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Pe, Dr. Miguel Poredowski 44001080388 WNWUtN A Gradual Marxistizagao da Teologia éVANGELIZAGAO E SECULARISMO-Cardeal Rossi 0 NOVO CRISTIANISMO - Cardeal Scherer 1975 — RAZAO DE SER Prof. Denizard Macedo A publicagdo e divulgacéio que ora se faz do excelente trabalho do polonés Pe, Dr. Miguel Pora- dowski, doutorade em Teologia, Sociologia e Direito em Varsvia e Roma, professor das Universidades de Valparaiso e Santiago, no Chile, onde continua resi- dindo, responde a um imperativo da nossa conscién- cia catdlica, sofrida, amargurada e dolorosamente perturbada pelas loucuras que varrem certas parce: las do povo de Deus, do Clero e do Episcopado da Santa Igreja Catélica, Desde os primeiros tempos que a Igreja tem sofrido crises, hercsias e cismas. S40 provagées a que somos submetides pelo plano da Divina Sabedo- ria, testando a nossa Fé ¢ a nossa Esperanca, BH sempre podemos afirmar que a Ortodoxia cantou vilévia, pois manteve intacto © inedIume o sagrado depésito apostdlivo. Aquetes que dissentiam, termi- navam por abandonar as filer chu Tpreja, aufast vam-se do seu amoroso convivio e cafam na apos. tasia, na heresia, no cisma, expurgando-se o scio da comunidade catélica de to perigosos tumores cans cerigenos. Agora, entretanto, enfrentamos uma realidade diferente, que obedece & téenica do cavalo de Trdia da mitologia grega. Os inimigos, os que distorcem a Verdade, os que perturbam a Fé e intranquilizam as consciéncias continuam, permanecem ¢ eneiste- lam-se cada vez mais dentro da Santa Igroja, na- quele trabalho de sapa que 0 Santo Padre Paulo Vt apropriadamente denominou de “auto-demolicao”. Uma das caracteristicas mais marcantes dessa poluicéo dos sagrados principios catélicos © cristios reside na tentativa j4 encetada no século passado por Lamennais e seus sequazes e, mais recentemente pelo chamado “modernismo” esmagado pela energia do Pape Sao Pio X, em querer submeter a Igreja a0 mundo endo converter 0 mundo aos canones ds Verdade e da Fé nascidas um dia na longinqua Palestina. Contribui terrivelmente para o avanco demo- nifaco no recesso da Igreja a progressiva diminuicéo dos niveis de saber e cultura dos que respondem pelo comando das cousas eclesidsticas, salvo honro sas e notérlas excecées, Aligs, 0 fendmeno nfo é novidade, pois as tentativas de infiltrago liberal nox comecos do século passado, ultimadas na apostasin de Lamennais, traziam 0 mesmo ferro: encontravam pela frente uma boa parcela do Laicato, Clero e Epis- copado pouco esclarecida, sem razoavel formacio teolgica, insuficlentemente dotada de cultura, e co: aan nbecimento para enxergar os erros, seguindo-se dat © motivo porque muitos se deixaram arrastar pelo canto de sereia que o grande Pio IX soube afastar tao bem com o “Syllabus” e 0 Coneflio do Vaticano-1 veatirmando corajosamente aos olhos do mundo os verdadeiros caminhos da Igreja Militante neste vale ce lagrimas. Agora 0 chamado “progressismo” retoma as tri- Thos dos erros passados, sobretudo do “modernismo” F, 0 que é mais grave e mil vezes pior do que no pas- sado, tenta estabelecer pontes, langar 0 didlogo en- tre 0 Cristianismo, a Igreja Catélica e os seus mais encaynicados opositores, fundamentalmente contré- 1ios, porque og prinefpios cristdos séo exatamente a negativa dos sous. Trata-se, nada menos e nada mais, que coneiliar o Catolicismo e 0 Comunismo, a Igreja de Deus ¢ a revolugdio de Marx, como se fosse possivel juntar o frio e o quente, a luz e a treva, a Agua e€ 0 fogo, cousas possiveis apenas na mentali- dade intoxicada pela dialética mentirosa do mar- xismo. © Pe, Poradowsky mostra as varias gradacdes deste trabatho diabélico, verdadeiramente satanico, e lamentamos néo dispér de termos mais enérgicos ¢ rudes para defini-lo, Alertar a consciéneia brasileira e cearense, desper- tar a atencéio do laicato catdlico, daqueles que no Clexo e no Episcopado ainda mantém com firmeza sue Ortodoxia, é 0 objetivo dessa divulgacdo, como sendo talvez a tltima e desesperada forma de juntar #0 rebanho da verdadeiva Religidio e ao redil da Fé legitima aqueles que estdo cegos e que se deixarar dominar pela insanidade dos falsos ensinamentos ¢ das graves distorsdes. E’ 0 pouco que podem fazer para satisfagio do muito que reclama sua consciéncia os catélicos que decidiram promover a maxima divulgagdo do exce- lente ensaio do sabio teGlogo polonés. Que a Virgem Negra da Polénia, Nossa Senhora de Czetoschowa padroeira, da sofrida Patria do Autor, da terra mér. tir que 6 a Polénia sempre fel, abengoe os nossos esforcos e faca frutificd-los em vigorosa messe pela causa de Deus € da Santa Igreja, eis 08 nossos votos INTRODUCAO NOS ULTTMOS anos vem ocorrendo um fenémeno tanto mais @larmante quanto menores reagdes tem despertado: a crescente influéncia do marzismo sobre o pensamento caté- Tico. Numerosos catélicos, leigos e eclestésticos — e entre estes até Bispos, como 0 de Cuernavaca, Mons. Sergio Mén- dex Arceo — aceitam atualmente 0 conceito marxista de Cristianismo, Como se chegow a isso? A resposta & bastante simples: os marzistas apticaram 0 método, profundamente psicolégica e eficaz, da _graduagéo, Primeiro, por uma propaganda adequada (durante retiros espirituais, “Jornadas", “encontros”, “ artigos de revistas teoldgieas) efetuou-se uma “lavagem ce~ rebrat” de wma parte do Clero, procurando eliminar a for~ magiio e a educagio récebidas nos Semindrios e Universide~ des. Depois péde-se inacular em pequenas doses a cosmovi~ so marnista, e especialmente 0 conceito marzista de Cris- tianismo, Foi sobretudo através da protestantizagio que a Teologia catélica sofren a marzistizagio. O marcismo influencion profundamente 0 pensamento teolégico protestante, de onde Passou para os catéticos, através das obras de autores como Karl Barth, Hromadka, Jiirgen Moltmann, entre outros, eujas doutrinas encontrantm ressondneia em tedlogos caté~ licos como Ernest Bloch ¢ Hans King Esse processo € apontado e descrito com claresa e pro- fundidade pelo Pe. Miguel Poradowsks, douto teéiogo polo- née radicado no Chile, no ensaio que apresentamos a seguir, transerito do mensério CATOLICISMO, ‘congressas”, ete, € em A GRADUAL MARXISTIZACAO DA TEOLOGIA Pe, Dr, MIGUEL PORADOWSKI (*} COM DOR PROFUNDA e até com espanto observamos como atualmente as idéias erréneas e hostis ao Cristisnismo penetram no ambiente catélico ¢ até so assimiladas pela (4) O Pe, Dr. Miguel Poradowski nasceu na Poldnia em 1913. Doutourou-se em Teologia, Sociologia e Di- reito em Varsdvia e em Roma, Desde 1950 é professor de Sociologia ¢ Doutrina Social Catética, primeiramen- te na Universidade Catdlica de Santiago (1950-1953) ¢ depois na de Valparaiso, De 1952 a 1965 foi diretor da prestigiosa publicago “Estudios sobre et comunismo". Vive atualmente em Santiago, Teologia, Parece que em nossos dias 0 marxismo 6 a meis bem sucedida dentre elas. Com surpresa, quase de