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TEXTOS A transferéncia e o infantil Bernardo Tanis infantil determina um conjunto de possibilidades que irao se atualizar através da repeticao e da tranferéncia. Este artigo discute, a partir de uma situacdo clinica, as relagées entre estes processos e a memoria. partic da minha prética clinica e de um didlogo com textos de Freud ¢ de outros analistas, venho desenvolvendo uma pes- quisa sobre a posicio do infantil na Psi- canilise. Desde Freud, ela nio 0 compreende como puerilidade ou infantilismo comportamental, nem como internalizagio sem mediages da infancia concre- tamente vivida. Sua esfera comeca a se configurar, em Freud, a partir de uma interrogacio etiol6gica sobre as neuroses. £ neste sentido que ele se relaciona com as experiéncias traumstico-pulsionais da crianga. As trans- 6 formagées do pensamento freudiano conduzem a mudangas significativas na compreensio do infantil: a descoberta da transferéncia, por exemplo, desloca o ee eres Seis tenet Seen pee ener Sere ie mses Sec, secant ee Paunias ceases i Pereurso nt 14. 1/1995 TEXTOS lugar da rememoragao do passado, ganhando a repeti¢ao um significa- do central no processo analitico. Embora a sexualidade infantil e a trama edipica sejam os pilares do conceito analitico de infantil na psi- canélise, penso que uma investiga- 620 aprofundada da memBria e da temporalidade vevela aspectos cen- trais daquele, assim como do fun- cionamento inconsciente e sua colocaczo em ato na transferéncia, Foi este 0 vértice privilegiado na pesquisa, que conduziu a ver nas transformagdes da teoria da mem6- ria ¢ da temporalidade em Freud ‘uma transformacio de sua concep- ‘do sobre a realidade psiquica sobre as produgdes desta tiltima, Nesta perspectiva, podemos com- preender que a transferéncia man- tém uma relagio de pertinéncia com a esfera de possibilidades que o infantil determina, © que se segue neste trabalho € uma tentativa de , partindo de uma vinheta clinica, relacionar © fenémeno transferencial com a no- 20 de infantil Para intoduzir a teansferéncia Sea nogio de processo primi- rio domina a primeira t6pica freu- diana, podemos sustentar que a nogdo-de repeti¢ao ocupa um lu gar de importancia equivalente na segunda. Nao porque s6 tenha sido percebida na década de vinte; pelo contririo, ela faz parte do pensamento freudiano desde suas origens. Mas, como outras nogoes, foi adquirindo sua dimensao pro gressivamente, apés um longo pe- riodo de gestaclo. Quase a contra- gosto impés-se a Freud, como varias vezes foi mencionado por ele, ao referir-se a transferéncia como uma das modalidades pelas quais a repeticao se expressa no tratamento. O epilogo do Caso Dora é caracteristico da atitude ambivalente de Freud em relacao a transferéncia; neste texto, reco- nhece a impossibilidade de evi- té-la, 0 que conduz a reformu- lagdes da clinica a partir do eixo transferencial. Se o campo da resisténcia a significacio das representagdes re- calcadas domina a cena do pro-ces- so analitico, progressivamente a re- peticdo comega a ser percebida ‘como uma das armas mais podero- ~ pede uma frase. sas da resisténcia. A questio da transferéncia, que num primeiro momento € compreendida por Freud como deslocamento, passa a serapreendida cada vez. mais clara- mente como efeito de uma tendén- cia mais geral do aparelho psiquico A repeticao. Este fenémeno de repe- tiglo s6 péde comecar a ser com- preendido por Freud na medida em que este foi progressivamente cons- ttuindo sua nogo de inconsciente. Se tomarmos a transferéncia em seu sentido mais estrito - atualizagao de experiéneias passadas em relacao a pessoa do analista - veremos que ai jf esti pressuposta a nocao de pro- cesso primério, na medida em que ha deslocamento e condensacio; também est pressuposta a particu: laridade temporal do inconsciente, “que lida com 0 atual como se fosse inatual”. 46 Por outro lado, se até a desco- berta da tansferéncia a associacio livre dominava exclusivamente a cena analitica, agora 0 ato aparece, com um sentido muito particular, como novo integrante dela. A pala vra € portadora de sentido, ¢ por seu intermédio podem estabelecer- se cadeias associativas, religando as- sim afeto e representagio, € tormando acessiveis & consciéncia aspectos do recaleado. Por esta via, a palavra transformada em ato interpretativo ganha fora performativa, como Posteriormente mostrou Austin. Se- gundo seu desenvolvimento teérico, que a experiéncia analitica permite confirmar, no existem apenas frases declarativas; ha outras, cuja enuncia- lo contém implicitamente a expres- S80 de um ato, Desta natureza sto, ao meu ver, algumas interpretacdes do analista Mutatis mutandis eisto jf extrapola as afirmagdes de