insergao Profissional do Psicélogo em Organizagées e no Trabalho vosé Carlos Zanelli Antonio Virgitio Bittencourt Bastos Nem sempre as pessoas, om seu dada se diy ‘conta Go quarto a vide de ads um é aftada por ca- ractersticas, eventos ¢ processos ue aconiecem, enrtctesizam e transformam © mundo de taballo © asorgunizagceshumanas witadas para pred bens e servigos socialmente demarsdados. Ao longnda his- *6rit 0s processos de soeializagho foram sendo de Jegado 2 instituigies ¢ organizagies sociais, Cada ver, mais cedo as pessoas eniram ma escola e mela assem pre significative de suas vidas preparando- separa ocupar um papel social, Crianga frequents ‘ereches ecorfonatos.Criangas, joven, adultnsefdp- ses passam por postos de suide e por hosptsisqua 4 enfreniam problemas de saéde. Pessoasingres- saci em organizagbes socias para utarem por eat 5 celetivase atingivom objetivos relevanies pga & ‘comunicade. Idosos vivem em institigbes especiais vyoltadss para o seu stendimenco, Além disso, trik- ‘nadores ainda em proporgio sigitictiva, passa ‘0 seu dia em organizagbes, prsiuzinco bens que - 20s consomem. Fse die aa & replowo de deman- as, desaos,expectativas, tenses, eaizaghes, ae: ras, sofimentas que, nevitavelmente, se inertisien ese estondem para a vida forado trabalho. As pesso- asperdem o emprego e,mitas vezes, perder apos- sibiidide de rabwhot. Hi algo que afore mais fote- ‘mente a vida de um individuo eda sua Fania? Tal ‘questionamento, pos justice a insereio do psio6- Jogo em organizagBes ¢ no bath. O trabatho eas organizagdes de trabalho estio presentes na vids de todos, Quanto da eatidiono de -eaude um no ou fo atetade diretamente polo func ‘onamento dessas organizagives soviais? Quant ds bem-star, qualidade de vitae problemas enfrena: dos pelas pessoas nil estin relacionadas com ade simica das organizagies e coma forma que-ottabi- ho e2 sua oxganizagio assumem na sociedad? Em face disso, a Psieologia,trasticionalment, ccupou-ssem compreendere imtervir sobee feat me: rose processasrelativos ao mundo do tabalhoe das corganizagbes, De fornia crescentemente explicit, se dB conta de que no se pode reprodurir, no carp ientifiee ¢ profissional, a separagio operaca eniret ‘esfera trabatho e as demais esferas da vida pessoi. ‘A comprecnsio integral do ser humano, partanio, depende de uma compreenstio da sua insengio nt mundo do trabalho e das relagies que sto criaas no interior das organizagces em que trabatea : A iddin de onganizacio, sob esse olhar, ine clusiva e ndo esti, por decorréncia,restita& pro- dugio de bens no vasto meresdo da comps titividade globatizadas abrang também a presi: ‘gio de servigos em sentido amplo, que vei, por exemple, de hospituis a sindieatos. Além disso, as -tividades profissionais ultrapassam as fronteiras das organizagbes em si, quando so exervidas m0. mercado informal de trabatho, no universo do subemprego © do desemprego ou, ainda quando. ‘idan com ocupagbes ou profissies. Essa éa tarefa central ou a misao que carecte- riza esse amplo espago de aco da Psicologia ~ex- Porat, analisar, comprcender como interagem 35W cresconlerente complexo e em transformagto, uindo a partir dai estratégias e provedimentos possatn promover, preservar e restabelecer alidade de vida e o bem-estar das pessoas, ! objetivo central do capftufo examina wma info ampla de como se configura a area ds Psico- a Organizacionsl ¢ de Trabalho, como campo Pieatuagio profissional, roconstruindo sua trajet hiss6rica, tants io plano internacional como J seional, Tal reflexdo se revela indispensivel para hjetivo de refletir sobre as tendéncing inovado- 8 na Area, considerando 0 canjunto de transfor- bes que esto mareanda 9 muda do trabalho, ‘Tendo em vista esse abjetive, o capltale esti vado em quatro segmentas principais. © pi Pro desereve o desenvolvimento histérico da Psi- slogia Organizacional e ds Trabalho como grea de foshecimentn ¢ como campo de aplicagko, dando. falase hs nelagaes entre caractersticas dos comtextos jxinls e demandas que se apresentam, tanto no.ce- jointernacionst com nacional, Essa perspeetiva Sica procera foxtalever