repente, constatamos que uma considerével porcentagem do Clero ¢ do iaicato pensa segundo as categorias do marxismo, e que essa ideologia introduaiu-se na Igreja, envenenando seu pen- samento, a Teologia, ¢ seu sentir, a Liturgia, No presente artigo vamo-nos supar, de modo muito su mério, unicamente da influéncia do marxismo sobre a Teo- ogia contempersnea, limitando-nos tio s6 a apontar 0 foto mesmo, isto 6, a constatar onde ¢ como tal influéneia se ma~ nifesta, sem nenhuma pretensio de fazer uma anilise teolé- sgica da mesma, pois isto j4 seria assunto para outro tipo de trabalho, que néo cabe em um ensaio de cardter exclusiva- mente informative. Essa influéncia, coisa curiosa, manifesta-se quase exclu sivamente nos paises livres, ainda no dominados pelos mar- xistas, com excegio da ‘Tchecoslovéquia, onde ela tambérn 6 muito forte, especialmente entre os tedlogos protestantes, dos quais passa aos catélicos, Mas para as idéias, teorias, doutrinas € pensamentos nfo exisiem fronteiras nem corti- nas de ferro, e © que hoje pulula nos paises livres pode amanha com facilidade penetrar também nos pafses esera~ Viados pelo marxismo, tanto mais se as autoridades polfti- cas desses paises assim 0 desejarem. ¥ algo incrivel que uma influéncie dessas possa existir, mas, lamentavelmente, os fatos o confirmam, A influéncia do marxismo sobre o pensamento cristdo —w- € dupla, tedriea ¢ pratica, sobre a ‘Teologia (1) ¢ sobre a Pastoral, pois esta dltima se funda na primoira, Trata-se de uma influéncia muito forte (talvez, porém, de pouca dura Ho); nfo ge trata de um fendmeng marginal, mas, a0 con- trévio, de um fendmeno tipico. Em toda a América Latina um fendmeno dominante; nos Estados Unidos @ no Canad & bastante forte; na Europa, varia segundo o pais; na Franca & muito dindmico, mas pouco evidente, pois perde-se no cans geral que hoje caracteriza ali o pensamento cristo; na Bs panha (2) & muito perigoso, mas j4 provocou uma vigo- rosa e saudavel reagéo (a qual ndo se nota em outros pai- ses); na Itélia é muito débil e quase marginal; na Alemanha manifesta-se em vérias publicagées ¢ tem muitos partida~ rios entre os professores das Faculdades de ‘Teologia, mas passa para um segundo plano diante de outros problemas de maior interesse para os alemies (dos quais se ocupa 0 Car- deal Joseph Hofiner em seu folheto “Der Priester in der permissiven Gesellschaft” [“Os Padres na sociedade permis- sivista"], Colénia, 1971). 2) No ae trate aqui comente aa Teologia mo senthdo eatrite da palavra, © come esta ciénsia go epresenta ao longo da Historia, poi fob 0 nome de Ba. Stimme, Frankfurt/M., 1969, $62 péginas. Nada neste livro fusti= os Partidos Comunistas, como, pot exemple, 9 trabalho do comsinista Fea 0 titulo de «teotogias —we Mas como se péde chegar a esta posico? De que modo se péde impor a uma porcentagem tao grande de teélogos uma posigtio tio materislista ¢ mesmo atéia? Como se ex- plica que até. maioria (em muitos casos) dos professores de Teologia nas Universidades Catélicas na América Latina, ¢ parte considerével deles nas da Europa, sejam marxistas por conviccao, e &s vezes até fandticos? ‘A resposta 6 bastante simples um método profundamente psicolégico (e muito eficaz). 0 método da graduagéo, Primeiro, por uma propaganda, ade- quada (durante os retiros espirituais, “jornadas", “encon- tros”, “congressos", ete, e em artigos de publicagées teold- os marxistas aplicaram gicas) efetuou-se uma “lavagem cerebral”: desta maneira foi “Iaveda” da mentalidade de uma parte do Clero a for- magilo © a educacdo recebidas nos Se: sidades Catélicas; depois, péde-se, com toda a facilidade, inocular em pequenas doses a cosmoviséo marxista, e espe- ‘irios e nas Ui er cieimente 0 coneeito marxista do Cristianismo. © process de marxistizagéo da Teologia caminhava 3 prinefpio muito Jenta e gradualmente, mas nos ltimos anos aceleroui-se bastante, penetrando nfo s6 0 pensamento teo- Légico, mas também a mentalidade de grande parte do Clevo, Adionte vamos apontar alguns “graus” ou “etapas” que se podem detectar neste processo de marxistizagéo do pen- samento cristéo, que vio desde 0 que poderfamos chamar de “saducefsmo”, até 0 “atdismo cristo”, isto é 0 Cristianismo eoncebido de maneira marxista. Bo AS ETAPAS DO PROCESSO DE MARXISTIZAGAO DA TEOLOGIA, © fato de que as correntes Go pensamento teoléico mencionadas a seguir tém o cardter de “graus” ou “etapas’ do processo de marxistizagao da Teologia nfo exclui a pos- sibilidade da existéncia de correntes simultaneas e paralelas que no tenham nada que ver com esse proceso, Por exem- plo, hé hoje muitos teélogos (sobretudo protestantes) par- tidivios de um Cristianismo conecbido exclusivamente como 46 (setn religigo) e os abundantes estudos deles nfo contém nada de marxismo, mas tal maneita de conceber 0 Cris- tianismo coincide com 0 ponto de vista marxista e, em con- seqtiéncia, tais opinides e opgGes facilitam a difusio e a acsi~ taco da posigio marxista. Ademais, ao lado dessa corrente independents de qualquer influéncia do marxismo (pode-se apontar como exemplo multas opiniGes teolégicas protestan- tes antigas, isto 6 apresentadas nos séculos anteriores @ Marx), existem outras que séo de uma evidente inspiracio marxista. 1, © SADUCEISMO DO SECULO Xx ff sabido que nos tempos de Cristo uma das scitas de maior importéncia entre os judeus era a dos saduceus. Os partidarios dessa seita nfo gereditavam na ressurreigéo (0 que nfo implica necessariamente na falta de £6 na vida de pois da morte ¢ na imortalidade da alma). A vida religinss ue dos saduceus limitava-se quase que exclusivamente a implo- rar a Deus sua béncdo ¢ protecio para assegurar a felici- dade na vida terrena, deste mundo visivel, temporal. Pois bem, atualmente constatamos a presenga entre of cristios de uma corrente muito semelhante & da seita dos saduceus, de uma evidente e detectivel influéneia marxisti, Néo se nega nenhum dos dogmas da Fé nenhuma das pré- ticas da Religido cristé, mas pde-se a tOnica exclusivamente sobre 0 temporal, sobre os assuntos deste mundo, silenci- ando tudo 0 que se refere & vida eterna, Mas ainda, existe também uma corrente ja claramente .ducéia”, isto 6, uma corrente que nega abertamente a existéncia da vida eterna, depois da morte. Nao nega a exis tncia de Deus; pelo contrario, reconhece-O como Criador © Senhor do universo e do homem, Reconhece que o homer, deveria adorar 0 seu Crisdor ¢ implorar sua protegio e sta béngio para garantir uma vida feliz na terra; mas concebe 8 vida humana como a vida dos animais, para os quais tudo termina com a morte. Esta corrente 6 muito antiga entre os cristios © € provavelmente de inspiracio judaica, pois entre 0s judeus sempre foi muito influente (os saduceus) © per Siste até hoje. Os cristiios marxistas introduzem oficlalmente essa cor- vente na Igreja, tanto na Teologia, como na Pastoral e na Liturgia, pois esta maneira de conceber a vida religiosa