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- Notas de Aula -
1 Os Números Reais 1
1.1 Desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Valor Absoluto ou Módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Supremo e Ínfimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Funções Limitadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3 Séries 27
3.1 Testes de Convergência para Séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.1.1 Teste da Comparação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.1.2 Séries Alternadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.1.3 Teste da Raiz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.1.4 Teste da Razão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4 Conjuntos Enumeráveis 39
5 Topologia na Reta 45
5.1 Conjuntos Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5.2 Conjuntos Fechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.3 Pontos de acumulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.3.1 Pontos de acumulação laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
5.4 Fronteira de um conjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3
4 SUMÁRIO
6 Limites de Funções 59
Capı́tulo 1
Os Números Reais
1.1 Desigualdades
Axiomas: São resultados aceitos sem demonstração. Verdades absolutas, inquestionáveis.
Partindo de axiomas constroem-se teorias na matemática. Como exemplo, temos
a Geometria Euclidiana, que tem alicerce em axiomas fundamentais relativos a pontos,
planos e retas.
O conjunto dos números reais é formado pela junção dos números racionais e irra-
cionais. Tal conjunto é costumeiramente representável numa reta, a reta real, obedecendo
a ordem natural de seus elementos. Mostraremos em breve que os números reais preenchem
totalmente esta reta.
Alguns subconjuntos importantes de R são:
N −→ Conjunto dos números naturais unido com o zero.
Z −→ Conjunto dos números
inteiros.
a
Q= ; a ∈ Z, b ∈ Z∗ −→ Conjunto dos números racionais.
b
R+ = {x ∈ R| x > 0}.
R− = {x ∈ R| x < 0}.
Demonstração. Exercı́cio.
1
2 CAPÍTULO 1. OS NÚMEROS REAIS
y − x + z − y = z − x ∈ R+ ∴x<z
Proposição 1.5 (Tricotomia) Dados x, y ∈ R, então uma das afirmações são válidas:
x < y, y < x ou x = y.
Demonstração. Exercı́cio.
Demonstração. Exercı́cio.
(i) x + z < y + w
1
Proposição 1.11 Se x > 0 então >0
x
1
Demonstração. Se = 0 temos uma contradição.
x
1 1
Caso < 0, então como x > 0 teremos x < 0 (Proposição anterior).
x x
⌣
1
Assim 1 < 0 ւ ∴ > 0
x
x
Proposição 1.12 Se x > 0 e y > 0 então >0
y
4 CAPÍTULO 1. OS NÚMEROS REAIS
1
Demonstração. Pela proposição anterior, como y > 0 temos > 0.
y
1 x
Daı́, como x > 0 teremos x > 0, ou seja, > 0.
y y
1 1
Proposição 1.13 Sejam x, y tais que 0 < x < y então >
x y
1 1 y−x
Demonstração. Temos − = .
x y xy
Assim, como x < y temos y − x > 0 e xy > 0 (pois x > 0 e y > 0). Logo,
y−x 1 1
pela proposição anterior, > 0, ou seja, − > 0.
xy x y
√
Proposição 1.18 |x| = x2 .
p √ √
Demonstração. De |x|2 = x2 temos |x|2 = x2 . Logo |x| = x2 .
Demonstração.
b) Exercı́cio.
|x + y| ≤ |x| + |y|
Definição 1.4 Dizemos que L ∈ R é uma cota superior (ou limite superior) de X se
∀ x ∈ X, x ≤ L.
Definição 1.5 Dizemos que ℓ ∈ R é uma cota inferior (ou limite inferior) de X se
∀ x ∈ X, x ≥ ℓ.
Definição 1.6 Um conjunto é dito limitado superiormente se admite uma cota superior.
Definição 1.7 Um conjunto é dito limitado inferiormente se admite uma cota inferior.
Observação 1.1 É claro que para Definição 1.9 o conjunto X deve ser limitado superi-
ormente (admitir cota superior).
Definição 1.12 Seja SupX a menor das cotas superiores. Logo SupX deve ser um
número S tal que
1.3. SUPREMO E ÍNFIMO 7
• ∀ x ∈ X, x ≤ S;
• ∀ x ∈ X, x ≤ S;
• ∀ x ∈ X, m ≤ x;
• ∀ x ∈ X, m ≤ x;
• ∀ǫ > 0, ∃ x ∈ X; x < m + ǫ.
√
Solução. X é limitado superiormente, pois ∀ x ∈ X, x ≤ 2;
3
X é limitado inferiormente, pois ∀ x ∈ X, x ≥ −10 .
Vamos mostrar que 1 = SupX.
De fato, 1 é cota superior de X. ∀ x ∈ X, 0 < x < 1. Em particular x ≤ 1.
Agora, seja L < 1. Vamos mostrar que existe x ∈ X tal que L < x < 1.
L+1 L+1
Considerando x = temos: De L < 1 temos L + 1 < 2 e então < 1;
2 2
L+1
De L < 1, então L + L < L + 1, ou seja, 2L < L + 1 e então L < . Logo
2
x ∈ X e L < x.
Portanto 1 = SupX. ⋄
Definição 1.15 Se Supf ∈ Imf então f admite máximo. O mesmo ocorre para o
Inf (f ).
1
Exemplo 1.6 Seja f : X −→ R definida por f (x) = .
x
a) Se X = (0, 1] então Imf = (1, +∞). E f é limitada inferiormente, isto é,
Inf (f ) = 1.
Exemplo 2.1 Seja a sequência (xn ) onde xn = 2, ∀ n ∈ N. Temos que (xn )n∈N =
(2, 2, 2, · · ·) enquanto {xn , n ∈ N} = {2}.
Sequências desta forma são chamadas de constantes.
√
Exemplo 2.2 (xn )n∈N , onde xn = 2 é uma sequência.
