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CUBATÃO
2009
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SUMÁRIO PG.
CUBATÃO
2009
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PREFÁCIO
Marcos Gaia
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1. RELAÇÃO SAÚDE E DOENÇA
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manifestação objetiva da doença São exemplos a febre, inapetência, o vomito, alteração
da locomoção etc. Outros sinais são mais obscuros e podem necessitar de instrumentos
sofisticados (alterações dos valores bioquímicos) ou períodos de observação longos (ex.
fertilidade baixa, perda de peso, perda de pelo).
Saúde e doença são termos relativos, portanto, a conceituação simplista de que
saúde e doença são dois estados recíprocos, exclusivos e estáticos, com demarcação de
limites é incorreta.
Bibliografia:
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Considerações sobre o Agente.
Tipos de agentes:
Características do Agente:
Os vetores
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Fatores envolvidos na história natural da doença (Jekes, 2000)
Níveis de Prevenção
Doença esporádica:
Doença endêmica:
Quanto mais baixo for o grau de endemicidade melhor é o equilíbrio entre ambos.
No entanto este equilíbrio pode ser perturbado por fatores ambientais e ligados ao
hospedeiro.
Doença epidêmica:
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Uma doença epidêmica sugere um desequilibro grande com o agente em
vantagem.
Este desequilíbrio é comum quando uma nova estirpe do organismo aparece
(mutação) ou quando o hospedeiro é exposto pela primeira vez ao agente.
O termo pandemia é usado para exprimir uma epidemia de larga escala (países e
continentes).
Ao longo do tempo a relação entre agente e hospedeiro tende a mudar de
parasítica (favorecendo o agente) para comensal (que não favorece nem um nem outro).
Com o tempo e um ambiente estável a ocorrência de doença passa de epidêmica para
endêmica e depois para esporádica.
No estado natural o hospedeiro mais resistente tem maior probabilidade de
sobrevivência.
Do ponto de vista ecológico, a produção de doença e morte não favorece a
perpetuação do agente, portanto, a seleção natural favorece os microorganismos menos
patogênicos.
A raiva e a peste bovina são exceções à regra.
O vírus da mixomatose intencionalmente introduzido na Austrália para controlar os
oelhos provocou uma mortalidade elevada (80% a 90%). Depois de alguns anos verificou-
se que a taxa de fatalidade inicial de 99% passou para 90% e o tempo entre a infecção e
a morte aumentou. Em 15 anos a população de coelhos chegou aos 20%.
a- Direto: Contacto físico com o animal infectado. É o caso das doenças venéreas e
micoses;
b- Indireto: Contacto com fezes frescas, urina, saliva ou membranas fetais incluindo
objetos recentemente contaminados como bebedouros e comedouros, por gotículas e
microgotículas.
Gotículas emanadas a curta distância no espirro e na tosse diretamente para as
membranas mucosas de um animal são.
As microgotículas formam aerossóis de resíduos secos provenientes de animais
infectados e podem ser levadas a longas distancias no ar.
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A transmissão veicular é a passagem dos agentes infecciosos entre animais
através de veículos.
a-Transmissão mecânica. O organismo infeccioso não se multiplica apenas sobrevive o
intervalo de transmissão. E o caso das leptospiras na água. Pode ser (I) Propagativa: O
agente infeccioso multiplica-se no veículo ex. Staphiloccus no leite.
(II) Com desenvolvimento: O organismo passa por um período de desenvolvimento dentro
ou fora do veículo. E o caso dos ovos de muitos nematódeos e larvas no solo.
(III) Ciclopropagativa: Neste caso há desenvolvimento e multiplicação do agente dentro ou
fora do veículo. E o caso de algumas espécies de estrongilóides e fungos.
C- Transmissão vetorial.
Vetores são transportadores vivos dos agentes. Os vetores mais importantes são
artrópodes (moscas, mosquitos, carrapatos) como também pequenos mamíferos (ratos)
ou outros vertebrados (peixes e pássaros).
Eles transportam o agente e garantem o contacto com hospedeiros específicos.