constitu’ uma excelente preparagio para as etapas posterio- res da marxistizagio do Cristiqnisme, Precura-se acostumar 08 er ieurem toda a nua vida exclusivamente on aysiitod dente mundo, sobre os solve o tempor, be problemas coneretos da vida diiria, e desta maneira apro- ximar os eristdios dos marxistas. B sabido que o marxismo dé muita importaneia ao que ele chamna de cardter alienante ds religio, especialmente no que toca ao papel da #8 na existincia do Céu, do Além, da vide depois da morte, da £6 na felicidade eterna, O mar- xismo considera (4) que os homens preocupados com o assunto de sua salvago eterna — uma salvagio concebida como uma felicidade perfeita depois da morte, e que con- sisig na gloriosa convivéncia eterna com Deus — esto “alie- nados”, e que esta alienacdo debilita a sua preocupagio pe- los assuntos deste mundo, 0 qual para os marxistas € 0 nico mundo real. Neste sentido, Marx fala da religifo como “o épio do povo”, 3s cristios-saduceus — quero dizer os eristdos que créem em Deus, amam-nO, adoram-nO e O server, mas niio pen- sam no Céu, na vida depois da morte — esto mais préxi- mos dos marxistas, so pessoas com as quais os marxistas 4) © primeixo (eronologicamente) ¢ 9 mals importante trabalho isico sobre o aasunto ¢ 0 artigo de Karl Marx, «Zur Judenteages jobre a duestdo judaicus), punltenta em — m par intermedia del oy mtiottnn tan rete nr) mundo. eabrenatiint (Deum, mma Hantanba, wa inten) a seuie fina 0 he ave a do Ofertério). # bem freqiiente aas obras dos tedlogos pro- testantes ¢ delas passa para a Teologia catélica. O saduce- fsmo nota-se no pensamento de Dietrich Bonhoeffer, Paul van Buren, J. A. 'T, Robinson Harvey Cox, E. L. Maseall, autores protestantes ¢, entre 0 catélicos, nos livros do Je- suita Robert L, Richard e, sobetudo, nos escritos do ex Dominicano norte-americano, 0 apéstata Jordan Bishop McClave (6). 2, © “REINO DE DEUS NA TERRA” A adaptagio do Cristianismo as exigéneias do marxismo 6 muito patente na escatologia (6A). B sabido que essa & fa parte menos precisa da Teologia. A imagem do “Reino de Deus na terra” (outros t6picos da escatologia ndo nos interessam aqui) que a escatologia nos proporciona é muito nebulosa. Quando vai chegar esse “Reino de Deus na terra”? Antes ou depois do dia da Res- 5) Dietricis Ronhoctfor Mcmillan Company, 1963: Bel: L, Mascatl, sCristlanisma seculavizades, Eaveciona, 1910: Robert 1 Richant, Sevilarization Pheclogys New York, 167; Jordan Bishop MigeClave, wCristinniema radieal y mursimos, méxico 1970 5A) Por eseatologla entende-se o estudo dos sitios fins do im Jaiviguo © do universe criado, Dividere em escatotosin. indivtdaal € fseatulogia geval, unlversal ot) efsmlea. A primeira ceupa-se da sorte final so ends vinda o Salvador, ax Mesourrelcko don mortoe edo Pur gatérlo, do°Céy, © do Inferno: a escatclogia geral, que compreende todos os seontecimentos fatiror do fm dos tempos trata do fim ae mmmdo © da segunds vinda do Salvador, da ressurrelgio dos mortoe fe do Julzo universal GN. do 'T) = Be surreigdo © do Juizo Universal? Esse “Reino de Deus na terra” ser ainda neste mundo, ou quiga em algum “novo” mundo? Todas estas so perguntas sem resposta clara e pre= cisa, pois se encontramos algumas respostas tanto nas Sa- gradas Eserituras, como nos trabalhos de tedlogos que g0~ zam de autoridade, elas so nebulosas, imprecisas, e se pres~ tam as mais variadas interpretagdes, Sem entrarmos aqui em uma polémica sobre estes temas, convém constatar que é precisamente a escatologia, a atual, que constitui © ponto de partida do que poderfamos chamar uma “teologia mar- xista”, como também 6 a escatologia que mais se presta a interpretagdes marxistas. ate ‘Um dos primeiros tedlogos que comegaram a construir pontes entre o Cristianismo e 0 marxismo fol 0 tedlogo pro- testante Karl Barth, de grande influncia sobre os demais. Karl Barth foi um dos que primeiramente desenvolve- vam a tese de que o Cristianismo e 0 marxismo tém a me ma finalidade: a construgio de uma nova sociedade do fu turo, Os cristos concebem essa sociedade como 0 “Reino de Deus na terra”; os marxistas, como 0 “socialismo” ou “comunismo”. Barth pretendia aproximar estas duas vises do futuro feliz na terra. Porém procurava mais ainda apro- ximar os cristiios dos marxistas. Ble era membro de um. partido marxista-socialista e muito comprometido nas ati- vidades de sindicatos dominados pelos marxistas. Suas sira~ patias para com 0 marxismo 0 socialismo so muito evi- dentes e se manifestam na sua maneira de enfocar os pro~ blemas teolégicos, Seu discipulo e grande admirador, o teélogo protestante we simpatizante do marxismo, Helmat Gollwitzer, esereve: “Como Barth ndo péde compreenier o Evangetho sem ine fluéncia sobre q vida, isto é, sem ética, do mesmo modo néo podia compreendé-lo sem inclinesGes pera 0 socialisino” (7). Barth comprometeu-se com o socialismo-marxista ime- Gigtamente depois da primeira Guerra Mundial, Segundo Marquardt, © camino de Barth vai desde um “sociatismo religiose, através da Wemocrticia sociatista sem admiracto pela Revolucdo Russd, e através de sua critiea anarquista da autoridade, até 0 “Reino de Deus” (8). ‘Marquardt destaca 0 cardter marxista do socialismo de Barth, afirmando que ele 6 “eher Marxist ats Ontologe” (mais marxista do que ontologista”) (8), apesar de o pro= prio Barth afirmar que seu soclalismo € antes exterior (exoterisch”) (10). Quando Adolf Hitler chegou co poder na Alemanha, Karl Barth estreitou seus vinculos com a organizagio “Freies Deutschland”, na qual entrou em contacto direto com os co- munistas e caiu sob sua influéneia (11) ‘As diferentes correntes de marxistizagéo da Teoloy 7D Na introdugho da obra de Feledrich-Wilhelm Marquardt ePreologie nd Socisliemus, Dax Beipiel Karl Barthes, Kaleer-Griine- ‘Wald, Munchen-Aaing, 1972, p. $74 e p, 9. A obra de Marquardt € um twabatho com o qual optou pelo cargo de professor © que fol rejeltade elo Instituto Helesial protestants de Barlim. A rejeicho desea obra provacou {modiata rendueia, em sinal de protesto, do Prof, Gollwit= ser. A obra de Marquardt € ‘talvez, 0 mais sério trabalho sobre a ‘teologis de Barth, no que diz rospeito = destacar neta a influéncis marxista. © autor, Friedrich- Wilhelm Marquardt, 6 urn dee mals fer- vorosos eeguldores de Barth na empresa de marxistizacto da teologla. 8 Op. eit, p, 108, 9) Op, est, 825, 30) Op. cit p. a2. 