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O documento discute como o sincretismo ajudou a religião no passado mas não é mais necessário hoje em dia, e descreve as principais nações africanas que trouxeram suas religiões para o Brasil através do tráfico de escravos: a nação bantu, a nação iorubá e a nação fon.
O documento discute como o sincretismo ajudou a religião no passado mas não é mais necessário hoje em dia, e descreve as principais nações africanas que trouxeram suas religiões para o Brasil através do tráfico de escravos: a nação bantu, a nação iorubá e a nação fon.
O documento discute como o sincretismo ajudou a religião no passado mas não é mais necessário hoje em dia, e descreve as principais nações africanas que trouxeram suas religiões para o Brasil através do tráfico de escravos: a nação bantu, a nação iorubá e a nação fon.
O sincretismo, no passado, ajudou para que a religio pudesse ter continuidade ao permitir que ela se estabelecesse. Porm, nos dias de hoje ele j no mais necessrio e no pode mais ser aceito nem utilizado. J nos afirmamos e nos impomos como religio! O sincretismo foi necessrio e til 300 anos atrs! O candombl, em conjunto, precisa levantar a bandeira do antisincretismo. Esta no uma luta somente dos brasileiros; de todo um continente que se viu invadido e vilipendiado em seus direitos de praticar e escolher livremente a sua religio. Por meio do sincretismo, as razes culturais e religiosas so renegadas, os segredos fundamentais so violados e os conhecimentos armazenados durante sculos so ignorados! A ancestralidade, os valores e a auto-estima dos africanos tornaram-se reduzidas com o sincretismo! O sincretismo provm da fuso de duas religies que seguem paralelamente, sem qualquer segmentao. Este amalgamamento de religies corta a fora da cultura, tolhe a inteligncia e a liberdade do ser humano, quebrando os elos da tradio, cortando os laos com o passado. Nos dias atuais impossvel algum aceitar ou mesmo acreditar que So Jorge Ogum ou que Santa Brbara Oi! O sincretismo distorceu o candombl, reduzindo a dimenso e a grandiosidade das nossas divindades. Ao mesmo tempo, pretendeu transformar as religies de matiz africano em politestas, ou seja, adoradores de vrios deuses. Tentaram transformar nossas divindades em "deuses", ignorando Olorum/Olodumar, "Senhor Supremo e Absoluto de todas as coisas", nosso Deus e a divindade criadora para os iorubs! No Brasil atualmente existem grupos de babalorixs e iy alorixs que esto lutando por essa modificao dentro de seus Axs e em suas cidades. Devemos isso aos nossos orixs, inquices, voduns e aos antepassados da religio, pelo respeito e por agradecimento a tudo que eles nos proporcionam! Hoje em dia temos nosso direito e nossa liberdade religiosa assegurados pela Constituio do Brasil. Precisamos agora somente que haja maior unio entre as naes do candombl, para podermos crescer e nos fortalecer. Assim conseguiremos nos fazer respeitar e poderemos nos transformar em uma grande potncia religiosa! 5. Q uais as naes que formaram as religies africanas no Brasil? As principais naes que aqui chegaram foram a bantu, a iorub e a fon, que compreendem pases, cidades e etnias. Outras vieram tambm, mas foram incorporadas, esquecidas ou extintas, devendo os estudiosos ou antroplogos tentar recuperar estes conhecimentos, tradies e fundamentos para subsdios futuros. A nao bantu trouxe seus inquices e bacurus; a nao iorub chegou com seus orixs e a ancestralidade; e a nao fon, seus voduns. Embora estas divindades possam ter algumas semelhanas, existem entre todas elas grandes diferenas de comportamento, de personalidade, de dana, de vestimenta, de alimentao, de comunicao. Enfim, so divindades distintas, de locais distintos, porm com um mesmo ideal: ajudar o ser humano a ser mais feliz! Seguindo o pensamento de historiadores mais atualizados e embasados em pesquisas contemporneas, neste livro usaremos o termo iorub em substituio designao nag para definir a mega-nao que engloba as naes que cultuam os orixs, como Ketu, Ijex, Oy , Efan, Egbado, Egba etc. Usaremos tambm a palavra fon em substituio ao termo jeje para denominar os provenientes do Benin, do Abomey, de Savalu (os mahis), de Alad (os aladanos). De Togo e de Gana vieram os ewes, nao que tambm cultua os voduns. Contudo, no utilizaremos nenhuma substituio palavra bantu, pois esta no recebeu denominaes pejorativas, como as demais. O nome nag era utilizado, pelos