Esta transmissão pode-se fazer :
a)por via direta: O vetor transfere o agente infeccioso de um animal doente para um
saudável.
b) por via indireta: O vetor transfere o agente infeccioso a partir das excreções de um
animal infectado para o animal são via alimento ou água.
b.1- Transmissão mecânica.
O vetor atua como "agulha voadora" .
b.2 - Transmissão biológica.
O vetor tem uma função biológica essencial na vida do agente. b
b.3- Transmissão biológica propagativa.
O agente infeccioso multiplica-se no vetor.
b.4- Transmissão biológica com desenvolvimento.
O agente infeccioso passa por uma fase essencial do seu desenvolvimento no vetor.
b.5- Transmissão biológica ciclopropagativa.
O agente multiplica-se e sofre um desenvolvimento. E o caso de Babésias em
algumas espécies de carraças.
Fatores que afetam a eficiência dos veículos e vetores.
Grau de ubiqüidade.
Quanto mais comuns são maior é a eficiência. Ex. ar é muito comum, água menos,
mosquitos ainda menos, algumas espécies de mosquitos ainda muito menos.
As condições climáticas têm um efeito importante na ubiqüidade de certos vetores. Ex.
mosquitos estão quase totalmente ausentes de áreas onde a primeira geada da época de
inverno ocorreu.
Grau de proteção que é dado ao agente no vetor.
Umidade protege a viabilidade do agente. Agentes que vivem nas superfícies
expostas estão mais expostos ao efeito negativo do ambiente para a sua sobrevivência.
Método de transporte ao hospedeiro de interesse.
O transporte pode ser ativo como no caso do mosquito e a febre do Vale do Rift ou
passivo como no caso das moscas que transportam Salmonella nos seus apêndices e
contaminam por acaso o alimento que vai se consumido pelo hospedeiro.
Também tem importância a amplitude de movimento dos vetores. Os vetores
voadores e vetores não voadores têm expressão diferente na rapidez com que se
desenvolve um foco.
Nos vetores não voadores fatores como transmissão transovárica ou intervalo entre
as refeições assumem importância epidemiológica considerável.
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Muitos vetores são hospedeiros intermediários e em menos casos hospedeiros
definitivos.
Transmissão transovárica.
Transmissão transestadial.
O agente persiste no vetor à medida que ele passa por diferentes estádios de
desenvolvimento.
Horizontal. É a transmissão de agentes infecciosos entre animais da mesma
geração e pode ocorrer por qualquer dos métodos previamente descritos.
· oral (ingestão), · respiratória (inalação),
· pele córnea e membranas mucosas (contacto sexual),
· transmissão á distancia {microgotículas}
Vertical.
Significa transmissão de uma geração para outra, Pode ser por:
· via venérea,
· hereditária,
· congênita (adquirida)
· via do colostro/leite,
· transovárica
· transestadial.
I – Introdução
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· A unidade de amostra é também a base para determinar os graus de liberdade usados
nos testes estatísticos.
A maioria do trabalho epidemiológico é trabalho de campo (empresa, cidade clínica
etc.). As observações epidemiológicas relacionam-se e derivam-se de situações do
campo embora a análise dos dados se possam fazer no "laboratório".
Objetivos:
II -Classificação da Epidemiologia
CONCEITO DE CAUSA
Causa é algo que produz um efeito ou resultado. Uma causa de doença poder ser um
evento, condição ou característica que joga um papel essencial para produzir uma
ocorrência da doença.
Relacionamento estatístico
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O pressuposto básico era o de que uma doença tinha uma causa e que uma causa
particular resultava numa doença específica:
· O organismo (causa) deve estar presente em cada caso de doença.
· O organismo deve ser isolado e cultivado em cultura pura.
· O organismo deve causar doença específica quando inoculado num animal susceptível.
· O organismo deve ser recolhido do animal inoculado e identificado.
Estes postulados não podiam ser aplicados a doenças com :
· Fatores etiológicos múltiplos.
· Efeitos múltiplos de causas simples.
· Estado portador.
· Fatores não relacionados com o agente (idade, raça)
· Fatores causais quantitativos.
