nacional:

Art. 13. O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante


documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e
contribuições:

I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ;

II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o disposto


no inciso XII do § 1o deste artigo;

III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL;

IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS,


observado o disposto no inciso XII do § 1o deste artigo;

V - Contribuição para o PIS/Pasep, observado o disposto no inciso XII


do § 1o deste artigo;

VI - Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguridade Social,


a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 24
de julho de 1991, exceto no caso da microempresa e da empresa
de pequeno porte que se dedique às atividades de prestação de
serviços referidas no § 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar;

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Alternativa D: Estudamos que a arrecadação, fiscalização e cobrança poderão


ser compartilhadas pelos entes federados. Alternativa correta.

Gabarito: Letra D

4 – EXECUÇÃO FISCAL

4.2.1 – Noções Gerais sobre Execução Fiscal

O estudo da execução fiscal toma por base a Lei 6.830/1980 (Lei de


Execução Fiscal ou simplesmente LEF) e, subsidiariamente, o Código de
Processo Civil (CPC).

A execução fiscal é ação ajuizada pela Fazenda Pública, no âmbito do


Poder Judiciário, com o objetivo de ver satisfeito o seu direito de receber o
crédito tributário.

Lembre-se de que, com o lançamento, a dívida se torna exigível, mas é


somente após a inscrição do crédito tributário em dívida ativa que este
se torna exequível, isto é, passível de execução judicial.

Cabe destacar também que a Dívida Ativa da Fazenda Pública


abrange tanto os créditos tributários como os não tributários, abrangendo
também a correção monetária, os juros, as multas e os demais
encargos legais ou contratuais (LEF, art. 2º, § 2º).

A Dívida Ativa da Fazenda Pública não é composta


apenas de créditos tributários, mas também de
créditos não tributários.

Sendo assim, é possível dizer que qualquer valor, cuja cobrança seja
atribuída por lei à União, aos Estados, ao Distrito Federal e às
respectivas autarquias, será considerado Dívida Ativa da Fazenda
Pública (LEF, art. 2º, § 1º).

Por conseguinte, a execução fiscal é aplicável para a cobrança de


qualquer dívida titularizada pela Fazenda Pública da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, seja de natureza tributária ou não.

4.2.2 – Título executivo

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VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de


imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de
condomínio;

IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos
créditos inscritos na forma da lei;

X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de


condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em
assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;

XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a


valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela
praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;

XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei
atribuir força executiva.

Caro(a) aluno(a), como estamos tratando de execução fiscal, o que nos


importa neste momento é estudar o art. 784, IX, do CPC, ou seja, a Certidão
de Dívida Ativa (CDA).

A CDA é título executivo elaborado unilateralmente


pelo credor (Fazenda Pública), sem a participação do
devedor, como ocorre os cheques, por exemplo (CPC,
art. 784, I).

Sendo assim, podemos dizer, com base no que foi exposto até o
momento, que há dois requisitos necessários para promover a ação de
execução fiscal:

 Inadimplemento do devedor;
 Título executivo.

Ora, se o devedor ainda não se encontra em estado de inadimplência,


por não ter vencido o prazo, por exemplo, não há que se falar em qualquer
razão para ajuizar a ação de execução. Da mesma forma, se não há título
executivo, não há certeza da existência da dívida, o que implica a carência da
execução.

4.2.3 – O processo de execução fiscal (Lei 6.830/80)

Inicialmente, é importante saber que o processo de execução se


distingue do processo de conhecimento, pois naquele não há discussão
quanto à certeza da existência da dívida, já que a Fazenda Pública possui

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providências, caberá ao Poder Judiciário proceder à penhora dos bens e


direitos que integram o patrimônio do devedor.

A citação ao executado pode ocorrer das seguintes


formas: por correio, por meio do Oficial de Justiça
ou por edital.

Destaque-se que o devedor pode garantir a execução das seguintes


maneiras:

 Efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial


de crédito, que assegure atualização monetária;
 Oferecer fiança bancária ou seguro garantia;
 Nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou
 Indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda
Pública.

O seguro garantia é uma nova modalidade de garantir a execução


fiscal, incluída na LEF pela Lei 13.043/2014, e, portanto, muito relevante para
nossa prova, já que é bastante recente!

A mudança foi importante, já que o STJ possuía jurisprudência pacífica de


que o seguro garantia não servia como garantia da execução fiscal em virtude da
ausência de previsão na LEF.

O seguro garantia já era previsto, na esfera federal, pela Portaria PGFN


164/2014. Admitia-se, então, antes mesmo da edição da Lei
13.043/2014, o seguro garantia no âmbito federal. Contudo, a inclusão foi
relevante, pois a partir de agora vale para todas as esferas (federal, estadual,
distrital e municipal).

O executado pode, ainda, pagar parcela da dívida,


que julgar incontroversa, e garantir a execução do
saldo devedor (LEF, art. 9º, § 6º).

