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O significado das palavras 4 Como pode uma palavra — um ruido ou uma Série de marcas no papel - stgnificaralguma coi sa? Algumas palavras, como “sussuro" ou “es- ‘ondo", fm um som parecido com aquilo a que se referem, mis, em geral, nlo existe nenhuma ‘semelhanga entre o nome € a coisa que ele meia, A relagio deve estar em algo totalmente diferente. Existem muitos tipos de palavras: algumas elas designam pessoas ou coisas, outras deno- ‘minam qualidades ou atividades, outras se refe- rem a relagbes entre coisas ou acontecimentos, ‘outras nomeiam ndmeros, lugares ou épocas, € ‘outras ainda, como “e" e "de", $6 tém significado porque conttibuem para dar sentido aalirmagoes ‘ou perguntas maiores, nas quais aparecem como partes, Na verdade, todas as palavras funciona, _, desta maneira: seu significado esti, efetivamen- ‘te, relacionado com a contribuigao que elas dio Tao sentido de frases ou enunciados. Usamos as 5 Grtins (ec), ‘ont eve EID UGAO A FHOSORA ppalavras principalmerte para falar e eserever, € no apenas como rétclos. No entanto, tendo entendido isso, vamos in- | vestigar como uma palavra pode ter significado, “ Certas palavras podem ser definidas em termos ‘de outras palavras:“quadrado”, por exemplo, sig- nifica “figura plana de quatro lados, equiltera e ‘eqhiangula". A maioria dos termos dessa defini- ‘lo também pode ser definida, Mas as definigoes rio podem ser a base do significado para todas as palavras, do contri andariamos eternamen- te em circulo. Devemes chegar, no final, a certas Palavras que tém significado direto, ‘Tomemos a palavea“tabaco", que talvez pa- reca um exemplo ficil Ela se refere a uma espé- cic de planta cujo nome latino 2 maioria de nés desconhece, e cujas folhas si0 usidas para fa- bricar cigarros e charuos. Todos nés sl vimos € cheiramos tabaco, masa palavra, tal como a usa ‘mos, refere-se nao apenas as amostras da subs- Uncia que vimos, ou que esti por perto quando lusamos a palavra, mas a todos os exemplos de tabaco, quer saibamos, quer nao de sua existén- Cia, Voce talvez tenha aprendido a palavra por- {que the mostraram amstras de tabaco, mas no iri entendé-la se pensar que se trata apenas do nome dessas amostras Assim, se disser: “Serd que no ano passado fumou-se mais tabaco ra China do que no hemis- frio ocidental inteiro”, essa pergunta tem um 0 sentido, € também uma resposta, mesmo que ‘voce nao consiga encontr-la. Mas o sentido da pergunta, bem como a resposta, depende do fato de que a palavra “tabaco” se refere a todas as amostras da substincia que existem no mun- do ~ incluindo, na verdade, épocas passadas € futuras -, a cada cigaro fumado na China nc ano passido, a cada charuto fumado em Cuba, « assim por diante. As outras palavras na frase I ‘mitam a referencia a lugares © €pocas specif ‘cos, mas a palavra “tabaco” s6 pode ser usada para fazer tal pergunta porque tem esse enorme, ‘mas especial, alcance, que ultrapassa toda a sua cexperigncia de cada amostra de um certo tipo de substincia, ‘Com a palavra fz isso? Como pode um sim: piles rufdo ou um rabisco ter tal aleance? E evi- dente que nao € por causa do som ou do aspec- to, Nem por causa do nimero relatvamente pe- ‘queno de ameostras de tabaco com que voc® de- parou, € que estavam por pero quando voce pronunciou, ouviu ou leu a palavra. Trata-se de alguma outa coisa, algo de cariter geral, que se aplica ao uso que cada pessoa faz da palavra ‘Voce ¢ eu, que nunca nos encontramos € que deparamos com diferentes amostras de tabaco. Uusimos a pakivra com o mesmo significado. Se ambos usamos a palavra para fazer a pergunts sobre a China e o hemisfério ocidental a pergun- ta € a mesma, € a resposta € a mesma. Mais do a aque isso, uma pessoa que fala chinés pode fazer mesma pergunta, usando a palavra chinesa de mesmo significado, Seja qual for a relagio que {1 palavra “tabaco™ tenfia com a Cols ems, outs