a compreensio de come sstruturou ¢ modelo clissico de atuagio e produ- E20 de vonhecimento nesteespago de acto da Psico- jie. O segundo segment apsia-se em uma ripidia ffexio das ransformagies om eutso no mundo do miatho, visandio deserever as tendencies de muda fra fornsa como a Psicologia Crganizacional e do Pbuuho esta redefinindo suas temiétieas, ses pro- Pedimenios de investigasao e, especialmente, suns grades profissfonals. Atereeira pate valta-se para io do campo tual da Psicologia Orga eaclonal e do'Trabttve, buscando rovelart amnpli- Be das questies que ocupam pesquisadores e pio nas, Os diferentes Ambitos de andlise implieae sna sun atuagio © as necessdrins interfaces que Eatrdi com outros dom‘nios do conhecimanto tu 10. Reflexses sobre identidade deste psladlogo, pice futurada Psicologia Organizacional eda Tra. hho © uma sfntese encertam 0 capitulo. ONSTITUIGAD HISTORICA E GAC CLASSICA O desenvolvimento da Psicologia Orga- fracional e do Trabatho no Brasil aeompanhou, gompasso subordinado, 1s ovarréneias mundi- Es relativas & res. tss0 pode ser visto em una Paicotogia, Organizagiies ¢ Trabalho no Brasil 467 breve reconstituigao histdrica e revista das prati- cas tradivionais no contexto internacional ¢ pos (eriormente, em, uma sfatese do desenvolvimento {dos fatos histérieos ¢ prétieus no Ambito nacional Desenvolvimento internacional O uparecimento da Psicologia Organizacional edo Trabalho esta claramente associado 3 crescents industializagio que coureu nos patses dorninantes, 0 cenéric acideotat, no fimdo séouto XIX e inicio do séeuto XX. Colncide com o despontar da prspeia Paicologia como campo pera de estudas eaplicagiio. ‘A busca de critérias ¢ procedimentas para atone ‘er, principalmente, ag finalidades de avaliagio ¢ sclogio de empreaados para as incstias om expan Moe de militares pora os exércitos fez com que os rmétodos 2.asteoriastivessem seus priméedios a ea, ‘O desempesio ne tabalto ea eficiéncia organiza. ioral constituiram, desde. prinefpio, preocupayoes ‘qu-erlentam as atividades dos psicdlogos mas orga izagtes. Uns psicslogo pioneiro na dvea, Waller Dill Sco, em 1903, publicou um fivea sobre a Peizelo- gia da Publicidade: The theory of advertising, Uma écada depois, em 1913, Hugo Mansterberg publi« sou o que pode ser considerado o primeira com= péndlio da Sea, intitulade Psychology and indus {itd efficiency: Armboseram psicétages experimen. tais e ensaiavam os primeiros passos na apficagio dos eonhecimentos da Psicologia. No casa do Tiveo de Mansterberg. o inieresse localizava-se em tomo dnquile que viria @ ser, por um longe perlod, & atividade mais caracteristica v dominante da Psico- Tgin aplicads ao wabatho: a selegaa de pessoal ¢ 0 uso de testes psicoligicos com a Tinslidade de -maximizar 0 ajuste das pessvas aos carges. AS raises que vinculam a Psicologia com 0 ‘mundo do trabatho sig encontraclas no inal do seu to XIX, fora dos Estados Unidos da Amiécica, Era 1889, Patrizi criou © Laboratsrio de Psicologia do “Trabalho em Modena, Itlia. Kreeplin, na Alemanh, ‘© Mosso, a1 Ilia, nos angs 99 do seule XIX, ine vostigaram aspectos psiuptisioligieus associados fadiga c a carga de teabalbo. Que autor entre o8 pioncitos, Frederick Winslow Taylor, eagenhiro em ‘sus formagto basies, teve nosivel influéncia sobree campo da Psicologia Organizacional ¢ do Trabelho (Spector, 2002) e em outras reas de conherimento ue nflucnciaea a Administagao. Desenvalvero que yoar468. Zanelli, Bosyes-Andrade, Bastos & cals, ele chamou de Adnvinistragio Clentifica, com 0 0b- {tiv de estabelecer prinefpias para orientar as pre ticas organizacionais ¢aamentar a produtividade, O livre de Taylor que constitu difendida referéneia Alesse period, partir de 1991, $ The principles af seicrfie munagennent. A partir de idéins de Taylor, Frank e Lillian Gibreth (ele engenciro, cla psicdloga) dedicaram= se w iavestigar a forma pela guat as frets So exe- ‘cotaclas polas pestoas, desenvolvende o que velo a ser chamado de “estado do tempo & movimento” ses estudos, cgene de uma perspectiva tayloriste para maximizar acficitacia do desempenho no