Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
formação de palavras que consiste na inclusão de uma palavra numa nova classe, sem que se
verifique qualquer alteração formal da palavra e sem que se adicionem afixos. Esta inclusão
obriga a que a palavra passe a estar sujeita às regras de flexão da classe em que se integrou.
Ex: andar (verbo) Ú andar (nome). Ao passar a nome andar flexiona como os nomes com a
mesma terminação: andar(es).
Nova
Classe inicial Exemplo Exemplo
classe
Contra O carro bateu contra uma Contra Num negócio, é preciso ver os prós e
(preposição) árvore. (nome) os contras.
Outro dos processos que não envolvem a adição de afixos é a derivação não afixal. Consiste na
formação de nomes a partir de verbos, através da substituição da vogal temática e do sufixo de
flexão verbal pelo índice temático (e eventuais sufixos de flexão) .
Ex: pescar Ú pesca. Retira-se ao radical pesc a vogal temática a e o sufixo de flexão de infinitivo
r, substituindo-os pelo índice temático a. Tradicionalmente, a gramática definia este processo
como derivação regressiva.
Alguns exemplos de derivação não afixal:
Nova
Classe inicial Exemplo
classe
Olhar Olho
Eles têm olho para o negócio.
(verbo) (nome)
Comprar Compra
As compras de bens de consumo estão a diminuir.
(verbo) (nome)
Composição:
Definimos dois tipos: a composição morfológica e a composição morfossintática. No primeiro
caso, formamos palavras através da associação de dois radicais (habitualmente de origem grega
e/ou latina) ou de um radical e uma palavra. Esta associação faz-se, normalmente, através de
uma vogal de ligação (psic+o+logia = psicologia; luso+descendente = lusodescendente). No
segundo, a formação das palavras faz-se através da associação de duas ou mais palavras:
Ex: surdo-mudo; quebra-mar; homem-rã; fim de semana.
Convém ainda referir que na composição morfológica estão envolvidos processos morfológicos,
como a variação em número, enquanto que na composição morfossintática a associação das
palavras se faz também através de processos sintáticos e semânticos, os quais, por sua vez,
dependem da estrutura do composto (nome + nome; nome + adjetivo; adjetivo + adjetivo; verbo
+ nome).
Isto quer dizer que se ambas as palavras tiverem igual contributo para o valor semântico do
composto, o contraste em género e a flexão em número atingem os dois elementos (exemplos 1
e 3 do quadro).
Por outro lado, se o valor semântico da palavra da esquerda for modificado pela da direita, o
contraste de género e a flexão em número afetam apenas a palavra da esquerda (exemplos 2 e
4). Ainda no caso de o composto ser constituído por uma forma verbal na 3ª pessoa do singular
e por um nome, apenas flexiona o nome (exemplo 5). Finalmente, não se verifica contraste em
género nem flexão em número nos compostos constituídos verbo na 3ª pessoa e nome no
plural (exemplo 6).
Flexionam ambas as
1. Trabalhador- Ele/ela /eles/elas é /são
Nome + nome palavras em género e
estudante trabalhador(es) (a) (as)
número.
estudante(s).
Flexionam ambas as
Ele/ela /eles/elas é /são
3. Surdo-mudo Adjetivo + adjetivo palavras em género e
surdo/os /as mudo(a) (os) (as).
número.
formação de uma palavra. A afixação pode ocorrer por derivação ou modificação. A derivação
que determina as propriedades morfossintáticas, como a classe a), o género dos nomes b), o
a) [an]o anual
b) [ram]o ramagem
c) [ferv]er fervilhar
gordura antigordura
derivação por sufixação — consiste na junção de um afixo à direita da forma de base (sufixo),
alterando a suas propriedades morfossintáticas, por exemplo:
[bel]o beleza
a) livro livrinho
b) fazer refazer
atacar ataque
A derivação imprópria consiste no processo de formação de palavras que não implica qualquer
alteração formal, na medida em que apenas se procede à alteração da classe da palavra:
organ[i]grama
afro-americano
coordenação: integra palavras com estatuto idêntico, pelo que estas contribuem de igual modo
para a interpretação semântica do composto. A coordenação associa particularmente nomes,
podendo também incluir alguns adjetivos, conforme, actor-encenador, surda-muda, e a flexão
ocorre nos dois constituintes, conforme surdas-mudas.
bomba-relógio
reanálise: combina uma forma verbal flexionada na terceira pessoa do singular do presente do
indicativo e uma forma nominal [cf.a)]. A flexão ocorre no segundo constituinte [cf. b)]:
a) guarda-roupa
b) guarda-roupas
1
Apesar de permitir a formação de palavras, a flexão não é um processo de criação. Aplica-se
às palavras variáveis, permitindo especificar as suas propriedades morfossintáticas e
morfossemânticas. A flexão é obrigatória e sistemática, podendo ser nominal ou verbal. A flexão
nominal aplica-se aos nomes e adjetivos, especificando o número singular ou plural. De notar
que o contraste de género não é considerado um processo de flexão (Gramática da Língua
Portuguesa, Mateus et alii) dado que não é um processo obrigatório (apenas os nomes animados
possuem contraste de género) e pode realizar-se através de outros processos de formação de
palavras como derivação (cf. embaixador/embaixatriz), composição (cf. crocodilo-fêmea),
contraste de género através de diferentes palavras (cf. ovelha/carneiro) ou contraste de género
através do índice temático (cf. gato/gata). A flexão verbal aplica-se aos verbos através da flexão
em tempo-modo-aspecto e pessoa-número, ajustando-se à conjunção a que pertence o verbo
(1.ª, 2.ª e 3.ª).