Está en la página 1de 40
GUIA TEORICO DO ALFABETIZADOR (MIRIAM LEMLE) Introducaéo O livro trata de alguns conhecimentos basicos sobre a lingua, os quais sAo essenciais para a alfabetizagao. ‘A autora coloca que 0 momento crucial de toda a sequéncia da vida escolar 6 0 momento da 2 ms alfabetizagio O professor alfabetizador precisa ter conhecimentos sobre sons da fala, letras do alfabeto, lingua, respeito pelos alunos, confianga na capacidade de desenvolvimento de seus alunos, criatividade, inventividade, iniciativa, combatividade e fé em sua capacidade de tornar o mundo melhor. Prof: M. Barbara Floriano AS CAPACIDADES NECESSARIAS PARA A ALFABETIZACAO | O que o alfabetizando precisa saber | . . + + . | A primeira coisa que o alfabetizando precisa saber € 0 que significam os risquinhos pretos em uma folha branca. | Para se compreender que tais risquinhos séo | simbolos de som da fala, é preciso saber o que sAo simbolos. Esse conhecimento ndo é téo simples, pois a razfo | da forma de um simbolo nao esta nas | caracteristicas da coisa simbolizada. | Em segundo lugar o aprendiz precisa saber que | aqueles risquinhos sao letras e também discriminar a forma das letras. anehe eo As letras do nosso alfabeto sao muito parecidas. Ex: b/d/ p, basta mudar a posicao delas; m / n; p/q Sao sutis as diferengas que determinam a distingao entre as letras do alfabeto. A crianga que nao consegue essa distingao visual nao aprende a ler. Em terceiro lugar o aprendiz precisa ter consciéncia da percep¢ao auditiva. Se as letras sao simbolos dos sons da fala é preciso saber ouvir as diferengas entre esses sons e escolher a letra certa que simbolize determinado som. Para escrever é preciso ter consciéncia dos pedacinhos que compéem a corrente da fala e perceber as diferengas de som pertinentes a diferenga de letras. (LEMLE P. 9) RECAPITULANDO... Capacidades de fazer 3°) capacidade de ouvir e ligagdes entre sons ter consciéncia dos da fala e letras do sons da fala, com suas alfabeto: distingdes relevantes 1°) compreender a na lingua. ligacdo simbélica entre letras e sons da fala; 2°) enxergar as distingGes entre as letras; O QUARTO PROBLEMA Palavras= acasalamento na maioria das vezes de som e sentido que como uma falta de utilizamos como tijolos separacdo onde existe na expressao dos uma fronteira pensamentos. vocabular. Ex: O problema para 0 umavez; nonavlo, educando é captar o minhavé, etc... conceito de palavra. Sua depreensdo quase nao constitui problema, apresentando-se apenas, IMPORTANTE... PALAVRA= 60 cerne da relagao simbdlica contida numa mensagem linguistica: a relacao entre conceitos e sequéncias de sons da fala. ESCRITA= duas camadas sobrepostas de relagao simbélica: uma relagéo entre a palavra e seu sentido ou conceito, e uma relacdo entre a sequéncia de sons da fala que compdem a palavra ea sequéncia de letras que a transcrevem. MAIS UM PROBLEMA, O QUINTO... Reconhecer sentencas , o alfabetizando nao precisa lidar com isso logo no inicio da alfabetizagao, pois ele pode tomar consciéncia dessa unidade no decorrer de suas primeiras leituras. Um saber que precisa ser ensinado no inicio do trabalho com alfabetizacado é a maneira da organizacdao espacial da pagina, em nosso sistema de escrita, jA que a maneira de movimentar os olhos na leitura é diferente da maneira que olhamos uma figura ou fotografia. O CULTIVO DAS CAPACIDADES QUE PERMITEM OS SABERES BASICOS PARA A ALFABETIZACAO Os conhecimentos abordados até agora podem ser atingidos espontaneamente pelas criangas, mas podem, também, ser estimulados de forma que auxilie o alfabetizando para o arranque de seu desenvolvimento cognitivo. Seguem algumas ideias sobre