Austin, a repeticio na situaclo analitica seria uma per- formance que pede uma frase: “O paciente repete em lugar de recor- dar’, diz, Freud (1914). O paciente atua o que talvez no possa recordar como meméria evocativa, presentifi- ‘cando na repeticio aspectos de seu passado infantil. A pritica analitica Procurava até envio inteligit, para além da légica consciente, uma outra 6gica, encontraca nas formagoes do inconsciente (sonho, ato falho, sinto- ma). Com a emergéncia da repeti- fo transferencial, um novo aspecto ganha sentido: a forca da situacao analttica. Como o proprio Freud re- conhece, 0 proceso de analise se altera, pois ndo hd tio somente evo- cacao das paixoes da alma: amor € dio, idealizagao e des-truigio, tor- nnar-se-do concretos, de forma tal que analista e analisando estio expostos 2 demandas primitivas, cujos cenarios distam muito da confortivel poltrona ou do aveludado diva. A situagio analitica vé-se enormemente transfor mada, pois © analista teri que se defrontar com as. respostas outrora formuladas para muitas destas mes- ‘mas demandas, Mas 0 quese repete? Por que se repete? Que forcas animam esta repeticio? Como podemos com- preender esta repeticao face ao in- fantil? Freud trata de modo mai especulativo esta questo em Para Além do Principio do Prazer, ¢ de modo mais concreto em Inibigqo, Sintoma e Angistia. 8 natureza infantil da repeticao também € corroborada pala qualidade das demandas em jogo na situacao transferencial. A repeticio, assim como a meméria, pede um objeto, Por este motivo nosso interesse neste tema nao est dirigido somente a dimensao da repeticao como forca universal, mas também para o sentido singular ¢ concreto de sua manifestagao clinica Rodrigo, destruir € preciso Uma familia vem procurar uma avaligao diagnéstica do filho mais novo, Rodrigo,de sete anos, moti- vada por um pedido da escola. Nao ha queixas do ponto de vista pedagégico; elas se referem a0 comportamento. Rodrigo € agres- sivo: ora esti calmo, ora torna-se insuportavel, provoca os colegas, estraga © material € os trabalhos destes. Procura sempre sujar quem esti limpo. Em casa, dizem os pais, no € tio agressivo, a nio ser com ‘a ima mais velha, de nove anos. Os pais parecem dar uma importancia relativa as queixas da escola, Segundo eles, a escola “exagera’. Relatam que as questdes de disci- plina em casa sao um “pouco variiveis”: algumas normas, parece, permanecem ambiguas. A mae diz que © pai é muito tolerante, outras, vezes “estourado”. Ambos trabalham. em casa, na mesma profissao. Estes breves dados tém como objetivo situar 0 leitor em relacao queixa apresentada. Minha in- tengio é referit-me a um aspecto da auto-imagem de Rodrigo ¢ a uma situagio. transferencial particular. Chama-mea atengao como ele anda sujo. Nao se trata de um menino que fica brincando, ¢ como conse- quéncia das brincadeiras se suja; tenho a impressdo que proposital- mente, procura apresentar-se frente ao mundo deste modo. Quando solicitado a fazer um desenho, faz uma crianga aproximadamente de sua idade. O que chama a atencio em seu desenho, cognitivamente adequado sua idade, s4o as rou- pas rasgadas e cheias de furos da crianga nele representada, O de- senho parece aludir a que estas roupas apresentam um aspecto ‘punk’, ou seja, nfo sto rasgos devidos ao uso ou pobreza. Pare- cem metodicamente colocados pos- suem um aspecto contestador. Ro- drigo também fala com uma voz. que soa forjada: parece um palhaco, em seu estilo hd alguma coisa de gro- tesco, entre a timidez € 0 deboche. As primeiras sessdes sto dedi- cadas a exploragio dos recursos € do espaco da sala, dos brinquedos, da Agua, dos limites do analista. Tudo € testado, e depois deste movimento Rodrigo comeca uma demolicao de todo o material da caixa: lapis, canetas, carros, tudo ésistematicamente destruido, num movimento aparentemente sidico € desafiador. Num primeiro mo- mento fico assustado com a agres- sividade de Rodrigo; € como se temesse também ser destruido. Tenho a impressao de que isto € 0 que ele provavelmente acaba susci- tando nos outros.No entanto, alguma coisa chama minha atencio: no final da sessio todos os restos destes ataques sao guardados na caixa, nada € jogado fora, nada € esquecido. Rodrigo conserva .os fragmentos de todas as suas investidas. ‘Apesar da ansiedade que este movimento suscita em mim, em nenhum momento faco algo para impedi-lo. Numa sessio, ele pede que eu segure a tampa da caixa de um jogo que nao conseguia rasgar, para poder dar um golpe mais certeiro. Neste momento, surge em mim a vontade de nao me tomar a cximplice destas cerimonias de des- truigio. Digo a ele de modo espor taneo, quase irrefletido: “Se voce quiser, pode quebrar 0 que tiver vontade, mas eu no vou te ajudar a