· A proporção de indivíduos com a doença deve ser superior nos que estão expostos à
causa do que nos não expostos.
· A exposição à causa deverá ser mais comum nos casos de doença do que nos casos
sem doença.
· O número de novos casos deve ser maior nos expostos a causa do que nos não,
expostos.
· Temporalmente a doença deve seguir-se à exposição a causa.
· Deve existir um espectro biológico mensurável de respostas dos hospedeiros.
· A doença deverá ser reproduzida experimentalmente.
· Prevenindo ou modificando a resposta do hospedeiro deverá diminuir ou eliminar a
xpressão da doença.
· A eliminação da causa deve resultar na diminuição da incidência de doença.
Raciocínio epidemiológico
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1. A variável independente (determinante) está estatisticamente associada à variável
dependente?
2. Se está associada estatisticamente está dentro de critérios (biológicos) aceitáveis para
indicar que as variáveis estão causalmente associadas?
3. É possível elaborar a natureza e conseqüência da associação causal em modelos
experimentais?
1- Descrição
Consiste na descrição da distribuição em termos de freqüência, das condições de
saúde e da ocorrência de doenças, em diferentes populações ou em diferentes grupos de
uma mesma população ou em tempos diferentes para uma mesma população.
Dados básicos importantes nesta etapa:
2- Formulação da hipótese:
Não existe uma orientação rígida para a formulação de hipóteses, são propostos
quatro métodos de encaminhamento de raciocínio para a formulação de hipóteses:
a- Método da diferença
É baseado na diferença verificada na freqüência de uma doença quando sob
circunstâncias distintas e algum fator que pode ser identificado em alguma delas, a
presença ou ausência deste fator pode ser cauda da doença.
b- Concordância
Quando as circunstâncias apresentam apenas uma variável em comum, a mesma
pode ser a causa de uma doença.
c- Concomitância
Quando um fator varia em freqüência concomitantemente com a freqüência da
doença, o mesmo pode ser a causa da mesma.
d- Analogia
Consiste na comparação do quadro epidemiológico de doenças suficientemente
semelhantes para sugerir a hipótese de que certas causas são comuns a ambas.
3- Seleção de hipóteses
4- Comprovação da hipótese
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variáveis sob controle.
· Estudos não experimentais: São aqueles verificados através de grupos populacionais,
para verificar a existÊncia de associações estatísticas que comprovem sua existência.
I – Determinante
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O macroelemento é a variável independente e a doença (estado de saúde) a
variável dependente.
Se o impacto da doença no nível de produção está a ser estudado a doença é a
variável independente e o efeito na produção variável dependente.
Os determinantes de doença (fatores de risco) estão associados ao hospedeiro, ao
ambiente (incluindo o agente) e ao tempo.
II –Determinantes
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c) Raça : As diferenças entre raças no que respeita a risco de doença e nível de
produtividade são comuns e o efeito da raça deve ser considerado e controlado quando
se estudam os efeitos dos outros fatores na ocorrência de doença ou na produtividade.
A diferenças nas raças podem ser separadas em dois componentes: diferenças
devido a fatores genéticos e diferenças devido a fatores fenotípicos.
Na África Bos tauros são em geral mais susceptíveis as carraças que Bos indicus.
Algumas raças de bovinos cavalos caprinos e ovinos são mais resistentes à
tripanossomíase que outras.
Bovinos com área periocular despigmentada são mais susceptíveis a cancro da
vista.
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interação entre os mecanismos de resistência do hospedeiro e infectividade e virulência
do agente.
d.5 - Variação antigênica.
Alguns agentes infecciosos invadem os mecanismos de defesa dos hospedeiros
alterando as suas características antigênicas quer ligeiramente quer profundamente.
No primeiro caso o hospedeiro retém alguma imunidade mas no segundo não. São
exemplos o tripanosoma e o vírus da febre aftosa.
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Os reservatórios garantem a persistência do agente no meio e os portadores a
disseminação dos mesmos.