1
Exemplo 2.3 (xn )n∈N , onde xn = é uma sequência.
n
9
10 CAPÍTULO 2. SEQUÊNCIAS DE NÚMEROS REAIS
1
Exemplo 2.5 A sequência (xn ) onde xn = é estritamente decrescente (Logo monótona).
n
1 1
Solução. De fato, ∀ n ∈ N∗ , xn > xn+1 , pois > (Verifique!) ⋄
n n+1
2.2 Subsequência
Exemplo 2.8 Seja (xn ) onde xn = n.
Observe que (yn ) onde yn = 2n.
(xn ) = (0, 1, 2, 3, · · ·) e (yn ) = (0, 2, 4, · · ·). (yn ) é uma subsequência de (xn ).
1 1
Exemplo 2.10 Seja (xn ) = e (yn ) = .
n n∈N∗ n3 + 1 n∈N
A definição acima diz que dado qualquer intervalo ao redor de a, todos os termos da
sequência estarão no intervalo (a − ǫ, a + ǫ) a partir de um termo xn0 .
Notação: lim(xn ) = a; xn → a.
1
Exemplo 2.11 A sequência converge para 0.
n
n 1 2 10
Exemplo 2.13 (xn ) = = 0, , , · · · , , · · · . Mostraremos que
n+1 n∈N 2 3 11
xn → 1.
1
Solução. Dado ǫ > 0, consideremos n0 ∈ N, n0 > − 1. Então se n ≥ n0 , temos
ǫ
n n − (n + 1) 1
= 1
|xn − 1| =
− 1 =
=
n+1 n+1 n + 1 n+1
1 1
De n0 > − 1, temos n0 ǫ > 1 − ǫ ⇒ ǫ(n0 + 1) > 1 ⇒ < ǫ.
ǫ n0 + 1
1 1
Como n ≥ n0 , então n + 1 ≥ n0 + 1 e portanto ≤ . Assim, se
n+1 n0 + 1
n ≥ n0 ,
1 1
|xn − 1| = ≤ <ǫ
n+1 n0 + 1
⋄
12 CAPÍTULO 2. SEQUÊNCIAS DE NÚMEROS REAIS
Solução. De fato, suponhamos por contradição que (xn ) é convergente, então (xn )
converge. Existe a ∈ R; a = lim xn .
Então, para ǫ = 1, ∃ n0 ∈ N;sen ≥ n0 então |xn − a| < 1 ⇔ xn ∈ (a −
1, a + 1) ⇔ a − 1 < xn < a + 1, ∀ n ≥ n0 . Mas xn = −1 ou xn = 1. Logo
⌣
a−1 < −1 < a+1 ⇒ a < 0 < a+2 e a−1 < +1 < a+1 ⇒ a−2 < 0 < a ւ
pois a < 0 e a > 0. Portanto xn é divergente. ⋄
Proposição 2.2 Se lim xn = a então toda subsequência de (xn )n∈N converge para
n→∞
a.
Observação 2.1 1. Se (xn )n∈N possui duas subsequências com limites distintos então
(xn )n∈N é divergente.
Definição 2.6 Dizemos que uma sequência (xn ) é limitada se, e só se, (xn ) for limitada
inferiormente e superiormente.
Observação 2.2 Seja (xn ) uma sequência limitada. Então ∃ℓ, L ∈ R tais que
ℓ ≤ xn ≤ L, ∀ n ∈ N.
Ou ainda, podemos dizer que (xn ) é limitada se, e só se, |xn | ≤ a, ∀ n, a ∈ R+
Observação 2.3 A recı́proca não é verdadeira, pois existem sequências limitadas mas
divergentes.
π
Exemplo 2.17 Seja (xn ) onde xn = sen (2n + 1) , n ≥ 1.
2
Solução. Então xn = (−1)n , ∀ n ∈ N ∴ (xn ) é divergente e limitada. ⋄
14 CAPÍTULO 2. SEQUÊNCIAS DE NÚMEROS REAIS
1
Exemplo 2.18 A sequência (xn ) = sen é limitada.
x
1
Solução. Como sen x| ≤ 1, ∀ x. Em particular, se x = , n ∈ N∗ . Logo |xn | ≤ 1,
n
∀ n ∴ (xn ) é limitada. ⋄
Demonstração. Suponhamos que (xn ) seja crescente. Como (xn ) é limitada, então
{xn , n ∈ N} é um conjunto limitado.
Iremos provar que xn → a, onde a = Sup{xn , n ∈ N}.
Notemos que ∀ n, xn < a < a + ǫ, ∀ ǫ > 0.
Resta provarmos que a − ǫ < xn , a partir de um certo n.
Ora, dado ǫ > 0, a − ǫ não é cota superior para (xn ).
Assim, existe n0 ≥ 0|xn0 > a − ǫ. Logo se n ≥ n0 , como (xn ) é crescente, então
xn ≥ xn0 > a − ǫ.
Portanto se n ≥ n0 , juntando os fatos, temos que a − ǫ < xn < a + ǫ, isto é,
|xn − a| < ǫ.
∴ xn → a
n
−1 −1
3. Se a = , obtemos as sequências cujos termos são , n ∈ N.
2 2
n n
1 n
1
Solução. Temos = (−1) e, veremos mais adiante que
2 2
−1 n
→0 ⋄
2
Proposição 2.5 Sejam (xn ) e (yn ) sequências tais que (xn ) é limitada e yn → 0.
Então xn yn → 0.
1 log(n + 1)
Exemplo 2.21 A sequência · sen é convergente.
2n + 1 2
1
Solução. (yn ) é subsequência de ; logo yn → 0, ∀ n
n
log(n + 1)
Enquanto que sen é limitada.