4) Op. cits 52, saem precisamente da teologia de Karl Barth (12) e, entre elas, em primeiro lugar, a corrente marxistizante escatolé- gica do “Reino de Deus na terra". Barth — como socialista~ marxista — vé na luta por uma nova sociedade do futuro 0 primeira e mais importante dever religioso do cristéo. Para ele, © ensinamento cristio sobre o “Reino de Deus na terra” identifica-se com o programa marxista relative ao futuro de sociedade ideal. Mais ainda, os partidérios de Barth encon- tram em sua teologia a justificagio da opinifio de que o marxismo — a seu modo, atefsta e materialista — Iuta pela realizagdo da tarefa, omitida © esquecida pelos cristdos, de construir 0 “Reino de Deus na terra”. Ha pontos em que a posi¢o de Barth 6 quase idéntica de Marx. Por exemplo, ambos sustentam a mesma coisa a0 “desaparecimento” da instituigio do Esta- do, precedendo a realizagio completa de uma sociedade ideal do futuro. # sabido que este ponto 6 de muita importineia no marxismo de Marx (os outros “‘marxismos" nfo insis- tem tanto sobre este ponto). Segundo Marx, 0 fato de que fa instituigdio do Estado comeco a desaparecer 6 uma carac- teristica essencial da sociedade comunist em uma so- ciedade marxista @ instituiedo do Estado se mantém firme, essa sociedade nfo é ainda “comunista", mas “socialista” (13), © mesmo sustenta Barth (que é antes um anarquis- ta); segundo sua teologia, no “Reino de Dens na terra”, na “nova Jerusalém”, nfo haveré lugar nem para a Igteja, nem para o Estado, nem mesmo para qualquer tipo de ‘Ordnung", 12) Por esta razto, teremos que voltar a ele ainda varias vezes rate adiante, 38) Vide Otto V. Kuusinen outros eManuat del Marxismo-Lent nlsmio» Meseou, 1958, Estamos citando a edic&o em espantol, ani tulo 21: 20 poriede de trunsiedo do socialisto ao comunismor aH pois tanto a Tgreja como 0 Estado caracterizani 0 perfodo do “caminho” até a “visio” (14), Ver na construgio do “Reino de Deus na terra” o primei- ro € 0 mais importante dever do eristio, e, mais ainda, iden— tificar esse “Reino” com a escatologia marxista, isto & com © conceito marxista de uma sociedade perfeita do futuro, as- sim como sustentar, como conclusio, que os cristiios deveriam eolaborar com os marxistas para, juntos, aleangarem 0 mes- mo fim, — ai est a medula da ‘teologia marxista", constr da sobre © pensainento de Barth por seus disefpulos, Barth j4 05 tinha numerosos, antes da segunda Guerra ‘Mundial, especialmente entre os tedlogos protestantes, dos quais suas idéias passaram para os tedlogos catélicos. Uma dassas “escolas” teolégicas marxistas, fundadas sobre 0 pen- samento de Barth — talvez a de maior peso e importancia — & a que se desenvolveu na Tehecoslovaquia, representada por Hromadka, Gardavski ¢ Machovee (15). As. principais obras desses escritores esto traduzidas em varios idiomas e, por essa razio, sdo bem conhecidas e comentadas, Esta é a assim chamada “teologis dialética", iniciada por Barth, mas que seus Giscfpulos subordinaram comsletamente ao pensamento marxista, Os mencionados escritores tchecos, todos tedlogos protestantes, enffocam estes problemas nfia tanto do ponto de vista teoldgico, como do ético. S= os escritos de Barth sio estritamente tealdgicns, os desses pastores provestantes silo antes ensaios éticos, muito superficiais © profundamente pe- netrados de marxismo. 14) Marquardt, op. cit, p. 812. O texto do Barth & de 1845, 35) Josef Hyouuadka, <1 Rvongello part los ateoss, Montevideo, 1910; Gardarsky, aDeus nfo morren completamentes; Milovan Macho veo, eifarsianio 'e teologia dlalétieas: «Vom Sing das menschlichen levenss, Verlag Rebach, Freiburg, 197. -ze- © problema do “Reino de Deus” reeebeu um Hove en- foque e um novo impulso na obra de Jurgen Moltmann, “A "Teologia da Esperanga” (16). Talvez pela coincidéneia de sua obra ter aparecido imediatamente depois do I Coneili do Vaticano e num ambiente de ‘dialogo” e de “ecumenismo”, como também pela circunstancia de os Teitores de seus livros 44 estarem preparados peia teologia de Barth sobre o “Reino de Deus na terra” ¢ pelo estudo de Ernst Bloch (17). Na realidade, tanto Bloch como Moltmann ocupam-se do mesmo problema de que se ocupava anteriormente Barth, mas enfocam-nos de outzo ponto de vista, mais atraente, a saber, tomam em conta a esperanga como o motor da vida humsna, como um elemento dinamico, come fonte de otimis- mo € catalisador das energias humanas, dirigidas a um fim conereto, temporal, terreno, pritico: @ construedo de um por vir melhor; 8 esperanga como confianga, quase certeza, de que 9 homem pode, aqui na terra, construir uma soctedade ideal do futuro, que sera uma realizagéo tanto do conceito cristéo do “Reino de Deus na terra”, como também do con- ceito marxista de uma sociedade marxista. preendidas e interpretadas as idéias tanto de Bloch como de ‘Moltmann, pela pseudo-teologia dos Sacerdotes marxistas, professores das Universidades Catdlicas (18). Por onde se vé que, prineipalmente através da protes- ‘Assim fio com= 18) _Jtigen Moltmenn, , Ba." STAR, 192, p. 384 20) Op, eit, p. 290, BD Op, et, p. 6 2) Lando 0 trebatho de Farner, temso a Impresete de que a sua ppuinelpal preocupacdo € ¢ futuro do comunisme, 0 qual o autor con Bidera_ multe amegcato e Incerto, case nAo hala uma colaboracko es fretta e sincera entre marxlstas ¢ erlotios, Em outras palavras, 66 os cristios podem salvar o comunismo. 4m chega & conelusdo de que 0 futuro néo pode ser edificado nem contra os crentes, nem sem a participagéo deles, como tam- bém nao pode ser construldo nem contra o marxismo, nem sem ele (23). 0 fato de um dos capitulos de seu livro Jevar 0 titulo de “Agradecimento dos marxistas a Karl Barth” mostra até que ponto Farner se encontra sob a influéncia desse teélogo pro- testante marxista (24), Farner lamenta que o marxismo, apesar de construir ume nova sociedade na Russia, nflo tenha podide formar um “ho~ mem novo”, € adverte que, se © homem permanece o mesmo, hha perigo de uma volta & antiga sociedade (25). Desta ma~ neira, prevé um malogro inevitivel do marxismo 0 qual nao poderia ser evitado senfo pela colaborago dos mar- xistas com os etistios, Esta colaboragio se justifica pelo fato de que estes também esto comprometidos na cons trugéo de ume sociedade ideal do futuro, @ que chamam o “Reino de Deus na terra", Como Barth, Farner salienta que nao se trata de uma colaboragio ditada por exigéncias téticas ow estratégicas da revolugéo marxista, mas sim de uma colar borago sincera, honesta e duradoura, este modo, os tedlogos e og escritores comunistas elabo~ raramn as bases pare ume s6lida e fraternal colaboragio dos cristZos com os comunistas. Fala-se de uma coleberagéo para construirem juntos uma soviedade ideal do futuro, mes, na pratica, tudo se reduz a um compromisso com a revolucie smarxista que jé est em marcha, 28) Op. elt, p. 190 De Prate-se de um artigo escrito por eeasifo do cotopEsimo ant~ veraitio de Barth, © ineorporade depois s seu livro. 