O portador (carrier) é um indivíduo infectado por um agente de doença, sem sinais
dessa doença mas capaz de disseminar esse agente, mas não é absolutamente
necessário para a perpetuação do agente. São mais difíceis de detectar que os animais
clinicamente doentes...Chama-se de portador verdadeiro quando é capaz de disseminar a
doença sem apresentar quaisquer sinais clínicos (ex.salmonelose).
Chama-se de portador incubatório quando é capaz de disseminar o agente antes
do aparecimento de sinais clínicos (ex.febre aftosa) e Chama-se de portador
convalescente quando é capaz de dessiminar o agente depois dos sinais de doença
terem desaparecido (ex. Pleuropneumonia).
As zoonoses são um exemplo ilustrativo das formas complexas de como os
agentes e animais se combinam para garantir a sobrevivência e a transmissão dos
agentes infecciosos.
· Zoonoses diretas: (brucelose, tuberculose, raiva) o agente perpetua-se numa só espécie
de hospedeiro.
· Ciclozonoses: necessitam de mais do que um hospedeiro vertebrado para sobreviver
(teníases, equinococose e hidatidose).
· Metazonoses: há a intervenção de um hospedeiro vertebrado e outro invertebrado
(tripanosomiase, dirofilariose, babesiose e cowdriose).
· Saprozoonoses: (os agentes da histoplasmose, coccidiose, crytococose, aspergilose,
clostrídios etc) necessitam de locais não animados usualmente solo e água para se
desenvolverem/sobreviverem.
No entanto são as infecções dentro da mesma espécie (febre aftosa, brucelose
mastite, esgana, parvovirose, doença de Newcastle) que maior efeito negativo têm na
produtividade e na saúde dos animais de companhia.
Nestas doenças embora exista um agente como causa próxima da mesma, a
alimentação, o alojamento e o maneio são importantes fatores na ocorrência destas
doenças.
IV - Determinantes relacionados com o agente da doença.
Alguns autores preferem considerar uma categoria separada para o agente na tríade
hospedeiro-agente-ambiente, a preferência aqui é tratar do agente como componente do
ambiente.
· Infectividade: capacidade do agente da doença em estabelecer-se no Hospedeiro.
· Virulência:capacidade de um agente infeccioso de causar doença num hospedeiro em
termos de freqüência e severidade.
· Patogenicidade: Particularidade de um agente de doença de conhecida virulência de
produzir doença em um conjunto (variado) de hospedeiros num conjunto (variado) de
condições ambientais.
6. INDICADORES DE SAÚDE
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Dada uma série de dificuldades para se medir “saúde” de uma população, é
freqüente, ao se avaliar o nível de saúde dessa população, a busca de dados de “não-
saúde”, ou seja, dados de morte e de doença.
A necessidade de que uma medida que pudesse expressar o “padrão de vida” ou o
“”índice de vida levou a ONU, em 1952, a convocar um grupo de trabalho encarregado de
estudar métodos satisfatórios para definir e avaliar o nível de vida das coletividades
humanas. Dada a impossibilidade prática do uso de apenas um indicador global, foram
sugeridos os seguintes componentes de nível de vida:
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4. Coeficiente de mortalidade neonatal precoce.
Nº de óbitos de cças de 0 a 6 dias em certa área, no ano considerado
CMNNP= ______________________________________________________X 1000
Total de nascidos vivos de mães residentes nessa área no referido ano
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14. Coeficiente de letalidade.
Nº de óbitos de determinada doença em área e ano considerados
CL= ________________________________________________________ X 100
Nº de casos dessa doença nessa área e nesse ano
Para que possamos fazer uso desses índices é necessário a compreensão dos
conceitos usados em Epidemiologia, abaixo relacionados:
a) Mortalidade (coeficiente): Ë definido como quocientes entre as freqüências absolutas
de óbitos e o número de expostos ao risco de morrer.
b) Letalidade : Ë definido pelo maior ou menor poder que tem uma doença em provocar a
morte de pessoas que adoeceram por esta doença.
c) Morbidade : Ë o comportamento das doenças e agravos à saúde em uma população
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exposta.