2
Então, pelo exemplo anterior, temos
xn yn → 0
⋄
16 CAPÍTULO 2. SEQUÊNCIAS DE NÚMEROS REAIS
|xn yn − ab| ≤ |yn (xn − a)| + |a(yn − b)| = |yn ||xn − a| + |a||yn − b| <
ǫ ǫ
<M + |a| = ǫ ⇒ |xn yn − ab| < ǫ
2M 2|a|
Proposição 2.7 Seja (xn ) uma sequência dos números reais tal que yn → b, b 6= 0.
|b|
Então ∃ n1 ≥ 1 tal que se n ≥ n1 , |yn | > .
2
|b|
Demonstração. Como yn → b, considerando ǫ = existe n1 ≥ 1 tal que se
2
|b|
n ≥ n1 , |yn − b| < .
2
−|b|
Daı́, se n ≥ n1 temos −|yn − b| > e,
2
2.5. PROPRIEDADES ARITMÉTICAS DO LIMITE DE SEQUÊNCIAS 17
2n2 − 2 2 − 2/n2
Solução. Sabemos que = .
n2 + 2n − 5 1 + 2/n − 4/n2
Sejam xn = 2 − 2/n2 e yn = 1 + 2/n − 4/n2 . Então lim xn =
= s lim(2 − 2/n2 ) = 2 e lim(1 + 2/n − 4/n2 ) = 1.
2n2 − 2 2
∴ lim = =2
n2 + 2n − 5 1
⋄
n−2
b) √
3n2 + n
√
n−2 1 + 2/n 3
Solução. lim √ = lim q =
n→∞ 3n2 + n n→∞ 1
+3 3
n
√
n−2 3
∴ lim √ =
n→∞ 3n2 + n 3
⋄
18 CAPÍTULO 2. SEQUÊNCIAS DE NÚMEROS REAIS
!
n(1 + n)1/n
c)
n+3
n(1 + n)1/n
∴ lim
n→∞ n+3
⋄
Proposição 2.9 (Permanência de Sinal) Seja (xn ) uma sequência convergente tal
que xn > 0, ∀ n ∈ N. Então lim xn ≥ 0.
Corolário 2.1 Se (xn ) é uma sequência convergente tal que xn < 0 então lim xn ≤ 0.
Demonstração. Prove!
Corolário 2.2 Seja (xn ) uma sequência tal que xn > a, ∀ n então lim xn ≥ a.
Corolário 2.3 Sejam (xn ) e (yn ) sequências convergentes tais que xn > yn , ∀ n.
Então lim xn ≥ lim yn .
2.5. PROPRIEDADES ARITMÉTICAS DO LIMITE DE SEQUÊNCIAS 19
Corolário 2.4 Seja (xn ) uma sequência tal que lim xn > 0. Então ∃ n0 ≥ 1 tal que
se n ≥ n0 então xn > 0.
Teorema 2.1 (Sanduı́che) Sejam (xn ), (yn ) e (zn ) sequências de modo que
xn ≤ yn ≤ zn , ∀ n. Supondo que (xn ) e (zn ) convergem e lim xn = lim zn = a.
Então (yn ) converge e lim yn = a.
1
Exemplo 2.23 Determinar se (xn ) converge, onde xn = , k ∈ N∗ .
nk
k
1 1
Solução. Nestes casos, são subsequências de .
n n
k
1
Logo, converge para 0. ⋄
n
Em outros casos
de k, várias situações podem ocorrer. Por exemplo, se k for inteiro
1
negativo, então é divergente.
nk
1
Por outro lado, se k = p/q com p, q ∈ Z tais que p, q ∈ Z+ então converge
nk
para 0.
20 CAPÍTULO 2. SEQUÊNCIAS DE NÚMEROS REAIS
p
1 1 1 1 1
De fato, = = ···
np/q n1/q n1/q n1/q n1/q
| {z }
p vezes
1
E basta provarmos que → 0 e usar o que saabemos a respeito do limite de
n1/q
um produto de sequências.
1
Observação 2.4 É fácil verificar, pela definição, que lim = 0 (Exercı́cio).
n1/q
1
Solução. Dado ǫ > 0, existe n0 ∈ N, n0 > q . Então, se n ≥ n0 temos:
ǫ
1 1 1
n q − 0 = n q = n q .
1 1/q 1 1
De n0 > q ⇔ n0 > ⇔ 1/q < ǫ.
ǫ ǫ n0
1/q 1 1
De n ≥ n0 ⇒ n1/q ≥ n0 ⇒ 1/q ≤ 1/q < ǫ
n n0
1 1 1
Assim, q − 0 = q = q < ǫ.
n n n
1
∴ →0
n1/q
⋄
Proposição 2.10 Seja (xn ) uma sequências convergente. Então (xn ) é uma sequência
de Cauchy.
Demonstração. Por hipótese (xn ) converge. Seja a = lim xn , isto é, ∀ ǫ > 0 existe
n0 ≥ 1 tal que se n ≥ n0 , |xn − a| < ǫ/2.
Agora, se m, n ≥ n0 ,
|xm − xn | = |xm − a + a − xn | ≤ |xm − a| + |xn − a| < ǫ/2 + ǫ/2 = ǫ
Proposição 2.11 Sejam (xn ) uma sequência de Cauchy e (xnk ) uma subsequência de
(xn ) tal que xnk → a. Então xn → a.
2.6. SEQUÊNCIAS DE CAUCHY 21
Demonstração. Seja dado ǫ > 0. Como (xn ) é de Cauchy, existe n1 ∈ N tal que se
m, n ≥ n1 , |xm − xn | < ǫ/2.
Como xnk → a, ∃ nk0 ∈ N; se nk ≥ nk0 então |xnk − a| < ǫ/2.
Seja n2 = max{nk0 , n1 } e seja nk ≥ n2 . Daı́, se n ≥ n2 ,
|xn − a| = |xn − xnk + xnk − a ≤ |xn − xnk | + |xnk − a|
Notemos que n, nk ≥ n1 . Logo |xn − xnk | < ǫ/2 e como nk ≥ nk0 teremos
|xnk − a| < ǫ/2.
|xn − a| < ǫ se n ≥ n2
Teorema 2.2 (Weierstrass) Se (xn ) é uma sequência limitada então (xn ) tem uma
subsequência convergente.
|xn | ≤ K, ∀n
Teorema 2.3 Uma sequência é convergente se, e somente se, for de Cauchy.