7) Op. eit, P. 236, 3. O CRISTIANISMO HORIZONTAL, A Cruz 6 0 sfinbolo da ‘Teologia tredicional: seu tronen isto 6, a divegdo vertical, simbotiea o amor do homem ¢ Dace € 0 amor de Deus ao homem, enquanto seus bragos, isto a Girecio horizontal, indicam as consequéneias desse sonos Projegdo até 0 proximo, O essencial no Cristianismo é © amor de Deus, mas sua sua consequéncia se expressa no amot do préximo — amar e Donn ho proximo. Pols bein, a “nove teologia” silencia aspects vertical, pois eaté concentrada totalmente sobre o homem can bre 0 horizontal, A Teologla tradicional 6 teoetntren on quanto @ “nova teologia” é antrepocéntrica, “ A corrente teoligica concentrada sobre o homer tem atualmente muitos representantes, mas do ponto de vsts ca Droblema que nos interessa neste trabalho, a saber, a nttees, cia do pensamento marxista sobre a Teologin contemporine, taivero mais importante delesseja Dietrich Bonhoetten (aay Sua teologia contribuiu nfo somente para a elaborasto aig bases para o “sadicetsmo”, coma Jé vimeos, as tambon pare 0 “erlstianiamo horizontal", que & 0 erstianismo gue ae ann awece 2 Deus, pois se ocupa exdlusivamsente de homemy ay préximo, , © “ctistianismo horizontal” parte da premissa — apa- rentemente verdadeira justificsda — de que eada cristae Geveria imitar a vida de Jesus de Nazaré (nunca dizem Jems Cristo). Bem que consisti — segundo eles — a vida de Jo. bus (quase sempre eserevem sua” ou “Feschua")? Para o “cristianismo horizon‘al”, Jess foi um homem ate saerificou completamente sua vida pelos demais; para servir ¢ no para que O servissem. Em seu amor pelo 20) Vejanse 4 note 6 a proximo, chegou até a oferecer a vida. Assim, a Cruz é 0 simbolo do sacrificio, do amor ao préximo. Ser cristio quer dizer viver como Jesus, servir aos demsis, “ser para 08 ou- tros”, até o sacrificio de sua propria vida, viver para os ou- sros (27). Na pritica, para o “cristianismo horizontel” Deus io existe, pois tudo se reduz ao “viver para os outros”. Todavia, esta maneira de “viver para os outros” nada tem de comum com a antiga caridade, praticada com zelo durante toda a his- t6ria do Cristianismo, Néo se trata, pois, de obras de cari- dade inspiradas pelo amor de Deus, mas antes uma atividade desenvolvida por motives puramente humanos, sentimentais, posto que, apesar de baseada na imitagio da vida de Jesus, Ele mesmo 6 apresentado como um homem que sacrificou sua ‘vide pelos demais por motivos puramente humanos, como ex- pressio da solidariedade humana. Ao passo que tudo 0 que 60 essencial do Cristianismo, o sobrenatural, a divindade de Cristo, seu amor a Deus Pai e seu amor divine a0 homem que O leva até a Paix para realizar a Redengio, tudo isso @ silenciado. Fala-se de Jesus como de um homem excecio- nal, ideal, perfeito, como de um exemplo, um modelo de vida para os demais, € sta perfeigio — segundo 0 “cristianismo ho- rizontal” — consiste exclusivamente no fato de que era um 2 se também, com forca, que a vida do Sacerdate Sa vida de seevicn, a exemple de Crit, chomem-para-os-outrons, s¢- undo uma feliz © conhecida expressio. Imports, porém, precisar que © servico do Steerdote que quer manter-se fiel ast meimo, 6 um ser vico excelente, © essenclalmente espiritual. K multe neessielo recor Gar isto hojo, contra as maltiplas tondinctas do. secularizar 0 Servier sacordotal, reduzindo-o a uma funcio provavelmente filantréplea ¢ s0- cial. Na fren das almas, de sua relacho com Dens, ¢ de sian relasdes interiores com os semelhantes, € que © define a funcio especitien do Sacerdoten (Paulo VE, Discuss no Coléglo Germano-titugare de Roma em 10 do outubro de 1973, in eOsgervatore Romans», edhe semansi fm espanhel, de 2 de outubro de 2979) 7 homem a servigo dos demais, Dato compard-Lo — de modo blasfemo © sacrilego — a “Che” Guevara e outros, Concebido desta maneira laica e secular, o “eristianismo horizontal” é hoje, lamentavelmente, muito comum entre grande parte do Clero, especialmente na América Latina. Muitas Congregagies Religiosas tanto de homens como de mulheres, assimilaram-no completamente (28) © “cristianismo horizontal” apresenta_ uma excelente ocasido para a penetragdo de idéias opinides marxistas, como também para 2 colaboraco com diferentes “obras” marxistas ¢ até para os contactos diretos com og partidos po- Iiticos marxistas, © que quase sempre termina em compro- mnisso com a propria revolugo marxista. Os numerosos Sa- cerdotes marxistas, membros dos Partidos Comunistas ¢ até frequentemente seus representantes nos Parlamentos, coma deputados ou senadores, encontrsm no “eristianismo horizon- tal” um ambiente em que se sentom a vontade, Em suas ho- milias tocam quase exclusivamente em temas evonémico-so~ ciais; as fungdes litirgicas so por eles transformadas em ce- timénias laicas, sem nenhum sentide sobrenatucal, maz sim com muito sentido soviotégico, das quais se server para ze- forgar os vineulos sociais e para os contactos com os grupos marxistas, Desta maneiva toda especial, o “cristianismo ho- vizontal" manifesta-se nas oragdes @ ednticos Itirgicos, com- 25) Ue interessantiosima a jocumuntacko 4 este repeto re Sentada pita stat aos Capitiioe amsg) essen Congresions ro thas se consata ate gh ponto aigumas Gongrega¢iea astra por fomplets 0 eeritlanfemo horizontals e. b8 wecon, tan 9 ete ies men como o talk dean Retour, por uta mete tao ce sia, std concentrado exclaivamente ean ein servigo Taleo f tomporal. Na restdate, tals Congreguebes trosaformaramsce sociagdes Iaicua de beneficéneia e muito freqtior ome ito treqdentaente esto compro rmutdas en avaades nibveravas, coaborsno atlstente com co me vimentos marxistas revoluciondrios, - a postos para a circunstineia. As igrejas ef transformadas em Measas do povo”. Até a Santa Missa fica reduzida a uma as~ sembléia do povo, frequentemente com a participagéio ative de pessoas atéias, indiferentes, agnésticas e nao batizadas, Nas ceriménias piblicas “peniténcials”, com as quais se pretends substituir a confissio auricular, ou seja, o Sacramento da Pe- niténcia, as pessoas so ensinadas a acusar-se unicamente do “pecado social” (os demais pecados nao existera para o “eris- tianismo horizontal”), 0 qual se reduz apenas ao “pecado es trutural”, isto 6 0 proprio regime capitalista, quatificado como “estruturas de opressao exploracio”. ‘Uma grande parte dos cateclemos editados nos Utimos anos ja esti penetrada pelo “cristianismo horizontal”, Jesus Cristo, a Santissima Virgem, os Apéstolos e os Santos s80 ‘apresentados como cristios exemplares, modelos de vide eris~ 1, pois foram pessoas que dedicaram sua vida ao servigo Go comunidade (bem entendido, tais catecismos néo empregam rnomes tio “rangosos” ¢ antiquedos: fala-se de Jesus, 0 Car- pinteiro; de Miriam, @ Mde de Jesus, ete.); de Deus nao se fala, nem sequer Ele se faz mengdo. ste “criatianismo horizontal” constitui 2 causa principal a apostacia de tantos Padres, Religiosos ¢ Religiosas, pois no encontrasn nele nenhum alimento espiritual sobrenatural pare suse almas; exige-se deles unicamente “viver para 05 demas”, o que se pode fazer sem o celibato e Jevando a vida de qualquer Jeigo. Beta corrente manifesta-se principalmente nas obras pseudoteologicas da assim chamada “‘teologia da seculatiza- do", Seus representantes mais conhecidos sao Paul van Bux ren, J. A. T, Robinson, Robert L. Richard, Harvey Cox, E. 1. ‘Mascal, jé meneionados anteriormente (vide @ nota 6). wo 4. Fé