d) Prevalência : Pode ser definido como a relação entre o número de casos conhecidos
de uma dada doença e a população.
e) Incidência : Defini-se como a razão entre o número de casos novos de uma doença
que ocorre em uma comunidade, em um intervalo de tempo determinado, e a população
exposta ao risco de adquirir referida doença no mesmo período.
f) Sazonalidade : Também conhecida como variação sazonal .Ë o caso em que, em
algumas distribuições cronológicas, observa-se que os máximos e os mínimos ocorrem
sempre nos mesmo período.
g) Tendência : A incidência de doenças, a mortalidade por causas, ou qualquer outro
evento de importância epidemiológica, quando observado por longos períodos de tempo,
podem apresentar estabilidade, aumento ou decréscimo de suas taxas, em função do
fenômeno ou do período de tempo considerado. Essa contingência sistemática da
freqüência de doenças ou de óbitos, num período suficientemente longo de anos, é
denominada tendência secular do evento.
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A partir dos anos 60, iniciou-se uma forte tendência à expansão de cobertura do
sistema de saúde em relação à população brasileira. Em 1967, os antigos IAP's foram
unificados no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), com a incorporação, para
efeito de assistência médica, de todos os trabalhadores com carteira de trabalho
assinada, além dos autônomos que desejassem contribuir para a previdência social.
Em 1976 foi criado o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
Social (Inamps) como órgão responsável por toda a assistência médica à população
dependente de trabalhadores formais. Ao longo dos anos 70 e 80 ampliaram-se os
segmentos populacionais não-contribuintes incorporados ao sistema de saúde, como os
rurais e os indigentes, bem como estratégias de descentralização acopladas aos
programas de expansão de cobertura.
A Constituição de 1988 instituiu o Sistema Unido de Saúde (SUS), que passou a ter
como meta a cobertura universal de toda a população brasileira, nos moldes dos
tradicionais sistemas de proteção social existentes nos países europeus que adotaram a
via do welfare state.
A trajetória do sistema de saúde no Brasil não deixou de evidenciar, no entanto,
alguns problemas básicos que ainda precisam ser resolvidos. O financiamento do setor
saúde no País tem sido insuficiente para cobrir os propósitos de universalização,
integralidade e equidade.
No País, gasta-se pouco e mal com saúde, uma vez que boa parte dos esforços
financeiros do setor não têm sido canalizados para os segmentos mais carentes da
população. Dessa forma, ainda são grandes o déficit e as brechas de cobertura do
sistema de saúde brasileiro.
No início dos anos 90 ocorreu uma forte crise institucional e financeira do setor
saúde no Brasil, trazendo como corolário uma queda da qualidade e da cobertura do
sistema público.
Com isso, acentuou-se a tendência para que o SUS passasse a ser, na prática, um
sistema voltado ao atendimento dos grupos sociais de menor renda, uma vez que as
classes de média e alta renda podiam contar com os chamados sistemas privados de
medicina supletiva que se expandiram a taxas bastante elevadas. Hoje, esses sistemas
cobrem cerca de 35 milhões de pessoas, notadamente trabalhadores inseridos nas
empresas de maior porte e famílias de classes média e alta.
Apesar de ser um sistema de saúde financiado, em sua maior parte, pelo setor
público, através de um sistema de pagamento prospectivo chamado AIH, a estrutura de
oferta dos serviços de saúde no Brasil é hegemonicamente privada. Grande parte dos
estabelecimentos hospitalares e dos leitos, pertencem ao setor privado, cabendo ao setor
público a responsabilidade dos estabelecimentos ambulatoriais (postos e centros de
saúde) especialmente nas regiões mais pobres do País.
O Brasil conta também com uma estrutura de recursos humanos em saúde em
forte expansão. Pode-se dizer que o número de profissionais dessa área se expandiu
consideravelmente nos últimos anos, mas a composição das equipes de saúde ainda é
inadequada, na medida que se centra no médico e no atendente de enfermagem, este
sem formação básica. Torna-se necessário aumentar a interdisciplinaridade das equipes
de saúde e ampliar, na composição interna destas, o peso de categorias indispensáveis,
como os profissionais habilitados de enfermagem, tanto de nível superior como médio.