Exemplos:
1 1
1. As sequências , k ∈ N∗ converge para 0 pois são subsequências de e
nk n
1
−→ 0
n
1 1
2. Consideremos agora as sequências onde k ∈ N∗ . Prove que −→ 0
n1/k n1/k
por definição.
22 CAPÍTULO 2. SEQUÊNCIAS DE NÚMEROS REAIS
k
1
Demonstração. ∀ǫ > 0, existe n0 ∈ N, n0 > .
ǫ
1/k 1 1
Logo, se n ≥ n0 , teremos n1/k ≥ n0 ⇒ ≤ 1/k
n1/k n0
1
= 1 ≤ 1
n1/k − 0 1/k
n1/k n0
1 1/k 1 1
Mas, n0 > k ⇒ n0 > ⇒ ǫ > 1/k
ǫ ǫ n0
Daı́,
1
< ǫ se n ≥ n0 , 1 −→ 0
n1/k − 0
n1/k
n
3. As sequências de forma onde a > 1 convergem para 0.
an
De fato, temos a > 1, logo a = 1 + h, h > 0 (fixo)
n n
X n k
n(n − 1)h2 X n
n
a = (h + 1) = n
h = 1 + nh + + hk ≥
k=0
k 2 k=3
k
n(n − 1)h2
≥ 1 + nh +
2
n n n 2 1
0≤ n ≤ ≤ =
a n(n − 1)h2 n(n − 1)h2 h2 n − 1
1 + nh +
2 2
n
Logo, pelo Teorema das sequências intercaladas n −→ 0
a
√ √
4. Sequências da forma n a , onde a > 0. Provaremos que n a −→ 1.
De fato, suponhamos inicialmente que a > 1.
√ √
Temos n a > 1 para qualquer n ∈ N∗ , pois n a > 1 ⇔ a > 1
√ √
n
a > 1 ⇒ n a = 1 + hn onde hn > 0.
Resta mostrarmos agora que hn −→ 0.
a−1
De fato, a = (1 + hn )n ⇒ a ≥ 1 + nhn ⇒ hn ≤
n
a−1
Assim, 0 < hn ≤
n √
n
∴ a → 1, a > 1
1
Suponha agora que 0 < a < 1. Logo > 1.
a
r
1
Assim, pelo que já provamos n →1
a
2.7. LIMITES INFINITOS 23
r √
n
n
1 1 1 √ 1
mas, = √ = √ e então n
a = r
a n
a n
a n
1
a
√
n
a −→ 1, 0 < a < 1
√
n
a −→ 1, a > 0
√
5. Sequências da forma ( n n) convergem para 1.
√ p√ p√
n
n > 1, 2 n n > 1 ⇒ 2 n n = 1 + hn , hn > 0.
√
p √ √ n−1
n 2
n = 1 + hn ⇒ 2 n = (1 + hn )n ≥ 1 + nhn ⇒ 0 < hn ≤ ≤
√ n
n 1
≤ = √ ⇒ hn −→ 0
n n
p √ p√ √
Daı́, 2 n n = 1 + hn , ou seja, 2 n n −→ 1 ⇒ n n −→ 12 = 1. Onde
usamos o seguinte fato: “ Se xn −→ r então x2n −→ r 2 ”
Definição 2.9 Dizemos que lim xn = −∞ se dado ∀A > 0, existe n0 ≥ 1 tal que
se n ≥ n0 , xn < −A.
Observação 2.6 Como ocorreu (no caso de xn −→ +∞), se lim xn = −∞, (xn )
não é limitada.
lim xn = +∞
Solução. lim xn = ∞ pois dado A > 0 tomemos n0 > log3 A para que se n ≥ n0
então n ≥ log3 A. Logo 3n > A.
Portanto 3n → +∞. ⋄
(
n, se n for par;
Exemplo 2.29 A sequência xn = , é ilimitada, mas xn →
0, se n for ı́mpar.
/ + ∞.
Proposição 2.13 Sejam (xn ) e (yn ) sequências de termos positivos tais que
A seguir, iremos provar (i), (ii) e (iii), deixando a cargo do leitor (iv).
2.7. LIMITES INFINITOS 25
Demonstração.
(i) Como xn é limitada inferiormente, existe C > 0 tal que xn > C, ∀n. Como
yn → +∞, existe n0 ≥ 1 tal que se n ≥ n0 então yn > A − C.
Daı́, se n ≥ n0 , teremos xn + yn > C + A − C = A.
∴ xn + yn → +∞
26 CAPÍTULO 2. SEQUÊNCIAS DE NÚMEROS REAIS
Capı́tulo 3
Séries
∞
X
an = lim Sn
n→∞
n=1
27
28 CAPÍTULO 3. SÉRIES
P
Se existe lim Sn , dizemos que a série an converge. Do contrário a série é dita
divergente.