SEM RELIGIAO © marxismo sempre combateu a religigo, considerando @ como 0 “épio do povo”, segundo a expressio de Marx, Claro esté que quando os marxistas falam de “roligido”, abarcam com este termo também a fé, Mas ultimamente presencia~ mos uma mudanca de titica da parte dos marxistas: com- batem anenss a religigo, mostrando-se dispostos a tolerar a “{é", Byidentemente trata-se de mera _manobra tética, pois na realidade combatem tanto a zeligi’o (o culto) como a f nna existéncia de Deus, Mas esta t&tica é-Ihes necesséria no momento, pois dao-se conta da ncessidade de conguistar es grandes massas, crentes em Deus, para podevem fazer a re- volugio, Precisam da colaboracdo dos. cristdos, e por esta razio, por motivos titicos, fazem esta distinglo entre a reli- gido ea [é, Dizem aos cristos: “Limpai vosso cristianisne dos elementos de religiao e sereis dignos de tomar parte na vevoluedo marxista e na construedio de uma nova sociedade ideal do futuro”, ‘Mas, para facilitar ainda aos cristéios esta “operacdo limn- peza”, isto & a depuragio do Cristianismo dos elementos de religiio, pretendem convencé-Ios de que desta mancira vo! tam a wm “verdadeiro Cristianismo”, a um Cristianismo puro, no manchado pela religido, Nos itltimos anos apareceram muitos “estudos” que tratam deste Cristianismo puro e que pretendem convencer os (antes de tanto anelam colaborar com os marxistas) de que o Cristia~ nismo primitivo, o de Jesus e de seus Apéstolos, este Cristia~ nismo “verdadeiro”, era a-religioso, era somente uma “fé e s6 depois, quando se propagou entre os gregos, pelo contacto com as religiSes pagiis, assimilou muitos “mitos” e tomou um cavdter de religido. cristo: tudo os que ] A Tgreja Catélica, porém, nio pode de forma alguma com- partithar a posi¢fo de algumas seitas protestantes que comba~ tem a religifo como tal, pois © Cristianismo, do ponte de vista catélico, é essencialmente tanto "fé” como “rcligio”. O culto ‘a Deus realizado de uma mancira perfeita pelo Sumo Sacer~ dote Jesus Cristo, 0 qual Se serve dos Sacerdotes, partici- pantes de seu Sacerdécio, pela Santa Missa, que é uma conti nua renovagio do Sacrificio do Calvario e da Witima Ceia — é um elemento essencial do Catolicismo, De onde, 0 Sacer~ décio © 0 culto — isto 6, @ religido — so essenciais no Cris- tianismo, da mesma moncira que a £. isto é a totalidade do ensinamento de Cristo (Depositum Fidei). A aceitacéo das posigées e opinides protestantes por mui- tos tedlogos catdlicos — 0 que Tamentavelmente corre hoje — expressa-se amitide no desleixo e negligéncia no que diz respeito 0 culto, dando-se importéncia exclusivamente ao prinefpio de “viver a £6” (a qual, em muitos casos, é cada dia menos catdlica e mais préxima da protestante). A tatica astiita dos marxistas aprovelta-se dessa situagéo. 0s tedlogos marxistas protestantes facilitam as bases des- ta ace, BE’ 9 caso de Karl Barth ¢ Dietrich Bonhoeffer, se- guidos por seus admiradores, especialmente os partidarios do “evistianiamo desmitologizado”, como também pelos pseudo- tedlogos marxistas declarados, como Heomadka (29) e seu fel disefpulo Julio Santa Ana (30) 29) «0 que chamamos de religito & 9 expressio das necessidades Inumanas, da aaginasio mitol6gica © das superstisdes», dix um aise chnulo de Feyeroaeh, Hromadies (op, ct p. 68). «Os erlstos e suas grafts organizadas tho respousdvels, por diversas raxées, pelo mal en- fendido due faz com qun m Teligifo eristh aeja uma relfguia da antiga initolozin, com sua ideologia ¢ seus Interesses politicg-soclais das elte- set dominanteso bid, p. 87), 2) Jullo Santa Ana. #Cristianiemo sin reigns, Mon Segundo o autor, a ef & um erlstianismo das pessone 4 ‘dures, enquanto & 6 um eristlanistag Infanti video, 1089, altas, mae —31— Os teblogos marxistas-catélicos, apesat de aceitarem com- pletamente esta posigfo dos teélogos marxistas-protestantes, consideram que — por razées de tética — 6 preciso tolerar por algum tempo a religio, pois a grande massa dos figis esté acostumada 20 culto. Mas levam também a cabo uma luta constante e continua contra tude 0 que expressa a religiéo na vide eristé, ¢ 0 fazem principalmente pela “conseientizagao! aproveitando para este fim @ pastoral ea eatequese. Comba~ tem, pois todas as formas de culto; dai sua luta contra 0 culto mariano (0 rosario, as procissies, 0 més de Maria, etc.) ¢ todo tipo de devosies (no Sagrado Coracio, ete.). No Chi- le chegaram a fundar uma institaigfo para tal finalidade,, chamada Fungacio Manuel Larrain (31), a qual publica “es= tudos” que combatem a religigo, predominando entre eles tza~ balhos de professores marxistas da Faculdade de Teologia da Universidade Catélica de Santizgo. Tirar ao Cristianismo seu carter de religiéo é — segun- do og marxistas — a condigio prévia para a sua completa marxistizagio, 5, CRISTIANISMO SEM MITOLOGIA Nao ha diivida de que no decorer dos séculos alguns ele- tos mitolégicos de diferentes religides pagas penetraram ‘om priticas religiosas do Cristiansmo. Néo poderiam pene- trar na Fé (no Depositwm Fidei), mas poderiam tazé-lo, e cfetivamente o fizeram, em algumas praticas do culto, apesar ‘S1) Desta maneira ebusa-re do nome de um Bispo chileno 32 tae leeido, Mont, Manvel Larrein, que no compartilhava os pontos vista de marzisma, —a— da sovera ¢ estrita vigilincia das autovidades eclesidsticas 2). Por esta azo, uma proocupagdo om descobrir esses elementos e priticas é justificada, Contudo, a atual ‘cristianismo sem mito- nada tem que ver com essa preocupaciio, pois ela nfo é inspirada pela preocupacdo com a intogridade e pureza da Fé (do Depositum Fidei), mas antes pelo afi de destruir a Fé, veduzindo todas os dogmas & categoria de “mites”. Os te6lo- gos (2) marxistas sustentam atualmente que o dogma do coriente do Santissima Trindade é um mito, que 0 so também og Anjos, 4 Anunciagio, ta? como a Encarnacéo, a Redengdo, pois con sidera-se mito tudo © que se relaciona com 0 pecado original © com 0 Paraiso, A categoria de mito se reduzem igualmenta © Céueo inferno, ete. "Todos os dogmas do Cristianismo, en~ fim, sic veduzidos @ mitos. Das crengas cristis fica 56 ue ato histérico, a pesvoa de Jesus de Nazeré, que, segundo os marsistas, foi um homer oxcecional, fundador de um movi- mento politieo-social de Tula para Wibertar o homem da esera- vidio @ da explovacdo por um regime de opressio da épaca, tal como 0 foi Kspartaco, também cle crucifieado (33). Esse esforgo dos marxistas coincide com outrs corrente, 8 de diferentes doutrinas atuais dos tedlogos protestantes, que 2) Atunlmonte estas influéncias so especialmente perigossy a a 3) Reng Andricu, divetor do drg8o offclat do Partido Comunists Hraioés, ndlo é recomendavel, Vossa Eminéneia esereveu em “LiOsservatore Romano (19-5-1974, pag. 5) que tais idéias e fermentos de secula~ rismo sii postos em circulagda também “por pessoas rela- cionadas com Conferéncias Episcopais” ou “por pessoas que se classifieam