Em seus primeiros anos de vigência, o SUS não apresentou resultados
satisfatórios.
Não foi por outro motivo que o sistema recebeu reformas, implantadas
progressivamente pelo Ministério da Saúde. As reformas apontam cada vez mais para a
descentralização, com aumento da autonomia dos Estados e Municípios na montagem de
estruturas de prestação de serviços de saúde adequadas a cada realidade.
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As mudanças também apontam para a necessidade de definir prioridades de saúde
que permitam equacionar os grandes problemas da população, ao lado da implantação de
sistemas de informação que tornem mais transparentes os resultados obtidos e os gastos
necessários para alcançá-los. Boa parte dos hospitais públicos e privados no Brasil
carecem de sistemas de informação que permitam obter dados financeiros e contábeis
sobre custos dos principais procedimentos.
As reformas ainda devem estar baseadas em novos mecanismos de administração
e gerenciamento, que permitam maior autonomia aos hospitais e redes de serviços de
saúde na gestão de pessoal e na organização da oferta para suprir as necessidades de
cada região.
O Ministério da Saúde e o governo federal - em parceria com os Estados e
Municípios encontram-se em permanente busca de novas definições que permitam ao
sistema de saúde brasileiro ganhar mais eficiência e alcançar os objetivos de cobertura e
equidade. O principal desafio é administrar adequadamente os escassos recursos
disponíveis para que possam suprir necessidades e carências, especialmente dos
segmentos mais pobres da população.
Fontes de Dados
O que notificar
Critérios
Os critérios mais utilizados para a seleção das doenças que compõem o elenco
das doenças de notificação compulsória são as seguintes:
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a) Regulamento Sanitário Internacional – As doenças que são definidas como de
notificação compulsória internacional, obrigatória, são incluídas nas listas de todos os
países membros da OPAS/OMS, e hoje estão restritas a três: Cólera, Febre Amarela e
Peste.
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Erradicação – Cessação de toda a transmissão da infecção pela extinção artificial da
espécie do agente em questão, de forma a permitir a suspensão de qualquer medida de
prevenção ou controle. Exemplo: Varíola.
Segundo a Portaria N.º 993 de 04 de setembro, publicada no Diário Oficial da
União de 05 de setembro de 2000, as Doenças de Notificação Compulsória em todo
território nacional, são as seguintes:
· Cólera
· Coqueluche
· Dengue
· Difteria
· Doenças de Chagas (casos agudos)
· Doença Meningócica e Outras Meningites
· Febre Amarela
· Febre Tifóide
· Hanseníase
· Hantaviroses
· Hepatite B
· Hepatite C
· Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) em gestantes e crianças
expostas
ao risco de transmissão vertical.
· Leishmaniose Visceral
· Leptospirose
· Malária (em área não endêmica)
· Meningite por Haemophilus influenzae
· Peste
· Poliomielite
· Paralisia Flácida Aguda
· Raiva Humana
· Rubéola
· Síndrome da Rubéola Congênita
· Sarampo
· Sífilis Congênita
· Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS)
· Tétano
· Tuberculose
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Pela Resolução SS 60, de 17/02/92 e Comunicado CVE publicado em 30/08/94,
além das doenças e agravos constantes na lista nacional, no Estado de São Paulo, são
de notificação compulsória:
Esquistossomose
Tracoma
Febre Purpúrica
Encefalite por arbovírus
Leishmaniose tegumentar
Acidentes por animais peçonhentos
Eventos adversos pós vacinas
Doenças neuro-psiquiátricas
Envelhecimento
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· O idoso com múltiplas afecções;
· A constante avaliação de interações e repercussões sistêmicas da multiterapia
medicamentosa no idoso.
Se por um lado os números do Censo 2000 mostram que a mortalidade infantil foi
reduzida mostra também que a população brasileira está mais idosa, sofrendo o aumento
de doenças relacionadas à velhice, por outro, a miséria no país das disparidades traz de
volta enfermidades já consideradas erradicadas. E com força total.