Sendo assim, perceba que a penhora dos bens pode ser oferecida
espontaneamente pelo sujeito passivo, como também pode ser procedida pelo
Poder Judiciário.

Nessa esteira, garantida a execução, o devedor possui 30 dias para


opor embargos à execução fiscal, sendo tal prazo contado do depósito, da
juntada da prova da fiança bancária ou seguro garantia ou da intimação da
penhora (LEF, art. 16, caput). Contudo, deve ser ressaltado que não são

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admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução


LEF, art. 16, § 1°).

No que se refere à penhora, o entendimento do STJ (REsp 79.097/SP) é


o de que se o executado não possui condições de efetuar a penhora no valor
integral, ou seja, se o valor dos bens penhoráveis é inferior ao da
execução, não tem seu direito aos embargos restringido. Observe a
forma como decidiu esta Corte:

PROCESSUAL - EXECUÇÃO FISCAL - PENHORA INSUFICIENTE - EMBARGOS A


EXECUÇÃO - POSSIBILIDADE.

Circunstancia de o bem penhorado ser insuficiente para garantir a


Satisfação integral do credito, não retira do devedor a faculdade de
Embargar a execução.
- aproveitar a penhora, apenas para dar curso a execução, sem abrir ao
devedor o direito de embargar e praticar odiosa restrição ao Direito de
defesa. E transformar a execução em confisco.

(STJ, Primeira Turma, REsp 79.097/SP, Rel. Min. Humberto Gomes de


Barros, Julgamento em 18/03/1996)

Ainda em relação à penhora, o art. 15, da Lei 6.830/1980 admite o


seguinte:

Art. 15. Em qualquer fase do processo, será deferida pelo Juiz:

I - ao executado, a substituição da penhora por depósito em


dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia; e (Inciso com redação
dada pela Lei nº 13.043, de 13/11/2014)

II - à Fazenda Pública, a substituição dos bens penhorados por


outros, independentemente da ordem enumerada no art. 11, bem
como o reforço da penhora insuficiente.

Por fim, se o executado não possui quaisquer bens penhoráveis ou até


mesmo se o executado não for localizado, o art. 40 da LEF determina que haja
a suspensão da execução fiscal. Nesse caso, não correrá o prazo de
prescrição.

Suspensa a execução, os autos são remetidos ao representante judicial


da Fazenda Pública. O objetivo dessa providência é oportunizar ao credor que
diligencie no sentido de identificar bens passíveis de penhora.

Um ano após a suspensão do referido processo, se não for


localizado o devedor, ou se não forem encontrados bens passíveis de penhora,

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o Juiz ordenará o arquivamento dos autos, providência que poderá ser


revertida a qualquer tempo, desde que encontrados os bens ou o executado.

Com o arquivamento do processo, retoma-se a contagem do prazo


prescricional, findo o qual o Juiz, após ouvir a Fazenda Pública, poderá,
de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato,
extinguindo o processo, com base no inciso II, do art. 487, do CPC.

Nesse sentido, o STJ editou a seguinte súmula:

Súmula STJ 314 – Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis,


suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da
prescrição quinquenal intercorrente.

4.2.4 – Competência da Execução Fiscal

Qual seria o juízo competente para julgar a ação de execução fiscal? A


competência para julgar a execução fiscal depende da Fazenda Pública
que for autora da ação. Assim sendo, podemos fazer as seguintes
considerações:

 Se a ação for proposta pelos Estados ou Municípios: em regra, a


competência será da Justiça Estadual. Contudo, se a Fazenda Estadual ou
Municipal estiver cobrando débito da União, suas autarquias, fundações ou
empresas públicas, a execução será julgada pela Justiça Federal.

 Se a ação for proposta pela União: a competência para julgamento será da


Justiça Federal (CF/88, art. 109, I)

Se a União, suas autarquias e fundações ajuizarem


execução fiscal elas serão sempre processadas e
julgadas pela Justiça Federal, mesmo que o
executado more em uma comarca do interior onde não
funcione vara da Justiça Federal.

4.2.5 – Penhora Online na Execução Fiscal

A importância da penhora online no âmbito da execução fiscal tomou


relevância a partir da LC 118/2005, que acrescentou o art. 185-A e seus
parágrafos ao Código Tributário Nacional. Senão, vejamos:

Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não


pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem
encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de
seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio
eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de

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5 – ENCERRAMENTO DO CURSO

Caro aluno,

Nosso curso se encerra aqui!

Eu desejo que todos os seus sonhos se concretizem, e que você venha a


alcançar a aprovação no Exame de Ordem!

Que Deus o abençoe!

Não deixe de me contar a notícia da sua aprovação, ok?

Se você tiver sugestões ou críticas quanto ao nosso curso, não deixe de me


enviar um email! A opinião do aluno sempre será a nossa prioridade!

Prof. Fábio Dutra


Email: fabiodutra08@gmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/ProfFabioDutra

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