fons, em forma de menosprezo para designar os adversrios que penetravam em suas terras, ou l chegavam escravizados como trofus de guerra, provenientes dos territrios de lngua iorub. Este termo era utilizado pejorativamente, numa forma de escrnio, de xingamento, remetendo a "refugo, lixo, sujo". Com o passar do tempo, ele foi acoplado e aceito no cotidiano das pessoas e tambm no mago da religio. Passou, assim, a distinguir coletivamente as etnias possuidoras de uma linguagem e cultura religiosa comuns. Este nome, nag ou anag, que abrange toda a complexa cultura dos povos do sudoeste da Nigria, entretanto, no tem conotao histrica, geogrfica e poltica, no denomina um povo, no tem importncia histrica. No Brasil foi aceito e assimilado principalmente pela nao ketu. A palavra fon a designao de todos os praticantes do candombl que cultuam os voduns. O termo jeje (adjeji) origina-se da lngua iorub e significa "forasteiro, estrangeiro". Era uma forma que os iorubs encontraram para humilhar, melindrar e afrontar os fons. Mesmo quando estes se encontravam dentro dos limites do atual Benim, seu reino! Em termos polticos, geogrficos e histricos, no existe nenhuma nao chamada jeje na frica. No Brasil, o que se compreende do termo jeje o candombl formado pelos povos fon e ewe, provenientes do Benim, antigo Daom, e de Gana e Togo, respectivamente. Com a vinda dos escravos para o Brasil, das vrias partes da frica Oriental, Ocidental ou Equatorial, estas naes e os grupos tnicos fragmentaram-se. Porm, se em suas terras os iorubs e fons eram inimigos, no Brasil tiveram que se irmanar para se oporem aos seus opressores. E tambm para poderem dar continuidade s suas religies. Na necessidade de reencontrar a sua identidade, procuraram se unir e foram se adaptando e criando novas caractersticas. Produziram assim um conjunto religioso prprio, mas sem perder os fundamentos da sua religio na frica. Adaptaes foram feitas para evitar que se perdessem sculos de uma religio nica, pura como a natureza, tradicional e to antiga como, talvez, os primeiros habitantes da Terra. Unies sedimentaram-se e, hoje em dia, no existe mais uma s nao no Brasil que seja pura e primitiva como quando aqui chegou. Da necessria unio dos fons com os iorubs surgiu a nao Nag-Vodum, tambm chamada de jeje-nag, a mais propagada pelos livros e pelas tradies, no Brasil. Esta juno nasceu da necessidade de sobrevivncia de alguns grupos tnicos que, sentindo dificuldades em dar continuidade aos seus cultos, precisaram buscar e unir seus conhecimentos com os de outras naes. A partir da ampliao do mundo religioso descortinado por ambos, eles se tomaram mais fortes e unidos, conquistando e ajudando na liberdade que percebemos atualmente. Atravs da unio dos orixs com os voduns, algumas divindades ficaram escondidas atrs de outras. Este, entretanto, foi um mal necessrio e que, em compensao, engrandeceu os pantees. As trocas de informaes foram maiores e as autoridades do candombl precisaram unir-se mais ainda, buscando, assim, melhores conhecimentos. Todos ganharam, iniciados e divindades! Com a nao bantu, chamada de "nao-me", uma das primeiras a chegar, vieram os inquices, calundus, bacurus. Do Congo, foram trazidos os cabindas; de Angola, os benguelas; de Moambique, os macuas e angicos. Da Costa da Guin, vieram os minas (advindos do Forte So Jorge da Mina). Trouxeram com eles vrios dialetos e muitas lnguas, entre as quais o banto, o quicongo, o quimbundo, o umbundo, o quioco etc. Destas lnguas originaram- se vrios termos que acabaram incorporados lngua portuguesa falada no Brasil. Tambm deixaram seu incentivo s festividades populares, com suas danas e ritmos. A nao iorub foi trazida em grande quantidade para o Brasil. Reinos inteiros foram aprisionados e para c trazidos como escravos. Com eles vieram seus orixs, seus antepassados, rituais religiosos e sua lngua. O povo efon (efan), pertencente ao grupo da nao iorub, oriundo da cidade de Ekiti-Efon, deixou-se influenciar pelos Ketu e, assim, perdeu um pouco suas caractersticas primordiais e sua identidade. Porm, nos dias atuais, alguns grupos tentam resgatar esse passado de uma nao to linda e to rica como sua rainha, me Oxum, e seu rei, pai Oxagui. Damos-lhes as devidas congratulaes por esta to necessria busca por suas razes! Pertencente tambm nao iorub, vieram os ijexs, da regio de Ilex, que nos legaram danas e ritmos bem cadenciados e sensuais. Os xambs, povos que