Uma população mais velha é um fator atribuído a países desenvolvidos com ótimos
indicadores sociais. Nos EUA e na Europa, a indústria farmacêutica fatura alto
descobrindo curas e formas de aliviar as doenças crônico-degenerativas, relacionadas
aos idosos. Isso vem aumentando em muito a expectativa de vida e, principalmente, sua
qualidade. O Brasil, segundo o IBGE, caminha para ter, se não ótimos indicadores
sociais, pelo menos uma população envelhecida.
Os resultados do Censo 2000, divulgados em dezembro do ano passado, mostram
que o número de idosos (pessoas com 60 anos de idade ou mais) chegou a 14,5 milhões
no final da década de 90, passando a representar 9,1% da população brasileira. No início
da década, eles somavam 11,4 milhões, isto é, 7,9% do total. Entretanto, cálculos
estimam que, daqui a 25 anos, essa população poderá ser superior a 30 milhões.
A expectativa de vida das mulheres segue sendo a maior, com quase oito anos a
mais que a dos homens. Em média, elas vivem 72,3 anos; eles, apenas 64,6 anos.
Hoje, o brasileiro já se preocupa com doenças do coração, hipertensivas e
degenerativas, além de visitar regularmente o geriatra. Isso também faz com que o
governo tenha de investir mais na prevenção e tratamento desses tipos de doença.
Outro indicador ligado à saúde que chama a atenção no censo é a diminuição da
mortalidade infantil, que vem mantendo uma tendência histórica de queda. De 1992 para
1999, caiu mais de 20%, passando de 43‰ para 34,6‰. Mas, se compararmos esses
dados com os indicadores de outros países, a coisa complica. Estamos na frente, por
exemplo, da Colômbia, do Paraguai e de Honduras na mortalidade infantil. Para se ter
uma idéia, Alagoas tem o maior índice do país (66,1‰), apesar da queda na década ter
sido representativa, já que, em 1992, este era de 88,7‰.
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Doença de rico x doença de pobre
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Dengue, hanseníase, sarampo, tuberculose. A reportagem da revista IstoÉ mostra
a volta de doenças que já deveriam estar erradicadas e que acabam virando epidemias
no Brasil.
Preocupadas com despesas de curto prazo, as empresas de planos de saúde não
investem em prevenção de doenças, impõem cotas a médicos e pagam pouco a esses
profissionais. Associados, por outro lado, às vezes correm para o médico achando que, só
porque estão pagando, precisam usar esses planos. Essa reportagem do jornal O Estado
de S.Paulo mostra como, na busca pelo lucro, a saúde brasileira fica doente.
Com o aumento da população idosa no Brasil, muitas das preocupações voltam-se
para essas pessoas. Essa reportagem do jornal O Estado de S.Paulo apresenta o perfil
do idoso brasileiro.
O Sistema Único de Saúde - SUS - foi criado pela Constituição Federal de 1988 e
regulamentado pelas Leis n.º 8080/90 (Lei Orgânica da Saúde) e nº 8.142/90, com a
finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à Saúde da população,
tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas
cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto.
Do Sistema Único de Saúde fazem parte os centros e postos de saúde, hospitais -
incluindo os universitários, laboratórios, hemocentros (bancos de sangue), além de
fundações e institutos de pesquisa, como a FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz e o
Instituto Vital Brazil. Através do Sistema Único de Saúde, todos os cidadãos têm o direito
a: consultas, exames, internações e tratamentos nas Unidades de Saúde vinculadas ao
SUS, sejam públicas (da esfera municipal, estadual e federal), ou privadas, contratadas
pelo gestor público de saúde.
O SUS é destinado a todos os cidadãos e é financiado com recursos arrecadados
através de impostos e contribuições sociais pagos pela população e compõem os
recursos do governo federal, estadual e municipal.