palavras também podem ter. Isso sugere, de maneira bastante natural, que a relacao da palavra “‘abaco" com todas essas plantas, cigarros e charutos, no passado, presen (ee futuro, ¢indiret. A palavra, tal como voce a tus, tem alguma outra coisa por tis dela ~ um conceto, idéia ou pensamento ~ que, de algum (modo, se etende a todo tabaco do universo. Aqui, { porém, surgem novos problemas. Primeiro, que tipo de coisa € esse interme- rio? Esté em sua mente, ou € algo fora da sua ‘mente com 0 qual, de algum modo, voe® pode fazer uma associagio? Parece aver algo com que voce, eu € 0 chinés podemos todos associat, a'fim de expressar a. mesma coist com nossis palavras para tabaco. Mas de que maneita, tendo texperiéncias to distntas da palava e da. planta, canseguimos fazer iss? Nio seri isso tio dif de expliear quanto 0 fato de sermos capazes de res referir, com os diferentes usos que fazemos da palavra ou das palavras, A mesma enorme € difundida quantidade da substdncia® © proble- ma que tentos aqui. de como a palavra pode! si Talfcar a idea ou 0 conceito (sept qual for), na0€ + ‘atamenie igual a0 que havia antes, de como a palavra pode sgniicar a planta ou a substincia? ) 2 E ni € s6 isso. Hi também o problema de ‘como essa ida ou conceit se relaciona com to- ddas as amostras de tabaco real. Que coisa € essa {que se relaciona exclusivamente com 0 tabaco & yada mais? Parece que nao fizemos mais que au-_ ‘mentar 0 problema, Ao tentar explicar a relicio” ‘ene a palavra“Yabaco" e otabaco interpondo en= tre ambos a fdéia ou 0 concetto de tabaco, ape nas criamos a necessidade adicional de explicar as relagoes entre a palavrae a idéia, entre aideia ‘Com ou sem o conceito ou a idéia, 0 proble- ‘ma parece sero seguinte: 0 uso que cada pessoa faz de uma palavra envolve sons, marcas e exem~ plos muito pariculares, mas a palavra se aplica a algo universal, que outros falantes partculares também podem expressar por meio dessa pal vra ou de outras palavras em outras linguas. Co- ‘mo algo tio panicular quanto 0 ruido que favo ao dizer “tabaco" pode significar algo tio geral {que eu possa usi-lo para dizer: “Aposto que da- {qui a duzentos anos haveri pessoas em Marte fumando tabaco.” ‘Voce pode pensar que 0 elemento universal 6 fornecido por algo que todos femos em mente ‘quando usamos a palavra, Mas © que € que to- dos temos em mente? Para pensar: “O tabaco esti mais caro este ano”, tudo © que preciso ter fem mente ~ conscientemente, pelo menos ~ € a ‘propria palavra. E claro que, além disso, posso 8 Meot ‘nu eve eMODLCAD A MONORA ter em mente algum tipo de imagem quando uso 2 palavra alvez a imagem de uma planta, ou de folhas secas, ou do interior de um cigarro. Anda assim, 80 no ajuda a explicar a generalidade do significado da palavra, pois qualquer imagem dessas sera uma imagem particular. Seri a ima- rem do aspecto ou do cheiro de uma amostra ‘specifica de tabaco, E como to poderia abar- car todas as possiveis ¢ reais amostras de taba «0? Além disso, mesmo que vocé forme uma cer- ‘a imagem em sua mente a0 ouvir ou usar a pa lavra “tabaco’, cada pessoa provavelmente Tor- mari uma imagem diferente. Iso, no entanto, mio impede que todos usemos a palavra com 0 mesmo significado. Olmistério do signiticad ¢ que ele, aparen- Jemente, no se situa em nenhum lugar ~ nem na palavra, nem na mente, nem em nenhum con- feito ou idea pairando entre a palavra, a mente i as coisas sobre as quais estamos falando. Con- tudo, ustmos a linguagem 0 tempo todo, ¢ ela os permite formular pensamentos complica- ‘dos, que transpoem grandes distincias no tem- 0 no espago. Vac® pode filar sobre a quanti ‘lade de pessoas em Okinawa que tém mais de 1,50 m de altura, ou indagar se ha vida em ou- ‘ras galixias, € 0 pequenos ruidos que oct emi ‘e formanio frases que sao verdadeiras ou falsas, ‘am virude de fatos complicados acerca de cof “ rpg sis distantes que vocé, provavelmente, nunca encontrar