como estimular o desabrochar de cada uma das cinco capacidades necessdrias para a alfabetizacao. #5 aw v 4 7 he ier s oe “ Ae KON c € c ** 6*, 1° problema: a ideia de simbolo Levar para a escola exemplos de simbolos: bandeiras de clubes, paises; sinais de transito; gestos convencionais; LIBRAS; emblemas, problema: discriminag3o das formas das letras Exercicios de pequenas formas: circulos, tragos,cruzes, quadrados, etc... Sao alguns exemplos para que 0 educando cultive a boa técnica na escrita. SUGESTOES 8° problema: discriminagao dos sons da fala Criar listas de palavras; palavras que rimam; cantar a mesma melodia em diversas silabas, etc... 4° problema: consiéncia da unidade palavra Dizer nome dos objetos a vista; aprender palavras novas; localizar a mesma palavra colocada em posigées diferentes; contar quantas palavras ha numa expressio; ete... 5° problema a organizagao da pagina escrita Brincar de ler; memorizar e recitar pequenos textos (podem ser criados pelos alunos, podem ser provérbios, ditados, refrdes, etc...). A escolha de textos familiares na cultura local fara a leitura ser sentida como algo normal na vida. A ALFABETIZACAO Quem ja trabalhou com alfabetizacao teve a experiéncia de testemunhar um salto repentino na aprendizagem, 4 isso chamamos de “estalo”. Esse estalo se dA quando o aprendiz capta a ideia de que cada letra é simbolo de um som e cada som é simbolizado por uma letra. Porém essa relac&o nao é tao simples. Infelizmente nao hé um casamento perfeitamente monogamico entre letras e sons, ha poligamia, e é isso que complica o aprendizado. AS COMPLICADAS RELACOES ENT SONS E LETRAS So raros os casos em que ha uma relacgdo biunivoca entre sons e letras. Ha uma relagao que anteriormente chamamos de poligamia entre os sons e as letras, ou seja, dependendo da sua posigaéo na palavra a letra sofre alteracdo no som. Ex: a letra /I/ em lata e sal; vogal /o/ em orelha e mato; etc. Essas situacgdes de poligamia entre as letras causa problemas de escrita para o alfabetizando, pois logicamente pensam que ha fidelidade conjugal entre letras e sons. O alfabetizador precisa ter bem claro em sua mente essas particularidades de correspondéncia entre som e letra, pois 0 alfabetizando fatalmente fara perguntas sobre elas e cabe ao professor estar apto a responder que a posic¢ao precisa ser levada em conta para a correspondéncia entre sons e letras. A maioria dos professores responde a essa pergunta dizendo que a gente fala errado, preferindo o caminho mais facil, ao invés de dar a resposta acima. O professor que usa a saida facil para explicar as dificuldades de escrita como sendo ocasionadas por defeitos da fala contribui para a marginalidade de seus alunos. ( LEMLE, p.20) O terceiro tipo de relacao entre sons e letras é 0 mais complicado: a concorréncia, em que duas letras estao aptas a representar 0 mesmo som,no mesmo lugar, e nao em lugares diferentes. Ex: casos das letras s € z; c-¢-ss; X e ch; etc. Esse é 0 caso mais dificil para a aprendizagem da escrita, pois a (nica maneira de descobrir qual letra representa determinado som é recorrer ao dicionario ou decorando, aprendendo a grafia das palavras, guardando-as, uma a uma, na memdria. COMO SISTEMATIZAR AS COMPLICADAS RELACOES ENTRE SONS E LETRAS Vimos que ha trés tipos de relagdo em nossa lingua entre sons e letras do alfabeto. Relacao de um para um: cada letra com seu som, cada som com uma letra; Relagdes de um para mais de um, determinadas a partir da posic¢ao: cada letra com um som numa dada posigado, cada som com uma letra numa dada posicao; RelacGes de concorréncia: mais de uma letra para 0 mesmo som na mesma posigao. Ha uma gradagao