se destruir’. Rodrigo me olha comum olhar diferente: tenta rasgar sozinho a caisa, mas logo desiste. Alguma coisa tinha mudado, alguma coisa perdera a graca. Esta intervengio possibilitou um rearranjo da situacao transferencial € 0 inicio de um tra- balho de simbolizacio. Foi possivel a investigagao de suas fantasias sobre sua imagem corporal e de sua neces- sidade de se identificar com um ob- jeto sujo-agressivo, bem como a re- : ‘Sane em mima _ vontade de nao me tornar‘cumplice destas cerimOnias de destruigao. lagio disto com fantasias s4dicos- anais; enfim, a andlise possibilitou uma evolugdo e uma reorganizacio de sua imagem em relago a si mesmo € &s outras pessoas. © que me interessa destacar & este momento pontual. Ha um agir de Rodrigo na sessio; a necessidade de expressio € dominante, a com- pulsio destrutiva parece no ter fim, manifestando-se em elementos transferenciais tanto pelo desio- camento como pela repeticao. Poderiamos aprofundar a anilise das suas fantasias inconscientes, nao muito diferentes das ilustradas por Melanie Klein em Psicandlise da Grianga, mas prefiro centrar nosso olhar no efeito desta inter- TEXTOS vencio. Minha impressio é que ela instaura algo novo no universo psiquico de Rodrigo. Diferentemente das que o solicitam a nao brigar com 0s colegas, a nio sujé-los, a tomar cuidado com sua irma, esta fala 0 conduz a refletir sobre seu movimetno destrutivo, que acaba se voltando contra ele mesmo, dada a ‘minha recusa em colaborar com seu comporamento. Minha hipétese que, muito precocemente na vida de Rodrigo, estes movimentos foram ora rejeitados, na tentativa de os contro- lar, ora menosprezados. Rodrigo € 0 segundo filho. Ambos desejavam outra menina, “seria mais facil’. “Era um bebé muito agitado, sempre de pé, no carrinho tinha que amarrar’ Tem-se a impressio de uma di- ficuldade em réceber € conter os movimentos motores € agressivos de Rodrigo. Nao é minha intencio, neste espaco, alongar-me numa anilise reconstrativa da vida de Ro- drigo. Também nao se trata de en- contrar na anamnese os pontos de Hé dias em que Rodrigo pede para que eu o segure eamarre com durex seus bracos e pernas; outras vezes, constr6i uma teia de aranha € joga-se nela, para depois tratar de se libertar. Repete estas situagdes intimeras vezes. Esta repetic¢ao alude A sua resisténcia a ressignifi- car suas fantasias. Alude também 2 necessidade de expressar sua von- tade de se ver livre de um jogo pulsional que o condena a uma huta eterna, Progressivamente 0s cacos comecam a ser redescobertos, os brinquedos remontados, nao do jeito que eram anteriormente, mas numa nova ordem. Rodrigo torna- se um bricoleur da sua propria subjetividade; nao se trata somente de um rearranjo de fantasias, mas de uma remontagem de fragmentos, de sua hist6ria pulsional, de ex- periéncias concretamente vividas na anilise e fora dela Trata-se, a meu ver, de uma transformagao em relacao ao in- fantil - como compreendido neste A interpretagao se torna eficaz na medida em que se inscreve num lugar, o qual nao € pura + virtualidade. possiveis fixactes, mas sim de per- ceber, nas falas atuais da familia e do proprio paciente, o testemunho dos momentos de encontro e de de- sencontro dos participantes desta bistéria. O pai € 48 vezes muito con- descendente, outras “estourado”; a mie no di grande importincia ‘20 que a escola fala, mas € muito exi- gente em casa. Tem-se a impressio de que as coisas devem se encaixar num modelo pré-estabelecido. Ro- drigo contesta; ninguém se salva, a no ser 05 cacos, os fragmentos estilhacados das suas investidas. trabalho - que implica na elabo- raglo de suas fantasias inconscien- tes, ganhando possibilidade de sim- bolizacao assim como de uma reformulacto de suas identifi- cagdes. A sua forca, sua carac- teristica destemida, sua vontade de competir, se reorganizam. Ele é um menino muito forte, alto como seu pai; progressivamente comega a in- teressar-se por esportes dos quais havia desistido anteriormente, esportes que requerem forca fisica, Sai-se muito bem, é valente, ousado, Rodrigo precisou por em 48 ato, na sua vida € na sua anilise, aquilo que da sua relacao com 0 mundo nao pudera ser digerido, metabolizado; expelia com constan- tes arrotos ¢ flatos os indligestos dos primeiros festins de sua historia. A intervengao do analista nao € mera explicitagio; pela abstinéncia deste, ela tem valor perfomativo, no sentido de Austin, na medida em que define um lugar diferencial para a repetigao na situagio analitica. O analista nao € exterior’ situaca0. Se uma das particularidades da repeticao transferencial € a intro- dugao do analista no circuito pul: sional do paciente, a interpretacio se tomna eficaz.na medida em que se inscreve num lugar que