a si préprias como tedtogos: poderia esclare- eer-mos melhor este ponto? & Se ndo tivesse J4 tide uma dolorosa experiéncia, na ‘América Latina, com elementos ligados a Secretariados ov Institutos que, pelos seus estatutos, dependiam do Episcop- do, mas que sabiam iludir a eonfianga neles depositada para acentuar sistematicamente, em nome do Conecilio, de Mede~ Im ou das Confedecias Bpiscopais, “stogans” pré-fabricados, de origem inclusive marxista, poderie aduair o testemunho da Histéria Belesidstica, Mostra-nos ele, como em nome da Biblia, ou dos Coneilies, se fabricaram heresias doutrinais por vulgarizadores baratos. Hoje, com a facilidade dos melos de comunicagée, formam-se grupos, até internacionais, 41 teoldgica” desandam, com facilidade, para consideracbes a que se deve suster as portas de Sinoda dos Bispos.. ° Abusando do valor e imponinca da Tena « toon pale ie seis ec 2% Boguanty pesoas delicadss ae problemas da Se nk so igre caren tabagan owe toe em Jogos tts potions pelo to 40pm, asan cogs hips iver, vss dele al nosso povo, Quando, porém, os fatos mostram posteriormente tr malieia © miérin moral de algins dsees cries de ian cxtavagete, eno vest dloresament, gy ier Ge toe, busavam apenas conser a deco sous interesses ou instintos. - defesa de Dizia-ne um respeitavel prelado: “Bu era considerado uum grande tedlogo, mas desde que sou Bispo, passaram a considerar-me como um ignorante em teologia!” os tempos de Joo Xt suit Igreja aguardavam novidades substanciais do Coneilio, Di- sed mine estan sons, ei consegucm impingit Socilogie, Paicslogia, Psteanélise, Po Iiiea, Bumologia, Economia, mélode silético, violencia, ete, ete, tanto melhor. Desse tipo 4 cient Desse tipo de tedlogos, livre-nos 0 Se~ Creio que chegou © momento de 0 Si ect” lave sete sentde e ato cnveredat mate por 1" mulas sociolégicas, porque € tora de proclamar decisiva- Tnonte a evangelzagio, como brotou do’ coragao ardent de Cristo © da sua fil eoposn, 2 Santa Iga ~— 8 Qual poderia ser a atitude do fiet diate desta onda de temporatiomo que reduz ow confunde a obra te evangel! (ae com apodes da ratureza temporal, quando estas sacs see vonbem difuncidas, como Vosea Emninéncia fez ressalx tar, exatamente por parte de eclasidsticos? eA triste e caética campanha do “referendum” sobre * so; do aivorcio, na Itélia, pode-nos servir de exemple ‘Apbs 0 cominitado oficiel da Conferéncia Bpiscops) © plorou-se publicitartamente wna desunio, real ou imagin’ Bia. de alguns Bispos, ¢ divulgoucse simplemente @ palavsd Teetavecida © demoerética” de eclesidsticos, alguns notoria tmante irregulares, que a pretexto de Wberdade de conse tnsia, favoreciam 0 divércio, tanto em livros (vendides até cm Iyvrarias de religiosos, dando doloresa jmpressio de os farem mais intereseados no TueTo que Tie apostolado) come (Gr ioraais e revistas. Entio até lideres comunistas ow steve se constituicam em juizes do auténtico catolicisrno. Serante este pandeménio organizado pelos divorcistas, pevante a intricada formula peopesta a0 plebsseita @ 2 Xe vores tomerosa ou a timider de cartes Prelados, 0 pov sertcce abandonado, pois nio conseguiv sempre entender sw nguagem das poucas vozes que se Tevantararm para evi" entacto. TF verdade que, em todo 0 mundo, o grupo dissidents dos exleatisticos € urna minotia, porém, muito ativa e Bs cathenta: contudo, nesia bande “os sotistes” so pouco®s pois todos 0s restantes fazcrn “coro”. Nao entendo, para ser explieito € sineero, como posse ® autorkdede celestastica local calex-se, quando certos cle” auiticos arvoram publicamente una bandeira erradai, Por sige, o silencio do Prelado @ considerado condescendene’® Gu telerdneia com @ iteegularidade. Deveriam ser mais frequentes 0s coniessores da fet Memege dado, a meu uiz0, demasiaga énfase ¢ impor” tancia sos contestadores, que nem sempre seo sincere wants am até na vida de Cristo o existinfo serapre © siete Tfates corn as mesinas expressoes de Judas Jscarioter eles eo também merecem a solieitude dos pastores mas nfo a tal ponto de prejudicar 0 povo fiel, que tem o direito ¢ espera ouvir, sobretude nos momentos criticos, a orientagio eegi- rade seu Pastor. Pensa Vossa Emainéncia que esta expansdo de secularis- mo, mesmo entre sacerdotes e missiondrios, possa estar li~ gada a wma falta de vida interior de oragdo e de mortifi- eacaio? * Com certeza. O homem sente arroubos de anjo ¢ im- pulso de animal e mal se atenta a forea espiritual crescem as exigéncias do “homem animal” “Vigiai e orai para nfo _cairdes em tentacéo”, advertia Cristo aos seus Apéstolos. Exatamente essa vigilincia ¢ oragdo so relegadas ao descréd:to por uma filosofia da vida que coloca a salvacio na insergio total do homem no mundo. Por isso, 0 mau exemplo de sacerdotes mundanizados causa grande dano a Igreja. & preferivel uma pardquia sem sacerdote do que com um mat padre. Néo temos necessi- dade de homens desse género, es uma poda, embora dolo- rosa, pode ser salutar para a frvore especialmente se os ramos esto Goentes, ¢ se hi o visco do mal contagiar toda planta, Queira Deus que 0 Ano Santo desperte em muitas al- mas de {6, principalmente sacerdotes, a renovagao ¢ a re- conciliago com Deus ¢ com a verdadeira Tgreja de Cristo, E creio sinceramente que 0 Ano Santo, realizado com es pitito missionario (1975, por providencial coincidéneia, € 0 Gevénio do decreto missionario “Ad Gentes”), & verdadei- ramente propicio para esta rerovacio de alma e que seré uma auténtica primavera para a Igreja A primeita evangelisagio tem necessidade de um ins- trumento indispensdvel, 0 eatedsmo, Como se pode evitar ue og textos da oatecismo se tornem igualmente objeto de manipulagdes secularists? 0 x Compreende perfeitamente, no mundo hodierno, com a proliferagdo de obras teolégicas e pluralismo de opinies, Aificuldade de centralizar em Roma a vigilancia quanto & ortodoxia dessas publicagies e até mesmo dos textos de ca~ tecismo. Os Bispos, no Coneflio, reafirmaram e reivindi ram este set direito de pastores vigilantes, desde que su ptimia 0 “Index” como contraproducente ¢ contrério ao es- pirito de nossa época. “Mas honestamente devemog confessar que nos nossios dias ainda nio se empregam formulas efienzes ¢ moderna para oricntar os fidig ne Jabirinto das opinides teoldy cas, Primeiro, porque até para os Bispos ¢ mals facil rei- vindicar direitos que exercitar efctivamente ag nossas res- ponsabilidades e, depois, porque é comodo reiegar as s0- Tucées A consciéncia esclarecida dos fidis e, no entanto, nady fou pouco se faz para formar e esclarecer devidamente es- sas consciéneias, Buseamos, muitas vezes, enganar-nos com palavras ou formulas sonora Creio gue o Sinodo dos Bispos prestaria um grande bem & Igreja se determinasse explicitamente a incluso nos tex~ tos de catecismo do dever missionério, como uma das pri meiras ¢ graves obrigagdes de todo o cristo, e se exigisse ‘a aprovagio responsével da autoridade competente