entre esses trés tipos de relagao. Essa gradacao determina uma gradacao da facilidade na aprendizagem das letras. A 1° ETAPA DA ALFABETIZACAO: A TEORIA DO CASAMENTO MONOGAMICO ENTRE SONS E LETRAS Considerando que 0 alfabetizando tem como primeiro {gy passo a compreensao de que para cada som ha uma as letra e vice-versa, deixemos que ele explore essa =>, hipdtese por um pequeno espaco de tempo. An O professor deve fornecer-lhe materiais de exercitagao que nao conflite com essa ideia de um para um entre sons e letras. Sao exemplos de casamento monogdmico as consoantes: p,b,t,d,f, ve a vogala. Num segundo momento, o professor deixa entrar letras menos virtuosas, mas fazendo de conta que elas sfio virtuosas para manter o alfabetizando protegido com sua ideia de casamento monogamico entre sons e letras por mais tempo. e E claro que nao se pode ficar agarrado nesse tipo de aprendizado por muito tempo, pois as palavras surgem de todos os lados. Se as letras indesejadas forgarem sua entrada no ensino sera necessario que o professor explique que, as vezes, essas letras podem ter outros sons quando colocadas em outras posigées. Cabe ao educador decidir por quanto tempo convém trabalhar nessa hipétese de monogamia. om A 2° ETAPA DA ALFABETIZACAO: A TEORIA DA POLIGAMIA COM RESTRICOES DE POSICAO Uma otima maneira de se iniciar essa etapa é 0 professor propor atividades de pesquisa O educador precisa ajudar o aprendiz a observar os diferentes sons que as letras dos quadros 2 e 3 possuem, de acordo com a posicao que ocupam nas palavras. Partindo da pesquisa de palavras com tais letras de casamento poligamo realizada em jornais, revistas e ete, o alfabetizador ajudaré o alfabetizando a perceber que a hipétese da monogamia é invidvel. Com os novos dados ele vai conceber uma nova hipdétese sobre a relagao sons e letras: Para cada som numa dada posigao, ha uma dada letra; a cada letra numa dada posigdo, corresponde um dado som. e 2 A HIPOTESE DA POLIGAMIA &- CONDICIONADA PELA POSICAO A passagem da etapa da monogamia para a etapa da poligamia condicionada pela posigao é crucial na construgao do conhecimento do nosso sistema de escrita. Quando o alfabetizando nao da esse passo e fica preso na primeira hipotese, ele comete falhas de leitura e de escrita. Tais falhas possuem uma légica, vamos analisé-las. O erro de leitura caracteristico do aluno que encalhou na hipétese monogamica ¢ a leitura artificial das palavras. Ex: todo o é lido com 0 som de [co], mesmo os que estao no fim das palavras (ovo, macaco, mato, muro...) Os erros de escrita do alfabetizando que se encontra na etapa monogamica estaé na transcricao de todos os sons pelas suas letras correspondentes em seu valor fonético mais tfpico. Ex: pato é escrito patu, porque o aluno escreve como pronuncia, e em sua mente a transcrigao do som [u] sé pode ser feita pela vogal u. A transigao da primeira para a segunda etapa da alfabetizacao esta completa quando o alfabetizando nao comete mais erros que demonstram o desconhecimento das restricdes de ocorréncia das letras conforme a posigao na palavra. A TERCEIRA ETAPA: AS PARTES 2 ARBITRARIAS DO SISTEMA a a S es é Essa etapa dura por toda a vida, uma vez wey (Oe ninguém escapa da inseguranga sobrea See? ortografia correta de uma palavra rara. ee Observe no quadro 4 um resumo de algumas situacdes em que duas ou mais letras rivalizam na simbolizacgao de um mesmo som na mesma posic¢ao. Nessa etapa 0 alfabetizando devera resignar-se a memorizar a escolha certa da letra, individualmente para cada palavra. No fim o alfabetizando devera ter construido a seguinte teoria sobre a correspondéncia entre 5 ‘oe sons e letras da