nao € uma virtualidade. por isso que, sujei- tada ao limite da palavra, ela ganha forga; esta advém do sentido pul- sional que o paciente lhe outorga. Compreendemos assim que a anilise nto & um proceso pura- mente hermenéutico de elucidagio de sentidos por alguém especial- mente treinado para tal fim. A gran- deza da descoberta freudiana con- siste em que, na propria estrutura da neurose, reside a possibilidade de sua ressignificacio. Num primeiro momento, Ro- drigo procurava na repeti¢ao a con- firmagio de que no havia outro caminho, que estava condenado a ser esta mistura de clown-punk pelo resto da vida. No entanto, guardava nos cacos quebrados da sua histéria a esperanca de uma possivel saida: Eros e Tanatos travavam uma vio- lenta batalha a servigo da vida. Da transferéncia ao infantil Mas voltemos a Freud. Sua primeira concepgio de transferén- cia est associada & idéia de “falso enlace” (a paciente dos Estudos so- brea Histeria que desejava um beijo dele). A idéia de falso enlace esta associada A nogao de deslocamento, A carga de afeto € transferida de uma representagao para outra, Este serd um dos elementos constituintes da nogio freudiana de transferén- cia, solidaria com sua concepcao do processo primario, Mas aqui se antecipam também outros elemen- tos, como a idéia de repeticao de passagem a0 ato, pois o deslo- camento no ocorre somente numa dimensto sincrénica; ele envolve a hist6ria do paciente, da mesma ‘maneira que a cena no exchuiaacao. Joel Birman descreve assim o que esta em jogo: “E estabelecida uma equagao simbélica entre a cena fantasmatica e a cena da relaclo médico-paciente, estando no desvelamento da segunda a condigio da possibilidade de explicitar a primeira, que per- tence 2 hist6ria do paciente’. Aqui vemos uma correspondén- cia entre 0 que € vivido € experi- enciado na situagio analitica € aquilo que corresponde 2 reali- dade psiquica do paciente. Para a finalidade do presente tra- cujas impress6es marcaram dividuo. Mas cedo constata a im- possibilidade desta tarefa se re: zat pela via evocativa: a amnésia infantil € a resisténcia sto de tal ordem, que a missao se torna im- possivel. Sera outro o caminho pelo qual as impressdes e desejos infantis fardo seu aparecimento na vida atual do paciente. A trans- feréncia é 0 modo particular pelo qual a subjetividade humana ex- pressa sua constituicao. Ela per- mite 0 acesso as vicissitudes do recalque € a0 contetido das fanta- sias inconscientes. A descoberta da transferéncia altera_ o paradigma anamnésico da clinica freudiana, e traz consigo um sem- niimero de consequéncias. Essa constatagio de Freud contraria todas as regras de uma temporalidade linear. O paciente no diferencia, segundo esta con- cepgio, 0 objeto do passado do objeto do presente: @ onipoténcia Nz situacao analitica, 0 paciente é convidado a uma colocac&o em ato: é personagem de sua propria historia. batho, interessa-nos investigar que tipo de correspondéncia é esta, pois esta relacio é a mesma que existe entre o infantil -cujo modo de composigio quero ex- plicitar- € 0 presente da situacao analitica. A transferéncia trans- forma-se na chave de acesso constituigao fantasmatica do sujeito. A idéia inicial de Freud - como se 1é no Posfitcio do Caso Dora - era reconstruir, levantando as barreiras do recalque, uma cadeia de eventos a realidade psfquica impede o su- jeito de lidar com o novo. Ou me- Thor, 0 novo € assimilado 2 uma concep¢io que 0 precede. A me- méria deixa de ser evocagio para tornar-se ato. Freud afirma, em Recordacao, Repeticdo, Elaboragao. “1. O analisando nao recorda, em geral, nada do esquecido e re~ primido, mas o tua. Nao o repro- duz como lembranca, mas como agio; repete-o sem saber, é claro, que o repete.” 9 Mas 0 que se repete? Por que razo a transferéncia deixa de ser um fenémeno marginal do ‘ratamento para se tornar seu eixo? Aqui esto estreitamente vinculados ‘© mecanismo da transferéncia, a sua fungdo no processo de andlise. Essa repeticio, diz Freud, é a maneira do paciente recordar, por- que atualiza os mesmos processos que outrora produziram o recal- camento € as fixacdes libidinais € que as mantém. Para compreender melhor a relagio de “dependéncia pertinéncia” da transferéncia com © infantil, convém recordar breve- mente como Freud a situa em re- lagao a sugestio, a resistencia e A repeticio. Através dos trabalhos de Freud e principalmente dos de Fe- renczi vé-se que a raiz do efeito de sugestio repousa na possibilidade de transferir; ¢, visando diferen- ciar a Psicandlise de qualquer tratamento sugestivo, Freud vé-se conduzido a eliminar todo resquicio de seducio que possa existir no tratamento analitico. Por isso propée como destino da transferén- cia a sua liquidacdo. Tarefa