O Sistema Único de Saúde tem como meta tornar-se um importante mecanismo de
promoção da eqüidade no atendimento das necessidades de saúde da população,
ofertando serviços com qualidade adequados às necessidades, independente do poder
aquisitivo do cidadão. O SUS se propõe a promover a saúde, priorizando as ações
preventivas, democratizando as informações relevantes para que a população conheça
seus direitos e os riscos à sua saúde. O controle da ocorrência de doenças, seu aumento
e propagação (Vigilância Epidemiológica) são algumas das responsabilidades de atenção
do SUS, assim como o controle da qualidade de remédios, de exames, de alimentos,
higiene e adequação de instalações que atendem ao público, onde atua a Vigilância
Sanitária. O setor privado participa do SUS de forma complementar, por meio de
contratos e convênios de prestação de serviço ao Estado – quando as unidades públicas
de assistência à saúde não são suficientes para garantir o atendimento a toda população
de uma determinada região.
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Como Funcionam as Conferências e os Conselhos de Saúde
12. A BIOÉTICA
A Bioética não deve ser, meramente, uma figura retórica, mas deve ajudar a
reforçar a relação médico-paciente. A palavra que conforta pode ser a mesma que
desestimula, dependendo do diagnóstico apresentado ao paciente.
O uso da “não maleficência” pode ser um importante indicador para situações que
sejam “nós” onde, entre a debilidade da condição do paciente e um frio diagnóstico,
prevaleça-se aquilo que acrescentar menos sofrimento ao sofrimento já estabelecido pela
própria doença, sem, contudo, esconder-se à verdade. Esta prática tem e deve ser
sincera, bem intencionada e livre de qualquer preconceito.
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Por sua condição fragilizada, seu histórico de vida, a maneira como entende o
tratamento e a confiança estabelecida com o médico devem ser consideradas sempre.
Por isso o trabalho constante de explicar, re-explicar, suavizar a linguagem ou trazê-lo
mais para a realidade é antes de tudo, fruto de treino e moldado com paciência.
Saber como falar, equilibrando os termos técnicos se for necessário, trabalhar a
relação médico-paciente-família para que esta (a família) seja um agente amenizador no
processo de tratamento do paciente, são todos fatores essenciais.
Alertar sobre o risco de determinado tratamento ou o seu sucesso não deve ser um
ato terrorista ou poderemos estar convidando-o a abandonar qualquer procedimento
proposto.
Se comparado ao placebo, que é um medicamento inerte mas que pode causar
algum efeito pela expectativa que gera ao paciente, a palavra também pode causar um
bom ou mau efeito, dependendo de como for usada.
Independente do estilo de comunicação de cada um, a preocupação com o uso da
palavra em situações tão delicadas deve cada mais ser considerado, pois o profissional
de saúde certamente entrará em contato com situações que não teve a oportunidade de
vivenciar na Universidade.
Texto do Prof. Dr. Max Grinberg da Comissão de Bioética do Hospital das Clínicas
de São Paulo e Diretor da Unidade de Valvopatia do Instituto do Coração (InCor).
1) Defina saúde.
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12) Quais os 3 fatores que influenciam a probabilidade e as circunstâncias
entre o agente e o hospedeiro. Cite e explique.
26) Cite e explique 3 critérios para que uma doença passe a ser de
notificação compulsória.
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14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.ebanataw.com.br/roberto/percolacao/perc8.htm
http://www.quintana.com.br/drenagem.htm
http://www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/polsoc/saude/apresent/apresent.htm
http://www.educacional.com.br/noticiacomentada/020802_not01.asp
http://www.saaej.sp.gov.br/eta/
http://www.sabesp.com.br/a_sabesp/tecnologia/reuso_aguas.htm
http://www.copasa.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=23&sid=98&tpl=printerview
http://www.corsan.com.br/sistemas/trat_esg.htm
www.revistaemtempo.com.br/ed_anteriores/ed4/olixonos.htm:
www.unionbrasil.com.br/lixo.htm:
http://www.amda.org.br/interna_informacoes_artigos_aterro_sanitario.asp
http://www.resol.com.br/cartilha/tratamento_aterro.asp
http://www.saneago.com.br/wwwsan/quali/oqueesgoto.htm
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