para os tivros catequéticos, usados nas paréquias ou nas escalas, ‘Nao desconhego, a0 contrério aprecio muite todo o em- penho de orientagio e de coordenacéo feito, em favor do ca- tecismo, pela Sagrada Congregacio para o Clero e posse ainda asseverar que também a Comissio Catequéticn da Propagunsia Fide se colaca inteiramente & disposigo dos Bispos de texritérios missiondvias para ajudé-los ¢ assisti-los no exercicio sagrado deste dever de ministrar sadio ali- mento existe 205 fils O NOVO CRISTIANISMO Curdeal VICENTE SCHERER As lamentiveis divergénelas e contestagdes hoje exis- tentes entre os cristdos em. varios paises, mormente na En- ropa, provém, fundamentalmente, da infeliz colocagio de alguns pontos substaneiais que caracterizam & doutrina e vida evist’. Chega-se, pela errénea comprecnsio destes pro- blemas, a um “novo cristianismo”, a uma nova Igreja, @ uma nova religido laicizada, essencialmente diferente da- quela que as geraches passadas professaram e 08 Concilios definirara e apresentaram como divinamente revelada e por isso imutavel. A esta substitufgio do contetdo © das realidades da Goutrina crista por outro idedrio © outras metas essencial- mente diferentes apoia-se a frase de Paulo VI, que a mui tos chocou e desagradou, sobre a “auto-destrwigio da Toreja”, Em artigo recente, largamente comentado, a secular prestigiosa revista “La Civilté Cattolica” resumiu serena ¢ objetivamente, assim me parece, os rumos e a “teologia do novo er Sua primeira caracteristica 6 0 antropocentrismo domi- nante, © primado de Deus é substituido pela soberania do homem, eonduzido so primeiro Iugat. © mandamento mix BN mo “ama a Deus” vai para uma cotocagio inferior. O cen tro do Universo no mais é Devs, maso homem com suas dificuldades. O verdadeiro cristae, portanto, nfo ser aquele que ama a Deus de todo o coragao, e, por amor de Deus, ama 9 prdximo, ¢ por ele se sacrifices, mas aquele que se empe- nha na hist6ria por amor dos homens; estes, para ele (novo cristianismo), so 0 tinico e verdadeiro vulto de Deus, Outza nota distintiva dos novos mestres é a “intramun- danidade”, no sentido de limitar-se a missio e a finalidade do cristianismo a metas e objetivos exclusivamente econd- imicos e temporais. A salvage que Cristo trouxe, com sua morte ¢ ressurreigio, assim dizem, nfo ge realiza plenamente numa vida fulura, mais ou menos mitica e irreal, mas sobre esta terra. Consistiria na libertacéo do homem dos males que o afligem, o atraso, a fome,a ignorancia, a opressao politica ¢ 2 opressio econdmica, © mal de que o homem deve libertar-se, segundo as novas teorias, niio € 0 pecado pessoal, mas. “‘pecado so- cial”, isto é 0 conjunto de estruturas sociais, politicas e econémicas injustas que permitem a alguns homens sujei- tar e explorar os demais. Politicamente, no atual momento hhistérico, este pecado social se identificaria com o sistema capitalista e assim, para eles, lular contra o capitalismo & trabalhar pela verdadeira libertae’o do homem, e, por isso mesmo, pelo advento do reino de Deus sobre a terra, A forma eficaz desta luta contra o sistema capitalista 6 a im- plantaedo do socialismo. Por isso, os cristos que queiram empenhar-se na libertacio dos pobres devem fazer “wma opedo socialist", © novo cristianismo rejcita 0 Magistério Eclesiastico © ensino da Tgveja, Tnterpreta o Hvangelho no sentido ex- elusive de uma luta porfinda a favor de uma reestruturagio social em moldes socialistas. Volta-se, por isto, para a plena © indisfarcada colaboragio com 9s agitadores merxistas, Com tais premissas 0 “novo cristianismo” ngo aceita a Igreja. Ngo deveria ela fundar instituigdes caritativas, edu- eacionais e assistenciais préprias mas valer-se unicamente da forga profética e libertadora da palavra de Deus, — Ste Em Cristo ja nfio véem o Filho de Deus feito homem da teologia e da fé, mas nele saidam 0 “homem para os outros”, 0 Cristo libertador © mesmo “subversivo’ Um conhecimento elementar do primeiro catecismo re- vela que tal doutrina de um “novo cristianismo” esvazia de conteiido e nega claramente pontos centrais da fé cristi © amor do préximo eo empenho incansavel para socorrer 08 necessitados de defesa 6 e sompre foi exigéncia essencial do cristianismo, Por esta mesma razio que Deus a todos ama, de maneira particular 03 pobres, fez do servico aos outros um mandamento novo e fundamental. As estruturas sociais injustas e opressivas so conseqtiéncia e fruto da maldade do coragéo humano e da materializagio de pecados passonis, Blas (as estruturas) no se mudam sem transfor- mar © eoraglio do homem, O pecado social é efeito dos pe- cados individuais. ‘A doutrina erist’, também nesta matéria, é eminente- mente reslista e objetiva. Ela propée o ideal da tibertacao como conguista interior progressiva neste mundo e de ple- na obtencdo na consumagio futura. O esforgo pela liberta- cio da injustiga € dos sofrimentos ainda reinantes no mun- do faz parte das obrigagdes indectinaveis da vida crista, Nunca se obterii perfeitamente a restauracao do paraiso terrestre, num mundo de paz, alegria ¢ felicidade sem me- dida, A libertactio prometida pelo marxismo Timita-se a bens exteriores e temporais, mas assim mesmo, a experién- cia mostra que nfo se realizam suas promessas fascinantes de desaparecimento das desigualdades e de superagio am- bieionada da injustica e da pobreza. A Igreja no deve acumular e aspirar ao poder mun- ano, mag para encarnar-se na histéria € prestar mais ara- plos servigos ao mundo @ de toda a conveniéncia e mesmo de necessidade que se consagre a obras de caridade ¢ de apostolado, como escolas © hospitais, ‘As novas teorias sobre o cristianismo esvaziam a dou- trina do Evangelho de sua substancia mais auténtica e es sencial, Néo ser desta forma que ele se tornara atraente aceito para o homem moderno. A reintegracio das com- 58 — provadas verdades de fé, segundo tal exegese, por forga de logica, conduz A sua total negacdo. Realmente os arautos do “novo cristianismo”, os “eristdos eriticos”, em geral, néo levam muito tempo nesta posigio contraditéria e abando- nam o sacerdécio ¢ a Tgreja, Pela sumaria exposiego feita, nfo se torna diffcil veri~ ficar que a “nova teologia” prope uma “verdadeira alte- ragéo do contetdo da #é catélica”, segundo nota do Conse- tho Permanente do Episeopado Francés, de 14 de novemn- bro do ano find. O estudo que estou resumindo sobre o “novo cristianismo” assim conelui sua excelente exposigio “# preciso dar-se conta de que se trata de uma tentagio, cildda mortai da qual & necessdrio saber fugir com lucidez, subtraindo-se @ presséo dos “slogans” e da moda teolégica e politica, que ndo se tornam verdadei- ros 36 pelo fato We se declararem progressistas. (Transerito de “Informando”, junho de 1974) ‘Os filhos das trevas continuam sem dormir; resta ver se os da luz despertaraio’ e teréo coragem de en- frenti-los, \

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