utdpica, que sera discutida mais a fundo em Andlise Termindvel e Intermindvel. Pois bem, usando uma linguagem freudiana, se ambas - transferénci € sugestio - repousam nos mesmos complexos infantis aos quais 0 ana- lista € assimilado, e se sua interpre- taco possibilita 0 acesso aos com- plexos inconscientes que de outro modo seriam inacessiveis, por que véla como maxima expresso da resistencia & neste ponto, como disse anteriormente, que vejo coi cidirem mecanismo e fung@o na transferéncia. Pois na_ situa analitica 0 paciente € convidado a uma colocacio em ato,onde ele, paciente, € personagem da sua propria historia. Atual e inatual se presentificam num movimento que chamamos de transferencial, no qual € pelo qual o paciente procura se defender como outrora fazia de seus prOprios impulsos libidinais ou agres- sivos. A transferéncia 6, a0 mesmo TEXTOS tempo, expresso do desejo e da defesa. Sua ambiguidade reside nos aspectos conflitivos que a tornam exptessio da resisténcia, e na abolicio do tempo que pretende instaurar. A este respeito, escreve Pierre Fédica: “Se 0 paciente me fala do seu amor por mim é a inatualidade do infantil que af € ouvida. Nao posso explicar ao paciente o que é 0 in- fantil. Nao posso talvez dizer nada. Posso significar talvez por certas palavras empregadas pelo paciente que , 0 que ele vive, € acolhido como verdadeiro mas nao pode re- ceber uma resposta do atual. O que cchamamos de “nao resposta” € pre- cisamente a recusa de dar o atual como resposta ao inatual”. Retomando o material a res- peito de Rodrigo, vemos que sua demanda de me recrutar como cimplice de sua imagem de des- truidor, como parceiro em ceriménias auto-destrutivas, € um convite presente para repetir ¢ cristalizar as posigoes tipicas dele e do outro em todo relacionamento intersubjetivo. A recusa deste lugar permite a abertura para o novo. Fédida sugere no mesmo texto que a situacio analitica instaura um espaco para a seducio. Mas, ha uma diferenca entre a situagao analitica reinstaurar 0 espaco da seduc@o e © analista ocupar con- cretamente o lugar do sedutor. A andlise procurava no seu inicio criar as condigdes para a re- memoragio, descobre que cria as da repeticao transferencial. Desta forma, a situago analitica permite a colocagao em ato do in- ‘consciente. Desejos ¢ estimulos encon- tam, quando ditigidos ao outro, um canal de expressio. © analista no esté no lugar do sedutor, mas de quem, pela sua presenga, permite que ‘a ambigiidade da cena se ponha em ato, E uma posicio dificil de sustentar. Suportar a ambigtlidade significa per- mitir que 0 outro desdobre sua reali dade psiquica na situuacio presente. HA um tempo para a nomeacio, € um lugar a partir do qual ela pode ser enunciada. A precipitagio por parte do analista, a “interpretacao te6rica’, 0 seu proprio narcisismo, colocam 0 analisando no campo dos mesmos fracassos que 0 levaram uma estruturagao patol6gica. Harold Searles, em um texto clissico, produto de sua longa experiéncia com pacientes esqui- zofiénicos, mostra claramente 0 que é desencadear situagdes nas quais as pulsdes sto convocadas €, logo apés, impor-lhes uma frustracto inesperada e des- norteadora . Este sim é 0 jogo do sedutor, que produz, como diz Fédida, um curto-circuito na cir- culagao do afeto. Se esta j4 foi interrompida anteriormente, a repeticao transferencial traz po- tencialmente a possibilidade de reestabelecé-la A andlise procuraya criar condicdes para a rememoracao, € descobre que favorece a repetigio transferencial, elo entre o infantil e a trans- feréneia por todos estes motivos, revela-se como dos mais estreitos. Nao € preciso pensar que o resta- belecimento da circulacio seri feito elas mesmas vias pelas quais teria ‘ocorrido na crianga: isto seria negar todo © crescimento ulterior do Paciente, Nao se trata tampouco de Feconstruir um caminho de desen- volvimento que se tetia visto inter- rompido, € que deveria continuar por um roteiro de fases previamente 50 estipulado. Nao € essa a relago com © infantil que emenge do nosso es- tudo. Trata-se da pertinéncia da rrepeticdo ds condigdes de emergén- Cia e estruturagéo do sujelto, que de algum modo impoem a transferéncia determinados caminhos: a compul- sto repeticao do que precisa ser revivido para poder ser esquecido. Temos aqui delineado um modelo terapéutico derivado de Litto e Melancotia, Sem 0 trabalho do luto pela perda do objeto, este nao pode ser esquecido, mantendo- se vivo através de uma identificagio patdgena no interior do proprio ego. A importincia deste modelo para a compreensio da transferéncia é fan- damental. © nao-metabolizado (aplanche, Aulagnier) permanece ative e no inconsciente, insiste; sua natureza pode ser das mais variadas, desde impulsos temos