tre- batho, estiverar ne base do campo denominstdo Fae ‘ores Humanos, vottada para analisar¢ projetaram- bientes de trabalho e tecnologias que levassem em consideragito as caractersstiens husanas. Depots, 0 avango do campo ocorreu de modo tap ripide quan- to as exigéncias dos acontetimentos do mondo im puseram, camo nas cuss Grandes Gueras a primeira retailed século XX. quando os estes psicoligicos tiveram extenso uso e desenvolvimento, para aten- der as solieitagies de selegdo de reertas, A atribuigdo de sistematicidade aos processes ie avaliagao¢¢ recanhocimente progressivo das eha- boragties clentiicas da Psicologia auxitiaram as atl- Vidades dos pstcéiogos dirisidas pars a anstise de caractetscas do trabalho que contain pari @ aumento de eficincia organizacional. O fmbita de atuagito toi Sendo ampfizco para outras atividades, comm a teinaments dos empregados e a anise de fitores do ambiente que afetam 0 trabalto. As investigayées de Elton Mayo na Western Plecirie Company: que fcaram largamente conhec das como os estisins de Hawthorne (um baisro da cidade de Chicago), marcaram as déeadas de 1920 8 1930e sevelararsa umportincia de considera os fa- tores sociais implicados em ume situacio de trabae Iho. Ag Ciéncias do Compintamento (com base nz sicologia, na Sacinlogia ¢ na Anttopologi), desde eit, slearam relevBncia no mundo dos nextctos Maye divelgoa The huaman problewis of dustrial civitisation, om 1933, uma obra que sintotizou as escobertas daqueles estudes ¢ deu impulso & Bra sas Relagdes Haman campo de aplicacit, até mesdos da dcuds de 1930, prinetpalmente nas organizagoes de traba- tho dos Estados Unidos, centravarse em estudos & intervengfiesjanto aos incentivos financeiros como, por exempta, treinamenta np trabalin, fadiga ¢ m0 notonia, atsinosidade e ventlay, testes Ue ads ‘ho, estos de tempo e movimento, tare de Dall, seguranga e disoiplins. Nas dscadas seguir- tes, expandindo-se tab nos dennis paises ins- tralinadss, as ativddes do psiesiogo e de oat profissionnis ligados ts Ciencias do Comportsinen ‘© dirigiramse para os ineentivas ree fanceicas como lidevanka esupervisio,relagies interpesscai, tides das empregadas, moral no trsbalho,avalia~ ode executives, rlagdies horneme-muiquina, ent Vistas e aconsethanents. Até umetade do sgeulo XX, sob eescenepres- slip dos sindicatos para gacanticascliteitos dos taba- Shadores, foram se acentuando as inquvtaeses eon prétieas oganizaeionais punitvase diszriminatsrss, ‘quecolocavam em rio a liberdade eo valones pes sonis. Os drigentestiveram que rever procedlisnes- {os administativos de retribuicae an rabalbo que = ‘vam em: conta aperas as necessidades individu nis bisiens fore, seguranga, sade et.) Paraela- mente acs a avanges da teckeogia, ap surnento do {amano des omanizsetes, 4 explosSo popalacioal «imposigdo de novos valores, as necessidades sci- ais, de autorestima e suto-realzagio fear tris para a pata administrative Na década de 1950, accrapanhandi as novas demands, entre as wins (eorias de mortvacfo que visham sendo propostas, gtahou destaque oestudo de Abrsitm H. Masloss publicada em 1954, sobo Aula de Motivation and personality, 0 gual pro ‘pie ema hierarquia das necessiadeshurnanas, Pao- ‘0s anos depois, despontow a rellexio de Douglas McGregor sobre ox pressupostos que os aginst does estabelecem para a8 pessoas, divulgnd em 1960 como Teoria X (tradicional ¢ Teoria Y femet- gente), nn obya The human sideof enterprise. Asca- racteriticas que elacionam sstenicamette os n= viduos, os expos ea prpria organiza tea, ob o contrale de fatres interno exter a9 sistema orgaizaciona,passarrn ter selena mt interpretacto do cormportamento human, Questies uradicionais, como aguelasrelativas a reeraament, restagem, selegdo, teinamento, ands de taretss, incentives, condiges de mabalha © cuteas passaran «ser Vinchladas 80 sistema social de organizages ‘como um iodo (Sehein, 1982). segunda merle do século XX foi raarcada por inieaso desenvolviments, toenolGigico © moviirentos que culrminaram no qoe tem sido eeamans chamar de novas prices de ts por exemplo, a gesto da quae rota, 2 Cub