∞
X 1
Exemplo 3.3 Pelo que vimos, a série é convergente.
n=1
2n
∞
X
Exemplo 3.4 1 converge ou diverge?
n=1
∞
X
Observação 3.1 Na série an , an é dito “termo geral” da série.
n=1
∞
X
Proposição 3.1 Se an converge então an → 0.
n=1
∞
X
Demonstração. Como an é convergente, então é convergente a sequência (Sn ).
n=1
Pelo critério de Cauchy temos que dado ∀ǫ > 0, existe n0 ≥ 1 tal que se m, n ≥ n0
então |Sm − Sn | < ǫ. Em particular vale para m = n − 1,
|Sn−1 − Sn | < ǫ ⇒ |Sn − Sn−1 | < ǫ
Logo, se n ≥ n0 teremos |a1 + a2 + · · · + an−1 + an − (a1 + · · · + an−1 )| < ǫ
e então |an | < ǫ
∴ an → 0
∞
X 1
Exemplo 3.5 converge para 1.
n=1
n(n + 1)
Solução. De fato,
1 1 1
Sn = a 1 + a 2 + · · · + a n = + + ··· +
2 2·3 n(n + 1)
1 1 1
Observemos que, para todo n, = −
n(n + 1) n n+1
Logo,
1 1 1 1 1 1 1 1 1
Sn = + − + − + − + ··· + −
2 2 3 3 4 4 5 n n+1
29
1
e Sn = 1 − . É óbvio que Sn → 1.
n+1
P 1 P 1
Pela definição converge e temos =1 ⋄
n(n + 1) n(n + 1)
Observação 3.2 Nem sempre é simples o cáculo de certas séries. Costuma-se desenvolver
funções por séries de Taylor ou por séries de Fourier.
P
Vimos que an converge ⇒ an → 0.
Será a recı́proca desta proposição verdadeira?
X 1
Definição 3.1 A série é chamada série harmônica.
n≥1
n
P1
Demonstração. Vamos mostrar que as reduzidas (Sn ) de é divergente. Para
n
tanto, vamos provar que (Sn ) tem uma subsequência divergente, a saber (S2k ).
S 20 = S 1 = 1
1
S 21 = S 2 = 1 +
2
1 1 1
S 22 = S 4 = 1 + + +
2 3 4
.. .. .. .
. = . = 1 + . + · · · + ..
k
S 2k = 1 +
2
k
Como 1 + → ∞ então S2k → ∞ quando k → ∞. Logo (S2k ) é divergente e,
2
então (Sn ) é divergente.
P P
Proposição 3.3 (Operações aritméticas com séries) Sejam xn e yn séries con-
P P
vergentes e α ∈ R. Então, (xn + yn ) e αxn convergem e
X X X X X
(xn + yn ) = xn + yn e αxn = α xn
P P
Demonstração. De xn e yn convergirem, temos que existem lim Sn = S e
n→∞
lim Tn = T , ou Sn = x1 + x2 + · · · + xn e Tn = y1 + y2 + · · · + yn . Vamos
n→∞ P P
mostrar que (xn + yn ) converge, isto é, que as reduzidas (Un ) de (xn + yn )
converge.
Mas,
30 CAPÍTULO 3. SÉRIES
Un = (x1 + y1 ) + · · · + (xn + yn )
= (x1 + · · · + xn ) + (y1 + · · · + yn )
= Sn + T n
Logo (Un ) converge como soma de duas sequências convergentes. E além disso,
lim Un = S + T X X X
(xn + yn ) = xn + yn
P P
Exercı́cio 3.1 Provar que αxn = α xn
P P
Definição 3.2 Uma série xn é chamada absolutamente convergente se |xn | for
convergente.
P (−1)n
Exemplo 3.6 Veremos que é convergente porém não é absolutamente con-
n
vergente.
P
Teorema 3.1 (Cauchy para séries) Uma série an é convergente se, e somente se,
dado ǫ > 0 existe n0 ≥ 1 tal que se m ≥ n ≥ n0 , |an+1 + · · · + am | < ǫ.
P
Demonstração. (⇒) Supondo que an converge, então é convergente (Sn ), onde
Sn = a 1 + a 2 + · · · + a n .
Daı́, (Sn ) satisfaz o critério de Cauchy: Dado ǫ > 0, ∃ n0 ≥ 1; m, n ≥ n0 ,
|Sm − Sn | < ǫ
Então, se m ≥ n teremos |Sm − Sn | < ǫ ⇔ |(a1 + · · · + an ) + an+1 + · · · +
+am − (a1 + · · · + an )| < ǫ ⇔ |an+1 + an+2 + · · · + am | < ǫ
(⇐) Prova-se facilmente.
Observação 3.3 A proposição anterior mostra que os resultados principais para séries
são aqueles que o termo geral é positivo. De fato, dada uma série qualquer, podemos
P
“repassar” o problema de convergência para |an |.
desde que m ≥ n ≥ n0 .
P P
Logo an satisfaz o critério de Cauchy para séries e teremos an < ∞
X
Demonstração. (ii) an é divergente, isto é, (Sn ) é divergente onde Sn = a1 +
+a2 + · · · + an .
Como (an ) é uma sequência de termos positivos então (Sn ) é crescente. Mas (Sn )
diverge.
Logo Sn → +∞. Logo, ∀ A > 0 dado, existe n0 ≥ 1 tal que se n ≥ n0 ,
Sn > A.
P
Vamos mostrar que as reduzidas (Tn ) de bn também é uma sequência divergente,
P
e daı́ bn diverge.
Temos Tn = b1 + b2 + · · · + bn e bk ≥ ak , ∀ k. Logo
b 1 + b 2 + · · · + b n ≥ a 1 + a 2 + · · · + a n = Sn > A
32 CAPÍTULO 3. SÉRIES
X
∴ bn = ∞
Recordando:
P1
1. =∞
n
P 1
2. <∞
n(n + 1)
P 1
Exemplo 3.7 Mostre que < ∞.
n2
1 1
Solução. De fato, sabendo que ≤
(Verifique!), temos que a série
n(n − 1) n2
X 1 X 1 X 1
< ∞ pois = <∞ ⋄
n≥2
n(n − 1) n≥2
n(n − 1) k≥1
(k + 1)k
∞
X 1
Exemplo 3.8 As séries (r ∈ N∗ )
n=1
nr
X 1
(i) Se r = 1 a série diverge.
n≥1
nr
X 1
(ii) Se r > 1 a série converge.
n≥1
nr
Solução. (i) Trata-se de série harmônica que já provamos ser divergente.