a ataques des- trutivos, conforme as vicissitudes da historia pulsional de cada um. Nao hé um caminho pré-establecido para a tepeticlo, mas existe 0 *pertencer ‘uma esfera de situagdes conflitivas’, ccujas marcas esto estampadas na organizacio defensiva do sujeito, que cortespondem 2 sua propria hist6ria. Portanto, as relagdes entre o infantil e a repeti¢io nao sio nada simples, embora decisivas; convém observi-las mais de perto, introdu- Zindo agora o elo da meméria. Meméria: da evocagiio & simbolizacao 1H varias maneiras pelas quais 0 passado marca o presente; a inda- aco constante a este respeito € um dos tracos caracteristicos da obra de Freud, No texto Sobre as Lembrancas Encobridoras , por exemplo, fala da complexidade dos processos mnémi cos, © mostra-se perplexo frente a aparente auséncia, na meméria, de impress6es infantis determinantes para o futuro. Na verdade a partir deste fato Freud questiona a ‘meméria consciente, na medida em que ela € elaboragao secundaria, Maurice Dayan mostra como Freud opera a passagem de uma temporalidade pré-hist6rica do sujeito para a “atemporalidade do inconsciente”. Apontando a relago entre o vivido na esfera da sexualidade infantil e 0 campo da neurose, ap6ia sua argumen- tagdo numa passagem da Inter- pretacao dos Sonbos: “As im- pressdes da primeira infancia (do perfodo pré-hist6rico que vai até a vizinhanga dos trés anos com- pletos) aspiram @ reprodugio, talvez sem que isto dependa de algum outro modo do contetido delas (...); a sua repeticio é somente uma realizacio de de- sejo”. Dayan assinala 0 vinculo entre impressio e a realizacao do desejo, 0 que implica segundo ele em “admitir que a forca da impress4o se converte em com- pulsio 2 repeticao, e que o de- A impressio nao é um mero registro, mas um processo ativo € investido pulsionalmente. sejo que ali se realiza necesita apenas desta forga para formar- se. Em todo caso, parece que entre a impressio recebida e o desejo experimentado existe um vinculo diferente daquele expresso pela nostalgia de uma satisfacao; um vinculo que poderfamos chamar, de traumatico-pulsional, e que se situa ‘para além do principio do prazer’.” £ exatamente este vinculo trau-matico-pulsional associado as impresses que nos interessa na perspectiva da repeticao transferen- ial, tanto como resistencia quanto ‘como possibilidade aberta a uma ressignificagao. Sto miltiplos os ob- jetos mnémicos descobertos pela psicanilise, desde as formas cujo poder de representagio evocivel € maior, até outras menos estru- turadas, André Green, em espe- cial, fala na memoria amnésica, um aparente paradoxo. A que tipo de registro estaria se referindo? Se a idéia € abandonar 0 paradigma anamnésico, por que recorrer 2 nocio de meméria? Neste sentido, vejo como complementares as abordagens de Dayan e de Green. primeiro aponta 0 fracasso do paradigma da meméria como evo- cago; no entanto, resgata a cate- gotia de impressdo. A impressio nao é um mero registro, mas um proceso ativo, investido pulsional- Ia corresponde as vivéncias Ja Green sugere uma outra distingao: por um lado estariam os derivados mnémicos, por outro a meméria amnésica. Os primeiros incluiriam, além dos sonhos ¢ dos delirios, as repeticdes atuadas. Os tiltimos, ligados principalmente a tuagdes de separaco, desnarcisi- zagio, intromiss4o, "constréem-se sobre uma posi¢ao subjetiva des- narcizada demais para admitir que esse psiquismo possa dirigirse a ‘um outro historicamente anterior’. ‘Compreendo a distinAo feita por Green como discriminando uma repeticao de natureza neurética, que se 4 num contexto de simbolizagio estabelecido, e uma outra, de natureza muito mai traumatica, no campo de for macdes psicéticas, embora podendo coexistir em personali- dades neuroticas A modalidade da repetigao abre uma via para o tema das cons- trugdes em andlise, Os tiltimos tex- tos de Freud (€ alguns que os ante- 31 cedem) 0 fazem a partir do traumitico, mas o importante no esté mais na pontualidade do evento, tal como propunha a teoria da seducio. Também os trabalhos de Ferenczi mereceriam um estudo minucioso, pela sua contribuicio no resgate desta dimensio e sua presenga na clinica Oavango no estudo dos proces- sos identificatérios ("Luto e Melan- colia” € “Introdugao ao Nar cisismo"etc.) e a postulagio das instancias ideais, incluindo o supe: ‘ego, permite aprender a existéncia de um aparelho psfquico altamente complexo, no qual esas im- pressdes poderdo ter uma inscrigao. Como produto de um interjogo pul- sional, estes registros passam a ‘compor concretamente a realidade psiquica do sujeito. Ora, percebe- ‘mos com clareza a distancia entre tal referéncia e a idéia de um infan- tilismo do inconsciente, ou a teoria das fases de desenvolvimento