lingua portuguesa: Para cada som numa dada posigao, ha uma dada letra; a cada letra numa dada posicao, corresponde um dado som. Em certos ambientes, certos sons podem ser representados por mais de uma letra. O rétulo que daremos para essa versao sera teoria da poligamia com restrigdo de posig¢do e casos de concorréncia, ou apenas terceira versdo . Como pode o professor ajudar o alfabetizando nesse processo? Primeiramente respondendo corretamente as perguntas que lhe serao feitas. Seria interessante fornecer um pouco de informacao histérica também, pois nossa lingua escrita carrega a tradigao do passado que ela tem. Para obter tais informacées o alfabetizador precisa obter conhecimento. e Em segundo lugar, o alfabetizador pode conduzir o alfabetizando a saber exatamente quais s40 os contextos em que dias ou mais letras concorrem na representagao do mesmo som. Isso também pode ser feito através de pesquisa, da depreensao de palavras de letras de musica ou de poesias conhecidas, procurando saber com que letras essa palavra é representada na escrita. O professor nao deve dar muita importancia a erros de escrita dessa natureza. Gradativamente, com a pratica da leitura e da escrita, tais erros diminuirao. A preocupacgéo com a ortografia nao deve crescer a ponto de inibir a expressao escrita da crianca. ( LEMLE, p. 34) VARIACAO DIALETAL E ARBITRARIEDADES NAS RELACGOES ENTRE SONS E LETRAS O alfabetizador precisa saber que as partes do sistema da convengao ortografica que tém relacao arbitraria com os sons da fala variam de dialeto a dialeto. Faz parte da ética profissional do educador respeitar a A maneira de falar da comunidade em que trabalha. F importante para 0 alfabetizador ter a consciéneia de que as partes do sistema ortografico que tém relacéo arbitraria com os sons da fala variam de dialeto a dialeto. Se essa etapa for bem trabalhada o alfabetizando sabera quais letras transcrevem quais sons em quais posigdes. e A QUARTA ETAPA: UM POUCO DE MORFOLOGIA Nesse ponto 0 alfabetizando pode comecar a perceber as regularidades ligadas a morfologia das palavras. Haverd uma boa economia na memoria se prestarmos atengao nos sufixos que entram na formagao das palavras. Vale a pena ater-se bastante no estudo dos sufixos, pois assim o alfabetizando podera reconhecé-los nas palavras novas com que for se deparando e acertara na escrita. Ha também prefixos que ajudam na fixar a grafia correta. Observe o quadro 5 com alguns prefixos e sufixos importantes para a ortografia. Para conduzir o alfabetizando no caminho dessas unidades menores da lingua o professor pode, mais uma vez, recorrer 4 pesquisa. E importante que o alfabetizador tenha conhecimento sobre a estrutura morfolégica das palavras e, também, sobre a histdéria da lingua. A AVALIACAO DAS FALHAS DE ESCRITA O alfabetizador pode utilizar a avaliagao dos erros de escrita para diagnosticar com preciséo em que etapa do processo de aquisi¢ao o aluno se encontra. » Falhas de 1* ordem: quando o aprendiz esta na etapa de dominar as capacidades prévias da alfabetizacao sua leitura é lenta, com soletracao de cada silaba e a escrita com falhas na correspondéncia linear entre sons e letras. Ex: ppai em vez pai/ meeu em vez de meu/ trs em vez de trés, etc. Falhas de 2* ordem: Se o alfabetizando esta na etapa monogamica de correspondéncia entre sons e letras sua escrita é uma transcricdo fonética da fala. Ex: matu em vez de mato/ bodi em vez de bode! tenpo em vez de tempo/ genrro em vez de genro, etc. > Falhas de 3* ordem: se 0 aprendiz ja incorporou a 3* versao da teoria da correspondéncia entre sons e letras, suas falhas se limitardo as trocas entre letras concorrentes. Ex: agado em vez de assado/ irese em vez de treze/ xinelo em vez de chinelo, etc. No processo de avaliacao é preferivel uma escrita de express4o espontanea, criativa e cheia de falhas de terceira ordem do que uma escrita correta e atada. O professor sé deve cobrar do aluno tarefas compativeis com a etapa de saber atingida. A introducao de tarefas prematuras sé servira para retardar o progresso do aluno. A METODOLOGIA: CONSIDERACOES CRITICAS Que relacdo ha entre as etapas de aquisicao da escrita e leitura e os métodos de alfabetizacao? Sabe-se que ha 0 método sintético ( partir primeiro das letras e seus sons) e 0 método analitico (parte de palavras ¢ frases). Nossa mente vasculha varias fontes de informagéo para resolver determinado problema e isso deixa claro que toda informagao imprevisivel encontrada num texto deve ser lida mediante a codificacao pela ordem letras-sons-sentido. Eo fato de haver a leitura por adivinhagao nao nos dispensa de ajudar o alfabetizando a ser racionalmente bem sucedido na leitura por decodificagao. A VARIACAO NA LINGUA FALADA E A UNIDADE NA LINGUA ESCRITA As linguas mudam A lingua denominada portuguesa nao é falada do mesmo modo por todas as pessoas que a utilizam. Ela 6 usada por aproximadamente 220 milhdes de pessoas e é a 6" lingua do mundo em ntimero de falantes. O modo de falar de uma pessoa permite saber se ela é ou nao nascida e criada na mesma regido onde nascemos. Nao falamos todos do mesmo modo porque todas as linguas mudam numa sucessao de passos, pois cada nova geracéo de uma comunidade introduz alguma mudanga na lingua. Nossa lingua deriva do latim, que ja era falado no vasto império Romano desde 0 séc . X A.C. O latim das literaturas é 0 classico e 0 usado pelos falantes era considerado vulgar. Ha um documento “Appendix Probi” escrito em Roma no séc III d.C. indicando a prontincia considerada correta e comparando-a com a que considerava errada. Esse documento exemplifica como um grupo de falantes menospreza o modo de falar de outro grupo de falantes em todos os tempos, em todas as partes e em todas as sociedades. O MECANISMO DE MUDANCA NA FORMA DAS PALAVRAS A mudanga na lingua Para refletir sobre os acontece quando uma problemas do ensino nova geracdéo de da lingua 6 falantes entra em importante entender jogo. A nova geracgao esse mecanismo da precisa aprender a mudanga linguistica, lingua que a sua gente De uma geracao para fala, sendo esse outra, a interpretacaio aprender um trabalho dada aos mesmos da mente. Assim, a dados difere, por isso cada gerago, novas ha variacdes formas de falar vao linguisticas. surgindo. FIXANDO... Uma mudanca linguistica ocorre em duas etapas. 1* etapa: fase de mera flutuagao fonética, decorrente da variacgao no desempenho articulatério de um grupo de falantes. 2° etapa: com a chegada de novos falantes, os dados do desempenho fonético dos mutantes fonéticos sao reinterpretados e reanalisados pelos recém-chegados, que os organizam em seu saber linguistico de uma maneira diferente da utilizada por seus antecedentes. OS EFEITOS DAS MUDANCAS NA ESTRUTURA DA LINGUA | | | i | Como a recolocagao dos dados fonéticos feita pela nova | geragao afeta a estrutura da lingua? ‘Vamos ver o que esta acontecendo no portugués atual: | falou= falé anzol=anzou plano= prano | feira= féra trés= treis trabalho= trabaio | Assim, varias coisas podem acontecer com a estrutura | da lingua. Pode acontecer que apenas as palavras | individualmente mudem em suas representagdes | fonémicas, mas o conjunto de tracos distintivos pelos | quais os fonemas se dinstinguem uns dos outros se | mantém. Pode acontecer que um determinado trago | distintivo deixa