1 1
(ii) Sendo r ≥ 2 temos nr ≥ n2 , daı́ r ≤ 2 .
n n
P 1 P 1
Agora, converge, logo pelo teste da comparação, <∞ ⋄
n2 nr
X 1
Exemplo 3.9 converge ou diverge?
n≥6
n2 − 5n
1 1
Solução. Temos uma série de termos positivos e ≤ (Verifique!).
n2 − 5n 1 2
n2 − n
2
X 1
Para que seja convergente, é suficiente provar que
n>5
n2 − 5n
X 1 1 1 2
< ∞. Mas, como vimos, se n ≥ 10, ≤ 1 2 =
n>10
n2 − 5n n2 − 5n 2
n n2
3.1. TESTES DE CONVERGÊNCIA PARA SÉRIES 33
P 2 P 1
Como < ∞ então <∞ ⋄
n2 n2 − 5n
X n3 − 2n + 10
Exemplo 3.10 converge ou diverge?
n6 − n5 + n2 − 4
n3 − 2n + 10 n3
Solução. Sabemos que ≤
n6 − n5 + n2 − 4 n6 − 12 n6
n3 − (2n − 10) ≤ n3 e n6 − (n5 − n2 + 4) > n6 − 21 n6 para n grande (Verifique
as desigualdades).
Daı́,
n3 − 2n + 10 2n3 2
≤ =
n6 − n5 + n2 − 4 n6 n3
P 2
e como < ∞ então
n3
X n3 − 2n + 10
<∞
n6 − n5 + n2 − 4
⋄
X n2 − n
Exemplo 3.11 converge ou diverge?
n≥2
n3 − 1
n2 − n n2 − 12 n2 n2 1
Solução. ≥ = = .
n3 − 1 n3 2n3 2n
X 1 1 X 1 X n2 − n
Como = = ∞, então =∞ ⋄
2n 2 n n3 − 1
X 1 r
Exemplo 3.12 A divergência das séries onde r, s ∈ Z∗+ e ≤ 1.
n≥1
nr/s s
r X 1 X 1
Solução. Se = 1 então = é divergente.
s n≥1
nr/s n≥1
n
r
Seja < 1. Logo r < s.
s
1 1
Temos > ⇔ n > nr/s ⇔ ns > nr ⇔ s > r.
nr/s n
1 1
Como s > r, então ∀ n, r/s > .
n n
X 1
Logo, pelo teste da comparação =∞ ⋄
n≥1
nr/s
34 CAPÍTULO 3. SÉRIES
X 1 r
Exercı́cio 3.2 As séries r/s
, onde > 1, convergem.
n≥1
n s
sen 3n2
X
Exemplo 3.13 √
n≥1
n2 − n + 9
(Dica: Use séries absolutamente convergentes e teste da comparação.)
P P
Solução. Para termos a série an convergente é suficiente provarmos que |an | < ∞
2
sen 3n |sen 3n2 | 1 1
√
n2 − n + 9
= √ ≤ √ ≤ √ =
|n2 − n + 9| n2 − n + 9 n2 − n2
1 1 2
= ≤ 1 2 =
n2 −n n2 − 2
n n2
P 1
Como < ∞ então a série dada também converge. ⋄
n2
∞ ∞ ∞
X
n
1 X n
1 X 1
Exemplo 3.14 (−1) é convergente mas (−1) = =∞
n=1
n n=1
n
n=1
n
P
Observação 3.4 Uma série como exemplo acima, isto é, an convergente mas
P
|an | = ∞, é chamada condicionalmente convergente.
∞
X (−1)n · 2n2
Exemplo 3.15 converge ou diverge?
n=1
nn
Solução.
Veremos se esta série converge absolutamente.
(−1)n · 2n2 2
= 2n = xn
nn
√ n√n
√
n n 2 n √ √
√ 2 · n 2· nn· nn
Ora, xn =
n
√n
=
nn n
Temos,
√ √n √ √ 1
lim n xn = lim 2 · lim n n · lim n n · lim =0<1
n→∞ n→∞ n→∞ n→∞ n→∞ n
X
∴ xn < ∞
∞
X (−1)n · 2n2
∴ <∞
n=1
nn
⋄
an < can−1 < c2 an−2 < c3 an−3 < · · · < cn−n0 an−(n−n0 )
∞
X 2n
Exemplo 3.16 converge ou diverge?.
n=1
n!
2n+1
xn+1 (n + 1)! 2n 2n! 2n!
Solução. = n = n = →0
xn 2 2 (n + 1)! (n + 1)n!
n!
Logo, pelo Teste da Razão, segue que a série dada converge. ⋄
Solução. Sabemos que tal série converge, embora o teste da razão não permite tal
conclusão:
1
2
xn+1 (n + 1)2 n2 n
= = = →1 ⋄
xn 1 (n + 1)2 n+1
n2
∞
X 1
Exemplo 3.18 E para série ?
n=1
n
1
xn+1 (n + 1) n
Solução. Temos = = →1
xn 1 (n + 1)
n
E neste caso sabemos que tem divergência. ⋄
1 n
Objetivo: Provar que a sequência (xn ) = 1+ é convergente.
n
Lembrando que
n k
1 n X n 1
1+ = =
n k=0
k n
n
X n(n − 1)(n − 2) · · · (n − (k − 1)) 1
= · k
k=0
k! n
1 1 1
1o ) Mostraremos que a sequência (an ) onde an = 1 + + + ··· + é
1! 2! n!
convergente.
3.1. TESTES DE CONVERGÊNCIA PARA SÉRIES 37
1
Como an+1 = an + > an ∴ an+1 > an Portanto (an ) é
(n + 1)!
estritamente crescente.
1 1 1 1
an = 1 + 1+ + + + ··· +
2 3·2 4·3·2 n(n − 1) · · · 2
1 1 1 1
< 1 + 1+ + + 3 + ··· + n−1
2 2·2 2 2
= 1 + 1+ a + a2 + a3 + · · · + an−1
an − 1 1 − an 1
= 1+ =1+ = 3− n−1 < 3
a−1 1−a 2
Portanto (an ) é convergente.