es- tablecidas a priori. Nao falamos de uma crianga que se conserva no adulto tal qual foi no passado, do que caberia derivar uma nogio de transferéncia como ressurreicio da crianga que existiu no passado, con- servada intacta num registro incons- lente. O que aparece na situacio transferencial € a realidade psiquica, de cuja composigo diz Dayan: “O que chamamos realidade psiquica nao é, nesta perspectiva, ‘uma vida interna sui generis e sem relagio com a exterioridade. E 0 resultado de uma extragdoe de uma interiorizagao do modo de com- posi¢ao da realidade (...). Mas este modo tampouco foi construido somente a partir das experiéncias reais feitas pela crianga. Deriva, pelo contritio, de uma configuragio de representantes pulsionais, apoiando cada um dos diferentes cendrios, que as marcas das experiéncias precoces corroboraram ou invalidaram de forma desigual - ¢ 8s quais conse- quentemente o recalcamento no se aplicou da mesma maneira nem com a mesma intensidade.” TEXTOS Desta perspectiva, vemos que a pertinéncia dos fendmenos transfe- renciais 2 esfera do infantil nao obe- dece de forma alguma a uma linearidade causal. O campo de forcas que 0 infantil organizado nesta trama psiquica constr6i é de uma densidade tal, que seus efeitos niio se fazem presentes apenas no recalcamento, mas constituem a ‘esséncia da atemporalidade do in- consciente. O que a transferéncia possibilita € a colocagio em ato desta organizacao. Isto permite as vezes, que seja desconstruida uma trama defensiva, porque pée em evidéncia, através da recons- trucdo, as modalidades pelas quais -aprisionadas nos efeitos destas impressdes- as vias do prazer ou da sublimagio se viam impedidas. O que se busca é recu- perar aquilo cujo registro nao péde ser metabolizado. Algumas conclusdes A pesquisa desenvolvida ilustra até que ponto memsria e temporali- dade sao solidérias na perspectiva psicanalitica de Freud. No inicio de sua obra,o modelo conceitual da meméria era anamnésico: havia a perspectiva de recuperagio das lembrangas trauméticas tal como tinham acontecido. Esta perspec- tiva era solidaria de uma con- cepcao reversivel do tempo, no sentido de uma evocagio do pas- sado. Percebemos que, 2 medida ‘em que Freud reorganiza sua con- cepcao t6pica-pulsional, ha um concomitante rearranjo da di- mensdo mnémico-temporal. O contexto da primeira t6pica ad- mitia uma diversidade de ins- crigdes psiquicas, na qual o sonho surge como a formacao evocadora por exeléncia do de- sejo infantil a ser decifrado. Este modelo, embora jé contemplasse © cardter restitutive da pulsto a partir da nocao de desejo, ainda admitia uma nogdo de tempo re- versivel, apesar do paradigma memé6ria/registro/evocagao ja estar profundamente abalado. Ainda se admitia -embora nao mais ingenuamente- que o pas- sado se conservava intacto. No contexto da segunda teoria pulsional, da formulagio do com- plexo de Edipo ¢ das instancias ideais, o quadro muda bastante . 0 caréter repetitivo e demoniaco da © sujeito tem que se haver com 0 passado, com o ndo-presente, com aquilo que t6pica e tempo- ralmente escapa 2 sua conscién- cia. O modelo linear da meméria cede lugar a um modelo mais complexo, onde a possibilidade de simbolizacao ganba espaco e importancia matores que a possibilidade de evocagéo. Isto ni significa destro- Nuasoias mais complexo de memoria, a -possibilidade:da simbolizacao € mais importante pulsio, bem como a transformacio de experiéncias em instincias (em Ego ¢ em instincias idleais) deixam poucas brechas para a reversibilidade do tempo e para a recuperacto de lembrangas. © tempo passa a ser concebido como irreversivel, ¢ isto, 0 contritio do que poderia parecer a primeira vista, torna mais intensa a necessidade da reelaboracio. Ora, na medida em que nao ha chance de recuperar o que foi, torna-se necessiria uma metabolizacao, caso contratio 0 sujeito sucumbiria aquilo que Monique Schneider chamou de “vampirismo das exis- téncias passadas". Deste modo, 0 modelo formulado em Luto e Melan- colia adquire fundamental importin- cia para a clinica: 56 € posstvel com- preender a transformacio do aradigma anamnésico em Freud se © situarmos em relagao & articulacao tempo-meméria na singularidade a repeticio transferencial. Mesmo com as criticas que se possam fazer as tentativas de re- construgio e ao paradigma anam- nésico , € inegavel 0 fato de que 2 "que a da évocacao. nar a _meméria, mas sim com- preendé-la a partir das novas mo- dalidades de existéncia descober- tas pela psicanilise, Fédida expde de modo particu- larmente péetico algumas das idéias que esbocamos sobre a relacdo en- tre tempo e luto. Segundo ele, a psicandlise se compromete com o pressentimento de que é a partir de uma certa ‘negligéncia da