de ser distintivo. ee: | | Pode acontecer que um dado fonema deixe de existir por completo. Pode acontecer que mude a chamada fonotdtica da lingua, ou seja, as estruturas de silaba possiveis e a distribuigdo dos fonemas pelas posicées na silaba. Ex: corré em vez de correr/ arraid em vez de arraial! dos Santo em vez de dos Santos/ passage em vez de passagem. Esses exemplos permite-nos perceber como nao ha base para afirmar que uma lingua é melhor antes de alguma mudanga do que depois dela. Ee as A RELACAO ENTRE LINGUA FALADA E LINGUA ESCRITA Nosso mundo ocidental é complexo, e por isso as coisas da lingua também se complicam bastante. A complexidade da civilizagao ocidental esta relacionada com a complicagao da relacaéo entre lingua falada e lingua escrita, na medida em que interessa muito, em nossa civilizagao, que a lingua escrita tenha um alcance de comunicagéo bem amplo. Isso porque acima das comunidades locais ha a comunidade nacional, e acima da comunidade nacional ha a comunidade internacional. (LEMLE, p. 57). O interesse em possuir uma lingua escrita com grande poder de comunicacao esta inevitavelmente em conflito com 0 interesse de que a escrita aprendida pelos alfabetizandos seja uma lingua préxima da sua fala espontanea e, portanto, facil de aprender. Ha uma obrigacao de optar: ou se tem uma lingua escrita que permite o entendimento mutuo de todos os que usam, ou temos varias e diversas linguas escritas, préximas das linguas faladas pelas pessoas. No Brasil e em Portugal, a primeira op¢ao ja foi feita para a ortografia. Sendo ela a que mais onera o aprendiz das letras, e a que determina 0 conservadorismo da lingua escrita. Por que a lingua escrita é conservadora? Porque seria impossivel mudar a convengao ortografica cada vez we@® houvessem mudangas na pronuncia. O designio de servir A uma comunidade muito ampla é, em ultima andlise, 0 responsavel pelo c onservadorismo da lingua escrita. Pelo fato de ter que satisfazer a um numero astronémico de usuarios que falam de maneira bastante diferentes, a lingua escrita de comunidades nacionais e internacionais como a nossa nao pode ser uma representacao direta e fiel da fala. E impossivel ser, ao mesmo tempo, abrangente e foneticamente fiel. (LEMLE, p. 59). Ha pessoas que defendem uma reforma ortografica e dizem que o unico principio que guiaria a ortografia seria o principio da fidelidade entre a lingua falada e a lingua escrita. Ex: hoje seria oje/ casa seria cazal faca seria fasa... Se a escrita fonémica fosse adotada alguma forma de falar deveria ser privilegiada como norma de prontine para que pudesse servir de base. CONCLUINDO... Em universos culturais —_ E ativo da lingua complexos como 0 escrita. nosso hé um A parte do menos é a de afastamento | a que antes de chegar A necessdrio e inevitavel lingua escrita padrao entre a lingua escrita a escola deve aceitar a e as linguas faladas. expressao linguistica Portanto, 6 melhor do aluno que usa a deixar tudo mais ou lingua nativa de sua menos como esta. comunidade. A parte do mais é de que a meta consiste em facultar 0 uso passivo A BOA CIENCIA SANA A MA CONSCIENCIA O professor precisa compreender o fendmeno da mudanga linguistica, caso contrario acaba fatalmente acreditando que a lingua escrita é a lingua certa e que tudo aquilo que nao é igual ao certo é errado. A lingua escrita precisa ser adquirida pelo mesmo mecanismo natural que nos leva a adquirir a lingua falada. Quanto mais a crianga tiver acesso a livros desde bem pequena, ganhando o gosto de ler e adquirindo familiaridade no mundo dos livros, tanto menos importante sera a metodologia do ensino das letras.

También podría gustarte