diretamente ‘Voce pode achar que exagerei a questao do alcance universal da linguagem. Na vida cotkis- fa, maior parte dos enunciados © pensamen- tos para os quais ulizamos a linguagem € muito mais localizada e particular. Se eu digo: "Passe 0 sal", € voce me passa o sal, no € necessirio aqui rrenhum significado universal da palavea “sal, do tipo que se apresenta quando perguntamos: “Em que momento da historia da nossa galéxia, a mistura de s6dio € cloro deu origem 20 sal?” AS palavras muitas vezes s20 usadas simplesmente ‘como ferramentas nas elagOes entre as pessoas. Num terminal de Snibus, voce vé, numa placa, ‘uma pequens figura de saia e uma seta, € sabe ‘que iso indica o camino para o banheiro femi- nino. Nio seri entio a linguagem, de maneira e- ral, apenas um sistema de sinais¢ respostas des- se tipo? ‘Bem, uma parte dela pode ser que sim, e tal- ver seja'assim que comecamos a usar as pala- vras:“papai’, “mame”, "nao", “acabel”, Mas no ira por ai, € no fea caro de que modo as sim- ples transicdes que sio possiveis usando-se uma ‘ou duas palavnas por vez podem nos ajudar a entender o uso da linguagem pars descrever, bbem ou mal, o mundo que esti além dos limites dda nossa vizinhanca. Na verdade, parece mais provivel que 0 uso da linguagem para proposi- 4 ‘nts eve tstnopUgko A mosoMA tos mais amplos nos revel alguma coisa sobre 0 {que acontece quando 4 utilizamos numa escala ‘Uma afimacio do tipo *O sal esté na mesa” tem o mesmo significado quer Seja dita por r- 20es prticas durante 0 almogo, quer como par- te da descricio de uma situagao distante no tem- po € no espago, quer como uma descrigio hipo- {erica de uma possibilidade imaginara. Significa ‘2 mesma coisa quer seja verdadeia ou fals, quer 6 falante, ou ouvinte,saiba ou nio se & verda- ‘ira ou falsa, Seja 0 que for que acontega nas Situagoes priticas e corriqueimss, deve ser algo Suficentemente geral também para explicar es- ‘Sis outrassituages, bastante diferentes, em que cla tem 0 mesmo significado. importante, sem dvida, o fato de que a Tinguager seja umlfendmeno social, Nao € algo {que cada pessoa inventa para si mesma. Quan- do, na infincia, aprendemos uma linguagem,in- igressamos num sistema ji existent, no qual mi- Thoes de pessoas vem, ha séculos, usando as mes- ‘mas palavras para conversar entre si, © uso que fago da palavra “tabaco" nao tem significado por siapenas, mas antes como parte do uso muito mais amplo dessa palavra em portugués. (Mes fo que adotasse um cOdigo pamticular, no qual tusasse a palavra“blableblu” para dizer “tabaco’ ‘eu 0 fara definindo “blableblu” para mim mes- fo em termos da palavra comum “tabaco”) Ain « dda temos de explicar como meu uso da palavra text seu contetido de todos 0s outs Us0s, a tmaioria dos quais desconhogo— inseri minhas pa- lavas nesse contexto maior, porém, pode parecer que ajuda a explicar seu significado universal ‘Mas isso nao resolve © problem. Quando ‘uso a palavra, ela pode ter significado como pat- te da lingua portuguesa, mas de que maneirs 0 ‘uso da palavra por todos os outros falantes da Fingva the dé alcance universal, muito lem de to- das as situagdes em que ela € efetivamente usa~ {da © problema da relagio da linguagem com 0 ‘mundo nao € tio diferente, quer falemps dle wma frase ou de bilhoes de frases. O significado de luma palavra contém todos 05 seus U50s poss ‘eis, vendadeiros falsos, nto apenas seus sos Cletivos ~ e estes sio apenas uma fracio minima ‘dos usos possives. ‘Somos pequenas craturasfinias, mas 0 sig- nificado nos permite, Com a ajuda de sons ou areas no papel, entender © mundo inteio © as ‘muitas coisas que hit nele, até mesmo inventar foisas que ndo existem ¢ que, falvez, nunca ve~ ‘iham a existc.O problema € explicar como isso possivel: como alguma coisa que dizemos ou fescrevemos ~ inclusive todas a8 palivras conti- {das neste lio ~ pode signiicar algo?

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