1 1
Lembrando que an = 1 + 1 + + ··· + temos, para n ≥ 2
2! n!
1 n 1 1
2< 1+ <1+1+ + ··· + = an < 3
n 2! n!
n
1
O limite de 1+ existe e é denotado por e.
n
n
1
∴ lim 1+ =e
n→∞ n
n+2
1
Exemplo 3.19 Encontre o limite da sequência (an ) onde an = 1+ .
n
n+2 n
1 1 1 2
Solução. an = 1+ = 1+ · 1+ →e ⋄
n n n
n
n+2
Exemplo 3.20 Encontre o limite da sequência (an ) onde an = .
n+1
38 CAPÍTULO 3. SÉRIES
n
2
n 1+
n+2 n
Solução. an = =
n+1 1 n
1+
n
2
Fazendo = x teremos
n
n
2 h i2
lim 1+ = lim (1 + x)2/x = lim (1 + x)1/x =
n→∞ n x→0 x→0
= lim (1 + x)1/x · lim (1 + x)1/x = e2
x→0 x→0
n
2
n lim 1 +
n+2 x→0 n e2
lim = = =e
n→∞ n+1 1 n e
lim 1 +
x→0 n
⋄
nk
Exemplo 3.21 Verifique que lim = 0 se a > 1, k ∈ N.
n→∞ an
Solução. Usaremos o seguinte resultado (Lista 5): “Se (xn ) é uma sequência tal
|xn+1 |
que lim = r < 1 então lim xn = 0.”
n→∞ |xn |
Temos,
(n + 1)k k
|xn+1 | an a (n + 1)k 1 1 n+1 1
= lim = lim = lim = <1
|xn | n→∞ nk n→∞ nk a a n→∞ n a
an
⋄
Capı́tulo 4
Conjuntos Enumeráveis
Definição 4.1 Um conjunto X é dito enumerável se for finito ou quando existir uma
bijeção f : N → X.
39
40 CAPÍTULO 4. CONJUNTOS ENUMERÁVEIS
(i) f (l) > 0 e f (m) > 0 então l e m são pares, ou seja, l = 2x e m = 2y, x, y ∈
N. Daı́, f (l) = f (m) ⇒ x = y ⇒ 2x = 2y ⇒ l = m.
(ii) Exercı́cio!
Temos ∀ y ∈ Y, ∃ n ∈ N|y = xn .
Em particular, se x ∈ X existe nk ∈ N|x = xnk .
***FIGURA***
Seja N′ = {nk |k ∈ N} ⊆ N.
N′ é enumerável. Se N′ for finito então X é finito, logo enumerável.
Seja N′ infinito. Consideremos g : N → N′ definida por g(k) = nk .
***FIGURA***
Temos que (f |N′ ◦ g) : N → X é bijetora como composta de bijetora.
∴ X é enumerável.
Lema 4.1 Dada uma função f : X → Y sobrejetora, então existe uma função g :
Y → X injetora.
Topologia na Reta
45
46 CAPÍTULO 5. TOPOLOGIA NA RETA
2. X = (0, 1) é aberto.
Demonstração. Exercı́cio!
Exemplo 5.8 A interseção enumerável de conjuntos abertos pode não ser aberto.
∞
\
Solução. Para cada n ∈ N, definimos An = (−1/n, 1/n). Então An = {0}.
n=1
∞
\ T
Que An = {0} é simples verificar, pois {0} ⊆ An , ∀ n então {0} ⊆ An .
n=1
∞
\
Seja x ∈ An . Se x 6= 0 então ∃ n| 1/n < |x|.
n=1
⌣
Logo x ∈/ (−1/n, 1/n), pois |x| > 1/n ⇔ x > 1/n ou x < −1/n ւ
T
Portanto x = 0 e An = {0}. ⋄
Exemplo 5.9 Seja F = {x1 , x2 , · · · , xn } um conjunto finito onde x1 < x2 < · · · <
< xn . Então F c = (−∞, x1 ) ∪ (x1 , x2 ) ∪ (x2 , x3 ) ∪ · · · ∪ (xn , +∞) é aberto, ou
seja, o complementar de um conjunto finito é aberto.
Corolário 5.2 Seja I um intervalo aberto tal que I = A ∪ B onde A e B são conjuntos
abertos disjuntos. Então um desses conjuntos é vazio.
Demonstração. Se A ou B não forem vazios então pelo Teorema 5.1 seriam união de
intervalos abertos. Terı́amos então I como união de dois ou mais intervalos abertos. Mas
I já é um intervalo aberto, o que fere a unicidade do Teorema 5.1.
48 CAPÍTULO 5. TOPOLOGIA NA RETA
3. Todo número real é aderente a Q. Com efeito, já foi visto que para todo a ∈ R,
existe uma sequência de números racionais (xn ) tal que xn → a.
Observação 5.5 F ⊆ F .
3. Os fechos dos conjuntos (a, b), [a, b), [a, b], (a, b] são todos iguais a [a, b]. Logo
o único conjunto fechado dentre todos é [a, b].
Demonstração. (⇒) Suponhamos que a seja aderente a X. Então existe (xn ) tal que
xn ∈ X, ∀ n e xn → a.
Logo ∀ǫ > 0, ∃ n0 ≥ 1; n ≥ n0 , |xn − a| < ǫ ou seja, xn ∈ (a − ǫ, a + ǫ) se
n ≥ n0 .
5.2. CONJUNTOS FECHADOS 49
Em particular (a − ǫ, a + ǫ) ∩ X 6= ∅.
(⇐) Suponhamos que ∀ ǫ > 0 tem-se (a − ǫ, a + ǫ) ∩ X 6= ∅. Devemos encontrar
(xn ) tal que xn ∈ X, ∀ n e xn → a.