memoria” que 0 sofrimento se instala: “Esta negligéncia da meméria € tanto aquela de haver perdoado cedo demais para poder esquecer, quanto a de ter confundido aquilo que nés proprios de- verfamos lembrar para nao esquecer com aquilo que de- veriamos ter reconhecido como sendo de outra meméria - da meméria de um outro - para nao perder seu amor, quanto, final- mente, a do engano acerca da idade daquele ao qual a meméria se confiou.” Esta “negligéncia da meméria” remete 2 realidade das experiéncias, infantis. Para além da capacidade * inventiva do imagindrio consciente € inconsciente, constatamos que fantasia € evento nao sio instincias independentes, mas se configuram ‘numa trama constitutiva da realida- de psiquica, Realidade psiquica que nao esti ali desde as origens, mas é construfda pela inscrigao das vivén- cias infantis, nas quais o outro de- sempenha funcio primordial. © confronto da demanda pul- sional, nas experiéncias de prazer e desprazer, determina a sedimen- tagio de diferentes modalidades mnémicas, das mais organizadas até as mais bizarras, cujo grau de simbolizagao € mfnimo (Green), Neste sentido, ganha um espaco maior a amnésia infantil, ressig- nificada por este movimento com todo o poder traumético que carre- ga: Freud j4 fazia referéncia aos fragmentos de verdade hist6rica contidos nos delirios. A compreensio do processo analitico a partir da transferéncia coloca a repeticao como um eixo fundamental, inerente 2 constitui- do do sujeito, Nesta perspectiva, a andlise quer recuperar a dimen- sao do passado vivo no presente. Um passado nao fotograficamente guardado, mas constituido como resultante de movimentos anterio- res, que imprimem ao presente condigdes de possibilidade para a repeticdo e/ou para a abertura, Nestas experiéncias, destacam-se as vicissitudes edipicas singulares, que se decantaram em determina- dos modelos identificatérios ¢ em repertorios possiveis de escolhas objetais. Estes prot6tipos no sido ¢s- tanques, nem operam em causali- dade linear. Embora condicionem. © presente por uma antecipacio perceptiva, esto sujeitos 3 ressig- nificagio: esta é a brecha que se oferece para a andlise. O proprio modo de funcionamento da tem- poralidade psiquica, 0 aprés- coup, permite redimensionar 0 passado a partir do presente, per- mitindo que o infantil na sua di mensio amnésica possa se consti- tuir como meméria. Constatamos como simples- mente falar do infantil nada acres- centa 2 nossa compreensio, se no o entendermos como concei- to psicanalitico diferente da idéia de infancia concretamen- te vivida. A partir da sua rea- Hidade psiquica, o infantil con- dees relago com o infantil permite uma reorganizacdo, para que 0 noyo possa advir. diciona efeitos também reais no presente; € passivel de aceder a consciéncia, se um movimento in- terpretativo-construtivo Ihe permitir encontrar sua condigio metaférica de expresso em determinado con- texto transferencial. Assim, transformara relagao com © infantil nao significa sua eliminagao (pensar assim seria ver nele um residuo de infantil dade comportamental no sujei- to), mas permitir uma reorgani a0 de forcas para que 0 novo possa advir. © infantil € um territ6rio a explorar em cada um de ns; ofe- rece sua face, mas‘nunca a revela inteiramente. Campo dos possi- vveis e dos limites, permanece como 08 tesouros dos antigos piratas para 3 ‘0s novos aventureiros, fonte de ins- piracio e desilusio. Mas nunca dei- xa de ser referéncia. NoTAS 1. ome Ndi, “Amore mone na rans 0 linia Pscanati, S50 Val, Foe, 198, >. Cina. Cauca Bene) 2 Jobat Austin, Quando rer fer 190, Peta Alegre, Antes hedeas, 1990. 13 Joel Blanas, "Coastueso do campo tanalern- Sl o haar da inespeago pcan in Joel Bima al, Tanjore e erp, Wo de Jane, Capo 982.23 4. Freud, "epetcién, recordacion, labora" 519, Obes Compleus Buenos Aes, Amoi fu Eanes, Mp. 152. iets signa pel la A, GE Nurce Dayan, concn! Rall, Pass PUR, 1565, 578 6. CES, Rennea, “Transfertnca € tntoeesor (509), nf Biman Cong) aes Panos, 1909-1985, Ro de Jane, Taurs, p48. kd, op... tll Seales 0939) “The efor o dive the biker ponon cay: an element in the acl and. psychotherapy of schzophren” Bris) Jounal of teal Pcl, 32 p18 9, ro rgaace eB Sues MB, 1p 255, 10, Dayan, op. at, p 380 11. Andie Gren -Le Temps eta memo” Nawse ‘ante de Pecan, 1950, p. 17-205 12 Por exemplos “Anise de etangas com adultos" (0930), “Coafusto de iguas ene os alos ¢ 35 crane (1939), ¢ ror ete. 13, Dayan, op cp. 8 14 Menge Schelde, “0 tempo do conto © 6 m30 tempo do incense’, Venda sineogatds. Depo. de Picnic do InetstoSedee Soper. fee 1951, 15, He Fda, “A consuucao: todo un (questo da menéea na supewssio” Nome, Fesrsemenria So Pl, ft, 1982.78

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