habitavam regies nos limites da Nigria, so outra nao que aqui tambm chegou, concentrando-se mais no Norte, especialmente no Recife. Os fons quando aqui chegaram j encontraram a escravido quase se extinguindo. Sendo assim, conheceram um melhor aspecto das regies onde se concentraram. Talvez o fato de terem tido maior oportunidade de escolher onde viver tenha contribudo para se agruparem, permanecendo assim mais centrados em estados como a Bahia, o Rio de Janeiro e o Maranho. Atualmente, porm, j existem terreiros em vrios outros estados. Em relao s demais, a nao fon procurou viver de forma fiel quela trazida por eles, vivendo com muita independncia nos seus cultos e tradies. Principalmente porque tinham necessidade de grandes espaos de terra e de mata para seus voduns. Precisaram ento viver mais distanciados dos centros urbanos, o que dificultava at mesmo a iniciao de novos adeptos e a possibilidade de expanso da nao. Estes terreiros tornaram-se muito fechados, ficando conhecidos como a "nao do segredo, do mistrio". Por viverem em terrenos extensos e de grandes florestas, as pessoas desta nao muitas vezes no precisavam sair dos limites de suas terras para nada, pois possuam tudo de que precisavam. A terra lhes dava alimentos, ervas, folhas, gua lmpida e moradia. Em tempos bem remotos, muitas casas tambm possuam seu prprio cemitrio, pois naquela poca o Estado no tinha registro e controle sobre o nmero de nascimentos ou de mortes entre os escravos. E as casas eram, e isto ainda ocorre em muitos Axs, passadas de gerao para gerao, mantendo inclumes seus ensinamentos! Com este comportamento, porm, a nao fon restringiu-se e fechou-se, correndo o risco de perder fundamentos e liturgias, ou de criarem-se deturpaes e modificaes. Se os antigos forem morrendo e os novos iniciados no forem bem doutrinados/ensinados em suas prticas religiosas, o candombl desta nao, e qui das demais naes-irms, no ter como sobreviver. O cuidado com os fundamentos sagrados, no permitindo que se espalhem e que sejam divulgados, necessrio, mas a continuidade da religio muito mais sria. importante que todas as naes entendam que aquilo que no ensinado perde-se, morre! Os segredos religiosos sero sempre mantidos inclumes por aqueles que verdadeiramente passaram pelos juramentos e preceitos da religio. Que a verdade seja ensinada, para ser retransmitida, seno as futuras geraes s conhecero ninharias, e a religio, no Brasil, ter somente iniciados sem conhecimentos para repassar a outros, no futuro. E o candombl ser feito mecanicamente, sem substncia, sem fundamentos e sem os ensinamentos de base! Essas naes dividiram-se em grupos, esses grupos transformaram-se em famlias, essas famlias subdividiram-se, criando descendentes que se espalharam por todo o Brasil e tambm pelo exterior. Estes levaram a religio a criar adaptaes necessrias a cada local onde se estabeleceram. Mas conservaram sempre a regra primordial e bsica dos seus adeptos: o amor e o respeito s divindades. Essas adaptaes se uniram tambm aos primeiros moradores e donos desta terra, os ndios. Estes, com seu vasto conhecimento, amor e cuidados com a natureza, interagiram com os escravos e muitas similaridades foram encontradas, saberes foram trocados e, com respeito mtuo, religies foram readaptadas. Em conseqncia desta interao, os africanos transportaram-se do culto familiar e particular a determinado orix, que era seguido em sua terra natal, para um culto mais generalizado e global, no Brasil. Por isso, por sermos todos afro-descendentes e termos uma grande participao dos nossos ndios, no podemos permitir que o culto aos nossos antepassados divinos se perca no tempo nem que o seu Ax se dissipe ou se disperse. Que o povo de cada Ax conhea e respeite as outras naes, sem esquecer de reverenciar a sua prpria, no permitindo assim que se percam suas especificidades. Que esta torne-se somente parte de um passado longnquo. Que os adeptos do candombl faam como os integrantes de outras religies, inserindo e ensinando seus filhos, desde o nascimento, a conhecer e a amar a religio que seus pais abraaram e que, no futuro, ser deles e de seus descendentes! O nosso jeito de cultuar nossos antepassados deve se aproximar o mximo possvel do modo como os africanos o faziam. Assim, evita-se apagar o que foi feito no passado, para que no futuro eles ainda estejam nos ajudando e permitindo que possamos estar juntos, em um contato mais ntimo entre o humano e o divino!