1 1 1
Em particular, para cada ǫ = , n ∈ N, existe xn ∈ X e xn ∈ a − , a + .
n n n
Ou seja, xn ∈ X e |xn − a| < 1/n.
Vamos mostrar que xn → a. Dado ǫ > 0 existe n0 ≥ 1 tal que se n ≥ n0 então
1/n < ǫ (isto sempre, pois 1/n → 0)
Assim, |xn − a| < 1/n < ǫ se n ≥ n0 .
Demonstração. Exercı́cio.
(b) Existe uma sequência (xn ) de termos de X, dois a dois disjuntos tal que xn → a.
52 CAPÍTULO 5. TOPOLOGIA NA RETA
Demonstração. (a)⇒(b).
Seja a um ponto de acumulação de X. No intervalo (a − 1, a + 1) existe x1 ∈ X,
x1 6= a.
Consideremos agora ǫ1 < min{|x1 − a|, 1/2}.
No intervalo (a − ǫ1 , a + ǫ1 ) existe x2 ∈ X ∩ (a − ǫ1 , a + ǫ1 ) com x2 6= a.
Consideremos agora ǫ2 < min{|x2 − a|, 1/3}.
No intervalo (a − ǫ2 , a + ǫ2 ) existe x3 ∈ X com x3 6= a.
Desta maneira, obtemos uma sequência (xn ) tal que
Exemplo 5.21 X = N.
5.3. PONTOS DE ACUMULAÇÃO 53
∴ X ′ = [0, 1]
⋄
Proposição 5.10 X = X ∪ X ′ .
Exemplo 5.27 Nenhum número racional é isolado de Q (ou R) pois ao redor de qualquer
número racional existem (infinitos) números racionais.
′ ′
Exemplo 5.29 Se X = (2, 3] então: X ′ = [2, 3], X+ = [2, 3) e X− = (2, 3].
Solução. É imediato. ⋄
Proposição 5.14 K é compacto se, e somente se, toda sequência (xn ) com xn ∈ K
admite uma subsequência convergente para a ∈ K.
Limites de Funções
f (x) − f (a)
Exemplo 6.1 lim é amplamente explorado na definição de derivada.
x→a x−a
Observação 6.2 A exigência de que a ∈ X′ é relevante por que se a ∈ / X′ , todo número
S seria limite de f .
De fato, se a ∈/ X′ então a é ponto isolado.
Logo existe δ > 0 tal que (a − δ, a + δ)\{a} ∩ X = ∅, ou seja, não existe x ∈ X
tal que 0 < |x − a| < δ. Assim pode-se dizer por vacuidade que |f (x) − S| < ǫ.
Portanto é satisfeita a definição de lim f (x) = S para qualquer S.
x→a
Demonstração. (⇒)Suponha que lim f (x) = L. Então ∀ ǫ > 0 existe δ > 0 tal
x→a
que se x ∈ X\{a} e 0 < |x − a| < δ então |f (x) − L| < ǫ.
59
60 CAPÍTULO 6. LIMITES DE FUNÇÕES
∴ lim f (x) = L
x→a
Observação 6.3 A Proposição 6.1 é útil para mostrar que certos limites não existem.
Exemplo 6.3 Seja f (x) = 1/x e a = 0. Será que existe lim f (x)?
x→a
Demonstração. Suponha que lim f (x) = L por hipótese. Então ∀ ǫ > 0, ∃δ > 0
x→a
tal que se x ∈ X, 0 < |x − a| < δ então |f (x) − L| < ǫ.
Em particular, se tomarmos ǫ = 1 então se x ∈ X e 0 < |x − a| < δ, teremos
|f (x)| = |f (x) − L + L| ≤ |f (x) − L| + |L| < 1 + |L|.
Assim, basta tomarmos M = 1 + |L| para satisfazermos a tese.
Observação 6.4 A Proposição 6.2 afirma que a limitação de f é válida apenas numa
vizinhança de a.
Corolário 6.1 (Permanência do Sinal) Se lim f (x) = L < 0 então existe δ > 0
x→a
tal que se x ∈ X e 0 < |x − a| < δ então f (x) < 0.
Demonstração. Considerando g(x) = 0 (constante) temos lim f (x) < lim g(x).
x→a x→a
Pela Proposição 6.3 f (x) < g(x) para x ∈ X com 0 < |x − a| < δ para algum
δ > 0, mas g(x) = 0, ∀ x ∈ X com 0 < |x − a| < δ.
Daı́, f (x) < 0, ∀ x ∈ X com 0 < |x − a| < δ.
Exercı́cio 6.2 Trate a Proposição 6.3 quando L > 0. Note que na demonstração pode-
mos simplificar contas usando a demonstração do caso L < 0.
62 CAPÍTULO 6. LIMITES DE FUNÇÕES
Demonstração. Suponha por contradição que L > M . Então pela Proposição 6.3
⌣
existe δ > 0 tal que se 0 < |x − a| < δ então f (x) > g(x) ւ
∴L≤M
Exemplo 6.4 Seja g : R∗+ → R tal que g(x) = x2 . temos que g(x) > 0, mas
lim 0 = 0 e lim g(x) = 0, ou seja, não pode-se dizer que a desigualdade estrita é
x→a x→0
sempre válida na Proposição 6.3.
2. lim f (x)g(x) = LM
x→a
f (x) L
3. lim = se M 6= 0
x→a g(x) M
f (xn ) ± g(xn ) → L ± M
Demonstração. Usaremos a Proposição 6.1 que relaciona limite de função com limite
de sequência.
Seja (xn ) uma sequência tal que xn → a e xn ∈ X\{a}. Basta provarmos que
f (xn )g(xn ) → 0.
Antes, observamos que g é limitada se e somente se ∃ K > 0; |g(x)| < K, ∀x ∈ X.
Agora, f (xn ) → 0 pois lim f (x) = 0 e como |g(xn )| < K então segue que
x→a
f (xn )g(xn ) → 0.